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As Lições de 2020: Como as Escolas Superaram as Dificuldades
No ano em que alunos e professores estiveram juntos a distância, foi preciso colocar a criatividade em prática.
Oano de 2020, certamente, vai ficar marcado na História da humanidade. A pandemia do novo coronavírus atravessou as fronteiras dos países ao redor de todo o planeta, atingindo nações e castigando seus povos. Foi preciso aprender a lidar com o tal novo normal. Novos, também, foram os termos que passamos a utilizar no cotidiano: home office, homeschooling, EAD, microlearning, ensino híbrido... Muitos desses termos foram empregados na educação, em uma busca pela redução dos impactos da COVID-19 no que diz respeito ao ano letivo e ao bom aproveitamento dos alunos.
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De um dia para o outro, as escolas brasileiras fecharam as portas fisicamente, mas abriram janelas no mundo virtual, na tentativa de manter o ensino de maneira remota. Em questão de dias, professores que estavam adaptados à lousa e ao giz, papel e caneta, ganharam outras ferramentas de trabalho: computador, internet, mouse e celular. Os desafios foram e continuam sendo muitos, por exemplo: Como manter os alunos engajados? Como ter um aprendizado efetivo em uma carga horária menor? Como garantir o acesso de todos ao ensino a distância? Como aplicar provas e atividades?
Estas são só algumas das questões que passaram pela cabeça de todo educador durante os meses de quarentena. Odimar Gonçalves, diretor da Escola Estadual Francisco Balduíno, localizada no município de Quatá (SP), conta que a primeira dificuldade foi entender o que estava acontecendo e quais seriam os impactos da suspensão das aulas. “Nós tivemos uma ação de inclusão digital e conseguimos oferecer capacitação aos nossos professores, ensinando-os a usarem ferramentas tecnológicas que os ajudassem nesse processo de aulas online.”
Odimar relata que diversas iniciativas foram desenvolvidas pela escola e, até mesmo, pelos próprios professores. “Foram criados grupos de WhatsApp, que levaram a sala de aula aos aparelhos celulares de grande parte dos alunos. Houve também a criação de um blog alimentado semanalmente com materiais disponíveis para download”, diz. Segundo ele, a ideia do blog deu tão certo que ele será mantido mesmo após o retorno das aulas presenciais.
No entanto, uma iniciativa bem diferente chama a atenção na atuação da escola quataense: o uso do TikTok, aplicativo febre entre os jovens. Beneficiando seus mais de 900 alunos dos Ensinos Fundamental, Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos), o projeto de inclusão digital da escola foi desenvolvido pelo Grupo Zilor, conglomerado nacional do setor sucroenergético, em parceria com a Softtel, empresa do ramo de TI.
O projeto implantado na escola dirigida por Odimar Gonçalves contou com consultores e especialistas em tecnologia para a formação dos professores em softwares e aplicativos que, segundo eles próprios, eram essenciais para suas melhores práticas pedagógicas.
Essa formação dos professores, é claro, foi feita de maneira virtual e teve a adesão de quase 85% do quadro docente da escola. O sucesso dos encontros gerou até um vídeo no TikTok, o “Agita a galera”, que foi produzido pelos professores e chamou a atenção dos alunos.
Professora Youtuber
A pandemia do novo coronavírus pode ter virado a vida dos professores e alunos de cabeça para baixo, mas também trouxe à tona outros talentos, que vão muito além de educar. É o caso da Suéller Costa, professora de Língua Inglesa no Ensino Fundamental I, na rede municipal de Guararema, interior de São Paulo, que criou um canal no Youtube em que disponibiliza videoaulas semanais.
Suéller conta que prepara jogos para seus alunos, montados exclusivamente para eles, e também os famosos “challenges”, que são vídeos curtos gravados em estilo desafio e postados nas redes sociais. “Eu preparo esses desafios para contextualizar o idioma dentro do ambiente familiar. Ao longo dessa pandemia, desenvolvi dois projetos, o “Coronavirus Around The World” e o “Wildfires – Let’s Help the Environment”, conta.
O primeiro projeto da professora, que trabalhou o contexto da COVID-19 em língua inglesa, rendeu até uma premiação nacional. Ela foi a vencedora do Prêmio Destaque Educação 2020 – Experiências no Ensino Remoto. Ela conta que, em ambas as propostas, desenvolveu a contação de histórias, a criação de e-books, a produção audiovisual com as crianças e campanhas de conscientização.
Para alcançar o sucesso e conquistar o Prêmio, a professora precisou aprender a utilizar diversos recursos, como programas de edição de vídeos, fotos e áudios, além de aplicativos de gravação de telas para ilustrar suas apresentações. “Também uso softwares para montar minhas artes, como templates, thumbnails e vinhetas para as aulas no Youtube”, conta.
