Março de 2015 | Ano XIII | Nº 166
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WHATSAPP QUAL A IDADE CERTA PARA AS CRIANÇAS COMEÇAREM? ESPORTE OS GRINGOS INVADIRAM O FUTEBOL MINEIRO
Número de casamentos em Minas é maior que a média nacional. Valores ligados à família e à religião explicam o fenômeno
ISSN 1679-0146
Lais e Felipe Tiradentes, casados há cinco meses: “Sempre planejei ter família. Queremos um casal de filhos”, diz Felipe
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Mineiro gosta de
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NESTA EDIÇÃO
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ENTREVISTA Presidente da Fiat diz que país continua bom para os negócios TECNOLOGIA Pais devem estar atentos ao uso do WhatsApp por crianças EDUCAÇÃO Aplicativos facilitam o aprendizado de idiomas
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SERVIÇO Opções de delivery para quase tudo em BH CIDADE Estátuas sofrem com as ações de vândalos na cidade RADARES Saiba quais são os campeões de multas na capital Henrique Gualtieri
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COLU NAS 20 22 30 34 68 74 78 112 134
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NO PODER Economia do conhecimento DEU O QUE FALAR “Se você é advogado num processo criminal...” RETRATOS DA CIDADE Ateliê a céu aberto GENTE FINA Sobre duas rodas COLUNA DE DIREÇÃO Blindado de fábrica VIDA DIGITAL Se meu carro falasse... ENCONTRO INDICA Orquestra Filarmônica é programa para o ano inteiro NA MESA Cada vez mais indiano NA SOCIEDADE De joelhos no Central Park
ARTIGOS CLAUDIO DE MOURA CASTRO Copiamos a Coreia? JOSÉ JOÃO RIBEIRO O sofisticado veterano LEILA FERREIRA Vida: modos de usar
Foto capa: Cláudio Cunha
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Investimentos em infraestrutura
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FUTEBOL Muitos jogadores estrangeiros nos principais times mineiros PET Dieta de alimentos frescos e variados para os animais VEÍCULOS Luxo e design diferenciados são destaques no Salão de Genebra NEGÓCIOS Banco do Brasil ganha prêmio internacional de ética ARTES PLÁSTICAS A escultora Lêda Gontijo marcou a arte mineira
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CAPA A tradição do casamento se mantém forte em Minas MODA Tendência para o outono são os tons terrosos
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VITRINE Echarpes valorizam qualquer tipo de look
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SAÚDE Existem diferenças entre desodorante e antitranspirante
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PÁSCOA Ovos e coelhos de chocolate que são gostosos e bonitos
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ALIMENTAÇÃO Cresce a opção por produtos orgânicos. Saiba escolher RECEITAS Chefs mineiros sugerem pratos diferenciados com bacalhau DIVERSÃO Conheça casas que prometem agitar as noites mineiras FESTIVAL Vai ser dada a largada para a próxima edição do Botecar SOCIEDADE Inauguração do showroom da loja Istabella
CULTURA Centenário de Alceu Penna é celebrado com homenagens
Alexandre Rezende
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CARTA DO EDITOR revistaencontro.com.br
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Diretor-geral/Editor Editoras-Chefes Editor Colaborador Redação
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Édison Zenóbio Geraldo Teixeira da Costa Neto Josemar Gimenez Rezende Mário Neves Joaquim de Freitas
André Lamounier Neide Magalhães Kátia Massimo Fábio Doyle Aline Gonçalves Ana Cláudia Esteves Daniela Costa Geórgea Choucair Marina Dias Rafael Campos Deca Furtado Amanda Aleixo Edmundo Serra Roger Simões Antônio de Pádua Bruno Schmitz Gustavo Paiva Júnior Oliveira Luciano Garbazza Roney Simões Cláudio Cunha Eugênio Gurgel Ana Luiza Kennedy Talita Santos Nayara Fagundes Lílian de Oliveira Anneth Faria Solange Rabelo Laila Soares Agata Utsch Andreza Braga Marcela Viana Myrta Lobato Shyrlei Roque Roberta Magalhães Cristiane de Marco Natália Santos Nicole Fischer André Lima Jaqueline Souza Thiago Henrique Editora Encontro
Alysson Lisboa Neves João Paulo Martins Bruna Sales Marcelo Fraga Heitor Antônio Plural Vip (31) 3342-5000 (31) 2126-8000 (31) 2126-8000
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CONFORME RELATÓRIO EM NOSSO PODER. ENCONTRO É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ENCONTRO IMPORTANTE LTDA. BELO HORIZONTE. RUA HAITI, 176, 3° ANDAR - SION 30320-140, BELO HORIZONTE - MG FONE: (31) 2126-8000 EMPRESA FILIADA À
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KÁTIA MASSIMO / EDITORA-CHEFE redacao@revistaencontro.com.br
Crise e confiança Jornalista experiente, colaborador de Encontro, Deca Furtado foi escalado para fazer a entrevista desta edição com o presidente da Fiat, Cledorvino Belini. Tarimbado como ele só, do tipo que já viu de tudo na vida e não economiza em experiências pessoais e profissionais, Deca voltou surpreendido: “Belini está bem otimista com o Brasil”, disse ele, assim que chegou à redação. Mas a surpresa se justifica. Vivemos uma crise econômica e política de desdobramentos imprevisíveis. Economistas e outros profissionais não arriscam falar o que virá daqui para frente, nem quanto tempo vai durar. O certo é que o ajuste fiscal, a alta dos juros, o fantasma da inflação e a famigerada “lista de Janot” estão aí. Tudo incitando os panelaços e o clamor por mudanças. Diante do cenário com ares de “déjà vu”, agravado pela crise de credibilidade em nossas intuições políticas, a sensação de desânimo é inevitável. Assim, qualquer pessoa que demonstre uma pontinha de crença de que tudo segue o curso normal e o custo será pequeno se torna voz destoante. Ainda mais se tratando do presidente de uma das maiores empresas do país e gestor inquestionavelmente respeitado. Belini acha que há excesso de especulação política, mas nada capaz de abalar as instituições nacionais. A posição poderia até ser vista como uma tentativa de minimizar os efeitos nocivos da perda maciça de confiança dos consumidores e empresários. Todos sabem que esse é um fator que acentua ainda mais a queda da atividade econômica. Mas Cláudio Cunha não se trata disso. Tanto que a Fiat não alterou sequer uma vírgula na cifra de investimentos para os próximos meses, que visam promover um dos maiores saltos da história da montadora. Resta-nos torcer para que ele esteja certo! Outra matéria em destaque nesta edição trata do uso do WhatsApp por crianças e adolescentes. Episódio recente envolvendo mãe, filho e namorada em BH expõe a dificuldade que ainda temos em dimensionar as consequências do uso sem controle dos aplicativos e redes sociais. Discutir o assunto é acender o sinal de alerta. Que possamos aprender com a lição para O tarimbado jornalista Deca Furtado: surpresa com o otimismo de Belini não voltar a acontecer. ❚
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FALE COM A ENCONTRO | CARTAS@REVISTAENCONTRO.COM.BR (31) 2126-8000 BORA PRO MINAS I
Acompanhar a trajetória do Minas Tênis Clube é vivenciar um pouco da história das tradicionais famílias mineiras, além da evolução dos nossos atletas. Parabéns!
Ricardo Araújo Belo Horizonte/MG
BORA PRO MINAS II
Ao falar sobre os 80 anos do Minas Tênis Clube vocês deixaram de citar o nome do fundador, José Mendes Junior, que sempre, junta a seus filhos – que foram também atletas –, frequenta com orgulho o clube.
Bárbara Guimarães de M.Lopes Belo Horizonte/MG
A LAGOINHA PEDE SOCORRO I
Dialogar com os moradores e suas lideranças é o melhor caminho para o planejamento saudável e integrado dos bairros e da cidade. Parabéns à revista pela reportagem. Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte Belo Horizonte/MG
A LAGOINHA PEDE SOCORRO II
É fato: Belo Horizonte precisa da revitalização da Lagoinha e isso acontecerá através do empenho dos seus sonhadores. Filipe Thales Belo Horizonte/MG
ENCONTROS FACE A FACE
Encontrei o site e adorei a novidade. Vou me inscrever no próximo evento! Larissa Souza São Paulo/SP
FEBRE SOBRE RODAS I
Adorei a matéria sobre patinação, muito bem detalhada. Nós, amantes desse esporte, estamos um orgulho só. Poliana Bueno Belo Horizonte/MG
FEBRE SOBRE RODAS II
Gostaria de parabenizar a revista pela excelente matéria sobre patinação. Tanto o texto quanto as fotos ficaram muito bacanas. Marina Madeira Belo Horizonte/MG
ROTINA DO MEDO
A onda de assaltos na capital mineira é realmente assustadora. Hoje não podemos mais pegar um ônibus, andar de carro ou até mesmo a pé sem nos preocuparmos se voltaremos bem para casa.
Rômulo Dias Belo Horizonte/MG
MAIS QUE UM DETALHE
Muito interessante a forma como os tapetes trazem personalidade e originalidade aos ambientes.
UM LIBANÊS QUE FAZ ATÉ COXINHA
Agradeço a matéria! Vocês conseguiram descrever tudo o que sentimos! Parabéns! Michelle Madi Belo Horizonte/MG
VETERANOS DA GASTRONOMIA APOSTAM EM NOVIDADES
Parabéns ao proprietário Tomy Cheng pelo mais novo empreendimento gastronômico em BH, o Oriente Palace. Por sua dedicação e responsabilidade, desejo muito sucesso. Beatriz e Marley Belo Horizonte/MG
ERRAMOS
Camila Souza Belo Horizonte/MG
A modelo das fotos do editorial de moda “Elegância Intimista”, publicado na p. 94, chama-se Camila Vieira.
Fale com a Revista ENCONTRO: Comentários sobre o conteúdo editorial da Encontro, sugestões e críticas a matérias: R. Haiti, 176, 3° andar - Sion - CEP : 30.320-140, Belo Horizonte, MG | E-mail : cartas@revistaencontro.com.br. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço do autor. Por motivo de espaço ou clareza, elas poderão ser publicadas resumidamente. PARA ANUNCIAR: R. Haiti, 176, 3° andar - Sion - CEP: 30.320-140 - Belo Horizonte, MG | Tel: (31) 2126-8000 | Fax: (31) 2126-8008 RELEASES: redacao@revistaencontro.com.br | Fax: (31) 2126-8781 | ASSINATURAS: Tel: (31) 2126-8770
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Responsável Técnico: Dra. Erika Corrêa Vrandecic - CRMMG 28.946
ENCONTRO DIGITAL | ROLOU NA REDE Daniel Ferreira/CB/D.A Press
Divulgação
CULPA DO CIGARRO O vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson, foi vítima de um câncer na língua que é bem raro, segundo especialista. Leia a matéria na íntegra em: http://goo.gl/zPwU1J
ILUSÃO DE ÓTICA? Uma foto de um vestido azul e preto com iluminação malfeita gerou o maior rebuliço na internet. Leia a matéria na íntegra em: http://goo.gl/PfajxR
Arquivo Pessoal
TE ENCONTRO
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O próximo desafio: Encontro Sorriso. Tire uma foto com o tema, publique no Instagram e compartilhe com a hashtag #encontrosorriso. Se a sua foto for escolhida, ela será impressa na próxima edição da revista Encontro. Participe A foto vencedora do tema #encontrocarnaval foi Larissa Pereira @larissaspereira. Parabéns!
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ENTOS COMPARTILHAM
Horário de Verão termina no próximo domingo
1,3 mil
Manifestações em março podem representar a queda da presidente Dilma?
1,1 mil
Galopeira fecha as portas
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Conhece a vila de 12 casas que existe em pleno centro de BH?
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Câncer de língua como o de Bruce Dickinson é raro, diz médico
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ARTIGO | CLAUDIO DE MOURA CASTRO ccastro@editoraencontro.com.br
Copiamos a Coreia? De país devastado pela guerra e educacionalmente medíocre, a Coreia do Sul passou a liderar o globo na cobertura e qualidade da sua educação. Tinha uma renda per capita menor do que Gana, então um dos países mais pobres do mundo. Hoje, ombreia-se com as nações mais ricas. Não seria o modelo para o Brasil? Vejamos. Por cinco milênios, a China foi o país mais avançado do mundo. Bem ao lado, a Coreia era quase um prolongamento, impregnada em sua cultura. Contudo, em 1905, vai por água abaixo uma bela trajetória, quando a Coreia vira um protetorado japonês, só se liberando em 1945. Pior, eclode uma guerra civil, em 1950. Esse país empobrecido sai do buraco com muita energia represada e vontade de recuperar sua matriz histórica e cultural. É com esse momento de caos que se compara a Coreia de hoje. Milenarmente, o budismo preenchia o espaço da fé e da religião. O confucionismo moldava o caráter nacional com seus valores tradicionais, dando legitimidade à disciplina individual e às virtudes cívicas. Em 372, funda-se uma escola superior, mil anos antes da Europa. A primeira universidade para medicina e astronomia foi fundada em 552. No século VIII, inventa-se o primeiro pluviômetro e há grandes avanços na astronomia. Aparece a rotação de colheitas. Criam-se escolas para desenvolver a mecânica, as ciências naturais, as letras, a jurisprudência criminal, a aritmética e a música. No ano de 958, a Coreia importa da China os exames de acesso ao serviço público, incluindo os governos provinciais. A lei eliminou os privilégios de nascimento. Quem passasse na prova era contratado. A administração pública dava amplos poderes a quem se preparava para mandar, estudando as leis, a história e o confucionismo. Sendo um país de muita gente e pouca terra, o asceticismo da sociedade sempre foi um traço inevitável. Diante de condições ásperas, tinha de fazer o possível e o impossível para sobreviver. É uma sociedade sofrida e traumatizada pelo pesadelo constante da fome. É um forte incentivo para as notáveis inovações, criadas ao longo dos anos. No século X, o governo produz um manual de boas práticas agrícolas, conseguindo um substancial avanço na produtividade, através da mera distribuição de livros. Por volta de 1200, foi inventada uma impressora com tipos metálicos móveis, três séculos antes de Gutenberg. Um dos mais notáveis avanços foi a fonetização da sua língua. Em 1446, a Coreia criou o seu alfabeto. Não há casos similares na história da humanidade. Em uníssono, somos castigados por comparações: a Coreia tem a melhor educação do Pisa e o Brasil, a pior. Não podemos fazer como ela? Com trajetórias históricas tão diferentes, não é de se esperar que as soluções coreanas possam ser reproduzidas em terras tupiniquins. Ou que causem de vergonha nacional as dificuldades de fazê-lo. São trajetórias diferentes. Por exemplo, quando os coreaninhos estudam 15 horas por dia, nada mais está acontecendo senão o aflorar
"A Coreia tem a melhor educação do Pisa e o Brasil, a pior. Não podemos fazer como ela?"
de traços culturais milenares. Em contraste, o Brasil foi colonizado por um dos países mais atrasados da Europa Ocidental, entrando em seu caldeirão cultural povos ainda na Idade do Bronze e da Pedra Polida. Faz um século, tínhamos uma renda per capita inferior à de quase todos os países da América Latina. Faz um par de décadas, Bolívia e Paraguai tinham melhores estatísticas educativas do que nós. O despertar do Brasil é muito recente, mesmo diante dos vizinhos. E o avanço não pode ser subestimado. Disso podemos ter orgulho. Em nenhum país do mundo o PIB (absoluto) cresceu mais do que no Brasil, entre 1880 e 1980. No século XX, abandonamos a vala comum do subdesenvolvimento. Um grande sucesso. Contudo, ao contrário da Coreia, somos ainda uma sociedade em construção, jovem, heterogênea, indisciplinada e cheia de arestas. Começamos muito tarde. Podemos praguejar contra nossos antepassados, mas não podemos mudar a história. É frustrante e corrosivo sonhar com uma sociedade que não somos e não podemos ser. Mas a complacência é fatal. Temos de calibrar nossos sonhos, na dose certa, para que nos empurrem para frente, em vez de nos acachapar com quimeras impossíveis. z
*Claudio de Moura Castro é economista, pesquisador em educação e autor de diversos livros. Escreve bimestralmente na Encontro
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NO PODER | BERTHA MAAKAROUN bmaakaroun@editoraencontro.com.br
MEMÓRIA BRUTAL Ainda inexplorada, a memória fotográfica dos anos de chumbo está espalhada pelos arquivos públicos, revelando aos olhos atentos momentos dramáticos da vida em prisão e fora dela dos militantes que lutaram contra o regime autoritário-militar e foram brutalmente silenciados. Nelas se revela o ambiente de uma época – das ruas às prisões. “A ditadura brasileira foi uma das que mais documentou as ações do aparato repressivo”, revela Anita Leandro, belo-horizontina de 56 anos e professora de cinema da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora do documentário Retratos de Identificação. É o primeiro trabalho no país elaborado com base nos volumosos acervos fotográficos produzidos pelos órgãos de repressão do estado. “O cinema dá visibilidade a um material que não foi feito para ser visto, mas para ser guardado para que a polícia tivesse registro dos prisioneiros caso fugissem. Essas fotos eram também muito usadas no momento das sessões de torturas”, explica Anita Leandro.
ECONOMIA DO CONHECIMENTO O economista Marco Aurélio Crocco, que acaba de ser empossado pelo governador Fernando Pimentel (PT) na presidência do BDMG, anuncia para os próximos quatro anos atuação “prioritária” da instituição na transformação produtiva da economia do estado, hoje fortemente dependente das commodities. “A última mudança estrutural ocorrida na economia mineira foi nas décadas de 1970 e 1980, com o adensamento da cadeia minero-metalúrgica em direção ao setor mecânico”, afirma, em referência à implantação
em Betim do parque da Fiat Automóveis. “De lá para cá, assistimos ao surgimento da chamada economia do conhecimento, com a emergência de setores como nanotecnologia e biotecnologia, entre outros. Apesar de possuirmos empresas e centros de pesquisa excelentes nessas áreas, as atividades ainda não foram capazes de contribuir efetivamente para uma dinâmica econômica diferenciada do estado”, afirma. O desafio é “descomoditizar”. O diagnóstico não é novo. E, sem dúvida, a meta é desafiadora. Beto Novaes / EM / DA Press
MEDICINA E SUICÍDIO
Marta Leandro/Divulgação
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O drama da estudante de medicina da UFMG Maria Auxiliadora, a Dôra, militante da VAR Palmares, é parte da narrativa central do documentário Retratos de Identificação. Em 21 de novembro de 1969, Dôra foi presa no Rio de Janeiro em companhia de outros companheiros da organização – Chael Charles Schreier e Antônio Roberto Espinosa –, além de Reinaldo Guarany, da Aliança Liberdadora Nacional (ALN). Torturado brutalmente, Schreier morreu em menos de 24 horas. Dôra
sobreviveu aos suplícios. Foi banida em 23 de janeiro de 1971 junto a outros 69 presos políticos, “trocados” pelo embaixador suíço sequestrado Giovanni Enrico Bucher. Exilada no Chile, com o golpe que derrubou Salvador Allende, passou por vários países até chegar a Berlim. Suicidou-se quando estava prestes a completar o curso de medicina. “Se estivesse viva, teria hoje 69 anos”, afirma Anita Leandro, que, com as imagens dos arquivos, recupera a história recente.
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AUTISMO Depois de ressuscitar o auxílio-moradia aos deputados estaduais, que havia sido extinto na legislatura passada, nem bem passa a vigorar o benefício no valor de R$ 2.850 e a Assembleia Legislativa já estuda o primeiro reajuste: pretende equipará-lo ao valor determinado pelo Conselho Nacional de Justiça conferido à magistratura, de R$ 4.377,73.
Antônio Cunha / EspCB / D.A Press
CORRIDA PELA PBH Boa parte das cartas será definida em final de setembro, em atenção ao prazo para que candidatos às eleições de 2016 mudem de partidos políticos. Mas já está sob fogo alto o cenário da sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte. Passam de dez os pré-candidatos. Uma discussão que, no momento, não interessa ao prefeito Marcio Lacerda (PSB). “Tenho metas a cumprir. Essa antecipação atrapalha o meu governo”, reitera ele, que, em seu segundo mandato, pretende conduzir a própria sucessão junto ao grupo político que o apoiou em 2012. Uma coisa é certa. Na disputa, de um lado estarão o PSB, o PSDB, o PV, o PPS, o DEM e o PP. Daí poderão sair um ou mais nomes. Do outro lado, o grupo político responsável pela eleição do governador Fernando Pimentel (PT) – o PMDB, o PRB, o PCdoB, além do próprio PT.
CORRIDA PELA PBH II “É meu propósito candidatar? É. É minha prioridade nesse momento? Não. Apoio a gente conquista, não impõe”, afirma o vice-prefeito, Délio Malheiros (PV), que hoje acumula a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e que, nas eleições municipais passadas, renunciou em polêmico lance à sua candidatura para compor a chapa com Lacerda. São nomes colocados neste mesmo grupo o do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro (PP), o do deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB), além do deputado estadual João Vítor Xavier (PSDB) e de Pimenta da Veiga (PSDB), que concorreu ao governo de Minas. No PPS é citada Luzia Ferreira, secretária municipal de Governo, e no PTB o deputado federal Eros Biondini, que, assim como Malheiros, abriu mão de se candidatar em 2012 para apoiar Lacerda. No PT, brigam em silêncio pela indicação os deputados federais Miguel Corrêa Júnior e Gabriel Guimarães. Ao mesmo tempo, há em curso articulação pela pré-candidatura de Helvécio Magalhães, secretário de Estado de Planejamento e Gestão.
PATINAÇÃO Apesar de defender o anunciado ajuste fiscal do governo federal, o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Andrade, considera que um recuo em incentivos já concedidos, como a desoneração das folhas de salários, vai atingir em cheio a indústria brasileira, que já registra desempenho negativo. “Somos comprometidos com o ajuste fiscal, mas tem de passar por outros caminhos, como a redução de gastos do governo, a desburocratização, mudanças na legislação trabalhista e o aprimoramento da qualidade do gasto”, diz ele. “Discutimos com o governo medidas que não representem aumento de gastos públicos nem redução de receitas”, assinala, considerando que a indústria “está patinando” e aguarda medidas que permitam que volte a crescer no ano que vem. MARÇO DE 2015
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DEU O QUE FALAR | AMANDA ALEIXO “Se você é advogado num processo criminal e entende que a polícia cometeu excessos/deslizes, você recorre ao juiz. Nunca a políticos” JOAQUIM BARBOSA, ex-ministro do STF, no Twitter, criticando os encontros que os advogados das empreiteiras sob investigação na Operação Lava-Jato tiveram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
“Se eu tiver que ser investigado, eu me investigo” RODRIGO JANOT, procurador-geral da República, garantindo que nem ele escapa da investigação da Operação Lava-Jato
“O parlamentar precisa ter condições de exercer o mandato para que não use outros meios que são conhecidos de toda a imprensa e depois virem escândalos” ODELMO LEÃO CARNEIRO (PP), deputado federal, esbanjando sinceridade ao defender que as regalias para os deputados evitam corrupção.
“Vamos transferir a Assembleia para a favela, então” FELIPE ATTIÊ (PP), deputado estadual, queixando-se de que ganha R$ 17 mil, paga R$ 5 mil de aluguel e, por isso, precisa do auxílio-moradia aprovado pela Assembleia de Minas, no valor de R$ 2.850. Está justificado?
“Suassuna disse que desde os 9 anos já sabia que estaria aqui um dia, ao contrário de mim, que nunca imaginei esta glória” ZUENIR VENTURA, jornalista mineiro, que assumiu cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao dramaturgo Ariano Suassuna Jose Varella/CB/D.A Press
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Mineiridade valorizada Samuel Gê
Icatu Seguros investe em especialização e tratamento diferenciado para se consolidar no mercado de seguros de vida e previdência em Minas
Não é tarefa fácil, para qualquer empresa que venha de fora, se consolidar no mercado mineiro. Em Minas Gerais, tratar de negócios é algo peculiar, requer atenção redobrada e, sobretudo, paciência. Por desconhecerem – ou desprezarem, talvez – tais particularidades, muitos aventureiros têm ficado pelo caminho, passando longe do sucesso. Foi atenta a isso que a Icatu Seguros desenvolveu sua estratégia de crescimento para Minas Gerais. Maior seguradora independente do Brasil, ou seja, sem vínculo com bancos de varejo, a empresa, que possui mais de 2,5 milhões de clientes em todo o país, foi meticulosa na hora de planejar sua expansão para o mercado mineiro, processo iniciado em 2011 e que hoje já rende frutos vultosos para a companhia. “Há quatro anos, a Icatu decidiu estabelecer uma diretoria específica para Minas, concentrada em Belo Horizonte. Em 2013, foi preciso estreitar ainda mais esses laços. Foi quando eu vim para cá”, conta o carioca Gustavo Pimenta Germano Santos, vice-presidente comercial da empresa. “Nesse período, já conquistamos clientes importantes e nossa média de crescimento anual é de 45%, superior à média da Icatu no restante do país”, comemora o executivo. Formado em Economia pela PUC-RJ, Gustavo está na seguradora há 16 anos. “Queremos, cada vez mais, solidificar nossa ligação com Minas Gerais. É um mercado extremamente promissor, mas que tem suas peculiaridades. A relação com o mineiro é mais intimista, demanda um contato pessoal muito forte, o que culminou na criação de uma vice-presidência exclusiva para o Estado”, analisa. Nesse período de expansão, a Icatu já atraiu clientes do porte da V&M Vallourec, Estado de Minas, Associação Mineira de Municípios (AMM), Associação dos Funcionários do Banco do Brasil (AFABB), Usina Delta e Associação Brasileira para Servidores Públicos (Asbrasp), além de parceiros importantes, como o Grupo Martins, Citibank, Tribanco, Marisa e Intermedium. “Além de BH, já temos atendimento exclusivo em Uberlândia e pretendemos expandir para o Vale do Aço e Sul do Estado. Nossa meta é,
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Vice-presidente comercial, Gustavo Germano
em cinco anos, triplicar o tamanho de Minas dentro da Icatu”, revela Gustavo. Além da maior proximidade com seu público, a Icatu se destaca por outro diferencial. A empresa é especialista no mercado de vida, previdência e capitalização, o que possibilita melhores soluções em termos de proteção e planejamento financeiro para seus clientes. De acordo com Gustavo, “ações de previdência e seguro se complementam. Por sermos especialistas e termos uma gama de produtos completa, podemos oferecer à nossa clientela o serviço mais adequado, independentemente da demanda”. Referência nacional em seu campo de atuação desde sua fundação, em 1991, a Icatu Seguros já se tornou marca reconhecida em Minas Gerais. Disposta a atender de maneira personalizada, valorizando e conhecendo bem como pensa e age o público mineiro, a empresa aposta nesta relação de confiança para se tornar referência e símbolo de excelência no mercado local.
