ESPELHO
Na opinião de um dos executivos mais importantes à frente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), STEFAN KETTER, o carro foi uma das máquinas que mais provocou mudanças no estilo de vida mundo afora ao longo do século 20. Sua invenção esteve – e continua – associada à liberdade de ir e vir. Ter um carro concedia a seu proprietário a ideia de que ele era livre. Isso mesmo, no passado, já que o mundo está mudando. “As novas gerações têm uma cultura que valoriza um conceito mais amplo de mobilidade e de expressão social, com o smartphone como peça principal. Isso não significa que o automóvel não tenha mais lugar no mundo”, conta Ketter, que é presidente da FCA para a América Latina e vice-presidente mundial de manufatura da empresa. Para ele, o automóvel continua a ser um ícone do deslocamento, mas os aplicativos de táxi democratizaram o acesso aos veículos. Ou seja, não existe mais a necessidade de ser dono de um. “Por isso, costumo dizer que o automóvel é um aplicativo do smartphone. Você planeja seu deslocamento e aciona o carro para fazê-lo”, continua. Ainda estamos longe das previsões futurísticas criadas pelo cinema. Nada de carros voadores no horizonte, mas Ketter afirma que a FCA está envolvida em “importantes pesquisas no mundo, com o Google e sua divisão Waymo, que vão operar taxis autônomos nos Estados Unidos. Também integramos a parceria estratégica formada pela FCA, BMW, Intel e Mobileye para o desenvolvimento de veículos autônomos. O que significa que o carro pode mudar, mas seu uso continua presente na vida das pessoas”, explica o executivo. Enquanto nos Estados Unidos contabiliza-se um carro para 1,2 habitante, na Europa o índice médio é de um carro para 1,7 habitante; no Brasil esse número é de um veículo para 4,5 habitantes. Mesmo ao considerar que esse índice é distribuído de forma bastante desigual do ponto de vista geográfico – e as metrópoles são mais motorizadas que o interior do país – trata-se de um mercado com enorme possibilidade de expansão. Soma-se a isso a produção e a distribuição de etanol por aqui, que resulta em uma redução de até 73% nas emissões de dióxido de carbono – quando comparado ao uso da gasolina –, de acordo com estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ketter coordena os times ligados à linha de produção de todas as fábricas do grupo no mundo – ou seja, sua rotina é não ter rotina, já que ele praticamente não consegue acordar muitos dias seguidos no mesmo país. “Eu me defino como um globe-trotter. Meu escritório é minha mochila. Gosto de estar em campo e posso fazer isso com o apoio de uma equipe dedicada e com uma estrutura eficiente de telecomunicações”, finaliza.
por aline vessoni 50 PODER JOYCE PASCOWITCH
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O CARRO DO FUTURO