Davi: a Lâmpada de Israel

Davi

A Lâmpada de Israel

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A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UM REI SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

Davi - A lâmapada de Israel

Pr. Abner Ferreira

1ª Edição

Rio de Janeiro Editora Betel 2013

DAVI

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Davi - A lâmapada de Israel

A LÂMPADA DE ISRAEL A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UM REI SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS Copyright © Editora Betel • Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei dos Direitos Autorais 9610/98. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sob quaisquer meios (eletrônico, fotográfico e outros).

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Sobre o livro Categoria: Educação Cristã 1ª Edição - Agosto de 2013 Tiragem: 100.000 exemplares Capa: Gabriel Joaquim Editoração: Jeffrey Gonçalves Revisão: Vania Lopes e Luiz Costa Formato: 14 x 21 cm ISBN: 978-85-8244-004-9 Editora Betel: Rua Carvalho de Souza, 20 - Madureira - RJ Site: www.editorabetel.com.br Telefone: (0xx21) 3575-8900 Impresso no Brasil - Rio de Janeiro

Sumário Introdução.............................................................................................5

Capítulo 1

Davi - Um homem segundo o coração de Deus...............................7

Capítulo 3

A unção.....................................................................................................................35

Capítulo 4

Que vença o menor..........................................................................................49

Capítulo 5

Amizade, o conforto da alma.....................................................................59

Capítulo 6

Removendo as muletas.................................................................................69

Capítulo 7

Apaziguando a tempestade........................................................................79

Capítulo 8

Filisteu por opção..............................................................................................95

Capítulo 9

Enchergando o laço através do terraço...........................................107

Capítulo 10

Grande rei, péssimo administrador do lar....................................121

Capítulo 11

Davi, a lâmpada de Israel..........................................................................133 Bibliografia ......................................................................................147

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Dois reis, dois tipos de unção....................................................................19

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Capítulo 2

4 Davi - A l창mapada de Israel

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AVI É, SEM dúvida alguma, um personagem extraordinário, não somente pelas habilidades que possuía, mas pelo que representou e ainda representa para todos nós. É um herói para muitos povos, um homem que a Bíblia descreve como sendo segundo o coração de Deus, um título dado apenas a dois homens em toda a Bíblia: a Davi e ao profeta que lhe ungiu rei, Samuel.

O que mais encanta em Davi, é saber ele possuía uma capacidade muito grande de arrepender-se, e, como pessoa, era de uma incrível sensibilidade quanto à pessoa do Senhor a quem servia. A Bíblia o descreve muitas vezes como vilão, assassino e péssimo pai. Sua vida nos ensina grandes lições, principalmente, a de olhar para grandes heróis e não os ver como deuses, e sim, homens, pessoas que falham como qualquer outra.

Davi foi um homem do tipo dos que se humilham; que erram após se humilhar e que se amadurecerem com as tempéries da vida. A Bíblia que relata que Davi foi extraordinário, que venceu gigantes, que saiu do nada para reinar, que foi um grande comandante, um líder excepcional, mas que também foi assassino, mulherengo, e péssimo pai de família.

Um herói sem igual, mas que também era constituído de carne e osso como todos nós, capaz de errar, sensível, que tinha seus altos e baixos, mas que, acima de tudo, amava a Deus, e que, quando errava, possuía uma capacidade de reconhecimento como nenhum outro.

Assim são os heróis que a Bíblia descreve. Pessoas sem

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Introdução

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máscaras, pessoas humanas, mas capazes de ir adiante por amor a Deus. Os heróis que conhecemos são indestrutíveis, não falham, não pecam, sempre vencem. Os de Deus são forjados nas fornalhas mais ardentes, nas situações mais adversas, crescem com o tempo, são transformados à feitura de seu Deus.

Não foi por acaso que esse Davi se tornou referência para o nascimento do Messias Jesus Cristo. Ele também foi moído. Ele é o salmista inspirado que nos ensina através de suas lágrimas escritas em forma de cânticos como Deus nos protege, honra-nos, e cuida de cada um de nós. Um homem que, desde a adolescência aprendeu como amar ao Senhor e tê-lo em primeiro lugar em seu coração.

Davi Um homem segundo o coração de Deus

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“... Já tem buscado o SENHOR para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o SENHOR, que seja capitão sobre o seu povo...” 1Sm 13.14.