Rua Rio grande do Norte. 694 – 2º andar / Funcionários – Belo Horizonte – MG Tel: 3280 5200 www.icatuseguros.com.br
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ENTREVISTA | CLEDORVINO BELINI Fotos: Cláudio Cunha
Presidente da Fiat defende os ajustes fiscais do governo federal , diz que o Brasil continua bom para os negócios e que a montadora que dirige está fazendo o maior ciclo de investimento da sua história no país
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“A recessão é um custo aceitável”
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DECA FURTADO
Quem chega à portaria 2 da fábrica da Fiat, em Betim, logo se depara com uma TV a exibir o guia para visitantes. Era de se esperar que, pela origem da Fiat, o vídeo fornecesse instruções em português e italiano. Significativamente, o inglês substituiu o italiano. Mas desde a formalização da fusão da Fiat com a Chrysler, da qual emergiu o FCA Group (Fiat Chrysler Automobiles), em 2014, a fábrica não é mais a mesma. Ela vive um verdadeiro frenesi, com gente chegando de várias partes do mundo e a todo momento, pois há que se construir e acompanhar as mudanças de cultura e de processos. O paulista de nascimento e mineiro por assimilação Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler Automobiles, tem a dura missão de fazer a FCA Fiat Chrysler Automóveis Brasil seguir liderando o mercado brasileiro. A Fiat é tida como empresa muito estressante para executivos. Belini não dá mostras disso, nem de que está perdendo o pique. Workaholic em tempo integral, fim de semana para ele não existe. Por não ter tempo para curtir uma cavalgada, abdicou de sua fazenda, localizada entre Belo Horizonte e Pedro Leopoldo. “Eu tinha a fazenda, e dentro dela um hotel-fazenda. Ela está arrendada, ele foi vendido. Não tenho tempo nem de ver meus carros antigos”, diz sem se queixar (são cinco Fiat: o mais velho é de 1928. O mais novo, de 1960). Nesta entrevista, ele falou do momento atual vivido pelo Brasil, da fusão Fiat-Chrysler, da fábrica de Pernambuco, do Jeep Renegade, da sua sucessão, de mobilidade urbana e outros assuntos. Demonstrou otimismo, apesar da retração do mercado, com baixos níveis de vendas de veículos. “O Brasil escorregou. Para colocar o carro na pista, vamos ter um período realmente duro, que vai exigir de todos um ajuste. Não é fácil, ninguém quer, ninguém gosta, mas temos de ver o futuro do país. Nós temos de colocá-lo numa rota em que ele pode e deve crescer 3%, 4% ao ano. Se este for um ano de recessão, é um custo aceitável”, diz. ENCONTRO - O governo mexeu na desoneração da folha de salários, su-
biu os juros, apertou o crédito, acabou com o IPI reduzido para os carros. A regra do jogo muda sempre. Para o mercado, isso não é bom... CLEDORVINO BELINI - Mas para o mer-
QUEM É ORIGEM São Paulo FORMAÇÃO Administrador de empresas pela Universidade Mackenzie, pós-graduado em finanças no curso de mestrado da USP, tem MBA pelo FDC/Insead CARREIRA No Grupo Fiat, começou na antiga Fiat Allis, atual Case New Holland. Depois dirigiu o setor de compras da Fiat Automóveis. Em 2005, assumiu a presidência de todo o Grupo Fiat para a América Latina. Com a aquisição do controle acionário da Chrysler pela Fiat, em 2011, assumiu a responsabilidade pelas atividades desta empresa no continente. Entre 2010 e 2013, foi presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em 2014, tornou-se presidente da FCA Fiat Chrysler Automobiles para a América Latina, cargo que exerce concomitantemente com de presidente da Fiat do Brasil. Também preside a Fiat Finanças Brasil, desde 2005, e o Conselho de Administração do Banco Fidis desde janeiro de 2009. Dirige ainda o Instituto Minas Pela Paz (IMPP), organização da sociedade civil de interesse público (Oscip)
cado a inflação e muitas outras coisas, como mais endividamento, também não são boas. Nós temos é de mirar o longo prazo, pois ciclos como este nós já superamos muitos. A estabilidade econômica é uma verdadeira distribuição de renda que se faz na sociedade quando a conquistamos. Quando há um desequilíbrio fiscal, tem-se uma erosão básica dos valores da sociedade. O Brasil conquistou a estabilidade a duras penas e devemos mantê-la. Como disse o ministro Joaquim Levy, o Brasil escorregou. Para colocar o carro na pista, vamos ter um período realmente duro, que vai exigir de todos um ajuste. Não é fácil, ninguém quer, ninguém gosta, mas temos de ver o futuro do país. Nós temos de colocá-lo numa rota em que ele pode e deve crescer 3%, 4% ao ano. Se este for um ano de recessão, é um custo aceitável. Se o país entrar na rota do crescimento sustentável, será um investimento que estaremos fazendo para ter uma sociedade com melhor distribuição de renda, com possibilidade de enxergar uma visão do futuro, de ter contratos de longo prazo, de atrair investimentos estrangeiros que contribuam para o desenvolvimento. Mas o momento está pesado. Falam de um possível impeachment da presidente Dilma e até de golpe de estado...
Acho que as instituições no Brasil são muito fortes. O que há é muita especulação. Na minha opinião, e eu não defendo A ou B – o meu negócio é o acionista –, o país continua bom para os negócios. A Fiat está no maior ciclo de investimentos da sua história. Em Betim, começamos a investir, de 2011 a 2016, R$ 7 bilhões em automação, em novas tecnologias, em processos produtivos, em novos produtos. Eles vão assegurar a produção de novos modelos, de maior qualidade, que acompanham a evolução do gosto dos nossos consumidores. Esse é um investimento-chave para continuarmos na liderança de mercado, exercida há 13 anos. E por quê? Porque nós acreditaMARÇO DE 2015
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ENTREVISTA | CLEDORVINO BELINI mos! Temos um automóvel para cada cinco habitantes. Os Estados Unidos têm quase um por habitante. Há muito espaço para crescer em motorização. É óbvio que, para isso, é preciso crescer também o transporte de massa, porque o automóvel é a liberdade de ir e vir; por isso se fala automóvel de passeio. Mas, como não temos transporte público de qualidade, vamos de carro para o trabalho, e isso precisa mudar.
Cláudio Cunha
Essa parada que o mercado deu, para as montadoras, pode ser boa?
Elas estavam trabalhando quase na capacidade máxima, o que origina problemas de qualidade. Nunca é bom. O capital precisa dar retorno para seguirmos investindo. No aumento da capacidade em Betim, por exemplo. Essa é a maior fábrica do grupo Fiat Chrysler e uma das três maiores do mundo. Mas, complexa como ela, onde fazemos 16 modelos diferentes, não existe. Nem tão flexível. Com os investimentos em curso, ela não deixará de ser flexível. Pelo contrário. Os pontos fortes da nossa empresa são a flexibilidade fabril, a capacidade de interpretar os anseios e os desejos dos consumidores de se adaptar rapidamente a esses desejos. Agora, com a parada, a produção caiu. Porém, como fevereiro é curto e o índice de confiança do consumidor está muito baixo, as vendas não foram bem, e assim os estoques estão em um nível mais alto. A grande preocupação é que, com eles assim, a margem cai, pois para os estoques girarem são dados descontos e com isso sobe o custo financeiro. No fundo, no fundo, este é um bom momento para comprar carro, é o momento certo. No ano passado, houve a união da Fiat com a Chrysler. Com isso, a Fiat Automóveis continua existindo? Quais as diferenças entre elas?
A Fiat continua existindo e é uma das marcas do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), o sétimo maior fabricante mundial de automóveis. Os carros Fiat são fabricados pela empresa FCA Fiat Chrysler Automóveis Brasil. A diferença entre ambas é simples. A FCA é uma holding, com presença mundial, dona, entre outras, das marcas Alfa Romeo, Chrysler, Jeep, Lancia, Ferrari e Maserati, 26 |Encontro
O Brasil escorregou. Para colocar o carro na pista, vamos ter um período duro. Se este for um ano de recessão, é um custo aceitável” além da Mopar. Esta última é uma novidade, ela cuida das peças de reposição de todas as marcas do grupo FCA. O grupo oferece ainda serviços financeiros em apoio ao varejo e às concessionárias. Nossas empresas estão em 40 países, empregam 226 mil funcionários em 170 fábricas, têm presença comercial em 150 mercados. Em 2014, o grupo registrou receita de 96,1 bilhões de euros. No Brasil, no ano passado, ele vendeu 705.526 unidades (21,2% de marketshare), das quais 698.236 da Fiat. Atualmente, a Fiat emprega cerca de 19 mil pessoas. Como é a FCA administrativamente, isto é, que departamentos cuidam separadamente de cada marca? O que é conjunto? Ou todos cuidam dos assuntos de ambas as empresas?
A nossa organização é matricial. Por um lado, as operações estão divididas
em quatro grandes regiões: América Latina, Nafta (Estados Unidos, México e Canadá), Emea (Europa, Oriente Médio e África) e Aac (Ásia/Pacífico). Por outro, elas estão divididas por marcas e por funções transversais, como engenharia, finanças, etc. Há um dirigente global responsável por manufatura, outro por engenharia e um para cada marca do grupo. Cada administrador de região é o responsável pelos resultados econômicos, financeiros, participação de mercado das marcas, desenvolvimento de recursos humanos e relações institucionais do grupo. Estamos organizados dessa forma para que cada marca tenha vida própria e atue da melhor maneira possível. Matricialmente, conseguimos manter a independência necessária para cada marca atender seus públicos específicos e mantemos um alinhamento e coordenação entre elas. Que ganhos a fusão trouxe?
O primeiro grande foi de escala e alcance. A FCA nasceu grande, com vendas de 4,6 milhões de veículos no ano passado e atuação global, tendo no mercado americano e no brasileiro os seus maiores consumidores. Já fizemos uma importante complementação em tecnologia e produtos, o que trouxe ganhos de sinergia e eficiência. As áreas de back-office, como jurídico e RH, podem ser otimizadas atuando transversalmente. Estamos muito otimistas com as perspectivas futuras. No Brasil, também observamos ganhos em sinergia, em eficiência, em complementação de produtos, de tecnologia e em escala de produção. A marca Fiat está há 38 anos por aqui. Conhece muito bem o mercado brasileiro e seu consumidor. Já a Chrysler traz a experiência de atuar em mercados maiores e maduros, como o dos Estados Unidos. Estamos tratando de somar o melhor de dois mundos para manter o grupo na liderança. Que exemplos o senhor pode dar de ganhos de eficiência?
World Class Manufacturing. Trata-se de uma metodologia de processos que introduzimos em Minas e em Pernambuco. É um novo conceito. São processos em que se eliminam desperdícios, em que as pessoas se envolvem – elas parti-
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ENTREVISTA | CLEDORVINO BELINI cipam ativamente da redução de custos, aumento de produtividade, de eficiência. Há uma interação muito grande dos trabalhadores com os processos.
Cláudio Cunha
Estas são informações estratégicas. O que posso dizer é que, até o fim de 2016, a FCA lançará no Brasil quatro novos modelos Fiat e dois Jeep (incluindo o Renegade), todos fabricados localmente, nas duas plantas do grupo.
E de quanto foi o ganho, com a redução de custos?
O meu concorrente deve estar querendo muito essa informação. Ele paga milhões por ela. Nunca a darei. (risos)
A FCA e as concorrentes estão enchendo as ruas com novos carros, o trânsito está ficando insuportável. O que tem feito para ao menos mitigar o problema?
Qual a primeira língua estrangeira em Betim, o inglês ou o italiano? Um executivo que seja contratado hoje deve aprender ou dominar qual delas primeiro?
Quando nos dirigimos às outras empresas do grupo fora do país, usamos o inglês ou o italiano, dependendo da natureza da conversação. Como a FCA é um grupo global, o inglês deve, cada vez mais, ser a língua mais falada nas empresas, porque esta é a língua mais usada internacionalmente. Com a primeira fábrica da FCA no Brasil sendo inaugurada por esses dias, muda alguma coisa na administração?
Nada. A fábrica da Jeep será a primeira do grupo em todo o mundo a ser inaugurada após a formação da FCA. O polo automotivo Jeep de Goiana terá capacidade de produção de 250 mil unidades por ano, começando pelo Jeep Renegade. O grupo ergueu essa fábrica em Pernambuco, com investimento de R$ 4,5 bilhões. Por isso, há certo sentimento, entre os mineiros, de que a Fiat “traiu” Minas Gerais. Quanto Minas deixará de arrecadar em impostos, qual será o impacto nos negócios, quanto o estado deixará de crescer por não termos essa fábrica aqui?
Na realidade, é o seguinte: nós não temos, na Fiat, os SUVs (veículos utilitários esportivos). Trouxemos o Jeep porque é um segmento novo no Brasil e que está em crescimento em razão das estradas, da liberdade que as pessoas gostam de ter. Ele não afeta o que produzimos em Betim e criou uma oportunidade para a entrada do grupo FCA nesse segmento. Ao mesmo tempo, estamos em meio a um grande ciclo de investimentos em Betim, destinado a continuar a ser o centro irradiador da marca. Ao investir 28 |Encontro
Esse veículo já está sendo planejado? Será originário da Chrysler também?
O raciocínio de que congestionamentos são frutos do número de automóveis é limitado" tanto em Minas entre 2011 e 2016, a Fiat sinaliza a fornecedores e parceiros que estamos cada vez mais fortes e decididos a crescer no estado, o que atrai para nosso entorno novos investimentos de empresas que integram nossa cadeia produtiva. Assim, Minas continua a fortalecer e diversificar sua economia, tendo a Fiat como polo atrator. O Jeep Renegade é idêntico ao europeu ou mudam alguns materiais?
O Renegade é um produto global. Ele é o mesmo se feito na Itália, na China ou em Pernambuco. Estamos estruturando uma rede de concessionários da marca Jeep. No momento, temos 120 interessados praticamente certos e esperamos chegar ao final do ano com 200 concessionários. Em que prazo deve ser lançado um segundo veículo fabricado em Goiana?
A mobilidade urbana não deve ser vista por aspectos isolados, como a quantidade de veículos nas ruas. O raciocínio de que os congestionamentos são fruto do número crescente de automóveis é limitado. As cidades cresceram sem uma política de mobilidade urbana e ocupação racional do território. A complexidade das regiões metropolitanas demanda múltiplas abordagens e todos têm seu papel: o cidadão, o poder público e a indústria automobilística. Motoristas e pedestres devem respeitar as regras de trânsito; o poder público deve investir em transporte coletivo de qualidade, integração dos modais e em projetos de ocupação equilibrada dos espaços urbanos. Cabe à indústria automobilística o desenvolvimento e a produção de veículos mais compactos e de baixo consumo de combustível, dando ênfase à segurança, conforto e conectividade. Isso nós temos feito na FCA. O senhor está na empresa desde o início, em 1973. Todas as empresas do porte da Fiat têm políticas que normatizam a sucessão. O senhor já tem sucessor designado? Como está o processo de sucessão?
Em todos os grupos sempre há um sucessor. Então, sem dúvida nenhuma, em algum canto do mundo está o meu. Se é hora ou não, é o meu chefe quem tem de responder. Antigamente, a Fiat tinha uma política, a aposentadoria era aos 60 anos de idade. Quando eu completei os 60, conversei com o chefe. Ele disse “vai ficando, vai ficando”. Isso já faz quase seis anos. Não tem nada deflagrado. Agora, todas as empresas têm a sua política. A nossa dá valor ao pique, à determinação e assim por diante. z
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RETRATOS DA CIDADE | RAFAEL CAMPOS rcampos@revistaencontro.com.br Roberto Rocha
ATELIÊ A CÉU ABERTO Pela rua Bueno Brandão, no bairro Floresta, a dona de casa Maria Lúcia da Silva, de 55 anos, caminha apressada com as compras do almoço, até que... “Nossa, que lindo!”, diz ela, olhando para um dos desenhos elaborados pelo artista Alan Menezes, no muro do Colégio São José. O pintor recebeu a encomenda de reconstituir a história da instituição católica, prestes a completar 80 anos. Serão produzidas 18 figuras e ele espera que todas estejam concluídas em 30 dias. Diante de elogios, o pintor agradece. “Gosto é de fazer desenhos que mexem com as pessoas”. Conse-
Rogério Sol
ADEUS, CHINA! Moradores e comerciantes do bairro Cidade Jardim terão mesmo é que recorrer à sabedoria oriental para buscar respostas sobre o imóvel esquecido, há pelo menos 12 anos, na avenida Prudente de Morais, 451. Janelas e paredes foram pichadas, o telhado está quebrado. Moradores de rua já fizeram do espaço, que não conta com vigias noturnos, um dormitório. O imóvel, que abrigou um restaurante e uma importadora de artigos chineses – daí a arquitetura –, pertence ao INSS, que não retornou a esta coluna sobre o destino da casa. Como se diz “haja paciência” em chinês?
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MUSEU FORENSE CSI. É assim que está sendo apelidado o primeiro Museu de Ciências Forenses da América Latina, que será criado no antigo prédio da Faculdade de Odontologia da UFMG, na rua Conde de Linhares. O nome faz referência à famosa série policial da TV americana. Só a partir da conclusão dos projetos museológico e arquitetônico é que será possível definir o valor da obra. Mas, segundo Gyovany de Faria Gomes, perito criminal federal e presidente da comissão de implantação do museu, o espaço vai reunir o que há de mais moderno no mundo da investigação de crimes. A ideia é que as obras comecem no próximo ano. Rogério Sol
À ESPERA DAS AZALEIAS Qual notícia você quer primeiro, a boa ou a má? Vamos à boa. Entre as ruas Peçanha e Patrocínio, no Carlos Prates, há uma praça que serve de mirante. Fica sobre o viaduto Helena Greco. Agora, a má: o lugar não é convidativo para relaxar. Os bancos estão quebrados e a iluminação necessita de reparos. No entanto, segundo a PBH, um projeto de revitalização em andamento prevê plantio de azaleias, limpeza e manutenção dos bancos. A ideia é que a praça Satélite seja repaginada neste semestre e os trabalhos comecem depois do período chuvoso. Uma curiosidade é que a avenida Bias Fortes termina exatamente no local. Ou seja, a rua onde está o mirante é continuação da via que alcança a praça da Liberdade. Eugênio Gurgel
ARTE URBANA Reinventar o espaço urbano é o objetivo dos artistas de rua. Da noite para o dia, um lugar ou objeto que normalmente passaria ileso pelo nosso olhar ganha destaque. Um bom (e divertido) exemplo é este flagrado na avenida Tancredo Neves, no bairro Alípio de Melo, região Noroeste. Manilhas com a proposta de direcionar o trânsito ganharam desenhos e dão um colorido no asfalto. Haja criatividade! MARÇO DE 2015
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REALIZAÇÃO:
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GENTE FINA | ANA CLÁUDIA ESTEVES aesteves@revistaencontro.com.br
SOBRE DUAS RODAS Eles estão entre os precursores do food truck em BH. Os mineiros Rodrigo Azevedo, de 33 anos, Fernanda Galan, de 34 anos, e Mônica Galan, de 31 anos, sócios da doceria Cadê Meu Brigadeiro?, já são conhecidos na cidade pelo estilo vintage e pela charmosa Kombi em que circulam vendendo seus quitutes. Agora, depois da última viagem do trio para os Estados Unidos, voltaram com a ideia de estrear outra tendência: a food bike. Acabou de chegar do Rio a bicicleta que encomendaram para o serviço, customizada especialmente para eles. “Estávamos procurando uma segunda forma, mais prática, de servir a eventos que a Kombi, por ser um veículo grande, não acatava”, diz Fernanda. Falta só decidir qual dos três vai pedalar. Dênis Medeiros
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AGENDA CHEIA EM 2015 A vice-presidente da Construtora Caparaó, Maria Cristina Valle, de 51 anos, está a todo vapor. E não é só por causa do Concórdia Corporate, edifício mais alto do estado, que acaba de lançar em parceria com a empresa americana Tishman Speyer. Cristina também está à frente de novos projetos, todos focados em inovação e sustentabilidade. São centros urbanos, segundo a arquiteta, voltados para a alta qualidade de vida e que trazem os mais modernos mecanismos de economia de água e de energia. “É um orgulho sem limite participar de projetos com essa preocupação, ainda tão raros em BH. Isso me dá a sensação de dever cumprido”, diz ela.
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PARA O CORPO E OLHOS Empresário do ramo de academias há mais de 10 anos, o personal trainer Rodrigo Linari, de 34 anos, decidiu inovar. Inspirado no conceito de hotéis-boutique, ele inaugurou, no bairro São Pedro, a primeira academia-boutique de BH. Com arquitetura da década de 1940, iluminação indireta e obras de arte expostas pelos corredores, a Unique tem tudo que uma academia normal tem, mas também um algo a mais. “Quis trazer para o mundo fitness a proposta ‘boutique’, que denota um serviço direcionado, com ambientes mais elaborados e maior personalização no atendimento. Quero que o cliente tenha o conforto e a sensação de estar malhando em sua própria casa”, afirma.
Samuel Gê
ELE FAZ ARTE POR ONDE PASSA Radicado em Nova York, onde mora há três anos, o artista visual Matheus Goulart está em BH – sua cidade natal – para estrear, no próximo mês, a exposição Soul Brazilian. Com 30 telas feitas exclusivamente para o evento, o jovem de 24 anos vai apresentar, entre outras obras, temas relacionados ao Brasil. “Sempre busco interação da minha arte com o público local. Por isso, produzi releituras de grandes nomes do samba e das passarelas brasileiras”, diz. Matheus, que já expôs em galerias conceituadas nos Estados Unidos, como a Original NYC Artist’s Gallery, a Global Citizen e a Avant Garde by MMC Gallery, tem como próximo destino a Europa, onde vai mostrar sua arte na Espanha, Inglaterra e Suíça.
