O ORIXÁ DA CURA Recorremos à ciência, à medicina e à fé para aliviar a dor de mais de um ano de pandemia, de muitas mortes e muita doença. É Omulu quem os devotos do candomblé evocam em tempos difíceis
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POR LUCIANA FRANCA
ivindade coberta de palha da cabeça aos pés, munida com seu xarará, que é seu cetro, seu instrumento de cura, Omulu, também grafado como Omolu, tem o poder de levar para longe qualquer enfermidade. Ele já foi representado de diversas formas por Carybé, o artista plástico argentino mais baiano de todos, entre elas em madeira talhada na obra Mural dos Orixás (1967/68), em xilografia no livro feito a quatro mãos com o escritor Jorge Amado, Das Visitações na Bahia (1974), desenhado na grande obra Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, que traz textos de Jorge Amado, Waldeloir Rego e Pierre Verger, e em aquarela na exposição As Cores do Sagrado, que reuniu os registros de 30 anos de vivências do artista nos terreiros. Fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês, Pierre Verger era outro admirador da Bahia, da África, do candomblé e de suas divindades e traz imagens de Omulu nas páginas de Orixás, Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo (1981). Já a história do orixá da cura é contada no livro Mitologia dos Orixás (2000), do sociólogo Reginaldo Prandi (Companhia das Letras), que reproduzimos a seguir: 68 J.P MAIO 2021