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Capítulo 1

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AMAIS SE ESCREVEU tanto sobre a vida de uma pessoa, como se escreveu a respeito de Davi, salvaguardando apenas o quanto já se escreveu da vida de Jesus Cristo. Cerca de 14 capítulos da Bíblia são dedicados às vidas de Abraão e de José; de Jacó 11, e de Elias 10.

Há aproximadamente 66 capítulos, demais Salmos e 59 referências a sua vida no Novo Testamento. Ele é, sem dúvida, aquele que Samuel afirma que Deus procurava: “... Já tem buscado o SENHOR para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o SENHOR, que seja capitão sobre o seu povo...”(1Sm 13.14).

Davi é uma prova viva de que Deus escolhe pessoas não pelo que apresentam exteriormente, mas pelas virtudes e sinceridade que há em seus corações.

Aprendemos, com a vida de Davi, que Deus não se está importando com imagens publicitárias, se Ele encontra

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alguém de caráter lhe dá toda a imagem que necessita.

Deus não está procurando um currículo que impressione, um líder de carisma, de bom temperamento, de porte físico ou boa altura. Deus quer saber se tal pessoa é profundamente sincera ou está fingindo, se é um servo ou não.

Os irmaõs de Davi, por mais que fossem aparentosos, jamais possuíram suas qualidades. Embora fosse menos notado e que sequer estava no local, na hora da seleção, Deus o viu antes de chegar, apenas por uma coisa: “integridade”, isso foi tudo o que Deus precisou para torná-lo rei.

O que será que Deus observou em Davi quando disse: “É esse?”.

Na verdade, Deus não está procurando perfeições porque elas não existem. Deus não procura os justos porque eles não existem, ele procura as pessoas íntegras (Rm 3.10).

A palavra integridade é “thaman” no hebraico, e significa: completo, inteiro, inocente, que vive com simplicidade, sadio, sólido e forte. Íntegro significa ser completamente honesto. Não significa uma pessoa que causa boa impressão, mas que é completa, sem máscaras. Foi por isso que ele chamou Davi. Porque Davi era ele mesmo, não era um santo, mas era autêntico.

O salmo 15, ao descrever o perfil do cidadão, que habitará no tabernáculo eterno do Senhor destaca como primeira qualidade a sinceridade (Sl 15.2). Nele, Davi usa o termo “integridade ou siceridade” fazendo alusão ao perfil de um verdadeiro cidadão dos Céus, ele faz a pergunta e também lhe responde, dizendo: “ SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Aquele que anda sinceramente (Sl 15.1.2).

Segundo o coração de Deus “Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade” (At 13.22).

O que podemos aprender acerca de Davi? A vida de Davi nos oferece uma oportunidade de de fazer um estudo fascinante sobre caráter. É uma dessas histórias de alguém que, sendo um menino insignificante, tornou-se o chefe de seu povo. Davi começou como um pastor e teminou como um rei. Davi se tornou um formidável guerreiro que comsolidou a pequena nação de Israel em um reino poderoso, que, durante o século décimo a.C dominou uma grande parte do Oriente Médio.

Porém, apesar de todo esse sucesso, o maior mérito de

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Ser íntegro é ser inteiro. Essa palavra no latim “sincçrus”, significa: sem cera, sem máscaras. Na Grécia antiga, os artistas e os escultores talhavam suas esculturas em madeira, e, às vezes, por falta de atenção, ou acidentalmente, eles erravam na maneira de talhar.

Para disfarçar o erro, e não perder a peça, eles a maquiavam com cera, para esconder o defeito. A peça ficava linda para quem não entendia a fundo, mas o bom negociante, ao chegar diante do artífice dizia: “Quero uma peça, mas a quero sem cera”.

Outro fato importante é que uma peça com cera não podia ficar exposta ao sol, pois se isso ocorresse, derreteria e apresentaria o local onde fora maquiada.

Já imaginou se o sol da justiça começar a aquecer certas peças que temos hoje na igreja? O que não veremos? Ser sincero, íntegro, é exatamente não estar comprometido quando o sol da justiça começar a aquecer.

Pois não há quem não derreta diante de seu justo calor.

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Davi, o que tornou-o tão importante e famoso na história, foi o epítáfio que o próprio Deus registrou a seu respeito: “Achei a Davi... homem conforme o meu coração (At 13.22). É uma impressionante declaração feita por Deus. Pois é Deus quem dá sua aprovação ao coração e a vida de Davi. Isso não é muito fácil de entender, porque Davi, em suas ações e, em nossa visão religiosa, está totalmente fora dessa declaração. Mas o principal detalhe é que Deus nunca vê como nós vemos.