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Rodrigo Neves e Luciana Bellato com os filhos Arthur, de 11 anos, Giulia, de 10, e Sofia, de 5, que têm smartphones e usam livremente o WhatsApp: “O contato com a tecnologia é inevitável, então procuramos estabelecer diálogo transparente e de confiança”, diz Rodrigo 18:08
Samuel Gê
WhatsApp:
existe idade certa para começar? MARINA DIAS
Foi-se o tempo em que as famílias acessavam a internet pelo único computador que tinham em casa. Naquela época – a mesma da internet discada –, a máquina era compartilhada e, muitas vezes, instalada em ambiente comum, onde todos conseguiam ver o que lá se passava. Difícil um cenário mais distante da re36 |Encontro
Não há consenso entre especialistas sobre quando as crianças devem ter acesso ao aplicativo. Mas episódios recentes de superexposição de menores mostram que, cada vez mais, é necessário orientação e cuidado na hora de deixar os filhos usarem a ferramenta
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alidade atual. Hoje, a comunicação na web é individual, restrita e reduzida ao tamanho da palma da mão. É nos smartphones que tudo acontece, inclusive grande parte da interação social na rede, sendo um dos protagonistas o WhatsApp. Não à toa, fica cada vez mais difícil para os pais acompanhar os filhos no ambiente digital. E se engana quem pensa que as crianças ainda engatinham nesse meio. Segundo levantamento divulgado no ano passado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a faixa etária de brasileiros entre 10 e 15 anos é a segunda que mais navega na
web pelo smartphone, atrás apenas dos jovens entre 16 e 24. Isso porque não temos a comparação com o público de 5 a 9 anos, pois, até o último estudo, essa faixa não era incluída no escopo (para o próximo levantamento, já será). E não para por aí: também em 2013, estudo da organização Common Sense Media já havia atestado, nos Estados Unidos, que 38% das crianças com menos de 2 anos já usaram tablets ou smartphones para consumir alguma forma de mídia. Esse cenário de “precocidade digital” exige que pais reflitam, cada vez mais cedo, sobre como agir quando os filhos começarem com o temido pedido: “me dá um celular?”. E, verdade
seja dita: casos recentes, especialmente relativos ao WhatsApp, não deixam de assustar quem está passando por esse momento de decisão. Mostram, também, como os responsáveis ainda não têm a resposta certa sobre o que fazer – o que pode gerar reações extremas. Um exemplo é o episódio do adolescente mineiro de 15 anos que divulgou no aplicativo, sem consentimento da namorada, um vídeo dos dois em momento de intimidade – e, em seguida, a mãe do garoto se filmou batendo no filho para mostrar à namorada que ele tinha sido punido pelo que fez. Esse vídeo também vazou e gerou polêmica na internet neste mês. O fato é que não existe resposta certa sobre quando é a época ideal para as crianças começarem a ter acesso ao smartphone e, mais especificamente,
Eles não são usuários... 18:11
José Otto Temporão e Cristiane Pinheiro não permitem o acesso dos filhos Caetano, de 10 anos, e Bernardo, de 8, ao WhatsApp: “As crianças ainda estão em processo de formação, aprendendo suas maneiras de interagir socialmente”, diz o pai 18:15
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COMPORTAMENTO | TECNOLOGIA PAIS ATENTOS Confira dicas de segurança para evitar o uso inadequado do smarthphone e do WhatsApp pelos pequenos
Oriente os filhos a não se referir aos familiares, na agenda de contatos, como “pai”, “mãe”, “avó”. Registre-os sempre pelos nomes próprios
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Instale aplicativos de geolocalização nos aparelhos, pois ajudam em caso de perda ou para a localização da criança 14:37
Explique a seus filhos que eles não devem compartilhar informações pessoais (endereço, telefone, etc.) nas redes sociais
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Oriente-os a não conversar com estranhos e, se necessário, a bloquear contatos de desconhecidos que puxarem conversa 14:43
Explique que, na rede, é difícil ter controle sobre as informações, mesmo que divulgadas apenas para sua lista pessoal de contatos
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Insista na importância de não enviar fotos ou vídeos, não ligar a webcam ou aceitar chamadas de vídeo de desconhecidos 14:48
Seja amigo de seus filhos nas redes sociais – mas, sempre, sem assumir postura de intromissão
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Estimule os pequenos a navegar com segurança, suspeitando de notificações estranhas e que exijam informar dados pessoais 14:50
Fonte: ONG Safernet e Otaviano Silvério, analista de sistemas e professor de segurança da informação no Uni-BH
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ao WhatsApp. No entanto, é consenso entre especialistas a importância da orientação e da proximidade dos pais quando decidirem permitir esse uso. Aliás, segundo a psicóloga e psicanalista Túlcia Poggiali, pais devem preparar seus filhos para essa situação antes mesmo de autorizá-los. “A formação que a criança vem recebendo, desde pequena, será a base para que os equívocos do uso do WhatsApp, por exemplo, sejam evitados”, diz. Afinal, a educação em termos dos comportamentos moral e ético adequados deve acontecer desde os primeiros anos de vida. Não estabelecer limites previamente e tentar mudar as regras de forma abrupta, diz Poggiali, pode trazer reação de difícil controle. Segundo a especialista, o diálogo aberto e franco é o caminho, e é preciso conscientizar os pequenos dos riscos e do uso inadequado do aplicativo, como a exposição pessoal e familiar, o contato com estranhos, o risco de isolamento social e o comprometimento do rendimento escolar. É na filosofia de diálogo transparente que apostam Rodrigo Neves, diretor comercial da TIM Minas Gerais, e sua mulher, Luciana Bellato. Os três filhos do casal, Arthur, Giulia e Sofia Bellato, de 11, 10 e 5 anos, respectivamente, já têm smartphones e são autorizados a usar o WhatsApp. Os dois mais velhos já têm grupos de amigos no aplicativo e aproveitam o recurso para conversar com os coleguinhas com quem conviviam em São Paulo e Recife, onde já moraram. Já a caçula, que ainda está em processo de alfabetização, consegue apenas marcar emoticons e gravar áudios, que manda para pais, avós e madrinha. Para Rodrigo, o contato com a tecnologia é inevitável e, portanto, a opção da família é por construir uma relação de confiança e de diálogo com os filhos, no intuito de orientá-los bem quanto ao uso das ferramentas, seus possíveis problemas e riscos. “Por se tratar de crianças, também acompanhamos como estão as conversas, com quem estão batendo papo, mas sempre pautados em transparência e confiança”, diz Rodrigo. “Não escolhemos privá-los do acesso, pois, futuramente, quando não conseguiríamos
fazer isso de qualquer forma, é a confiança que vai prevalecer.” Pais que decidem autorizar o acesso dos pequenos ao WhatsApp devem estar sempre atentos aos filhos, segundo Poggiali, acompanhando de perto as atividades, o comportamento e as relações pessoais dos pequenos. Mas a psicóloga lembra que é sempre função e dever dos pais estabelecer limites. Então, cabe a eles avaliar se os filhos têm maturidade suficiente para compreender vantagens e desvantagens da ferramenta, além de ter condições de aceitar os limites do uso. A partir daí, decidem autorizar ou não. Para ela, o uso antes dos 9 anos pode ser inadequado. “A proibição, quando escolhida pelos pais, é no intuito de evitar que os filhos fiquem expostos a situações que estão fora do seu entendimento e para as quais não estão preparados emocionalmente”, diz. Essa é a opção atual do advogado José Otto Segui Temporão e sua mulher, a engenheira Cristiane Pinheiro Lima Temporão. O filho caçula, Bernardo, de 8 anos, ainda não tem celular. O mais velho, Caetano, de 10 anos, tem smartphone, mas não pode usar o WhatsApp ou outras redes sociais. As ressalvas, segundo o advogado, são várias. Ele diz que as mídias sociais são muito recentes e que até adultos ainda estão aprendendo a usá-las. “Não há qualquer sigilo, o que se escreve fica lá de maneira permanente. E as crianças ainda estão em processo de formação, aprendendo as maneiras de interagir socialmente”, afirma José Otto. Apesar de restringir as redes sociais, o advogado permite o uso de outros recursos, como mensagens SMS, pois, de acordo com ele, essa comunicação é mais restrita “pessoa a pessoa”, mais direcionada. “A questão é a interação social, os grupos de conversa. Crianças são distraídas, podem escrever o que não devem, o coleguinha pode entender errado. Elas não enxergam a consequência da má interpretação”, diz. Contudo, José Otto sabe que é uma questão de tempo e tem tranquilidade ao responder aos filhos, quando eles questionam por que os coleguinhas usam o aplicativo e eles não. “Digo que eles também poderão usar. É só questão de respeitar o tempo”, explica José Otto. ❚ MARÇO DE 2015
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TECNOLOGIA | IDIOMAS Samuel Gê
Professor na palma da mão O estudante de engenharia Breno Henrique acompanha letras de músicas no celular para praticar inglês: “Em vez de ficar no WhatsApp no tempo livre, foco em usar os aplicativos para estudar o idioma”
Smartphones ganham espaço como ferramentas versáteis no aprendizado de línguas estrangeiras. As opções de aplicativos são muitas, para vários idiomas. Avaliamos alguns dos mais usados
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MARINA DIAS
Escutar música não é apenas distração ou uma atividade de dolce far niente (como diriam os italianos) para o estudante de engenharia mecânica Breno Henrique Souza, de 24 anos. Quando faz isso pelo smartphone, ele aproveita para usar um aplicativo que identifica qual canção está tocando e já busca a letra tanto na língua original quanto na tradução para o português. Assim, fora o prazer de ouvir o que gosta, ainda ganha mais contato com o inglês, idioma que ele estuda. “Nas letras há muitas palavras que ainda não conheço, e o aplicativo ajuda nisso. Meu vocabulário tem aumentado”, afirma. Breno, que faz aulas particulares do idioma, vê o celular como um grande aliado: “Em vez de
ficar no WhatsApp durante todo meu tempo livre, eu me policio e foco em usar os aplicativos para estudar. Até minha professora percebe, porque uso várias palavras novas na aula sem que ela tenha ensinado”, diz. Aproveitar os momentos livres para aprender línguas não é novidade. É sempre em um gap de horário que dá para encaixar as atividades ligadas às aulas de idiomas. Mas a vantagem de se fazê-lo nos dias de hoje é que, com a ajuda do celular, não é preciso sequer carregar um livro didático, uma revista ou um CD de áudios educativos. Pelo aparelho, um mundo de opções de aprendizado está ao alcance de qualquer um que se interessar. Os aplicativos que ensinam línguas são a alternativa mais tradicional. Por meio deles, é possível treinar leitura,
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VASTO MUNDO DO CELULAR Além dos apps focados no ensino, é possível treinar línguas por meio de outras ferramentas do smartphone. Veja algumas opções: AUDIOLIVROS: Bons para treinar a compreensão oral, já que, neles, a fala é mais clara e lenta do que em conversas coloquiais entre nativos. Se você tiver o texto escrito, pode também usá-lo para acompanhar a leitura PODCASTS: Ajudam a treinar a compreensão oral. É possível baixar aulas de idiomas, mas também áudios no estilo de programas de rádios estrangeiras. Nesse modelo, as falas costumam ser mais naturais e coloquiais — com a facilidade de se poder escutar o programa preferido quando quiser, já que os arquivos, baixados, estão disponíveis a qualquer hora DICIONÁRIOS: É possível encontrar, na rede, apps e sites de fontes confiáveis (e alguns deles gratuitos) com os mais variados dicionários: de significados, de sinônimos e antônimos, entre outros
YOUTUBE: Há opções de vídeos de praticamente qualquer tema – ou seja, agrada a gregos e troianos - é possível ouvi-los sem legenda para treinar a compreensão oral. Alguns também vêm com closed caption (legenda no próprio idioma), o que pode ajudar a quem ainda não consegue compreender totalmente o áudio FEEDS DE NOTÍCIAS: Ao atualizar regularmente resumos de notícias da web, os feeds dão disciplina à leitura, pois o aluno não precisa ir até o site para procurar os textos – eles já estarão, sempre atualizados, em seu leitor de feeds. É só cadastrar suas páginas estrangeiras preferidas e treinar a leitura e vocabulário
Rogério Sol
O publicitário Renato Kimo ouve podcasts em inglês semanalmente e deu a dica à sua mulher, Ana Flávia Coelho: “É uma forma de manter a fluência”, diz Renato
compreensão oral, conhecimentos gramaticais, vocabulares e até pronúncia. E há exercícios para falantes de qualquer nível (confira quadro). A opção é boa para relembrar ou aprender por meio dos exercícios. Contudo, esses apps não costumam trazer teoria – também importante para o aluno e material que fica a cargo do próprio interessado pesquisar na internet. Mas não é apenas com esse tipo de app que se tem o contato com o idioma através do celular. Vídeos com ou sem legenda, notícias jornalísticas, podcasts, o céu é o limite quando se trata da rede. Entre os especialistas, é consenso que basta o interesse do aluno para que encontre formas de contato com a língua, além de disciplina para que use seu tempo livre de forma útil no celular. “Qualquer exposição que o aluno tenha à língua estrangeira é positiva e incentivada”, afirma Natália Mendes, diretora acadêmica do Green System. A tendência é tão comum entre os alunos – especialmente os jovens –, segundo Natália, que algumas práticas usando o celular foram até incorporadas à sala de aula. “A ideia é trazer o mundo deles para a sala. No aparelho é possível que cada aluno leia o que lhe interessa, procure temas que lhe agradem. Mas as regras quanto ao uso do telefone durante a aula se mantêm, e cabe ao professor preparar boas aulas e monitorar o uso o tempo todo”, afirma. Segundo a supervisora pedagógica do Greenwich Schools, Tatiana Miranda, valer-se do smartphone como ferramenta é natural hoje e, portanto, essa ideia deve ser aceita e trabalhada. “Não há como ignorá-la ou ir contra ela. É preciso usá-la a nosso favor”, diz. Segundo a especialista, o interesse por esse uso está nas mais diversas faixas etárias: pais pedem indicação de aplicativos para mostrar às crianças, por exemplo. “Jovens costumam buscar vídeos e músicas e, assim, ganham vocabulário e desenvoltura. Já os adultos costumam buscar aplicativos e leituras, praticando de forma natural”, explica Tatiana. E quem gosta de estudar idiomas sabe: não apenas o processo de aprenMARÇO DE 2015
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TECNOLOGIA | IDIOMAS Roberto Rocha
O uso do celular foi incorporada nas aulas do Green System: “A ideia é trazer o mundo deles para a sala”, diz a diretora acadêmica, Natália Mendes
COMO APRENDER COM OS APLICATIVOS Encontro usou alguns dos principais apps de idiomas por uma semana para ver como funcionam. Confira:
DUOLINGO (idioma testado: inglês) Como funciona: São 16 exercícios em cada lição e você pode errar até três vezes. Depois é necessário repetir até conseguir passar de fase. Você pode também tentar um atalho, testando sua proficiência para pular fases. Além do inglês, há opções em espanhol, francês, alemão, bem como russo, norueguês, polonês, vietnamita e até esperanto
Como funciona: Trabalha com progressão do ensino, em que as fases seguintes só são liberadas conforme se completam as anteriores. Lições estão divididas de acordo com o uso prático da língua (ex.: para aprender escrita, pergunta-se sobre nosso cotidiano). Ensina alemão, chinês, espanhol, francês, inglês, italiano, japonês, polonês, português, russo e turco
Prós: Totalmente gratuito. Permite fazer um teste de nivelamento, acompanhar o desempenho dos amigos e praticar exercícios de vocabulário, escrita, pronúncia e tradução. Oferece opção de receber avisos diários para criar uma rotina para as aulas
Prós: A interface é amigável e intuitiva. Com poucos cliques, é possível acessar as lições. Ajuda a entender a escrita e a compreender a fala, com exercícios específicos para iniciantes e mesmo para quem já está em nível avançado
Contras: Não pode ser usado sem que o usuário esteja conectado à internet. Em relação ao uso do microfone para pronúncia, muitas vezes o aplicativo não compreende bem ou capta erradamente o que é falado
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BUSUU (idioma testado: inglês)
Contras: Ao se fazer download do programa, só estão disponíveis off-line os níveis básicos. Não avisa sobre o andamento do curso e não chama a atenção do aluno que fica “longe” do aplicativo por muito tempo. Não há muita variedade no estilo dos exercícios, apenas dos temas tratados
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dizado é árduo, mas também o de manter a fluência depois que ela é adquirida. É por isso que o publicitário Renato Kimo, de 29 anos, apesar de já ter feito intercâmbio para a África do Sul e terminado o curso de inglês, tem o hábito de ouvir podcasts com aulas do idioma três vezes por semana. “Como a aula é dada por um americano, é preciso ter nível intermediário ou avançado. É a forma que encontrei de manter o contato com o idioma e a fluência”, diz ele, que incentivou sua mulher, a jornalista Ana Flávia Coelho, de 29 anos, a fazer o mesmo. “Ela
ainda estuda inglês, então usa para incrementar especialmente a compreensão oral”, afirma. Contudo, como cada pessoa tem ritmo de aprendizado e conhecimentos diferentes, não há um padrão possível de ser tratado quando se fala em estudar línguas pelo celular. Além disso, não dá para esperar milagres. Em relação às ferramentas de tradução automática, por exemplo, o coordenador pedagógico da Aliança Francesa BH, Wellington Júnio Costa, lembra que é preciso usá-las com critério, já que não levam em conta todos os ele-
mentos situacionais da comunicação e podem gerar equívocos. Já em relação aos apps de pronúncia, diz que dúvidas pontuais podem ser sanadas, mas que a boa pronúncia de uma palavra isolada não garante boa prosódia (tom, ritmo, entonação). Com critérios, segundo ele, vale tudo: escolher o idioma como opção de configuração do celular, baixar um dicionário monolíngue, jogos e vídeos, além de criar grupos de WhatsApp com colegas que falam o idioma para treinar a conversa. Prepare seu smartphone e buena suerte! (Colaboraram Alysson Lisboa, Geórgea Choucair, João Paulo Martins e Rafael Campos)
LINGUALEO (Idioma: inglês) Como funciona: Oferece vídeos sobre vários temas (saúde, educação, negócios, música, tecnologia, etc.) com legendas em inglês. Em caso de dúvida, o estudante pode tocar sobre a palavra para traduzi-la. Permite adicionar palavras para que elas apareçam nos exercícios de tradução e de soletrar. Há ainda um dicionário com traduções de palavras e pronúncia. Prós: É preciso pagar para conseguir certas funcionalidades, mas é possível aproveitar recursos interessantes no modo gratuito, como os vídeos com palestras do Ted. Mensagens bem-humoradas lembram o estudante de que é hora de acessar o aplicativo Contras: Oferece cursos de gramática, com os tempos verbais, mas a ativação das aulas não é gratuita. Para assistir aos vídeos, é necessário acesso à internet. Só oferece ensino de inglês
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BABBEL (idioma testado: espanhol) Como funciona: O curso é dividido em quatro partes: iniciantes, intermediários, extras, palavras e frases. Ensina 13 idiomas (inglês, francês, alemão, italiano, português, sueco, espanhol, polonês, holandês, indonésio, turco, dinamarquês, norueguês, russo) Prós: O aplicativo tem design atraente e fotos interativas com os temas em estudo. No geral, é fácil de manipular e intuitivo. Como o espanhol é muito próximo do português, há a seção de “falsos amigos”, que ensina palavras dos dois idiomas que são próximas, mas com sentidos completamente diferentes Contras: Os exercícios e método são os mesmos para praticamente todas as etapas do curso, o que torna a prática monótona. Só a primeira lição de cada parte do curso é gratuita. Não houve nenhum exercício de fala no idioma. O lembrete de aprendizado disponível no app estava acionado, mas não foi recebido nenhum dia
MINDSNACK (idioma testado: francês) Como funciona: A proposta é ir avançando nas fases por meio de jogos rápidos em variados temas. A cada fase que você completa, “destranca” a seguinte. É focado na repetição, para memorização de vocabulário. É possível aprender inglês, espanhol, francês, italiano, português, alemão, chinês, japonês, além de disciplinas (em inglês) como geografia e matemática Prós: A interface é bonita e atraente, e as funcionalidades são fáceis de entender. Os joguinhos são rápidos e simples, além de viciantes Contras: Para o francês, só uma lição (alimentos) é gratuita. Para avançar, é preciso pagar. Quem quiser aprender outras línguas, fora o inglês, só pode fazê-lo a partir desse idioma, o que significa que o inglês é pré-requisito para estudar outras línguas ❚
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CIDADE | SERVIÇO
Delivery de tudo Muito além de restaurantes e farmácias, outros tipos de comércio e prestadores de serviços de diversos ramos aderiram à entrega em casa para facilitar o dia a dia dos moradores da cidade. Selecionamos 10 opções
PAULA TAKAHASHI
O interfone toca e a nutricionista Rossiane Pereira, de 41 anos, já sabe que as frutas e verduras que encomendou no sacolão do bairro chegaram. Ela garante que não passa aperto quando descobre, no meio do preparo de uma refeição, que não tem todos os itens para fazer uma salada ou que a carne não será suficiente para todos. “Já aconteceu de eu estar fazendo um evento e precisar de algo, mas não ter como sair para comprar. Liguei para o sacolão, falei os produtos que
faltavam e logo estavam na minha casa”, conta. “Sempre recebo do jeito que gosto, e, no caso de alguma coisa não estar do meu agrado, é só trocar”, afirma a nutricionista. Assim como Rossiane, cada vez mais pessoas recorrem ao delivery, uma facilidade que não se restringe mais aos restaurantes e farmácias. Para atender a exigência cada vez maior por comodidade, manicures, açougues, lavanderias e até padarias adotaram o serviço de entrega em casa. Selecionamos empresas dos mais diversos ramos que oferecem essa mordomia.
PARA FACILITAR SEU DIA A DIA BATERIA DE CARRO Pedrinho Baterias Horário: de segunda a sexta das 7h30 às 21h; sábado, das 8h às 18h; e domingos e feriados, das 8h às 13h Locais: Belo Horizonte, além do Vila da Serra, em Nova Lima Entrega: entre uma e duas horas Taxa: não tem Tel: (31) 3429-1000 Diniz Baterias Horário: 24h Locais: região metropolitana de Belo Horizonte Entrega: em até uma hora Taxa: não tem Tel: (31) 3077-5007
BEBIDAS Express Bebidas Horário: 24h Locais: região Centro-Sul. Outros bairros, consultar disponibilidade Entrega: entre 30 e 40 minutos na região Centro-Sul Taxa: R$ 8 a R$ 15 na região Centro-Sul Tel: (31) 3037-6655
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SOS Goró Horário: de segunda a quinta, das 14h à 0h; sextas, das 14h às 3h30; sábados, das 11h às 3h30; e domingos, das 10h à 0h Locais: consultar o bairro Entrega: até 40 minutos Taxa: depende do bairro Tel: (31) 3463-3919
CASA DE CARNE La Macelleria Horário: de segunda a sexta, das 9h às 18h; e sábado, das 9h às 13h Locais: Belo Horizonte e Nova Lima Entrega: pedidos feito até as 12h são entregues no mesmo dia Taxa: depende do bairro e valor do serviço Tel: (31) 3223-6257 Casa de frios e massas Ao Gosto Horário: de terça a sábado, das 9h às 17h; e domingo, das 9h à 13h Locais: Belo Horizonte, além do Vila da Serra e condomínios de Nova Lima Entrega: a combinar Taxa: de R$ 5 a R$ 8 Tel: (31) 3461-3297
FAXINEIRA (Outros profissionais: passadeira, cozinheira, babá, cuidador de idosos, jardineiro e motorista) Maria Brasileira (unidade Pampulha) Horário: das 9h às 12h e das 14h às 18h Locais: região metropolitana de Belo Horizonte Entrega: solicitar serviço até as 17h do dia anterior Taxa: não tem Tel: (31) 2516-3100
FRUTAS E VERDURAS Shopping Frutas Buritis Horário: das 6h às 20h Locais: Belo Horizonte, além do Vila da Serra e condomínios de Nova Lima Entrega: no mesmo dia, em horário a combinar Taxa: R$ 7 Tel: (31) 3371-5357 Da Horta Horário: sexta-feira, das 11h até domingo à noite Locais: região Centro-Sul. Outros bairros, consultar disponibilidade
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Alexandre Rezende
A nutricionista Rossiane Pereira não esquenta a cabeça quando precisa, de última hora, de ingredientes para a salada: "Eu ligo e logo os alimentos são entregues em minha casa"
Entrega: todas as terças, entre 8h e 12h Taxa: R$ 10 a R$ 20 Site: www.dahorta.org
LAVA A JATO AcquaZero Horário: 24h Locais: região Centro-Sul. Consultar bairros nas proximidades Entrega: agendamento com duas horas de antecedência Taxa: não tem Tel: (31) 2535-0305/ 9139-9191
Locais: Belo Horizonte, além do Vila da Serra e condomínios de Nova Lima Entrega: entre 48h e 72h. Para tapetes, o prazo é de 15 dias úteis Taxa: depende do bairro Tel: (31) 3371-2112 5àsec Horário: varia de acordo com a loja Locais: Belo Horizonte Entrega: depende do tipo de peça Taxa: varia de acordo com a loja Site: www.5asec.com.br
MANICURE AcquaFree Horário: de segunda a sexta, das 8h às 18h; sábado até as 12h Locais: região metropolitana de Belo Horizonte Entrega: agendar com dois dias de antecedência Taxa: não tem Tel: (31) 7165-1230
LAVANDERIA Eureka Horário: pedidos entre 8h e 18h. Entregas são realizadas entre 10h e 17h
Disk Manicure Horário: de terça a sábado, das 8h30 às 17h30 Locais: Belvedere e Vila da Serra Entrega: agendar com pelo menos 48h de antecedência Taxa: não tem Tel: (31) 3427-0704
PADARIA E MERCEARIA Trigopane Horário: todos os dias, das 16h30 às 22h Locais: bairros Cruzeiro, Anchieta, Carmo,
Sion, Buritis, Estoril, Alto Santa Lúcia e Belvedere Entrega: aproximadamente 1h30 Taxa: R$ 8,30 Tel: (31) 3378-6061 Vianney Horário: todos os dias, das 7h às 21h Locais: região Centro-Sul e Vila da Serra, em Nova Lima. Consultar disponibilidade em outros bairros Entrega: entre uma e duas horas Taxa: R$ 10 a R$ 30, dependendo do bairro Tel: (31) 3227-2071
PRODUTOS DE INFORMÁTICA Port Horário: segunda a sexta, 8h30 às 18h30 Locais: Belo Horizonte Entregas de segunda a sexta-feira, 9h às 17h, de acordo com a disponibilidade Taxa: R$ 6,90 a R$ 17,90, dependendo do bairro Tel: (31) 3213-3074 Lig Cartuchos Horário: de segunda a sexta, 8h às 18h Locais: qualquer bairro de Belo Horizonte Entrega: até quatro horas Taxa: até R$ 20, dependendo do bairro Tel: (31) 3335-4665 z MARÇO DE 2015
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CIDADE | MEMÓRIA Praça Milton Campos Nome: Milton Campos (1900-1972) Quem foi: Nasceu em Ponte Nova. Formou-se em direito e iniciou carreira política em 1933. Foi governador de Minas Gerais (1947-1951) e ministro da Justiça no governo Castelo Branco (1964-1965). Em 1966 foi senador Material: Bronze e mármore Obs.: Avenida do Contorno com avenida Afonso Pena
Este é o
famoso quem? ENC166CID_estatua.indd 46
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Bustos que homenageiam figuras importantes do estado sofrem com ação de vândalos, que retiram as placas de identificação e os transformam em figuras anônimas. A prefeitura avisa que não fará reposição, já que o roubo é frequente
RAFAEL CAMPOS
Caminhar por avenidas e praças de Belo Horizonte que abrigam bustos e estátuas de personalidades mineiras pode significar também um jogo de adivinhação. Sem placas que as identifique, fruto do vandalismo, alguns monumentos homenageiam ilustres anônimos. “Não faço a menor ideia de quem seja”, respondeu o comerciante José Flávio Lemos, de 57 anos, ao ser indagado sobre o busto fincado – que teve a placa de identificação roubada – no canteiro central da avenida Augusto de Lima com Fotos: Rogério Sol
Praça da Liberdade
Praça da Liberdade
Praça da Liberdade
Nome: Crispim Jacques Bias Fortes (1847-1917)
Nome: Bernardo Guimarães (1825-1884)
Nome: José Maria Azevedo Júnior (1865-1909)
Quem foi: Nasceu em Barbacena. Foi governador de Minas entre 1894 e 1898, período no qual oficializou a mudança da capital do estado de Ouro Preto para Belo Horizonte
Quem foi: Nasceu em Ouro Preto. Magistrado, jornalista, romancista, professor e poeta. É o patrono da cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras. Em 1875, publicou o romance A Escrava Isaura, que o tornou identificado com a campanha abolicionista
Quem foi: Jornalista e diretor do jornal A Capital desde 1896 e redator do Diário de Minas e Jornal de Belo Horizonte. Foi também fundador do Jornal do Povo. Considerado um dos principais nomes mineiros que lutaram a favor do abolicionismo e da república
Material: Bronze
Material: Bronze
Material: Granito e bronze MARÇO DE 2015
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CIDADE | MEMÓRIA Praça da Liberdade
Praça Afonso Arinos
Av. Augusto de Lima
Nome: Júlio Bueno Brandão (1858-1931)
Nome: José Rodrigues Sette Câmara (1885-1957)
Nome: Augusto de Lima (1859-1934)
Quem foi: Nasceu em Ouro Fino. Magistrado, advogado e jornalista. Na carreira política, foi deputado estadual e senador federal. Destacou-se pela autoria de um projeto que garantia empréstimo às cidades mineiras para implantação de energia elétrica, saneamento, estradas e escolas
Quem foi: Um dos grandes nomes da vida forense da capital mineira. Ocupou a chefia do departamento jurídico da prefeitura (1925-1951). Criminalista de destaque, Sette Câmara tornou-se presidente do Conselho Penitenciário do estado
Quem foi: Presidente do Estado de Minas Gerais (1891). Foi jornalista, poeta, jurista, magistrado e professor. Augusto de Lima formulou o decreto determinando a mudança da capital do estado para uma região que oferecesse condições melhores de higiene
Material: Bronze
Material: Bronze
Material: Bronze
avenida Álvares Cabral, no centro de Belo Horizonte. O mesmo acontece na praça Hugo Werneck, no bairro Santa Efigênia, região Leste, cujo grande homenageado que dá nome à praça também fica desconhecido. Em nota, a PBH informou que, “por se tratar de obra de arte protegida pelo patrimônio cultural, a prefeitura considera que cada serviço de manutenção ou de restauração deve ser analisado caso a caso”. Ainda segundo a nota, a Secretaria Municipal 48 |Encontro
Obs.: Esquina com rua Goiás
de Serviços Urbanos recebeu da diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura (FMC) a orientação para realizar os serviços de manutenção e reparo. Dependendo do grau de complexidade da restauração, é necessário licitar o serviço e, se for o caso, recorrer ao autor artístico da obra. A limpeza convencional e corriqueira, devido às pichações, por exemplo, é executada pelas regionais. A assessoria de imprensa informou também que os bustos que tiveram
as placas arrancadas continuarão sem elas, já que os roubos são frequentes. Diante desse cenário, a identificação de alguns homenageados foi difícil até para a reportagem de Encontro. Por outro lado, há bustos com placas, mas a identificação não é suficiente para preencher a curiosidade das pessoas. Marcelo Renan de Almeida, de 45 anos, é proprietário de uma banca de jornal a pouco metros da estátua de Milton Campos, mas não faz a menor ideia de quem seja a personalidade. “Não sei
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Av. Augusto de Lima
Praça Hugo Werneck
Praça Hugo Werneck
Nome: Joaquim Mendes de Oliveira (1879-1918)
Nome: Octaviano de Almeida (1886-1940)
Nome: Hugo Werneck (1919-2008)
Quem foi: Poeta e jornalista. Um dos grandes representantes da poesia parnasiana no Brasil. Além da cena literária, Mendes de Oliveira destacou-se no meio jornalístico de Belo Horizonte, onde comandou as publicações de O Verbo, A Gazeta, Vida Mineira e Diário Mineiro.
