CRIME
ADVOGANDO PELO
DIABO? Assassinatos de grande repercussão como o do publicitário Luiz Carlos Rugai e do executivo Marcos Matsunaga mostram como os advogados de defesa têm de lidar não só com os acusadores, mas também com a opinião pública por paulo vieira ilustração bruna bertolacini
N
a noite do domingo 28 de março de 2004, um duplo assassinato escandalizou a tradicional sociedade paulistana. O publicitário Luiz Carlos Rugai e sua companheira, Alessandra Troitino, foram mortos a tiros na mansão onde moravam, numa rua tranquila do bairro do Pacaembu, em São Paulo. A autoria do crime recaiu sobre o filho mais velho de Luiz, Gil Rugai, então com 20 anos, com quem o pai supostamente discutira dias antes de ter sua vida abreviada.
38 J.P MAIO 2017
Casos em que filhos matam ou mandam matar os pais não são prevalentes – se considerados os muitos homicídios cometidos no Brasil – e talvez por isso ganhem enorme repercussão. Foi assim com os Richthofen, com os Bouchabki e também com os Rugai. Se os filhos são os culpados, bem, essa é outra história. O julgamento de Gil, que sempre jurou inocência, só foi acontecer oito anos e 11 meses após a noite fatal. Foram cinco dias intensos, com toda a balbúrdia televisiva que um ca-
so desse tipo desperta, até o juiz Adilson Paukoski Simoni obter a decisão dos sete integrantes do júri popular. O resultado foi 4 a 3 pela condenação do réu. Se mais um dos jurados, apenas um, fosse convencido pela defesa, Gil Rugai estaria hoje em liberdade, não na prisão de Tremembé, onde cumpre a sentença de 33 anos e nove meses por duplo homicídio qualificado. Nem todos os chamados crimes dolosos contra a vida, como o homicídio, que são obrigatoriamente levados a júri