ENCONTRO | ANO XIII
Fevereiro de 2015 | Ano XIII | Nº 165
Luiz Gustavo Lage e Sérgio Bruno Zech Coelho (de óculos), ex-atletas do clube e, respectivamente, atual e ex-presidente: graças à gestão profissional, o MTC é hoje o clube com melhor estrutura esportiva do Brasil
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NOVA ONDA: PATINS INVADEM RUAS E ESPAÇOS DE LAZER DA GRANDE BH
ISSN 1679-0146
BORA PRO MINAS FEVEREIRO 2015
Perto de completar 80 anos, abrigando atletas olímpicos de diversas modalidades, o Minas Tênis é hoje o maior clube esportivo do Brasil, com quatro sedes e 78 mil sócios
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ENTREVISTA Presidente da BHTrans pede paciência aos motoristas FERIADOS Turismo comemora e comércio reclama dos dias de folga DIVERSÃO Febre dos patins invade BH
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COLU NAS SEGURANÇA Moradores com medo de assaltos na cidade
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CIDADE Lagoinha aguarda por melhorias PAQUERA Mineiros aderem ao speed dating
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NO PODER Sucessão no PSDB DEU O QUE FALAR “Belo Horizonte se tornou conhecida para todos os alemães” RETRATOS DA CIDADE Castelinho do centro GENTE FINA Trio de peso COLUNA DE DIREÇÃO Só elétrico VIDA DIGITAL Uma ajuda que vem do céu ENCONTRO INDICA Rei Roberto Carlos volta a BH NA MESA Carnes nobres sobre rodas NA SOCIEDADE Paixão à primeira vista
ARTIGOS 16 84 146
ARISTÓTELES DRUMMOND Mineiros desde sempre dignos JOSÉ JOÃO RIBEIRO O monstro destruidor da corrupção LEILA FERREIRA Engordar sem culpa
Foto capa: Cláudio Cunha
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COMPORTAMENTO Agora é a vez do cigarro eletrônico METAS Dicas de como alcançar seu objetivos para 2015 NOVIDADE UFMG cria nova arma contra a dengue PET Leve seu bichinho para o trabalho NEGÓCIOS Grife alemã de malas abre primeira loja em BH DEZ PERGUNTAS PARA xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxx VEÍCULOS Conheça os melhores modelos lançados em 2014
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TURISMO 10 comemorações da Semana Santa no interior ARTES PLÁSTICAS Artista mineira explora o universo feminino em suas telas CULTURA BH tem agenda cheia de shows internacionais CAPA Minas Tênis chega aos 80 anos como maior clube do Brasil MODA Estilo boudoir afirma-se como tendência para a estação BELEZA Dicas de como manter o bronzeado por mais tempo MAQUIAGEM Selecionamos produtos ideais para o calor
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DECORAÇÃO Tapetes dão personalidade e sofisticação aos ambientes RECEITAS Aprenda a preparar pratos típicos do litoral GASTRÔ Veteranos se reinventam e abrem novas casas INVESTIMENTO Vila Árabe inaugura nono ponto em BH VINHO Conheça a versatilidade do jerez SOCIEDADE Bodas
Alexandre Rezende
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CARTA DO EDITOR revistaencontro.com.br
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Álvaro Teixeira da Costa
Édison Zenóbio Geraldo Teixeira da Costa Neto Josemar Gimenez Rezende Mário Neves Joaquim de Freitas
André Lamounier Neide Magalhães Kátia Massimo Paulo Paiva Fábio Doyle Aline Gonçalves Ana Cláudia Esteves Daniela Costa Geórgea Choucair Marina Dias Rafael Campos Amanda Aleixo Edmundo Serra Roger Simões Antônio de Pádua Bruno Schmitz Gustavo Paiva Júnior Oliveira Luciano Garbazza Roney Simões Cláudio Cunha Eugênio Gurgel Ana Luiza Kennedy Talita Santos Nayara Fagundes Lílian de Oliveira Anneth Faria Solange Rabelo Laila Soares Agata Utsch Andreza Braga Marcela Viana Myrta Lobato Shyrlei Roque Roberta Magalhães Cristiane de Marco Natália Santos Nicole Fischer André Lima Jaqueline Souza Thiago Henrique Editora Encontro
Alysson Lisboa Neves João Paulo Martins Fernanda Nazaré Bruna Sales Marcelo Fraga Heitor Antônio Plural Vip (31) 3342-5000 (31) 2126-8000 (31) 2126-8000
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CONFORME RELATÓRIO EM NOSSO PODER. ENCONTRO É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ENCONTRO IMPORTANTE LTDA. BELO HORIZONTE. RUA HAITI, 176, 3° ANDAR - SION 30320-140, BELO HORIZONTE - MG FONE: (31) 2126-8000 EMPRESA FILIADA À
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KÁTIA MASSIMO / EDITORA-CHEFE redacao@revistaencontro.com.br
Mobilidade e segurança Trânsito e segurança são dois problemas crônicos dos grandes centros urbanos. Por mais que os gestores públicos anunciem soluções, para os moradores da cidade a impressão é de que os resultados não são efetivos. Belo Horizonte, por exemplo, acaba de receber o prêmio Sustainable Transport Award 2015, junto com Rio de Janeiro e São Paulo, concedido pelo Institute for Transportation and Development Policy, de Washington (EUA), pela implantação de pistas exclusivas para ônibus e bicicletas. Não há dúvida de que o Move foi um avanço, mas também é inquestionável que a cada dia gastamos mais tempo para nos deslocarmos de um ponto a outro da cidade. E os congestionamentos não têm hora nem local para acontecer. Em entrevista nesta edição, o presidente da BHTrans, Ramon Cesar, admite que é impossível acabar com os congestionamentos, devido ao aumento da frota, que passa de 1,6 milhão. Ou seja, a tendência é piorar. Mas outras questões ajudam a parar a cidade. Obras em pontos estratégicos, manutenção de vias, corte de árvores e até blitzes são realizadas em horários pouco favoráveis, em vias de fluxo intenso. Não dá para esquecer as manifestações em frente à Prefeitura de BH, na avenida Afonso Pena. Os manifestantes tomam a principal via da cidade e as autoridades de trânsito se encarregam de tirar os motoristas do caminho. Não deveria ser o contrário? A falta de segurança também chegou a tal ponto que tem levado pessoas a atitudes drásticas. Em matéria sobre o assunto nesta edição, mostramos histórias que ilustram bem o sentimento de medo que tem tomado conta de vítimas ou de quem acha que a violência está mais próxima. “Vou sair do país”, disse um dos entrevistados, que teve a mulher e o filho assaltados recentemente, em sinal vermelho da avenida Nossa Senhora do Carmo. Outra pessoa entrevistada praticamente se “aprisionou” em casa e tem medo até de mostrar o rosto. Só aceitou ser fotografada de costas – o que não é praxe em Encontro, mas decidimos assim fazer, em respeito à situação. Em que pese a falta de estatísticas recentes sobre violência na cidade – por determinação do governador eleito, Fernando Pimentel, os novos secretários de estado só podem se manifestar ou divulgar dados sobre as pastas após 90 dias da posse –, o tema entrou na pauta deste mês por sugestão de leitores. Para corroborar, na segunda semana de janeiro também fui surpreendida por assaltantes armados em um estacionamento de um superCláudio Cunha mercado, na região da Pampulha. Em plena luz do dia, levaram-me o carro, a bolsa e a sensação de poder transitar com tranquilidade pela cidade onde nasci e cresci e onde crio meus filhos. De um minuto para outro, entrei nas estatísticas da violência em BH! Resolvemos fazer o alerta para sensibilizar autoridades e poder público. Quem sabe assim contribuímos para que outros cidadãos não passem pela mesma experiência de se sentirem impotentes diante de um bandido Trânsito no centro de BH: apesar dos investimentos em mobilidade, congestionamentos persistem armado. ❚
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Desenhos de caráter artístico e ilustrativo. O mobiliário e os equipamentos não fazem parte do memorial descritivo. Os materiais e cores representados poderão sofrer alterações ao longo do projeto da construção em função da disponibilidade dos mesmos no mercado. *Comprando o apartamento no período entre 23/1 e 16/3/2015, o adquirente ficará isento das despesas ordinárias de condomínio durante 1 ano (12 meses) a partir da data da Assembleia de Instauração do Condomínio. A Patrimar arcará com essas despesas, ficando o adquirente obrigado apenas a pagar fundo de reserva e taxas extraordinárias durante o referido período, se houver. Consulte condições completas com nossos corretores. Inc. Reg. R-5 n° 124.565 do 1° CRI de BH-MG. Creci Patrimar: 8098.
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FALE COM A ENCONTRO | CARTAS@REVISTAENCONTRO.COM.BR (31) 2126-8000 MINEIROS DE 2014 I
Valorizar os cidadãos que realmente fazem a diferença em nosso estado é contribuir para a construção de um país melhor para as gerações futuras. Afonso Melo Nova Lima/MG
MINEIROS DE 2014 II
Realmente o café produzido no Alto Caparaó é muito, muito bom. Parabéns, Clayton Monteiro. Eulalia Rocha de Lacerda Belo Horizonte/MG
QUESTÃO DE PELE
Parabéns por mais uma excelente matéria de utilidade pública. Eu usava o mesmo sabonete para o corpo e o rosto e agora aprendi que isso não é o ideal.
Osmar Macedo de Freitas Belo Horizonte/MG
TEM DE MANEIRAR
Muito interessante o alerta levantado pela matéria. No último fim de semana tive uma contusão na panturrilha e estiramento. Estou fazendo sessões de fisioterapia. O texto serve de alerta para a gente evitar lesões. Parabéns!
Aloisio Eleutério Belo Horizonte/MG
EDIÇÕES ANTERIORES EDIÇÃO 163
SÓ FALTA A TOMADA I
Agora imaginem o Brasil com incentivos fiscais para o carro elétrico. Já pensaram
na avalanche de compradores? Já pensaram que não temos infraestrutura de eletricidade para suportar a demanda? Ficaríamos no escuro! José Maria Soares Belo Horizonte/MG
SÓ FALTA A TOMADA II
Seguramente, somente após o esgotamento de todas as reservas petrolíferas do Brasil que o país passará a implementar uma política de incentivo à energia limpa veicular. Vantuir Francisco de Paula Itaúna/MG
SALTO PARA O FUTURO
O projeto aerotrópole é ótimo e inteligente. Porém, onde está a conexão com os trens?
A VITÓRIA DO FUTEBOL MINEIRO
Gostaria de retratar o meu profundo desgosto pela opinião publicada sobre o Cruzeiro. Não creio que a revista deva ter nenhum tipo de preferência desportiva. Felipe Figueiredo Souza e Silva Belo Horizonte/MG
ESPECIAL
QUEM É QUEM NO DIREITO
Recebi como uma homenagem a matéria sobre mim na revista. Meus sinceros parabéns pelo trabalho de muita qualidade produzido por toda a equipe, que resultou em uma excelente publicação. De minha parte, guardarei o exemplar entre meus documentos mais preciosos.
Marcelo Andrade São João del-Rei
Amanda Flávio de Oliveira Brasília/DF
ERRAMOS O local do bate-papo com o fotógrafo Sebastião Salgado foi o Grande Teatro do Palácio das Artes e não a Grande Galeria, como foi publicado na matéria ‘A Todo Vapor’
Fale com a Revista ENCONTRO: Comentários sobre o conteúdo editorial da Encontro, sugestões e críticas a matérias: R. Haiti, 176, 3° andar - Sion - CEP : 30.320-140, Belo Horizonte, MG | E-mail : cartas@revistaencontro.com.br. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço do autor. Por motivo de espaço ou clareza, elas poderão ser publicadas resumidamente. PARA ANUNCIAR: R. Haiti, 176, 3° andar - Sion - CEP: 30.320-140 - Belo Horizonte, MG | Tel: (31) 2126-8000 | Fax: (31) 2126-8008 RELEASES: redacao@revistaencontro.com.br | Fax: (31) 2126-8781 | ASSINATURAS: Tel: (31) 2126-8770
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Responsável Técnico: Dra. Erika Corrêa Vrandecic - CRMMG 28.946
ENCONTRO DIGITAL | ROLOU NA REDE Alexandre Rezende
SEGUNDO CIENTISTAS, FIM DO MUNDO ESTÁ PRÓXIMO Criado em 1947, o chamado Relógio do Juízo Final foi adiantado em 2015 e está a três minutos do apocalipse, de acordo com o Boletim de Cientistas Atômicos. Leia a matéria na íntegra em: http://goo.gl/ljCtJc
CRIANÇA PODE SER TRANSGÊNERA? Filha de Angelina Jolie “vira menino” e reacende a discussão sobre a transexualidade. Leia a matéria na íntegra em: http://goo.gl/LTY3gr
CONHEÇA O CAPITÃO SENRA Ele tem 83 anos e é um símbolo dos apaixonados pelas motocicletas HarleyDavidson em Belo Horizonte. Leia a matéria na íntegra em: Leia a matéria na íntegra em: http://goo.gl/EEXeg4
Arquivo Pessoal
TE ENCONTRO
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O próximo desafio: Encontro Carnaval. Tire uma foto com o tema, publique no Instagram e compartilhe com a hashtag #encontrocarnaval. Se a sua foto for escolhida, ela será impressa na próxima edição da revista Encontro. Participe! A foto vencedora do tema #encontromineirosemferias foi da Paula de Oliveira @uaiquecharme. Parabéns!
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ENTOS COMPARTILHAM
Fim do mundo está mais próximo, diz Boletim de Cientistas Atômicos
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De capitão do exército a marca de cerveja
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Extintor veicular do tipo ABC passa a ser obrigatório
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Filha de Brad Pitt e Angelina Jolie “vira menino” e renova debate sobre transgênero
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Qual o meio de transporte mais seguro?
Insta
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ARTIGO | ARISTÓTELES DRUMMOND adrummond@editoraencontro.com.br
Mineiros desde sempre dignos Minas Gerais tem uma marcante presença na história nacional, desde o Império. Não apenas nos movimentos políticos, na forte presença de seus filhos nos 49 anos do reinado de Pedro II, na construção da República, desde Afonso Pena, Wenceslau Brás, Arthur Bernardes, a Revolução de 30, com Antonio Carlos de Andrada e Virgílio Mello Franco, entre outros. Na redemocratização, foi o Manifesto dos Mineiros, no desenvolvimento com otimismo foi com JK, na garantia da ordem e da democracia com Magalhães Pinto e na volta à normalidade democrática com Tancredo. Mas foi sempre fator de crescimento e desenvolvimento, com o ouro, o ferro, a agricultura e a energia. Minas é peça importante na formação da nacionalidade. Recentemente, voltou-se a remexer na história moderna, com ataques radicais a tudo o que pudesse se relacionar com o chamado período militar. O que se passou, no certo como no errado, foi fruto da época que vivíamos, inclusive, fora do Brasil, com movimentos de alta agressividade nos vizinhos Argentina e Uruguai – tivemos um diplomata sequestrado de forma vil –, até na Europa, com os eventos de maio de 68 e a ação dos cruéis comunistas italianos. Mas, lá como cá, o passado é o passado e vivemos um novo mundo, mais amadurecido, embora com surtos chocantes vindos do Oriente. É preciso um basta no ressentimento, no revanchismo, na divisão. Paris mostrou que o mundo quer paz. No caso mineiro, por uma questão de dignidade, não se pode deixar pairar dúvidas sobre a correção de caráter, dedicação à causa pública e à democracia, dos governadores do período, desde o líder civil do movimento de 1964, Magalhães Pinto, a Israel Pinheiro, eleito pela oposição, mas fundador da Arena. Assim como Rondon Pacheco, vivo e respeitadíssimo em suas aparições públicas, Aureliano Chaves de Mendonça, Osanan Coelho e, por fim, Francelino Pereira, dedicado presidente da Arena nacional e governador indicado pelo presidente Geisel. Homens de bem e do bem. Ao lado dos citados, a lista de ministros é imensa, pelo apreço que os militares sempre demonstraram às qualidades do homem público mineiro, com figuras admiráveis como Ibrahim Abi-Ackel, Pedro Aleixo, Milton Campos, Elizeu Rezende, José Israel Vargas, Murilo Badaró, João Camilo Pena, Alisson Paulinelli. Todos de mãos limpas e relevantes serviços prestados nas missões recebidas. Naqueles conturbados anos, vale lembrar, as opções equivocadas de alguns jovens provocaram reações violentas, com excessos em ambos os lados, como, aliás, ocorre nestes casos desde que o mundo é mundo. Jovens que se excederam acabaram convertidos ao convívio democrático depois da anistia generosa de João Figueiredo. A presidente da República faz parte desse grupo. Mas, na defesa da abertura do regime, na antecipação do retorno à normalidade, no Congresso Nacional, Minas esteve presente com algumas de suas melhores cabeças, como Tancredo Neves, Itamar Franco, José Aparecido de Oliveira, Genival Tourinho, Leopoldo Bessone.
“Vivemos um outro momento. É hora de olharmos para a frente, de reconhecermos que nada temos a condenar nos homens do passado”
Seria injusto omitir a postura digna dos chefes militares, muitos mineiros, desde os responsáveis pela Revolução, Olímpio Mourão Filho e Luís Carlos Guedes, como os demais comandantes das forças armadas em Minas Gerais. Nunca faltou entrosamento entre as forças vivas da vida mineira, incluindo o que de melhor existia no seu empresariado. Vivemos um outro momento. É hora de olharmos para a frente, de reconhecermos que nada temos a condenar nos homens do passado, que todos agiram pensando no Brasil. Em meio a imensa crise, seria postura menor a futricaria típica dos países que ainda não atingiram a maturidade cultural e democrática. Nada de pedras no passado, mas, sim, para a construção de um futuro melhor para todos. É preciso que, entre os sofridos com eventos de sangue, tenham a grandeza de pensar no futuro. Não conseguirão apagar da história o valor dos que serviram aos militares Os exemplos de correção estão muito vivos e consolidados na alma mineira. Assim como o idealismo dos que se deixaram levar pelos patronos da chamada luta armada. ❚
*Aristóteles Drummond é jornalista e escreve bimestralmente na Encontro
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NO PODER | BERTHA MAAKAROUN bmaakaroun@editoraencontro.com.br
AGRESSÕES À MULHER... Só em Minas são 88 mil processos de violência contra a mulher, dos quais 45 mil nas quatro varas especializadas de Belo Horizonte. Na prática, são 88 mil mulheres vítimas de agressões domésticas, o equivalente à população de uma cidade do porte de Nova Lima. Pelo país afora, os números são assustadores. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, a cada seis minutos, uma mulher é agredida no Brasil, o que coloca o país em sétimo lugar no ranking daqueles onde mais se cometem crimes contra a mulher no mundo. Na última década, cerca de 44 mil mulheres foram assassinadas. No primeiro ano de vigência da Lei Maria da Penha, em 2007, as taxas sofreram um decréscimo, mas os números voltaram a subir nos anos seguintes. Gervásio Batista / SCO / STF / Divulgação
SUCESSÃO NO PSDB Os deputados federais tucanos Paulo Abi-Ackel, Domingos Sávio e Rodrigo de Castro são os mais cotados para assumir o comando do PSDB mineiro em abril. O atual presidente, Marcus Pestana, que já foi reeleito, não pode ser reconduzido. Já na eleição para a presidência municipal do partido, no mês que vem, a tendência é de que o deputado estadual João Leite seja reeleito. Cláudio Cunha
Juarez Rodrigues / EM / D.A Press
...E A PAZ NO LAR Preocupada com a violência crescente, especialmente em relação à mulher, a vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Rocha, articula, desde o ano passado, com os presidentes dos 27 tribunais de justiça dos estados e do Distrito Federal, com representantes dos ministérios públicos e de órgãos encarregados da matéria, a campanha Paz no Lar. Trata-se de dar resposta urgente às famílias atingidas, com mobilizações judiciais para agilizar os julgamentos de crimes e lesões contra mulheres. Em março, agosto e novembro – respectivamente mês internacional da mulher, aniversário da Lei da Maria da Penha e mês em que a Organização das Nações Unidas (ONU) celebra dias de ativismo contra a violência de gênero –, os juízes priorizarão os julgamentos dessas ações. “É insuportável para a sociedade continuar convivendo com a violência que começa dentro de casa”, afirma Cármen Lúcia. O ramo da oliveira será o símbolo da campanha e a sua cor, verde, iluminará prédios da Justiça país afora. “Justiça e esperança na paz, é o que queremos”, afirma a ministra.
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Dênis Medeiros
OLIMPÍADAS EM MINAS Além de receber delegações interessadas em se preparar para os jogos de futebol em Minas Gerais, Belo Horizonte está credenciada a ser uma das cidades-sede do futebol masculino e feminino durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Também se credenciaram para receber jogos de futebol as cidades de Brasília, São Paulo e Salvador. Minas Gerais possui 16 centros de treinamento habilitados em nove cidades. As delegações da Grã-Bretanha e da Irlanda já confirmaram Belo Horizonte e Uberlândia, respectivamente, como locais de preparação.
DESERÇÕES NA OPOSIÇÃO Os tucanos esperavam um pouco mais de 30 deputados estaduais na oposição ao governo Fernando Pimentel (PT). Mas na prática – e pelo momento – apenas 22 se inscreveram no bloco: além do PSDB, o DEM, o PTB, o PDT e o PP. As consideradas “traições” vieram de onde menos se esperava: de ex-secretários de estado nos governos Aécio Neves (PSDB), Antonio Anastasia (PSDB) e Alberto Pinto Coelho (PP) e de partidos “ex-fiéis aliados” como o PPS, o PSB e o PSD. Não será espanto se também o PDT engrossar o coro da situação. Para isso trabalha o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
AULA DE SIMPLICIDADE Convidado a participar da festa de 35 anos do PT, em Belo Horizonte, o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, não se valeu dos canais diplomáticos para entrar no país. Enfrentou a fila e passou pela Polícia Federal. Nada a estranhar para esse ex-guerrilheiro marxista que no comando do país rejeita os benefícios do cargo: recusou-se a viver no palácio presidencial, dispensa qualquer cortejo motorizado e vive em uma casa de apenas um quarto, fazendo questão de dirigir o próprio Fusca de 1978.
BEZERRO DE OURO O deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB) assume a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, pasta com orçamento anual médio de R$ 400 milhões. “A estrutura é precária, sobretudo pela falta de pessoal”, afirma, antes de anunciar: “Esta secretaria deixará de tratar o licenciamento ambiental como um fim em si e passará a instituir a variável ambiental no desenvolvimento econômico”. Parece estratégia óbvia? Sim, mas segundo ele, nos últimos anos, o licenciamento ambiental tomou um “status sacralizado”, como uma espécie de bezerro de ouro. “O foco deixou de ser o meio ambiente e passou a ser o licenciamento, Ramon Lisboa-EM-D.A Pres
que, em verdade, é instrumento de gestão para a melhoria da qualidade ambiental”, afirma. “À exceção de poucos municípios que têm convênio com o estado, até posto de gasolina é licenciado pela secretaria”, critica o novo secretário. Ao mesmo tempo, de acordo com ele, investimentos acima de R$ 300 milhões, com grande impacto ambiental, nunca tiveram o licenciamento negado. “É preciso reorganizar o licenciamento”, diz ele, considerando esta uma das ações prioritárias, ao lado da mudança de concepção da pasta, que, assinala ele, pretende adotar ampla política de preservação de matas ciliares e das nascentes.
BOM COMEÇO O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Wellington Magalhães (PTN), começa bem o mandato: trabalha para a alteração do modelo de custeio dos mandatos parlamentares. Sai a tradicional verba indenizatória – no valor de R$ 15 mil mensal por gabinete –, com a qual cada vereador compra o que deseja para o exercício do mandato. Em substituição, a Câmara passa a adquirir materiais, equipamentos e serviços mediante licitação. FEVEREIRO DE 2015
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DEU O QUE FALAR | FERNANDA NAZARÉ
“Belo Horizonte se tornou conhecida para todos os alemães” HARALD KLEIN, cônsul geral da Alemanha, durante a entrega da camisa autografada pelos jogadores da seleção alemã, que golearam o Brasil por 7 a 1. A “relíquia” ficará exposta no Museu Brasileiro de Futebol, no Mineirão. Que lembrança!
“Exijo respeito por ser Fabiana Marcelino Claudino, cidadã, um ser humano” FABIANA MARCELINO, capitã da seleção brasileira de vôlei, desabafando sobre o racismo sofrido durante um jogo em BH
“Vaidade é a última coisa na minha vida agora. Só imploro para ter minha saúde de volta” CELSO SANTEBANES, mineiro conhecido como Ken Humano, sobre as plásticas que fez para ficar igual ao boneco. Além de uma infecção por aplicação de hidrogel nas pernas, o rapaz desenvolveu um quadro de leucemia
Patricia Secco/Divulgação
“Este é meu irmão” DAVE GROHL, líder da banda Foo Fighters, durante a apresentação de seu cover mineiro na Esplanada do Mineirão. Rafael Giácomo trocou de lugar com o vocalista e enganou a plateia durante a música Breakout
“Jogador de futebol é igual absorvente; usa e joga fora” NÚBIA ÓLIVER, modelo mineira, que ficou conhecida após um affair com os jogadores Edmundo e Alex Silva
Colaborou Amanda Aleixo
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ENTREVISTA | RAMON CESAR Alexandre Rezende
"OS MOTORISTAS Sテグ ANSIOSOS" 22 |Encontro
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Presidente da BHTrans admite que os congestionamentos em horários de pico são inevitáveis e diz que a empresa trabalha para estimular o belohorizontino a deixar o carro na garagem e aprender a utilizar o transporte público
shington (EUA), ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro, devido à implantação de vias exclusivas para ônibus e bicicletas. Nesta entrevista, ele fala sobre os projetos de estacionamento subterrâneo e rotativo digital que serão implantados até o próximo ano, além de outras ações que buscam incentivar o belo-horizontino a deixar o carro em casa e investir no transporte coletivo.
QUEM É RAMON VICTOR CESAR 58 anos ORIGEM Lagoa da Prata (MG)
RAFAEL CAMPOS
Belo Horizonte já ultrapassou a marca de 1,6 milhão de veículos nas ruas e avenidas. E o resultado disso é o que se vê no dia a dia: congestionamentos para todos os cantos, não raras vezes fora do horário de pico. A espinhosa tarefa de lidar com esses e outros problemas de mobilidade urbana é de Ramon Cesar, presidente da BHTrans, empresa lembrada nem sempre de maneira positiva – e não é difícil entender o porquê. As frequentes mudanças no trânsito parecem surtir pouco efeito na redução dos engarrafamentos. Mas Ramon pede paciência. “Os motoristas têm de entender que toda mudança na engenharia de tráfego tem um período de consolidação e maturação, para depois entrar em operação e no regime correto”, diz. E vem mais por aí. O hipercentro sofrerá outras mudanças significativas neste ano. Segundo Ramon, tudo para aumentar o tempo de travessia do pedestre e a circulação dos coletivos do Move, a menina dos olhos da empresa. Mesmo diante da enxurrada de reclamações e questionamentos, há quem considere o trânsito de BH sustentável e modelo para outros lugares. Prova disso é o recente prêmio concedido à cidade: o Sustainable Transport Award, em Wa-
FORMAÇÃO Engenheiro civil, doutor em geografia econômica (PUC Minas), especialista em engenharia econômica pela Fundação Dom Cabral e em planejamento de transporte pela UFMG CARREIRA Foi assessor especial da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, gerente executivo do Projeto Estruturador Proacesso e coordenador técnico executivo do Plano Estratégico de Logística de Transportes de Minas Gerais. Exerceu funções técnicas e gerenciais no DER-MG, na extinta Metrobel, na Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e na Assessoria Técnica do Gabinete do Vice-governador do Estado
Quando vejo uma estação vandalizada dói muito, pois estamos investindo dinheiro público e o cidadão destrói, picha...”
ENCONTRO – A BHTrans anunciou recentemente intervenções no trânsito no hipercentro de BH. Quais são as ideias para a região? RAMON CESAR – É o programa Mo-
bicentro. Começamos no ano passado, quando mudamos o tráfego na praça Afonso Arinos, nas interseções da Afonso Pena, Carandaí e Guajajaras. Em todas elas, tivemos dois objetivos: melhorar o tempo de sinal verde para o pedestre e a circulação do BRT/ Move. As mudanças na avenida Afonso Pena que estão por vir seguem a mesma linha. A primeira, na praça Sete, visa, sobretudo, dar maior tempo de travessia para o pedestre, onde registramos o maior volume de pessoas. Vamos proibir conversões à direita. A mesma coisa na avenida Afonso Pena com rua Tupinambás e São Paulo. Aparentemente, o carro vai dar uma volta a mais, mas ele vai gastar menos tempo no caminho. Na Afonso Pena com Espírito Santo e Tupis, vai acontecer a mesma coisa. Ao longo dos anos, fomos comendo o tempo dos pedestres na travessia para beneficiar os carros. Agora, temos tecnologia de controle semafórico para corrigir esse tempo. Mas isso vai resolver os constantes congestionamentos na cidade, que ocorrem até mesmo fora do horário de pico?
Isso vai amenizar, ao longo do dia. Mas evidentemente que nos horários de pico o congestionamento é inevitável e isso existe de Nova York à Cidade do Cabo. Os motoristas têm reclamado muito...