Quem foi: Formado em farmácia e medicina, o cientista mineiro nascido em Diamantina foi professor da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Em 1933 e 1934, foi reitor da UFMG. Assumiu a presidência da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Hospital Militar
Quem foi: Um dos grandes ambientalistas do país, Hugo Werneck é ainda referência no tema. Criou a ONG Centro para Conservação da Natureza de Minas Gerais e a Fundação Biodiversitas. Foi também presidente da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
Material: Bronze
Material: Bronze
Material: Bronze
Obs.: Esquina com rua da Bahia
quem foi e o que fez de importante”, diz sobre o ex-governador de Minas Gerais. Não existe um inventário sobre os monumentos da cidade, mas, de acordo com lista enviada pela FMC, a capital mineira possui 53 bustos e 29 estátuas. Aos interessados sobre essas obras que dizem respeito à memória da cidade e do estado, vale uma consulta ao livro Monumentos de Belo Horizonte, idealizado por Péricles Antônio Mattar de Oliveira, publicado em 2008, um dos poucos trabalhos
que tratam do tema. Um projeto criado em Londres, na Inglaterra, pode nos inspirar e ajudar a estreitar os laços entre os belo-horizontinos e as personalidades de bronze. Lá, algumas estátuas “falam” e se apresentam para as pessoas que se aproximam delas. Esse projeto poderia, por exemplo, desfazer algumas ideias erradas que algumas pessoas têm a respeito das figuras públicas. É o caso do estudante João Gabriel Chagas, de 20 anos, que achava que Bias
Fortes era, na verdade, uma mulher. Luis Alberto Brandão, professor da Faculdade de Letras da UFMG e autor de livro sobre as estátuas de BH, ressalta que as pessoas se apropriam livremente dos monumentos espalhados em lugares públicos. “Elas interagem e muito com esses monumentos. Contudo, essa interação não acontece da forma como os autores das homenagens gostariam. O que ocorre é que as pessoas não se identificam com muitas dessas figuras”, diz. z MARÇO DE 2015
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CIDADE | FISCALIZAÇÃO
Campeões de multa Saiba onde estão instalados os equipamentos que registram o maior número de infrações em BH. A maioria fica nos principais corredores de trânsito RAFAEL CAMPOS
Os mais de 1,6 milhão de veículos que circulam por Belo Horizonte são vigiados por 200 radares, que registram infrações de avanço de semáforo, excesso de velocidade e invasão de pista exclusiva de ônibus. Segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), mais de 660 mil infrações – apenas por excesso de velocidade – foram registradas em 2014 e 65 mil condutores ignoraram o sinal vermelho. Esses números devem subir este ano, se levarmos em conta que novos radares estão por vir. Os maiores algozes dos condutores na capital mineira são os instalados nos principais corredores da cidade. E cada vacilo é um flash. De acordo com a BHTrans, empresa que opera o trânsito na capital mineira, só neste ano, 14 novos radares que flagram excesso de velocidade entraram em operação em avenidas como Amazonas, Contorno, Teresa Cristina e Cristiano Machado. Aliás, esta última é a campeã em registro de multas, e as vítimas são os apressadinhos que insistem em transitar acima dos 60 km/h. Outras 208 faixas também serão monitoradas por radares de controle de velocidade, que estão em fase de implantação, a partir deste ano. Mas a BHTrans não precisou o total de novos rada-
SAIBA ONDE FICAM Equipamentos que mais flagraram infrações na capital mineira, em 2014, de acordo com a BHTrans AVANÇO DE SINAL VERMELHO
1º
65.905 multas
Av. Amazonas com rua Araguari
17%
dos Andradas com 2º Av. av. Assis Chateaubriand
13%
dos Andradas 3º Av. com rua Caetés
10%
Afonso Pena 4º Av. com av. Álvares Cabral
8%
Afonso Pena 5º Av. com rua Pernambuco
8%
EXCESSO DE VELOCIDADE
664.780 multas
1º Av. Cristiano Machado
22%
2º Av. Teresa Cristina
17%
Presidente 3º Av. Antônio Carlos Presidente 4º Av. Carlos Luz
5º Av. Amazonas
11% 8% 7%
Avenida dos Andradas com rua Caetés, no centro: um dos radares que mais registram avanço de sinal vermelho
Fotos: Eugênio Gurgel
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Av. Cristiano Machado é o corredor com maior número de infrações: para excesso de velocidade registra-se média de 12 mil multas por mês
Avenida Amazonas com rua Araguari, no Santo Agostinho: maior número de multas por avanço de semáforo
res que entrarão em operação, já que a contratação é feita pelo número de faixas que serão fiscalizadas. E não adianta torcer o nariz para os radares, pois os olhos eletrônicos serão cada vez mais comuns no trânsito de BH. “Isso já é certo. A queda do número de acidentes graves e de óbitos nas grandes cidades está diretamente ligada ao controle de velocidade”, diz Jussara Bellavinha, coordenadora do projeto Vida no Trânsito, da BHTrans. O projeto foi idealizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a capital mineira foi uma das escolhidas para o programa piloto, que começou em 2010. De acordo com Jussara, desde 2007, quando os equipamentos começaram a ser implantados na cidade, houve queda do número de acidentes graves, de 40 mil para 11 mil, por ano. O número de atropelamentos também vem caindo. Em 2012, a cada
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100 dias morreram 49,6 pessoas no trânsito de BH, sendo 21,1 pedestres. Já em 2013, as mortes foram reduzidas para 46,6, das quais 16,4 vítimas eram pedestres. Os números de 2014 serão fechados em maio. Ronaldo Guimarães Gouvêa, professor da Escola de Engenharia da UFMG e especialista em transporte, afirma que o radar é um dos caminhos para controlar a imprudência e os acidentes no trânsito. “Mas temos de investir mais na educação no trânsito e colocá-la como política pública de governo”, diz. Segundo o especialista, o Japão é um ótimo exemplo nesse quesito. “Lá, não se escutam mais buzinas nas ruas e avenidas, o que acontece no nosso trâsito caótico. Existe o aprendizado de que uma ação mais pacífica no trânsito favorece a saúde mental e do corpo”, afirma. Enquanto não pensamos assim, que venham os radares! z
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ESPORTE | FUTEBOL
Nós invadimos sua playa Atlético e Cruzeiro nunca tiveram tantos jogadores estrangeiros atuando em uma mesma temporada como agora. Motivos? Mudanças nas regras da CBF, altos salários dos craques brasileiros e até a carência de novos talentos
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RENAN DAMASCENO
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esde a Copa do Mundo, o espanhol se tornou o segundo idioma dos mineiros apaixonados por futebol. Se na competição de seleções, Argentina, Chile e Uruguai escolheram o aconchego e sossego do estado para se preparar, agora foi a vez de os mineiros buscarem nos países vizinhos seus principais reforços para a temporada 2015. “Estive aqui durante a Copa e a cidade me encantou muito”, diz o lateral-esquerdo Eugênio Mena, que se hospedou na Toca da Raposa com a seleção chilena durante o último Mundial e, em janeiro, foi apresentado como reforço do Cruzeiro. “Fiquei feliz quando soube que voltaria para cá.” Jorge Gontijo/EM/D.A Press
O ídolo atleticano Éder Aleixo credita o momento ao empobrecimento do futebol brasileiro: “A verdade é que o Brasil só tem um jogador que pode ser considerado craque hoje: Neymar”
Arrascaeta Nome completo: Giorgian Daniel De Arrascaeta Benedetti Time anterior: Defensor (Uruguai) Valor da transferência: R$ 12 milhões Atributos dentro de campo: Ágil e habilidoso, é o típico armador moderno, com boa chegada à área Outro clube interessado: Internacional
Renato Weil/EM/D.A Press
“Há algumas décadas, Colômbia, Equador, Venezuela, Chile eram sacos de pancada da seleção brasileira. Hoje, eles têm jogadores nos principais campeonatos do mundo e batem de frente com o Brasil”, diz Maluf, diretor de futebol do Atlético
Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Benecy Queiroz, supervisor de futebol do Cruzeiro, diz que os jogadores brasileiros de boa qualidade técnica estão ganhando salários fora da nossa realidade: “O custo de um atleta jovem vindo de outro país é muito mais baixo”
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ESPORTE | FUTEBOL QUEM SÃO ELES Número de estrangeiros contratados na história de Atlético e Cruzeiro
35
jogadores estrangeiros já vestiram a camisa do Atlético
47
jogadores estrangeiros já vestiram a camisa do Cruzeiro
Alemanha
Espanha
1 1
Bolívia Venezuela
Colômbia
1
2 1
4
6
Equador
Paraguai Peru
2
3
3 1
5
Argentina
Chile 14
7
Uruguai
4 8
Dátolo, 30, atacante Argentina
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Lucas Pratto, 26, atacante Argentina
11
Cárdenas, 25, armador Colômbia
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Fotos: Arquivo EM/D.A Press e Divulgação
Eles fizeram história por aqui Sérvia 1
Itália França
1
1
MAZURKIEWICZ
Goleiro Jogou três Copas do Mundo pelo Uruguai (1966, 1970 e 1974) e defendeu o Atlético entre 1972 e 1974
SORÍN
Lateral-esquerdo Ídolo celeste, foi símbolo de raça em suas três passagens pelo clube, na década passada. Foi capitão da Argentina na Copa Mundo’2006
1
Gana 1
Camarões 3
Arrascaeta, 20, armador Uruguai
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PERFUMO
CINCUNEGUI
Lateral-esquerdo Estrangeiro que mais vestiu a camisa do Galo – 194 jogos, entre 1968 e 1973. Foi campeão mineiro (1970) e brasileiro (1971)
Felipe Seymour, 27, volante Chile
Joel, 21, atacante Camarões
Zagueiro Conhecido como Marechal, o zagueiro defendeu o Cruzeiro entre 1971 e 1974 e jogou as Copas de 1966 e 1974
Riascos, 28, atacante Colômbia
Mena, 26, lateral-esque rdo Chile
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ESPORTE | FUTEBOL Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Mena é um dos oito estrangeiros que defendem Cruzeiro e Atlético. Nunca houve tantos gringos atuando pelos arquirrivais na mesma temporada. Na Toca da Raposa, Mena tem a companhia de outro chileno, o volante Felipe Seymour, do uruguaio Arrascaeta, do colombiano Riascos e do camaronês Joel, que chegou ao Brasil com apenas 15 anos e sonha naturalizar-se brasileiro. Na Cidade do Galo, a colônia sul-americana tem os argentinos Dátolo e Lucas Pratto e o colombiano Cárdenas, carrasco do Galo na Libertadores do ano passado, quando defendia o Nacional de Medellín. A razão de tantos estrangeiros terem aportado no país com chuteiras e sonhos debaixo do braço é explicada, primeiramente, pela mudança na regra da CBF que aumentou de três para cinco o número de estrangeiros que podem ser relacionados para cada partida. A medida, anunciada no ano passado, é encarada como resposta da entidade à mobilização dos jogadores do Bom Senso F.C., que pede melhorias no futebol, como mudanças no calendário, fair play financeiro e direitos trabalhistas garantidos. O outro motivo é técnico e financeiro: como o futebol no país está inflacionado, com atletas sendo repatriados por cifras milionárias, apostar em talentos sul-americanos tem saído mais em conta, com possibilidade, inclusive, de retorno de venda para a Europa a médio prazo. “O futebol brasileiro vem na contramão da história. Antigamente, o jogador se destacava aqui e era vendido para a Europa. Hoje, eles saem cedo e os clubes brasileiros os compram de volta pela dobro do preço. Muitos são vendidos por R$ 3 milhões, voltam por R$ 6 milhões e ganhando mais do que recebiam lá fora. Alguma coisa está errada”, diz o diretor de futebol do Atlético, Eduardo Maluf. “Jogadores brasileiros de boa qualidade técnica estão ganhando salários fora da nossa realidade. O custo de um atleta jovem vindo de outro país é muito mais baixo”, explica Benecy Queiroz, supervisor de futebol do Cruzeiro, que aposta na mescla de estrangeiros e categorias de base na 58 |Encontro
Para o atacante Judivan, do Cruzeiro, um dos mais próximos do uruguaio Giorgion De Arrascaeta, os gringos têm se adaptado bem, graças ao apoio do grupo: “Eles estão se soltando agora. Dentro e fora do campo”
Cárdenas Nome completo: Sherman Andrés Cárdenas Estupiñán Time anterior: Atlético Nacional (Colômbia) Tipo de transferência: Empréstimo Atributos dentro de campo: Armador rápido e talentoso, com boa chegada ao ataque Outros clubes interessados: Vasco, Flamengo e Cruzeiro
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Riascos Nome completo: Duvier Orlando Riascos Barahona Time anterior: Monarcas Morelia (México) Valor da transferência: Não informado Atributos dentro de campo: Típico atacante de área, que leva vantagem pela altura e força física Outros clubes interessados: Sporting-POR e Flamengo
Lucas Pratto Nome completo: Lucas David Pratto Time anterior: Vélez Sársfield (Argentina) Valor da transferência: R$ 13 milhões Atributos dentro de campo: Atacante destro, tem boa movimentação e presença de área Outros clubes interessados: Cruzeiro e Flamengo
Joel Nome completo: Diederrick Joel Tagueu Time anterior: Coritiba (emprestado pelo Londrina) (Brasil) Tipo de transferência: Empréstimo Atributos dentro de campo: Goleador, bom finalizador Outros clubes interessados: Flamengo
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busca pelo tricampeonato da Libertadores e pelo penta do Brasileiro. “Nossa primeira alternativa para gastar menos é usar atletas da base. Depois, de acordo com a necessidade técnica do treinador (Marcelo Oliveira), vamos incorporando jogadores de fora”, diz Benecy. Foi justamente a necessidade de jogadores habilidosos a baixo custo que fez o Atlético ampliar sua observação sobre os vizinhos sul-americanos. “Há algumas décadas, Colômbia, Equador, Venezuela, Chile eram sacos de pancada da seleção brasileira. Hoje, eles têm jogadores nos principais campeonatos do mundo e batem de frente com o Brasil. Com a tecnologia, acompanhamos as estatísticas, vemos todos os jogos da Libertadores. Isso facilitou nossa observação para esses mercados”, diz Maluf. As últimas transferências internacionais provam o crescimento do futebol em países sul-americanos que, até a década de 1980, eram patinhos feios no mundo da bola. O colombiano James Rodríguez foi o maior goleador da Copa do Mundo’2014 e, em seguida, foi vendido do Mônaco ao Real Madrid por 80 milhões de euros (cerca de R$ 240 milhões). Seu compatriota Falcao Garcia foi adquirido pelo Mônaco, em 2013, por 60 milhões de euros (R$ 180 milhões). No ano passado, o chileno Alexis Sánchez trocou o Barcelona pelo Arsenal por 30 milhões de libras (R$ 114 milhões), enquanto outro clube inglês, o Manchester United, desembolsou 19 milhões de euros (R$ 50 milhões à época) pelo equatoriano Antonio Valencia, titular desde 2009. Ponta-esquerda da seleção brasileira na Copa’1982, o ídolo atleticano Éder Aleixo acredita muito mais no empobrecimento do futebol brasileiro do que unicamente na melhoria dos rivais. “A verdade é que o Brasil só tem um craque hoje: Neymar. Quem são os melhores camisa 10 jogando no Brasil? D’Alessandro, que é argentino. Antes dele foi o Montillo, outro argentino”, diz, citando o jogador do Internacional e o ex-camisa 10 do Cruzeiro. “O que falta ao futebol brasileiro é humildade. Anos atrás a gente ensinava e os outros países
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ESPORTE | FUTEBOL
Mena Nome completo: Eugenio Esteban Mena Reveco Time anterior: Santos Valor da transferência: Não informado Atributos dentro de campo: Lateral com características mais defensivas Outros clubes interessados: Boca Juniors e Dínamo de Kiev (Ucrânia)
Dátolo Nome completo: Jesús Alberto Dátolo Time anterior: Internacional Valor da transferência: Sem custos Atributos dentro de campo: Versátil, pode jogar como segundo volante, ou armando o jogo Outros clubes interessados: Vasco
Felipe Seymour Nome completo: Felipe Ignacio Seymour Dabud Time anterior: Spezia Valor da transferência: Não informado Atributos dentro de campo: Joga posicionado à frente da defesa de forma ágil e prestativa à equipe Outros clubes interessados: Bahia e Figueirense
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aprenderam. Agora é hora de baixar a cabeça e ver a lição dos europeus. A Argentina, hoje, produz muito mais craques que o Brasil. O que precisa ser feito é melhorar nosso trabalho na base, investir em tecnologia, para não ficarmos reféns de atletas de outros países”, diz Éder. Historicamente, Atlético e Cruzeiro sempre apostaram em estrangeiros, embora boa parte tenha partido sem deixar saudades. Nada menos que 47 gringos vestiram a camisa do Cruzeiro e 35 reforçaram o Galo. Entre os mais lembrados da história celeste estão o zagueiro argentino Roberto Perfumo – estrangeiro que mais vestiu a camisa azul, em 141 partidas – e o atacante uruguaio Revétria, na década de 1970; os colombianos Rincón e Aristizábal e o argentino Sorín, no início da década passada. Goleiro do Uruguai em três Copas do Mundo, Ladislao Mazurkiewicz defendeu o Galo entre 1972 a 1974. Seu compatriota, o lateral-esquerdo Hector Cincunegui é o gringo que mais jogou pelo Atlético: 194 vezes, entre 1968 e 1973, fazendo parte do elenco titular na conquista do Brasileiro de 1971. Muitos outros ao longo das últimas décadas, para a tristeza dos torcedores, frustraram as expectativas. Adaptação, aliás, é o principal desafio dos estrangeiros que chegaram a Minas Gerais em 2015 como trunfos para a disputa da Copa Libertadores. Principalmente para os atletas mais jovens, que saíram de seu país pela primeira vez, como o uruguaio Giorgian De Arrascaeta, de 20 anos, contratado do Defensor e principal aposta para a renovação do futebol uruguaio. “Estamos tentando ajudá-lo a se adaptar, o grupo todo está fazendo de tudo para que ele se sinta bem”, explica o atacante Judivan, um dos mais próximos ao uruguaio. “Ele é um menino tranquilo, escuta bastante, muito centrado e muito gente boa”, diz o atacante, que afirma que o idioma não tem sido barreira para os gringos. “Eles entendem bem, mas na hora de falar estão se soltando agora. Dentro e fora de campo.” ❚
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PET | ALIMENTAÇÃO
Alimentos crus aliados à suplementação foram a opção da bióloga e terapeuta canina Liana Rizel Hieloch para seus pets: “Eles se adaptaram muito bem à dieta”
No lugar da ração, carne, ossos, além de frutas e legumes. Esse tipo de dieta é comum na Europa e nos EUA, e começa a ser adotada por aqui, com aprovação de veterinários
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Menu DANIELA COSTA
Há dois anos e meio, quando a blogueira Letícia Lara, de 25 anos, adotou a cadela Belinha, ainda filhote, deparou-se com um problema. A cachorrinha, sem raça definida, não aceitava nenhum tipo de ração e, quando comia, passava mal. “Alguns veterinários chegaram a me dizer que a solução seria deixá-la sem se alimentar até sentir fome”, diz Letícia. Inconformada, decidiu pesquisar sobre o assunto e procurar alternativas de alimentação. Foi quando descobriu que o organismo de Belinha tinha intolerância a alguns componentes da ração, ao mesmo tempo que conheceu mais sobre a alimen-
tação natural. “Desde que adotei a dieta cozida, a Belinha não teve mais problemas e é saudável. Seus irmãos Nina e Fluke, adotados depois, nunca experimentaram ração”, diz. Comum na Europa e Estados Unidos, a alimentação natural para os pets tem sido alvo de estudos. Uma das mais populares é a Dieta BARF, criada em 1980 pelo veterinário australiano Ian Billighurst com o objetivo de imitar a dieta natural dos lobos. Ao longo dos anos, esse tipo de alimentação foi sendo melhor elaborada lá fora, mas, no Brasil, o assunto é pouco divulgado e gera polêmicas. “Muitas pessoas acreditam que dar restos de comida ao animal é o mesmo que aderir à ali-
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Fotos: Samuel Gê
para os pets mentação natural, o que é um grande erro. A dieta correta é baseada em conhecimentos anatômicos, nutricionais e fisiológicos de cada animal e requer comprometimento dos proprietários”, diz o veterinário Artur Vasconcelos, do Hospital Veterinário da UFMG. Rica em ingredientes de fácil digestão, esse tipo de dieta consiste no consumo de alimentos frescos e variados, entre eles, carnes, ossos, vísceras, ovos e peixes, com inclusão ou não de verduras, legumes, frutas e sementes. “O objetivo é oferecer nutrientes que maximizem o metabolismo do animal sem comprometer sua saúde, evitando, assim, o consumo de conservantes, substâncias sintéticas e compostos tó-
xicos oriundos dos alimentos processados”, diz Artur. Em alguns casos, suplementos manipulados também são utilizados. “Eles oferecem nutrientes essenciais que podem faltar na dieta indicada. Nos casos em que se opta pela alimentação crua ou cozida sem ossos, por exemplo, há necessidade de suplementação de cálcio para equilibrá-la”, diz Mariana Cunha, veterinária da DrogaVET-BH. Segundo os especialistas, a dieta rica em proteínas e gorduras melhora a condição corporal dos animais e evita o surgimento de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes, além de potencializar o funcionamento do intestino, resultando em fezes com me-
O adestrador Augusto Lavinas alimentou seus cães com ração, até observar que um deles estava a cada dia mais obeso: “Com a alimentação natural, todos estão bem mais ativos e saudáveis”
nos odor e volume. A pelagem fica mais viçosa e até mesmo aquele mau hálito costumeiro tende a acabar. “É uma dieta anti-inflamatória, que inclui diversos alimentos funcionais extremamente benéficos ao organismo”, explica a veterinária homeopata Carmen Rocca. A bióloga e terapeuta canina Liana Rizel Hieloch, de 26 anos, adotou a dieta crua aliada à suplementação para seus dois cães da raça Kuvasz, Logan e Maya. “Antes pesquisei muito, e assim que eles chegaram já entrei com a alimentação natural. Criamos uma dieta prática baseada em variados tipos de carnes. Eles se adaptaram muito bem à dieta”, diz Liana. Por muito tempo, o adestrador de MARÇO DE 2015
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PET | ALIMENTAÇÃO Vinicius Nogueira/divulgação
SAIBA MAIS DIETAS DA ALIMENTAÇÃO NATURAL Crua com ossos: inclui ossos, cortes de carne variados e vísceras Crua sem ossos: combina os benefícios das carnes e vísceras cruas com vegetais e carboidratos cozidos Cozida: inclui alimentos cozidos como carnes, ovos e legumes VANTAGENS
A blogueira Letícia Lara descobriu que um dos seus cães tinha intolerância à ração: teve de pesquisar muito até conseguir encontrar alternativas de alimentação
Controle do peso Deixa o pelo mais bonito Reduz o mau hálito Facilita a digestão Melhora a disposição Menor incidência de doenças crônicas e degenerativas, como obesidade, câncer e diabetes CUIDADOS Orientação profissional evita o desbalanceamento nutricional Os alimentos necessitam de preparo antecipado Alimentos devem ser bem escolhidos, para evitar contaminação Há risco de efeitos colaterais, como diarreias e alergias Animais com problemas de saúde devem ter dieta específica A mudança de alimentação deve ser feita gradativamente Fonte: especialistas consultados
cães Augusto Lavinas, de 31 anos, alimentou seus três cães – Peter e Wendy, border collies, e Sininho sem raça definida – apenas com ração, até observar que, apesar de comer pouco, um dos cães estava cada dia mais obeso. “Tentei várias opções e nada diminuía o peso. Então, comecei a procurar por alter-
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nativas e passei a dar carnes, vegetais e suplementos, tudo balanceado. Hoje todos estão bem mais ativos e saudáveis”, diz Augusto. A veterinária Sylvia Angélico, fundadora do site Cachorro Verde, explica que, seguindo as orientações de um profissional, é totalmente seguro subs-
tituir a ração dos pets por uma dieta caseira fresca, nutritiva e saborosa. “A alimentação natural contém ótimos níveis de proteína animal, gorduras saudáveis na medida certa e carboidratos não inflamatórios de baixo índice glicêmico”. Uma forma ainda mais saudável de cuidar do seu xodó. z
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informe publicitário
Medicina mineira na vanguarda Dr. Marcus Valladares desenvolve pesquisas pioneiras que irão revolucionar o uso de células-tronco na ortopedia
Curar doenças a partir do uso de células do próprio organismo. Em suma, esse é o papel exercido pelas células-tronco na medicina. Capazes de dar origem a outros tipos de células, as células-tronco podem se transformar em outros tecidos do corpo, como ossos, músculos e nervos e, assim, restaurar órgãos lesados. Os tratamentos mais comuns a partir do uso de células-tronco são ligados a doenças como leucemia, Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, esclerose múltipla, lesões na medula, diabetes e doenças cardíacas, pulmonares e autoimunes. Nos últimos anos, contudo, médicos e pesquisadores têm trabalhado para que o uso das células-tronco avance para outras áreas da medicina, como a ortopedia. Em Minas Gerais, o primeiro a usar células-tronco para combater doenças inflamatórias nas articulações foi o ortopedista e pesquisador Marcus Valladares. Graduado pela UFMG, onde concluiu Mestrado em Cirurgia, Dr. Marcus é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da American Academy Ortopedic Surgeons. Em 2012, deu início ao tratamento com células-tronco e, desde então, já realizou mais de 50 procedimentos, grande parte com resultados muito satisfatórios, todos sem quaisquer complicações. “Ainda que pouco comuns, era possível identificar alguns resultados complicados no uso de próteses”, comenta Dr. Marcus. “Foi a partir daí que resolvi iniciar as pesquisas e os procedimentos com o uso de células-tronco. Trata-se de um processo sem efeitos colaterais e mais prático que as cirurgias de grande porte, além de muito seguro”, garante o especialista. Os procedimentos realizados por Dr. Marcus são feitos com o uso do dispositivo Sepax, câmara de separação dedicada ao processamento de células mesenquimais que incluem as células-tronco, desenvolvido pela empresa suíça Biosafe. O sistema dispensa a manipulação do sangue e, uma vez que as células são retiradas do próprio corpo do paciente, é impossível haver incompatibilidade. Os tratamentos já realizados com o uso de células-
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Dr. Marcus Valladares, referência no uso de células-tronco na ortopedia: “são procedimentos sem efeitos colaterais, muito seguros e mais práticos que as cirurgias de grande porte”
Samuel Gê
-tronco na ortopedia são nos casos de artrose, traumas e doenças degenerativas. Dr. Marcus, contudo, espera mais. O médico inicia este ano uma série de pesquisas em algumas universidades brasileiras e, em alguns meses, já deverá apresentar conclusões surpreendentes. “Esse trabalho irá resultar em uma melhora no bem-estar dos pacientes, principalmente os mais idosos, embora o uso de células-tronco independa da idade”, conclui. Sempre na vanguarda, Dr. Marcus apresentou uma descrição técnica do tratamento de artrose no joelho no Congresso Mineiro de Ortopedia em 2014 que, em breve, será publicada no exterior, o que evidencia a solidez de suas pesquisas. Tamanha credibilidade faz dele não apenas uma referência internacional, mas a garantia do desenvolvimento e da manutenção da medicina mineira entre as mais destacadas do país. ORTOPEDIA MARCUS VALLADARES GUIMARÃES Rua: Aimorés, 2125 – Lourdes Tel: (031) 3349-2600 www.ortopediamarcusvguimaraes.com Email: mvg@ortopediamarcusvguimaraes.com
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COLUNA DE DIREÇÃO | FÁBIO DOYLE fdoyle@editoraencontro.com.br Fotos: Divulgação
BLINDADO DE FÁBRICA Chega ao país da insegurança a versão blindada de fábrica do sedã Mercedes-Benz E 250: a Turbo Avantgarde VR4. Equipado com motor 2,0 litros turbo com potência de 211 cv, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos e atinge velocidade máxima de 240 km/h – limitada eletronicamente. A suspensão e o sistema de freios do modelo blindado foram desenvolvidos para manterem os padrões de dirigibilidade da versão comum e o veículo passou pelos mesmos testes de colisão a que são submetidos os carros da linha de produção regular. Os sistemas de proteção especial do E250 começam a ser instalados antes da montagem da carroceria, possibilitando o uso de componentes da blindagem
em locais inacessíveis após o veículo ter sido montado. Isso representa, segundo o fabricante, além da segurança superior e menor ruído interno, a garantia de maior conforto. O nível de resistência da blindagem é VR4, que garante proteção contra disparos de armas portáteis com calibre equivalente ao Magnum 44. O E250 VR4 tem vidros E-Guard com várias camadas, além de uma especial de policarbonato, e os pneus são run flat, que permite rodagem mesmo após perda de pressão. A garantia é de dois anos, como nos demais carros da marca. O E 250 Turbo Avantgarde VR4, que pesa 2.610 kg, já está à venda no Brasil ao preço de R$ 340 mil. Sem blindagem, o E250 Turbo pesa 1.680 kg e custa R$ 252 mil.
