SÍNTESE DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA
ISRAEL MAIA
SÍNTESE DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Editora Betel Rio de Janeiro 2015
© 2015 Editora Betel Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, sob quaisquer meios (eletrônico, fotográfico e outros) sem prévia autorização. O conteúdo original da obra é de total e exclusiva responsabilidade do autor. Sobre o livro Revisão: Felipe Gomes Capa e editoração eletrônica: Alt3 Editorial Categoria: Teologia ISBN: 978-85-8244-026-1 Editora Betel Rua Carvalho de Souza, 20 - Madureira 21350-180, Rio de Janeiro, RJ Telefone: +55 21 3575-8900 E-mail: comercial@editorabetel.com.br Site: www.editorabetel.com.br f EditoraBetel
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela sua infinita Graça a qual tem me proporcionado a bênção de escrever. A minha amada esposa Marli e meus queridos filhos Jônatas e David pela sua presença constante no exercício do meu ministério. A minha mãe Yone que me instruiu nos caminhos do Senhor forjando em mim um caráter cristão. Ao meu querido pai Nemésio pelo seu grandioso legado ministerial que possibilitou muito do que contem nestas páginas. Aos meu líderes, no estado do Rio de Janeiro Pr Abner e no Brasil Bispo Manoel Ferreira, que abriram as portas da Editora Betel para publicação de minhas obras. E finalmente a todos os que me incentivaram para a realização de mais este livro; amigos, alunos, companheiros de ministério, pacientes e em especial ao membros da Assembleia de Deus em Bento Ribeiro – ADEBRI que por ser uma Igreja mergulhada no Espírito Santo tem servido como um porto seguro o qual me permite escrever com tranquilidade.
SUMÁRIO PREFÁCIO 9 APRESENTAÇÃO 11 CAPÍTULO 1
PECADO, A CAUSA DA DEPRAVAÇÃO HUMANA
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CAPÍTULO 2
GRAÇA DIVINA
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CAPÍTULO 3
REGENERAÇÃO 29 CAPÍTULO 4
A VITÓRIA ALCANÇADA ATRAVÉS DA PERSEVERANÇA
35
CAPÍTULO 5
ARREBATAMENTO, A VERDADEIRA ESPERANÇA DO SERVO DE DEUS
41
CAPÍTULO 6
ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO
47
CAPÍTULO 7
REDENÇÃO
53
CAPÍTULO 8
RECONCILIAÇÃO
59
CAPÍTULO 9
PROPICIAÇÃO
65
CAPÍTULO 10
JUSTIFICAÇÃO 71 CAPÍTULO 11
SANTIFICAÇÃO
77
CAPÍTULO 12
SEGURANÇA
83
CAPÍTULO 13
PREDESTINAÇÃO 89 CAPÍTULO 14
DEUS 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PREFÁCIO Sempre que me deparo com algum livro que aborda temas relativos às doutrinas básicas relacionadas com a Palavra de Deus, tenho o cuidado de ler com uma observação criteriosa, pois, nos últimos tempos, temos percebido que um sem número de literaturas têm invadido as editoras evangélicas e, consequentemente, as igrejas. Algumas delas com conteúdo nem sempre confiáveis. Entretanto, o livro que me foi apresentado me levou a refletir a respeito de como é bom podermos ainda ter em mãos literatura na qual o autor tem a preocupação de manter as doutrinas cardeais da Palavra de Deus em primeiro lugar, tendo o cuidado de mantê-las intactas. O livro Síntese de Teologia Sistemática atende à proposta que foi sugerida, uma vez que visa dar um suporte a todos que em seu dia a dia precisam lidar com assuntos relativos à Palavra de Deus. Até hoje, grandes homens de Deus, teólogos renomados, têm nos presenteados com obras magníficas que versam sobre Teologia Sistemática, compêndios que em muito nos auxiliam na interpretação das Sagradas Escrituras. Contudo, esta obra, sem a pretensão de se equiparar com tais compêndios, nos apresenta de uma forma concisa temas de extrema relevância que fazem parte do cotidiano da Igreja. Por ser o livro apresentado em formato resumido, facilita a leitura, nos dando a oportunidade de termos à mão uma fonte de consulta rápida e de fácil manuseio. A leitura fácil, com linguagem acessível, faz da obra uma boa opção para todos líderes, sejam pastores, líderes de departamentos ou professores de Escola Bíblica Dominical, que sempre são abordados com perguntas acerca de tais temas. O livro não exige um tempo maior como o exigido pelos compêndios de Teologia Sistemática para se chegar a uma rápida e precisa resposta. A forma como os temas são apresentados deixa claro o criterioso trabalho de pesquisa feito pelo autor, o que garante uma boa e confiável fonte de consulta.