Os motoristas são ansiosos e demonstram uma agonia diante das FEVEREIRO DE 2015
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ENTREVISTA | RAMON CESAR mudanças. As pessoas começam a dizer que as intervenções vão dar errado, que determinada intervenção foi mal planejada, mas pergunte se alguém tem alguma reclamação sobre aquelas mudanças na Afonso Pena com Guajajaras, executadas no ano passado? Depois, todos percebem que melhorou e nem se lembram mais que era diferente. Os motoristas têm de entender que toda mudança na engenharia de tráfego tem um período de consolidação e maturação para depois entrar em operação e no regime correto.
lor e abrem. Isso, de maneira continuada, provocou um estrago rápido desse sistema. Estamos trabalhando há dois meses para corrigir. Agora, no último aditivo contratual, repassamos para a Transfácil, empresa concessionária, a responsabilidade da manutenção das portas. Para eles, como empresa privada, é muito mais fácil contratar serviços. Entretanto, vale ressaltar que a porta ali é um serviço a mais, pois existem BRTs no mundo e muito qualificados que não contam com a porta, como é o caso do metrô. É um conforto a mais, mas, já que oferecemos, tem de funcionar.
Esta é uma característica do motorista belo-horizontino?
É muito difícil afirmar isso, já que não temos elementos científicos para traçar um perfil desse motorista, mas são impacientes. Também percebemos que há muitas pessoas que abusam, por exemplo, do jeitinho brasileiro. É o caso da famosa fila dupla na porta das escolas. Entra ano, sai ano, gastamos tempo e dinheiro para fazer campanhas que mudam pouco a situação. O Move está prestes a completar um ano. Se for para colocar na balança, o que mais pesou? Problemas ou benefícios?
Sem dúvida, os benefícios. Tivemos e ainda temos problemas. Mas estamos transportando aproximadamente 500 mil passageiros por dia, ou seja, um terço de todas as pessoas que utilizam o sistema de transporte municipal. Com todos os problemas, ainda é uma mudança extraordinária, sem falar no conforto de pagar antes de embarcar numa plataforma do mesmo nível do ônibus. Outra vantagem é que o coletivo segue na maior parte do percurso em pista exclusiva. Mesmo com baldeações, conseguimos reduzir o tempo de viagem de quem usa o transporte coletivo em 50%. Há outro ganho importante, mas que as pessoas ainda não perceberam: a possibilidade de desembarcar numa estação e seguir em outra linha sem ter de pagar a segunda passagem. Assim, o Move aumentou as opções de cobertura geográfica das pessoas. 24 |Encontro
E quanto às estações vandalizadas? Além da insegurança, não representa um prejuízo aos cofres públicos?
No início, as pessoas dizem que as intervenções vão dar errado, que foram mal planejadas. Depois, todos percebem que melhorou e nem se lembram mais que era diferente” Mas existem alguns problemas, como as portas dos terminais, que ficam abertas 24 horas por dia. Não é um risco para os usuários?
Há nas estações uma botoeira de abertura emergencial da porta, mas tem sido utilizada pelas pessoas de forma inconveniente. As pessoas sentem ca-
Quando vejo uma estação vandalizada dói muito, pois estamos investindo dinheiro público e o cidadão destrói, picha... Chega a ser incompreensível. Nos terminais de integração, já estamos com segurança privada, que é um custo a mais e que no final volta para a sociedade. E nas 45 estações de transferência, estamos com a licitação em curso para contratar. Teremos segurança armada das 19h às 7h e durante o dia continuaremos com o apoio da Guarda Municipal. Então o Move melhorou a vida de quem utiliza transporte público, mas não houve impacto para quem utiliza carro?
Foi beneficiado também. Isso é percebido, por exemplo, na avenida Cristiano Machado, onde, durante três anos de obra, a pista era compartilhada por ônibus e carros. Hoje reduzimos os ônibus, liberamos espaço para o carro passar. Evidentemente, nos horários de pico, como já disse, o congestionamento é inevitável. Mas melhorou. Outros exemplos podem ser percebidos nas avenidas Antônio Carlos e Pedro I, onde as pistas de tráfego misto são generosas. Mas qual foi a redução do tempo de trânsito para os motoristas nas vias do Move?
Ainda não temos como quantificar essa redução de tempo.
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ENTREVISTA | RAMON CESAR A frota de BH já ultrapassou 1,6 milhão de veículos. E tende a crescer. O que fazer para evitar que a situação do trânsito piore?
renciamento do estacionamento nas cidades é muito importante. Se for dada uma oferta indiscriminada de estacionamento, o uso do transporte público não é incentivado.
Principalmente, intensificar campanhas para o uso do transporte público. Vamos fazer uma experiência na estação Pampulha, onde teremos 300 vagas para automóveis. O estacionamento será em sistema de rotativo, mas com um prazo maior. Estamos imaginando, num segundo momento, a possibilidade da compra casada do estacionamento e do ônibus, ou seja, o motorista poderá deixar o carro na estação e seguir utilizando o Move. É um pequeno teste, mas é uma experiência interessante. Há ainda um projeto de ciclovia de acesso às estações do metrô ou do Move para incentivar a pessoa a pedalar de casa para a estação e continuar o percurso com o Move ou metrô. Isso está sendo estudado.
Quanto a empresa arrecada com o talão de faixa azul? E para onde vai o dinheiro?
A arrecadação está em torno de R$ 20 milhões por ano e cobre os custos para confecção de talão e comissão do vendedor das folhas. Também é aplicada em nossos projetos de sinalização semafórica, vertical e horizontal, e em outras ações do sistema viário. E em relação às ciclovias, quais os projetos? Os belo-horizontinos podem esperar por mais ciclovias neste ano?
Há alguma ideia de estimular também as caronas solidárias, como já existe em São Paulo?
Elas até ganharam um nome mais sofisticado, mobilidade corporativa. São iniciativas que devem ter apoio do poder público, entretanto, seria mais interessante partir de uma determinada corporação. É o que acontece em São Paulo, onde num edifício sede de um banco os funcionários ganham incentivos para deixar o carro em casa ou não utilizá-lo nos horários de pico. O condutor pode ganhar um desconto no valor do estacionamento se levar mais pessoas com ele. Outro modelo é o carro compartilhado, ou car sharing. Há uma experiência em São Paulo, com prédios que oferecem frotas para serem compartilhadas entre os moradores a partir de agendamento prévio. A falta de vagas na cidade já é um problema crônico. Qual é a saída?
Vamos lançar neste semestre um edital de concessão do estacionamento subterrâneo, que será integrado ao estacionamento rotativo digital. E isso deve amenizar os problemas. No sistema tradicional de rotativo, por exemplo, temos um percentual de inadimplência bem expressivo, o que diminui a rotatividade das vagas. Nos26 |Encontro
“Hoje, reduzimos os ônibus, liberamos espaço para o carro passar, mas, evidentemente, nos horários de pico, os engarrafamentos são inevitáveis” sas pesquisas mostram que cerca de metade dos usuários do rotativo não tem utilizado talão de pagamento. Registramos muitos canos ainda. Sabemos que grande parte dos congestionamentos da cidade têm a ver com o percurso que é feito mais de uma vez no mesmo trecho, ao procurar a vaga. É como se o carro fosse multiplicado por três ou quatro no trânsito. O ge-
Tiramos nota 7 em 2014, pois nossa meta era fazer 100 km de ciclovia, mas fechamos com 70 km. Queremos até o fim do governo Marcio Lacerda chegar a 200 km de pistas. Estamos contando com verba de R$ 22 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com foco nas ciclovias que alimentam as estações de transporte. O Banco Mundial está doando 15 km de ciclovia para a cidade. O governador Fernando Pimentel disse que vai realizar uma consulta pública para saber da população o que ela quer do metrô. Isso pode atrasar ainda mais o processo de construção das outras linhas, que já se arrasta. Qual o impacto do futuro metrô para o trânsito da cidade?
Toda intervenção e melhoria do transporte público coletivo é fundamental e é o único remédio que faz efeito para minimizar os problemas. O metrô em BH é fundamental. Tanto é que, nos últimos anos, a PBH participou, com o governo estadual e federal, do encaminhamento dos projetos de engenharia nas linhas Calafate/Barreiro e Lagoinha/Savassi. É claro que todo processo de consulta pública é importante num regime democrático, mas acho interessante discutir com a população apenas os detalhes e durante a implantação dessas duas linhas que já estão com os projetos de engenharia concluídos. z
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RETRATOS DA CIDADE | RAFAEL CAMPOS rcampos@revistaencontro.com.br Fotos: Alexandre Rezende
O CASTELINHO DO CENTRO O corre-corre no centrão da capital mineira impede muita gente de notar algumas preciosidades. Uma delas está fincada na esquina da avenida Afonso Pena com rua Espírito Santo. O palacete Álvaro José dos Santos, mais conhecido como Castelinho, foi um dos primeiros imóveis tombados em BH. Sob sua marquise, no passado, tradicionais lojas atraíam grande público. É o caso da Chapelaria Londres, na década de 1940, ponto de encontro de homens refinados que não dispensavam o charme do acessório em estilo inglês. O edifício de dois pavimentos, construído em 1925, também foi residência do comerciante que dá nome ao imóvel. Hoje, todo esse glamour dissipou-se, mas os proprietários pretendem resgatar o clima do passado. A entrada, pela rua Espírito Santo, está sendo reformada e novas intervenções serão executadas em breve.
NIEMEYER NO SANTO AGOSTINHO Se você pensa que Oscar Niemeyer, o mais importante arquiteto brasileiro, deixou sua marca apenas na Pampulha, no centro administrativo do estado e na praça da Liberdade, está muito enganado. Na década de 1940, o então governador Benedito Valadares solicitou ao arquiteto o desenho de uma residência para o seu genro, João Lima Pádua. O imóvel foi erguido na esquina das ruas Bernardo Guimarães e Araguari, no Santo Agostinho. Hoje, no local, funciona uma cooperativa de médicos, contudo, não deixa de atrair os olhos de estudantes e pesquisadores da arquitetura. O desenho lembra muito a Casa JK, na Pampulha, também idealizada por Niemeyer.
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ARTE NA ESTAÇÃO Alguns dos moradores mais antigos do Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul, transformaram-se em protagonistas da exposição Memórias da Vila. O trabalho é de autoria do fotógrafo mineiro Guilherme Cunha e fará parte de um livro que vai contar as histórias do local e seus habitantes.
“A identidade de um lugar é formada pela vida de seus moradores”, diz Guilherme. As fotografias, em painéis que chegam a 4 m de altura, ficarão expostas nas estações de metrô Central, Calafate e São Gabriel, até 30 de abril. Os moradores terão muito mais do que 15 minutos de fama.
À ESPERA DA RESTAURAÇÃO Não é segredo para ninguém que os tradicionais cinemas de rua da cidade partiram desta para melhor, contudo, a situação de um deles deixa o coração de qualquer amante da sétima arte em ruínas. E é assim mesmo que se encontra o antigo prédio do Cine Candelária, na praça Raul Soares, esquina com rua Bias Fortes, no Barro Preto, região Centro-Sul. A restauração foi autorizada em 2012 por tratar-se de imóvel tombado, mas ainda não há previsão de início das obras. Segundo a Fundação Municipal de Cultura, a obra e o destino do espaço são de responsabilidade do proprietário. E o que é pior: a construção agora representa um risco para quem passa pelo local, já que a marquise está escorada por madeiras. FEVEREIRO DE 2015
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GENTE FINA | ANA CLÁUDIA ESTEVES aesteves@revistaencontro.com.br Samuel Gê
TRIO DE PESO
Foi ela quem deu o pontapé inicial em carreiras como a de Ísis Valverde e Natália Guimarães. Agora, a booker Sandra SaYão, de 46 anos, une-se ao ex-modelo internacional Raphael Alvim, de 31 anos, e ao empresário de moda John Kennedy Almeida, de 51 anos, para criar a Doze e mudar o perfil das agências em BH. “Chegamos para selecionar o que Minas tem de melhor a oferecer ao Brasil e ao mundo”, diz Raphael. A proposta é ter um núcleo artístico completo, não só de modelos para passarela e fotografia, mas profissionais para todos os âmbitos do mercado cultural. Boa notícia não só para os clientes, mas para os talentos, exóticos e bonitos de plantão.
DO SONHO PARA A AÇÃO
Rogério Sol
Na carteira de clientes do médico dermatologista Rodrigo Maia, de 40 anos, não faltam nomes da alta sociedade de BH. Mas ele quer abrir espaço na concorrida agenda para atender a uma clientela que não tem acesso à especialidade – ou precisa esperar meses por uma consulta. Foi pensando nisso que Rodrigo lançou o projeto Dermatologia para Todos, que prevê descontos de 70% no preço das consultas para quem não pode pagar o valor integral. “Quero compartilhar meu conhecimento de uma forma cada vez mais ampla”, diz. “Esse é um sonho que hoje se torna realidade.” O atendimento aos pacientes será na própria clínica, no Belvedere, em horário noturno, mas com a mesma equipe de profissionais, incluindo fisioterapeutas e psicólogos.
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Alexandre Rezende
NO TIME DO MINAS TREND As irmãs e sócias da marca Ecow, Silvia Drummond, de 30 anos, e Renata Drummond, de 33, vão entrar para o time de expositores da próxima semana de moda mineira, o Minas Trend, que acontece no Expominas em abril. Elas foram convidadas pela estilista Terezinha Santos, curadora do projeto Ready to Go – que em parceria com o Sindivest identifica jovens designers mineiros. “Hoje, a moda tem de ser pensada como negócio. A Ecow une o estilo ao business, duas características mais importantes para se manter nesse mercado”, diz a curadora, sempre atenta aos talentos que despontam por aqui. Fabio Battaiola/divulgação
NOVO CAMINHO Ele começou como apresentador de televisão, já fez participações em novelas globais, promoveu algumas das melhores festas do Rio de Janeiro, onde mora há quase 10 anos. Agora, aos 37 anos, o mineiro Ronan Horta, filho do renomado cirurgião plástico, o também Ronan Horta, resolveu se dedicar à música, uma de suas grandes paixões. “Tudo que é arte sempre me atraiu muito, mas descobri na música um foco para minha vida”, diz. Produzido por meio de Lei de Incentivo à Cultura, o CD Atleta do Rock in Roll, será lançado em São Paulo, onde com sua banda, a Ronan Horta & Os Legumes Psicodélicos, fará shows nos próximos meses.
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CIDADE | FERIADOS Fotos: Samuel Gê
Folgas de sobra
O servidor público Celso Renato programou três viagens, uma delas para a Europa: “Viajar é meu hobby. E os feriados ajudaram muito”
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Enquanto o turismo vibra com o calendário deste ano, comércio da capital já estima prejuízo de mais de R$ 1 bilhão com número de feriados GEÓRGEA CHOUCAIR
Assim que tomou conhecimento de que o ano teria muitos feriados, o servidor público Celso Renato Dutra Júnior não perdeu tempo. Tratou logo de programar três viagens, uma delas para a Europa. “Viajar é meu hobby. E os feriados ajudaram muito”, diz Júnior. Não à toa, a Associação Brasileira das Agências de Viagens de Minas Gerais (Abav-MG) está otimista. A expectativa é de que o setor cresça entre 20% e 25% em 2015. “Estamos apostando nos feriados”, diz Antônio da Matta, presidente da Abav regional. Segundo ele, o segmento cresceu abaixo do esperado em 2014 (cerca de 12%), em função da Copa do Mundo e eleições. Agora, é a vez de ir à forra. As agências de viagens também se anteciparam para oferecer pacotes específicos para cada feriado. Destinos como Argentina, Chile, Peru, Caribe e praias do Nordeste, especialmente Fortaleza, Natal e João Pessoa, são os preferidos. “As operadoras fazem parcerias com hotéis e companhias aéreas para baixar os preços”, diz o presidente da Abav. “No carnaval, é aplicada tarifa de alta temporada. Depois os valores tendem a cair.” A Master Turismo começou a organizar seus pacotes com um ano de antecedência, com o bloqueio de alguns voos. “Os profissionais liberais são os que costumam aproveitar ainda mais esses períodos”, diz Alexandra Peconick, gerente da Master. Em janeiro, a agência teve crescimento de 20% nas vendas, na comparação com mesmo período de 2014. “E a procura
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Dênis Medeiros
DIAS DE DESCANSO Os próximos feriados de 2015
• 03/04 – Sexta-feira (Paixão de Cristo) • 21/04 –Terça-feira (Tiradentes) • 01/05 – Sexta-feira
O casal Ramon Viana e Larissa Figueiredo marcou passagens e hotel com antecedência, mas ainda assim enfrentou dificuldades em razão da grande procura: “Para a Semana Santa, não há mais disponibilidade de cama de casal”, diz Larissa
(Dia do Trabalho)
• 04/06 – Quinta-feira (Corpus Christi) • 15/08 – Sábado (Assunção de Nossa Senhora/feriado municipal)
• 07/09 – Segunda-feira
(Independência do Brasil)
• 12/10 – Segunda-feira (Nossa Senhora Aparecida)
• 02/11 – Segunda-feira (Finados) • 15/11 – Domingo (Proclamação da República)
• 08/12 – Terça-feira (Imaculada Conceição /feriado municipal) • 25/12 – Sexta-feira (Natal)
deve crescer ainda mais depois do carnaval”, diz Alexandra. A Greentours também espera 20% de crescimento nas vendas em 2015, na comparação com o ano passado, segundo a diretora Flávia Fulgêncio. “As pequenas viagens ajudam a aquecer o mercado”, diz Flávia. Já a Belvitur garantiu fretamentos para todos os feriados. “As negociações começam
com oito a dez meses de antecedência”, diz a gerente Chrystiane Cintra de Oliveira. O casal Ramon Viana e Larissa Figueiredo também está com viagens planejadas. Apesar de organizarem tudo com antecedência, eles enfrentaram dificuldades na hora de fechar os pacotes. Se comparado com a primeira quinzena de janeiro, o valor da diária de hotel no Rio de Janeiro, durante a Semana Santa, subiu quase R$ 30. “E não há mais disponibilidade de cama de casal”, diz Larissa. Mas, se o calendário de 2015 trouxe alegria para muita gente e animou o turismo, o grande número de feriados preocupou o comércio. Com o esvaziamento das lojas, o prejuízo do segmento pode chegar a R$ 1 bilhão só na capital, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). “A maioria dos setores de comércio e serviços vai perder”, diz Bruno Falci, presidente da CDL-BH. “As pessoas que saem gastam fora daqui. Quando voltam, estão com o orçamento apertado.” Só no carnaval, com o fechamento das lojas – o expediente só volta ao meio-dia da quarta-feira de Cinzas –, a perda financeira fica próxima de R$ 190 milhões. Apesar de o carnaval ter começado a se tornar referência em Belo Horizonte, em função dos blocos, o balanço ainda é negativo, segundo Falci. “O comércio fica fechado. Os bares e restaurantes que abrem as portas podem ajudar a melhorar os danos, mas não conseguem evitar o prejuízo”, diz. “Cada feriado corrói em quase 10% a lucratividade do mês do comércio, independentemente do dia em que cai”, diz o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato Filho. Os mais prejudicados, segundo ele, são os lojistas do hipercentro e bairros. Para minimizar, o Sindilojas espera negociar com os comerciários a abertura das lojas em mais da metade dos feriados. “É para a cidade não parar”, diz Nadim Filho. O certo é que, desde 2012, não se viam tantos feriados com possibilidade de “enforcamento” como agora. Alegria de uns, tristeza de outros. z FEVEREIRO DE 2015
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Febre sobre rodas Os patins tomaram as ruas e espaços de lazer de BH. Listamos os locais indicados para a patinação na cidade DANIELA COSTA
Quem viveu em Belo Horizonte na década de 1990 certamente vai se lembrar da febre dos patins. Agora, essa mistura de lazer e atividade física está de volta em praças e ruas da cidade. Não é difícil encontrar pessoas de todas as idades deslocando-se sobre rodinhas, a qualquer hora do dia. Nas redes sociais, grupos ensinam técnicas e promovem encontros. Um deles é o BH Roller, criado por praticantes apaixonados, que já conta com mais
de 3 mil participantes, entre eles o instrutor de patinação Patrick Oliveira Bonnereau. “Nosso principal objetivo é unir todas as modalidades de patinação, priorizando a fitness, que é a mais praticada”, diz. O instrutor conta que é comum o aluno se lembrar de suas experiências de infância quando volta a patinar. No entanto, surpreende-se com o próprio despreparo ao tentar fazer alguma manobra. “Essa é uma atividade séria, que trabalha toda a musculatura e exige muita força do abdômen e pernas. Por isso, deve ser praticada de forma gradativa e com orientação”, diz. Além de melhorar o condicionamento físico, a patinação desenvolve as funções respiratórias e cardiovasculares. Mas requer cuidados, pois uma simples queda pode provocar graves fraturas. Por isso, os equipamentos de proteção, entre eles joelheira, cotoveleira, munhequeira e capacete, não devem jamais ser esquecidos. Originalmente criados no mode-
lo inline – com quatro rodas em uma única linha –, os patins foram modernizados e adequados às diversas modalidades. A mais comum é a fitness, praticada em parques, passeios, ruas e ciclovias, programa ideal para reunir amigos e familiares em uma divertida tarde de descontração. Aos 8 anos de idade, a pequena Júlia Dantas se arruma toda para se encontrar com o pai, o produtor de eventos Marco Aurélio Junior, de 43 anos. Vaidosa, combina roupas e acessórios com sua cor preferida, a rosa. E nem mesmo os patins fogem à regra. “Desde pequena, levo-a para andar de patins. Sem dúvida, esse hábito nos aproximou ainda mais”, diz o pai. O casal Marina Madeira, estudante, de 19 anos, e Frederico Andrande, técnico em segurança, de 30 anos, também é adepto da patinação. “Como ele me via sair sempre para patinar e não queria ficar para trás, acabou me acompanhando e hoje está adorando. Trouxe mais cumplicidade para nosso relacionamento”, diz Marina.
Alexandre Rezende
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Patrick Bonnereau, Alexandre Versiani, Poliana Bueno e Felipe Eduardo: eles participam de grupos que se reúnem nas redes sociais para ensinar técnicas e promover encontros de patinação
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Samuel Gê
MODALIDADES MAIS COMUNS Cada tipo de patinação exige piso e equipamentos adequados FITNESS - ideal para recreação, passeios em parques, ruas e ciclovias. O preço de patins para essa modalidade varia entre R$ 300 e R$1300 SLALOM - voltada para manobras em cones em pavimentos lisos. Os patins ideais devem ter as rodas centrais maiores que as das extremidades. O custo varia entre R$ 500 e R$ 2000 STREET OU AGRESSIVE – manobras de impacto, giros, deslize e saltos praticadas nas ruas - halfpipe ou skatepark. As rodas desse modelo de patins são pequenas e sua base tem uma abertura no meio para deslizar. O custo varia entre R$ 750 a R$ 1.990 Júlia Dantas aprendeu a patinar com o pai, o produtor de eventos Marco Aurélio Júnior: “Esse hábito nos aproximou ainda mais”, diz Marco Aurélio Paulo Márcio
SPEED - modalidade presente em jogos olímpicos, é uma competição de velocidade em circuitos fechados (pista ou indoor) ou de rua. Exige muita técnica e treino do patinador, requer treinamento específico, pois não há boa sustentação no tornozelo. Os patins utilizados assemelham-se a uma chuteira de futebol e as rodas são bem grandes. Custo a partir de R$ 2.000 ARTÍSTICO - modalidade de jogos olímpicos que consiste em realizar danças e apresentações estilo balé, sempre acompanhando uma música. Os patins para o artístico são projetados para uso em cimento liso ou tábua corrida. O custo varia entre R$ 800 e R$ 3.600 DOWNHILL - modalidade mais arriscada. A prática é feita em ruas com ladeiras, estradas e serras e os patinadores descem em alta velocidade. Exige equipamentos de segurança e roupas específicas. Os patins podem possuir até cinco rodas para gerar maior estabilidade. Custo médio de R$ 2.000 Divulgação
Trinta e cinco anos depois, a funcionária pública Simone Brunacci redescobriu o prazer dos patins: “Foi um grande desafio, mas trouxe uma gostosa sensação de autoconfiança e liberdade”
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CIDADES | LAZER LUGARES PARA PATINAR EM BH ESPLANADA DO MINEIRÃO Local espaçoso, pavimento seguro, infraestrutura com bebedouro, banheiro e restaurantes BOLA DO CABRAL Localizado em Contagem, na avenida Severino Balesteros. Piso adequado, mas sem infraestrutura PRAÇA JK Avenida Bandeirantes, piso linear para a prática, sem infraestrutura PRAÇA DA ESTAÇÃO O piso com blocos dificulta a prática do esporte
PRAÇA DO PAPA Apesar de não ser extensa, há rua fechada para o trânsito e o piso de asfalto é ideal para treinar descidas e subidas
ORLA DA LAGOA DA PAMPULHA Asfalto bom e o lugar é ideal para passeios de fins de semana. O único problema é o grande fluxo de pessoas
AVENIDA DOS ANDRADAS Apesar de o asfalto e o pavimento não estarem em boas condições, possui ampla extensão e espaço fechado para o trânsito PARQUE DAS MANGABEIRAS O piso é de pedras e terra. Por isso, é indicado apenas para uma prática street, agressive e downhill
Paulo Márcio
Marina Madeira foi quem ensinou a patinação ao namorado, Frederico Andrade: “Ele não queria ficar para trás, acabou me acompanhando e hoje adora patinar”, diz Marina
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CIDADE ADMINISTRATIVA Asfalto bom, mas acesso apenas aos domingos. A área é espaçosa e é possível treinar descidas
PRAÇA FLORIANO PEIXOTO O espaço é pequeno, com piso em bom estado. Porém, os canteiros dificultam o deslocamento
Pesquisas mostram que andar de patins a 20km/h promove a queima de seis calorias por minuto, o que equivale a 360 calorias por hora. Experiente, a instrutora de patins Poliana Bueno ressalta os benefícios, mas alerta: “Além de usar um equipamento adequado, o praticante deve observar se ele está causando pisada supinada (pés para fora) ou pronada (pés para dentro)”, orienta. Ambas as pisadas provocam muita dor e, por falta de conhecimento, muitas pessoas até desistem da atividade. Mais de três décadas depois, a funcionária pública Simone Brunacci, de 45 anos, redescobriu o prazer de patinar. Há dois anos começou a acompanhar alguns grupos de patinação pelas redes sociais e acabou criando coragem para participar. “Jamais me imaginei patinando na fase adulta, inclusive já sendo avó. Foi um grande desafio, mas que me trouxe uma gostosa sensação de autoconfiança e liberdade”, diz. Apesar dos vários pontos de patinação existentes em Belo Horizonte (confira quadro), a maioria improvisados, um dos grandes problemas é a disputa por espaço nas ruas com carros, motos e ciclistas. “Nem sempre somos respeitados e bem-vindos, e isso realmente dificulta a prática do esporte. Mas nada que nos faça desistir de fazer o que mais gostamos”, diz Poliana. z
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CIDADE | SEGURANÇA
Rotina de m A despeito da falta de estatísticas recentes sobre a criminalidade em BH, a sensação de insegurança vem crescendo em muitas regiões, colocando os moradores em alerta 40 |Encontro
PEDRO FERREIRA E RAFAEL CAMPOS
“Trabalho todos os dias para conseguir sair do país.” O desabafo é de um empresário que preferiu não se identificar, alarmado com a onda de assaltos que avança na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mulher dele e o filho, de 10 anos, foram vítimas de assalto quando esperavam o sinal abrir na avenida
Nossa Senhora do Carmo, em frente à entrada do aglomerado Morro do Papagaio, no Belvedere. Os assaltantes pediram para a mulher desligar o veículo e entregar tudo. O episódio ocorreu em dezembro, mas até hoje mulher e filho sentem os reflexos do drama vivido. Ficou o sentimento de medo. Como se não bastasse, o empresário diz ter ouvido de um policial o conselho de que, para proteger a família, deveria
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Eugênio Gurgel
Trevo do Belvedere, na avenida Nossa Senhora do Carmo: risco de assalto em congestionamentos e sinal vermelho
e medo contratar segurança privada. Consequência: carro blindado e todos recebendo ajuda de psicólogos. A polícia preferiu não comentar o conselho recebido da autoridade policial. O certo é que relatos de crimes têm sido cada vez mais comuns em toda a cidade e no interior. No Belvedere, um dos bairros mais valorizados da capital, com belas casas e prédios guardados por seguranças particulares, o medo de assalto vem mudando a rotina de
moradores. A empresária Rosângela Michel Oliveira, por exemplo, mora a um quarteirão do trabalho, mas já não tem mais o hábito de ir andando. “Saio da garagem do meu prédio com os vidros do carro fechados e só desço na garagem do prédio onde fica a minha empresa”, diz Rosângela. De janeiro a novembro do ano passado, os roubos em BH aumentaram 20,54% e, no estado, 22,25%. Os dados são do último balanço divulgado pela
Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que não apresentou os dados de dezembro, quando os casos de roubos e furtos são maiores em função do pagamento do 13º salário e grande movimentação de pessoas nas ruas, motivadas pelas compras de Natal. Um dos desafios do novo secretário da Seds, Bernardo Santana, é reverter a situação, mas ele somente vai falar dos planos depois de passados 90 dias do governo Fernando Pimentel (PT), atendendo ordem do próprio governador. Enquanto isso, pessoas como Rosângela sentem-se aprisionadas em casa ou no local de trabalho. A preocupação aumentou depois que ela viu uma vizinha sendo assaltada, em plena luz do dia. “Saí da portaria e passei pela moça. Depois, fiquei sabendo que homens armados desceram de um carro e a renderam”, conta Rosângela. “Era ela ou eu.” Apesar de morar perto de supermercados, farmácia e academia, Rosângela usa o carro para ir a qualquer desses lugares. Segundo ela, os moradores estão cansados de reivindicar a presença ostensiva da Polícia Militar. “Não vejo policiais nas ruas”, diz. Segundo o major Olimpio Garcia, subcomandante do 22º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela área, duas viaturas fazem patrulhas exclusivas na região, 24 horas por dia. “E nos próximos dias vamos intensificar as ações da rede de vizinhos protegidos, com ajuda de aplicativos e smartphones”, diz. Segundo o policial, no final de 2013, houve um boom de assaltos no bairro, que foram controlados no ano seguinte, depois da prisão de gangues de assaltantes. “Conseguimos reduzir os índices de crimes violentos em 60% na região”, disse o major. Outros suspeitos de assaltos a pedestres, motoristas e ataque a ônibus já foram identificados e estão sendo procurados. Entretanto, a sensação de insegurança persiste. Quando chega a noite e o último filho fecha a porta voltando da rua, a paisagista Sílvia Helena Schwartz Sachectto, outra moradora do Belvedere, respira aliviada. “Eu penso: graças a Deus, está todo mundo em casa. Estamos vivendo assim”, diz. Na rua, a paisagista conta que vive o tempo todo sobressaltada. “Você tem de FEVEREIRO DE 2015
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CIDADE | SEGURANÇA Eugênio Gurgel
Ubirajara Pires, presidente da Associação do Amigos do Belvedere: “Os assaltos aumentaram na cidade inteira, e isso é um problema maior, chamado impunidade”
ir ao banco e fica desconfiada de todo mundo. Você tem de ir à padaria, ao supermercado, e o tempo todo fica olhando se alguém vai abordá-lo. Você vai ao caixa eletrônico, faz tudo sob tensão. Não sabemos a reação de quem está ao nosso lado. Hoje, não tem mais aquele estereótipo de bandido, qualquer um pode ser assaltante. O tempo todo fico pensando se alguém está me observando. Estou vivendo uma paranoia”, diz a paisagista. Esse sentimento pode trazer inúmeros transtornos para as pessoas, segundo a coordenadora do mestrado de promoção à saúde e prevenção à violência da UFMG, Elza Machado de Melo, do Departamento de Medicina Preventiva e Social. “É um grave problema que vai gerando vários outros, afetando principalmente a saúde. Podem surgir doenças relacionadas à saúde mental”, diz. Segundo a especialista, as pessoas vão deixando as ruas desertas, pois se trancam em casa e condomínios fechados, 42 |Encontro
Dênis Medeiros
A empresária Rosângela Oliveira e a paisagista Silvia Sachectto, que só se sentem seguras quando estão trancadas em casa e preferem não mostrar o rosto: “Estou vivendo uma paranoia”, diz Silvia
e ficam ainda mais desprotegidas quando saem às ruas. “Criamos muros e mais muros, redes de segurança e carros trancados. Andando nas ruas de determinados bairros, não se encontra ninguém para pedir uma informação”, diz. Motoristas, cobradores e passageiros de ônibus também vivem um drama. Na linha 8106, que atende ao Belvedere, todos desconhecem o que é fazer uma viagem tranquila. Assaltos aos coletivos são comuns. O roteiro já é conhecido. Quando o ônibus alcança a entrada do aglomerado Morro do Papagaio, pela avenida Nossa Senhora do Carmo, os bandidos começam a agir. “Estou há quatro meses na empresa e já passei por cinco assaltos à mão armada. Saio para trabalhar aterrorizado e nunca sei se vou voltar para casa em segurança”, diz Rone José Caetano, um dos motoristas da linha. Para o especialista em segurança pública Robson Sávio, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e coordenador do Núcleo de Estudos So-
ciopolíticos da PUC Minas, população e autoridades públicas devem agir juntas. “Mas não adianta simplesmente a Polícia Militar fazer a prevenção ou repressão se, por exemplo, a Polícia Civil não investiga e não busca desvendar grupos criminosos por trás desse tipo de evento. A ideia de que somente polícia prendendo resolve não responde a todos os problemas”, afirma. Para Robson, a população também tem de colaborar, denunciando ou registrando boletins de ocorrência. Entretanto para Ubirajara Pires, presidente da Associação dos Amigos do Belvedere, a solução passa por uma reestruturação da segurança pública no país, e não apenas na região, que ele ainda considera uma das mais tranquilas da capital. “Os assaltos aumentaram na cidade inteira, e isso é um problema maior, chamado impunidade. Não adianta prender e depois soltar”, diz. Enquanto for assim, toda a cidade vai ficar sob o domínio do medo. z
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CIDADE | INFRAESTRUTURA
A Lagoinha pede socorro Tradicional bairro da região Noroeste de BH sofre com a falta de planejamento urbano. Moradores se unem para reivindicar melhorias e resolver antigas carências
RAFAEL CAMPOS
“Adeus, Lagoinha, adeus/ Estão levando o que resta de mim / Dizem que é força do progresso / Um minuto eu peço para ver seu fim.” Esses versos fazem parte da canção Adeus, Lagoinha, dos compositores mineiros Gervásio e Milton Horta. O samba choroso e saudosista foi inspirado nas significativas intervenções urbanas pelas quais o bairro da Lagoinha, na região Noroeste, passou na década de 1970. Na época, a praça Vaz de Melo, um dos símbolos da boemia da região, foi alterada para a expansão da avenida Antônio Carlos e construção do complexo de viadutos. Da praça, restou apenas uma banca de jornais. A Lagoinha nunca mais seria a mesma.
