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Prioridades da Gestão Escolar Pós-pandemia
Com a retomada das aulas presenciais na maioria dos estados brasileiros, começa-se a medir o tamanho do impacto ocasionado pelo novo coronavírus (COVID-19). A perspectiva é que seus efeitos sejam profundos e duradouros, podendo desencadear a aceleração de tendências ou uma reversão parcial para velhos hábitos. De qualquer maneira, é preciso pensar o futuro e o quanto antes, para garantir que ele aconteça da melhor forma possível e sem deixar ninguém para trás.
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Base Operacional e Financeira
Os sistemas escolares precisam começar a planejar os diferentes cenários de futuro e estar prontos para se adaptar, caso seus orçamentos sofram consequências. Decisões difíceis terão que ser feitas em todos os níveis. Mesmo assim, as crises podem ser um estímulo para a solução criativa de problemas. Sob a pressão atual, os sistemas escolares podem aproveitar a oportunidade para repensar algumas de suas formas tradicionais de fazer as coisas. Segundo um estudo da consultoria McKinsey & Company, este é um momento para pensar parcerias entre o público e o privado.
Conforme os sistemas emergem da pandemia, é importante identificar inovações que possam ser sustentadas até o “próximo normal”; que possam melhorar o aprendizado dos estudantes, mas que também contribuam para uma base financeira mais sólida. Ainda há muito a ser feito, e diversos sistemas estão em estágios diferentes da situação. A gestão inteligente é aquela que pensa de maneira integrada sobre como apoiar sua comunidade.
Garantindo Aproveitamento e Aprendizado
Alguns sistemas já estabeleceram boas bases online síncrona e assíncrona, e em uma retomada já sabem exatamente o que fazer. Outros ainda estão lutando para se atualizar, mas fornecer o acesso é apenas o primeiro passo. É preciso olhar o currículo e entender o que foi previsto no início do ano, o que realmente foi feito durante o isolamento social e o que é possível ser feito daqui para frente. Silmara Casadei, Diretora Geral do Colégio Porto Seguro, conta que pensar enquanto comunidade escolar foi decisivo para os processos internos. “Nós começamos a trabalhar com modelos de aprendizagem em que os pais recebem por e-mail todas as atividades, para que possam ajudar os filhos. Procuramos gravar todas as aulas e mandar as atividades com um passo a passo, para que no tempo disponível das famílias, elas pudessem ajudar.”
O lema do colégio foi “isolamento não pode ser sinal de ausência ou não pode significar ausência de desenvolvimento”, e dentro dele, o diálogo foi fundamental. “Nós temos hoje 270 famílias que são representantes do Comitê de Pais de 9 mil alunos, e elas se organizam junto às suas salas para trazer ideias
e sugestões críticas, além de seus anseios, em reuniões mensais com as diretorias de cada nível”, completa. Não é fácil trabalhar e aprender ao mesmo tempo. Por isso, o colégio investiu, como apoio ao corpo docente, em um projeto de pequenos tutoriais de todos os processos tecnológicos.
Saúde e Segurança
O retorno só será possível com a garantia das medidas de segurança, isso inclui pensar, com o time gestor e docente, em um levantamento que garanta a saúde de toda a comunidade. É necessário planejar e promover ações em prol da prevenção à contaminação do vírus; uma comunicação que mantenha a todos informados e conscientes sobre os papéis individuais e coletivos; instalar totens de álcool em gel, facilitando ao máximo a higienização das mãos e todas as medidas de biossegurança. “Essa preparação exige um conhecimento e um aprendizado muito fortes. Então nós contratamos o Hospital Albert Einstein, que está conosco na organização dos protocolos. Estamos pensando em como nós vamos deixar essas crianças e esses jovens juntos”, comenta Casadei. Nesse sentido, é preciso planejar a longo prazo, pois os problemas de saúde não terminarão com a pandemia. É provável que as instituições também tenham que lidar com questões de saúde emocional e física.
Apoio à Saúde Emocional
Os pais são a peça definidora de toda a situação. A gestão precisa replanejar, atentando-se ao desenvolvimento de competências e fortalecendo a sensação de pertencimento de toda a comunidade. Casadei acredita que essa geração terá mais vínculo familiar do que as anteriores. “É uma geração que vem com muita tolerância, diversidade, intuição e fortemente ancorada em novos vínculos com a família e com a sociedade.” Esse vínculo é de suma importância para criar uma base sólida de inteligência emocional. Para a gestora, é preciso aprender não só a se preocupar, mas a se ocupar e a se divertir com as crianças e os jovens.
Hoje, o que esperamos de uma escola nova? Para Casadei, a resposta está em um currículo que ensine aprender a conviver. “Que ela tenha conhecimento, técnica e psicologia e que traga também a experiência de os estudantes poderem conviver não só consigo mesmos, não só dentro da sua escola, mas também fazendo projetos e vivenciando intercâmbios.” A escola do “novo normal” é aquela que traz o trabalho em equipe e que faz com que os grandes grupos se fortaleçam e que se possa resolver as questões não solitariamente e individualmente, mas também em grupo.