Revista Poder | 145

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DANDO ASAS

O CÉU

NÃO É O LIMITE No mesmo momento em que o setor aéreo começa a se recuperar lentamente do crash da pandemia, surge a Ita, a nova companhia brasileira, que nasce botando pra quebrar POR PAULO VIEIRA

40 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTO DIVULGAÇÃO

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e onde menos se espera, daí que não vem nada mesmo. A frase famosa do Barão de Itararé cabe para muita coisa no Brasil, mas não para este pequeno milagre que a pandemia operou. No momento em que todo o fluxo de viagens foi ao chão, a Avianca deixou de operar no Brasil e a Latam pediu recuperação judicial nos Estados Unidos, surge uma nova aérea no país, acelerando um planejamento estratégico de cinco anos justamente por causa da Covid-19. A Ita, o nascente braço aéreo da viação rodoviária Itapemirim, aproveitou-se justamente da diminuição abrupta dos voos no mundo para negociar contratos de leasing de aviões, que ficaram ociosos. A companhia foi planejada entre 2016 e 2017 para ser regional, numa parceria com a Bombardier canadense, como contou a PODER o presidente da Ita, Sidnei Piva de Jesus, e desfeita a possibilidade de parceria, acabou por ganhar, curiosamente, mais ambição. Agora Piva espera contar com 50 aviões já em 2022, atingindo 35 destinos dentro do Brasil. É, sob todos os aspectos, um arranque ousado, ainda mais com os diferenciais que Piva promete transformar em padrão da aérea. Mais espaço interno para o passageiro e uma bagagem de até 23 quilos despachada de graça. E preço competitivo, apesar disso. A equação algo mágica, palavra que o executivo refuta, se dá, segundo ele, pela transferência do benefício de redução de impostos, como os que incidem sobre o preço do combustível em alguns estados. No caso das bagagens, o peso não teria impacto no consumo de combustível da aeronave, uma vez que apenas muda de posição. “Vejo a entrada da Ita com muito bons olhos. Dados da Anac [a agência de regulação e fiscalização do setor] mostram que apenas 4% da população do Brasil usa avião. E os voos das próprias companhias já existentes decolam com 88% a 93% de ocupação. O público vai ter agora mais oportunidade de escolha, de horários e destinos.”

RODOVIÁRIAS

No primeiro governo Lula, nos anos 2000, houve o que ficou conhecido como “ascensão da classe C”, o infame preconceito social brasileiro se manifestou claramente quando vieram os chistes dos aeroportos que mais pareciam rodoviárias. A Ita, que não preten-


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