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Síntese de Teologia Sistemática é definitivamente um livro para termos em mãos e em local de fácil acesso, pois o mesmo se apresenta como uma boa opção de estudo sobre os temas apresentados na obra.
Pr. Abner Ferreira
Presidente da Assembleia de Deus em Madureira
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APRESENTAÇÃO O desenvolvimento deste livro nos colocou diante de diversos assuntos que cada vez mais se tornam necessário explorá-los, pois, em sua maioria, são assuntos que devem ser a prática diária do crente fiel. Assim sendo, pensei que seria de grande valia procurar apresentar estes temas, que surgem como dúvidas mais presentes no dia a dia da Igreja de Cristo, de uma maneira simples e concisa, com o desejo de auxiliar no esclarecimento e entendimento de tais assuntos. Através da elaboração deste livro, tive em mente sugerir aos leitores buscar dedicar uma pequena parte de seu tempo no exame sistemáticos destes temas. A minha intenção é justamente falar sobre alguns dos mais polêmicos conteúdos doutrinários da Palavra de Deus, tais como: regeneração, santificação, arrependimento, predestinação, entre outros. Em nossa vivência diária, nem sempre temos acesso a um compêndio de Teologia Sistemática, logo um livro de fácil consulta certamente irá nos auxiliar a tirar as nossas dúvidas e as daqueles que nos procuraram buscando esclarecimento. Devo salientar que grande parte do que escrevi devo ao legado deixado pelo meu saudoso pai, pastor Nemésio Maia Silva, o qual estive aos pés, assim como Paulo esteve de Gamaliel. Espero verdadeiramente que os amados leitores possam desfrutar das páginas deste livro. Que esta obra seja mais um instrumento de Deus para o crescimento do conhecimento proposto por Ele para engrandecimento do Seu povo, levando cada um de nós a termos a firme convicção das verdades bíblicas, as quais nos garantirão a vida eterna.
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Capítulo 1
PECADO, A CAUSA DA DEPRAVAÇÃO HUMANA O pecado leva ao esvaziamento espiritual e a uma consequente degradação moral.
