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Formando Cidadãos Marcados por uma Pandemia O que podemos esperar da geração que cresce enquanto o mundo é afetado por um momento histórico?
A
pandemia do novo coronavírus ainda é um desafio a ser superado pela humanidade. Há muito tempo não se via uma doença impactar tanto o mundo, em tão variados aspectos. No entanto, há diversos momentos registrados na História que podem ser comparados ao que estamos passando agora. De acordo com o professor Jean Moller, do curso de Serviço Social da FAEL, algumas doenças assolaram populações inteiras até que foram erradicadas pela vacinação, como é o caso da varíola e do triste episódio da Gripe Espanhola. Para Moller, o isolamento social imposto como forma de prevenção ao coronavírus é diferente de todos os outros momentos que a humanidade enfrentou até então. “É diferente pelas facilidades que a tecnologia nos trouxe, mas é preciso lembrar que mesmo nos momentos em que as populações precisaram se isolar socialmente, uma grande parcela da população não pode cumprir esse isolamento, tiveram que sair às ruas para ganhar dinheiro. Isso em nada foi diferente de outros eventos do passado”, afirma.
14 | Arco43 em Revista nº 4 | 2020
As Marcas da Pandemia A tecnologia, de fato, facilitou o período de quarentena, porém, há ainda muitos questionamentos a respeito das marcas que a pandemia pode deixar. Moller afirma que todos os fatos históricos deixam marcas e que, para ele, o ano de 2020 precisa nos ensinar a dar valor às coisas pequenas e, aparentemente, sem importância. “Eu creio que os adolescentes ligados ao celular, ao computador, aos consoles de videogames, terão a chance de valorizar mais a companhia das pessoas depois que puderem, de fato, voltar à convivência presencial”, diz. O professor explica que quando algo nos é tirado, passamos a valorizar aquilo de fato, mas que, por outro lado, é comum que rapidamente venhamos a esquecer o sofrimento quando ele passa. “Será fundamental manter viva a história do tempo em que não podíamos conviver da maneira como queríamos”, afirma. Para Ana Carolina Camargo Oliveira, pedagoga formada em Filosofia e professora de Educação Infantil na Prefeitura do Município de São Paulo, tendo em