VIEIRA SOUTO 458 POR LUI TPS
AS CRIANÇAS ESTÃO BEM Elas viajam só de executiva, têm diploma na Le Cordon Bleu, em Paris, e adoram snowboard: a seguir, as babás de luxo ta para virar babá de luxo. Hoje cuida de Mariano Almeida e Magalhães, herdeiro de uma tradicional família do setor portuário. Mora com os patrões em um apartamento no Leblon e viaja todos os anos para Londres e Aspen (este ano pensa em trocar o esqui pelo snowboard). Seu salário: R$ 8 mil. Jô morre de inveja de Nice, babá dos gêmeos de um famoso casal de apresentadores de TV. Nice vive cercada de artistas, viaja ao exterior de executiva, é fã de David Guetta e ganha R$ 12 mil por mês. Tira sarro de Jô, pois os Almeida e Magalhães só vão para Angra de carro. “Deus me livre encarar a estrada com choro de criança!” – comenta Nice, que anda apenas de helicóptero e ainda se recusa a voar no modelo Robinson da família. Mas, de todas as três, é Jenny quem mais tira onda! De nacionalidade filipina, é fluente em mandarim e tem diploma de gastronomia na Le Cordon Bleu. Mas foi seu
dote de massagista que garantiu um trabalho com o filho caçula do poderoso dono do Banco Promessa. Tira R$ 15 mil de salário, já deu a volta ao mundo no jatinho da família, faz o verão europeu de barco e segue uma rigorosa dieta vegana. Uma quarta babá seguia atrás isolada com João Santos, filho de um jovem casal de médicos que havia acabado de comprar uma casa na parte de trás do condomínio. Seus pais achavam que a criança estava com dificuldade de conviver com os novos amiguinhos, mas a realidade era que Jô, Nice e Jenny evitaram ao máximo o contato. Aliás, não poderiam se misturar com a babá de um patrão anônimo, que ainda nunca a tinha levado ao exterior. Nem mesmo de econômica. n
carioca, LUI TPS é financista e autor do romance vieira souto 458, ficção sobre a extravagância e a decadência da juventude dourada do rio de janeiro
92 J.P MARÇO 2018
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As três babás caminhavam pelas areias da praia de um exclusivo condomínio em Angra dos Reis. Vestidas com uniformes mais brancos do que anúncio de sabão em pó, elas supervisionavam as crianças loiras montarem castelos de areia e brincarem no mar. À primeira vista, não passavam de funcionárias do lar executando suas funções. Mas seria um engano subestimá-las, visto que poderiam ser mais bem qualificadas e remuneradas do que os filhos recém-formados de seus patrões. Elas fazem parte do superexclusivo grupo das babás de luxo do eixo Rio-São Paulo. A primeira delas é Jô. Seu nome de batismo é Joselina, mas nem ela lembra disso. Filha de pernambucanos, mudou-se para o Rio aos 20 para se formar em computação. Teve caso com um alto executivo americano por uns anos e largou o curso. Com um pé na bunda e sem diploma, decidiu usar seu inglês fluente e as regras de etique-