TRISTE LIDERANÇA
CARRO SUJO
A Dupont esteve recentemente em Belo Horizonte para apresentar seu kit de blindagem de automóveis. Iniciou a palestra dizendo que o Brasil é o maior mercado do mundo de carros blindados. O dado, segundo o palestrante, é da Abrablin, a associação dos fabricantes de blindagem. Motivo de vergonha. Se somos o maior mercado de carros blindados do mundo é porque também somos o país com o menor nível de segurança do planeta.
Que precisamos ser mais cautelosos com o consumo de água, ninguém discute. O que não pode acontecer é tirar proveito da chamada crise hídrica para tornar seu negócio mais lucrativo, em prejuízo dos clientes. Algumas concessionárias de automóveis comunicam que não mais entregam lavados os carros que atendem para revisões e assistência técnica, por iniciativa solidária à escassez de água. É bom lembrar que existem e proliferam os sistemas de lavagem a seco ou com uso mínimo de água.
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CONSELHO INÉDITO Um conselho consultivo formado por clientes apaixonados pela marca acaba de ser constituído no Brasil pela japonesa Subaru. A ideia foi de Flávio Padovan, diretor geral da Subaru Brasil. O objetivo é compartilhar informações, por meio do contato direto com os clientes mais apaixonados pela marca no país, e assim desenvolver ações voltadas
para as demandas do mercado. O conselho é formado por 15 clientes, profundos conhecedores dos mais diversos temas que envolvem a Subaru, sejam eles produto, competições ou ações desenvolvidas em outros países. São “subaristas” fervorosos, alguns com mais de cinco carros da marca na garagem de casa.
UP! SOBE O pequeno Up!, da Volkswagen, está finalmente crescendo em vendas. A montadora divulgou que em fevereiro ele ficou entre os oitos automóveis de passeio mais vendidos do país. Assim, com 5.509 unidades, o modelo ganhou duas posições no ranking em relação ao primeiro mês do ano. O Novo Fox é agora o modelo VW mais vendido da marca, com 7.377 unidades, e o segundo mais vendido no mercado nacional, atrás do Fiat Palio, com 9.205 unidades.
FUTURO INCERTO A nova geração do minivan (MPV) Touran (ainda não vendido no Brasil) foi um dos destaques da Volkswagen no Salão de Genebra. Ele ficou maior, mais leve, espaçoso e tem novo design. Com as alterações, passa a ficar ainda mais próximo ao Tiguan em termos de oferta de espaço, desempenho e dimensões, o que faz pensar a razão da existência dos dois modelos. O Tiguan está na categoria dos SUVs (utilitários esportivos), é mais “descolado”. A VW, questionada, não dá sinal de projeto de uma nova geração do Tiguan, lançado na Europa em 2011 e aqui em 2012. Os concorrentes do Touran são o Citroën C4 Picasso/Grand Picasso, Renault Scenic/Grand Scenic, Ford C-Max/Grand C-Max, Mercedes Classe B e agora o BMW Série 2 Gran Tourer. Para não desanimar quem quer mesmo o Tiguan, a VW anunciou investimento na fábrica do México voltado para a produção do Tiguan. Com isso, quando passar a ser importado do México, seu preço no Brasil deverá ser mais competitivo. MARÇO DE 2015
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VEÍCULOS | SALÃO DE GENEBRA
ASTON MARTIN A marca britânica mostrou o Vulcan, com potência de 800 hp, o melhor desempenho até hoje obtido em um motor aspirado de 7 litros, V-12 a gasolina. A Aston vai fabricar apenas 24 exemplares desse modelo, que tem motor central e tração traseira. Preço: 2,5 milhões de euros Fotos: Divulgação
Mostra megalomaníaca Supercarros com preços que atingem 2,5 milhões de euros e novidades no segmento dos SUVs foram os destaques do primeiro salão europeu de 2015 FÁBIO DOYLE
Supercarros com potência de até 800 hp, a preços que cabem apenas em bolsos bilionários, foram os destaques na 85º Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça, território neutro da
indústria automotiva, no início deste mês. Ao lado das máquinas superpotentes, os fabricantes mostraram também novidades no segmento dos SUVs (utilitários esportivos) e crossovers, os mais procurados em todos os mercados. Conheça algumas das principais novidades. z
BENTLEY
FERRARI
A Bentley apresentou o EXPO 10 Speed 6, o conceito de um carro esportivo de dois lugares que concorrerá com o Ferrari California T e o Aston Martin Vantage. Preço estimado: 190 mil euros.
O 488 GTB chega para ficar no lugar do 458 Itália, o líder de vendas da Ferrari. O 488 GTB tem motor de 3,9 litros, V8, biturbo, que gera potência de 660 hp, 99 a mais que o 458 Itália. O carro acelera de 0 a 100 km/h em três segundos e a velocidade máxima é de 330 km/h. Preço estimado: 230 mil euros.
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HONDA A marca japonesa está de volta ao segmento de subcompactos com o HR-V, vendido no Japão como Vezel e em breve no Brasil para enfrentar Ecosport, Duster, Tracker e Renegade. Ele parou de ser comercializado na Europa em 2006 e volta agora, quando as vendas desses modelos mostram crescimento. O HR-V é derivado do hatchback compacto Fit. Preço no Brasil: de R$ 69.900 a R$ 88.700.
FORD A Ford mostrou o Focus RS, uma versão de alto desempenho, tração integral do Focus europeu hatchback. O carro será o primeiro modelo RS a ser vendido na América do Norte, a partir do ano que vem. O RS traz motor de 2,3 litros turbo com potência de 315 hp. Preço: não divulgado.
BMW O Série 2 Gran Tourer é o segundo modelo BMW com tração dianteira e o segundo minivan da marca. O GT série 2 com sete lugares, voltado para famílias jovens, é maior em comprimento do que seu irmão série 2 Active Tourer, de cinco lugares. A novidade passa a ser vendida na Europa e China em junho. Há rumores de que o mercado brasileiro está nos planos. Preço: não divulgado.
AUDI A sensação da Audi ficou com a segunda geração do R8, agora ainda mais potente. A versão top do R8, com motor V10, passa a ter o título de carro mais potente e veloz entre os Audi produzidos em série até hoje. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos e atinge velocidade máxima de 330 km/h. Na versão elétrica, conseguiu dobrar a autonomia do R8 e-tron para mais do que 450 km, graças a novas células de bateria. Preço: 190 mil euros.
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VEÍCULOS | SALÃO DE GENEBRA
MERCEDES-BENZ A Mercedes-Benz mostrou o Maybach Pullman e o AMG GT3 race car. O primeiro é para quem exige luxo extremo e chauffeur. Na cabine há quatro poltronas e uma janela divisória que fica opaca ao apertar de um botão. O AMG GT3 traz o motor aspirado de 6,3 litros V8, usado anteriormente no SLS AMG GT3. Será o carro-madrinha homologado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e suas vendas começarão no fim do ano. Preço: não divulgado.
INFINITI O QX30 compacto crossover foi mostrado em Genebra em seu formato quase final. É com esse carro que a Infiniti entra no segmento de crossovers compactos. O QX30 concorrerá com o Audi Q3, Mercedes-Benz GLA e BMW X3. A Infiniti espera que o QX30 e seu irmão hatchback, o Q30, façam crescer suas vendas na Europa. A marca Infiniti (da Nissan), pouco conhecida no Brasil, dá seus primeiros passos no mercado local. Preço: não divulgado.
HYUNDAI A nova geração do Tucson (aqui no Brasil ix-35) ganhou design mais angular para fazer com que o modelo sobreviva no cada vez mais congestionado segmento de SUVs compactos. As vendas na Europa e Estados Unidos começam logo após o início da comercialização do SUV na Coreia, sua terra natal, no início de junho. Não há planos para o Brasil, por enquanto. Preço: não divulgado.
KIA O Sportspace tem conceito perua que deverá emprestar algumas soluções de design no próximo sedã Optima. A principal novidade foi, no entanto, o Cee’d GT, o primeiro modelo Kia a usar o motor Hyundai 1.0, três cilindros turbo. Esse carro introduzirá uma nova transmissão de dupla embreagem com sete marchas. Esse motor equipará também o Hyundai i20 a partir do final deste ano. Preço: não divulgado.
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VOLKSWAGEN Além da segunda geração do minivan Touran, a Volkswagen escolheu Genebra para o pré-lançamento do Sport Coupé GTE, que é, na verdade, um sedã quatro portas disfaçado, para fazer frente ao Mercedes-Benz CLS. O lançamento deverá ser em setembro, na edição 2015 do Salão do Automóvel de Frankfurt. Preço estimado: 52 mil euros.
PORSCHE A Porsche acrescenta a versão GT a seu Cayman Coupé. O Cayman GT4 tem potência de 385 hp, com motor 3.8 de seis cilindros também usado no Carrera S. Preço estimado: 75 mil euros.
LEXUS O conceito Lexus LF-SA é uma mostra de um provável futuro rival para o Mini Cooper, que mesmo após sua apresentação em Genebra, a Lexus, divisão Premium da Toyota, preferiu não revelar detalhes. Preço: não divulgado.
NISSAN A novidade da Nissan é o Sway (conceito) que, tudo indica, resultará no próximo subcompacto Micra. Preço: não divulgado.
LAMBORGHINI O destaque da Lamborghini em Genebra foi o Superveloce, uma superversão do Aventador, com potência superior a 720 hp. Preço estimado: 500 mil euros.
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VIDA DIGITAL | ALYSSON LISBOA alisboa@editoraencontro.com.br
SE MEU CARRO FALASSE... Alexandre Rezende
Da esquerda para a direita, Sadraque, Ruhan e Danilo: “O diagnóstico do automóvel chega ao celular em tempo real”
Com investimento intelectual de quatro alunos da UFMG, Danilo Batista, Sadraque Viana, David Pinto, todos engenheiros, e de Ruhan Bidart, formado em ciência da computação, chega ao mercado o Nexer. O time empreendedor desenvolveu um projeto para ajudar na manutenção dos automóveis. O produto já teve aporte do CNPq de R$ 150 mil. Aprovado na primeira etapa do edital Sesi/Senai de inovação, deve receber novo investimento na ordem de R$ 300 mil. A empresa foi campeã no Programa de Aceleração de Startups promovido pela Startup Farm, que já revelou 131 empreendimentos de sucesso, entre eles o Easy Taxi. O Nexer é capaz de extrair dos veículos diversas informações relacionadas à manutenção, como consumo, perfil de direção e diagnóstico de problemas. Para começar a usar, basta plugar o dispositivo na porta OBD-II, disponível em todos os modelos fabricados a partir de 2010, e baixar o aplicativo no celular. O usuário recebe na tela do smartphone, de maneira detalhada, dados sobre consumo, seu perfil de direção e o momento certo de fazer as manutenções. Em breve será possível inclusive receber uma ligação em caso de sinistro ou até chamar o serviço de emergência. Perguntado sobre o que o grupo quer com o Nexer, Ruhan foi direto: "Queremos construir um produto sensacional". O Nexer custa R$ 240 e já pode ser adquirido pelo site: www.nexer.com.br.
Royal Caribbean / Divulgação
ACEITA UM DRINQUE BIÔNICO? Você faz o pedido da bebida usando um tablet, o equipamento identifica pela pulseira eletrônica se você é maior de idade. Um robô então prepara o drinque escolhido e uma esteira rolante entrega a bebida. Ficção científica? Não. O evento, batizado de Bionic Bar, já está disponível no navio Quantum of the Seas, o luxuoso transatlântico da Royal Caribbean. As garrafas ficam penduradas no teto e um dosador orienta os robôs para liberar a bebida. A única participação humana no processo é na troca das garrafas vazias. Veja o vídeo dos robôs bartenders em nosso site: www.revistaencontro.com.br.
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Os robôs preparam a bebida e não erram na dose. Atração à parte, o sistema está disponível no navio de luxo Quantum of the Seas
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APPS
Teste seus conhecimentos
DIETA SAUDÁVEL NA PONTA DOS DEDOS Dieta saudável e uma ideia na cabeça. A triatleta Doris Gomes começou a postar no Instagram (@doris_gomes) suas receitas e rotinas de treino. Não deu outra. O sucesso lhe permitiu desenvolver o aplicativo de receitas Chef Fit. Hoje com mais de 48 mil downloads, o app mostra 150 pratos balanceados e livres de antinutrientes – substâncias que impedem o aproveitamento dos alimentos.
O usuário recebe, toda semana, um sinal de alerta sempre que uma nova receita é adicionada. Ao custo de 3,99 dólares, o aplicativo está disponível para iPhone e Android. A empresária, que também é administradora e advogada, deve lançar em abril uma nova versão do Chef Fit com diversas funcionalidades. Para conhecer mais sobre o aplicativo acesse: http:// www.appcheffit.com.br. Samuel Gê
Doris Gomes levou a experiência de uma alimentação saudável para o aplicativo mobile
BRAIN WARS Lúdico e divertido, o Brain Wars é um jogo para testar também o seus nervos. Você entra para ser desafiado por um oponente entre várias modalidades de jogos como: velocidade, memória, discernimento observação, cálculo e precisão.
QRANIO Lembra do Show do Milhão? Pois é, esqueça! O Qranio é bem melhor, mas usa quase a mesma lógica de perguntas e respostas que valem prêmios, além de propor duelos entre amigos.
SMARTPHONE INCORPORA O CARTÃO Em breve você poderá deixar a carteira em casa e pagar a conta diretamente do celular. Depois que o mundo conheceu o meio eletrônico de pagamento da Apple, batizado de Apple Pay, foi a vez de a Samsung apresentar seu novo sistema. A aposta da gigante coreana foi apresentada em Barcelona durante o lançamento do Galaxy S6 e S6 Edge no Mobile World Congress, neste mês. A diferença básica entre os dois sistemas é que, para utilizar o Samsung Pay, o comerciante não precisa trocar os leitores de cartão. O sistema é capaz de ler as informações extraídas diretamente do celular. Já no sistema de pagamento da Apple, é utilizada a conexão NFC, que obriga a instalação de uma nova máquina nos estabelecimentos comerciais.
PERGUNTADOS
Cláudio Cunha
É só girar a roleta e o jogo sorteia um tema para você responder. É possível desafiar os amigos também. O ponto negativo é que, se errar, suas vidas acabam e você precisa esperar um tempo ou comprar créditos.
Você conhece algum aplicativo legal? Envie sugestão para a gente.
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NEGÓCIOS | ÉTICA Cláudio Cunha
O mineiro Robson Rocha, vice-presidente de gestão de pessoas e desenvolvimento sustentável do BB: “Não queremos resultado a qualquer preço, mas sim dentro dos conceitos de ética”
Reconhecimento internacional No momento em que a Petrobras passa pela maior crise de credibilidade da sua história, Banco do Brasil tem a ética valorizada por instituto americano GEÓRGEA CHOUCAIR
Com 115 mil funcionários, o Banco do Brasil está no rol das empresas mais éticas do mundo. A avaliação é do instituto norte-americano Ethisphere, referência mundial em programa de reconhecimento à credibilidade das empresas. A listagem – que não é um ranking – reuniu 132 empresas, representando 21 países. Só duas empresas do Brasil constaram da lista: o BB (o único banco da América Latina) e a Natura. 76 |Encontro
O reconhecimento, feito pelo segundo ano consecutivo, acontece em pleno período de questionamento da credibilidade de empresas oficiais brasileiras, em consequência de denúncias de desvios de recursos públicos envolvendo a Petrobras. “Em momento de crise ética no país e com discussões sobre o tema vindo à tona, o reconhecimento é muito importante”, afirma o mineiro Robson Rocha, vice-presidente de gestão de pessoas e desenvolvimento sustentável do BB. O banco possui 5 mil agências no
território nacional e está presente em 25 países. “Temos funcionários espalhados por todo o Brasil. Buscamos desenvolver o espírito de cidadania entre eles”, diz Rocha. “A questão ética é uma cultura dentro do banco, em todas as atividades.” Para medir o desempenho das companhias, o instituto Ethispere aplica um questionário com quase 200 perguntas de múltipla escolha. As questões são divididas em cinco quesitos: ética e programas de compliance (responsáveis por gerir o relacionamento com o poder público e fornecedores, a fim de garantir a transparência nos contratos), responsabilidade e cidadania corporativa, cultura da ética, governança e liderança, inovação e reputação. As informações fornecidas pelas empresas são checadas e quantificadas. Para entrarem para a seleção, as organizações precisam se inscrever. O BB está em boa companhia. Na lista da Ethisphere deste ano, estão também Google, Microsoft, Visa, PepsiCo, L’Oréal, GE, 3M, Intel Corporation, Australia Bank, U.S Bank, entre outras empresas. No item cidadania e responsabilidade corporativa, o BB alcançou nota 73,2, enquanto a média das empresas listadas foi de 71,1. “Temos o programa Água Brasil, que trata dos recursos hídricos. Investimos ainda fortemente no voluntariado”, diz Rocha. Já no quesito liderança e inovação, o BB alcançou 77,8, enquanto a média foi de 76,9. A tecnologia tem sido aliada do banco na hora de identificar transgressões. “O sistema nos dá sinais de alerta para identificar possíveis desvios nos processos internos. Temos, ainda, instrumentos como ouvidoria interna, externa e auditoria”, diz Robson Rocha. “Não queremos resultado a qualquer preço, mas sim dentro dos conceitos éticos.” Na avaliação dele, é esse conceito que dá suporte ao tripé econômico social e ambiental da empresa, e a sustentabilidade passa pelo relacionamento com os funcionários. “Nos treinamentos, trabalhamos muito a questão da ética”, afirma. “Mas o maior exemplo acontece mesmo no dia a dia.” ❚
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Caixa de Assistência dos Advogados apresenta novidades para a advocacia mineira
Planos de telefonia móvel exclusivos para o advogado O novo serviço, chamado OAB VOX, oferece planos de telefonia móvel exclusivos para o advogado e sua família, com atendimento feito por equipe interna e os melhores preços do mercado. Os planos OAB VOX podem ser contratados por pessoas físicas ou jurídicas. Os advogados que possuírem o
mesmo código de área poderão falar de graça entre si. O associado fala ilimitado com sua rede. O sistema ainda conta com Internet 4G de altíssima velocidade e pacote de minutos para falar de graça com clientes de outras operadoras. Acesse o site - www.caamg.com.br - e saiba como adquirir o OAB VOX.
COMvida promete novidades para 2015 O COMvida, grupo de convivência para a terceira idade promovido pela CAA/MG, retoma suas atividades em março com muitas novidades. Uma delas é o projeto City Tour BH, no qual os participantes irão conhecer a história de Belo Horizonte por meio de passeios interativos pelos bairros da
capital. O projeto é gratuito e voltado para advogados e seus dependentes com 60 anos ou mais. Para participar ligue (31) 2125-6316 ou envie um e-mail para s.social@caamg.com.br. Se você está na melhor idade, venha integrar o grupo COMvida ou indique um amigo!
CAA/MG convida advogados para ação social Com o objetivo de reduzir os casos de acidentes de trânsito, a CAA promove a campanha“O tempo não volta”. Em um site interativo, depoimentos emocionantes são relatados pelas próprias vítimas com o intuito de alertar a sociedade sobre os perigos e consequências da falta de responsabilidade ao dirigir. Se você também foi vítima, mande a sua
mensagem pela paz no trânsito. Você pode enviar um vídeo ou texto por meio do site: www.otemponaovolta.com.br. O material será publicado na página. Além da divulgação das mensagens, durante todo o ano, serão realizadas blitz educativas e distribuição de material informativo em diferentes pontos do estado.
Inscrições para Conferência Estadual estão abertas A seccional mineira da OAB realiza de 9 a 11 de abril, em Montes Claros, o maior evento da instituição no estado, a Conferência Estadual. O tema da XV edição é Sociedade e Advocacia. Samuel Rosa e Lô Borges fazem o show de boas-vindas em 9 de abril. Nos dias 10 e 11, serão realizados painéis sobre Direito Penal, Corporativo, Administrativo, Tributário, Trabalhista e Ambiental. Temas de interesse coletivo,
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como a crise hídrica, serão discutidos nos debates. Os presidentes da OAB Nacional, Marcus Vinicius Furtado Coelho, e da OAB/MG, Luís Cláudio Chaves, são presenças confirmadas na solenidade de abertura. O governador do estado, Fernando Pimentel, e o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, também são nomes certos. Vagas limitadas. Programação e inscrições em: www.oabmg.org.br
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ENCONTRO INDICA | JOÃO POMBO BARILE Divulgação
Bob Wolfenson/divulgação
MÚSICA | SHOW II
MÚSICA | SHOW I A Banda do Mar se apresenta em BH nos dias 20 e 21 de março, no Music Hall (av. do Contorno, 3.239, Santa Efigênia). Formado por Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e o baterista português Fred Ferreira, o trio apresenta o repertório de seu primeiro CD, além de alguns sucessos da carreira solo Andrea Joynt/divulgação
dos integrantes. Os ingressos custam a partir de R$ 50 e podem ser comprados no site www.ingressorapido.com.br. Por que ir: Banda formada por três talentosos músicos, as duas primeiras músicas lançadas – Hey Nana e Mais Ninguém – alcançou o topo do iTunes em apenas uma semana.
A eterna Ângela Ro Ro é atração do Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2.244, Lourdes), dia 21 de março, às 21h. No show Grandes Sucessos, a cantora e compositora faz releituras para canções de diferentes épocas da sua carreira. Os ingressos custam a partir de R$ 60. Quem também se apresenta em BH é o cantor e compositor Almir Sater. Com mais de 30 anos de carreira, Almir, um dos melhores violeiros na história da música brasileira, vai se apresentar dia 10 de abril, às 21h, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro), quando interpreta sucessos como Trem do Pantanal, Um Violeiro Toca, Tocando em Frente e Chalana. Ingressos a R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia). Por que ir: Ro Ro está em ótima fase e promete tocar sucessos como Amor Meu Grande Amor, Simples Carinho, Tola Foi Você e Só nos Resta Viver. E sempre vale a pena ouvir a sofisticada viola de Almir Sater.
MÚSICA | CONCERTO Assistir à Orquestra Filarmônica em sua casa nova, a Sala Minas Gerais (rua Gonçalves Dias, 3.333, Barro Preto), é outro excelente programa para o ano inteiro, com a presença de solistas estrangeiros convidados, como a pianista russa Natasha Paremski. Comandada pelo regente titular Fabio Mechetti desde seu primeiro concerto em fevereiro de 2008, a orquestra oferece um repertório sinfônico amplo e diversificado. Nos concertos de 26 e 27 de março, peças de Kodály, Dorman e Sibeluis. Informações sobre a programação de 2015 e ingressos no site www.filarmonica.art.br. Por que ir: Ouvir a Filarmônica em sua sala de concertos, com 1.477 lugares e muito conforto, além de acústica perfeita, é experiência única.
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Aurea Exhibitions/Divulgação
ARTES PLÁSTICAS | EXPOSIÇÃO Que tal conhecer um pouco mais da obra do grande artista do Renascimento Leonardo da Vinci? É essa a proposta da mostra Da Vinci – A Exibição, que acontece no Itaú Power Shopping (Contagem). Sucesso em várias cidades, como Las Vegas, Johanesburgo, Bogotá, Santiago, a exposição chegou ao Brasil em 2015. Parte do estacionamento do shopping foi preparada para receber uma estrutura de museu para abrigar as 64 peças que compõem a mostra, entre obras diversas desse cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. A mostra pode ser visitada até 15 de abril, com ingressos a partir de R$ 10. Por que ir: Bom para tomar contato com a arte de um dos maiores gênios de todos os tempos.
Ana Valadares/divulgação
LITERATURA | LIVRO A obra do mineiro Wander Piroli (1931-2006) está de volta às livrarias. Publicados pela editora CosacNaify, quatro livros do escritor belo-horizontino já podem ser encontrados nas prateleiras: O Menino e o Pinto do Menino, Os Rios Morrem de Sede, Três Menos um é Igual a Sete e O Matador. Por que ler: Sempre vale a pena ler ou reler a obra de um dos mais refinados contistas brasileiros dos últimos 50 anos.
ARTES PLÁSTICAS | FOTOGRAFIA Um pouco do trabalho da fotógrafa Ana Valadares pode ser visto na exposição Uma Vida iluminada, que acontece no Memorial Minas Gerais Vale (praça da Liberdade, s/n) até 3 de maio. Na exposição, que conta com 120 fotografias projetadas em vídeo e 18 impressas, retratos de personalidades como Adélia Prado, Elke Maravilha, Camilo Paoliello, entre outras, além de fotografias de natureza e ensaios de moda para grifes mineiras, como a Artimanha. Por que ir: Com trajetória iniciada ainda nos anos 1970, vale a pena conhecer o talento dessa belo-horizontina que foi uma das precursoras da fotografia profissional de moda na cidade.
