Revista J.P | Edição 154

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DE CONVERSA EM CONVERSA POR ANTONIO BIVAR

MAIS NOVIDADE NO ANO QUE VEM O papo neste mês é sobre o presidenciável Beto O’Rourke, político que quer transformar os EUA

A

qui no Brasil as novidades não param de acontecer, mas a grande expectativa para o ano que vem são as eleições presidenciais lá nos Estados Unidos. Quem, eventualmente, poderá vir a ser o sucessor de Trump? Os pré-candidatos democratas de esquerda e centro-esquerda são muitos e vêm de descendências várias. Do sangue latino ao caribenho, do hindu ao all american. Suas agendas estão carregadas de temas ambientais, preocupação com a assustadora desigualdade social etc. Lá não se pode fugir ao capitalismo, mas clamam por um capitalismo mais justo, mais humano, um capitalismo, digamos, socialista. Dos democratas em disputa à escolha do partido, o que tem mais pinta de vencedor é Beto O’Rourke. Texano de El Paso, ex-deputado, ano passado perdeu, por pouco é verdade, para o republicano Ted Cruz, a vaga para o Senado. Em abril, fotografado por Annie Leibovitz, Beto O’Rourke ganhou a capa e muitas páginas, na revista Vanity Fair. No perfil, escrito por Joe Hagen, a gente fica sabendo quase tudo dele. Aos 46 anos, vem da Geração X, cresceu frente à MTV, foi punk radical, teve treta com o pai e fala palavrão tipo “motherfucker”. A mãe tentou aliviar

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Beto O’Rourke, 46 anos, é democrata, tem três filhos, tinha banda de punk rock e conta com todo o apoio de Barack Obama

a tensão. Beto frequentou shows punk e ficou amigo do fundador da gravadora Dischord, especializada no gênero. Dele aprendeu que “o ethos punk é para os que não se ajustam à sociedade”. Sentiu que os punks estavam certos. Tinha de escapar da sombra do pai. “Sou um filho raivoso”, disse na época. O pai, político de direita, andou envolvido num imbróglio quando, em 1983, no seu Toyota Land Cruiser foi encontrado um preservativo cheio de cocaína. O escândalo ganhou primeiras páginas e ficou conhecido como Rubbergate (rubber, pela borracha da camisinha). E ainda veio com lição de moral pra cima do filho. Reprovado em matemática, o pai se recusou a falar com ele. E queria que o filho estudasse para ser astrofísico, contador ou médico. Nem pensar. Beto ouviu a voz interior aconselhar “saia de casa, vá para a universidade de Columbia”. E foi pra Nova York. Provou cerveja pela primeira vez aos 19 anos no


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