Suéller explica que o ensino do inglês precisa explorar imagens, memes, quadrinhos e ilustrações, o que faz com que a montagem de suas aulas seja bastante trabalhosa. “Faço o possível para torná-las atrativas, para que o aluno tenha interesse e paciência para assisti-las. Quando essas aulas são gravadas em ambiente externo, procuro realizar uma contação de histórias e explorar algum ambiente temático”.
E se os alunos são desafiados pela professora, ela mesma também tem se imposto desafios diferentes durante esse período de quarentena. “Adoro explorar e, quando começamos a reconhecer as potencialidades das tecnologias na aprendizagem, queremos desvendar cada vez mais”, conta.
O Legado da Pandemia
Quatá, município paulista com pouco mais de 13 mil habitantes, registrou, até outubro, quatro mortes decorrentes do novo coronavírus. O número é bem menor do que em outras cidades do estado. Mesmo assim, o Decreto Municipal nº 4.190, de 17 de setembro de 2020, estipulou que as aulas presenciais não serão retomadas presencialmente até o fim do ano letivo de 2020. Em outras palavras, alunos na escola só a partir de 2021. O desafio maior é evitar a evasão escolar, e para relembrar os pais e responsáveis da importância das matrículas e rematrículas, a Escola Estadual Francisco Balduíno recorreu a uma velha, porém eficiente, ferramenta: o carro de som.
O diretor Odimar Gonçalves se mostra otimista com a volta às aulas presenciais e conta que as ferramentas adotadas no período de ensino remoto continuarão sendo utilizadas quando houver a retomada das aulas. “Vamos ter salas equipadas com Smart TVs conectadas à internet, incorporando à nossa rotina o uso do Google Meet, por exemplo, que nos permitirá fazer lives e trazer convidados que, muitas vezes, moram em outras cidades para conversarem com os alunos e com a própria comunidade”, diz.
Andressa Lutiano, especialista em educação transformadora e diretora da Wish School, baseada na Zona Leste da cidade de São Paulo, acredita que a pandemia só vai deixar um legado à educação se todos souberem compreender algumas das mensagens recebidas neste período. “Muitas pessoas tenderão a voltar ao que eram, esquecendo o que passamos e retomando velhas rotinas. Por isso, digo que o legado dependerá de cada indivíduo envolvido com a educação”, diz.
Para Andressa, um dos principais legados deixados pela pandemia é a comprovação da força e eficiência de alguns formatos possíveis. “Esses meses provaram
que várias das inovações que vinham chegando lentamente nas escolas podem, sim, ser incorporadas e que repensar a educação é possível.”
O Apoio aos Pais
Enquanto os professores precisaram se adaptar ao ambiente virtual para cumprir o seu papel na educação dos alunos, os pais também tiveram que colaborar mais ativamente no processo de aprendizagem. Se antes os responsáveis auxiliavam os estudantes de forma pontual, nas lições de casa ou na hora de estudar para as provas, agora eles assumem a função de, também, facilitar o aprendizado em sala de aula.
Para auxiliar pais e responsáveis nessa missão, a Wish School buscou ser um ponto de apoio às famílias, abrindo mais canais de diálogo para entender as diferentes demandas que recebiam. “Por exemplo, em uma mesma turma, uma família achava que os alunos tinham poucas tarefas, enquanto outras achavam que eram muitas. Nós nos preocupamos em compreender como tudo isso chegava, também, aos alunos, para podermos avaliar os eventuais ajustes”, explica a diretora Andressa Lutiano.
Para entender as diferentes demandas, o diálogo entre escola e família foi fundamental. De acordo com Andressa, foi necessário aumentar ou reduzir o número de propostas, o grau de dificuldade ou até mesmo agendar momentos individuais semanais com os alunos, oferecendo o suporte necessário”, afirma.
Ela também conta que, durante todo o tempo de distanciamento social, a escola observou de perto toda e qualquer necessidade, a fim de oferecer às famílias todas as ferramentas possíveis para suprir e solucionar questões que viessem a surgir. “Procuramos atuar como uma espécie de ponto de calma e estabilidade, comunicando que tudo estava bem – mesmo para aqueles que estavam com alguma dificuldade, fosse de tempo, tecnologia ou mesmo de compreensão. Nossa frase de ordem durante essa fase foi “está tudo bem, mas se precisar ou quiser, como podemos te ajudar?”
A postura foi adotada pela equipe de Andressa, pois a escola entendeu que o momento era difícil para todos e não era necessário que a escola fosse mais uma dificuldade. “Com o passar das semanas, esse tipo de demanda foi se assentando e as coisas foram ficando mais tranquilas em relação ao formato estabelecido”, conta.