Vista geral da Lagoinha: ao longo dos anos, o bairro foi sendo sufocado pela expansão da cidade
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Fotos: Samuel Gê
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A impressão que se tem é de que o bairro está sendo sufocado. No entorno, a cidade cresce, modifica-se, melhora, mas o bairro não. “A Lagoinha está abandonada. Quem construiu o bairro foram os próprios imigrantes e moradores daqui. Não teve dedo do poder público”, afirma Teresa Vergueiro, presidente do Movimento Lagoinha Viva, que tomou forma depois que a Prefeitura de Belo Horizonte cogitou levar para lá seu novo e moderno centro administrativo. A população bateu o pé. O movimento, junto a outras representações de moradores, articula conversas com a PBH para definir o melhor destino para o bairro, que precisa de mudanças urgentes. Para o arquiteto Paulo Pontes, que também integra o Movimento Lagoinha Viva, o bairro ainda “não está na UTI, mas está a caminho”. A rua Além Paraíba, principal via e onde fica a paróquia Nossa Senhora da Conceição, tem um trânsito confuso. O corredor é estreito, ainda sim é permitido trânsito nos dois sentidos e estacionar em um dos lados. Detalhe: com circulação de linhas de ônibus. Edificações que remontam ao início do século passado estão descaracterizadas, pichadas e degradadas pelo tempo. Mesmo a rua Itapecerica, famosa por seus antiquários e mestres restauradores, não é nada convidativa para compras, aliás, não é raro ouvir recomendações de não circular pelo local, sobretudo à noite, em razão da insegurança. Não é difícil encontrar usuários de crack transitando por lá ou mesmo morando na rua. Por isso, a sensação de quem vive ou frequenta a região é de estar perto e, ao mesmo tempo, longe do planejado centro de BH. Maurício de Andrade, de 46 anos, mantém uma loja de antiguidades há cinco anos na rua Itapecerica. Sua carteira de clientes está cheia, contudo, são poucos os que se atrevem a conhecer sua loja. “Quando falo que meu espaço é nesse endereço, o cliente prefere que eu faça a entrega”, afirma Maurício, ex-jogador profissional de futebol de salão. Diante disso, é inevitável não considerar atitudes mais drásticas. “Já pensei em sair daqui e ficar apenas com as vendas pela internet”, diz. Leonardo Castriota, professor da Escola de Arquitetura da UFMG, conhece
Teresa Vergueiro, presidente do Movimento Lagoinha Viva: “Quem construiu o bairro foram os próprios imigrantes e moradores daqui. Não teve dedo do poder público”
“O bairro não está na UTI, mas está a caminho”, diz o arquiteto Paulo Pontes
Os moradores Efigênia Santos De Paoli e o marido, Hélio De Paoli: “Tinha cinema, uma vida inteira nessa região”, diz Hélio
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CIDADE | INFRAESTRUTURA LINHA DO TEMPO
1895
1897
Plano inicial da cidade prevê bairros suburbanos, como a Lagoinha, com alguns cruzamentos formando praças. Ruas apresentam ortogonalidade
1937
Finalização da implantação da avenida Pedro II
1958
1913
Inauguração da Linha de Bondes Via Itapecerica
Inauguração de Belo Horizonte. A Lagoinha já se mostra consideravelmente ocupada. Menos ortogonal do que no projeto original. Lotes são generosos
1927
Primeiras desapropriações para abertura da avenida Antônio Carlos
Inauguração do Mercado Popular da Lagoinha
1920
1923
O bairro possui 55 mil habitantes e é um dos mais populosos e conhecidos de BH
Inauguração da igreja Nossa Senhora da Conceição
1973
Construção dos primeiros viadutos de transposição da avenida do Contorno e descaracterização da praça Vaz de Melo
1986
Início da operação do metrô e Estação Lagoinha
1997
Suspensão do Projeto Lagoinha, implementado parcialmente
Fonte: Análise Diagóstico-Propositiva do Bairro Lagoinha em Belo Horizonte, elaborado pela PBH, em 2011
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Maurício de Andrade e sua loja na rua Itapecerica: “Quando falo que meu espaço é neste endereço, o cliente prefere que eu faça a entrega”
bem as carências do bairro. Na década de 1990, ele esteve envolvido em projetos de revitalização da região, que não vingaram. Há quatro anos, junto à universidade e ao Instituto de Estudos do Desenvolvimento Sustentável (Ieds), Castriota evidencia novamente o bairro como objeto de pesquisa e de ação. “Estamos montando um projeto de revitalização para fortalecer os negócios locais”, diz. Para o professor, não há como pensar em revitalização sem antes fortalecer a cultura e a economia da Lagoinha. Por isso, está em curso um projeto de oficina para transmitir o saber-fazer tradicional do bairro, como a arte de restaurar. A oficina deve ser instalada no Mercado Popular da Lagoinha, onde já são ministrados cursos profissionalizantes. De acordo com Tiago Esteves Gonçalves, arquiteto urbanista da gerência de Coordenação de Políticas de Planejamento Urbano da PBH, a Lagoinha sempre esteve nos planos da administração do município para ser requalificada. “A partir de 2010, esse projeto foi considerado prioritário, contudo, no mesmo ano, a Lei 9.959 alterou o Plano Diretor e
A região conta com muitas construções que remontam ao início do século passado: a maioria está em estado de abandono, degradada pelo tempo
definiu áreas para a realização das Operações Urbanas Consorciadas (OUCs)”, diz. Tiago explica que, uma vez que a Lagoinha está inserida na área de uma das OUCs (avenidas Antônio Carlos, Pedro I e eixo Leste-Oeste), foi decidido que a recuperação se daria por meio desse projeto. Mas a execução das operações urbanas, que recebeu o nome de Nova BH, foi paralisada no ano passado, arrastando a agonia dos moradores. Como o projeto está sendo rediscutido, ele espera alguma solução, sem data definida. “Espera-se que tudo esteja regulamentado no início de 2016”, afirma Tiago.
NOVA LAGOINHA
Propostas que estão sendo discutidas para o bairro Melhoria das calçadas e travessias para pedestres, iluminação pública, paisagismo e mobiliário urbano Recuperação de imóveis tombados Construção de uma esplanada ligando o Terminal Rodoviário à Praça do Peixe (rua Bonfim)
O casal Hélio De Paoli, de 88 anos, e Efigênia Santos De Paoli, de 83, também anseia por melhorias no bairro onde criou seus oito filhos. O senhor Hélio é filho de italianos que chegaram à então recém-criada capital mineira para tentar ganhar a vida. Era marceneiro. Vieram também seus três tios, e um deles até trabalhou na construção do Palácio da Liberdade. “Sempre vivi aqui e conheci também a boemia”, confessa, olhando de soslaio para a mulher, com quem é casado há 65 anos. “Tinha cinema, uma vida inteira nesta região”, diz. “Antes você andava com os filhos até tarde da noite e nada acontecia”, diz a Efigênia. Agora, antigos moradores e frequentadores esperam que o bairro recupere a vitalidade cultural que inspirou poetas e escritores. Torcem também para que, com o passar dos anos, não seja lembrado apenas pelo famoso “copo Lagoinha”, na verdade o copo americano, que durante muitos anos só era encontrado por lá, mas ainda hoje recebe dos belo-horizontinos o carinho apelido. z FEVEREIRO DE 2015
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COMPORTAMENTO | PAQUERA Rogério Sol
O advogado Rafael Ulrik está em busca de relacionamento, mas prefere conhecer pretendentes só pessoalmente: “Pela internet é artificial”
Encontros face a face Nada de paquera pelas redes sociais. A nova onda em BH é participar de eventos promovidos em bares para conhecer pretendentes
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DANIELA COSTA
O clima de paquera denuncia a expectativa. O cenário é um bar de Belo Horizonte, onde um grupo de homens e mulheres aguarda com ansiedade pelo momento em que estarão frente a frente, pela primeira vez. Até então, nenhum contato por e-mail, redes sociais ou telefone havia sido feito, e o elemento secreto é mesmo a surpresa. São pessoas completamente estranhas em busca de um mesmo objetivo: encontrar um amor.
Assim acontecem os eventos do speed dating, criado nos Estados Unidos para promover encontros rápidos entre solteiros. Cada participante tem apenas quatro minutos para interagir com o outro. Ao final do prazo, o som de um sino avisa que é hora de circular, momento em que as mulheres permanecem sentadas à mesa ou no sofá e os homens seguem para a próxima candidata. Os organizadores garantem que o tempo é suficiente para despertar paixões e que dessa forma todos os participantes se conhecem, aumentando
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Eugênio Gurgel
A empresária Cristiane Rocha não quer mais saber de paqueras virtuais: agora virou adepta dos eventos que reúnem solteiros
as chances de encontrar a pessoa ideal. As impressões entre os candidatos são anotadas em um cartão e 24 horas após o término do encontro a organização encaminha aos participantes os resultados que apresentarem interesse mútuo. O evento que percorre o mundo todo teve sua quarta edição em Belo Horizonte em janeiro e já tem nova data para março. “No último encontro na capital mineira, 96% dos participantes receberam no mínimo um contato do sexo oposto após o evento e, surpreendentemente, a participação masculina foi superior”, diz o coordenador de marketing do evento, Ivan Viveiros. Entre eles estava o advogado Rafael Ulrik, de 27 anos, que, apesar de não ter engatado nenhum namoro, aprovou o método. “Achei muito legal, menos artificial, conheci pessoas interessantes até mesmo para uma relação de amizade”, diz Rafael. Para o psicólogo Luiz Cláudio de Araújo, um relacionamento iniciado frente a frente é mais seguro do que nas redes sociais. “Esse tipo de contato torna a relação mais real e menos idealizada. O indivíduo tem a certeza de saber, mesmo que parcialmente, com quem está falando. Além da questão da pele, dos sentidos, da química entre os dois”, diz Luiz Cláudio. A empresária Cristiane Fátima Rocha, de 35 anos, descartou as paqueras virtuais e se surpreendeu com outro detalhe: “É comum sairmos para a balada e os homens ficarem esperando as mulheres tomarem a iniciativa. Nessas reuniões, são eles que nos abordam, com cuidado e respeito. E isso realmente é algo que faz a diferença”, diz. z
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COMPORTAMENTO | NOVIDADE
A fumaça do momento Você sabe o que é vape? A palavra, que significa fumar cigarro eletrônico, promete bombar no ano, segundo o dicionário Oxford. No ano passado, a publicação acertou, ao antecipar o fenômeno das selfies
GEÓRGEA CHOUCAIR
Alguém aí já ouviu falar em “vape”? Se não, prepare-se para ficar familiarizado. O dicionário Oxford elegeu a expressão, que em inglês significa o ato de fumar cigarro eletrônico, como a palavra do ano em 2015. Isso significa que a probabilidade de uma pessoa ver, ouvir ou ler a expressão aumentou em 30 vezes, na comparação com os últimos dois anos. Tanto é que o termo foi adicionado, no final de 2014, à versão online da publicação, assim como aconteceu, no ano anterior, com a palavra selfie, que de fato se tornou febre no mundo inteiro. Agora chegou a vez dos “vapers”, os fumantes de cigarros eletrônicos. O hábito se espalhou pelo mundo, principalmente, depois que o galã Johnny
Depp puxou um e-cigarro no filme O Turista (2010) e começou a fumar dentro de um trem, sem ser incomodado. Por aqui, o número de adeptos também vem crescendo. Não é difícil encontrá-los nas esquinas da cidade e até mesmo em lugares fechados. Grande parte desses consumidores do cigarro eletrônico se consideram ex-fumantes e contam para amigos e em posts na internet há quantos dias estão “sem fumar”, soltando as baforadas de vapor eletrônico. “A vontade de fumar não passa totalmente, mas ameniza o sofrimento”, diz Débora Dias de Araújo, de 51 anos, que por mais de três décadas foi fumante do cigarro tradicional, até conhecer o eletrônico, em um cruzeiro
O cigarro eletrônico é colorido e tem aroma de frutas e chocolate, entre outros: o design e o cheiro são considerados atrativos e preocupam os especialistas
Cláudio Cunha
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ENTENDA COMO FUNCIONA
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BATERIA Pode ser encontrada com diferentes configurações, possibilitando uso prolongado sem necessidade de recarga
ACIONADOR Botão que aciona o sistema do Vape; pode indicar também o nível de bateria, em alguns modelos
pelo Caribe, há cerca de dois anos. “O fumante é muito discriminado. Com o cigarro eletrônico, as pessoas não sentem o cheiro e não ficam tão incomodadas”, diz. “Além disso, eu era muito magra e tinha tentado ganhar peso no passado. Agora, consegui engordar 7 kg.” Os médicos, no entanto, não indicam a novidade para tratamento antifumo. “É muito recente. Apareceu na China em 2004”, diz o pneumologista Luiz Fernando Ferreira Pereira, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Mineira de Pneumologia da Associação Médica de Minas Gerais. O que existe, de fato, são dúvidas sobre o efeito do vapor sobre a saúde. “O vapor que se exala não é só de água”, diz Pereira. No lugar de queimar tabaco e soltar fumaça, o cigarro eletrônico vaporiza um líquido que pode ter nicotina diluída e outras essências que imitam sabores de
RESERVATÓRIO É onde fica o e-líquido. Pode ser encontrado em diferentes modelos, com variadas capacidades
SISTEMA DE QUEIMA Constituído por um resistor que realiza a queima e um tecido que absorve o e-líquido
frutas, chocolate, menta, café, entre outras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que sejam tratados como cigarros normais, pelo menos no que se refere à proibição do fumo em locais fechados e inclusive com limites à publicidade e venda para menores. O temor é de que ele se torne vício substituto, atingindo até quem não fuma. “Fato preocupante é que vários estudos demonstram o duplo consumo entre jovens e adultos. Ou seja, o uso de ambos os tipos de cigarros, os eletrônicos e os tradicionais”, diz Maria das Graças Rodrigues de Oliveira, presidente da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais. O design atrativo, com formatos, cores e aromas diferentes, também causa preocupação. “Estudos mostram aumento no número de adoles-
PITEIRA Deve ser trocada periodicamente por questões de higiene
centes que começam a fumar experimentando os e-cigarros”, observa Maria das Graças. É uma espécie de reinvenção do tabagismo, de forma eletrônica. Cautelosa, a OMS prefere esperar por novos estudos antes de avaliar o produto e insiste que o cigarro eletrônico precisa ser regulado pelos governos nacionais. Os kits completos do chamado e-cigarro são facilmente comprados pela internet no Brasil, com valores entre R$ 150 e R$ 900, dependendo do modelo, apesar de o comércio e a importação serem proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anivsa), desde 2009. Porém, como não há legislação que proíba o uso, a nova onda vem ganhando adeptos – antigos e novos fumantes. E, se o Oxford estiver realmente certo, vai bombar, apesar da cara feia de autoridades e médicos. ❚ FEVEREIRO DE 2015
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COMPORTAMENTO | METAS
Hora de mudar Não definiu metas para o ano? Ainda dá tempo. O problema é, de fato, cumpri-las. Quem conseguiu dá as dicas MARINA DIAS
O turismólogo Camilo Milagres, de 29 anos, não estava satisfeito com o trabalho e com a área que escolheu para atuar e, em 2011, resolveu mudar o curso da vida e estudar engenharia. Para isso, teria de retornar à casa dos pais e voltar a ser estudante, muito provavelmente sem salário por alguns anos. Não era uma decisão fácil. A força e energia para conseguir realizar tamanha guinada vieram de um ritual que faz anualmente, sozinho, durante os fogos de réveillon. “Todo ano, eu mentalizo, durante a virada, o que desejo para os próximos meses. Olho para os fogos, penso no que espero para o ano e me renovo ali”, afirma ele, que hoje já passou da metade do curso e garantiu um emprego. Camilo continua fazendo seu ritual e, nessa última passagem de ano, mentalizou um intercâmbio de um mês para o Canadá, para melhorar seu inglês. Segundo ele, os desejos que define durante seu momento de reflexão não são metas, mas sim um plano de vida. Isso porque não costuma desdobrar as resoluções em ações específicas e prazos. “Sei que para fazer o intercâmbio preciso economizar. Só não tenho um valor em mente ou um prazo”, explica.
O estudante de engenharia Camilo Milagres pretende fazer um intercâmbio no início do ano que vem: “Sei que, para conseguir, preciso economizar ao longo do ano”
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Resoluções não precisam ser feitas na virada, e, de fato, muitas vezes não são. Contudo, elaborar metas nos primeiros meses do ano é uma tradição, por causa do fator simbólico que envolve o término de um ano e início de outro, com a oportunidade de recomeçar. “O Natal é a época do amor e da fraternidade, o carnaval é o tempo da alegria sem causa. Já a passagem do ano é o momento de renovar esperanças, de despertar para mudanças”, diz o psicanalista Oscar Cirino. Esses sonhos de mudança podem se materializar nas mais diferentes formas, como check-lists, planilhas e rascunhos de planejamento na agenda. A comerciante Bruna Fernandes, de 31 anos, por exemplo, costuma fazer um quadro de sonhos. Em um
O QUE A MAIORIA DESEJA As resoluções mais populares para 2015, segundo o Twitter, com base em palavras mais repetidas pelos usuários da rede
Fazer exercícios físicos
Ser feliz
Parar de fumar Emagrecer
Ser o melhor Desconectar-se
Amar a si próprio
Trabalhar mais
Não falhar
Eugênio Gurgel
Parar de beber Fonte: blog.twitter.com/2014/your-2015resolutions-on-twitter
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COMPORTAMENTO | METAS mural, ela coloca gravuras, palavras e frases que remetam ao que ela deseja para o futuro, e o quadro fica em seu quarto, para ser visto todo dia. “Eu o enxergo assim que acordo. Isso me ajuda a continuar no foco de onde quero chegar”, afirma. E não apenas grandes sonhos estão lá, mas também pequenos desejos, como comprar um cachorro. “Cada momento é único, e é isso que me direciona quando seleciono as peças do quadro”, afirma. Segundo a psicóloga e master coach Carla Caligiorne, como o mundo empresarial é focado em metas e resultados, as pessoas costumam, até mesmo sem perceber, fazer resoluções mais voltadas para o âmbito profissional e se esquecem de outras áreas da vida. Para ela, planejamento é necessário para que as resoluções levem em conta também a vida pessoal e social, sem que a pessoa fique perdida ou se sinta angustiada com as metas que propôs. “Planejamento e elaboração de metas não são nada mais que projeção da construção de vida. Isso minimiza frustrações ao reconhecer à frente que tomou o caminho errado, acabou se distraindo ou deveria ter incluído determinada ação para alcançar aquela meta”, explica. Organização, nesse sentido, é fundamental. As metas devem ser sustentáveis e viáveis, bem
Samuel Gê
A atriz Suellen Ogando faz resoluções anualmente, o que pode demandar alguns ajustes no decorrer dos meses: “Se não consigo o que me propus a fazer, fico triste, mas tento redimensionar”
TESTE SUA FORÇA DE VONTADE (*) Avalie a probabilidade de suas resoluções para este ano se realizarem VOCÊ DECIDE AS RESOLUÇÕES 1 COMO QUE PRETENDE ALCANÇAR NO ANO?
QUE FORMA SISTEMATIZA 3 DE AS SUAS RESOLUÇÕES?
A – Foca em metas de curto prazo e mais concretas, como entrar na aula de inglês ou comprar um carro
A – Só se lembra de vez em quando de uma ou outra coisa que deseja alcançar
B – Pensa no que pretende para um futuro em longo prazo e, a partir daí, elabora metas tanto de curto quanto de médio e longo prazos
B – Separa um tempinho e lista mentalmente o que pretende realizar
C - Avalia seu progresso até o momento, especialmente o ano anterior, e a partir daí elabora as metas
C – Faz lista/quadro/planilha física e vai riscando à medida que atinge as metas
D - Avalia seu progresso até o momento, projeta o que pretende para seu futuro, incluindo o contexto atual de seu cônjuge e filhos, e elabora as resoluções
D – Faz uma faz lista/quadro/planilha física, desdobra as metas em ações sucessivas e analisa possíveis barreiras para que as ações se concretizem
FOSSE CLASSIFICAR SUAS RESOLUÇÕES 2 SE DE ANO NOVO, ELAS SERIAM:
VOCÊ SE SENTE QUANTO 4 COMO À LISTA DE RESOLUÇÕES?
A – Basicamente de ordem profissional, como começar um novo curso, ser mais proativo no trabalho, ser promovido
A – Tranquilo, pois não se baseia nela tanto assim
B – Basicamente de ordem pessoal, como encontrar um novo amor, emagrecer, viajar
C – Ansioso e angustiado com a presença de tantas metas na sua vida
C – Profissionais e pessoais
D – Reconfortado e seguro, pois sabe que as metas que traçou são tangíveis e o ajudarão
D – Além de profissionais e pessoais, há resoluções de ordem familiar e social, como passar mais tempo com a família, telefonar mais para os amigos, começar um trabalho voluntário
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B – Feliz quando consegue riscar alguma coisa
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Bruna Fernandes com o mural que monta todos os anos com figuras e frases remetendo a suas resoluções: “Isso me ajuda a continuar no foco de onde quero chegar”
HÁ NECESSIDADE DE 5 SE RETRILHAR O CAMINHO E ALTERAR AS RESOLUÇÕES, VOCÊ: A – Não tem esse hábito, pois a lista é apenas para orientação B – Deixa a lista para lá e segue a vida, deixando para reavaliar as resoluções no ano seguinte C – Sente-se frustrado, mas valoriza as metas que já atingiu e tenta adaptar as outras D – Procura entender os motivos da mudança de curso e revê as metas, alterando-as de acordo com o que projeta a partir dessa mudança
PONTUAÇÃO: 1 – A: 1 B: 2 C: 3 D: 4 • 2 – A: 1 B: 1 C: 2 D: 3 • 3 – A: 1 B: 2 C: 3 D: 4 • 4 - A: 1 B: 2 C: 1 D: 4 • 5 - A: 1 B: 2 C: 3 D: 4
como desdobradas em ações sucessivas que são necessárias para alcançar o que se deseja. E, segundo a especialista, tudo isso passa pelo autoconhecimento e pela análise de seu progresso na vida. A atriz e cantora Suellen Ogando, de 29 anos, tem o hábito de sistematizar suas resoluções anualmente. Segundo ela, é importante reavaliar as metas caso o curso da vida mude ou algum imprevisto ocorra. “Se não consigo o que me propus a fazer, fico triste, mas tento redimensionar. É mais fácil quando a meta depende só de mim, como perder peso ou voltar para o sapateado”, explica. Quando as metas dependem de outros, o que, no caso de Suellen, pode ser passar em um teste de uma peça teatral, a meta deve envolver o que a pessoa consegue e precisa fazer para tentar alcançar aquele sonho. “É por isso que tento sempre. Sei que estou fazendo tudo o que depende de mim”, afirma ela, que, neste ano, pretende conseguir papel em um musical e voltar ao programa de TV de que já participou no ano passado. Oscar Cirino ressalta que o contraponto entre a determinação e a flexibilização é essencial na obtenção dos resultados desejados. “Ao longo do ano, a pessoa pode perceber que certas metas eram exageradas e revê-las, sem perder o rumo do objetivo final”, diz.