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CULTURA | ARTES PLÁSTICAS Fotos: Cláudio Cunha
Com obras que ganharam exposições também na Alemanha e Itália, a artista autodidata Lêda Gontijo marcou a arte mineira: “Não me prendo à técnica, faço o que me der na cabeça”
A aluna de Guignard Prestes a completar 100 anos, a artista plástica Lêda Gontijo prepara exposição de esculturas para comemorar a data. Dá exemplo de disposição e de vida
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AMANDA ALEIXO
Entre passos lentos e cautelosos, a senhora de cabelos brancos e olhar atento abre as portas de seu ateliê, dando início a mais um dia de trabalho. Lá, a mesa grande – com ferramentas artesanais – e o banquinho de madeira parecem ser o lugar perfeito para suas produções, que trazem peças em madeira, cerâmica e barro. Aos 99 anos, a artista plástica Lêda Selmi Dei Gontijo é uma das poucas alunas de Guignard que continua na ativa. Dona de um talento versátil, herdado da mãe, Lêda é daquelas artistas que não se prendem a uma escola e tampouco a técnicas. Em
70 anos de carreira, ela já fez de tudo: de telas a esculturas. O reconhecido trabalho, que passou por galerias na Alemanha e Itália, agora retorna a Belo Horizonte para uma exposição comemorativa do centenário da artista. “Essa empreitada tem sido muito especial. Ainda estou finalizando algumas peças que serão expostas”, conta empolgada. Sob a curadoria de Paulo Rossi, a mostra vai trazer mais de 100 peças produzidas por Lêda em várias épocas de sua vida. Tamanha dedicação deixa os familiares orgulhosos. O cartunista Ziraldo, sobrinho da artista, acredita que Lêda representa o que há de mais sério
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no panorama da arte mineira. “Ela é uma artista mesmo e, antes de tudo, alguém que não consegue viver sem criar. Isso explica o fato de dona Lêda atravessar os anos como se, a cada dia, sua vida de artista estivesse começando e se reinventando. Esse vigor nos ajuda a acreditar na vida e a seguir seu rastro”, afirma. Entre o monte de argila, serrinhas e fornos, Lêda parece estar verdadeiramente à vontade. O ateliê, onde passa a maior parte do tempo, também é onde recebe algumas alunas para as aulas de cerâmica. O gosto pelo ensino foi obra do acaso. Após dois anos na Escola Guignard, Lêda resolveu se despedir do mestre – que se tornou um grande amigo – e seguir a carreira de maneira independente. “Como não tinha professor de escultura e cerâmica, eu decidi sair da escola e aprender sozinha. Com isso, fui a primeira professora de cerâmica de Belo Horizonte”, conta. O exercício autodidata permitiu que a artista fosse além do óbvio e criasse com madeira, pedra-sabão e argila. “Não me prendo à técnica, faço o que me der na cabeça. Se precisar de um instrumento mais delicado para trabalhar, eu mesma passo a ferramenta no esmeril e a formo da maneira que preciso.” A inquietude de Lêda somada ao talento não permitiu que a arte ficasse presa em galerias. Quando estava prestes a completar 80 anos, deu início à reforma da capela de Lagoa Santa, que hoje é pratimônio cultural da cidade. Contra a demolição da pequena igreja, ela bateu de porta à porta pedindo donativos para comprar o material de construção. “Ao prefeito, só pedi um pedreiro e um ajudante. Depois de 11 meses, entreguei a capela”, conta. O recebimento da Medalha Machado de Assis, concedida pela Academia Brasileira de Letras, pelas obras São Tomás de Aquino e São Agostinho,
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também se destacam entre os feitos da artista, que tem obras espalhadas em praças públicas, no acervo do Museu de Arte da Pampulha e até mesmo no Centro Cultural da UFMG. Como se não bastasse a contribuição cultural, Lêda também é inquieta em ajudar. Além de presidir o voluntariado da Santa Casa de Lagoa Santa, durante 10 anos, ela reúne as mulheres da cidade em chás beneficentes. “Não sou beata, mas não abro mão da solidariedade. Minha religião é ajudar as pessoas”, diz. Vida longa a Lêda Gontijo! Ela sabe aproveitar os dias como ninguém. ❚
Esculturas em pedrasabão, barro e madeira: a obra fará parte da mostra do centenário da artista
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CULTURA | PERFIL
O pioneiro da moda Considerado o primeiro estilista brasileiro, o mineiro Alceu Penna ditou os modelitos das brasileiras por mais de 30 anos. As "Garotas do Alceu", que estampavam páginas de grandes revistas, são relembradas agora, em seu centenário
Fotos: Arquivo Estado de Minas
GEÓRGEA CHOUCAIR
Na linguagem atual, elas seriam chamadas de it girls, por ditarem a moda e servirem de inspiração para milhares de mulheres. Entre 1938 e 1964, eram chamadas de “Garotas do Alceu” e se tornaram razão de alvoroço do público feminino. Do mesmo jeito que as mulheres de hoje fazem questão de copiar as roupas, acessórios, penteados, comportamento e gestos das it girls, no passado, essa modelos ditavam moda. Na realidade, tratava-se de desenhos que saíam da cabeça fervilhante e mãos ágeis de Alceu Penna (1915-1980), um mineiro que deixou Curvelo para fazer fama no Rio de Janeiro, então capital federal, e até no exterior. Seus desenhos de belas mulheres com modelos coloridos e de vanguarda eram publicados semanalmente nas páginas da revista O Cruzeiro, dos Diários Associados. Em uma época em que não havia lojas de roupas prontas, era Alceu quem ditava os modelitos da mulherada. “Não existia televisão. As mulheres 82 |Encontro
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O estilista Alceu Penna saiu de Curvelo e ganhou fama no Rio: desenhos que inspiravam as mulheres
acompanhavam a moda em cinema e revista”, diz Gabriela Ordones Penna, estudiosa da obra do tio-avô há 10 anos. As outras revistas costumavam usar fotos de agências internacionais para divulgar a moda da época. “Era difícil a mulher brasileira se identificar”, diz Gabriela. “Os desenhos de Alceu vieram para privilegiar a cultura e costumes brasileiros, com olhar no exterior.” Alceu Penna começou a desenhar
ainda criança, inclusive com giz de alfaiate, na pacata Curvelo. Mas a sua história ganha destaque mesmo ao se mudar para o Rio de Janeiro, aos 17 anos, onde foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes e fez carreira em produções gráficas diversas. Desenhou para O Jornal, O Globo Juvenil, A Cigarra e foi um dos pioneiros na produção de quadrinhos. Mas foi com a coluna “Garotas do Alceu” que se consagrou
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Fotos: Acervo Estado de Minas
Álbum de família
Os calendários distribuídos pela empresa Moinho Santista exibiam as jovens com modelitos mais ousados
Maria Carmen, irmã de Alceu Penna: vestido de noiva assinado pelo irmão famoso
no Brasil inteiro. Elas eram saudadas na imprensa da época como se fossem modelos reais, garotas que tinham “Yumpf”, ou seja, “it”. Gabriela conta que as “Garotas do Alceu” foram encomendadas por Accioly Netto, editor-chefe d’O Cruzeiro, que pediu ao desenhista para criar as Gibson Girls (mulheres provocantes pintadas pelo artista norte-americano Charles Dana Gibson em 1887) brasileiras. “Assim nasceram as garotas”, diz. Elas tinham olhos maiores, boca mais carnuda e feições trabalhadas. “Alceu reinventou as pin-ups brasileiras”, diz o estilista mineiro Ronaldo Fraga. As modelos criadas por ele traziam um toque sensual e, ao mesmo tempo, uma dose de recato, pois eram publicadas em revista de circulação nacional voltada para a família. Mas as belas jovens apareciam com trajes mais 84 |Encontro
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ousados nos calendários distribuídos pela empresa Moinho Santista. A partir daí, Alceu Penna se transformou também em estilista e assinou figurinos de famosas montagens do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. Nessa época, ficou amigo de Carmem Miranda, tornando-se uma espécie de consultor informal da estrela. Na década de 1960, criou modelos para os famosos desfiles da Companhia Rhodia, que lançavam tendências. Alegre em família, munido de ironia fina, Penna gostava de contar piadas. Tinha 11 irmãos, nunca se casou e não deixou herdeiros. A maior parte do seu acervo, que reúne croquis, fotografias, desenhos, calendários e correspondências, é mantida por parentes, principalmente sobrinhos, já que não há mais irmão vivo. Em compensação, a lista de sobrinhos é extensa.
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Fotos: Acervo Estado de Minas
As Garotas do Alceu nos desenhos publicados semanalmente na revista O Cruzeiro, do Diários Associados
“Tenho de fazer as contas com calma. Só na minha casa são oito”, diz a sobrinha mais velha, a aposentada Cyra Maria Andrade von Sperling. Quando ela estudou em Petrópolis, em colégio interno, Alceu Penna era seu tutor. “Ele era muito dedicado aos sobrinhos e sempre levava presentes a todos quando voltava de viagem”, diz. O artista viajava muito e costumava passar seu aniversário (1º de janeiro) em Nova York. Paris também estava entre as preferências de destino. Para comemorar o centenário de nascimento, parentes de Alceu Penna têm se empenhado na montagem de uma série de homenagens, que vão desde livros e exposições até rótulos de cachaça. Foram criados o site www. alceupenna.com.br e uma página no Facebook. O estilista mineiro Victor Dzenk vai fazer homenagem ao artis-
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ta no lançamento de sua coleção de Verão 2016, em abril. A coleção O Meu Jardim Secreto vai trazer camisetas com grafismo, saias rodadas e uma linha de roupa de praia. “Vamos fazer uma releitura de estampas criadas por Alceu”, diz Dzenk. É difícil acreditar, mas o artista da moda mais colorida do país no passado era daltônico. “A irmã Therezinha, com quem morou até a morte, ajudava e escrevia o nome da cor em cada lápis”, diz Natércio Pereira, cunhado e vizinho de Alceu no Flamengo (Rio), durante 13 anos. Ele conta que o artista desenhou também vestidos de noiva, inclusive das irmãs e de algumas sobrinhas. “Da minha mulher mesmo, a Maria Carmen, foi ele quem desenhou”, diz orgulhoso. “Sou suspeito, mas acho que é o vestido de noiva mais bonito que ele fez”, diz. ❚
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NAS TELAS | JOSÉ JOÃO RIBEIRO jribeiro@editoraencontro.com.br
O sofisticado veterano O calejado diretor Clint Eastwood não cai em arapucas. Ao mesmo tempo que imprime um padrão clássico e linear em todos os seus filmes, vasculha e adiciona novos desafios, fugindo de rótulos e preconceitos, e, com isso, restabelece, quase sempre, um agradável novo olhar. Seu último trabalho, Sniper Americano (American Sniper), de longe o mais lucrativo dos oito concorrentes a melhor filme no Oscar 2015, confirma a coragem de Clint em assumi-lo (Steven Spielberg abandonou o projeto) e nas diversas tomadas, sua oposição aos conflitos armados, comprados por seu país com desfechos equivocados, além das suas irreversíveis sequelas. O personagem Chris Kyle, coautor do livro que serve de base para o roteiro, é trabalhado pelo diretor para exibir sua excelência no campo de batalha e seu desconforto quando retorna a sua rotina familiar na Norte-América. Se Clint escolhesse somente o contexto patriótico e tivesse aplaudido a formação de seu protagonista, desde a infância, o filme, seguramente, seria um desastre a ser descartado. Porém, o genial homem de cinema não aceita a fórmula fácil da patriotada, tampouco o lema simplório repetido por Kyle (Deus, Pátria e Família). Conhecido como “o atirador mais letal dos Estados Unidos”, membro da Marinha norte-americana, Chris Kyle é interpretado com força por um impressionante Bradley Cooper, que mereceu disputar entre os cinco indicados para melhor ator, nos selecionados pela Academia neste ano. De início, Cooper incorpora o jeitão caipira do cidadão limitado do estado do Texas, que tem como dom uma mira precisa e infalível. Aos poucos, depois do casamento e do impacto causado pelos atentados de 11 de setembro, o magnífico ator intui e transmite as mudanças na alma da futura “lenda” das Forças Armadas. 86 |Encontro
A cena de Chris Kyle com seu filho pequeno quando é abordado por um marine (o arrebatador Jonathan Groff) em uma oficina mecânica, entre um dos intervalos nos tours da Guerra do Iraque, demonstra que Cooper soube ir além, entre atitudes deslocadas e frágeis do guerreiro, com a nítida outra face do protagonista e a inescapável consequência das marcas terríveis colhidas em combate. Mas tão somente o tormento e a dubiedade do herói de guerra que aponta sua mortífera arma, tantas vezes, para mulheres e crianças não é o suficiente para Clint Eastwood. Através dos parceiros de Chris Kyle, tanto no Afeganistão quanto no Iraque, o diretor expressa o despropósito e o absurdo da guerra, que teve alto custo para seu país e para o Ocidente como um todo. Daí, percebemos a preciosa sofisticação da Marca Eastwood, que sempre se recicla e insere uma corrosiva crítica em seus projetos. Apenas um público mais reacionário ou pouco instruído não alcançaria os propósitos elegantes e certeiros do mestre. O esforço do elenco e o roteiro nada conformista ajudam Sniper Americano a ser um ótimo longa-metragem. O segundo acerto do diretor em 2014, na sequência da obra-prima Jersey Boys, adaptação do musical da Broadway. Além da inspirada presença de Bradley Cooper, cada dia melhor, impossível não destacar a luminosidade e o carisma de Sienna Miller, no difícil papel de Taya, a esposa de Kyle. Nos minutos finais, numa aula de Eastwood, a atriz, em pequenos gestos, percebe a tragédia que está por vir e parece querer verbalizar que o verdadeiro perigo não está no Oriente Médio, mas, sim, na acolhedora pátria, que ao mesmo tempo dá corda para paranoicos conservadores. ❚
Bradley Cooper interpreta Chris Kyle em Sniper Americano: perfomance mereceu a indicação para disputar o Oscar de melhor ator
American Sniper/ Divulgação
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CAPA | COMPORTAMENTO Fotos: Cláudio Cunha
Casórios em
alta
Ritual para marcar Gregório Rossi
Roberta Assumpção
Roberta e Gregório ficaram noivos num fim de ano, na casa dos pais dela, em Miami, que fica em frente ao mar. Ela esperava um pedido para o Natal, mas teve de aguardar até o dia 27. Chovia quando ele a chamou para ir até a varanda e apontou na direção da praia. “Lá estava escrito com velas a frase ‘Casa comigo’, só que a chuva atrapalhou”, conta Roberta. Em seguida, ele se ajoelhou e a pediu em noivado. Desde que se conheceram, a ideia de casar bateu forte: “Nós nos encontramos na hora certa”, diz ela.
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As estatísticas mostram que o número casamentos em Minas é maior que a média nacional. A forte ligação com a família e valores relacionados à religião justificam a tradição casamenteira dos mineiros. Conheça algumas histórias
Pétalas e choro
ZULMIRA FURBINO
Quando a relações públicas Luiza Guimarães Paes Vasconcellos, de 28 anos, conheceu o empresário Eduardo Campos Vasconcellos, de 33, na casa de amigos, foi amor à primeira vista. Naquela noite, conversaram sobre tudo: trabalho, família, ideais. Só conversaram. Ao chegar em casa, Luiza estava feliz. Não teve dúvida em dizer à irmã: “Conheci hoje o homem com quem vou me casar”. Como trabalhavam no mesmo prédio, os dois se cruzaram muitas vezes depois do primeiro encontro, mas nada! Até que num sábado ensolarado, enquanto praticava corrida na Praça da Liberdade, o celular de Luiza tocou. Coração acelerado! Era Eduardo. A partir daí, os dois começaram a construir uma bela história de amor e a decisão de chegar ao altar foi algo natural. A cerimônia foi realizada em outubro do ano passado. E a festa, em um hotel à beira-mar, em Búzios, durou exatos três dias – uma longa comemoração, proporcional à felicidade dos noivos. “A ideia era fazer algo que marcasse o fim de semana, e não somente uma festa. Queríamos uma ‘experiência’ casamento. E foi o que conseguimos”, diz Luiza. Como é comum entre mulheres e homens solteiros dispostos a serem
Eduardo Campos Vasconcellos
Luiza Guimarães Paes Vasconcellos
Luiza e Eduardo ficaram noivos em Lavras Novas, em uma viagem a dois. Ela quase “morreu” de expectativa, pois o pedido só veio no fim da noite. “Ele preparou uma surpresa. Havia decorado o quarto com rosas vermelhas, pétalas espalhadas pelo chão, velas e muitos rolinhos de papel, identificados com números”, conta. Cada rolinho era a cópia fiel de cartões que ele tinha dado a ela durante o namoro. “Nem consegui ler todos porque chorei muito. O pedido veio no final”, diz Luiza. “Acho que nasci querendo casar.”
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CAPA | COMPORTAMENTO fisgados pela flecha do cupido, a empresária Roberta Assumpção, de 31 anos, costumava pedir a sua melhor amiga que lhe apresentasse a amigos do marido. Mas isso nunca acontecia. Até que um dia, por intermédio do casal, conheceu o publicitário Gregório Rossi, de 32 anos. Como o amor é caprichoso, tudo se resumiria a uma boa conversa se, dois meses depois, Gregório não tivesse tomado a iniciativa e convidado Roberta para ir a um show. A “historinha” dos dois, como ela mesma diz, começou para valer nesse momento e 20 dias depois virou namoro sério. Prosseguiu com um pedido de noivado, em grande estilo, em Miami. O casamento, em setembro de 2014, foi em uma cerimônia dos sonhos na igrejinha da Pampulha – palco da união dos pais da noiva e do batizado dela. “Na saída da igrejinha, fomos brindados com uma chuva de fogos de artifício. Na festa, a todo momento havia uma surpresa”, conta Roberta. Como a vida imita a arte, a verdade é que desde que a belíssima Cinderela desceu a escadaria do palácio calçando um sapatinho de cristal e trajando um luxuoso vestido, por obra do escritor Charles Perrault há mais de 400 anos, o imaginário ocidental sobre o amor e o casamento nunca mais foi o mesmo. Mas nem Perrault, nem ninguém poderia imaginar que, com um empurrãozinho da Disney, o sonho do amor com final feliz seria tão longevo e cada vez mais comum, pelo menos em Minas Gerais. Segundo pesquisa de Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto no Brasil o número de matrimônios vem caindo, entre as montanhas mineiras a realidade é outra. Em 2013, último dado disponível, o total de casamentos em Minas saiu de 6,8 milhões, em 2012, para 7 milhões. Na capital e região metropolitana, o avanço foi de 17% no período. Enquanto isso, no Brasil os enlaces oficiais caíram de 61,1 milhões para 60,3 milhões. Os dados de 2014 saem no fim de 2015, mas não será surpresa se apontar no mesmo sentido. Luciene Longo, analista do IBGE em Minas, explica que, em comparação a outros estados, Minas apresenta alguns indicadores 92 |Encontro
Pedido de joelhos Rafaela Kayser
Fernando de Almeida Jr.
Foi no réveillon de 2013, numa festa em Miami, que Fernando pediu a mão de Rafaela. Bem na hora da contagem regressiva, com os fogos já iluminando o céu, ele fez o pedido, diante de toda a família, e deu a Rafaela um anel de brilhante. “Eu me ajoelhei e fiz o pedido formal”, conta Fernando. “Sempre quis ter filhos, ter a minha família, porque, até pelas minhas origens árabes, considero isso muito importante.”
mais tradicionais do que o restante do país. “O número de casamentos no estado é o maior da região Sudeste”, diz. Esse movimento, considera, está relacionado com a cultura, a moral e a religião, valores muito fortes no estado. “Mantemos a tradição de uma
população católica mais numerosa e representativa do que em outros estados”, explica a analista do IBGE. E, quando falamos em tradição, isso não se restringe à troca de alianças no altar. Por aqui, antes de chegar na hora do sim, todo um ritual é cum-
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CAPA | COMPORTAMENTO prido: o cruzar de olhares, a paquera, o pedido de namoro – sim, tem que haver pedido –, o noivado para oficializar o compromisso e, finalmente, a cerimônia, de preferência seguida de comemoração em grande estilo. E o início nem sempre é tão fácil. Que o diga o advogado Gustavo Eugênio Maciel Rocha, de 44 anos, que teve um trabalho e tanto para conquistar sua amada, a arquiteta Priscila Martins Costa Rocha, de 33 anos. O tempo de paquera, que começou na antiga academia Fórmula, na Savassi, foi longo. O interesse surgiu primeiro da parte dele. Tanto que Gustavo, sem sequer saber o nome daquela mulher que lhe despertava a atenção, deu a ela o apelido de “musa anônima”. “Eu a achava linda, a mais bonita da academia”, conta. Até que, um dia, ele resolveu ir a uma aula de ioga e, com dificuldade em fazer os movimentos invertidos, abriu o olho e deu de cara com uma moça de cabeça para baixo. “Achei-a maravilhosa, mesmo daquele modo”, diz. Somente ao sair da aula se deu conta de que a musa anônima e a tal moça da aula de ioga eram a mesma pessoa. “Ali eu disse que, definitivamente, essa era a mulher da minha vida!”, conta Gustavo. O casamento veio quatro anos depois, em 2012, numa vila medieval chamada Borgo San Felice, na Toscana, Itália, com a presença de 140 convidados. “Quando resolvemos nos casar, olhamos várias possibilidades. Queríamos um casamento personalizado, num local com atmosfera intimista, que tivesse mais jeito de celebração que de evento”, diz Priscila. A opção foi celebrar o enlace na Toscana, já que a noiva tinha cidadania italiana. “Fizemos uma viagem para lá, rodamos a região e encontramos um lugar que era exatamente o que sonhávamos”, diz. A surpresa, segundo os noivos, foi o número de convidados que se dispuseram a cruzar o Atlântico para participar da cerimônia. “A energia e o amor que impregnaram todo o fim de semana foram surpreendentes. Estivemos cercados das pessoas mais importantes para nós”, diz Gustavo. O casamento com toda pompa, para ficar marcado entre amigos e 94 |Encontro
Surpresa após o jantar
Marina Rodrigues e Silva
Rodrigo Valle Pereira Guerra
O pedido de casamento veio em setembro do ano passado. Marina e Rodrigo foram passar um fim de semana, que se tornou inesquecível, em Lavras Novas. Os dois saíram para jantar e, ao voltar para o quarto, ela encontrou uma caixinha em cima da cama. Dentro, estava o anel de noivado. “Foi emocionante. Comecei a chorar”, diz Marina. “Quando conheci o Rodrigo tive a certeza de que ele é o homem da minha vida.”
familiares, também é uma tendência por aqui. Na visão do psicólogo e mestre em educação, cultura e sociedade Douglas Amorim, a tradição casamenteira em Minas tem uma ligação direta com a cultura religiosa no estado. “O casamento é um importante sím-
bolo de uma sociedade tradicional. Em outros estados brasileiros, o apego ao conservadorismo e à formalidade é muito menor”, explica. Já as mineiras fazem questão de colocar tudo no papel. E o ritual da relação precisa cumprir todas as etapas. “Ela espera mes-
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CAPA | COMPORTAMENTO
Decorado para o sim
Gustavo Eugênio Maciel Rocha
Priscila Martins Costa Rocha
No dia em que completaram dois anos de namoro, Gustavo chamou Priscila para jantar, mas se atrasou por duas horas. Embora ela quase tenha desistido de sair, acabou cedendo. Após o jantar, foram até o apartamento dele e, antes de entrar, Priscila brincou: “Seu atraso só estaria justificado se eu abrir a porta e encontrar muitas flores e velas.” Ele perguntou: “Assim?”. O apartamento estava todo decorado para o pedido. Eles estão casados há dois anos.
mo ser pedida em namoro e, depois, em noivado. É um protocolo que precisa ser seguido. Em meu consultório, tive uma paciente que estava ‘ficando’ há oito meses e não considerava que era namoro, já que não havia sido pedida. Sem isso, elas se sentem desvalorizadas”, diz Douglas. Com Luiza Guimarães e Eduardo Vasconcelos as etapas foram bem cumpridas. Antes de percorrer o caminho até a cerimônia em Búzios, citada no ínicio da matéria, ela foi pedida em namoro duas vezes. “Na primeira, hesitei”, lembra Luiza. Na época do pe96 |Encontro
dido de noivado, Eduardo caprichou para que não houvesse qualquer dúvida. Ele chegou a “raptá-la” para um fim de semana a dois. “Estávamos numa bateria surreal de casamentos, dentro e fora do Brasil. Não havia fim de semana livre. Foi aí que o Eduardo me propôs um fim de semana para namorar, para curtir, só nós dois. Fomos para Lavras Novas, eu não tinha certeza de nada, mas no fundo comecei a criar expectativa de que ele pediria a minha mão”, lembra Luiza. E assim aconteceu. Não foi diferente com a empresária
Rafaela Kayser, de 26 anos, que se casou no fim do ano passado com o também empresário José Fernando de Almeida Jr., de 32 anos. “Conheci o Nando há muito tempo por causa de uma parceria de negócios entre as duas famílias. Sempre o achei todo bonito, mas pensava que era coisa de adolescente”, conta Rafaela. Por obra do destino, o encontro que culminaria no grande passo demorou alguns anos. “O tempo passou e nos vimos, por acaso, mas ele estava com a namorada. Dois dias depois nos encontramos de novo e aí ele estava sozinho. Na semana seguinte nos vimos mais uma vez. Ele tinha terminado o namoro”, lembra Rafaela. “Quando, finalmente, saímos, ela estava desconfiada. Conversamos muito, mas apenas trocamos telefones. Somente da segunda vez veio o primeiro beijinho roubado”, conta Fernando. O pedido oficial de namoro veio quando estava em viagem, em Morro de São Paulo, na Bahia. “Eu fazia questão desse pedido para assumir que estava namorando”, diz Rafa-
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CAPA | COMPORTAMENTO ela. Foram três anos de namoro até o noivado, a cerimônia de casamento e a festa dos sonhos, que durou mesmo depois de o sol nascer, com a luz da aurora se refletindo nos 60 globos de vidro que iluminaram o salão. Magia de contos de fada para celebrar a intensidade da relação, como gostam os mineiros. Foi na bucólica vila de Trancoso, no Sul da Bahia – onde a fila para uma vaga na concorrida igrejinha do Quadrado pode durar mais de um ano –, e com o sol incidindo na entrada da capela depois de dias de chuva que o empresário Felipe Tiradentes e a administradora de empresas Lais Meneghello deram o grande passo de suas vidas. O período de conquista foi longo. Felipe se interessou por Lais logo que a viu em uma festa. “Eu a achava muito bonita e sabia que era uma boa pessoa, mas ela não dava bola”, diz ele. “Eu já sabia quem era o Felipe. Na época do Orkut, ele até tentou me conhecer, mas fui morar em Londres e não tivemos oportunidade”, conta Lais. Mesmo com a distância, ele não desistiu: “Ainda vou me casar com a sua amiga”, disse Felipe a uma amiga de Lais. A brincadeira ficou no ar até que ela retornou e Felipe insistiu em um primeiro encontro. “Saímos para almoçar, ficamos conversando até de noite e começamos a namorar após dois meses”, diz ela. Quatro anos depois, a união se consumou e foi comemorada numa festa para cerca de 250 convidados. Devoto de Nossa Senhora da Aparecida, ele escolheu o dia 12 de outubro, exatamente um ano depois do noivado. “Fiz questão de me casar na igreja. Foi lindo, com uma sintonia que tomou conta de todos”, diz Lais. A festa só terminou às 6h, depois que raiou o sol do dia seguinte. Uma cerimônia inesquecível para os noivos e convidados também está nos sonhos da publicitária Marina Rodrigues e Silva, de 29 anos, e do advogado Rodrigo Valle Pereira Guerra, de 31, que se preparam para o grande dia, marcado para agosto. Eles se conheceram de forma despretensiosa numa festa de academia, à qual ela nem queria ir. De lá para cá, se vão 10 anos de muito amor, cumplicidade e histórias 98 |Encontro
Boas recordações
Lais Tiradentes
Felipe Tiradentes
Felipe surpreendeu ao pedir a mão de Lais durante um almoço com amigos, em Trancoso, na Bahia. “De repente, ele me olhou e disse que ali estava uma pessoa que o ensinou a gostar de alguém de verdade e com quem queria passar o resto vida”, contou Lais. “Depois se ajoelhou e me deu o anel de brilhantes.” Os dois se casaram há cinco meses. “Sempre planejei ter uma família”, diz Felipe. “Queremos ter um casal de filhos.”
para contar. “Quando nos conhecemos, tive certeza de que o Rodrigo era o homem da minha vida. Por isso, comecei a pensar muito sobre como seria o nosso casamento. Mesmo antes do ‘pedido’, eu já conseguia visualizar de forma exata várias coisas na
cerimônia. São coisas que combinam muito com a gente”, diz Marina. Como as cinderelas e príncipes dos contos de fadas, os noivos modernos buscam, cada um a seu modo, a mesma coisa: ser felizes para sempre! E quem não quer? ❚
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As cores terrosas se firmam como as tendências da estação. O clima seco e árido, aliado a dias mais frios, propicia o uso de tricôs e mantas para o fim da tarde. Desbravando novos territórios, a mulher se sente protegida e preparada para eventuais mudanças de temperatura. Inspire-se!
