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Com a Digitalização da Sala de Aula, como Fica a Segurança da Informação?

A pandemia acelerou o uso massivo de recursos digitais e internet na educação, o que traz muitos benefícios às aulas, mas também muitas possibilidades perigosas.

Oimpacto causado pelo novo coronavírus (COVID-19) ao cotidiano de todos é de longo alcance, opressor e desafiador. Na educação, ele exerceu um efeito dominó. Para evitar a contaminação, as escolas fecharam. Para manter o ano letivo, veio o ensino remoto. Para que este funcionasse, lançou-se mão das tecnologias digitais e online.

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É provável que, daqui para frente, a educação amplie ainda mais essa inserção. A questão é que com mais interações e dados fluindo online, aumenta-se também o risco de exposição de sistemas, dados e privacidade, bem como das pessoas envolvidas nos processos. As palavras mágicas para esta problemática são: segurança da informação. Esta diz respeito à proteção de todo e qualquer conteúdo que represente indivíduos ou organizações e corporações nos meios digitais.

Histórico na Educação Brasileira

De acordo com uma pesquisa feita em 2019 pela TIC Educação, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, menos da metade dos estudantes de escolas públicas, 44%, receberam orientações sobre como usar a internet de modo seguro. Já nas escolas privadas, 68% disseram ter aprendido com docentes sobre segurança na rede, e 59%

receberam orientações para agir caso algo os incomodasse.

A pesquisa mostrou também que a maior parte dos jovens (78%) navega sozinha e informa-se por vídeos ou tutoriais disponíveis na internet. Segundo Michele Rascalha, Diretora de Tecnologia Educacional do Colégio Liceu Jardim, o termo nativo digital pode transmitir a impressão errônea de que quem nasceu em meio à era digital possui uma habilidade inata para lidar com o mundo das novas tecnologias de informação e comunicação, o que não é verdade.

“As crianças e os adolescentes de hoje têm, sobre os mais velhos, a vantagem de estarem mais familiarizados com os recursos digitais e com a internet desde pequenos, mas também precisam aprender sobre produção, cidadania e segurança digitais como qualquer outra geração. Inclusive, é muito comum que os chamados nativos digitais, quando não integrados a um processo de letramento digital, apresentem dificuldades básicas frente às novas tecnologias”, diz ela.

Novos Desafios de Segurança Cibernética

À medida que os estudantes ingressam nas aulas usando seus computadores pessoais e as redes Wi-Fi domésticas, a quantidade de ataques em potencial aumenta rapidamente. Imagine crianças, jovens, professores e gestores abrindo e-mails de phishing (tentativa fraudulenta de obter informações confidenciais) remotamente em milhares de servidores diferentes. É fácil ver como os danos de um ataque cibernético podem resultar em grandes problemas.

Para Rascalha, o aspecto comportamental tem grande relevância. “Algumas alterações trazidas pela pandemia à nossa rotina, como home office e ensino remoto (ou híbrido), vieram para ficar. Pelo menos em certa medida. Com isso, os indivíduos precisam se adaptar a essa nova realidade, assumindo maior responsabilidade sobre a preservação de sua segurança e privacidade, bem como sobre sua postura em videoconferências, chats, aulas online e lives”.

Diante dessa problemática, quais seriam as práticas e os processos necessários para criar uma cultura digital segura? A educadora acredita que, primeiro, é preciso promover reflexões junto à sociedade sobre pegada digital. “Em geral, as pessoas não possuem conhecimento sobre isso ou até mesmo desconhecem o conceito. Tudo o que fazemos, pesquisamos, armazenamos ou postamos na internet deixa rastros a nosso respeito, criando assim a pegada digital, a qual pode permanecer por tempo indeterminado nos servidores ou até mesmo circulando pelas redes.”

A informação é poder para ambos os lados: tanto para prevenir problemas quanto para causá-los. Portanto, tudo deve partir de um amplo processo de implementação da educação digital nas escolas. Deve haver também uma observação rigorosa das leis de proteção de dados e campanhas frequentes de conscientização da população sobre como se proteger nas redes e minimizar a vulnerabilidade no ambiente virtual.

“Para a educação, as adaptações certamente envolvem mais engajamento, com letramento digital dos estudantes, formação continuada dos professores para as novas tecnologias, implementação de contas institucionais com amplo e rigoroso gerenciamento da TI e plataformas digitais educacionais que garantam a segurança de todas as informações em trânsito ou armazenadas em nuvem. A constante alternância entre o online e o offline, a partir de agora, também se fará muito presente no ensino”, finaliza Rascalha.

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