RESULTADO ATÉ 9 – PEQUENA Você não separa muito tempo para avaliar ou elaborar as resoluções, o que significa que as ações necessárias também não são bem planejadas. Sem tanto compromisso para atingir essas metas, pode ser difícil alcançá-las. No entanto, também não há pressão ou ansiedade quanto a riscar os itens de sua lista. Além do mais, palavras são sementes, então desejar já é o primeiro passo para acontecer. ENTRE 10 E 15 - MÉDIA A probabilidade de você conseguir realizar suas resoluções é média. Você se preocupa com sistematizar o que deseja, analisar seu caminho até o momento e até projetar o futuro. No entanto, ao não levar em conta o contexto de outras pessoas em sua vida, as possíveis barreiras e a viabilidade das metas, pode se frustrar. ENTRE 16 E 20 - ALTA Se depender de planejamento, você alcançará suas resoluções. Desde o autoconhecimento necessário para traçar as metas até desdobrá-las em ações cronológicas e prever possíveis obstáculos, você pensou em tudo. O importante é saber lidar com o imprevisto de maneira leve e ter habilidade para recalcular a rota, caso necessário. z *Este teste não tem validade científica
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SAÚDE | NOVIDADE
Tijolo desenvolvido por pesquisadores da UFMG promete exterminar as larvas do mosquito transmissor da dengue. Resta torcer para que a tecnologia alcance o quanto antes as residências, onde são encontrados 80% dos focos
Dênis Medeiros
Arma contra a dengue
RAFAEL CAMPOS
O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, que desde 2010 infectou mais de 660 mil pessoas em Minas Gerais – causando 47 mortes no ano passado –, pode estar com os dias contados. Seu algoz vem em forma de tijolinhos de 2 cm3, desenvolvidos pelo Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O processo é relativamente simples. Ao serem submetidos a um tratamento químico, os tijolos – concreto autoclavado – liberam substância nociva às larvas do inseto. O custo estimado de produção em laboratório é baixo: cerca de R$ 4 para mil tijolinhos, mas o valor de mercado ainda não está definido. A Vértica Serviços e Tecnologia, financiadora do projeto, prefere não adiantar valores, mas diz que não será alto. O professor Jadson Belchior, coordenador da pesquisa, explica que o número de casos da doença motivou o estudo. “Já estávamos elaborando alguns testes com o tijolo de concreto autoclavado, que possui densidade menor que a água e, portanto, flutua”, diz. A experiência começou em 2013. Os cientistas descobriram que, depois de receber tratamento químico e térmico, o tijolo reage na superfície da água por meio de um processo chamado de fotocatalítico, que necessita de radiação solar. “Com essa combinação, 56 |Encontro
Professor Jadson Belquior, coordenador da pesquisa, diz que a batalha, agora, é para tornar o experimento acessível à população: “Já fizemos a nossa parte”
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Dênis Medeiros
COMO FUNCIONA Para que o tijolo elimine as larvas, precisa estar em contato com a água e ficar exposto à luz solar 1ª ETAPA O tijolo autoclavado (mais leve que a água) é cortado em tabletes ou em cubos, que medem 2 cm3 cada um 2ª ETAPA Os tijolinhos ou tabletes são submetidos a tratamento químico e térmico 3ª ETAPA Quando ocorre a combinação de água, luz e tablete, o produto – uma solução de óxido de ferro impregnado no tijolinho na forma de hematita – é liberado, evitando a proliferação das larvas Fonte: Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da UFMG
DENGUE EM MINAS Casos confirmados nos últimos cinco anos 2010 – 194.636
2013 – 368.387
2011 – 32.085
2014 – 49.360
2012 – 22.105
2015 – 529*
(*contabilizado até 6 de fevereiro de 2015) Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
O tijolo foi cortado em tabletes para facilitar o uso em piscinas, caixas-d’água e vasos de plantas: em contato com a água, libera-se substância mortal para as larvas
o tijolo libera uma substância que impede a larva de seguir sua vida e transformar-se em mosquito”, diz Belchior. O tijolo foi cortado em tabletes, o que possibilita o uso em piscinas, caixas-d’água, vasos de plantas, entre outros. Os tabletes duram em média de dois a três meses e não são nocivos à saúde humana. A descoberta pode contribuir para o combate aos vetores de outras doenças que se originam na fase aquática, como malária, febre amarela e febre chikungunya. Para o uso em calhas e lajes, os cientistas desenvolveram uma manta flexível de tecido sintético com as mesmas propriedades químicas dos tijolos. A novidade já se mostrou mais eficaz que a água sanitária, muito utilizada no período chuvoso, no ano passado. “Já realizamos alguns experimentos despejando 50% de água sanitária, mas as larvas não morreram. Isso mostra que elas estão ficando mais resistentes”, diz Jadson. A batalha, agora, é para lançar a técnica no mercado. “Já fizemos a nossa parte”, diz o professor. A pesquisa foi financiada pela Vértica, empresa de Belo Horizonte, para a qual a tecnologia está sendo transferida. O biólogo Joaquim Antônio Gonçalves, um dos diretores da Vértica, acredita que em três meses já estejam concluídos o processo de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a transferência da tecnologia pela UFMG e os testes pilotos. “Todos estamos empenhados em acelerar os procedimentos para levar essa importante descoberta às pessoas”, diz. A Anvisa não foi muito clara sobre o tempo que o processo pode levar, por ser sigiloso. “O registro de um produto para a saúde, por exemplo, leva, em média, 90 dias. Mas, no caso de equipamentos inovadores e inéditos, esse prazo pode ser maior”, diz a assessoria de imprensa do órgão. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, que auxilia o projeto da UFMG cedendo amostras de larvas, contudo, nenhum representante foi indicado para repercutir a descoberta e a possibilidade de uso pelos agentes municipais. Que venham as esperadas chuvas e a munição contra os mosquitos. ❚ FEVEREIRO DE 2015
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PET | COMPORTAMENTO Alexandre Rezende
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Mascotes no trabalho 58 |Encontro
João Marcos Lopes, que trabalha na agência Plan B, com seu pug Steve Jobs, que já se tornou figurinha conhecida na empresa: “Eles têm o poder de transformar qualquer lugar em um lar feliz”
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Animais de estimação já são presença nos ambientes profissionais. Conheça empresas mineiras que aderiram à moda, em busca de desconstração e criatividade para a equipe DANIELA COSTA
Uma bolinha rolando aqui, um ossinho roído ali, uma lambida inesperada. Hábitos normais para quem tem animais de estimação, não fosse o fato de os peludos estarem dominan-
do outros territórios. Agora, eles são presença VIP em algumas empresas e quebram o gelo no ambiente de trabalho. Entre uma planilha e outra, o diretor comercial Leonardo Kockefeller, da T- Corp Engineers, conta com o apoio de ilustre convidada. A Schnauzer Amanda é só carinho para com o dono e não se intimida em ocupar o seu lugar preferido: o colo do melhor amigo. “É um momento de relaxamento em que esqueço os problemas e recarrego minhas energias”, diz o empresário. A presença dos animais de estimação nas empresas é cada vez mais comum, especialmente em locais onde a criatividade tem de estar sempre em alta. Nos escritórios da Google, por exemplo, eles podem acompanhar os donos ao trabalho, desde que ambos sigam algumas regras de convivência. “Os donos devem conhecer bem o temperamento do animal. Latidos
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Aberto ao público Informações e Reservas: Tel: (31) 3064-6520 O advogado Stanley Martins Frasão brinca com o boston terrier Théo no jardim do escritório: “Todos aqui se divertem com ele”
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PET | COMPORTAMENTO Samuel Gê
Mesmo quando está na empresa, a Schnauzer Amanda não faz cerimônia para ocupar o colo do dono, o diretor comercial Leonardo Kockefeller: “É um momento de relaxamento” JCMartins
A gerente de atendimento Ludmila Hinkelmann faz a alegria dos colegas quando leva as pinschers Magali e Tequila para passar a tarde na Greco Design: “Ter essa liberdade traz conforto e praticidade aos funcionários”
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excessivos, mordidas e desordem não são permitidos”, explica a assessora da Google, Mariana De Felice. Combinar o jogo antes é a regra básica da maioria das empresas onde os peludos são bem-vindos. Afinal, o colega de trabalho pode ser alérgico a pelos, ou simplesmente ter pânico de cachorro. Tomadas as devidas precauções, os resultados são positivos e aumentam a produtividade dos funcionários. A explicação é simples. “Ter mascotes no ambiente de trabalho é uma forma de catalisar o processo criativo, aumentado o desempenho, a harmonia, a descontração e a integração social”, explica o psicólogo Leonardo Curi, especializado em terapia assistida por animais (TAA). Segundo ele, até mesmo aqueles que não têm pet entram na brincadeira. “O animal quebra barreiras e estimula a expressão dos sentimentos”, diz. O advogado Stanley Martins Frasão, do escritório Homero Costa Advogados, tem um fiel escudeiro que o acompanha ao trabalho diariamente. O boston terrier Théo tem até página nas redes sociais. “Todos aqui no escritório se divertem com o Théo. Sempre que possível, vou ao jardim me distrair com suas travessuras”, diz. Na Greco Design, a gerente de atendimento, Ludmila Hinkelmann, faz a alegria dos colegas quando leva as pinschers Magali e Tequila para passar a tarde no trabalho. “Volta e meia, alguém traz o seu bichinho de estimação para ficar conosco. Ter essa liberdade é muito bom, porque traz conforto e praticidade aos funcionários, especialmente quando os pets estão adoentados”, diz Ludmila. Na Plan B Comunicação, a ideia de abrir as portas aos pets foi favorecida por se tratar de um ambiente de trabalho informal e descontraído. Os cães ajudaram a trazer mais leveza ao dia a dia, entre eles, Steve Jobs, pug do profissional de tecnologia da informação João Marcos de Araújo Lopes. “Às vezes, estamos em uma reunião decisiva e o clima de tensão é interrompido por um deles com uma bolinha na boca. Os pets realmente têm o poder de transformar qualquer lugar em um lar feliz”, diz João Marcos. z
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NEGÓCIOS | MALAS Fotos: Divulgação
Grife é a queridinha dos atores de Hollywood, como Jéssica Alba e Robert Pattinson
A mala do desejo Rimowa, grife alemã de malas, abre a primeira loja em BH, apostando no potencial do consumidor mineiro, que responde por 20% das vendas virtuais da empresa no país 62 |Encontro
GEÓRGEA CHOUCAIR
Ela é a queridinha dos atores de Hollywood na hora de viajar. É famosa também por aparições no filme 007, do agente secreto James Bond. A top alemã Rimowa, grife de malas que passam por até 90 etapas de produção e levam mais de 200 componentes de alta qualidade, vai desembarcar em março em Belo Horizonte. Em loja com 80 m2, a marca será mais um ícone de luxo do piso Mariana, no BH Shopping. Esta será a nona loja no Brasil – a primeira na capital mineira – e a promessa é de ter mix de produtos semelhantes às demais unidades. A maior parte das peças é feita artesanalmente, e o presidente da empresa, Dieter Morszeck, enfatiza que não “abre exceção no que diz respeito à qualidade
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de seus produtos”. Tal como seu avô Paul Morzeck, fundador da Rimowa, ele aposta na perfeição artesanal e nos acabamentos de qualidade. O Brasil está na rota de prioridades do executivo, que mantém vivo o espírito de empresa familiar, já na terceira geração. Ele fala português, é apaixonado pelo país e frequentemente viaja por aqui. Se for depender dos negócios, a tendência é de que essas viagens aumentem. Mesmo porque o potencial do país é vasto. O Brasil é hoje o terceiro em número de lojas próprias da marca, atrás apenas da China e de Taiwan. A empresa não revela quanto, mas diz que em 2014 o aumento das vendas da Rimowa no país chegou a dois dígitos, bem acima da média do comércio varejista brasileiro, que não atingiu nem 5% de crescimento – o pior desempenho dos últimos 10 anos, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Qualidade, funcionalidade e design inconfundível a partir de duas matérias-primas: alumínio e policarbonato. Esses são alguns diferenciais da marca alemã que conquistou os viajantes mais exigentes. As malas da grife são as mais utilizadas nos sets de filmagem de Hollywood e a preferida entre as celebridades, como as atrizes Cameron Diaz, Jessica Alba e Robert Pattinson e os cantores Chris Martin e Jared Leto. Quanto vale o luxo? A partir de R$ 1,3 mil é possível comprar uma Salsa Air Mini, para crianças. Mas os preços podem chegar a R$ 4 mil (coleção Topas de alumínio, tamanho Jumbo). A marca prepara ainda o lançamento da Onyx, linha que chegará ao Brasil no segundo trimestre, com policarbonato de couro e outro tecido ultrarresistente. Os detalhes da nova linha ainda são mantidos em sigilo pela Rimowa, mas o consumidor interessado pode preparar o bolso. Os modelos mais exclusivos terão preços de até R$ 8,5 mil. A empresa fabrica malas em alumínio desde 1937. São as primeiras do gênero, famosas por seu design com frisos. “As malas de alumínio são mais resistentes. Muitas vezes, passam de pais para filhos e até netos”, diz Sérgio Barreto, diretor executivo da Rimowa para a América Latina. Os arranhões e
Sérgio Barreto, diretor para a América Latina: “O europeu e o asiático veem a mala arranhada como sinônimo de cultura. Já o brasileiro gosta de mala perfeita”
HISTÓRIA DA MARCA Iniciativas pioneiras para manter a qualidade O nome Rimowa é formado pelas sílabas iniciais de Richard Morszeck, filho do fundador, o artesão Paul Morzeck, acrescidas de “wa” (iniciais de warenzeichen, que significa marca registrada, em alemão) Fundada em 1898 em Colônia, Alemanha, a marca sempre teve a preocupação de reduzir o peso e facilitar o transporte das malas e baús de viagem, feitos ainda em madeira à época Em 1937, Richard Morszeck, pai de Dieter, foi o primeiro a usar o alumínio em uma bagagem, um baú de viagem. Anos depois, vieram as primeiras malas feitas em alumínio de aeronave No ano 2000, Morszeck aposta no lema “trabalho artesanal encontra a alta tecnologia”, resultando no uso inédito do policarbonato na fabricação das malas
batidas das malas de alumínio, remetendo às viagens passadas, são uma das características do produto. “O europeu e o asiático veem a mala arranhada como sinônimo de cultura. Significa que a pessoa viajou muito. Já o brasileiro é diferente. Gosta da mala perfeita, sem arranhões”, diz Barreto. De todo modo, as malas Rimowa caíram nas graças dos mineiros. O estado é responsável por cerca de 20% das vendas virtuais da empresa no país. O público de classe A representa a maior parte dos consumidores, segundo Barreto. “São pessoas ligadas no que está acontecendo no mundo”, diz. Desde 2014, a Rimowa já conta com malas made in Brazil. A fábrica brasileira, em Indaiatuba (interior de São Paulo), antes apenas montava os produtos no país. Agora executa todo o processo de fabricação. A primeira coleção de malas fabricadas aqui tem nome sugestivo: Bossa Nova – mas foi inspirada na Amazônia. A linha é exportada para todos os mercados de atuação da empresa. Cada peça usada nas malas da marca vem de fornecedores cuidadosamente definidos. O zíper YKK, capaz de suportar pressão até 100 kg, vem do Japão; o tecido que reveste seu interior, da República Tcheca; a alça, da Alemanha; as rodinhas, com rolamento e giro de 360 graus, são francesas; o policarbonato é importado da Suécia e o alumínio, da Alemanha. Na loja de Belo Horizonte, a Rimowa vai vender ainda acessórios para viagem como sacos impermeáveis para sapatos, organizador de roupas, cabides dobráveis, capas para iPhone, iPad, carteiras, porta-cartões e até chaveiros. Se depender do número de viajantes pelo mundo, o mercado de malas e acessórios vai de bem a melhor. O número cresceu quase 5% em 2014 e somou cerca de 1,1 bilhão de pessoas, segundo a Organização Mundial de Turismo. É muita gente rodando mundo afora em carros, ônibus, navios e aviões. As malas, é claro, são companheiras indispensáveis. z FEVEREIRO DE 2015
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DEZ PERGUNTAS PARA | ROMMEL FERNANDES
“Está mais difícil entrar na universidade” Diretor da escola que há dois anos é a melhor colocada no ranking do Enem em Minas e a segunda do país diz que só o aluno que se dedicar muito vai conseguir uma vaga MARINA DIAS
Calouros orgulhosos e em festa fazem, neste pós-carnaval, suas primeiras incursões às universidades públicas de todo o país. Os novos universitários são a sexta geração de candidatos a passar pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como prova decisiva para o ingresso ao ensino superior público e pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como plataforma de distribuição dessas vagas. Na última seleção, no mês passado, foram ofertados lugares em 128 universidades públicas brasileiras, totalizando mais de 200 mil vagas – das quais até 40% reservadas para candidatos que se enquadram nas cotas definidas pelo governo federal. A partir do ano que vem, 50% serão exclusivas para candidatos cotistas. Na avaliação de Rommel Fernandes, diretor de ensino do colégio Bernoulli – instituição que ficou em primeiro lugar em Minas e em segundo no Brasil no último ranking divulgado pelo Enem –, a substituição do antigo vestibular por esse sistema foi positiva para a grade curricular do ensino médio. Contudo, em relação ao ingresso no
ensino superior, o desafio para os candidatos de escolas privadas está a cada dia maior, assim como a chance de estudar em sua própria cidade – especialmente para quem vive em regiões cujas universidades são referência, como é o caso de BH. Segundo Rommel, o Sisu tem criado uma hierarquização das instituições, e, em alguns anos, tão importante
quanto se formar na faculdade será dizer de qual delas é seu diploma. 1 | ENCONTRO - A tendência com o Sisu é de que universidades consideradas referência no país, como a UFMG, fiquem mais concorridas? ROMMEL FERNANDES - Sim. Esse sis-
tema, sem dúvida, facilita a hierarquia entre cursos e universidades. Após mais alguns anos de Sisu, será deste jeito: quem fez a faculdade B foi quem não conseguiu entrar na A. Mas isso não é necessariamente negativo. Nos Estados Unidos é assim, todos sabem quais são as universidades de primeiro, segundo, terceiro níveis, e os melhores alunos disputam cursos nas melhores universidades. É a lei natural. Nesse sentido, a UFMG, como uma das melhores do país, torna-se cada vez mais concorrida. Ficou mais difícil para os estudantes belo-horizontinos ficar na cidade. 2 | O que significa para os alunos de escolas privadas o fato de que, a partir do ano que vem, 50% das vagas do Sisu serão exclusivas para candidatos cotistas?
Significa maior dificuldade em ser aprovado. Está cada vez mais difícil entrar na universidade. Não opinarei sobre as cotas, pois se trata de uma questão política. Estou apenas interpretando a consequência dessa ação: para o aluno que pagou escola a vida inteira, ficou mais difícil conseguir vaga. 3 | Existe, de fato, uma tendência entre alunos de escolas privadas de mudar para escolas públicas e frequentar cursinho simultaneamente?
Há alguns casos, sim, mas não creio que seja uma tendência forte, porque Samuel Gê
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abdicar do ambiente escolar de maior qualidade pode prejudicar a pessoa profissionalmente, a formação do indivíduo. Então, o que deve ser feito é conseguir uma boa formação. Não se pode prejudicar esse caminho de formação visando a um atalho para conseguir a vaga. Seria uma estratégia muito ruim. 4 | Com a política de cotas e o Sisu, o sr. tem percebido entre os alunos um movimento em direção a universidades particulares em detrimento da UFMG?
A escolha não mudou e a procura pela UFMG não diminuiu, não vimos diferença. Acredito que a intenção de estudar nas federais continua e não mudará nunca. 5 | O sr. é formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que, assim como o Instituto Militar de Engenharia (IME), não adotou o sistema de cotas. Por que essa escolha, na sua opinião?
Esses institutos fazem triagem pesada no Brasil inteiro e selecionam alunos de altíssima performance. Acredito que estejam fora da política por entenderem que, para não caírem de nível, têm de pegar as melhores notas independentemente de onde o aluno estudou. Eles selecionam simplesmente as melhores notas. Eu entrei no ITA em 1994, em uma turma de 130 alunos, e era o único estudante oriundo de escola estadual ou municipal. Entre os meus colegas havia apenas egressos de escolas públicas federais ou de escolas particulares. 6 | A Teoria de Resposta ao Item (TRI), metodologia usada para correção do Enem, sofre críticas por não permitir que o aluno saiba sua nota até o dia da divulgação, pois as questões não têm valores fixos. Como os educadores têm visto essa questão?
Defendo a TRI e acho que esse sistema “antichute” é mais justo que o sistema tradicional, em que cada questão vale um ponto, mas pode ganhar os pontos tanto quem estudou muito quanto quem simplesmente chutou. É uma metodologia que protege o aluno que realmente se esforçou. Contudo, em relação ao candidato não saber a nota que vai tirar, isso está errado. É preciso me-
lhorar, e eu tenho uma sugestão. Como essa metodologia é complexa, não precisamos compreendê-la, mas, para ela ser aplicada, as questões tiveram de ser pré-testadas, calibradas. O que o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, órgão responsável pelo Enem] poderia fazer é disponibilizar, depois da aplicação da prova, um simulador daquela edição do Enem na internet. O aluno colocaria ali o gabarito de sua prova e a nota apareceria. Assim, a transparência seria 100%, e as pessoas ainda poderiam brincar com a simulação, o que ajudaria a entender como funciona o sistema.
O sistema atual democratizou a universidade. Isso é positivo. Mas não aumenta a qualidade do ensino público no país” 7 | Escolas particulares ainda são a grande maioria entre os mais bem colocados no Enem. Isso pode mudar pela maior entrada de estudantes de escolas públicas na universidade?
Estruturalmente, essa medida do governo não muda o cenário. O sistema atual democratizou e gerou maior diversidade na universidade. Isso é fato e é algo positivo. Mas não aumenta a qualidade do ensino público no país. Infelizmente, ainda esperamos por essa ação política forte em prol da melhoria da escola pública. O que melhora o ensino é qualidade e treinamento de professores, aumento de salários, melhorias na estrutura da escola para que ela seja um ambiente em que o aluno se sinta confortável, uso forte das tecnologias atuais, etc. Isso, sim, é mexer em estrutura. 8 | O Enem e o Sisu estão mudando a forma como se ensina nas escolas?
Sim. É natural que uma prova tão importante, que tenha o objetivo de distribuir vagas nas universidades, acabe influenciando o que é ensinado, principalmente
no ensino médio. Vejo que o Enem influencia positivamente a escola, porque é uma prova mais abrangente e menos detalhista do que o vestibular tradicional. Antes, eram vários vestibulares, e a escola ficava refém de todos esses testes. O trabalho dela era muito pesado, engessado e, principalmente, desnecessário. O ensino brasileiro é reconhecido internacionalmente por perder muita energia ao dar detalhes demais, aprofundando em todas as áreas do conhecimento. Paradoxalmente, somos conhecidos por não termos um resultado tão bom, pelo fato de os alunos não aprenderem tanto. Acredito que seja justamente por essa falta de foco. Mas hoje podemos aprofundar nos assuntos mais essenciais. Então, não é que a escola esteja se tornando superficial, ela só está mais inteligente. Gasta-se mais tempo com o que é mais importante. 9 | O que o Enem tem de positivo em relação aos vestibulares tradicionais?
O grande ponto positivo é que, da maneira como é feito, o Enem é uma prova unificada. Assim, o aluno não precisa ficar estudando um pedaço de matéria que cai na UFMG, outro que cai em outra faculdade, livros diferentes para cada uma das instituições. Aquele sistema era muito desgastante. Outra inconveniência era que a matéria cobrada poderia depender da influência de determinados professores nas bancas, e o risco de isso acontecer no Enem é menor, pois o banco de questões é muito maior. Assim é mais democrático. 10 | O que é importante, hoje, para quem deseja ingressar na universidade?
Existem tantas ofertas hoje no dia a dia do jovem, em função dos canais tecnológicos, das redes, da internet, que se torna urgente gastar energia com o que realmente é importante. Não cabe mais ficar se dedicando e se esforçando para decorar. Obviamente, o processo de aprendizagem exige um nível de memorização, mas muito menor do que antigamente, e não mais a memorização pela memorização. Digo a esses novos alunos que sejam bem-vindos e que acreditem que a escola de hoje é mais inteligente e mais feliz do que a de décadas atrás. z FEVEREIRO DE 2015
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COLUNA DE DIREÇÃO | FÁBIO DOYLE fdoyle@editoraencontro.com.br Fotos: Divulgação
SÓ
ELÉTRICO O novo sedã Pajun da Porsche, um projeto de longa data, será vendido apenas como veículo elétrico (EV) para concorrer com carros como o Tesla S, revelou a publicação alemã Auto Motor und Sport. A justificativa dada foi que o segmento dos esportivos sedãs está muito disputado com motorização convencional. Essa faixa de mercado é hoje ocupada pelo Audi A6, BMW série 5 e Mercedes-Benz Classe E, além do Maserati Ghibli, lançado em 2014. O Pajun com motor elétrico chega ao mercado em 2018 ou 2019. A Porsche acha que, em três ou quatro anos, a tecnologia de baterias terá avançado a ponto de garantir autonomia de 350 km a 400 km para os EVs. Com 4,6 m de comprimento, o Pajun usará tecnologia de seu irmão maior, o Panamera. Chamado de “Panamera Junior”, o Pajun receberá outro nome quando for comercialmente lançado.
NEM PENSAR A Audi prepara um novo SUV, menor que o Q3, que ela gostaria de chamar de Q2. Acontece que a sigla Q2 está registrada pela Fiat Chrysler, que usa o nome na Alfa Romeo, que por sua vez não quer negociar a transferência do direito de uso à Audi. A marca reluta em usar a sigla Q1, por estar muito próximo a A1, nome de seu minicarro, que usa a plataforma do subcompacto VW Polo. Segundo fonte do setor, a Audi ofereceu à Fiat Chrysler uma quantia “significativa” de dinheiro pelo nome Q2, mas a proposta nem resposta mereceu. A Audi informou que começará a produzir o Q1 na fábrica de Ingolstadt, Alemanha, em 2016. Enquanto isso, a Audi esforça-se também para comprar a Alfa Romeo. Sergio Marchionne, CEO da Fiat Chrysler, mandou recado por meio da VW, que controla a Audi, que o melhor é esquecer essa ideia.
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TAPINHA DE ALERTA A última tecnologia Jaguar Land Rover visa à proteção de ciclistas e motociclistas. O sistema usa cores, sons e vibrações para alertar o motorista quando bicicletas ou motos se aproximam. No entanto, em vez de usar um alerta comum, que pode confundir o condutor com outro alerta do carro, o Sensor de Bicicleta usa luz e som. Para ajudá-lo a entender a localização do ciclista em relação ao carro, o sistema de áudio soa uma buzina igual à clássica de bicicleta no alto-falante mais próximo do ciclista. Dessa maneira, o motorista instintivamente saberá a direção de onde vem a bicicleta ou motocicleta. O sistema alertará sempre que um ciclista tentar ultrapassar o carro, incluindo um leve inflamento do encosto superior do banco, simulando um tapinha no ombro do motorista. Já o movimento das luzes acompanha o do ciclista. Quando ele chega perto do carro, acendem-se luzes âmbar LED na janela, no computador de bordo e no para-brisas. Quando ele passa do lado, as luzes ficam vermelhas.
MUSTANG GLOBAL Ícone da Ford, o Mustang começa a ser oficialmente exportado. O primeiro lote seguiu para a China e outros mercados da Ásia, dando início oficial às vendas globais do modelo. Esta é a primeira vez, nos 50 anos de história do Mustang, que o carro será vendido pelo fabricante fora da América do Norte. A chegada da linha à Europa está programada para o meio do ano. A Ford informou que não tem planos (ainda) de vender o Mustang no Brasil. Os que rodam por aí são importações independentes. O Chevrolet Camaro, principal concorrente do Mustang, vendeu 703 unidades no Brasil em 2014.
SENSORES ATIVOS O sistema também identifica perigos difíceis de serem vistos pelo condutor do carro. Se um pedestre ou ciclista está atravessando a rua, mas está atrás de um carro, os sensores detectam e direcionam a localização aproximada do objeto em relação ao carro. Se o motorista ignorar os avisos e pisar no acelerador, os sensores fazem vibrar o pedal e o deixam um pouco mais rígido, forçando-o a reduzir a velocidade e evitar o confronto. O Sensor de Bicicleta também previne a abertura das portas do lado de ciclovias quando o veículo está estacionado, alertando os passageiros sobre a aproximação de um ciclista. Caso o passageiro continue tentando abrir a porta, a maçaneta interna acende automaticamente, vibrando para alertar sobre a possível colisão com a bicicleta ou motocicleta.