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A chegada da meia-estação marca a época de looks com diversas camadas, apropriados para as mudanças de temperatura ao longo do dia. Nas produções capazes de enfrentar o calor de meio-dia até o vento frio do fim da tarde, sem perder a sofisticação, as echarpes se tornam peças-chave. A tendência do momento são cores fortes e aplicações. Como nosso inverno está menos intenso a cada ano, o acessório ganha ares tropicais e está mais leve e bem colorido. Para completar a onda de adaptação climática, encontramos todos os tipos de material na composição desse acessório cheio de charme, que deixa qualquer look estiloso. ❚
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SAÚDE | HIGIENE
Desodorante ou antitranspirante? Shutterstock
Conheça a diferença entre os dois para não ter dúvidas na hora de escolher AMANDA ALEIXO
Há quem entre nas perfumarias e pegue logo o primeiro frasco que estiver na frente. Afinal, desodorante e antitranspirante não são a mesma coisa? Segundo a dermatologista Rachel Guerra, não é bem assim. Existem diferenças entre os dois e por isso é recomendável mais atenção na hora de escolher. Ela explica que a transpiração – velho incômodo para homens e mulheres – nada mais é do que uma estratégia do organismo para regular a temperatura corporal. E observá-la é tarefa importante para decidir qual produto usar. O antitranspirante é ideal para quem apresenta muita sudorese. A médica explica que, para controlar a transpiração, esse tipo de produto contém substância que cria uma barreira na pele, impedindo o contato do suor com as bactérias – essa reação é exatamente o que provoca o mau odor. Os receosos, que evitam o produto com medo de prejudicar a saúde, podem ficar despreocupados. “A relação entre antitranspirante e câncer de mama nunca foi comprovada pela comunidade científica”, diz a médica. Quando a situação não é de suor extremo, os desodorantes são mais indicados. “Eles são compostos por perfumes e agentes antibacterianos, que reduzem a ação das bactérias na sudorese, eliminando o cheiro ruim”, explica. Em geral, a maioria dos antitranspirantes tem ação desodorante, mas o inverso não ocorre. 110 |Encontro
FIQUE ATENTO Antes de escolher o produto ideal para as axilas, vale considerar o tipo de pele e as substâncias que o compõe NÃO SE ESQUEÇA
ROLL-ON E POMADA Por apresentarem um aspecto mais aquoso e oleoso, esses veículos são bem aceitos para as pessoas de pele sensível quando não têm álcool na composição
Desodorantes garantem ação antibacteriana, mas não inibem a transpiração
SPRAY E AEROSSOL Bem aceitos em peles normais e oleosas, são encontrados nas versões com ou sem perfume
Daí em diante, as diferenças ficam mais por conta dos veículos – aerossol, roll-on, spray e pomada – e das substâncias que os compõem. Aos alérgicos de plantão, a dica é consultar um especialista antes de escolher o tipo. Segundo a dermatologista Maria Sílvia Laborne, quando os pacientes são alérgicos, a intolerância é – na maioria das vezes –
Antitranspirantes podem ser usados sem medo. Não existem pesquisas que comprovem a relação do produto com o câncer de mama Pessoas alérgicas devem consultar um dermatologista antes de trocar a marca
mais em relação ao perfume do que ao desodorante. “Nesses casos, mandamos manipular uma fórmula com um perfume que ele tolere ou recomendamos sem cheiro”, diz. As pessoas de pele seca devem evitar as substâncias que apresentam álcool e podem recorrer às mais cremosas ou oleosas, que geralmente vêm na forma de roll-on ou pomada. z
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NA MESA | ALINE GONÇALVES agoncalves@editoraencontro.com.br
Roberto Rocha
CADA VEZ MAIS INDIANO “Existe um princípio na Índia que diz: ‘acontece a única coisa que poderia ter acontecido’, e essa oportunidade foi um grande exemplo disso”, afirma o chef Lokpal Singh, sobre o convite para trabalhar no restaurante Maharaj. Nascido no Norte da Índia, ele ainda não domina português, mas, agora, conhece mais do país do que futebol e praia, as referências que tinha anteriormente. O trabalho no hotel Claridges, em Nova Délhi, foi o pontapé inicial para a vinda, pois lá ele conheceu Virendra Singh, chef do Maharaj, que se lembrou do amigo quando o empresário Leonardo Ananda, dono do restaurante, resolveu reforçar a equipe por causa dos eventos fora do estado. “Devido a minha carreira internacional (já passou por restaurantes na Rússia e Emirados Árabes), gosto de testar fusões”, diz Lokpal. “Já estamos fazendo experimentos e, em breve, lançaremos novos pratos no Maharaj”, antecipa. Alexandre Rezende
VINHO EM CASA Na onda do delivery, está no ar o novo site de e-commerce da Casa Rio Verde, o Vinho Site. Foram mais de 12 meses para analisar rótulo por rótulo, classificá-los de várias maneiras e pensar nas harmonizações adequadas. O resultado surpreende pelos detalhes: para as sugestões de rótulos, dá para escolher até o molho da massa com que se pretende servir a bebida. Ao todo, são quase 400 opções de vinhos e espumantes, 80% de importação própria. “Deu muito trabalho, mas o resultado foi bom em termos de informações para o cliente”, diz o gerente de importações, Haendel Roberto. A casa também criou um clube do vinho, ou seja, é possível pagar um valor e receber em casa alguns rótulos mensalmente. “As pessoas querem comodidade. Além disso, na correria das lojas, elas não conseguem perguntar tudo o que querem. Com o site, conseguimos unir informação e praticidade”, diz Haendel.
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ADEGA PORTUGUESA EM DESTAQUE Que os vinhos de Portugal têm seu lugar na mesa brasileira, ninguém contesta. Foi observando isso, e também com objetivo de reforçar a imagem da casa como reduto autêntico da terrinha, que os donos do Restaurante do Porto (unidade no bairro Cidade Nova) resolveram expandir a adega, passando a capacidade de 200 para 1.200 garrafas (70% dos rótulos são originários de Portugal). Por enquanto, a mudança visa, sobretudo, melhorar o armazenamento das bebidas que precisam atravessar o Atlântico, mas os sócios já pensam em um novo projeto. “Nossa ideia é abrir uma distribuidora de vinhos portugueses”, afirma o empresário Leonardo Duarte. Roberto Rocha
Denis Medeiros
NOVIDADE EM AMBIENTE HISTÓRICO Inaugurado em janeiro, o restaurante Ortiz foi pensado em detalhes para o ambiente que ocupa – um salão no Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) –, a começar pelo nome, referência ao primeiro bandeirante que viveu em BH: João Leite da Silva Ortiz. A logomarca da casa copia a imagem do desbravador presente em um quadro do MHAB. Em uma das paredes, há uma reprodução da planta da cidade no século XVIII. “Eu era frequentador do antigo restaurante e fiz a proposta para assumir o local quando soube que ia fechar, porque é um espaço fantástico”, explica o empresário Bruno Perácido. No cardápio, a escolha foi por pratos de bistrô servidos à la carte (no almoço, os preços são mais em conta, em torno de R$ 30). Já em abril, a casa estreia novo cardápio, com receitas mais encorpadas, tendo em vista o período frio. Samuel Gê
PARA HARMONIZAR COM O SUSHI O Akemi Oriental Fusion, recém-inaugurado, quer se destacar não só pelos pratos nipônicos com toques modernos feitos pelo chef sushiman Adair Silva, ex-Udon. Uma das apostas dos sócios são as bebidas: além dos drinques, eles montaram, com a ajuda de consultores, uma carta com 20 opções de saquês, entre doses e garrafas – tem até o Hakushika Gold, feito com flocos de ouro. Antes de inaugurar o empreendimento, houve uma grande pesquisa sobre a bebida. Agora, o aprendizado deve ser levado ao cliente. “Em março ou abril, vamos organizar eventos com explicações sobre o saquê”, diz a empresária Cecília Dornelas, que conta com ajuda do primo, Henrique Dornelas, para gerenciar o local. O cardápio ainda terá ilustrações, sugestões de harmonizações, história e curiosidades sobre a bebida. MARÇO DE 2015
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VITRINE | PÁSCOA Fotos Cláudio Cunha e Divulgação
DINO L’Or Noir Chocolaterie Tem cerca de 12 ovinhos ao leite. R$ 100
GOURMET GIANDUIA Qoy Chocolate Ovo de chocolate de avelã recheado R$ 74,90
De dar água na boca! GEÓRGEA CHOUCAIR
Coelhos de diversos tipos e ovos que aguçam o paladar só de olhar vão marcar as escolhas para a Páscoa deste ano. Criatividade não faltou para os fabricantes de chocolate, que a cada ano surpreendem mais os consumidores. São centenas de formatos, recheios e sabores, com opções para todos os bolsos. É hora de dar uma volta pelas lojas e escolher o mais saboroso para experimentar ou presentear. z NOZES Lalka Ovo de chocolate ao leite com nozes R$ 53,80
CONES DE CHOCOLATE Cupcakes & Etc Cone de biscoito por dentro e chocolate meio amargo por fora. Recheado com camadas de brigadeiro e bolo de cenoura, cobertas com chocolate R$ 6 (cada um)
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CARROÇA Fany Coelho de chocolate carregado de ovinhos R$ 36
CAIXA DE COELHO Fany Mimo com diversos ovinhos internos R$ 46
DE COLHER L’Or Noir Chocolaterie Caixa com três ovos: marshmallow, trufado de chocolate e brigadeiro R$ 53
OVO CARRO Confiserie du Chocolat Recheado de bombons variados como brigadeiro, negresco, crocante e marshmallow R$ 110 LE GRAND Caracol Chocolates Gramado Recheado com drágeas sortidas de amêndoas ou crocantes R$ 79,90
LEITEIRA Qoy Chocolate Leiteira infantil com ovo 135 g e tabletes Qoy ao leite e branco R$ 69,90
OVO SINTONIA Cacau Show Com casca de chocolate ao leite, bombons recheados de creme de castanha-de-caju e toque de canela R$ 34,90
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GASTRÔ | ORGÂNICOS Cláudio Cunha
Os novos queridinhos do cardápio
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Os produtos orgânicos ganharam a mesa de quem busca alimentos saudáveis. Especialistas garantem que vale a pena pagar mais caro para evitar intoxicação e outras doenças graves
Gláucia Rodrigues
AMANDA ALEIXO
A onda saudável que tomou as praças da cidade com a prática de esportes também se estende à alimentação. Nos supermercados, já é fácil encontrar seções dedicadas aos produtos orgânicos – os novos queridinhos de quem dá preferência à saúde na hora da refeição. De acordo com a nutricionista Rachel Horta, os orgânicos são alimentos livres de agrotóxicos, hormônios, substâncias químicas e fertilizantes sintéticos em qualquer fase da produção. Esse diferencial evita as intoxicações agudas e crônicas – que muitos consumidores de alimentos convencionais apresentam ao longo da vida –, mas não interfere no nível de vitaminas ou minerais ingeridos. Rachel explica que muitas pessoas misturam os conceitos de nutritivos com os de orgânicos. “Existem pessoas que acreditam que os orgânicos são mais nutritivos e de baixa caloria. Algumas vezes sim, mas nem sempre isso é verdade”, explica. Exemplos são os picolés e chips orgânicos. Mesmo que eles não apresentem agrotóxicos e conservantes, são calóricos e pouco nutritivos. Mas isso não reduz a importância dessa escolha. Segundo estudo da Anvisa publicado em 2012, em uma amostragem aleatória de frutas e legumes, 29% dos alimentos analisados apresentavam resíduos de agrotóxicos acima do limite permitido.
O empresário Alex Machado mudou seu estilo de vida e consome orgânicos há mais de um ano: "Minha digestão melhorou e fico mais disposto ao longo do dia” Paulo Márcio
A produtora Adriana Daher explica que para não ser enganado o consumidor deve observar o selo SisOrg na embalagem do produto: “É a garantia de que foi produzido de acordo com as exigências do Ministério da Agricultura”
Se alguém os consumisse, os sintomas mais comuns seriam náuseas, vômitos, mal-estar e dor de cabeça. Além, é claro, de patologias mais graves, no caso de consumo recorrente. “O consumidor que ingere esse tipo de substância acima do nível permitido pode apresentar, ao longo da vida, alergias respiratórias, diabetes, distúrbios de tireoide e até câncer”, afirma a nutricionista Raíza Girundi, da loja Mundo Verde. Há, ainda, estudos que associam as subtâncias tóxicas ao mal de Parkinson. Não à toa, a nutricionista Rachel Horta insiste para que seus pacientes deem preferência aos orgânicos sempre que puderem. “Não é preciso que seja em 100% do que é consumido, pois isso se torna muito difícil na prática. Mas, quanto mais, melhor”, diz. Os principiantes podem começar substindo legumes, verduras e frutas considerados campeões dos agrotóxicos, de acordo com a Anvisa: cenoura, pepino, pimentão, alface, mamão e uva. Mas isso não significa comprar de qualquer pessoa que produz em seu sítio e jura de pé junto que não usa agrotóxicos no cultivo. É preciso estar atento para não comprar gato por lebre. A dica de Adriana Daher, produtora de orgânicos há 18 anos, é procurar o selo SisOrg na embalagem do produto. “É a garantia de que ele foi produzido de acordo com as exigências do Ministério da Agricultura”, explica. Vale procurar os produtos em lojas especializadas, supermercados ou em feiras específicas, organizadas pela prefeitura. Há um ano o empresário Alex Machado mudou seu estilo de vida. Ele conta que perdeu o interesse pelos alimentos convencionais quando começou a tomar sucos verdes com ingredientes orgânicos. “Hoje, só não mudei minha alimentação em 100%, porque tenho dificuldade para encontrar alguns produtos”, diz. Mesmo assim, ele já aponta os benefícios que teve no próprio organismo. “A minha digestão melhorou e fico mais disposto ao longo do dia”, conta. Mas o que ganhou de vez o empresário foi o sabor e o aroma intensos dos produtos. “Quando você come uma banana orgânica, por exemplo, é diferente. Parece até que nossa alma agradece”, diz. Quem não se convence? z MARÇO DE 2015
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mais de 50 restaurantes | entrada, prato principal e sobremesa | almoço 37,90 | jant Patrocínio
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Harmonização
Apoio
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Não basta ser gostoso. Tem que ser saudável.
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7,90 | jantar 49,90 | + 1,00 ação social | faça sua reserva online: www.restaurantweek.com.br Promoção
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Reservas
Ação Social
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GASTRÔ | RECEITAS
Bacalhau reinventado Chefs mineiros criam receitas para a Semana Santa que vão muito além da bacalhoada, com combinações nada tradicionais para os que gostam de novidades na cozinha ALINE GONÇALVES
Os tradicionalistas que nos perdoem, mas bacalhau não é sinônimo de bacalhoada. É verdade que o ingrediente símbolo da Semana Santa quase sempre vem acompanhado de azeite, azeitonas, batata, pimentões, mas existem inúmeras formas de combinar esses e outros produtos. Acreditando nisso, Encontro convidou cinco chefs de BH para apresentarem receitas com o pescado em formatos inusitados, modernos e sofisticados. Chef do restaurante Au Bon Vivant, eleito a novidade de 2014 por Encontro Gastrô – O Melhor da Cidade, Silvana Watel, por exemplo, ensina um prato com ares europeus. “O confit de pimentões com a pimenta de espelete é típico da região do País Basco, na França. Daí fiz algumas adaptações e coloquei em cima de um bacalhau e adicionei o purê: ficou uma ótima combinação em termos de sabor e cor”, diz. Assim como ela, outros dois chefs usam o lombo de bacalhau em posta em seus preparos, mas também não deixaram de lado a criatividade na hora dos acompanhamentos. O sous chef do restaurante Quinto do Ouro, Bruno Santos, serve-o com uma polenta e faz uma crosta de alho-poró. Já a chef do La Palma, Naiara Faria, harmoniza-o com um item muitas vezes esnobado na cozinha: o chuchu, feito, nesta receita, como um “espaguete”. Para os que preferem uma massa de verdade, a sugestão é se inspirar no penne mediterrâneo, do chef Wanderson Costa, do restaurante Saatore. Por fim, quem quer desconstruir por completo o bacalhau tem opção com a sugestão do chef Bruno Albergaria, do restaurante Oak, que deixou o pescado quase irreconhecível. Escolha seu prato e boa Páscoa.
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Confit de bacalhau em crosta de alho-poró com polenta cremosa Serve uma pessoa
INGREDIENTES 1 posta de bacalhau (dessalgado) de 240 g 1 ramo de alecrim 1 ramo de tomilho 1 ramo de manjericão 2 folhas de louro 2 dentes de alho amassados 1 vidro de azeite pequeno (500 ml) Pimenta-do-reino a gosto
Por Bruno Santos, sous chef do restaurante Quinto do Ouro
Para a crosta 1 alho-poró cortado grosseiramente 50 g de farinha de rosca 30 g de parmesão 30 g de manteiga Para a polenta litro de caldo de legumes 100 g de milharina 1 colher de manteiga 30 g de queijo tipo grana padano Sal e pimenta-do-reino a gosto
Fotos: Alexandre Rezende
MODO DE PREPARO Coloque, em uma panela, o azeite, o alecrim, o tomilho, o louro, o manjericão e o alho. Aqueça o azeite em fogo baixo, sem borbulhar, coloque o bacalhau e deixe por aproximadamente 30 minutos. Reserve. Seque o alho-poró no forno em temperatura de 160° C por aproximadamente 10 minutos. Espere esfriar e, em seguida, processe-o para que vire uma farinha. Junte-o à manteiga, ao queijo e à farinha de rosca, fazendo uma pasta. Coloque essa pasta em cima do bacalhau e leve ao forno a 200° C por cerca de cinco minutos.
Para a polenta Leve o caldo de legumes ao fogo. Quando estiver fervendo, acrescente a milharina aos poucos, mexendo sem parar para que não empelote. Deixe cozinhando por três minutos. Desligue o fogo, acrescente o queijo, a manteiga, o sal e a pimenta. Sirva com o bacalhau.
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GASTRÔ | RECEITAS
Lombo de bacalhau basco com purê de ervilhas Serve 4 pessoas
INGREDIENTES 4 lombos de bacalhau dessalgados 2 pimentões vermelhos grandes 2 pimentões amarelos grandes 2 pimentões verdes pequenos 1 cebola grande 1 cabeça de alho 50 gramas de tomate seco 50 ml de azeite extravirgem 1 colher (sopa) de suco de limão-siciliano e raspas da casca bem finas 1 colher (sopa) de manjericão 1 ramo de tomilho desfolhado 1 colher (sopa) de salsa e cebolinha Sal e pimenta-do-reino a gosto colher (sopa) rasa de pimenta de espelete ou colher (sopa) rasa composta por metade de páprica picante e metade de páprica defumada Para o purê de ervilhas 600 g de ervilhas congeladas 150 g de batatas descascadas e picadas 100 ml de creme de leite fresco tablete de caldo de galinha 1 colher (sopa) rasa de manteiga Sal e pimenta-do-reino a gosto
Por Silvana Watel, chef do restaurante Au Bon Vivant
MODO DE PREPARO Para o confit de pimentões Tire a pele dos pimentões levando-os ao forno até que fiquem escuros. Depois, coloque em um saco plástico fechado e aguarde alguns minutos. Asse a cebola e o alho embrulhados em papel-alumínio até ficarem macios. Pique os pimentões e a cebola em julienne (fatias alongadas). Descasque os dentes da cabeça de alho. Corte o tomate seco também em julienne grande. Em um recipiente, misture os pimentões, a cebola, o alho e o tomate seco. Em outro recipiente, misture o azeite, o limão, as ervas e a pimenta de espelete. Acerte o sal e a pimenta-do-reino. Depois, coloque a mistura líquida na mistura de pimentões. Verifique a quantidade de azeite e sal. Para o purê de ervilhas Em uma panela com água suficiente para cobrir a batata e a ervilha, coloque para cozinhar somente as batatas e o caldo de galinha. Quando as batatas estiverem quase cozidas, acrescente as ervilhas. Após o cozimento, escorra a água e triture tudo no processador ou liquidificador ainda quente. Finalize com o creme de leite até dar o ponto desejado. Em seguida, acrescente a manteiga e acerte o sal e a pimenta-do-reino. Para o lombo de bacalhau Tempere cada lombo com azeite, sal (se necessário) e pimenta-do-reino. Asse no forno quente por aproximadamente 10 minutos. Sirva o confit de pimentões em cima do lombo de bacalhau e o purê ao lado. Regue com o azeite do confit. Fotos: Samuel Gê
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Mil-folhas de bacalhau com emulsão de pimentão e espuma de salsinha Serve 4 pessoas
Por Bruno Albergaria, chef do restaurante Oak
INGREDIENTES 4 postas de bacalhau dessalgadas 500 g de batata asterix 2 pimentões vermelhos 300 ml de azeite de oliva
1 molho de salsinha 300 ml de caldo de legumes 15 g de lecitina de soja Sal e pimenta a gosto
MODO DE PREPARO Corte o bacalhau em rodelas de 1 cm e reserve. Descasque as batatas e pique-as em rodelas também de 1 cm. Coloque-as para cozinhar em água fervente por cinco minutos. Adicione sal. Reserve. Coloque os pimentões sobre o fogo até que a pele fique escura. Insira em um saco plástico, feche e reserve. Após cinco minutos, retire a pele e as sementes. Corte-os em pequenos pedaços e leve em fogo baixo por 20
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minutos com a metade do azeite. Após esfriar, escorra o azeite do pimentão e misture com o azeite ainda não usado. Coloque a polpa do pimentão no liquidificador e, aos poucos, adicione o azeite para emulsionar. Corrija o sal. Reserve. À parte, asse a batata e o bacalhau em forno com temperatura de 200° C por 20 minutos ou até dourar. Para a espuma de salsinha, bata o caldo de legumes, a salsinha e a lecitina de soja no liquidificador. A espuma, a ser usada, ficará sobre o líquido. Corrija o sal. Sirva as batatas e o bacalhau de forma intercalada, coloque a emulsão de pimentão e finalize com a espuma de salsinha.
Fotos: Samuel Gê
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Penne mediterrâneo Serve 3 pessoas INGREDIENTES 300 g de massa tipo penne 100 g de bacalhau desfiado 50 g azeitonas pretas 50 g azeitonas verdes 2 tomates maduros 80 ml de azeite 80 ml de creme de leite fresco 1 cebola Sal a gosto
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Por Wanderson Costa, chef do restaurante Saatore
MODO DE PREPARO
Fotos: Eugênio Gurgel
Em uma frigideira, coloque o azeite, a cebola ralada e deixe dourar. Junte o bacalhau desfiado já dessalgado. Coloque o creme de leite e deixe cinco minutos em fogo baixo. Acrescente as azeitonas fatiadas e os tomates cortados em cubos. Misture. Em outra panela com água e sal, coloque o penne e deixe cozinhar. Junte ao molho e finalize como preferir.
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Bacalhau com espaguete de chuchu e galete de baroa ao molho de açafrão-da-terra Serve 6 pessoas INGREDIENTES Para o bacalhau e espaguete 6 postas de bacalhau dessalgado (240 g cada) 300 g de cebola roxa 500 g de chuchu 60 g de salsinha picadinha 40 g de coentro picadinho 400 g de tomate-italiano 100 g de tomate-cereja 100 g de alho laminado e frito para finalização do prato 50 g de alho picadinho 6 ovos cozidos 100 ml de azeite Sal e pimenta-do-reino a gosto Para o galete de baroa 2 kg de batata-baroa 400 g de cebola 10 ovos 40 ml de azeite 30 g de alho 50 g de manteiga Sal e pimenta-do-reino a gosto Para o molho de açafrão-da-terra 60 g de açafrão da terra 400 ml de caldo de peixe 20 g alho picadinho 25 g de cebola picadinha 100 ml de vinho branco 30 ml de azeite Sal a gosto
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Por Naiara Faria, chef do restaurante La Palma
MODO DE PREPARO
Fotos: Roberto Rocha
Para o bacalhau e espaguete Descasque o chuchu e passe no ralador, na parte mais grossa. Descasque o tomate-italiano, retire as sementes e corte em tiras. Corte a cebola roxa em tiras. Depois, aqueça a frigideira e doure em azeite o alho picadinho e, em sequência, acrescente a cebola roxa. Salteie por uns minutos e acrescente o chuchu. Refogue por mais alguns minutos e adicione o tomate. Tempere com sal e pimenta a gosto. Adicione a salsinha e o coentro. Reserve. Em uma frigideira antiaderente preaquecida, grelhe em azeite a posta de bacalhau dos dois lados até dourar. Depois, leve-a ao forno com o salteado de legumes por cima em um forno preaquecido a 180° C por 10 minutos. Reserve. À parte, corte os tomates-cereja ao meio e salteie em outra frigideira com azeite e alho dourado. Tempere a gosto e reserve para finalização. Galete de baroa Descasque e rale a batata-baroa na parte mais grossa do ralador. Corte a cebola em tiras. Doure o alho em uma frigideira e acrescente a cebola por uns minutos. Adicione a baroa e tempere com sal e pimenta. Refogue por cinco minutos e deixar esfriar. Depois, coloque a mistura em uma vasilha. Acrescente os ovos e corrija o tempero, se necessário. Em uma frigideira antiaderente, coloque a mistura com baroa em um aro redondo e deixar dourar dos dois lados. Coloque, aos poucos, a manteiga na frigideira. Reserve. Molho de açafrão-da-terra Doure a cebola e o alho em azeite. Acrescente o vinho e deixe reduzir pela metade. Coloque o açafrão-da terra e, na sequência, o caldo de peixe. Misture até ficar homogêneo. Deixe ferver por poucos minutos. Depois, acrescente o azeite batendo sempre com um fouet. Tempere com sal. Montagem Coloque a baroa no meio do prato, o bacalhau em cima com o alho laminado frito. Acrescente o molho e os ovos cozidos em pedaços. Finalize com o tomate-cereja. ❚
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DIVERSÃO | NOVIDADES Alexandre Carvalho
Agito noturno A Royal Club tem capacidade para 550 pessoas e fez a opção por ritmos diversificados, sem esquecer o sertanejo: “É o que faz sucesso em Minas”, diz o empresário André Munaier
Capital mineira ganha três boates em menos de um mês para atender a um público que não dispensa novidade ALINE GONÇALVES
Se existe um setor em BH que está sempre se renovando, é o de casas noturnas. Exigência do público, costumam repetir os empresários. Ao que tudo indica, os baladeiros querem mesmo novidades, mas não se importam se o endereço da festa continuar igual. Prova disso é que as três mais novas boates da cidade, Eagles Bar & Music, Royal Club e Royalty Club, 126 |Encontro
estão em locais conhecidos, onde anteriormente funcionaram Swingers Lounge, Cinco e Velvet. Na primeira, os donos também permaneceram, já que Swingers Lounge e Eagles Bar & Music são marcas do grupo Happy News. Na reformulação que durou 60 dias, o ambiente, com capacidade para mais de 700 pessoas, ganhou ícones dos EUA na decoração, como fotos de Elvis Presley, James Brown e da Estátua da Liberdade. No cardápio, fast food como hambúrguer, pizza, além de comida mexicana – que os norte-americanos adoram. Até o uniforme dos garçons, agora, faz referência aos jogadores de beisebol. “No semestre passado, fiquei 30 dias em Miami e Nova York com o objetivo de pesquisar coisas para o projeto”, diz o diretor operacional do grupo, Israel Santiago. “Achamos que tem tudo a ver EUA com o Brasil, porque ouvimos aqui hip hop e house, por exemplo,
que são referências de lá, mas também nossas”, afirma. Outra atração da casa é a balada itinerante, batizada de Happy Bus. Trata-se de um ônibus, em estilo escolar, que tem circulado pelas ruas da capital e é equipado com luzes e música. A festa sobre rodas está disponível para alguns clientes, como aniversariantes que fazem reserva. Antes de trazer o Eagles Bar & Music para BH, porém, a ideia do grupo era inaugurar o estabelecimento em Brasília. Foi a necessidade de reformulação na capital mineira que falou mais alto. “A Swingers era um sucesso, tinha boa movimentação, mas estava na hora de mudar, principalmente a programação musical, para conseguirmos resgatar um público mais velho”, explica Israel. A prática funcionou: a média de idade dos clientes passou de 22 para 27 anos. A Royalty Club, com capacidade para 300 pessoas, também tem atraído os
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DIVERSÃO | NOVIDADES Roberto Rocha
As sócias Lorena Lee e Priscilla Pinheiro investiram R$ 400 mil na Royalty Club: experiência com produção de festas e o desejo de abrir um “inferninho chique”
baladeiros acima dos 25 anos desde que abriu as portas, em fevereiro. Mas, para as sócias Lorena Lee e Priscilla Pinheiro, os clientes, na verdade, dançam conforme a música, ou melhor, de acordo com a festa. “O público varia segundo a noite, porque a casa é versátil, já tivemos festas indie e brasileira, por exemplo”, diz Priscilla, que durante cinco anos se especializou em promover baladas na cidade, como a Proibida e a Carrossel Burlesque. “Nossa expectativa é conseguir uma boa colocação no mercado por trazermos algo diferente a cada noite. Sabemos que isso quase não existe em BH, porque as casas preferem focar em poucos ritmos”, afirma. Deep house, hip hop, house e rap são alguns dos estilos que têm sido tocados no local. Para acompanhar, a aposta são os drinques criados pela mixologista Natália Castro. O que leva o nome da casa, por exemplo, é servido com flor comestível e traz Bombay Sapphire Gin, limão-siciliano, mirtilo 128 |Encontro
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Israel Pinheiro, da Eagles Bar & Music, apostou na decoração com fotos de ícones norte-americanos, como Elvis Presley: “Tem tudo a ver EUA com o Brasil”
e creme de cassis. Na decoração, a temática do pub faz referência aos castelos britânicos, graças ao trabalho do arquiteto Caio Prates – a pista de dança, por exemplo, foi inspirada no grande hall do Castelo de Versalhes. Ao todo, as sócias investiram R$ 400 mil na reforma do ambiente. “Queríamos um inferninho chique, parecido com o que víamos em São Paulo, mas não tínhamos aqui”, diz Priscilla. Privilegiar o máximo de ritmos musicais também é a proposta da Royal Club, com capacidade para 550 pessoas, e que igualmente se espelha em São Paulo – a casa é uma espécie de “irmã” da unidade dessa cidade. Lá, a marca foi criada por Marcos Buaiz há sete anos e se tornou uma das boates prediletas dos globais. Aqui, o grupo de empresários mantém praticamente os mesmos detalhes da matriz, incluindo o projeto arquitetônico, que foi assinado por Junior Piacesi, e a carta de drinques. Um dos diferenciais,
no entanto, é a noite sertaneja. “É um ritmo que faz sucesso em Minas, mas ainda não pegou em São Paulo”, diz André Munaier, sócio ao lado de Renato Maciel, Daniel Mendonça, Emanuel Santos, Rafael Brito e Sanzio Cunha. Ao todo, o investimento dos empresários chegou a R$ 3 milhões e foram mais de sete meses de obras. Outra característica inspirada em São Paulo diz respeito ao atendimento. Cada um dos seis camarotes tem um atendente exclusivo. Além disso, a ideia é evitar ao máximo que a pessoa vá ao balcão em busca de bebidas. “Temos um número grande de funcionários, aproximadamente 40, para garantir que o cliente seja atendido no lugar onde está, com mais conforto”, diz André. “Na hora de ir embora, a pessoa pode realizar o pagamento pelo celular, sem precisar pegar fila”, explica. Com novidades para todos os gostos e exigências, quem curte a noite de BH só não pode se queixar de mesmice. z
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BRASÍLIA PALACE Um paraíso bucólico na Capital Às margens do belíssimo Lago Paranoá, lindo, aconchegante e delicado, assim é o primeiro hotel de Brasília. Inaugurado em 1958 e projetado por Niemeyer, o Brasília Palace é ideal para quem quer se hospedar em um lugar tranqüilo e agradável. Com ambientes para eventos, área de lazer e um restaurante singular, o Brasília Palace é uma jóia rara na hotelaria da cidade.