Nosso olhar é sempre crítico e superficial, o de Deus não. Deus analisa o conjunto da obra e a vê por completo, nós examinamos ações e descartamos as pessoas sem ao menos saber quem são e o que representam para Deus.

A Bíblia nos apresenta algumas falhas de Davi como: • Um guerreiro que derramou sangue em abundância (1Cr 22.8); um homem que cometeu adultério com Bate-Seba, a mulher de Urias (2Sm 11. 1-5); • Um homem que, para esconder seu pecado, ordenou a morte do marido de Bate-Seba, cuja carta de morte, ele mesmo escreveu (2Sm 11. 14-15); • Um homem que teve várias esposas e muitos filhos (2Sm 3. 1-5); • Um pai negligente com uma família repleta de tragédias (2Sm 13. 15-18; 28.29; 18.33).

• Homem que, contrariando as ordens do Senhor, contou com orgulho suas tropas, fazendo com que 70 mil pessoas de seu povo morressem vítimas de uma praga (2Sm 24. 10,15).

E mesmo assim Deus disse: “Achei a Davi... homem conforme o meu coração (At 13.22). Como pode Deus afirmar isso de um homem com um currículo tão

Uma escolha surpreendente “E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o SENHOR o seu ungido. Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o

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perverso como esse? Na verdade, Davi foi um homem com pés de barro, alguém que cometeu alguns pecados que nós mesmos jamais poderíamos imaginar ou cometer. Porém, apesar de tudo isso, Davi procurou ser um homem justo, e o desejo de seu coração era fazer sempre a vontade de Deus.

Esse é o tipo de pessoa que Deus busca, e, como está escrito em Jeremias 5. 1-9, Deus não espera perfeição, o que podemos ver claramente no caso de Davi.

Com todos os erros que cometeu em sua vida, Deus pôde mirar em seu coração e dizer que era um homem conforme seu próprio coração, um homem que cumpriu a plenitude da vontade de Deus. A vida de Davi é uma manifestação da graça de Deus. Não existe outra explicação. Por suas ações, Davi não era merecedor das bênçãos divinas, mas em seu coração ele sentia o desejo correto, o anelo de seguir e agradar a Deus. Às vezes, pensamos que ser uma pessoa segundo o coração de Deus é uma meta ambiciosa, e que isso é impossível de acontecer por causa de nossas limitações e ações desagradáveis, mas não podemos jamais nos esquecer dessa verdade: “Foi Deus quem mirou o coração de Davi, e esse é o limite onde Deus também vai mirar nossas vidas.” Que tal se, em vez de contar com nossos próprios esforços e meios de nos santificarmos, contássemos com a graça de Deus? Uma graça que nos capacita e nos fortalece a cada instante.

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homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração. Então chamou Jessé a Abinadabe, e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este tem escolhido o SENHOR. Então Jessé fez passar a Sama; porém disse: Tampouco a este tem escolhido o SENHOR. Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não tem escolhido a estes. Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui” (1Sm 16.6-11).

Através dos tempos, esse termo foi estigmatizado, e se tornou muito peculiar para as pessoas, elas acham que sendo Davi um homem segundo o coração de Deus era invulnerável, totalmente santo, ou isento de pecados. O termo foi dado em comparação ao que o povo de Israel havia escolhido. O povo queria um rei, esse era o desejo de seus corações. Deus lhes deu Saul, para que suas escolhas humanas fossem satisfeitas.

Mas Saul não se enquadrou, e perdeu a oportunidade de se tornar um grande homem na história.

A história não começa com Davi, mas com o povo negando-se a ter Deus como seu rei e desejando ser governado humanamente como as demais nações. Saul é o escolhido, é ungido, mas fracassa, porque pensava sempre em sua posição, em como ficaria diante das pessoas, e jamais foi um homem capaz de sacrificar seu próprio egoísmo para agradar a Deus (1Sm 15.30). Então, após o desgaste com Saul, Deus olha para aquele pequeno adolescente que apascentava ovelhas, observa suas qualidades, e, surpreendendo até sua família e o profeta com Sua escolha, faz de Davi, o rei de Israel.