FUSÃO PUNTO PALIO? O novo Bravo inaugura os lançamentos de 2015 da Fiat. O mais esperado, no entanto, é o SUV compacto Renegade. Fabricado na nova unidade da Fiat Chrysler de Pernambuco, deve dar as caras no mercado brasileiro no segundo semestre, mas outras surpresas virão. Já está adiantado o projeto de um totalmente novo subcompacto, desenvolvido no Brasil e voltado apenas para o mercado local. Outra novidade que tem mais jeito de ajuste de produção, segundo fonte do fabricante, é a fusão do Punto e do Palio em um único modelo, já que são carros com muitas características em comum. FEVEREIRO DE 2015
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VEÍCULOS | AVALIAÇÃO Fotos: Divulgação Euro NCAP
Mercedes-Benz Classe C: melhor avaliado na categoria “carro de família grande”
O melhor na categoria off-road 4x4 compacto, Discovery Sport já é vendido no Brasil: ele será montado em Pernambuco
Segurança em t Programa europeu de avaliação de novos carros aponta os melhores e mais seguros lançados em 2014. Três deles estão à venda no Brasil e um será fabricado aqui
FÁBIO DOYLE
O Euro NCAP é um programa que realiza rigorosos testes para avaliação de carros novos lançados no mercado europeu. Entre os melhores automóveis das cinco categorias analisadas em 2014, três são vendidos no Brasil e um deles será fabricado no país: o Mercedes-Benz Classe C, na categoria carro de família grande; o VW Golf Sportsvan, na categoria MPV (veículo de uso múltiplo) pequeno; e o Land Rover Discovery, na categoria off-road (SUV) 4x4 pequeno. Os outros são o Nissan Qashqai (carro de família pequeno) e o Skoda Fabia (supermini). Entre os carros que receberam a
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A PONTUAÇÃO DE CADA UM Entre os 40 carros avaliados em 2014 pelo Euro NCAP, confira os modelos vendidos no Brasil, ou similares, assim como os que deverão chegar ao mercado local neste ano
avaliação máxima de cinco estrelas, esses são os que conseguiram as melhores notas em suas respectivas categorias. Em 2014, as avaliações do Euro NCAP incluíram novas exigências para freios de emergência autônomo (AEB) e colocaram maior ênfase em “assistência de segurança” – tecnologias que ajudam as pessoas a dirigir com segurança e evitar colisões. Os resultados mostram uma divisão entre carros pequenos e com menores preços e os de categorias superiores. Todos os carros de família grandes testados pelo Euro NCAP em 2014 obtiveram cinco estrelas. Contrastando, o Skoda Fabia foi o único supermini a abocanhar a nota máxi-
Citroën C3 Elysée
Citroën C4 Cactus
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5 Kia Sorento
Kia Soul
5 Jeep Renegade
5 Land Rover Discovery Sport
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O VW Golf foi o que melhor se saiu na categoria que o Euro NCAP denomina de MPV (veículos de uso múltiplo)
m teste ma de cinco estrelas, lembrando que 14 modelos nessa categoria foram avaliados durante o ano. Na categoria MPV pequeno, apenas o VW Golf Sportsvan conquistou nota máxima, com mais da metade do segmento conseguindo apenas três estrelas. Isso mostra que os fabricantes ainda enfrentam dificuldades para disponibilizar tecnologias de assistência ao motorista em segmentos do mercado onde todo centavo conta. Os melhores veículos que usam combustíveis alternativos testados em 2014 foram o Lexus NX, seguido do Tesla Model S por uma pequena diferença. Entre os 40 modelos testados em 2014, apenas cinco ofereciam ou
5 Lexus NX
motor elétrico ou tecnologia híbrida. Os testes do Euro NCAP conferem notas específicas para a segurança do “ocupante adulto”, do “ocupante criança”, dos pedestres e nível de oferta de itens de assistência à segurança. Os vencedores em cada categoria foram os que obtiveram os maiores percentuais em cada parâmetro e as maiores médias nesses quatro aspectos. Por isso, há outros automóveis avaliados que também receberam cinco estrelas, mas com média inferior. Um teste de especial interesse para o Brasil é o do Jeep Renegade, que ainda este ano será fabricado pela Fiat Chrysler Automobiles (FCA), na unidade industrial de Pernambuco, que será
5 Mercedes Benz Classe C
5 Porsche Macan
O Jeep Renegade não está na lista dos vencedores do ano: mas já mereceu cinco estrelas nas avaliações do Euro NCAP
4 Renault Mégane Hatch
inaugurada no segundo semestre. Já fabricado e comercializado na Europa, o Renegade alcançou a nota máxima de cinco estrelas do Euro NCAP, com 87% na análise da segurança do “ocupante adulto”, 85% na segurança do “ocupante criança”, 65% na segurança para pedestres e 74% em relação aos itens de assistência à segurança que oferece. Resta, agora, saber se o Renegade que será vendido aos brasileiros é equivalente em todos os aspectos, inclusive nos materiais usados em sua fabricação, ao irmão europeu. Para conhecer em detalhes os resultados dos testes, vale uma visita ao site do programa (www.euroncap.com). ❚
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5 Mercedes Benz GLA
MiniCooper
4 Smart ForTwo
5 Nissan X-Trail
5 VW Golf
5 VW Passat
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VIDA DIGITAL | ALYSSON LISBOA alisboa@editoraencontro.com.br
UMA AJUDA QUE VEM DO CÉU O drone ou veículo aéreo não tripulado (Vant) já é um forte aliado da Polícia Militar no combate ao crime. Em Lavras, no Campo das Vertentes, ele está sendo usado na identificação de suspeitos e monitoramento de grandes eventos. A iniciativa foi do coronel Antônio Claret, do 8º Batalhão da cidade. Uma ação que ganhou destaque nacional foi o sobrevoo na casa de um traficante. Entre os arbustos, no fundo do imóvel, uma plantação de maconha foi flagrada pelo equipamento. As imagens serviram como prova do delito e a polícia invadiu o local. O equipamento usado é o Phantom 2 (mesmo modelo que caiu na Casa Branca, mês passado). Em BH, durante a Copa do Mundo, outro modelo foi testado nos jogos do Mineirão, mas o equipamento teve baixa autonomia de voo e dificuldade de transmissão das imagens. Segundo o major Gilmar, da PMMG, atualmente estão sendo testados diversos equipamentos. O trabalho em áreas de maior conflito exige melhor autonomia, enquanto outros menos robustos devem atuar no policiamento ostensivo. Sem revelar quais são esses equipamentos, a polícia mineira está testando um drone blindado fabricado em Israel. Resistente à água e queda, ele ainda não tem data para começar a operar.
ACO/8º BPM/Divulgação
Phatom 2, modelo que opera em Lavras, no Campo das Vertentes
CONHEÇA ALGUNS MODELOS QUE PODEM SER UTILIZADOS PELA POLÍCIA Modelo Fabricante Autonomia Rotação Preço Site
QRX 350 Walkera, China 25 minutos 4 hélices US$ 339 (sem acessórios) http://www.walkera.com
Modelo Phantom 2 Fabricante DJI Technology, China Autonomia 25 minutos Rotação 4 hélices Preço US$ 959 Site https://store.dji.com/
Modelo Skyjib 8 Fabricante Aeronavics, Nova Zelândia Autonomia 30 minutos Rotação 8 hélices Preço US$ 28,9 mil Site http://aeronavics.com/ Fotos: Divulgação
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APPS
PARA ECONOMIZAR ÁGUA
AKATU FAKE SHOWER
PARA ORGANIZAR SUAS VIAGENS Organizar fotos, textos e mapas em cadernos, compartilhar com outras pessoas sua experiência de viagem e manter tudo na web é a proposta do aplicativo Whisgo, idealizado pelo arquiteto Mariano Camara Santos, natural de Tiradentes, Minas Gerais. Ele conta que em 2011, planejando uma viagem pela América Latina, tentou filtrar informações mais relevantes sobre
os países e encontrou muita dificuldade. Assim, surgiu a ideia do aplicativo. O ponto alto dele é a opção de receber seus cadernos impressos em casa, a um custo médio de R$ 30. Com mais de 2 mil usuários, o site já está de malas prontas para desembarcar, ainda este ano, no mundo mobile nas versões iOS e Android. Leia mais em: www. whisgo.com Hendo Hoverboar/Divulgação
“Poupe água e também os ouvidos de quem você ama.” Esse é o slogan do aplicativo que simula o som do chuveiro ligado, e que é usado para abafar “sons indesejados” no banheiro. No Android um aplicativo similar é o Sound Shower.
DA SUA CONTA Para você conferir se a leitura da água está correta e ainda observar o gráfico de consumo. Em tempo de racionamento, nada melhor que ter, na palma da mão, seu consumo médio.
DE VOLTA AO PASSADO Marty McFly Jr. flutua em seu skate voador pelas ruas no filme De Volta para o Futuro II, de 1989. O que parecia ficção científica virou realidade. Mais de duas décadas depois, o engenheiro Greg Henderson, da Arx Pax, apresenta o Hendo Hoverboard, um skate voador que usa campo eletromagnético para fazer flutuar o aparelho. Ele paira cerca de 1 cm do solo, mas não em qualquer superfície. O piso deve ser coberto por uma lâmina de cobre ou alumínio
Dependente de um piso especial para flutuar, o Hoverboard não deixa de atrair a atenção dos geeks mundo afora
para a mágica funcionar, o que limita muito o uso do skate voador. Realizado com recursos financeiros coletivos – o crownfunding –, a empresa já comercializa o kit de desenvolvedor (whitebox) para quem quiser explorar outras funções da tecnologia. Já os primeiros hoverboards estarão disponíveis para compra a partir de outubro deste ano. Outras informações sobre o skate voador: http://www.arxpax.com
SAI DESSE BANHO Um aplicativo que tenta reduzir o tempo dos banhos. Você escolhe 4, 8 ou 21 minutos e ele começa a contar. Se conseguir em um tempo menor, você é parabenizado. Caso contrário, uma música irritante começa a tocar até você desligar.
Você usa algum aplicativo legal? Envie sugestão para a gente.
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TURISMO | RELIGIOSIDADE Jair Amaral/EM/DA Press
Para celebrar a
fé
Vias-sacras, encenações e ruas enfeitadas para os cortejos estão na programação da Semana Santa de 10 cidades do interior de Minas DANIELA COSTA
Os sinos tocam nas torres das igrejas e as badaladas invocam um momento histórico de amor e perdão. Entre os dias 29 de março e 5 de abril, do domingo de Ramos ao domingo de Páscoa, é tempo de celebrar a religiosidade e se fortalecer para os novos tempos. Durante a Semana Santa, os cânticos sagrados louvam a paixão, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré. Nas cidades mineiras, a tradição é mantida com missas, vigílias, encenações e ritos emblemáticos, além das vias-sacras, que seguem por longos trajetos, tendo sob os pés tapetes coloridos e flores de laranjeiras. Em Belo Horizonte, a tradicional Missa da Unidade acontece no dia 2 de abril, na quinta-feira santa, no ginásio do Mineirinho, presidida pelo arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Nas cidades históricas, o clima bucólico torna a Paixão de Cristo ainda mais marcante.
Congonhas A basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, é o cenário para o palco do Calvário, onde acontece a encenação da Paixão de Cristo. As estruturas do Templo, do Palácio de Pilatos e de Herodes, e do Horto das Oliveiras são erguidas na Alameda das Palmeiras. Na escadaria da matriz de Nossa Senhora Conceição, são fixados os palcos da Santa Ceia e da casa de Lázaro, além do espaço para abrigar as imagens de Roca, do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores. As procissões acontecem nas ruas enfeitadas do centro histórico. Distância de BH: 83 km
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Juarez Rodrigues/EM/DA Press
Ouro Preto Tapetes coloridos nas janelas, ruas enfeitadas com serragem e areia branca coberta por folhas de laranjeiras, colchas de renda e jarros ornamentando as fachadas das casas históricas. Assim é celebrada a ressurreição de Jesus Cristo em Ouro Preto, cultivando os rituais sagrados e unindo a fé de moradores e visitantes. Entre as celebrações, a Procissão da Ressurreição é um dos pontos altos, ao som de sinos, bandas de música e fogos de artifício. Distância de BH: 89 km
Caeté
Beto Novaes/DA Press
No alto da Serra da Piedade, a 1.746 metros de altitude, o Santuário de Nossa Senhora da Piedade é ponto de peregrinação para romeiros de todo o país, que não se intimidam com o tortuoso trajeto até o topo da serra. É lá que se entregam de corpo e alma à devoção ao Cristo. Na quarta-feira santa, as tradicionais procissões do Encontro e das Almas levam uma verdadeira multidão à igreja Nova das Romarias, localizada na cidade. O tradicional cortejo encenado por inúmeros figurantes da comunidade relembra a lendária chegada de Jesus a Jerusalém. Distância de BH: 59 km Arquivo Sectur/Divulgação
Diamantina Por todas as ruas, ladeiras e vielas, Diamantina exala fé e devoção. A tradição é mantida com quadros vivos em que os próprios moradores encenam a trajetória de Cristo. Adornada por armaduras, capacetes e capas, a Guarda Romana é integrada por 200 homens e faz a escolta dos caminhantes da via-sacra. A confecção dos tapetes de serragem, cuidadosamente decorados, tem início a partir da meia-noite do Sábado de Aleluia e vai até a manhã do domingo de Páscoa, dia em que é celebrada a Procissão da Ressurreição. Distância de BH: 296 km
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TURISMO | RELIGIOSIDADE Élcio Rocha/Prefeitura de Mariana/Divulgação
Mariana No centro histórico de Mariana, na praça da Sé, a celebração da Semana Santa reúne milhares de fiéis que lotam as paróquias Nossa Senhora da Assunção e Sagrado Coração de Jesus. Ao longo da semana, o tradicional encontro das imagens de Nossa Senhora das Dores e de Nosso Senhor dos Passos é uma das atrações. Outro encontro emocionante é o de Maria com o Filho, no adro da igreja de Nossa Senhora do Carmo, quando revivem a paixão de Cristo. A procissão se encerra na catedral Metropolitana, local onde também ocorre a cerimônia de lava-pés. Distância de BH: 20 km
Serro
Secretaria de Turismo e Cultura Serro/Divulgação
Na terra do queijo mineiro, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo são celebradas a partir da sexta-feira anterior à Semana Santa, com a procissão de Nossa Senhora das Dores. A Procissão da Ressurreição segue pelas ruas decoradas, enquanto o grupo de teatro realiza encenações nas praças e igrejas da cidade, revivendo a trajetória de Jesus. Nas janelas e sacadas, vasos de flores e toalhas conferem mais beleza ao cenário barroco. Também na programação estão a queima do Judas no Domingo de Páscoa, as disputas no pau de sebo e as brincadeiras do quebra-pote. Distância de BH: 310 km Euler Junior/EM/DA Press
São João del-Rei Pelas ruas enfeitadas, o clima é de fé e esperança nas procissões da paixão de Cristo em São João de-Rei. Na catedral do Pilar, o cântico em latim emociona na terra dos sinos e das orquestras. Na sexta-feira santa, o Descendimento da Cruz na escadaria da igreja de Nossa Senhora das Mercês é um dos pontos mais tradicionais, assim como a cerimônia de lava-pés na praça Francisco Neves. Distância de BH: 186 km
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Beto Novaes/EM/DA Press
Sabará Na cidade de Sabará, a abertura do santo sepulcro na igreja de São Francisco é única em todo o país. A cerimônia acontece às vésperas da sexta-feira da Paixão, ocasião em que devotos munidos de ramos de manjericão visitam o corpo do Senhor morto. Durante a Semana Santa, os sinos permanecem em silêncio em respeito ao sofrimento de Jesus Cristo. Cânticos, orações e lamentos acompanham a imagem de Nossa Senhora das Dores até o ponto mais alto da cidade. Distância de BH: 25 km
Baependi
Markinho Paiva/Divulgação
A cidade, que há mais de 200 anos celebra a paixão de Cristo, renova suas crenças nos festejos da Semana Santa. A alegria pela ressurreição do Senhor é comemorada ao som de bandas musicais, corais e sinos. Nas encenações teatrais, cerca de 60 atores e 300 figurantes compõem a dramatização dos últimos dias de Jesus. Nessa ocasião, o lendário canto da Verônica emociona os fiéis. No santuário de Nossa Senhora Conceição, também conhecido como igreja de Nhá Chica, a visitação é intensa, assim como na matriz Nossa Senhora do Montserrat. Distância de BH: 385 km Léo Carvalho/Divulgação
Prados Em Prados, a Semana Santa é um evento com características do século XVIII. Por toda a cidade, flâmulas coloridas adornam as janelas dos casarões coloniais, assim como toalhas bordadas e cortinas coloridas. As celebrações litúrgicas são acompanhadas por bandas e orquestras. É nesse período que acontecem a Comemoração dos Passos com a Procissão do Encontro e a Procissão da Soledade entre Nossa Senhora das Dores e o Senhor dos Passos. z Distância de BH: 182 km
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ENCONTRO INDICA | JOÃO POMBO BARILE Guto Muniz/divulgação
MÚSICA | SHOW I Encontro Marcado é nome do espetáculo que vai reunir Flávio Venturini, Sá & Guarabyra e o grupo 14 Bis, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro), nos dias 7 e 8 de março. Para comemorar mais de 40 anos de estrada, os sete amigos – do 14 Bis são Cláudio Venturini, Sérgio Magrão, Hely Rodrigues e Vermelho – farão um show histórico em que não faltarão sucessos como Espanhola, Sobradinho e Caçador de Mim. Os ingressos podem ser comprados na bilheteria do teatro e custam a partir de R$ 60. Por que ir: Boa chance para ouvir, em um único palco, os músicos que começaram a carreira nos anos 1970. Cristiano Quintino/divulgação
Vicente de Melo/divulgação
ARTES PLÁSTICAS | EXPOSIÇÃO I
TEATRO | CAMPANHA
Fica em cartaz até 1º de março, no Museu de Arte da Pampulha (av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha), a exposição Paulo Werneck – Muralista Brasileiro. A mostra apresenta desenhos originais, imagens de painéis, filmes, documentos e mobiliário do artista carioca Paulo Werneck, nascido em 1907 e morto em 1987. Por que ir: A exibição, que já foi vista por paulistas e cariocas, tem um gostinho especial para os mineiros: os painéis laterais da igreja São Francisco de Assis e o painel da casa de Juscelino Kubitschek, hoje Casa Kubitschek, na Pampulha.
A 41ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança segue até 8 de março com espetáculos a preços promocionais. Na programação, destaque para o espetáculo da Cia. Afeta com o premiado 180 Dias de Inverno. A companhia ainda tem outros dois espetáculos na campanha: Talvez Eu me Despeça e #140 ou Vão. Toda a programação do festival e informações, no site www.sinparc.com.br. Por que ir: Criada em 2009, a Cia. Afeta é uma das grandes revelações do nosso teatro. E a campanha de popularização é sempre um bom programa.
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Wilton Montenegro/divulgação
ARTES PLÁSTICAS | RETROSPECTIVA
Marcelo Prates/divulgação
O multiartista Fernando Fiuza ganha sua primeira grande mostra retrospectiva. Com o sugestivo nome de Mulheres, o Traço Poético de Fernando Fiuza, a exposição reúne 60 obras produzidas pelo artista mineiro entre 1982 e 2009. A mostra, que ocupa as galerias do térreo do Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários), vai até 13 de abril, com entrada gratuita, e reúne pinturas e desenhos. Por que ir: Para relembrar o trabalho desse talentoso artista mineiro, que morreu em 2009, deixando importante acervo.
MÚSICA | SHOW II O cantor e compositor Roberto Carlos estará de volta a BH para única apresentação, em 28 de março, às 21h, no Ginásio do Mineirinho (av. Antônio Abraão Caram, 1.001, Pampulha). No show, o Rei promete cantar os principais sucessos de sua vitoriosa carreira, que começou ainda nos anos 1960. Para acompanhar Roberto, uma orquestra de 16 músicos e
três vocais, com regência do maestro Eduardo Lages. Os ingressos, que custam a partir de R$ 60, podem ser adquiridos no site www.ingressorapido.com.br. Por que ir: Um dos maiores artistas da história da música brasileira, Roberto Carlos tem presença e domínio de palco impressionantes, além de canções inesquecíveis. Cláudia Chembri/divulgação
ARTES PLÁSTICAS | EXPOSIÇÃO II Depois do sucesso no Rio de Janeiro, a mostra de arte Cabeça, de Milton Machado, chegou à capital mineira. Considerada pela crítica especializada uma das melhores exposições do ano passado, ela faz uma retrospectiva dos 45 anos de carreira do multiartista e pode ser vista no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários) até 30 de março. A entrada é gratuita. Por que ir: Com mais de 100 trabalhos, entre esculturas e pinturas, é boa oportunidade para conhecer e rever um pouco mais do trabalho do consagrado artista plástico carioca. FEVEREIRO DE 2015
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CULTURA | ARTES PLÁSTICAS Fotos Samuel Gê
A artista plástica Ana Guimarães em seu ateliê: “Quando Belo Horizonte silencia, eu começo a produzir”
Olhar para o feminino Depois de passar por uma experiência de morte clínica, artista plástica mineira se reinventou a partir da pintura. Suas telas exploram o comportamento da mulher
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AMANDA ALEIXO
Poucos carros cruzam a avenida Getúlio Vargas, beberrões caminham descompassados e a brisa da madrugada cria o clima perfeito para mais uma produção da artista plástica Ana Guimarães. No 16º andar de um prédio no coração da Savassi, o ateliê de Ana é o lugar mais iluminado. A mineira – de coração brasiliense – gosta mesmo é do silêncio da cidade. “Quando Belo Horizonte silencia, eu começo a produzir”, diz. Aos 68 anos, ela apresenta telas que exploram o comportamento do universo feminino. A carreira, iniciada em Brasília de forma repentina, logo ganhou espaço na Europa. Além de expor em sete países, a mineira foi premiada em salões internacionais. O
talento, velho conhecido dos colegas do colegial, fora lapidado em cursos de arte-terapia. “Na escola, eu não queria saber de aula. Gostava mesmo de desenhar, mas só mergulhei na arte depois de passar por uma experiência de morte clínica, há 12 anos”, conta. Durante a recuperação, entre uma consulta e outra e sessões de terapia para reduzir as sequelas deixadas pela doença, ela conheceu a arte. “Assim que comecei o curso, descobri que era o que me faltava”, explica. Já aposentada de suas antigas funções no Banco Central e das aulas de matemática e física que lecionava, começou a pintar telas carregadas de símbolos e misticismo. “Aprendi a me esvaziar das críticas em meu processo criativo. Deixo a mente leve e trago elementos do inconsciente para o
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Tela Preservando os Valores: a obra traz uma reflexão sobre a mulher do século XXI e o resgate de valores como leveza e doçura
consciente. Meu trabalho é puramente intuitivo”, diz. Essa mesma intuição a trouxe de volta para Belo Horizonte e fez com que a artista participasse das aulas de Yara Tupynambá e Miguel Gontijo. “Cheguei a Minas sem saber o que era o mineiro. Foi aí que decidi frequentar uma escola de arte”, conta. As telas, livres de qualquer regra, uniram-se ao trabalho de 18 artistas do Grupo Maison – do qual Ana Maria faz parte –, para compor o livro Arte Ofício, lançado em novembro de 2014. Algumas das páginas mostram as últimas produções da série Resgate do Princípio Feminino. Segundo ela, esse trabalho é uma união da arte com teorias de Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço. “Essas telas são um alerta de que a mulher precisa resgatar a leveza, deli-
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cadeza e doçura que sempre teve”, diz. Por meio de técnicas mistas, com direito a colagens, Ana Maria reafirma o seu ponto de vista utilizando símbolos, como cães e flores, expressos na tela Preservando os Valores. “O dicionário de símbolos é a minha bíblia. Sempre trabalho com ele ao meu lado”, conta. A senhora de alma aventureira que conta experiências das mais diversas – como a temporada que passouna Ilha do Bananau, em Tocantins, desenvolvendo trabalho voluntário com os índios – esbanja disposição e entusiasmo com a carreira. Para este ano, ela trabalha para organizar uma exposição. Alguns quadros já estão prontos e o local está em definição. “Descobri que não posso parar de pintar. Se eu fizer isso, acabo adoecendo e não cumpro minha missão”, diz. ❚
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CULTURA | SHOWS Fotos: Divulgação
O Kiss volta à capital mineira, após 32 anos: show promete grande produção, com maquiagens e figurinos que marcaram a carreira
Em compasso d Belo Horizonte começa o ano com calendário quente de bandas e DJs internacionais. Mas a alta do dólar pode frear a agenda de grandes atrações
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GEÓRGEA CHOUCAIR
Berros, animação e muitas selfies prometem contagiar os estádios e casas de shows de Belo Horizonte este ano. A programação está quente, principalmente, para os fãs de rock e heavy metal. Só em março e abril grandes atrações como Kiss, Robert Plant, Foster The People e Slash tomam conta da capital. Para o segundo semestre, a caixa postal dos produtores locais está lotada de ofertas de novas bandas. Mas, cautelosos com as oscilações do dólar, eles preferem guardar a sete chaves os nomes em negociação. Rolling Stones seria a grande atração? Todas as espe-
culações levam a crer que sim. A banda deve fazer turnê em novembro pelo país, com dois shows em São Paulo, um no Rio de Janeiro e outro em Porto Alegre. Belo Horizonte é a grande aposta para o quinto show. “Na contramão da economia atual, tivemos grandes shows em janeiro”, diz Aluizer Malab, diretor da Malab e TF7Eventos. Belo Horizonte abriu 2015 com o pé direito, com apresentações do DJ francês David Guetta, com casa cheia na arena do Expominas, e do grupo americano Foo Fighters, que encerrou a turnê pelo Brasil com megashow na Esplanada do Mineirão, com público de 17 mil pessoas. “Estamos em ritmo forte
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o de espera DE OLHO NO CALENDÁRIO Confira os shows confirmados para o primeiro semestre MARÇO 1 - Sonata Arctica, no Music Hall 7 - Epica, no Music Hall 15 - Slash, no Galopeira 25 - Foster the People e Bastille, no Chevrolet Hall 26 - Robert Plant e St. Vincent, no Chevrolet Hall ABRIL 23 - Kiss, no Independência
de shows em Belo Horizonte. Em passado recente, janeiro e fevereiro eram datas nulas de produção, período de entressafra”, diz Malab. Em março, antes de chegar a São Paulo para se apresentar no Lollapalooza 2015, Robert Plant, St. Vicent, Foster The People e Bastille desembarcam em Belo Horizonte, para perfomances exclusivas e mais intimistas no Chevrolet Hall. Eles fazem na capital mineira os chamados side shows do festival, apresentações paralelas que normalmente acontecem em outras cidades. Esta é a primeira vez que a capital mineira recebe os side shows do Lollapalooza. Robert Plant é o grande esperado do
Slash, ex-guitarrista do Guns N’ Roses, à frente da banda Myles Kennedy & The Conspirators: primeira apresentação na cidade
festival. O ex-vocalista do Led Zeppelin está perto de completar 50 anos de carreira e vai fazer única apresentação na cidade para mais de 5 mil fãs. Slash, ex-guitarrista do Guns N’ Roses, apresenta-se aqui, pela primeira vez, em março. À frente da banda Myles Kennedy & The Conspirators, o músico vai divulgar o seu novo álbum, World on Fire, na Galopeira, no Prado. “A expectativa é de lotar a casa”, diz Ademir Pinto, sócio da Galopeira. Foram disponibilizados 2,6 mil ingressos e até o início de fevereiro já haviam sido vendidos mais de 70%. Março ainda é mês de ritmo acelerado para os fãs de heavy metal. Quase FEVEREIRO DE 2015
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CULTURA | SHOWS
Robert Plant (ao centro), ex-vocalista do Led Zeppelin: perto de completar 50 anos de carreira, é o grande esperado do side show Lollapalooza em BH
um ano depois de se apresentar em Belo Horizonte, a banda filandesa de power metal Sonata Arctica volta à capital, em show no Music Hall. “Tivemos espetáculo de casa cheia no ano passado. A volta significa que a recepção foi boa”, diz Eliel Vieira, diretor da produtora EV7 Live. Ainda em março, a banda holandesa Epica faz show no Music Hall com foco no metal sinfônico. Será a segunda apresentação dos holandeses na cidade. Para abril, os fãs da banda Kiss já estão em contagem regressiva: Paul Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer vão subir ao palco do Independência, com repertório de clássicos da carreira como Detroit Rock City, Rock And Roll All Nite, Forever e I Love It Loud. São 23 mil ingressos com preços de R$ 200 a R$ 700 (camarote e open bar). O show comemora os 40 anos do Kiss e os fãs podem esperar um espetáculo em alta produção, com maquiagens e figurinos marcantes. Aliás, para chegar ao figurino exótico que é a marca da banda, cada componente gasta duas horas para se maquiar e vestir. Gene, um dos fundadores, contabilizou todo o tempo que passou na cadeira se maquiando ao longo dessses 40 anos: 10 mil horas. Isso significa que gastou mais de um ano da vida só para produzir os modelitos para os shows. 82 |Encontro
Banda holandesa Epica: aguardada com expectativa pelos fãs do metal sinfônico
O Kiss volta a Belo Horizonte depois de 32 anos, quando o Mineirão recebeu sua primeira apresentação de show internacional. Reformado, o estádio tem hoje capacidade para público de 50 mil pessoas. Os produtores reclamam, no entanto, da dificuldade de datas para shows no estádio. “É quase uma loteria conseguir conciliar a data que o artista está livre com a brecha do intervalo dos jogos de futebol”, diz Márcia Ribeiro, sócia-proprietária da Nó de Rosa, produtora de eventos. O diretor artístico da produtora, Gegê Lara, diz que o setor passa por um “oti-
mismo moderado”, já que está em compasso de espera pela melhora do câmbio. “O show internacional é produto de importação. O câmbio pode colocar o pé no freio de fechamento dos negócios”, diz Gegê. “O problema maior é na variação grande do dólar, que impacta nossa planilha”, afirma Malab. Apesar do sobe e desce da moeda norte-americana, a verdade é que Belo Horizonte entrou definitivamente para a rota dos shows internacionais. Hoje, é menos comum ver caravanas de grupos de mineiros atrás das bandas em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. z
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CAMPANHA PELA PAZ NO TRÂNSITO UNE ADVOGADOS E SOCIEDADE
OAB e CAA Minas lançam um novo projeto para alertar sobre os perigos no trânsito e convidam a população para participar. Carnaval 2015. Este foi o feriado escolhido pela OAB/MG e a Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais para o lançamento da campanha “O Tempo Não Volta”. Em um site interativo, o alerta sobre os perigos do excesso de velocidade, a combinação de bebida e direção, a imprudência, a distração e a falta de uso de equipamentos de segurança, são relatados pelas próprias vitimas. Advogados e familiares foram os primeiros a publicarem suas mensagens pela paz no trânsito. Os vídeos estão sendo divulgados no site da campanha www.otemponaovolta. com.br, nas redes sociais da OAB/MG e CAA/MG, e nas TVs internas de cada uma das 217 subseções do estado. Mas a ação não para no “feriadão”. As instituições fazem um convite para que todos participem enviando o seu vídeo ou depoimento escrito por meio do site, para que esta seja uma campanha permanente e um compromisso de todos.