Em uma das escolas de Guararema, onde a professora Suéller Costa ministra suas aulas de inglês, o contato com as famílias é feito semanalmente. Ela conta que a preocupação vai além de apenas saber como estão os alunos em relação às atividades, mas também sobre o estado emocional, as novidades e a rotina de cada um. “Além disso, a escola não fechou, e muitos alunos, de maneira gradual, buscam materiais na unidade, em especial aqueles que não têm como imprimir os roteiros das aulas e as atividades complementares.”
O Impacto da Pandemia no Comportamento dos Alunos
O fato de permanecerem ausentes da escola por tanto tempo fez com que os alunos precisassem se adaptar à forma como passaram a receber o conteúdo.
Ferramentas Digitais para Potencializar as Aulas Remotas
Kahoot: plataforma dinâmica de perguntas e respostas, parecida com um quiz. Diverte os alunos, que podem ganhar pontos enquanto realizam as atividades.
Google: possui várias ferramentas para auxiliar os professores. É possível criar documentos, apresentações, formulários e planilhas que, além de poderem ser compartilhados, podem ser editados até mesmo offline, por meio do Google Drive. Também é possível fazer videoconferências, como reuniões de pais, conselhos de classe e aulas ao vivo, por meio do Google Meet. Outra ferramenta é o Google Classroom, sala de aula online que permite não só a comunicação, mas também a organização e economia de tempo. Há também um mural de avisos, notas e atividades.
Muitos pais que antes eram rigorosos com o tempo de exposição às telas, tiveram que adaptar a rotina das crianças, principalmente, para incluir o tempo das aulas.
De acordo com a professora Suéller, no primeiro semestre, os alunos estavam mais participativos. “Talvez a maior participação dos estudantes nas aulas, no começo da quarentena, se devia ao fato de ser o início, uma novidade e uma readequação que envolveu aprendizados múltiplos. Mas, aos poucos, eles estão ficando desanimados, o que é natural, já que o ano está acabando e eles ainda não reencontraram seus amigos, professores e, em alguns casos, nem mesmo seus familiares”, diz.
Já Andressa conta que observou todo tipo de cenário, o que, para ela, não é diferente do que ocorre no ensino presencial. “Qualquer coisa que acontece no dia a dia da escola atinge os alunos de maneira muito diversa. Uma mesma proposta é amada por uma criança e rechaçada por outra, por exemplo.”
Para ela, ficar em casa e ter que vivenciar esse tipo de situação com relação à escola não foi diferente. “Algumas crianças conseguiram se assentar muito bem e se organizar com todas as demandas que lhes foram sugeridas. Já para outras, foi muito difícil por diferentes motivos”, conta.
Andressa notou que algumas crianças até estavam organizadas com as demandas, mas que se mostravam abaladas emocionalmente com o distanciamento social. Da mesma forma, observou que outras se sentiam bastante seguras diante da situação, mas tinham menos motivação para realizar as atividades. “Vale mencionar, também, que não percebemos um padrão em linha reta: às vezes, a criança estava muito bem, mas tempos depois se desmotivava, perdia engajamento ou começava a demonstrar insegurança. E o contrário também aconteceu”, diz.
Em resumo, um momento tão incerto como esse em que vivemos é de altos e baixos, para pais, professores e alunos, sendo praticamente impossível manter um padrão comportamental e de sensações.
A Falta de Internet nos Lares Brasileiros, Um Problema à Parte
De acordo com a pesquisa TIC Educação 2019, até o fim do ano passado, a maior parte das escolas brasileiras não possuía plataformas específicas para o ensino online e grande parte dos estudantes não tinha, em casa, acesso a equipamentos que permitissem o acompanhamento das disciplinas de maneira remota, por meio da internet.
A desigualdade na educação brasileira ficou, então, ainda mais escancarada com a pandemia. Enquanto escolas particulares das capitais e dos grandes centros utilizam recursos modernos para levar conteúdo aos alunos que não têm problemas em acessá-los de seus smartphones, tablets e notebooks, as escolas públicas de cidades menores tiveram suas fragilidades expostas.
Odimar Gonçalves conta que na escola em que é diretor, alguns alunos não tinham acesso à internet e, para minimizar o problema, o governo disponibilizou um subsídio de conectividade. “Havia, também, a possibilidade de os pais retirarem as atividades e os roteiros de aulas impressos na própria escola”, explica.
Canva: permite a criação de peças gráficas de maneira rápida e possui diversos recursos gratuitos. É possível criar desde gráficos educativos até e-books.
Edmodo: permite a criação de miniblogs, o armazenamento e compartilhamento de arquivos, além de enviar SMS e inserir vídeos. O usuário também pode elaborar um calendário de turmas e atividades, além de visualizar documentos do Word, PowerPoint e Excel, entre outros.
TeacherKit: aplicativo para gerenciar salas de aula. Permite controlar a frequência dos alunos, adicionar notas, verificar desempenhos individuais, criar médias e muito mais.
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