DE CONVERSA EM CONVERSA POR ANTONIO BIVAR
PARAÍSO DA CULTURA GERAL:SÃO PAULO
Devaneios do nosso colunista sobre as melhores peças de teatro, exposições de arte e até robôs Futurólogos nos alertam para as mudanças da vida humana no planeta. O beat cada vez mais acelerado. Noite dessas, num debate na TV Cultura, um futurólogo disse que em 2050 o mundo será totalmente outro, totalmente robotizado. Mas nem precisamos ir tão longe, disse ele, daqui a dois anos mesmo o patamar já será outro. Deles, visionários, o mais futurista é o cientista inglês James Lovelock. Conheço-o pessoalmente e há muito tempo venho seguindo suas previsões. A mais recente delas li recentemente na revista The Spectator. Nela um comentário sobre o que Lovelock, 97 anos, cuca afiada, inventor, nos anos 1970, da Teoria de Gaia (de que o planeta Terra teria vida para mais de 80 milhões de anos) declarara numa entrevista ao The Guardian: “Já não me preocupo com as mudanças climáticas. Uma ameaça muito mais plausível serão os robôs assassinos que logo estarão emergindo. Para eles, nós, humanos, seremos de pouca serventia e por isso inconvenientes”. Mas, mudando de assunto, o mesmo The Guardian em ma-
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téria recente, tece os maiores elogios à cidade de São Paulo e tudo o que ela oferece. Não tem como não concordar. Basta ver sua programação cultural. Vejamos, pois, o que São Paulo tem de imperdível em maio. A começar pelo teatro. Ao contrário do cinema, que é uma projeção acabada, o teatro cria a possibilidade de intercomunicação, como num templo, no qual há cumplicidade expressa. No Tuca, Antonio Fagundes e família – inclusive a ex-mulher e a atual, filhos e namoradas, na comédia de costumes Baixa Terapia, do argentino Matías Del Federico. Pelo alegre absurdo o público aceita de boa o riso nervoso, se diverte e se libera de probleminhas, rasteiros, mas que incomodam o cotidiano da plebe ignara. A peça segue até 30 de julho. Já no Teatro Renaissance, até 2 de julho, o show é de dois ótimos veteranos, a sempre revelação Ana Lúcia Torre e o simplesmente genial Ary Fontoura, em perfeita química na comédia romântica Num Lago Dourado, de Ernest Thompson. A peça conta ainda com os adoráveis André Garolli, Tatiana de
Marca, Lucas Abdo e Fabiano Augusto. O assunto: na pretensa tranquilidade da melhor idade, o casal de idosos (Ary e Ana Lúcia) resolve se dar férias no campo. Mas a sonhada paz é perturbada com a intervenção do resto do elenco. Apesar de comédia, o público logo se dá conta de que “o inferno são os outros”, como afirmava o existencialista Jean-Paul Sartre. De modo que teatro bom é sempre muito bom. E pra quem curte Sam Sheppard, a sala intimista (só 30 lugares) do Teatro e Bar Cemitério de Automóveis está dando, até 11 de junho, Oeste Verdadeiro, que traz de volta ao palco o irresistível Sérgio Guizé, que a todos encantou como o protagonista caipira na novela das 6, Êta Mundo Bom!, nem faz muito tempo. Guizé e mais três atores dividem a cena, dirigidos por Mário Bortolotto. O Cemitério de Automóveis fica na rua Frei Caneca, 384. E os musicais. São Paulo tem sido celeiro de excelentes musicais. Muitos e bons, mas em maio um é imperdível. 60! Década de Arromba. Nele é a primeira vez que a diva Wanderléa estrela um elenco