O vice-presidente da CAA/ MG, Wagner Parrot, um dos organizadores do projeto, ressalta a necessidade de engajar a população. “O importante é que as pessoas se envolvam com a campanha. Procurem os amigos e mandem suas mensagens pela paz no trânsito. Em todas as famílias podemos encontrar casos tristes com perdas fatais ou sequelas gravíssimas. Chegou a hora de nos mobilizarmos para tentar impedir que os acidentes continuem a acontecer”, completa. Além da divulgação dos vídeos, a OAB/MG e a CAA/MG também estão distribuindo impressos para integrar a comunicação digital aos locais frequentados pelo público-alvo da campanha: bares, motoristas, motoqueiros e pedestres. A primeira blitz educativa aconteceu na sexta-feira (13), véspera de carnaval (feriado com o maior número de ocorrências nas estradas), em parceria com o Detran, PMMG, PRF,
BHTrans, Belotur e a Defesa Social da PBH. “Queremos unir os advogados e a sociedade numa ação conjunta que realmente sensibilize motoristas e pedestres. Um terço das mortes nas estradas é provocado por ultrapassagens em faixa contínua. A imprudência é a maior causa dos acidentes com motociclistas. A falta de cinto de segurança é a terceira maior causa de infrações fatais nas estradas. É imperativo buscar uma solução para mudar esta realidade. Em 2015, a OAB/MG e a CAA/MG têm a missão de levar a campanha para todo o estado e ajudar a reduzir o número de acidentes”, explica Sérgio Murilo Braga, presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais.
Campanha OAB CAA pela paz no trânsito. NOVA CAA, compromisso com os advogados e com toda a sociedade.
ESTE É O QUADRO QUE PRECISAMOS MUDAR AS PRINCIPAIS CAUSAS DE COLISÕES Colisões frontais SÃO POR FALHA HUMANA representam apenas 4% Falta de atenção 32%
Excesso de velocidade 20%
Ultrapassagens indevidas 12%
dos acidentes, mas são responsáveis por 33% das mortes
VÍTIMAS
57% dos casos registram óbito dos motoristas
28% dos passageiros
25% dos pedestres
A maioria tem entre 25 e 38 anos
Fonte: Polícia Rodoviária Federal
Acesse:
www.otemponaovolta.com.br e deixe o seu relato.
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NAS TELAS | JOSÉ JOÃO RIBEIRO jribeiro@editoraencontro.com.br
O monstro destruidor da corrupção A sucessão de fatos e artimanhas que podem arrasar por completo a vida de um homem simples sempre serviu de pulsante premissa para ambiciosas tragédias. Essa é a linha percorrida na condução do russo Leviatã (Leviafan), do diretor Andrey Zvyagintsev, vencedor do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e favorito ao Oscar, na mesma categoria. Se bem conduzida, como é o caso, a história captura o imediato interesse do público, que se posiciona como uma provável vítima dos mesmos desacertos. Nas inevitáveis e crescentes ações, presenciamos um factível e horrendo pesadelo coletivo. A sacada do nome e toda a simbologia, reforçada pelas imagens majestosas de luz e fotografia cinzentas, dão um charme ao drama, vencedor do prêmio de melhor roteiro no último Festival de Cannes. O monstro Leviatã, uma das formas escolhidas pelo demônio no Livro de Jó, do Velho Testamento, serviu também para Thomas Hobbes, como metáfora em ciências políticas, constituir uma espécie de Estado centralizador, soberano, na figura de um único déspota. No longa-metragem, todo o sistema institucional está corrompido e nos transmite a impressão visual de uma praga mofada ou uma peste, que já corroeu todas as estruturas e as bases passíveis de recurso. O maior representante desse colapso é o prefeito Vadim (defendido com primor por Roman Madyanov), que influencia tudo o que acontece numa cidadezinha litorânea no mar de Barents. Seu poder alcança desde os mais modestos funcionários do cartório até as mais altas autoridades da promotoria e do judiciário. Sua impertinente e afrontosa lábia, sempre conjugada a pastas abarrotadas de dinheiro, não deixa imune nem mesmo a Igreja Ortodoxa local. Em determinado ponto, che84 |Encontro
Divulgação
Aleksey Serebryakov no papel do mecânico Kolya, em Leviatã: o filme russo foi vencedor do Globo de Ouro de melhor estrangeiro e é favorito ao Oscar
gamos à prática e derradeira associação: se Vadim for atingido, ele arrasta meio mundo em sua derrocada. E toda essa instabilidade fica latente com a obsessão do prefeito corrupto em conseguir tomar as terras de Kolya (Aleksey Serebryakov), um bronco mecânico, para construir, ali, um luxuoso empreendimento imobiliário. Em sua defesa, o atrapalhado homem do povo tem como maior aliado o prevenido e esperto advogado Dmitriy (o excelente Vladimir Vdovichenkov), seu amigo de juventude, que serve como um contraponto a toda a explosão impulsiva do parceiro. Porém, Kolya é casado com a reprimida e bela Lilya (Elena Lyadova), que se insinua para o defensor do marido. Dmitriy, em ato contínuo, assume-se fraco e inseguro frente ao assédio truculento e constante do prefeito Vadim. Na reconhecida tradição russa, todos os personagens afogam suas frustrações e fugidias alegrias na vodca, e Leviatã, nessa lógica de Tolstói ao mostrar uma
pequena aldeia, é uma obra universal, capaz de ser perfeitamente encaixada na realidade dos nossos municípios ou, quem sabe, de qualquer país do mundo. A semelhança com a clássica peça teatral O Inimigo do Povo, de Ibsen, é imediata. Não importam os valores pessoais ou os direitos de um homem em sua comunidade. O dinheiro e a estabilidade do status das autoridades locais (sempre caricatas) podem tudo. E o que mais apavora é a ruína da vida e da reputação de um homem inocente, com o respaldo pomposo dos ritos, dos processos e das leis convenientes. Aplica-se o direito. Às favas com a Justiça. Nesse contexto, seria diminuir ou ser desonesto com o filme de Zvyagintsev repetir a taxativa análise de que se trata de uma crítica pontual à Rússia de Vladimir Putin. Sempre houve corrupção no espectro soviético, mesmo antes, durante e após a revolução. A narrativa trágica e de amplo alcance de Leviatã é que dá toda a força e todo o peso em sua consagrada trajetória. ❚
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CAPA | PERFIL
Uma cidade olímpica O Minas Tênis chega aos 80 anos como o maior e mais estruturado clube esportivo do Brasil, com 78 mil sócios, títulos conquistados em diversas modalidades e frequentado por gerações de famílias e atletas nacionais de peso 86 |Encontro
RENAN DAMASCENO
O médico oftalmologista Sérgio Penna Barbi tem 64 anos e há 40 mantém a mesma rotina: nas tardes de quarta-feira, ele bloqueia a agenda, deixa o jaleco de lado e se reúne com os amigos de quase uma vida inteira, no Minas Tênis Clube. “Faça chuva ou faça sol, estou lá”, diz ele. Pai de Juliana, Daniela e Mariana e avô do pequeno Leonardo, que aos 3 meses já ostenta uma carteirinha de sócio, ele criou a família estimulando a prática do esporte e a integração que o ambiente do clube propicia. Seguiu o exemplo do pai, que era nadador e enxadrista minas-tenista, na década de 1950. “O clube é muito família, e o estímulo que dão ao esporte, com escolinhas e atividades variadas, é fora do comum”, diz Sérgio Barbi. A família de Barbi é um exemplo das muitas que, de geração em geração, ocupam as quadras, piscinas e ginásio
do Minas Tênis. Algo difícil de prever, quando surgiu a ideia de fundação do clube, na década de 1930. Na época, o governo mineiro e a prefeitura de Belo Horizonte conviviam com um abacaxi difícil de descascar e que, até hoje, assombra os governantes: a urbanização acelerada. A capital já estava com quase 200 mil habitantes, o dobro do número máximo de moradores previstos para a cidade. Um dos problemas é que não seria mais possível transformar uma grande área desocupada, quase no quintal do Palácio da Liberdade, em um zoológico, como estava nos planos do engenheiro Aarão Reis, responsável pelo desenho da capital. Foi quando a primeira-dama Geni Silveira Lima, mulher do então prefeito Otacílio Negrão de Lima, teve a ideia: trocar o zoológico por um clube. A solução agradou aos habitantes, que sofriam com a falta de opções de lazer, e ainda salvou os moradores da região de
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Samuel Gê
Vista parcial do parque aquático do Minas I, que ocupa área de 70 mil m2, no bairro de Lourdes: a unidade foi a primeira a ser construída, com incentivo da prefeitura e governo mineiro, para oferecer lazer aos moradores da cidade
ter de acordar de madrugada ao som do rugido de leões. Foi assim que nasceu, em 1935, o Minas Tênis Clube, hoje tido como o mais estruturado e moderno clube esportivo do Brasil. Ao longo de oito décadas, completadas neste ano, o Minas se transformou em uma cidade olímpica com vida própria no coração da capital. E, diga-se de passagem, chamá-lo de cidade não é exagero. Se fosse realmente um município, seria um dos mais populosos do estado, com 74 mil associados (sendo 22 mil cotistas). Quem passeia por essa ‘cidade’ sabe que é impossível não cruzar com algum minas-tenista, seja ele criança, jovem ou idoso, trajando o uniforme do clube, com raquete a tiracolo, joelheiras ou touca molhada. Esses atletas podem ser alunos do curso básico — programa em que os pequenos passam por todos os esportes antes de escolher quais mo-
dalidades pretendem seguir no futuro — até grandes nomes olímpicos, como Cesar Cielo, da natação, e Jaqueline, do vôlei, dois mais recentes nomes da casa. O fato é que o Minas respira esporte, nas quatro unidades, e mantém equipes de ponta e de base em oito modalidades: vôlei, natação, basquete, ginástica artística, ginástica de trampolim, tênis, judô e futsal. Acumula títulos nacionais e internacionais, especialmente no vôlei, judô e natação, tripé que é o carro-chefe e pelo qual nove atletas do clube representaram o Brasil nas Olimpíadas passadas, Londres’2012. O vôlei, aliás, é o esporte através do qual o Minas se consolidou como um dos maiores clubes do país – único a participar de todas as competições nacionais da modalidade. No masculino, já são nove títulos brasileiros, sendo dois tricampeonatos: 1984 a 1986 e, depois, entre 2000 e 2002. Durante o período
das conquistas, estiveram em Belo Horizonte craques como Maurício, André Nascimento, André Heller, Dante, Giba, Douglas, Henrique e Serginho, que brilharam na Seleção Brasileira. O clube também conquistou duas vezes o torneio feminino, em 1993 e 2002. Entre as mulheres, aliás, a cereja do bolo chegou em novembro: a bicampeã olímpica Jaqueline, que se juntou à também medalhista de ouro Walewska e à pentacampeã do Grand Prix Carol Gattaz. “Está sendo maravilhoso e muito especial estar aqui. Quero poder permanecer, se Deus quiser. Quem sabe, até o final da minha carreira”, diz Jaque. São muitos os motivos que explicam o peso do nome minas-tenista no esporte nacional. Um deles é a tradição do clube de ser uma incubadora de atletas. A praça de esportes do Minas I foi bancada pela prefeitura da capital, em 1937. Durante as três primeiras décadas, o cluFEVEREIRO DE 2015
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CAPA | PERFIL be foi vinculado ao estado, com o presidente sendo escolhido por lista tríplice enviada ao governador. Tudo para estimular o esporte como uma política de gestão pública. Só em dezembro de 1967, o prefeito Luiz de Souza Lima assinou a escritura de doação do terreno. Contudo, mesmo depois de se tornar privado, seguiu no estatuto que o clube continuaria com o trabalho de formação esportiva. E assim foi feito. “Costumo dizer que foi a primeira parceria público-privada que deu certo”, brinca o ex-presidente Sérgio Bruno Zech Coelho, economista de 69 anos, que começou a escrever sua longa trajetória na instituição como atleta de vôlei, na década de 1960. “O Minas nasceu como praça de esportes”, diz Buno Zech. “A educação, a formação e a busca pela excelência estão no nosso DNA.” Os sócios do Minas são todos, em maior ou menor grau, atletas de plantão — e é esse veio esportista que tem passado de geração para geração. Não é difícil encontrar entre os frequentadores familiares quem seja ou tenha sido atleta profissional. É o caso da família da advogada Sílvia Marinho, de 37 anos. Seu pai, Márcio Romeiro Pereira, foi jogador de vôlei e, após se aposentar do esporte, adotou a peteca. Já seu marido, Marcelo Barbosa Santos Netto, também se arriscou no basquete durante a juventude. Sílvia e os irmãos praticaram natação. Hoje, o clube acabou se transformando em ponto de encontro da família: a mãe de Sílvia faz academia por lá e sua avó joga buraco quase diariamente. O plano de Sílvia é que os filhos Paulo, de 3 anos, e Lucas, de 11 meses, sigam o mesmo caminho. “Com certeza, eles praticarão esportes aqui”, diz Sílvia. Outra tradição também ajuda a explicar a trajetória bem-sucedida do Minas. Os presidentes são, na maioria das vezes, ex-atletas, criados na praça de esporte da instituição. Sérgio Bruno é o melhor exemplo. O presidente da instituição que por mais tempo ocupou o cargo (por 12 anos, em duas gestões, de 1995 a 2001 e de 2007 a 2013) tomou gosto pelo vôlei ainda quando menino. O pai dele, farmacêutico, era entusiasta do esporte. Para divertir os filhos, amarrava uma corda entre árvores em um canteiro na avenida Brasil e promovia campeonatos de vôlei, antes de comprar uma cota do clube, a 88 |Encontro
POR DENTRO DAS UNIDADES Fotos: Google Earth Pro
Minas I
R. da Bahia, 2244, Lourdes 70 mil metros quadrados 1 arena para 3,6 mil espectadores 11 piscinas, sendo uma olímpica 9 quadras poliesportivas 7 quadras de tênis 4 quadras de squash 3 quadras de peteca 1 campo society Departamento interdisciplinar O que oferece para atletas de elite: 2 cardiologistas/clínico geral 2 ortopedistas 8 fisioterapeutas 1 nutricionista 3 massoterapeutas 3 psicólogos 1 enfermeira 2 assistente de atendimento 1 gerente 9 estagiários
Minas II
Av. Bandeirantes, 2323, Mangabeiras 34 mil metros quadrados 4 quadras poliesportivas 8 quadras de tênis 8 quadras de peteca 1 campo society
Minas Country
Av. Country Club de Belo Horizonte, 3700,Taquaril 250 mil metros quadrados 2 quadras poliesportivas 7 quadras de tênis 2 quadras de vôlei (uma de areia) 13 quadras de peteca
Minas Náutico
Av. Princesa Diana, 200, Alphaville 117 mil metros quadrados 2 quadras poliesportivas 6 quadras de tênis 4 quadras de peteca 3 campos society
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INFRAESTRUTURA 4 UNIDADES
Minas I
Minas II
Minas Country
Minas Náutico
471 mil
78 mil
900
100
2,6 milhões
1.000
m2 de área total
sócios
funcionários
estagiários
acessos anuais
atletas federados, sendo 900 em formação
MODALIDADES DE BASE E PONTA
Basquete
Natação
Ginástica de Trampolim
Judô
Ginástica Artística
Vôlei
Futsal
Tênis
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CAPA | PERFIL O QUE FAZ A DIFERENÇA
GALERIA DE ESTRELAS
Dez pontos positivos da instituição, na opinião de dirigentes, atletas e técnicos
Medalhistas olímpicos e mundiais
NATAÇÃO
27 anos, de Santa Bárbara D’Oeste-SP IDENTIFICAÇÃO Os diretores são ex-atletas ou oriundos das escolas de esporte do clube ESTABILIDADE POLÍTICA Permite que projetos de longo prazo sejam desenvolvidos, como o atual Plano Diretor
Ouro dos 50m em 2008 Bronze dos 100m livre em 2008 Bronze nos 50m em 2012 Atual tricampeão mundial dos 50m livre Bicampeão dos 50m borboleta Recordista mundial dos 50m (20s91) Recordista mundial dos 100m (46s91)
Ketleyn Quadros
FUNÇÕES BEM DEFINIDAS Os diretores não são remunerados, mas respondem por metas
26 anos, de Ceilândia-DF Bronze na categoria leve em Pequim’2008
PARTICIPAÇÃO DO ASSOCIADO Pesquisas anuais são realizadas, para que os sócios sejam ouvidos
JUDÔ
Ouro no Sul-Americano de Medelín’2010
Luciano Corrêa 32 anos, de Brasília Ouro no meio-pesado no Mundial de 2007
PARCERIA COM PATROCINADORES Prioriza parcerias duradouras, que possibilitam desenvolver não somente equipes, mas gerações vitoriosas
Bronze no Mundial de 2013 Ouro no Pan de 2011
Jaqueline Carvalho
EDUCAÇÃO NA BASE Está no DNA do clube, com mais de 13 mil sócios matriculados em atividades esportivas
31 anos, de Recife Ouro em 2008 Ouro em 2012 Campeã Mundial em 2012
INSTALAÇÕES MODERNAS Chama a atenção de delegações internacionais, como a britânica, que firmou parceria até 2016 ESTRUTURA INTERDISCIPLINAR Troca rápida de informação entre departamentos médico e técnico, essencial para o alto rendimento EVOLUÇÃO PERMANENTE Constante aprimoramento, afinado com as últimas tendências e tecnologias internacionais EXEMPLOS BEM-SUCEDIDOS O longo histórico vitorioso nos esportes olímpicos ajuda a atrair atletas de ponta
Tetracampeã do Grand Prix
VÔLEI
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Cesar Cielo
Walewska Oliveira 34 anos, de Belo Horizonte Ouro em 2008 Bronze em 2000
Carol Gattaz 33 anos, de São José do Rio Preto-SP Pentacampeã do Grand Prix Bicampeã da Copa dos Campeões Fotos: Marcus Desimoni/Nitro | Cadu Gomes/CB/DA Press | Orlando Bento/MTC/Divulgação | Assessiva/Divulgação e Samuel Gê
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Fotos: Samuel Gê
A advogada Silvia Marinho com os filhos Paulo e Lucas, à frente; atrás, a mãe da advogada, Maria Célia, e a avó Celisa: clube se transformou em ponto de encontro das quatro gerações da família
O oftalmologista Sérgio Barbi, que frequenta o Minas há 40 anos, com a esposa Regina, as filhas Juliana, Daniela e Mariana, além do netinho Leonardo: “Faça chuva ou faça sol, não deixo de vir”
poucas quadras dali. Com a brincadeira, o patriarca começou a vincular o nome da família ao esporte, por cinco décadas. O primeiro a entrar em quadra foi justamente Sérgio Bruno. Ele ajudou o Minas a conquistar dois títulos da extinta Taça Brasil de vôlei. Depois, outros irmãos brilharam nas quadras: Luiz Eymard, que teve atuação destacada nos Jogos Olímpicos de Munique’1972; Carlos Rogério e Hélder. Os três jogaram juntos no Atlético, e Hélder, tricampeão brasileiro pelo Minas, também teve passagem pela Seleção Brasileira. O último representante da família Zech Coelho a defender o Brasil foi o sobrinho Henrique, maior bloqueador da história da Superliga. Com a sensibilidade de atleta, Sérgio Bruno fez história também como presidente. Com a determinação de ampliar a estrutura do clube para o esporte, construiu o Minas Náutico e incorporou o Minas Country, ampliando em mais de sete vezes a área total (65 mil para 470 mil metros quadrados). Também investiu na expansão do Minas I (que passou de 25 mil para mais de 65 mil metros quadrados de área construída). Em 2012, inaugurou o novo prédio administrativo e o Teatro Bradesco, com 600 lugares e estacionamento com 720 vagas. Um plano ousado e de longo prazo, mas possível em razão da estabilidade política característica das gestões minas-tenistas. “Por serem ex-atletas ou oriundos das escolas de esportes, todos os diretores conhecem bem o lugar, muitos nasceram aqui dentro”, diz Sérgio Bruno. Outro “segredo”, segundo ele, chega a intrigar os dirigentes de outros clubes – inclusive os de futebol —, que sempre visitam o Minas em busca de soluções administrativas. “Nossos diretores não são remunerados. Cada um tem sua atividade, seu trabalho fora daqui, não tem obrigação de horário no clube”, afirma. “Nossa filosofia é de que o papel do diretor é cobrar as metas dos funcionários de sua área, que recebem salários e têm atribuições executivas.” Outro exemplo dessa filosofia é o atual presidente minas-tenista, o economista Luiz Gustavo Lage, de 60 anos, filho do ex-prefeito de Belo Horizonte Ruy Lage. Atleta da Seleção Brasileira de Basquete Masculino nos Jogos Olímpicos de Moscou’1980, ele assumiu a FEVEREIRO DE 2015
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CAPA | PERFIL presidência em janeiro do ano passado. Luiz Gustavo também foi criado no Minas e, por isso, não se assusta com os desafios de comandar o clube. Um dos principais é ir atrás de patrocínios e parcerias, especialmente porque não é fácil conseguir financiadores para os esportes olímpicos depois de dois anos com todas as atenções voltadas para o futebol, devido às Copas das Confederações e do Mundo. “Eu não quero simplesmente conseguir um parceiro para me arrumar dinheiro para montar um time. Eu preciso me estruturar. O projeto que estou apresentando é Olimpíada”, afirma. “Quero parceria longa, planejada, que vá dar resultado ao longo dos anos”, explica o presidente, enquanto fiscaliza números e contratos na sala da presidência do clube, no Lourdes. Os vínculos duradouros são outro “segredo” do sucesso nos esportes. O Minas obteve em 2013 receita de aproximadamente R$ 17 milhões em patrocínios, segundo o último balanço financeiro. São cerca de 70 empresas com nome vinculado ao clube. Entre seus principais parceiros estão a Fiat, patrocinadora master da natação e no clube desde a década de 1980. Em maio do ano passado, no entanto, foram surpreendidos com o fim do patrocínio da Vivo, depois de 16 anos. O rompimento com a empresa de telefonia que dava nome à arena para 3,6 mil espectadores na rua da Bahia teve consequência direta no vôlei masculino, que perdeu jogadores importantes como Marcelinho e o tcheco Filip Rejlek. O vôlei feminino, na temporada passada, conseguiu patrocinador somente quando a Superliga já estava na metade e competiu apenas com atletas formadas no clube. Mas a instituição retomou os rumos este ano, com a ampliação do patrocínio da empresa de laticínios Camponesa, possibilitando a montagem de um time competitivo, com Jaqueline, Walewska e Gattaz. Apesar dos momentos de dificuldade, o Minas tem atraído atletas de peso. A infraestrutura, inigualável no país – comparado com o paulista Esporte Clube Pinheiro, por exemplo, o Minas tem o dobro de associados (o clube paulista tem 38 mil) e quase o triplo de área total (470 mil ante 170 mil metros quadrados dos paulistanos) –, foi definidora para a 92 |Encontro
Cláudio Cunha
O atual presidente, Luiz Gustavo, e o ex, Bruno Zech, que ocupou o posto por 12 anos e investiu na ampliação da estrutura: “Por serem ex-atletas ou oriundos das escolas de esportes, todos os diretores conhecem bem o lugar, muitos nasceram aqui dentro”, diz Bruno Zech
escolha do clube por Jaqueline e Cielo. O nadador, por exemplo, não recebe salário do Minas, mas, em troca, tem todo o suporte de uma equipe de 20 profissionais, entre técnicos, preparadores físicos e fisioterapeutas, que se dedicam exclusivamente à equipe de natação, treinada pelo australiano Scott Volkers, que comandou o time de seu país em duas olimpíadas. “Entendi que o Minas seria o clube e o Scott, o treinador que poderiam ser importantes na minha carreira. Aqui posso ser um nadador melhor, mais rápido. É isso o que quero”, explicou Cielo. A estrutura física também impressionou equipes de fora, mais precisamente os britânicos. A Associação Olímpica Britânica (BOA, em inglês) assinou, em dezembro de 2012, um acordo com o clube que prevê a utilização das instalações pelos atletas do país antes e durante os Jogos Olímpicos. Outro inglês que teve aparição ilustre no clube foi o príncipe Harry, quarto no nome na sucessão do trono britânico, que visitou o Minas du-
rante sua passagem por Belo Horizonte para acompanhar a Copa do Mundo, em junho passado. Harry visitou o Parque Aquático, a Arena JK e o Teatro Bradesco; conversou com os judocas Luciano Corrêa, Ketleyn Quadros e Erika Miranda e com o nadador Cesar Cielo. Para Luiz Gustavo, o reconhecimento britânico mostra que o clube está no caminho certo e que a nova diretoria tem muito a fazer neste ciclo olímpico. “O Brasil está vivendo um momento especial e único, que é a chegada do Rio’2016, e o Minas está vivendo junto este momento”, afirma. “Ter o reconhecimento do Comitê Britânico, que é a terceira potência olímpica do mundo, e de Cielo, que conhece e utiliza as melhores estruturas dos Estados Unidos, nos dá muito orgulho e nos motiva na busca pela excelência”, diz. Às vésperas do maior evento esportivo da história do país, o Minas chega aos 80 anos com fôlego de um jovem ávido por bons resultados. z Colaborou Marina Dias
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MODA | EDITORIAL
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MARCELO BRASILIENSE
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Claudia Maresguia Vivaz Mares Lojinha Outlet Equipage
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Claudia Maresguia Cosh Mares
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Cinto usado como tiara: Colar, pulseiras e brincos: Chemise: Vestido:
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Ires ClemĂŞncia Claudia Maresguia Patricia Motta Vivaz
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MODA | EDITORIAL
Cinto de pérola usado como tiara: Brincos e colar: Vestido: Robe:
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Lojinha Outlat Claudia Maresguia Regina Salomão Água Fresca
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Brincos: Casaco e saia: Blusa: Calçado: Bolsa: Luvas:
Butic Bardot Cosh Ires Clemência Equipage Victor Hugo acervo pessoal
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MODA | EDITORIAL
Colar usado como tiara: Colar e anéis: Camisa social: Vestido curto: Vestido longo: Sapato:
Mixed Claudia Maresguia Victor Hugo Arte Sacra SheLies Equipage
FICHA TÉCNICA: Styling: Edição: Fotografia: Maquiagem: Modelo:
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Marcelo Brasiliense Kátia Massimo Mineral Image Marcela Quintino Priscila Assis (Agência Doze)
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BELEZA | BRONZEADO Divulgação
Da
cor do
pecado
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Com alimentação adequada e outros cuidados, é possível manter por mais tempo aquele bronzeado conquistado há dias na praia. Saiba o que fazer AMANDA ALEIXO
Tudo cooperou para deixar o corpo bronzeado. O verão de altas temperaturas – com pouquíssimas chuvas – ajudou muito no quesito cor da pele. Depois de dias de muito sol, agora a tarefa é mais difícil: prolongar a cor dourada. Segundo o dermatologista Henrique Coura, os cuidados com a alimentação e hidratação corporal são essenciais para deixar a pele bronzeada por mais tempo. “É fundamental aplicar cremes hidratantes diariamente, para evitar o ressecamento característico da exposição prolongada ao sol”, explica. Outra dica é usar sabonetes neutros durante o banho e abrir mão da bucha vegetal. É importante também incluir nas refeições alimentos com alto teor de água, vitamina A e carotenoides. “Alimentos como cenoura, mamão e beterraba ajudam na prevenção dos danos que o sol traz à pele e contribuem para que o bronzeado adquirido persista por mais alguns dias”, explica o dermatologista.