Davi jamais teve, em sua vida, a perspectiva de que um dia se tornaria herói nacional, um músico do

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palácio, o comandante de um grande exército, ou se via como o rei de sua nação. Seria muito bom se víssemos além do óbvio, além do que traz as informações negativas, ou de informações positivas; seria bom se víssemos além das lentes, pois o maior dom que Deus deu ao homem não foram os olhos, mas a visão. Foi disso que Samuel precisou quando chegou à casa de Jessé.

Ele precisava encontrar o homem que Deus queria, e quase foi traído por sua própria visão.

1Samuel 16 registra o momento e a ação de Samuel antes de ungir a Davi como escolhido do Senhor.

O texto nos afirma que, tanto Jessé quanto seus filhos foram santificados. “Fez, pois, Samuel o que dissera o SENHOR, e veio a Belém; então os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda? E disse ele: É de paz, vim sacrificar ao SENHOR; santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e a seus filhos, e os convidou ao sacrifício” (1Sm 16.4,5). E, de forma surpreendente, Deus escolheu exatamente o que nem pela consagração passou.

O que prova que, realmente, Deus não vê como vê o homem vê. (1Sm 16.7).

Gosto do versículo em que Deus diz: “Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo” (1Sm 16.12). A consagração de Davi foi uma das mais inesperadas que conhecemos. Nem ele mesmo sabia o que estava acontecendo quando foi chamado (1Sm 16.10,11). Como falta em nossos dias um acontecimento como esse, onde o Senhor pode nos dizer: “unge que é este mesmo”.

Aprendemos que Deus nem sempre escolhe indivíduos brilhantes, de aparência elegante e bem sucedida para levar adiante seus projetos e realizar sua obra. Às vezes, Ele escolhe o mais humilde, ou até mesmo o “anônimo” entre seus irmãos, como fez com Davi.

Algo importante aconteceu nesse dia. Enquanto o Es-

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pírito de Deus se apoderou de Davi na casa de Jessé, do outro lado, o Espírito de Deus abandonou Saul, que passou a ter sua vida atormentada por um espírito mau da parte do Senhor (1Sm 16.12-14). Algo aconteceu no mundo espiritual nesse momento. Enquanto o Espírito de Deus abandona Saul, apossa-se de Davi para sempre. Aprendemos aqui que nenhum dos projetos de Deus pode ser frustrado, que é Ele quem escreve a história e ergue aqueles que realizarão seu intento; que Deus jamais nos vê como nos vemos hoje, mas como seremos amanhã, e se-nos escolhe, é porque tem uma finalidade, um alvo, e um objetivo, tanto para nossas vidas quanto para aqueles que nos rodeiam.

Outro fato que é importante observar é que: O homem certo, escolhido por Deus, age sempre de forma inusitada. Após a unção, Davi não foi a uma loja comprar uma coroa de ouro para exibir, não foi a uma gráfica confeccionar cartões de visita, não fez uma festa e estendeu um “banner” com a frase: “eu sou o rei de Israel”, não. Ele simplesmente voltou para o pasto para cuidar de suas ovelhas. Isso nos ensina por que Deus o escolheu. Não foi fácil tirar Davi do meio de suas ovelhas. O fato de Samuel o ter ungido não alterou sua vida, nem o fez buscar entre as pessoas um tratamento diferenciado, porque havia recebido uma unção de rei.

Davi sempre foi rei com um coração de pastor. É triste quando nos deparamos com pessoas avessas ao que era Davi. “pastores com o coração de rei”. Davi sabia o que lhe havia acontecido na casa de seu pai, mas foi necessário praticamente o arrancar das ovelhas para que publicamente despontasse. Deus enviou sobre Saul um espírito atormentador, um meio pelo qual conduziria Davi a vida no palácio e a visão real que deveria desenvolver. Mesmo sendo músico do rei, continuava cuidando das ovelhas do pai. Mais tarde, se

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tornou um grande rei, mas na verdade, jamais deixou de ser pastor (Sl 78. 70-72).

Existem vários motivos que nos conduzem a confiar em Deus, contudo Deus sempre tem soluções estranhas e simples ao mesmo tempo. Sempre, por trás do cenário visível, antes mesmo de tudo criar, Deus já conhecia o dia de hoje, esta semana, e cada um de nós.

Ele sabia exatamente o que deveria fazer e o que é melhor para cada um de nós. Quando falhamos, Ele não falha. Quando mudamos, Ele permanece o mesmo. Até mesmo quando nossas vidas são alteradas pelo inesperado nada o surpreende, nada nEle se altera. Deus sempre sabe o que faz.

Enquanto Samuel estava preocupado, Deus já havia resolvido a situação do trono de Israel (1Sm 16.1).