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. (Rm 3.23)
Pode parecer exagero quando falamos de pecado, mas não podemos deixar de observar que atualmente o ser humano tem estado mergulhado num turbilhão de desgraça espiritual e será através do estudo da Doutrina da Depravação Humana que buscaremos chegar a um diagnóstico preciso, apresentado na Palavra de Deus acerca do homem. O pecado levou o homem para o lado oposto do que Deus tinha preparado para ele, fazendo com que toda a humanidade ficasse na dependência de uma nova oportunidade de reconciliação. Ao se deparar com a dúvida colocada pela serpente, através de sua mulher, Adão toma contato com o pecado e resolve deixar de lado o que lhe fora dito por Deus. A partir daí, entra por um caminho que ele mesmo escolheu, levando assim toda sua semente ao pecado por herança. Ao homem foi determinado viver na condição de pecador devido a insensatez daquele que foi criado para louvar a Deus. Não vendo que haveria de encerrar toda humanidade debaixo do pecado, escolheu fazer o que parecia o melhor aos seus olhos, ou seja, a sua vontade (Rm 5.12). A atitude de Adão produziu para o ser humano uma herança desastrosa, a qual o mantém aprisionado à vontade do diabo. Na maioria das vezes, temos tendência a questionar o que teríamos a ver com o que cometeu Adão. No entanto, não podemos nos esquecer que somos todos oriundos
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de uma mesma raiz. Quando Deus criou Adão, não estava ali criando apenas um homem, mas toda uma espécie. Tudo de bom ou de ruim que fosse plantado por esta espécie seria herdado pela sua descendência. Logo, sendo todos nós membros desta raiz, estamos sujeitos ao pecado pela Palavra (Gl 3.22a). Assim como herdamos as características genéticas de nossos ancestrais, ficamos presos ao pecado pelo erro de Adão. Podemos dizer que a condenação da humanidade é o DNA de Adão imposto a nós. O legado de Adão garantiu a todos a destituição da glória de Deus, nos afastando totalmente da Sua presença, fazendo do homem um errante sobre a Terra (Rm 3.23). Sempre que buscamos a identificação do pecado, procuramos encontrar coisas relacionadas com os aspectos morais da pessoa que estamos investigando. Porém, acabamos por descobrir que a análise depende muito da referência a ser tomada. Então, chegamos à conclusão de que o pecado tem consequências profundas, principalmente no que tange ao aspecto moral, pois o mesmo leva a um estado espiritual destruído. Não devemos ver o pecador apenas como alguém que pratica o mal. O salmo um nos fala de três tipos de pessoas: o ímpio, o pecador e o escarnecedor. Enquanto fica fácil para nós encontrarmos condenação para o ímpio e o escarnecedor, fica complicado encontrar uma definição para o termo pecador, já que nos parece ser estes dois pecadores. No entanto, podemos dizer que o pecador é o bom pai, o bom esposo, o bom funcionário, enfim, não tem nada que o desabone perante a família, a justiça e a sociedade, porém é necessário que ele aceite a Cristo para escapar da condenação do pecado, pois só se alcança a salvação através da confissão (Rm 10.9, 10). Em Atos dos Apóstolos, capítulo 10, a Bíblia nos faz o relato de um homem que tinha todas as características comentadas acima acerca de um pecador. No entanto, aprouve a Deus apresentá-lo a Jesus já que, sem o devido conhecimento do Seu Filho, toda a bondade de Cornélio não seria suficiente para livrá-lo da culpa imposta pelo pecado. Podemos ainda afirmar que o homem em pecado acaba sendo empurrado cada vez mais para longe do Criador (Gn 3.10). O fato do homem se deixar dominar pelo erro faz com que o seu estado espiritual seja destruído, o que acaba afastando-o de Deus e, com isso, os padrões divinos recebidos do Pai vão se perdendo ao longo da história humana (Gn 4.8, 9). A perda destes padrões passa a provocar o que chamamos