Essas substâncias são encontradas em frutas e legumes de coloração alaranjada ou vermelha. Para quem não gosta de alterar a dieta, restam duas opções: consumir vitaminas que estimulam a produção de melanina ou continuar com a exposição ao sol. A última opção é a preferida da analista de sistemas Fabíola Oliveira há bastante tempo. “Nunca fiquei muito focada na mudança de alimentação, mas passo hidratante corporal diariamente e, sempre que posso, me exponho ao sol nos fins de semana”, conta. Mas o médico Henrique Coura alerta que é preciso cautela para não exagerar na dose. “A exposição prolongada gera um efeito acumulativo dos raios ultravioletas, o que causa o envelhecimento da pele e aumenta a ameaça de manchas”, explica. Quem não quer se arriscar pode optar pela ingestão de complementos alimentares, que devem ser sempre indicados por médico. Segundo o químico Amauri Junior, alguns estudos têm demonstrado que fitonutrientes à base de carotenoides neutralizam os radicais livres, que têm a produção estimulada pelos raios UVA e UVB e prejudicam a pele. Por isso, as vitaminas que contêm betacaroteno, um dos fitonutrientes à base de carotenoides, são boas opções para quem quer manter a cor. Além de estimular a produção de melanina, a substância auxilia na proteção das camadas mais profundas da pele. “Quando os produtos são consumidos regularmente, nota-se mudança de tom mesmo com curta exposição ao sol”, explica. ❚
PARA PROLONGAR O DOURADO Cuidados com a alimentação, hidratação da pele e outras dicas Aposte no consumo de alimentos com carotenoides antes e depois da exposição ao sol. Entram na lista boa parte de frutas e legumes de coloração alaranjada ou vermelha, como cenoura, abóbora, mamão, maçã e beterraba Aplique um hidratante recomendado para o seu tipo de pele. Além de evitar a descamação, o produto também segura a cor por mais tempo Durante o banho, use sabonetes compatíveis com o seu tipo de pele. A temperatura da água deve ser
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fria ou morna, para evitar o ressecamento Continue tomando o sol da manhã ou fim da tarde, com uso de protetores solares. Duas ou três vezes por semana, entre 15 ou 30 minutos, são suficientes A esfoliação da pele é uma boa pedida para regularizar a tonalidade e remover as células mortas. A sugestão é realizar o processo quando a ardência e descamação já estiverem acabado
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VITRINE | MAQUIAGEM
À prova de calor MARINA DIAS
O sol a pino e as altas temperaturas deste verão não têm dado sinais de que vão diminuir tão cedo. Assim, as produções femininas, inclusive na maquiagem, devem manter a leveza e o frescor característicos das estações mais quentes. Na pele, o efeito saúde é essen-
cial. Para driblar o suor e a oleosidade, o mais importante é não se esquecer da limpeza, hidratação e proteção solar. Outros grandes aliados são os primers e produtos de longa duração, que ajudam a manter o make intacto por mais tempo. “Uma dica é ter na bolsa um pó que segure o brilho, sem pesar no look”, diz o maquiador Gladstone Colodetti, professor do Senac. Invista também nos iluminadores e bronzers, que dão o efeito de
BLOT POWDER MAC R$ 119
pele radiante e bronzeada. Para a produção, cores quentes, texturas acetinadas e metalizadas, assim como tons bem abertos são clássicos de dias ensolarados. Nos lábios, priorize batons de cores fortes: o rosa está de volta, mas valem ainda o laranja, o cereja, o lilás e outros. Para a noite, esfume levemente os olhos com sombras de texturas acetinadas, lembrando que o importante é não exagerar, pois o estilo fresh é a pedida da vez. z
CC CREAM BASE MULTIFUNCIONAL 7 EM 1 O Boticário R$ 54,99
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Fotos: Divulgação
SOMBRA RADIANCE BRILHO INTENSO Contém 1g R$ 38
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DECORAÇÃO | TAPETES
Mais que um detalhe Com grande variedade de formas, cores e texturas, os tapetes são complementos indispensáveis para conferir sofisticação e personalidade a ambientações contemporâneas AMANDA ALEIXO
Desde a antiguidade, eles estão presentes nos interiores do mundo. Aquecendo pisos, vestindo paredes e decorando os ambientes com toque de arte, os tapetes não ficam de fora das decorações de bom gosto. Tecidos à mão ou em teares, eles apresentam formas geométricas, traços simétricos e até lavagens desgastadas. Com tantas opções, é preciso observar a composição do espaço para não errar na escolha da peça e, assim, determinar a cor, textura e material adequado. Segundo Camila Guerra, arquiteta e decoradora, para escolher o tapete certo, é preciso atentar para a harmonia do ambiente. “A peça deve combinar com o resto da decoração e dos móveis. Se o sofá e os móveis forem neutros, por exemplo, recomendo um tapete de cores mais marcantes, para dar vida ao espaço”, diz. Unindo criatividade à gama de opções oferecidas pelas tapeçarias, é possível renovar espaços e criar ambientes apostando em novidades. Para 2015, as peças em patchwork, técnica que cria tapetes a partir de retalhos e texturas variadas, seguem como tendência. Outro destaque são os tapetes persas estonados, que apresentam cores e formatos diferentes, compondo o ambiente com classe e riqueza cultural. “Estes últimos são como vinho”, diz Camila. “Quanto mais antigo melhor.” Conheça algumas opções que refletem as tendências para o ano e ressaltam o bom gosto dos mineiros. 106 |Encontro
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Rafael Carrieri/Divulgação
Jomar Bragança/Divulgação
Requinte e exclusividade Nesta sala de jantar, a arquiteta Camila Guerra selecionou os tons de branco e bege para pano de fundo e destacou a cor cobalto do tapete em patchwork. A peça delimita o espaço e proporciona conforto térmico para a família. Revestimento etrusco, lacas e espelhos são escolhas que refinam o ambiente, que recebe luminárias exclusivas como toque final.
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DECORAÇÃO | TAPETES W.Gontijo/Divulgação
Confortável e clean Para este projeto de home teather, a arquiteta Isabella Magalhães prezou pelo conforto dos moradores e visitantes. A amplitude do espaço possibilitou a escolha de peças grandes para o mobiliário, que apresenta tons sóbrios e leves. O tapete Tapis, felpudo e macio, funciona como extensão do sofá para os momentos de descontração da família e completa o ambiente priorizando o acolhimento.
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Rafael Carrieri/Divulgação
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Daniel Mansur/divulgação
Despojado e elegante Apostando na cor branca e no contraste entre elementos brutos e finos, o arquiteto Luís Fábio Rezende de Araújo planejou esta sala de jogos visando à interação e descontração da família. O conforto é criado a partir de contrastes, representado pela parede chapiscada e sofá italiano. O tapete persa neutro, trabalhado em patchwork, finaliza o ambiente com tons de marrom e cinza. A peça garante requinte extra ao espaço e se apresenta como elemento curinga pela leveza das cores.
Kika Dardot/Divulgação
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DECORAÇÃO | TAPETES Edgard César/Divulgação
Fotos: Juliana Lery/divulgação
Toque de classe Para o projeto desta casa de 1.100 m2, os arquitetos Germana e Fernando Giannetti decidiram mesclar contemporaneidade com o resgate de materiais tradicionais. Neste hall, o piso centenário em madeira de demolição é usado junto a grandes placas de mármore travertino romano bruto. O projeto confere toque clássico ao ambiente contemporâneo com os tapetes da antiga galeria Caucasiana Kazak, que preenchem o espaço junto à escultura de Amilcar de Castro e tela de Luiz Alphons.
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Divulgação
Tons de rusticidade Neste ambiente, assinado pelos arquitetos Dante Lapertosa e José Alberto Figueiredo, o tapete paquistanês de relevo define espaços e integra a sala de música ao pequeno escritório. A peça traz classe ao ambiente junto ao piano de meia calda e permite interação entre os tons claros, representados pela estante em carvalho natural e lustres de cristal com cúpulas em voil. O objetivo do projeto era criar um ambiente inspirador, respeitando o romantismo da construção.
Fotos: Arquivo Pessoal
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DECORAÇÃO | TAPETES
Júnia Lego/divulgação
Estampa leve Leveza e aquecimento foram as diretrizes do projeto desta sala de TV. As arquitetas da CLS Arquitetura Érika Steckelberg, Graziela Costa, Kivia Costa e Zuleica Lombardi apostaram no tapete Hemp Floral para trazer o aquecimento solicitado pelos clientes e dar leveza ao espaço. As cores neutras do mobiliário e a estampa clássica proporcionam um clima calmo e receptivo no ambiente onde a família se reúne diariamente. z
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Jomar Bragança/Divulgação
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NA MESA | ALINE GONÇALVES agoncalves@editoraencontro.com.br
CARNES NOBRES SOBRE RODAS A moda do food truck parece que veio para ficar em BH. E quem resolveu apostar nesse segmento é o bem-sucedido trio de empresários André Ayres, Roberto Pessoa e Marcus Grossi, dos bares Djalma Mercearia Gourmet, Talho Goumert, Dorival Bar & Parrilla e Steak Me, todos na região
do Belvedere. O projeto vem no esteio dessa última casa, inaugurada no ano passado e que serve apenas carnes nobres no espeto: o modelo será agora reproduzido sobre rodas. “Queremos que o nosso primeiro food truck esteja pronto neste trimestre”, explica Ayres. Além disso, eles devem abrir, até mar-
ço, a segunda unidade do Steak Me, na Savassi. “Já estamos em contato com um grupo de São Paulo para que vire um sistema de franquias em todo o país”, diz o empresário. Considerando o movimento do bar, que atende 1,5 mil pessoas por semana, ninguém duvida do sucesso. Fotos: Eugênio Gurgel
UM FRANCÊS NA PAMPULHA
Paulo Márcio
Inaugurado no fim do ano passado, o restaurante Chez Louise, que funciona no Hotel Saint Louis, na Pampulha, acaba de passar por suas primeiras mudanças. “Vamos sempre servir pratos típicos da minha terra, mas de acordo com a estação, para garantirmos os melhores produtos”, explica o empresário francês Nicolas Duchemin. Assim, aparecem, desde o início de fevereiro, sob execução do chef Bruno Salgueiro, receitas como a sopa de cebola gratinada e a codorna ao molho de uvas verdes com tagliatelle trufado. Na administração, Nicolas conta com a ajuda da mulher, a brasileira Fernanda Duchemin. Os dois se mudaram de Paris, há dois anos, já com intenção de abrirem o negócio. De dia, o restaurante funciona também com bufê self service e, em todos os horários, é aberto ao público externo.
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GOSTO DE TRADIÇÃO ITALIANA
PARA OS OLHOS E PALADAR
Quando um novo empreendimento gastronômico abre as portas, sempre há algum risco de não acertar o gosto do público. A aposta da Gelateria Mi Garba! em sorvetes tipicamente italianos com produtos importados da Europa, porém, mostrou-se acertada e em apenas quatro meses o empresário Luca Lenzi viu o número de frequentadores se multiplicar. Hoje, ele atende 700 pessoas por dia. “Nossos clientes adoram sabores como pistache, caramelo e as versões de sobremesas italianas, como tiramisù”, diz. Ele, que ainda mantém um restaurante em Florença, Itália, conta que o investimento em Minas, agora, é em novas receitas, como a do limoncello. Ao todo, já são 80 criações, sendo que 23, feitas diariamente, se revezam na vitrine.
Poderia ser só uma padaria de bairro, mas a Empório Santa Isabel, no Coração Eucarístico, aberta há menos de seis meses, quis se destacar. Para isso, os sócios investiram, de início, na arquitetura, com projeto assinado por David Guerra e Laura Rabe. A área, de 1.000 m2, abriga um prédio de quatro andares, erguido do zero, com vitrais, varanda, além de árvores frutíferas no quintal. Nos principais pavimentos estão padaria, pâtisserie, empório e espaço gourmet – onde é servido um bufê de café da manhã, almoço, lanche da tarde, comida japonesa e pizzas. A produção dos mais de 500 itens é praticamente toda interna. “Fizemos uma pesquisa em modelos de padaria em São Paulo, onde as pessoas podem fazer todas as refeições no local, e resolvemos trazê-lo para cá”, diz o empresário José Geraldo de Barros, sócio ao lado de Paulo Sérgio Lopes.
SAI RESTAURANTE, ENTRA GASTROBAR Foram 13 anos servindo pratos de países como Indonésia, Vietnã e Coreias. Agora, os empresários que comandaram o Sushi Thai resolveram modernizar o endereço, trocaram o nome para Buddha Gastrô e implementaram o conceito de gastrobar, com ambiente descontraído e petiscos asiáticos, além de extensa carta de drinques. A intenção é atrair os mais jovens. “Está sendo difícil agradar ao público que era mais fiel, porque mineiro é tradicional. No entanto, temos conseguido uma boa aceitação dos novos pratos do cardápio quente, que mudou 90%”, revela Pedro Lage, um dos sócios, ao lado do pai, Ricardo Lage. Vale dizer que esse menu privilegia, sobretudo, receitas tailandesas, opção sugerida pelo consultor Rubens Magalhães. À parte, o tradicional menu japonês segue inalterado.
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GASTRÔ | RECEITAS Samuel Gê
Sabor que vem do mar Chefs ensinam receitas de pescados para os que não puderam dar uma esticada até o litoral ou querem continuar se deliciando com pratos típicos ALINE GONÇALVES
Quando janeiro acaba, para muitos vai-se embora também aquela sensação gostosa de férias, de praia, de descanso. Mas, ao menos na mesa, é possível prolongar esse sabor especial. Como? Preparando receitas com frutos do mar que são a cara do período mais quente do ano. Para ajudar, convidamos cinco chefs de alguns dos principais restaurantes da cidade especializados em pescados. Eles ensinam os pratos que fazem a felicidade dos clientes “praieiros”. A clássica casquinha de siri não poderia ficar de fora e é a sugestão da chef Kátia Xavier, do restaurante Atlantico. O bobó ganha versão ainda mais sofisticada, com lagosta, pelas mãos do chef Matusalém Gonzaga, do restaurante que leva seu nome. Já o camarão, que para muitos é o item que mais caracteriza a gastronomia litorânea, serve de base para uma das moquecas mais famosas de BH, a da baiana Deusa Prado, proprietária do restaurante Alguidares. Nesse cardápio, ainda há espaço para a lula servida em um cone e acompanhada por maionese caseira de ervas, ideal para quem gosta mesmo é de petiscar. Por fim, o chef Frederico Trindade sugere o Arroz Lambe Lambe, feito com mexilhões. Escolhida a receita preferida, vale lembrar que todos os chefs recomendam sempre a busca por produtos mais frescos ou com fornecedores reconhecidos pelas boas práticas de congelamento. Desse modo, o sucesso do prato está garantido.
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Foto: Pedro Nicoli
Casquinha de siri Por Kátia Xavier, chef do restaurante Atlantico
INGREDIENTES 1 kg de carne de siri 150 g de tomate pelado batido 1 alho 1 cebola 1 pimentão vermelho Azeite de dendê a gosto 100 ml de leite de coco Pimenta tabasco a gosto Farinha de rosca para gratinar 1 maço de coentro Sal a gosto
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MODO DE PREPARO Em uma panela grande, refogue os ingredientes no azeite de dendê, nessa ordem: alho, cebola e pimentão vermelho. Em seguida, coloque a carne de siri. Depois, junte o tomate pelado, o leite de coco e deixe apurar o sabor. Finalize com coentro e acerte os temperos. Coloque na casquinha com a farinha de rosca por cima e leve ao forno para gratinar. Sirva quente.
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Fotos: Alexandre Rezende
Bobó de lagosta Por Matusalém Gonzaga, chef do restaurante Matusalém
INGREDIENTES 300 g de cauda de lagosta limpa e cortada em rodelas 150 g de mandioca cozida e amassada como purê 30 g de cebola picada 5 g de alho 5 g de gengibre ralado 150 ml de leite de coco 150 ml de azeite de dendê 100 ml de caldo de legumes 1/2 colher (chá) de pimenta-dedo-de-moça 2 colheres de salsa picada 1 pimenta-de-cheiro para decoração 10 folhas de coentro para decoração Sal e pimenta-do-reino a gosto
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MODO DE PREPARO Em uma frigideira bem quente, salteie a lagosta com o azeite de dendê até dourar. Coloque alho, cebola e gengibre e mexa por dois minutos para depois acrescentar o purê de mandioca com o leite de coco. Deixe ferver por dois minutos, junto com caldo de legumes e, por último, acrescente a salsa. Na finalização, coloque a pimenta em rodelas e as folhas de coentro. Sirva com arroz branco.
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Arroz Lambe Lambe Por Frederico Trindade, chef do restaurante Trindade
INGREDIENTES 12 mexilhões frescos na concha 10 ml de vinho amontillado 10 ml de vinagre de jerez Alho, cebola, alecrim e açafrão espanhol a gosto 200 ml de caldo de mexilhão 10 ml de suco de limão 100 g de arroz branco cozido 20 ml de vinho branco 8 unidades de tomate sweet grape 80 g de brócolis
MODO DE PREPARO Refogue o alho, a cebola e o alecrim em uma panela de barro. Coloque o mexilhão, o amontillado e o vinho branco. Tampe e deixe em fogo médio durante cerca de três minutos ou até que os mexilhões estejam abertos. Na mesma panela, junte o caldo dos mexilhões, adicione o arroz cozido, o açafrão, o brócolis e o tomate. Finalize com sal a gosto, limão, ervas frescas a gosto e o vinagre de jerez.
Foto: Alexandre Rezende
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GASTRÔ | RECEITAS Paulo Márcio
Samuel Gê
Moqueca de camarão com pirão e farofa Por Deusa Prado, proprietária do restaurante Alguidares
INGREDIENTES MOQUECA DE CAMARÃO 300 g de camarão descascado 2 tomates cortados em fatias 1/2 cebola cortada em fatias 300 ml de suco de tomate (cinco tomates com casca e uma cebola sem casca batidos no liquidificador) 250 ml de leite de coco 100 ml de leite de vaca 30 ml de azeite de dendê Sal, cebolinha e coentro a gosto
MODO DE PREPARO Coloque na panela de barro os tomates cortados, a cebola cortada, o suco de tomate, o leite de coco, o leite de vaca, o azeite de dendê, o sal, a cebolinha e o coentro. Deixe ferver. Acrescente os camarões temperados com sal e pimenta e cozinhe por cerca de 5 minutos. Sirva com pirão e farofa.
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INGREDIENTES PIRÃO DE PEIXE 300 ml de suco de tomate (cinco tomates com casca e uma cebola sem casca batidos no liquidificador) 250 ml de leite de coco 100 ml de leite de vaca 30 ml de azeite de dendê 250 g de filé de pescada amarela cortado em cubinhos 150 g de farinha de mandioca de copioba Sal, cebolinha e coentro a gosto
MODO DE PREPARO Coloque na panela o suco de tomate, o leite de coco, o leite de vaca, o azeite de dendê, o sal, a cebolinha e o coentro. Deixe ferver. Coloque o filé de peixe e vá mexendo até cozinhar. Em seguida, acrescente aos poucos a farinha e mexa até dar o ponto.
INGREDIENTES FAROFA DE DENDÊ 100 ml de azeite de dendê 150 g de farinha de mandioca 1 cebola picada Sal a gosto
MODO DE PREPARO Em uma panela resistente ao calor, coloque o azeite de dendê e deixe esquentar. Acrescente a cebola e o sal, mexendo sempre. Quando a cebola estiver escura – com cuidado para não queimar –, desligue o fogo. Coloque a farinha de mandioca e mexa até ficar com a coloração homogênea.
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Cone de lula Por Raffaele Autorino, chef do Pecatore Restaurante
INGREDIENTES 220 g de lula fresca cortada em anéis 100 g de farinha de trigo para empanar 500 ml de óleo de soja Sal a gosto Maionese de ervas 50 g de gema de ovos pasteurizados 125 ml de óleo de soja 3 ml de vinagre de vinho branco 12 ml de suco de limão-siciliano Ervas de sua preferência 1 dente de alho pequeno Sal e pimenta-do-reino a gosto
MODO DE PREPARO Maionese de ervas Coloque a gema de ovo em uma cumbuca, acrescente o sal, a pimenta e o vinagre. Misture os ingredientes usando uma batedeira. Depois, acrescente o óleo à mistura, bem devagar. No fim do processo, o molho deve estar bem cremoso. Finalize com o suco de limão, alho e ervas cortadas bem finas. Bata novamente e deixe descansar por uma hora. Lula Coloque o óleo em uma frigideira com temperatura a 180° C. Empane a lula no trigo e passe para uma peneira. Em seguida, coloque a lula no óleo quente. Frite no máximo por três minutos. Só depois, acrescente o sal. Sirva em um cone com o molho à parte. z Fotos: Samuel Gê
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GASTRÔ | MERCADO Alexandre Rezende
Os sócios Ricardo Bauer e Tomy Kutean Cheng, do Oriente Palace, investem na autenticidade e trouxeram um casal de cozinheiros da China: “Eles sequer falam português”, diz Ricardo
Veteranos da gastronomia apostam em novidades Empresários do ramo investem em diferentes propostas e dão fôlego a um mercado que sofre com fechamentos frequentes ALINE GONÇALVES
Para quem acompanha o mercado gastronômico de BH, foi sensível aos olhos (e ao paladar) o fechamento de casas, inauguradas com grande expectativa, que não chegaram sequer a completar um ano: a Leblon Pizza Bar, Bangkok e BM Design, por exemplo, cederam às dificuldades financeiras e ausência de público. Mas há quem encare a crise de maneira diferente. Empresários reconhecidos resolveram seguir caminho 122 |Encontro
oposto e investiram ainda mais fichas na capital para abertura de novos restaurantes. Para isso, buscaram ideias e profissionais de fora, além de investirem em públicos específicos, como os celíacos. Surgiram, assim, já no fim de 2014, o Manganelli, dos sócios que comandam Pecatore, Salumeria Central e L’Osteria Casa Mattiazzi; o Itália, do empresário Luís Eugênio Torres (AA Wine Experience e Amadeus); e o Oriente Palace, de Ricardo Bauer, também à frente do Parrilla Porteña. “Já tinha um desejo de abrir um restaurante italiano na cidade, porque percebi que temos ou casas muito sofisticadas ou cantinas. Ainda há espaço para um bom lugar, com atendimento diferente”, diz Luís Eugênio Torres. Para inaugurar o negócio, que foge do estilo de seus outros empreendimentos (esses têm decoração intimista e adegas gigantescas), ele foi buscar referências em São Paulo, onde tendências costumam che-
gar primeiro e só se mantêm se passarem pelo crivo de um público exigente. Na companhia do chef Robson Viana (dono do Ephigênia Bistrô, responsável por todo o menu e treinamento da equipe da nova casa), visitou o prestigiado restaurante Famiglia Mancini e trouxe conceitos aplicados por lá. Assim, no Restaurante Itália, há pratos para uma ou duas pessoas, com preços médios de R$ 65 (duplos), algo que tem atraído famílias. “As pessoas gostam de pedir pratos para dividir, porque comida é partilha”, diz Torres. “Além dos clássicos, têm feito sucesso as releituras como o ninho de anjo com polpetones, inspirado no espaguete à bolonhesa”, explica. Ao todo, são 90 opções, entre massas artesanais e sugestões como o stinco suíno ao forno com polenta ao trifolato. Uma vez que seu novo restaurante foi aberto em ponto onde funcionava um estabelecimento também de sua
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GASTRÔ | MERCADO Eugênio Gurgel
André Hallak, sócio do Manganelli, que tem também cardápio específico para os celíacos: “O espaço é sóbrio, mas aos poucos vamos dando a nossa cara”
“Temos ou casas muito sofisticadas ou cantinas. Mas ainda há espaço para um lugar com atendimento diferente”, diz Luís Eugênio Torres, do restaurante Itália
propriedade, o Chez Fumoir, Torres não teve dificuldades na obra e precisou apenas mudar a mobília e a decoração, que passou a se referenciar no país europeu: por exemplo, paredes e toalhas de mesa trazem as cores da bandeira italiana. Já para os sócios do Oriente Palace, a escolha do local e a formulação da estrutura foram os pontos mais complexos para a inauguração do novo espaço. Foram três anos para localizar o endereço, no bairro Mangabeiras, onde existia uma escola de idiomas, e reformá-lo, projetando, assim, um amplo salão, varanda com vista para a serra do Curral e bufê central focado na apresentação das culinárias japonesa e chinesa. Somando-se ao sistema self service, há quase uma centena de opções à la carte, como o tofu com carne de porco moída e apimentada. Além do empresário Ricardo Bauer, proprietário do Parrilla Porteña, o sócio taiwanês Tomy Kutean Cheng, que já comandou diferentes estabelecimentos gastronômicos em BH, está à frente do negócio. “O bair124 |Encontro
Samuel Gê
ro é carente de restaurantes do tipo, sobretudo no horário do almoço. Já no fim do dia, queremos focar no happy hour, aproveitando a nossa área externa”, diz Cheng, antecipando que vai criar um menu específico para o horário, neste mês, com a ajuda do casal de cozinheiros que ele buscou em Xangai – a proposta é, assim, apostar em receitas mais autênticas, fugindo do simples frango xadrez, já saturado no setor. “Os cozinheiros sequer falam português”, diz Baeur. Já o Manganelli mistura algumas das fórmulas dos outros dois restaurantes recém-inaugurados: tem chef estrangeiro, o sócio Rafaelle Autorino, e pegada italiana. A casa, instalada no hotel Intercity Premium, destoa visualmente da linha dos demais redutos dos empresários envolvidos: Pecatore e Salumeria Central são menores e privilegiam decoração descontraída. “Fomos convidados para assumir a casa pela administração do hotel, mas nossa concepção foi basicamente do cardápio. Claro que, aos poucos, vamos
dando a nossa cara, mas é um espaço bem sóbrio até então”, explica André Hallak, também sócio, assim como o premiado chef Massimo Battaglini e os empresários Idel Yarochewsky, Rafael Bambirra e Patrick Feibelmann. Segundo Hallak, o chef da casa já havia trabalhado em hotéis na Europa, o que facilitou o processo de organização. O menu do almoço tem como ponto principal o bufê de salada. À noite, porém, a casa funciona apenas no sistema à la carte, com destaque para as massas artesanais sem glúten, caso do espaguete com frutos do mar. A ideia é atingir o público de celíacos, mas o grupo também está atento aos que seguem dietas que restringem o consumo do item. “O púbico de dia é formado mais por trabalhadores da região, enquanto à noite ele se diversifica”, observa o empresário. Seja para atrair jovens, casais ou funcionários de escritórios, as inaugurações, além de preencherem espaços vagos do setor gastronômico, certamente trazem sinais de otimismo. z
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GASTRÔ | NEGÓCIOS Samuel Gê
Um libanês que faz até coxinha O empresário Gaby Madi transformou a coxinha em um dos carros-chefes do restaurante libanês: “Pensei em voltar para o meu país, em me mudar para os Estados Unidos, mas acabei me estabelecendo por aqui”
Vila Árabe inaugura novo ponto em BH, no bairro São Pedro. A rede chega a nove casas, com mix de produtos que mistura a culinária árabe com a brasileira
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ALINE GONÇALVES
Quando chegou ao aeroporto de Beirute, em 1982, o libanês Gaby Madi segurou delicadamente o braço da mãe para abraçá-la. “Me solte, eu estou esperando meu filho”, ouviu da matriarca. “Mas sou eu”, retrucou Gaby. A confusão se justificava pelo longo tempo de separação entre os dois. “Fiquei 13 anos no Brasil sem visitá-la, porque não tinha condições financeiras de retornar”, diz ele. Ao sair de casa, com 18 anos, ele levou apenas US$ 200, dados pelo pai. O destino era a América do Sul, aonde chegou com US$ 20 no bolso. A maior parte gastou na viagem de navio, que durou quase um mês e teve escalas em lugares como Turquia e Portugal. Tempos difíceis que ficaram para trás: reconhecido empresário em Belo Horizonte, Gaby,
hoje, vai ao país de origem ao menos duas vezes ao ano, rever os parentes e buscar inspirações e energia para comandar o restaurante e empório Vila Árabe, que há quase 15 anos faz parte do cenário gastronômico da capital. Na primeira semana de fevereiro, o empreendimento, que compreende restaurante, lanchonete e bufê para eventos, ganhou novo ponto na avenida Nossa Senhora do Carmo, anexo ao Epa Plus, no São Pedro. Um dia antes da inauguração, lá estava o fundador, sorridente e bem disposto, organizando os detalhes. Um dos diferenciais dessa unidade diz respeito ao mix de produtos, que incluiu pizzas, algo pensado para aproveitar a estrutura com forno a lenha. “A parte da inauguração é a que ele mais gosta”, diz a filha Michelle, que hoje administra as casas ao lado do irmão, Elias. O grupo chega, assim, ao número de nove unidades.