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GASTRÔ | FESTIVAL
Bar Botecar, festival que premia os melhores de BH, estreia segunda edição no próximo dia 8 com 55 participantes. Petiscos criados para o evento são inspirados em cidades de Minas
para todos os gostos
Alexandre Rezende
Olívio Cardoso, do Bar Estabelecimento, que venceu o Botecar no ano passado, concorre, desta vez, com escondidinho de frango com angu de milho: “O evento traz um público renovado, além de estimular a imaginação para criar petiscos”
ALINE GONÇALVES
Tem gente que trabalha de segunda a sexta, vai à academia terça e quinta, não deixa de assistir ao time do coração aos domingos e reserva os sábados para visitar a família. Na rotina do belo-horizontino, porém, não há dia certo para ir ao boteco, quase uma extensão de casa para a maioria. Mas, em alguns momentos do ano, é fato que o bar se torna mais interessante. Um desses períodos começa no próximo dia 8 de abril, quando tem início a segunda edição do Botecar, festival que reúne 55 tradicionais estabelecimentos da cidade, com a intenção de eleger o melhor. Até 9 de maio, quem for a um dos locais participantes e experimentar o tira-gosto criado especialmente para o concurso pode pedir a cédula de votação e marcar de 0 a 10, sem complicações. Entre os estabelecimentos estão casas afamadas, como Bar da Lora e Bar do Zezé, além de seis estreantes no evento: Amarelim da Prudente, Amarelim do Prado, Bar da Neca, Butiquim 130 |Encontro
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Fotos: Samuel Gê
Armazém Medeiros, um dos 55 bares participantes no ano passado: público do festival foi de 400 mil pessoas
Seu Jorge, Oratório Bar e Petisqueira do Teté. “Existe uma renovação natural dos bares devido a fechamentos e aberturas”, diz o coordenador do festival, Antônio Lúcio Martins. “A organização trabalha o ano todo na localização dos melhores botecos, por meio de indicações feitas pelo site. Vamos um a um para verificar se o local está em sintonia com as regras básicas”, ex-
ANOTE AÍ: Botecar De 8 de abril a 9 de maio R$ 15,90 é o prato mais barato; R$ 29,90 é o mais caro www.botecar.com.br
Participam 55 bares de BH Depois de provar o tira-gosto, é só pedir a cédula de votação e dar notas de 0 a 10
“Em 2015, vamos aprimorar o Carona Botecar: já delimitamos rotas de botecos em cada regional de BH para facilitar que o frequentador consiga ir de um bar a outro sem precisar dirigir”, explica o coordenador do festival, Antônio Lúcio Martins
plica. Fast food, por exemplo, não entra na disputa. A exigência principal é que o boteco seja o espaço de trabalho da família. Com um formato mais livre que o de outros eventos (não há, por exemplo, ingrediente obrigatório), cada dono de bar escolheu, neste ano, uma cidade mineira para homenagear, seja usando um produto típico, algo decorativo, etc. “Cada um decide sobre o tira-gosto: alguns usam insumos de custo maior, por isso não limitamos também os valores. Mas nenhum petisco custa mais que R$ 29,90”, explica Antônio Lúcio. Vencedor do festival em 2014, com o tira-gosto A Taça do Mundo É Nossa (pernil de lata sob gramado de couve e bolas de arroz ao curry com espinafre e queijo canastra), Olívio Cardoso Filho, do Estabelecimento, vai, agora, celebrar a cidade onde nasceu e cresceu, Campos Altos. “O petisco chama Pique-Esconde e é um escondidinho de frango com angu de milho. Esse angu é muito tradicional em minha cidade natal, e eu faço questão de comer toda vez que MARÇO DE 2015
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GASTRÔ | FESTIVAL visito minha família lá”, explica ele. Seu bar, que tem capacidade para 150 pessoas, teve um movimento 70% maior na primeira edição do Botecar, comparado a outros dias. “O evento traz um público diferente, renovado, além de estimular a imaginação para criar petiscos”, diz Olívio. “A relação com a produção do festival também é ótima, transparente, sem pressão de patrocinadores.” Para receber bem, ele está treinando os funcionários e planeja contratar mais garçons. A casa também passará por pequenas reformas. Atento às dicas dos mais experientes, até quem nunca participou do Botecar já se organiza para fazer bonito. É o caso do empresário Sérgio Bruno Carneiro, do Bar da Neca, que criou um petisco com a cara de BH, uma espécie de medalhão com frango, quiabo e angu, feito na brasa e com temperos que ele não revela. “Já fiz contatos para garantir mais colaboradores na área de limpeza e de atendimento”, explica. “Estou me antecipando, porque, com certeza, o movimento será grande. Alguns clientes já estão querendo saber quando começa o festival”, diz. Ele espera aumento de 30% de público, principalmente nos dias mais ociosos do bar, no início da semana – a capacidade da casa é para 120 pessoas. A expectativa sobre os primeiros dias da semana se justifica, sobretudo, por causa do estímulo da produção do concurso para a prática de caravanas e caronas solidárias. “Em 2015, vamos aprimorar o Carona Botecar: já delimitamos rotas de botecos em cada regional de BH para facilitar que o frequentador consiga ir de um bar o outro sem precisar dirigir”, explica Antônio Lúcio. Sérgio Bruno não esconde a animação em fazer parte do concurso. “Creio que eventos gastronômicos estimulam uma competição saudável, e isso é ótimo para promover a cidade e motivar as pessoas a sair de casa. Nem estou preocupado se vou ganhar”, afirma. O entusiasmo se justifica. Além de atrair um público estimado em 500 mil pessoas (foram 400 mil no ano passado), o Botecar contribui para fidelizar clientes e fomentar o turismo gastronômico.“Mantive o petisco 132 |Encontro
Samuel Gê
Estreante no festival, Sérgio Bruno Carneiro, do Bar da Neca, acha que o mais importante é fazer parte: “Eventos gastronômicos estimulam uma competição saudável, e isso é ótimo para promover a cidade” Eugênio Gurgel
Barato e saboroso: em 2014, o Curin Bar garantiu o terceiro lugar com a berinjela à milanesa, servida com molho à bolonhesa, queijo ralado, cheiro-verde, que custava menos de R$ 9
de 2014 no cardápio e tive ótima recepção. Até hoje, recebo gente do interior e de cidades como Brasília para experimentá-lo, porque souberam da premiação”, diz Olívio, do Estabelecimento, o campeão do ano passado.
E se a principal preocupação, agora, é visitar os 55 locais em 30 dias, a dica é se organizar. Afinal, não é difícil reunir parentes, a turma do futebol, da academia e do trabalho no mais democrático dos espaços, o boteco, claro. z
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NA SOCIEDADE | HELVÉCIO CARLOS hcarlos@editoraencontro.com.br Arquivo Pessoal
DE JOELHOS NO CENTRAL PARK Antônio Marcellini e Bianca Soares estão com casamento marcado para abril do ano que vem. Mas, bem antes disso, o noivado, que foi surpresa, deixou a noiva emocionada. “Há mais ou menos oito meses, eu planejava o pedido de casamento. Quando surgiu uma viagem para a Califórnia com casal de amigos, antecipei o embarque em quatro dias e fomos para Nova York sem avisar a ela o destino. Foi surpresa”, conta Antônio Marcellini. “Durante passeio ao Central Park, levei Bianca até um ponto com belo visual do parque, com muita neve e lagos congelados. Fiz o pedido ali mesmo, de joelhos”, recorda o noivo, animado. Bianca é filha de José Gomes Soares e Nilza Soares. Antônio, de Antônio Augusto Marcellini e Sandra Martins.
Samuel Gê
UM CORAÇÃO E TANTO Fernando Machado não para. Desde que chegou ao Brasil, no final do ano passado, o rapaz aproveita o tempo para rever amigos e a família no circuito Rio de Janeiro, Sul de Minas, Belo Horizonte e Vitória. O que não falta são pessoas querendo encontrá-lo. Fernando é uma das figuras que quebram o maior galho – e na maior boa vontade – para quem chega a Nova York em busca de novidades. “Não perdemos nada em ajudar as pessoas. Não meço esforços para isso”, diz ele, que retorna à cidade em abril. Lá ele não vive apenas para receber os brasileiros, mas faz um trabalho importante na busca por doadores de medula óssea. “Hoje, somos o maior centro de recrutamento para o banco de dados, com média de 70 mil novos doadores por ano”, comemora. Fernando, que já morou em Paris e na Ásia, mudou-se para NY há dez anos, onde cursou administração e comunicação pela St. John’s University. Em 2012, recebeu um convite especial. “Olivier Gillier me convidou para fazer parte do Icla Da Silva Foundation, empresa sem fins lucrativos cuja missão é recrutar possíveis doadores de medula óssea.” É onde Fernando dá o exemplo de que ajudar não faz mal a ninguém.
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Mariel Pelli/Divulgação
AVATAR COM JEITINHO MINEIRINHO Gabriel Christo está com tudo e não está prosa. O ex-atleta do Minas Tênis Clube, que há sete anos faz parte do elenco do Cirque du Soleil, vai estrelar a próxima produção da companhia canadense, baseada em Avatar, filme de James Cameron que fez história na indústria cinematográfica. “Papai Noel foi superbacana comigo. Às vésperas do Natal, recebi esse convite do Cirque”, brincou Gabriel, em sua passagem por Belo Horizonte, antes de embarcar para Los Angeles, onde fará preparação de quatro meses até o início dos ensaios da produção. Se Papai Noel deu uma mãozinha, o rapaz precisou também da ajuda de outras pessoas bacanas. “Tinha pouco tempo para fazer um vídeo com uma coreografia determinada pelo Cirque. Fui ao Grupo Corpo e pedi alguém para dirigir a cena. A companhia estava em turnê, mas, por sorte, Cassilene Abranches, coreógrafa do grupo, estava em Belo Horizonte. Ela foi atenciosa e, mesmo com o filhinho recém-nascido, fez dois dias de ensaios comigo”, diz Gabriel. A estreia de Avatar do Cirque du Soleil está prevista para o final do ano, no Canadá. Em 2016, segue por 30 cidades nos Estados Unidos e Canadá.
UMA DEBUTANTE E 19 PARES A festa de 15 anos de Carolina Pereira Pires segue quase à risca as comemorações tradicionais de debutantes. A garota, que é filha de Paulo Henrique de Almeida Pires e Simone Tavares Pires, só abriu mão de uma tradição: dançar a valsa com apenas 15 convidados. “Ela faz questão de dançar com todos os seis tios, quatro primos, seis amigos, o avó paterno, José Aristides, e o avô materno, Altair de Castro Pereira”, conta a mãe. A festa está marcada para o final de março, no Ilustríssimo.
UMA DÉCADA DE SUCESSO A comemoração dos 10 anos da coluna Hit, do jornal Estado de Minas, está marcada para dia 25 de março no Meet Lourdes, em clima de festa beneficente, para 350 convidados. A renda obtida com a venda de convites será destinada à Jornada Solidária Estado de Minas. A banda Jota Quest está confirmada como atração da noite. Arquivo Pessoal
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SOCIEDADE
Moda em dois cliques
Felipe Salgado, Christiane Ávila, Hermes Ávila, Samuel Salgado, Zuleica Ávila e Isabella Salgado
Com coquetel para 250 convidados, a empresária Christiane Reis Ávila Salgado comemorou o seu mais novo projeto: a inauguração do showroom da loja virtual Istabella, em um dos principais polos comerciais da capital mineira. O público, exclusivamente feminino, contará com atendimento presencial mediante hora marcada. As novidades estão disponíveis no site e redes sociais da multimarcas: www.istabella.com. br / Facebook: https://www.facebook.com/ istabellaoficial / Instagram: @istabellaoficial. Fotos: Lucas Ávila/Divulgação.
Cristina Camatta, Zuleica Ávila, Patrícia Camatta e Christiane Ávila
Ângela Esteves, Zuleica Ávila, Tereza Bastieri e Jane Esteves
Virgínia Rocha, Aline Vieira, Elizabeth Presotti, Ariô Lana e Leninha Lucca
Raissa Chequer, Carolina Bastieri, Zuleica Ávila e Christiane Ávila
Jane Esteves, Zuleica Ávila e Wânia Castro
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Zuleica Ávila, Christiane Ávila e Ionala Lopes
Patrícia Azeredo, Simone Azeredo e Zuleica Ávila
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Regina Belisário, Jane Esteves, Zuleica Ávila, Nissinha Esteves, Christiane Ávila e Emerita Napier
Jussara Reis, Raissa, Tereza Bastieri, Hermes Ávila, Zuleica Ávila, Sandra Ventura, Christiane Ávila e Carolina Bastieri
Carolina Bastieri
Zuleica Ávila, Christiane Ávila e Maria de Lourdes Reis
Christiane Ávila e Ludmila Costa
Patrícia Borges e Zuleica Ávila
Jaianna Raydan
Christiane Ávila, Cláudia Cabral, Zuleica Ávila, Magdala Andrade e Hermes Ávila
Zuleica Ávila, Natália Moraes, Christiane Ávila e Letícia Moraes
Christiane Ávila Salgado
Zuleica Reis Ávila
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SOCIEDADE
Debutante Os 15 anos de Nahara Micherif Neves foram comemorados com grande festa no Ilustríssimo. A garota e a mãe dela, Nayla Micherif, usaram vestidos de Alexandre Dutra. A aniversariante usou um brinco exclusivo desenhado por Renata Bessa. Nahara dançou a valsa com o pai, Rono Neves, o avô Fernando Micherif e os irmãos Lucas e Matheus Neves. A grande sensação foi a participação do MC Gui, que fez a alegria da garotada que se jogou na pista. Mariangela Lima assinou a produção. Fotos: Renata Caldeira.
Lucas Neves, Nayla Micherif, Rono Neves, Nahara Neves e Matheus Neves
Vítor Araugio e Raphaela Baêsso
Camila Conti e Maria Degryse
Adriano Greany e Leandra Neves
Valdemar Martins e Marlete Amaral
Patrícia Xavier e José Vicente
Igor Meira e Bruna Muzzi
Fernanda Cambraia, Antônio Carlos Neves Ferreira, Valéria Cambraia e Amanda Cambraia
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Patrícia Miranda, Regina Laender e Maurineia Almeida
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Maria Tereza Nowicki e Giulia Nowicki
Emerson Martins e Fernanda Martins
Régis Lemos, Maria Isabel Sollero Lemos e Maria Cristina Sollero
Roney Leite, Branca Fraga e Geisa Fraga
Julia Freitas, Lavínia Caldeira e David Costa
Mateus Vieira e Morgana Ribeiro
Rodrigo Gomes e Elaine Gomes
Andrezza Fernandes e Sara Fernandes
Patrícia Siqueira e Felipe de Assis
Walter Santana e Herculano Pereira
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SOCIEDADE
Medalha do Mérito A Advocacia-Geral do Estado (AGE) e a Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais (Apeminas) entregaram, em 6 de março, a Medalha do Mérito da Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais, na sede da AGE, em Belo Horizonte. Foram condecorados os procuradores do Estado João Lúcio Martins Pinto (membro nato e ex-presidente da APEMINAS) e Paulo Roberto Lopes Fonseca; além da ex-procuradora-geral do Estado e professora da Universidade Federal de Minas Gerais Misabel Abreu Machado Derzi. Fotos: Dudua’s Profeta.
João Lúcio Martins Pinto, Misabel Derzi e Paulo Roberto Lopes Fonseca
Christiane Procópio, Mariah Brochado e Virgínia Kirchmeyer
Ivan Ludvice Cunha, Gustavo Carreira Machado, João Lúcio Martins Pinto e Jaime Villela
Gustavo Carreira Machado, Roney Torres e Ivan Ludvice Cunha
Marcelo Barroso, Ricardo Vilarim, Nathalia Domingues e Tercio Drummond
João Lúcio Martins Pinto, Onofre Batista Junior, Misabel Derzi e Paulo Roberto Lopes Fonseca
Clarissa Elói e Daniel Cabaleiro
Marconi Saldanha e Juliana Horta
Leonardo Vidigal, Saulo Carvalho, Maria Cecília de Almeida, Max Galdino e Wendell Tonidandel
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SOCIEDADE
Tem que malhar Fabiana Almeida e Ricardo Lanna, sócios da BH Fitness, inauguraram mais uma unidade da academia, no Gutierrez. O espaço conta com equipe altamente qualificada, equipamentos de última geração e ambiente climatizado, garantindo maior conforto e satisfação dos alunos. Para conhecer mais da academia basta acessar o site www.bhfitness.com.br. Fotos: Renata Caldeira. Luis Ricardo Salles Moura, Ricardo Lanna, Fabiana Almeida Sollero e Juvenal Almeida
Ricardo Lanna, Andréia Isidoro, Luis Ricardo Salles Moura e Dilma Salles
Juvenal Almeida e Fabiana Almeida Sollero
Equipe BH Fitness
Beleza
Com um coquetel de inauguração, Gustavo Cirino e Flavia Oliveira receberam convidados para o lançamento do salão de beleza LOFT. Um espaço aconchegante e serviços com padrão internacional pronto para atender seus clientes com qualidade. O salão oferece cabeleireiro, manicure e pedicure, depilação, design de sobrancelhas, maquiagem, estética facial e dia da noiva. Funciona de segunda a sábado, das 8h às 19h, no Buritis. Acesse: instagram:@loftgustavocirino. Fotos: Dudua’s Profeta.
Gabriela Sampaio e Mariana Noronha
Viviane Ferreira, Denise Rodrigues, Gustavo Cirino, Flávia Oliveira, Rafaela Luiza e Juliana Ribeiro
Marisa Regatos, Magda Regatos, Sandra Regatos e Sérgio Regatos
Silvinha Motta, Flávia Oliveira, Juliana Ribeiro e Isabela Martins
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SOCIEDADE
União de talento O que era bom ficou melhor. Leonardo Marques e Bolinha (Rômulo), dois nomes conhecidos e donos de tradicionais bares da cidade, uniram-se e formaram o Bartiquim Gonzaga. A inauguração da casa, em Lourdes, mostrou que a ideia foi aprovada. O espaço funcionará de terça a domingo. Fotos: Renata Caldeira.
Régis Souto, Jane Ávila e Jeferson Rios
Carlos Hoffmann e Cleuza Hoffmann
Leonardo Marques, Eduardo Maya e Bolinha
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Inara Trajano, Leonardo Marques, Júlia Batista, Bolinha e Maurilene Sueli Batista
Padre Fernando, Inara Trajano e João Eustáquio Pinto
Giuliana Azevedo, Renata Jacques e Sonia Jacques
Michelle Silva e Marcio Braz
Marcílio Cruz e Eder Mascarenhas
Soraya Reis, Serginho, Robson Leite e Eloara Bahia
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ARTIGO | LEILA FERREIRA lferreira@editoraencontro.com.br
Vida: modos de usar Há lugares que nos desconcertam pela beleza. E, como não cabem no espaço estreito das palavras, saímos deles com a certeza de que jamais seremos capazes de descrevê-los. Hoje conheci um desses lugares: Cabo Espichel, em Portugal. Uma igreja, um mar feito de azuis infinitos, falésias assustadoras e o silêncio abençoado da (quase) ausência de turistas: morre aqui minha tentativa de descrever o indescritível. Quero falar apenas da conversa que tive com um português ali naquela ponta de continente – tão próxima de Lisboa e, ao mesmo tempo, tão remota. Um lugar onde o tempo parece ter seu próprio tempo – lento e inflexível. Encontrei João quando caminhávamos em direção ao farol do Cabo. Primeiro ouvimos um som suave, mas insistente, de guizos e aí avistamos dezenas de ovelhas pastando, debruçadas sobre o oceano Atlântico. Sentado numa pedra, vigiando o rebanho, estava João. Durante um tempo que não sei precisar, contemplei a imobilidade do pastor e o alegre ruminar das ovelhas. A música delicada dos guizos ali a poucos metros do abismo sobre o mar era hipnótica, e João, ele próprio, parecia hipnotizado. Fui me aproximando aos poucos, certa de estar invadindo um território particular, onde só caberiam o rebanho e o homem imóvel. Mas o português me acolheu com um sorriso calmo e, mineira que sou, puxei conversa. Ele falou de sua rotina: o dia que começa cedo, a ordenha das ovelhas, as horas nos pastos, a segunda ordenha no final da tarde e o fabrico do queijo, que seu patrão vende nos pequenos mercados da região de Sesimbra. João se levanta às cinco da manhã e vai se deitar às onze da noite. E quanto tempo costuma ficar ali sentado, sozinho, olhando o rebanho?, pergunto. “Umas longas horas”, o pastor responde. Descubro que as longas horas chegam a ser cinco por dia. Seus dois cachorros, companheiros de jornada, se aproximam: Rapaz e Rapariga. E ele conta que, para vencer as horas, se distrai “olhando os cães, as ovelhas, as plantas e o vento”. Olhar o vento?, indago. E ele: “Sim, o vento também me distrai”. No fim da conversa, pergunto a João se ele é feliz. Diz que sim, porque tem saúde e família. Então você acredita mesmo na felicidade?, insisto. E ele responde, sereno: “Se não acreditarmos nela, qual o sentido de andarmos por cá?”. Volto do passeio e ligo o computador para ver os e-mails do dia. Aparentemente, nada mais distante da cena bucólica do Cabo Espichel do que a avalanche de mensagens apressadas via internet. Mas, entre os e-mails não lidos, encontro um que me traz de volta a conversa com João, porque também fala de felicidade. Quem me escreve é a psicanalista Júnia Mendes Bretas, que decidiu reinventar a própria vida. Pouco antes de completar 50 anos, ela deixou a prática da psicanálise para investir na dança, sua grande paixão. Júnia se associou a um craque, Artur Assunção, e hoje eles têm uma escola com 450 alunos. Conversamos sobre essa mudança de trajetória num encontro que tivemos e agora Júnia me fala um pouco mais sobre o processo. Conta que tomou a decisão na véspera dos 50 anos para viver melhor aos 60, 70 ou 90. Diz que dançar quebra
“Se não acreditarmos na possibilidade da felicidade, fica difícil encontrar o sentido de estarmos aqui”
suas certezas e a faz se sentir como uma novata na vida. Dançando, e trabalhando com a dança, sente que vai minando suavemente suas defesas e se tornando mais apta a mudar e crescer. Não há paralisia de sentimentos. Não há estagnação. Não há tédio existencial. Júnia fala apaixonadamente sobre as histórias de vida que tem acompanhado – pessoas que contam com a ajuda da dança para superar perdas e enfrentar dramas cotidianos. E ressalta o quanto é bom compartilhar esses caminhos. Releio seu e-mail e concluo: é o depoimento de uma mulher feliz – ou de alguém que, como o pastor português, acredita na felicidade e a persegue. Ele, no seu contemplar estático, sentado numa pedra, ouvindo os guizos e o vento. Ela, na sua inquietação, sua fome de mudanças, seus deslocamentos. Júnia e João sabem que, se a gente não acreditar na possibilidade da felicidade, fica difícil encontrar o sentido de estarmos aqui, ou de “andarmos por cá”, como disse o pastor. E, cada um no seu quadrado, ou cada um com sua coreografia, os dois conseguem fazer da vida algo infinitamente mais palatável e possível. Não é pouco, definitivamente. Se não acreditar, qual o sentido de estarmos a andar por cá? Enquanto tiver saúde, digo que sou feliz olhando as árvores, pássaros, o vento... z *Leila Ferreira é jornalista, escritora e palestrante
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