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de queda moral da humanidade, que acaba por levar ao descaso de Deus para com a raça humana (Gn 6.3). O pior de todos os castigos que podem ser sofridos pelo homem é o desinteresse de Deus. O salmista Davi observa que, embora tivesse cometido um terrível pecado, não queria de forma alguma que o Espírito de Deus se afastasse dele (Sl 51.11). É certo pensarmos que o nosso afastamento de Deus, pelo pecado, vai mostrar toda forma de degradação, descrita na Bíblia como obras da carne (Gl 5.19-21). Tais obras são os atos provocados pela natureza corrompida pelo pecado, que funciona como um inimigo perigoso do homem, mesmo depois de sua conversão. O fato de aceitar a Cristo não significa que o indivíduo esteja livre da ação do pecado, daí a importância de uma vida de constante busca da presença de Deus (1Co 10.12). Ao tomarmos conhecimento dos acontecimentos ocorridos após a queda do homem, chegamos à seguinte conclusão: o homem passou a ter o cuidado e o interesse de se relacionar com os seus semelhantes, pois sabia que estava totalmente fora daquilo que Deus tinha escolhido para ele. O fato de o homem ter quebrado o elo espiritual que o ligava a Deus torna menos importante a sua condição moral, já que a espiritual está completamente caída e, nesta hora, a sua conduta moral passa a ser um reflexo natural da espiritual. Não podemos esquecer que o indivíduo fora da presença de Deus tem uma grande tendência ao pecado já que, ao sair desta presença, naturalmente, o temor diminuirá gradativamente, até desaparecer totalmente, o afastando cada vez mais dos ditames do Criador para a humanidade. A perda do padrão moral certamente irá ocorrer pelo fato de estar se distanciando de Deus pelo pecado. Isso faz com que o homem venha a perder toda noção de santidade. A separação natural do Criador passa a ser chamada de estado pecaminoso, o que leva a duas consequências: primeiro, o mal realizado por ele retorna sobre ele; segundo, o indivíduo passa ser culpado aos olhos de Deus, sofrendo assim as sanções destinadas aos que são considerados culpados (Na 1.3a). Neste caso, fica claro que o Senhor não compactua com o pecador e o castigo é certo para aqueles que se afastam por escolha própria, já que Deus não interfere na vontade humana. No capítulo um da epístola aos Romanos, Paulo fala com propriedade acerca desta perda, que incluem no v. 23 a idolatria, nos vv. de 24-27 as paixões infames e nos vv. 28-31 uma conduta social desajustada. Em todos esses casos, podemos ver o total descaso daqueles que se afas-
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tam de Deus, que não se importam com o juízo que certamente virá sobre eles. O pecado acaba por cegar totalmente aquele que se envolve com ele. Para quem está em pecado, não existe como não passar dos limites propostos por Deus. Todo o que peca transgride. Transgredir nada mais é do que ignorar a Lei (Gl 3.19). Quando se ignora a Lei, ultrapassa-se os limites impostos pelo Senhor, como foi o caso de Adão, não se levando em conta a vontade de Deus. Esta invasão define, no entanto, que houve uma escolha pelo caminho a ser seguido e fica claro que este caminho não é o caminho traçado pela Lei. Neste caso, também haverá prejuízo para alma. O prejuízo da alma nada mais é do que ter uma eternidade de dor e sofrimento, sofrimento esse que não virá somente após a morte, pois entendemos que o homem sem Deus tem a sua existência afetada pela ação do inimigo. Ao se basear na teoria do semipelagianismo, Armínio afirma que o homem encontra-se enfermo pela transgressão de Adão, tendo destruído a retidão original na qual fora criado e sem a ajuda do Criador fica impossível retornar ao estado inicial. Deus tem o total interesse na recuperação do homem e por isso está sempre disposto a nos dar uma nova oportunidade (2Pe 3.9). Para que se alcance uma nova oportunidade, é necessário que o pecador recorra à presença de Deus, mostrando um real desejo de arrependimento (2Cr 7.14). Sem Deus, o homem começa a perder as forças, isto é, entra em um estado de deterioração que o leva a um caminho de morte espiritual. Ao se desconectar de Deus, a situação humana sugere uma vida insossa e sem prazeres. O homem passa a sofrer do que chamamos de inanição espiritual, ou seja, falta-lhe alimento interior. Tudo o que o mundo material lhe apresenta não é suficiente para lhe garantir felicidade. Seus atos, quase sempre, são desprezíveis (Ec 7.20). A inanição o torna cada vez mais fraco contra a ação satânica, fazendo dele alvo fácil nas mãos do inimigo. Embora seja um alvo móvel, não oferece a Satanás dificuldade em acertá-lo quando bem entender, pois o indivíduo não será somente atacado, mas também será usado como instrumento nas mãos do inimigo para realização de seus intentos nefastos. O homem sem Deus não tem capacidade de discernir as coisas espirituais e, em muitos casos, age pensando que está segundo a vontade de Deus. Uma das armas mais utilizadas pelo diabo é a confusão e o homem sem a posse da mente de Cristo pode ser facilmente confundido acerca das coisas espirituais.