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A nova unidade inaugurada em fevereiro, anexa ao Epa da avenida Nossa Senhora do Carmo: diversidade para atender o público diurno Roberto Rocha
O fundador do Vila Árabe entre os filhos, Michelle e Elias, que ajudam na administração das casas: “Meu pai percebeu que havia uma carência da culinária árabe em BH”, diz Elias
RAIO - X FUNDAÇÃO: 2001 NÚMERO DE LOJAS: nove FUNCIONÁRIOS: 450 SERVIÇOS: restaurante self service (unidades do BH Shopping, Savassi e São Pedro), lanchonete e delicatéssen MIX DE PRODUTOS: 500 itens, incluindo salgados, patês e pães EXPANSÃO: até o fim de 2016, serão 20 casas. A próxima inauguração será no Vila da Serra. Outros pontos estudados são nos bairros Cidade Nova e Ouro Preto. Ainda neste ano, há projetos de levar a marca para a cidade de São Paulo, onde devem ser inauguradas três unidades PRODUÇÃO: É artesanal, no bairro Gutierrez, e chega a gastar até quatro toneladas de trigo por mês
Até 2011, eram somente três lojas. “Estávamos procurando um ponto na região, quando surgiu o convite. Foi uma ótima coincidência”, afirma Elias. Elias e Michelle são “nascidos e criados” dentro das lojas e, como únicos brasileiros da família Madi, não acham difícil entender o rápido crescimento da rede. “No Brasil, há cerca de 6 milhões de libaneses e descendentes até a terceira geração, e os mineiros desse grupo buscam aqui os pratos para se lembrar da família”, diz Elias. “Às vezes, a pessoa já não sabe preparar a comida árabe, a receita se perdeu, mas fica saudosa de um prato que a avó cozinhava”, afirma Michelle. Outro ponto a favor é que a culinária árabe é considerada saudável e ainda oferece produtos vegetarianos, atendendo a um público específico. No entanto, quando decidiu inaugurar o primeiro Vila Árabe, na Savassi,
Gaby queria apenas um lugar que lembrasse sua terra natal, em todos os sentidos. “O desejo dele era ter um espaço para juntar os libaneses. Ele não pensava nisso como um negócio maior, com várias unidades, mas percebeu que recebia muitas encomendas, que havia uma carência da culinária árabe em BH”, diz Michelle. Para garantir a autenticidade, os pratos típicos, vindos da memória que Gaby tinha da cozinha materna, como quibe, esfirra e charuto de uva, passaram a ter a supervisão de dona Therese Madi, também libanesa e mulher do empresário – eles se conheceram em uma das viagens de Gaby para rever os quatro irmãos e os pais. Com a expansão para empórios, que veio naturalmente e foi alavancada quando os filhos passaram a se envolver no trabalho, o empresário decidiu também se especializar em um quitute brasileiro que se tornaria um dos carros-chefes da casa: a coxinha de frango. “Quando meu pai chegou ao Brasil, começou trabalhando em bares e lanchonetes no centro de Belo Horizonte. Foi assim que aprendeu a receita, com uma senhora, uma cozinheira amiga”, conta Elias. O tamanho da iguaria chama a atenção e desperta a curiosidade dos frequentadores. “Meu pai só faz o que gosta de comer e defende a fartura”, diz. “Quase 80% das pessoas que pedem a coxinha levam o saquinho para terminar de comer depois.” E pensar que, quando começou, há 45 anos, Gaby sequer falava português, que dirá entender os hábitos brasileiros. O aprendizado veio com um tio-avô materno, único parente que tinha no país e o primeiro a comentar sobre a América do Sul. “Eu era jovem, queria sair de casa e meu tio sugeriu ir trabalhar com ele”, diz. “Muita gente acha que vim por causa da guerra. Na verdade, vim antes porque quis, apesar de minha mãe não ter ficado nada satisfeita.” No Brasil, ele não encontrou “vida fácil”, e o trabalho pesado quase o fez desistir. “Pensei em voltar, em me mudar para os Estados Unidos, e cheguei a pedir ‘abrigo’ para uma tia que vivia lá”, diz. “Mas acabei resolvendo me estabelecer por aqui.” Sorte de quem aprecia a culinária árabe e, claro, a coxinha tamanho família. ❚ FEVEREIRO DE 2015
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Curinga espanhol
O Jerez, vinho espanhol, tem estilos tão variados que se encaixa dos aperitivos à sobremesa. Cabe bem até mesmo com ingredientes mais difíceis de harmonizar
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EDUARDO TRISTÃO GIRÃO
Além do jerez, que outro vinho tem estilos o suficiente para se encaixar em qualquer etapa de uma refeição? Pois esse nobre espanhol da Andaluzia vai do aperitivo à sobremesa, passando por ingredientes geralmente difíceis de harmonizar, como azeitona, alcachofra, aspargo, aliche, peixe cru e chocolate. Resultado de um complexo sistema de produção com uvas que crescem sobre solo esbranquiçado, esses rótulos instigam o paladar de enófilos e a imaginação de chefs de Belo Horizonte. A ampla paleta de sabores do jerez (também grafado sherry e xerez)
deve-se aos seus cerca de 10 estilos, começando pelos dois mais leves, fino e manzanilla, cada um com suas próprias características. O segundo consiste no fino amadurecido na cidade costeira de Sanlúcar de Barrameda, identificado por seu sabor seco, amendoado e com um quê de salinidade – não por acaso, casa bem com frutos do mar. Mais duas cidades formam o triângulo produtor do jerez, no Sul da Espanha: Jerez de la Frontera e Puerto de Santa Maria. A principal uva desses vinhos é a palomino, que consegue manter acidez interessante mesmo amadurecendo em clima muito quente. Também entram nos cortes as castas moscatel e pedro xi-
menez (também conhecida como PX). É com esta última que é feito o superdoce, escuro e denso jerez conhecido simplesmente como pedro ximenez, perfeito para sobremesas ou para ser degustado sozinho, naquela “meditação” ao final da refeição. Entre esses dois opostos – fino e pedro ximenez –, estão os demais estilos de jerez, como amontillado (escuro, amargo e seco, com aroma de noz e algo de especiaria), oloroso (escuro, oxidado, também com aroma de noz e, em alguns casos, maior teor de açúcar), palo cortado (espécie de intermediário entre os estilos anteriores, com sabor amendoado, sendo dos mais alcoólicos; chega a 20°) e Fotos: Samuel Gê
JEREZ FINO REY FERNANDO DE CASTILLA
JEREZ OLOROSO MERITO
De cor amarelo-palha (quase âmbar), tem final longo e notas aromáticas de mel e frutas secas e cítricas, além da característica sensação de salinidade na boca. Para beber agora ou guardar por poucos anos, vai bem com queijos curados, salmão e hadoque defumados, presunto cru, tapas e frutos do mar em geral, inclusive petiscos com polvo. R$ 66 (Casa do Vinho)
Após cinco anos de amadurecimento em barricas, esse vinho feito com a uva palomino torna-se ideal para escoltar queijos muito curados e carnes vermelhas e de caça. Tem cor âmbar escuro, bom corpo e, apesar de bastante adocicado no nariz, apresenta-se seco ao paladar. R$ 55. (Casa do Porto) FEVEREIRO DE 2015
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GASTRÔ | VINHOS
JEREZ AMONTILLADO 12 AÑOS MAESTRO SIERRA
JEREZ AMONTILLADO 12 AÑOS MAESTRO SIERRA
Elaborado exclusivamente com a uva palomino fino, esse vinho passa 12 anos em barricas de carvalho norte-americano, período em que a flor desaparece, permitindo oxidação e consequente ganho em concentração e complexidade. Com cor âmbar, é marcado no olfato por notas de nozes, avelã, maçã assada, especiarias e tabaco. Bem seco, apresenta frutas no fim de boca. Ideal para apreciar ao final da refeição, com queijos semicurados e frutas secas, ou como acompanhamento de consomês (cogumelos, aspargos e alcachofras). R$ 207,70 (Decanter)
Produzido a partir de uvas palomino de colheita manual, amadurece quatro anos em grandes tonéis de carvalho. A cor é amarelo-palha e brilhante. O perfil aromático conta com notas de pera, flores brancas, amêndoas e pão. Na boca é potente, seco e tem acidez viva. Vai bem com aperitivos, entradas, sopas, frutos do mar, sushis, sashimis, presunto cru e queijos suaves. R$ 115 (Divino Empório)
cream (oloroso com adição de pedro ximenez, resultando em sabor mais doce). Essas variações são obtidas pela junção do talento do enólogo com as variáveis do intrincado processo de produção do jerez. Aliás, as diferenças em relação a outros vinhos começam bem antes, já que o solo local, conhecido como albariza, é único, com seus pedregulhos e cor esbranquiçada devido à abundância de cal. A influência marítima é grande, com ventos úmidos e carregados de salinidade a passar pelas vinhas. Fermentado e fortificado (com adição de aguardente vínica para elevar seu teor alcoólico), o vinho vai para barricas de 130 |Encontro
carvalho empilhadas como uma pirâmide, sempre com espaço para o ar, o que permite desenvolvimento de camada de leveduras chamada flor. Ela forma uma superfície branca que, além de proteger o vinho da oxidação, transmite a ele algumas de suas características principais, como amargor e nota de amêndoa. As barricas de cima (segunda criadera) são preenchidas com o vinho mais jovem. Logo abaixo ficam as barricas que compõem a primeira criadera e, junto ao chão, as da solera (com o vinho mais antigo). Da solera é extraída certa quantidade de vinho pronto para engarrafamento, reposta com o que é retirado da primei-
ra criadera. A segunda criadera sempre abastece a primeira com vinho novo, num processo que leva cerca de três anos. Na Espanha, é comum usar o jerez para cozinhar. Os tipos mais secos entram no preparo de pratos com rim de vitela ou amêijoas (moluscos locais), por exemplo. Por aqui, o chef Leo Paixão, do restaurante Glouton, viu no amontillado ingrediente ideal para finalizar nova receita que está se firmando como próximo clássico da casa (como aconteceu com a papada de porco): arroz de galinha caipira e quiabo envolvido com redução do caldo da ave e toque de jerez a conferir acidez e complexidade de sabor. ❚
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NA SOCIEDADE | HELVÉCIO CARLOS hcarlos@editoraencontro.com.br Fotos: Arquivo pessoal
PAIXÃO À PRIMEIRA VISTA É impossível saber o número exato de cidades visitadas por Bernardo Mascarenhas pelo mundo. “Não tenho ideia”, diz ele. Mas, quando perguntado sobre a cidade que mais o encantou, a resposta é imediata: Tel Aviv. O empresário passou três semanas por lá, incluindo passeio por Jerusalém. “Como tenho pouco contato com a cultura e costumes desse país, a imagem que tinha era de um lugar perigoso, cheio de conflitos e muita tensão”, comenta. Para surpresa de Bernardo, no entanto, logo ao chegar percebeu que o esquema lá é diferente do resto do país. “Eu me senti absolutamente à vontade e seguro. Lembrou-me um pouco a atmosfera boêmia e animada do Rio de Janeiro (que não existe mais), sendo, às vezes, até chamada de Rio do Oriente. Tel Aviv é incrivelmente rica culturalmente”, elogia. A presença constante do exército e as revistas para entrar em qualquer shopping, museu ou boate chamou sua atenção também. “Em contrapartida, pode-se circular a qualquer horário a pé ou de bicicleta sem o menor problema. A questão da segurança pública lá é completamente diferente do Brasil”, observa Bernardo, que foi recebido pela mineira Tatiana Waisberg e pelo marido dela, Nimrod Korren.
AZUL DA COR DO MAR Fernando Henrique Lisboa e a namorada, Natália Arantes, voltaram de Curaçao entusiasmados com a beleza da região caribenha. “É paradisíaco, barato e com excelentes hotéis”, afirma o empresário. “Mas alugar um carro é essencial para conhecer as praias mais distantes.” O casal achou curioso que em algumas delas, com boa estrutura para receber visitantes, o turista paga para frequentar. “Em Klein, por exemplo, são US$ 90 por pessoa, incluindo transporte, refeições e ingresso. Vale a pena. É incrível”, diz, citando ainda como boas opções Blue Bay e Mambo Beach, cujos “ingressos” custam US$ 3.
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UMA AVENTURA E TANTO Rodolfo Brito, um dos DJs mais queridos na balada, trocou as picapes pelo volante para fazer um passeio e tanto. A conselho dos amigos, decidiu seguir para o Sul da Bahia dirigindo. “A ideia soava bem, mas achava uma loucura dirigir tanto, ainda mais considerando a qualidade das estradas do Brasil”, justifica. “Foi cansativo dirigir por cerca de 12 horas direto. Mas chegar a Trancoso e ver a lua surgindo logo atrás da igrejinha no quadrado foi demais. Ôxe, férias merecidas!”, brinca. Para o DJ, que
COM AMOR E COM AFETO Maria Tereza Alkmin terá um detalhe a mais para cuidar nos preparativos de seu casamento com Luis Flávio, em junho. Dona de uma das principais fábricas de doces finos da cidade, ela está desenvolvendo o cardápio de docinhos e da sobremesa da recepção, que será realizada na casa dos pais, no Belvedere. Boas ideias não faltarão. Maria Tereza retornou no final do mês de janeiro do Le Cordon Bleu, em Paris.
foi acompanhado da namorada, Maria Clara, cada destino teve um encantamento diferente: “Canavieiras é cidadezinha muito charmosa; a Península de Maraú, lugar incrível e hoje um dos mais badalados do verão brasileiro; Itacaré, famosa por suas praias indicadas para surfe e outras opções de esportes; Caraíva é um lugar mágico, que recebeu energia elétrica só há poucos anos. Uma aventura que não sai da memória. Já posso voltar?”, brinca Rodolfo, de volta a sua rotina como DJ na balada.
AMIZADE ATÉ ABAIXO DE ZERO Nem mesmo o frio congelante em Nova York impediu o reencontro de duas grandes amigas, Paula Guimarães e Fernanda Oliveira. Paula, que estava em Miami, decidiu passar o aniversário, comemorado na primeira semana de fevereiro, com Fernanda, que está em temporada em Nova York , onde cursa MBA na Universidade de Columbia. “Congelamos no inverno americano”, brinca Fernanda, que só volta ao Brasil no meio do ano que vem.
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SOCIEDADE
Felipe Galinkin, Claudia Galinkin, Gustavo Araújo, Jose Matos, André Maurício Gama Cerqueira, Mara da Graça Diniz, Liliane Araújo, Daniel Galinkin, Gláucia Melo Diniz Araújo, Consuelo Araújo e Luiz Henrique Andrade de Araújo
Bodas Foi uma beleza o casamento de Liliane Araújo e Daniel Gama Cerqueira. Com cerimônia religiosa na capela do colégio Santo Antônio e recepção no Far East, o evento foi prestigiado. A noiva é filha de Glaucia e Luiz Henrique Araújo, o noivo, de Claudia Galinkin e André Gama Cerqueira. A pista foi animada pelo DJ Carlo Dee. Os noivos seguiram para lua de mel em Paris, Veneza, Roma Toscana e Florença. Fotos: Márcia Charnizon/Divulgação.
Daniel Galinkin, Mara da Graça Diniz, Liliane Araújo e José Matos Ferreira Diniz
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Liliane Araújo e Daniel Galinkin
Felipe Galinkin, Daniel Galinkin, Liliane Araújo e Gustavo Araújo
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Daniel Galinkin, Liliane Araújo, Glaura Diniz Pacici e Leandro Pacini
Daniel Galinkin, Consuelo Araújo e Liliane Araújo
André Mauricio Gama Cerqueira, Gláucia Galinkin, Daniel Galinkin, Liliane Araújo, Luiz Henrique Andrade de Araújo e Gláucia Melo Diniz Araújo
Gustavo Araújo, Valmir Bebiano e Liliane Araújo
Daniel Galinkin e Liliane Araújo com os padrinhos
Liliane Galinkin e madrinhas
Daniel Galinkin e Liliane Araújo
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SOCIEDADE
Lançamento Com coquetel para convidados, a Manoel Bernardes marcou o início das atividades da Bulgari na joalheria, com o lançamento do relógio Carbon Gold. A marca foi representada por Rafaela Pedroso, gerente de vendas na América Central, Brasil, Colômbia e Venezuela, e Monika Guerrero, especialista em marketing. Além do Carbon Gold, serão expostas diversas peças de relojoaria. A grife italiana chega ao Brasil ao completar 130 anos de fundação e ser sinônimo de vanguarda. Fotos: Samuel Gê.
Paulo Bernardes, Andrea Bernardes e Manoel Bernardes
Cristina Lapertosa e Lígia Lapertosa
Jaeci Carvalho e Alexia Carvalho
Soraya Burni e Laura Burni
Déa Malard e Werner Rohlfs
Fernanda Pimenta e Fred Costa
Liliane Carneiro Costa, Cida Feitosa e Renata Araújo Notini
Déa Malard, Lu Bernardes e Denise Guedes
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Rafaela Pedroso, Vanderlei Miranda e Philipp Rossler
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SOCIEDADE
Comida sobre rodas Foi um sucesso a primeira edição do Food Truck Festival, no início de fevereiro, em Alphaville Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima. Nem o tempo chuvoso tirou o charme do encontro que reuniu 21 carros com os mais variados tipos de comes e bebes, além dos shows do Copo Lagoinha, Happy Feet Jazz Band e Maíra Labanca. O evento teve como um dos organizadores Lucas Fonda, gerente da Alterosa Produções. A promoção foi do jornal Estado de Minas, da Guarani FM, do Portal Uai e da revista Encontro. Fotos: Renata Caldeira.
Maria Clara Machado e Gabriel Miranda
Bernardo Boueri e Thaís Costa
Mariana Burguer e Dulce Lagoeiro
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Roberta Pabline, Marina Teixeira e Barbara Campolina
Luisa Fonseca e Flávia Fonseca
Gabriela Machado e Clara Brenck
Luciana Gomide e Liz Nalli
André Emrich e Maíra Labanca
Laura Bagno, Ricardo Teixeira, Caterina Sgromo e Augusto Borges
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fonte em curva
SOCIEDADE
Mudança de endereço Há cinco anos no mercado, a Neca, marca de moda feminina, comemora a data com novidades. Desde o final de janeiro a grife atende em novo endereço, no Prado, na rua Cuiabá, 1.107. O showroom para atacadista ficou maior, oferecendo mais conforto às clientes da marca, que prima pelo casual. O coquetel foi marcado pela apresentação da cantora Karen Duarte. Fotos: Dudua’s Profeta. José Dimas Furtado Coelho e Dagmar Rodrigues Coelho
Luisa Simão, Melina Zille, Lorena Lage, Ana Flávia Coelho e Luana Jardim
Ana Flávia Coelho, Bernardo Peconick, Deborah Zandonna e Tánia Peconick
Denise Alencar, Betânia Lessa e Guiomar Machado
Ana Flávia Coelho
Ana Flávia Coelho e Sidney Machado Torres
Regina Barreto, Carolina Stehling, Betânia Lessa e Tricia Barreto
Ana Flávia Coelho e Leda Machado
Ana Carolina Gonçalves, Ana Magalhães e Michelle Navarro
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SOCIEDADE
Vinicius Silvestre, Maria Cristina Silvestre, Patrícia Leal e Fernando Leal
André Silvestre, Maria Lúcia Silvestre e Antonio Anastasia
Boas-vindas ao senador O casal mineiro Maria Lúcia e André Luiz Silvestre abriu sua casa, em Brasília, para um coquetel em comemoração à posse do senador Antonio Augusto Anastasia, amigo de infância da anfitriã. Mais de 200 convidados, daqui e da capital federal, prestigiaram o evento, servido pelo bufê brasilense Umami. Destaque para o décor da Calissa Festas, que criou “tucaninhos” para compor a decoração da mesa do bolo, fazendo menção ao PSDB; e para os doces do Buffet Célia Soutto Mayor, levados especialmente de BH pela amiga do homenageado Patrícia Soutto Mayor Assumpção. Fotos: Bruno Pimentel.
Ana Luisa Cascão e Elsinho Cascão
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Sofia Guedes e Thiago Guedes
Mario Fontana e Renata Vilhena
Fernanda Quina e Gustavo Magalhães
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Fátima Santos e Rodrigo de Castro
Eliane Machado e Sandre Petriz
Luciana Raso, Antonio Anastasia, Celso Picchioni e Patrícia Soutto Mayor Assumpção
Valeska Tonet e Paulo Tonet
Monica Brant e Luiz Flávio Brant
Marta Portela e Cássia Del Rey
Doroteia Werneck e Daniel Messias
Fuad Nonan, Mônica Noman e Leonardo Colombini
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SOCIEDADE
Tradição Patrícia Soutto Mayor comemorou o Dia de Reis reunindo amigas em sua casa, no Belvedere. O encontro, que começou às 17h, foi superanimado até quase a meia-noite. “Tive de pedir para irem embora. No outro dia eu acordaria muito cedo”, brincou a anfitriã, uma das figuras mais queridas de Belo Horizonte. “O ano de 2014 foi muito bom, e reunir as amigas em casa é uma forma de agradecer e torcer para um ano novo abençoado”, disse Patrícia. Fotos: Eugênio Gurgel.
Jane Jirsam e Carla Damázio
Luciana Salum, Ana Paula e Virgínia Salazar
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Patrícia Soutto Mayor
Letícia Zica e Claudia Travesso
Isabela Teixeira da Costa e Rosália Nazarethe
Mônica Soutto Mayor, Kátia Dumond e Erika Caldeira
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SOCIEDADE
Clara Nicolato, Bruna Nicolato, Mônica Maia, Jayme Nicolato e Isadora Nicolato
Isabel Gangl e Herwig Gangl
Aniversário Jayme Nicolatro Correa sempre fez questão de comemorar o aniversário. Os 51 anos foram celebrados em festa que reuniu a família e amigos no Casa Tua, no Jardim Canadá. Fotos: Dudua’s Profeta.
Taís Alves, Meiry Moura, Ivana Castro e Ana Paula Fonseca
Rafaela Martino e Wabert Ruffo
Murilo, Maria Cláudia, Laura Terra e Clara Terra
Marina Pichued e Larissa Saliba
Danielle Maiolini e Antônio Calazans
Cristina Corrêa e Lívia Hosken
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A TV ALTEROSA E OS DIÁRIOS ASSOCIADOS REALIZARAM NO DIA 02-02 UMA GRANDE FESTA NO TEATRO BRADESCO: A 14ª EDIÇÃO DO TROFÉU TELÊ SANTANA. A PREMIAÇÃO RECONHECEU OS CRAQUES QUE BRILHARAM NOS GRAMADOS EM 2014. O EVENTO REUNIU GRANDES NOMES DO ESPORTE MINEIRO, AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS E MUITOS TORCEDORES. A CERIMÔNIA FOI CONDUZIDA POR LEOPOLDO SIQUEIRA, O APRESENTADOR MAIS QUERIDO DA TV MINEIRA, EM UMA NOITE DE RECONHECIMENTO, CELEBRAÇÕES E APLAUSOS.
Renê Santana (filho do Telê), Carlos André Mariani Bittencourt (Procurador Geral de Justiça) e Geraldo Teixeira da Costa Neto (Diretor Executivo dos DA)
AS MARCAS NESTAS PÁGINAS FORAM PARCEIRAS NA REALIZAÇÃO DA GRANDE FESTA DO ESPORTE.
Palhinha e Dirceu Lopes (ex-craques de futebol)
Miguel Corrêa Jr. (Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia) e Reinaldo (ex-craque de futebol).
Joaquim Tarcísio de Freitas (Diretor Jurídico DA) e Luan (jogador do Atlético)
Lasaro Canedo da Cunha (Di Gala), Sérgio Sette Câmara e Daniel Nepomuceno (Presidente do Altético)
Jomarson Dias, Humberto Ramos e Marcelo Oliveira (Técnico do Cruzeiro)
Fábio (goleiro do Cruzeiro ) e seu filho Pablo
Gilvan de Pinho Tavares (Presidente do Cruzeiro), Valdir Barbosa e Beneci Queiroz.
FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE E MARCOS VIEIRA- EM /D.A PRESS. ERWING OLIVEIRA E SÉRGIO AMZALAK /ESPECIAL PARA O ESTADO DE MINAS.
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Daniel Castelão, Levir Culpi (Técnico do Atlético), Erika Moraes e Cláudio Motta
Anderson Racilan (Presidente do América) e sua filha Stephanie
Patrick Drumond (Secretário Municipal de Esportes), Délio Malheiros (Vice-Prefeito de BH) e Luís Otávio Lage (Presidente do MTC)
Juliana Zuqui, Andreia Zuqui (Gerente Executiva de Marketing e Comercialização DA) Leopoldo Siqueira (Apresentador do programa Alterosa Esporte e Mestre de Cerimonias do Troféu Telê Santana)
Ricardo Sapi (Secretário Adjunto de Turismo e Esportes), Robson Santos e Rodrigo Paolineli
Geraldo Magela e Julia Labanca
Paula Gaviolle e Leandro Gaviolle (Tombense).
Gustavo Greco e Ludmila Hinkelmann (Greco Design)
Domenico Bhering, Manssini (jogador do América) e Castelar Neto.
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Afonso (Köbs), Felipe (Seu Romão), Curin (Curin Bar), Chef Túlio, Maranhão (Bar do Maranhão) e Marcinho (Barbazul) – Bares do Botecar, responsáveis pelo delicioso coquetel servido aos convidados do Troféu Telê Santana)
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ARTIGO | LEILA FERREIRA lferreira@editoraencontro.com.br
Engordar sem culpa Estou em Portugal há quase dois meses. E, há quase dois meses, tenho me alimentado como se cada refeição fosse a última – se não da vida, pelo menos do dia. Pastéis de nata, travesseiros de Sintra, travessas de bacalhau acompanhado por batatas despudoradamente imersas em azeite, bolo do rei, bolo da rainha, queijos do Azeitão... os sabores se sucedem e, sem qualquer remorso, eu me entrego a eles. Culpa das maravilhas da cozinha portuguesa? Claro. Portugal é, de fato, um lugar onde se come divinamente. Mas esse apetite desenfreado também tem a ver com uma vontade quase infantil de fazer o que não se deve, ou o que dizem que não devemos fazer. No caso, comer o que engorda – na nossa cultura, o pecado supremo. Desde que a magreza foi elevada à condição de virtude, tenho sentido que meu apetite vem aumentando de forma discreta, mas consistente. Quanto mais valorizam os magros, mais vontade tenho de comer. Quanto mais falam de dietas, menos vontade tenho de fazê-las. E sinto arrepios cada vez que ouço um grupo de pessoas em debate animado sobre calorias. Não faz tanto tempo assim, nossas conversas giravam em torno de temas mais interessantes e ser magro era apenas uma das contingências da vida: ninguém era alçado à condição de herói por ter perdido 30 quilos. Fora dos consultórios médicos, emagrecer era um verbo como tantos, conjugado com letras minúsculas nos bate-papos com os amigos, não o mantra que se entoa hoje em qualquer roda de conversa, qualquer mesa de restaurante, qualquer ambiente de trabalho, qualquer divã de psicanalista. O fato é que, cansada desse mantra que nunca fez minha cabeça, embarquei para Portugal decidida a desfrutar dos prazeres da mesa e a exercer o sagrado direito de deixar o corpo expandir. Assim tem sido. Barras de chocolate com avelãs ao cair da noite? Bem-vindas. Torta de maçã com sorvete para encerrar um jantar com amigos? Por que não? E aquele pão de castanhas comprado bem fresquinho na feira de Cascais, na manhã gelada de um sábado que sugere recolhimento? Que seja. As batatas “ao murro” pedem para acompanhar o bife de carne tenra – e são prontamente atendidas. Quem sabe hoje é dia de bacalhau ao Zé do Pipo? Ou de uma cataplana de tamboril? Enquanto o azeite escorre, dourado feito a tarde de inverno, as letras vão formando fios de puro prazer. Cada nome de prato já é um sabor em si. Cada doce começa a ser degustado nas sílabas que o nomeiam. Queijadinhas de amêndoa, rendinhas do Alentejo, encharcadas do Convento de Santa Clara... “Cada bocado de doçura há de custar-te muita amargura”, ameaça o ditado português. Mas meus ouvidos não estão para ameaças. Só querem saber da nomenclatura poética dos pratos e das infinitas guloseimas – e ela soa inofensiva, sedutoramente leve. Afinal, que mal pode haver em algo que atende pelo nome de rendinha do Alentejo? Como associar amargura aos arrepiados de coco, às cornucópias ou às súplicas e tantas outras invenções das cozinhas dos conventos? Abro a porta do armário e avisto uma pilha de roupas dobradas, que deixei num canto, à espera da volta para o Brasil. Todas apertadas e aparentemente resignadas com essa espécie de descanso forçado. Assim como
Desde que a magreza foi elevada à condição de virtude, tenho sentido que meu apetite vem aumentando de forma discreta, mas consistente. Quanto mais valorizam os magros, mais vontade tenho de comer eu, estão em período sabático, um tempo em que se suspendem a culpa, a vaidade descabida e o próprio tempo. Pode-se ficar triste num sabático. Pode haver angústia, inseguranças, melancolia e, geralmente, há. A pausa leva à reflexão, e a reflexão pode levar ao desconforto, eventualmente ao sofrimento. Mas é uma parada que não comporta culpas indevidas ou preocupações supérfluas. E a gente se reconcilia com velhos prazeres esquecidos, como o prazer de comer o que se gosta, quando se tem vontade, sem fazer a contabilidade insuportável das calorias. Suspeito que a calça jeans que estou usando daqui a pouco engrossará a pilha de roupas encostadas no armário. Confirmo no espelho que minha cintura aumentou – aliás, não só ela. Mas tem um vinho do Douro à minha espera, com pão de sementes de girassol, queijo semicurado e pasta de azeitona verde. Depois, uma barra de chocolate ou um pastel de nata se encarregará de suavizar mais uma noite de temperaturas baixíssimas. Engordar em Portugal é fácil. O difícil, que é ganhar quilos sem sentir culpa, a gente acaba aprendendo. z *Leila Ferreira é jornalista, escritora e palestrante
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