TRÊS PONTINHOS POR RODRIGO PENNA
VIVA O TEATRO. VIVA A ARTE! Chegamos ao meio da temporada. Mãe Coragem, de Bertolt Brecht, direção de Daniela Thomas e a diva Bete Coelho no papel título. No Sesc Pompeia em São Paulo. Quatro meses longe de casa. Seis dias por semana em cena. Toco meu tambor três vezes e a peça começa. Toco meu tambor e viro o filho ingênuo e honesto, viro Brecht, viro um assassino. Toco meu tambor e puxo carroça, atravessamos então campos devastados pela guerra, fome e a morte. Toco meu tambor e viro sonho, luta, viro lama, trapo, eu morro e também mato, viro o mundo de cabeça pra baixo. Teatro é coletivo, plural, somos muitos tambores batendo no coração humano. Somos o teatro alemão e somos o Brasil. Como disse minha querida diretora: “Talvez, e por pouco tempo, essa seja uma das últimas atividades gregárias que nos restarão.” Viva o teatro!
RODRIGO PENNA É ATOR, DIRETOR, PRODUTOR, DJ, CRONISTA. O CARA VIVE DAS IDEIAS. A FESTA BAILINHO FOI SÓ UMA DELAS. DEVOTO DA POESIA, ELE ACREDITA NA ARTE, COMO OS ROMÂNTICOS, PORQUE SÓ A VIDA NÃO BASTA
6 J.P JULHO 2019
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Eu tenho vivido de arte. Não sei muito de carros, nem moda, nem vinhos, mas arte é algo com que tenho realmente me ocupado. Não existe “arte conservadora”. Não sei dizer se existe carro conservador como existe carro esporte ou vinho conservador como existe vinho rosé, mas arte conservadora posso garantir, é caô. O que existe é homem humano, travessia. Ah, tem também uma gente desumana, vazia e aproveitadora. Mas arte conservadora, corra, Lola, corra!