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Como Fica a Relação entre Escola e Família após a Experiência do Ensino Remoto?

Os pais tiveram papel fundamental na adaptação dos estudantes às aulas a distância.

Anutricionista Camila Ribeiro é mãe de duas meninas, Isabella (8) e Beatriz (4). As meninas tinham uma rotina bem estabelecida antes do período de quarentena: café da manhã, revisar o material escolar, checar as lições de casa, um pouco de TV e brincadeiras, almoço e escola. Porém, em março, a escola praia-grandense em que as crianças estudam foi obrigada a fechar a porta e, de lá para cá, tudo mudou.

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Por atuar na área da saúde, Camila não parou um minuto, não teve um dia sequer de home office e teve que se adaptar aos desafios. Ela conta que sempre foi bastante atuante na vida escolar das filhas, acompanhando as tarefas e reuniões, mas que daí a conseguir atuar ativamente na didática e explicação das aulas foi um salto enorme. “Para se ter uma ideia, começávamos as atividades por volta das 19h e só acabávamos próximo das 23h. É uma rotina estressante para todas nós. E confesso

que, por mais que eu saiba o conteúdo, tenho dificuldade em passar para elas”, diz.

Michelle Andrade, mãe da Maria Eduarda (9), conta que o início das aulas remotas foi muito difícil e que a filha precisou de muito acolhimento. “A Duda é uma criança muito alegre, com muita energia, e perder o convívio com os amigos a deixou abalada. Porém, tentamos dar o máximo de apoio que podíamos. Quando ela deixava de entregar alguma atividade, por exemplo, nós chamávamos a atenção, mas de uma maneira que a acolhesse também”, reflete.

Tanto Camila quanto Michelle são exemplos de mães que tinham uma boa relação com a escola antes da pandemia, acompanhando as filhas, frequentando reuniões de pais e dando apoio em tarefas de casa. Porém, ambas relataram que, com o ensino remoto, o relacionamento com a escola se intensificou e o diálogo se manteve muito mais presente. “Eu tenho até medo de fugirem de mim quando as aulas presenciais voltarem, de tanto que fui atrás, me senti até chata”, conta Camila.

A Mudança das Relações Isailma Barros, pedagoga, mestre e doutora em Educação, explica que antes da pandemia tanto a escola quanto a família tinham seus papéis pré-estabelecidos na sociedade. “A família deveria confiar na proposta pedagógica da instituição em que seus filhos estavam matriculados, ao passo que a escola deveria cumprir as suas diretrizes a partir de suas concepções e organização do trabalho pedagógico. Para Isailma, com a pandemia, a ruptura desses papéis ficou visível. “O ensino remoto gerou uma mudança repentina e profunda na rotina de todos. As famílias passaram a acompanhar a rotina pedagógica muito mais de perto, inclusive lidando com problemas como acesso à internet e aparatos tecnológicos.”

A especialista ressalta que o acompanhamento do processo educacional por parte da família repercute no comportamento do estudante. “Ter atenção a esse ponto é fundamental para identificar e compreender as dificuldades dos alunos dentro da escola que impactam no seu desenvolvimento fora do ambiente escolar”, comenta.

A Caminho da Retomada das Aulas Presenciais

O caminho para a retomada das aulas presenciais ainda é incerto e será diferente em cada estado. O que sabemos, até o momento, é que o relacionamento entre as escolas, os educadores e a família se estreitou em muitos casos, e que especialistas recomendam que ele permaneça assim.

Isailma, por exemplo, incentiva que as escolas criem e fortaleçam os vínculos com os familiares, para que as crianças e os adolescentes se sintam mais seguros e autônomos. “Quando há o apoio da família, os professores também conseguem trabalhar melhor as limitações que, porventura, identifiquem em seus alunos.”

A gerente pedagógica da Nova Escola, Ana Ligia Scachetti, alerta os familiares para que entendam que o processo de retomada e recuperação exigirá apoio aos estudantes. “Os pais podem acompanhar esse processo em casa, junto com a escola, e apoiar a definição das prioridades a serem trabalhadas para garantir que esses alunos consigam, também, acompanhar os próximos anos e evoluir na vida escolar”, diz.

Ana Ligia também fala sobre o acesso a outros conteúdos que podem colaborar com o aprendizado dos alunos. “Talvez, as crianças e os adolescentes tenham tido contato com livros, histórias e filmes que colaborem com a sua formação ou até estejam brincando e explorando a natureza. A família pode ajudar a escola a entender quem é esse aluno que está voltando e em que momento ele está: o que traz de novo, seja de positivo ou de eventuais experiências negativas”, conclui.

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