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Formando Cidadãos Marcados por uma Pandemia

O que podemos esperar da geração que cresce enquanto o mundo é afetado por um momento histórico?

Apandemia do novo coronavírus ainda é um desafio a ser superado pela humanidade. Há muito tempo não se via uma doença impactar tanto o mundo, em tão variados aspectos. No entanto, há diversos momentos registrados na História que podem ser comparados ao que estamos passando agora.

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De acordo com o professor Jean Moller, do curso de Serviço Social da FAEL, algumas doenças assolaram populações inteiras até que foram erradicadas pela vacinação, como é o caso da varíola e do triste episódio da Gripe Espanhola.

Para Moller, o isolamento social imposto como forma de prevenção ao coronavírus é diferente de todos os outros momentos que a humanidade enfrentou até então. “É diferente pelas facilidades que a tecnologia nos trouxe, mas é preciso lembrar que mesmo nos momentos em que as populações precisaram se isolar socialmente, uma grande parcela da população não pode cumprir esse isolamento, tiveram que sair às ruas para ganhar dinheiro. Isso em nada foi diferente de outros eventos do passado”, afirma. As Marcas da Pandemia

A tecnologia, de fato, facilitou o período de quarentena, porém, há ainda muitos questionamentos a respeito das marcas que a pandemia pode deixar. Moller afirma que todos os fatos históricos deixam marcas e que, para ele, o ano de 2020 precisa nos ensinar a dar valor às coisas pequenas e, aparentemente, sem importância. “Eu creio que os adolescentes ligados ao celular, ao computador, aos consoles de videogames, terão a chance de valorizar mais a companhia das pessoas depois que puderem, de fato, voltar à convivência presencial”, diz.

O professor explica que quando algo nos é tirado, passamos a valorizar aquilo de fato, mas que, por outro lado, é comum que rapidamente venhamos a esquecer o sofrimento quando ele passa. “Será fundamental manter viva a história do tempo em que não podíamos conviver da maneira como queríamos”, afirma.

Para Ana Carolina Camargo Oliveira, pedagoga formada em Filosofia e professora de Educação Infantil na Prefeitura do Município de São Paulo, tendo em

vista que a pandemia interferiu, basicamente, nas atividades escolares, que são essenciais para a definição da identidade das crianças, é fato que haverá marcas e memórias deste período. “Resta-nos apenas direcionar as marcas, a fim de que sejam positivas e contribuam para o crescimento individual e, principalmente, social das crianças”, diz.

O Papel da Escola na Formação do Cidadão

O papel da escola na formação dos cidadãos é indiscutível. Porém, ao passarmos por uma fase com potencial tão transformador como a que estamos passando agora, é inevitável pensar em como esses obstáculos refletirão no futuro da educação.

Ana Carolina afirma que, sem dúvidas, a tecnologia se mostrou muito eficaz na educação. “A pandemia deixou evidente que a tecnologia veio para ficar e tem muito a contribuir para a evolução do sistema educacional no século XXI. E precisamos entendê-la como uma ferramenta essencial para uma didática adequada a essa geração”, diz.

A esperança da professora é que as pessoas e suas histórias de vida sejam mais valorizadas daqui em diante. “Acredito que muitas pessoas compreenderam que o trabalho do professor está muito além de ser o cuidador da criança para os pais trabalharem ou treinar crianças e adolescentes para repetirem e reproduzirem comportamentos e conteúdos”, diz.

Para ela, é papel da escola olhar para a demanda da criança em suas fases de desenvolvimento como um ser integral, que não só se constitui de cognição, mas que necessita de atenção e desenvolvimento emocional. “Após esse período que nos obrigou a refletir e nos reinventarmos, é realmente necessário valorizar as pessoas, os professores, as necessidades e a tecnologia como ferramenta”, defende.

A valorização da escola e de seus profissionais também é defendida por Moller. “Muito mais do que um lugar para deixar as crianças, a escola é um ambiente de formação, de acúmulo de conhecimento e terá que se adaptar à nova realidade sanitária, mas deve ressurgir com um valor ainda maior na vida dos alunos”, ressalta.

O professor lembra, também, que os professores têm um papel importante nesse momento de transformação, valorizando o papel da tecnologia sem deixar de lado a interação humana. “Precisamos nos apropriar do que essas ferramentas nos oferecem enquanto facilidades, sem jamais deixar de perceber que somos seres sociais e que a vida só se dá quando estamos juntos”, diz.

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