Devemos estar prontos para ouvir a Deus, mesmo que tudo possa parecer estranho. Ele sabe o que faz. Deus observou Davi enquanto trabalhava e num momento súbito o escolheu. Deus sabe com quem contar e quando nos escolhe nunca é por acaso. Por isso, devemos estar sempre atentos, Ele pode vir a qualquer momento e mudar tudo a qualquer instante em nossas vidas.

De fato, Davi não caiu de paraquedas em Israel.

Ele possuía muitas qualidades, que mesmo não sendo vistas pelos seus ou devido sua pouca idade e experiência, foram vistas e trabalhadas por Deus a partir daquele dia, na casa de seu pai. Quando vemos pessoas que, de repente despontam na história ficamos a nos perguntar: “de onde vem, de que família são, ou como chegaram a tal posição?”. Isso é muito comum. Mas difícil é pensar em saber e compreender o que tais pessoas sofreram, quais foram seus estágios probatórios, como Deus lhes falou ao coração, e como lhes trouxe à tona.

Davi era um jovem solitário, e a solidão foi um dos instrumentos usados por Deus para torná-lo des-

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tro quando chegasse ao trono. Deus usa a obscuridade para transformar meninos em grandes homens.

Isso porque precisa de homens e não de meninos. Ele os leva para desertos, para construir caráter, é lá que aprendem a aceitar o silêncio, e se qualificam para conviver com os aplausos. Davi viveu na monotonia de um pasto, cuidando do pouco. Deus o preparou na escuridão, treinando-o com leões e ursos, para depois vencer gigantes e se tornar rei.

Davi já era líder de um pequeno reino, um pastor que aprendeu muito cedo o valor das pequenas coisas.

Na verdade, Israel também tinha um herói, mas estava sendo forjado na solidão, longe dos holofotes, longe do egoísmo. Enquanto os filisteus apresentavam seu gigante, Deus preparava seu menino. Sua força e sua grandeza se derivam de sua convivência com Deus. Enquanto todos olhavam para os problemas, Davi estava vendo um grande Deus.

O verdadeiro teste de nossa vocação não reside em como iremos nos apresentar diante daqueles que nos observam; mas sim, como cuidadosamente executamos nossas responsabilidades quando não estamos sendo observados por ninguém. São nas pequenas coisas e nos lugares solitários que provamos ser capazes de grandes coisas. Quando Davi se apresenta para Saul, ele revela um histórico impressionante para um adolescente, ele diz que já havia vencido um leão e um urso (1Sm 17. 34-36). Naquele dia, ficou claro que o verdadeiro gigante ali, com certeza, não era Golias.

Desde quando era adolescente, Davi começou a dar longas passadas em direção às alturas. Sua escalada, embora marcada pela solidão, por tragédias e sonhos frustrados, atingiu alturas que, depois dele, pouca gente conseguiu alcançar. Ele corria em direção a Deus. E até hoje, sua vida serve de inspiração para que

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outros acalentem sonhos. Os jovens que se empenham em estudar as marcas de suas pegadas, sentem-se logo impulsionados a segui-lo.

Mas o adolescente matador de gigantes, ao se tornar adulto, teve de enfrentar outros tantos. Nós conhecemos a história de Davi, o grande rei, o grande líder de seu povo. Mas também conhecemos o seu outro lado, como um homem de paixões iguais às nossas, um homem que lutou e foi derrotado, mas que, depois foi capaz de reerguer-se e se rededicar a Deus; um homem conformado à vontade de Deus, com um coração segundo o coração de Deus.

Com sua constante dependência dos recursos divinos e sua incessante caminhada para o alto, Davi conquistou uma nação, levando-a a ajustar-se aos propósitos de Deus. E hoje, passados muitos séculos, aquele filho de Jessé continua a inspirar corações, ganhandoos para o Senhor que ele tanto amou e a quem serviu.

A vida de Davi ainda fala e fala, muito alto, à nossa geração. Esta geração que enfrenta pressões morais quase insuperáveis e presencia ataques implacáveis à estabilidade da família, precisa saber que é possível vencer. Se aplicar os princípios praticados por Davi, estará de posse de armas dadas por Deus. E o filho de Jessé tem muita coisa para nos ensinar, tanto em suas derrotas como em seus triunfos. E a mensagem que a vida dele prega para nós hoje é que todos podemos ser pessoas “segundo o coração de Deus”.

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