MODA
SOB MEDIDA
Manter uma empresa familiar por mais de um século pressupõe capacidade de reinvenção, não importa o ramo de atividade. Caso da Ermenegildo Zegna, que abriu as portas em 1910, em Trivero, no norte da Itália, e que hoje tem a quarta geração à frente dos negócios da grife por aline vessoni
N
ão é difícil perceber o espírito de renovação nas criações da centenária grife italiana Ermenegildo Zegna. Para isso, basta dar uma espiada nas coleções lançadas pela casa ao longo dos anos. Mas parece haver mais, algo um tanto mais difuso, que embala o ofício de estilistas e demais criadores da empresa. Para o CEO da marca, Gildo Zegna, que integra a quarta geração do clã à frente dos negócios, parte desse je ne sais quoi se resume a olhar para o futuro com otimismo – e, como se fosse fácil, antecipar os movimentos do mercado. “Acredito que é essencial entender o mundo digital para atingir um número maior de clientes, mas sem jamais ignorar o passado. Não se pode esquecer do próprio DNA, e o nosso foi cunhado na inova-
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ção e na qualidade”, diz Gildo Zegna, que esteve no Brasil no mês passado como palestrante do Iguatemi Talks, evento que aconteceu em São Paulo com a proposta de difundir conteúdos de moda, sustentabilidade e inovação. Uma das características da marca, que, segundo o executivo é essencial para garantir a excelência dos produtos, é o controle quase total da cadeia de produção – da produção do tecido à venda da peça. “Controlamos todo o material, da confecção até sua chegada às mãos do cliente. É isso que mantém o alto padrão e a qualidade Zegna. Cerca de 70% do que vendemos é produzido em nossas próprias fábricas”, diz. Como parte de sua estratégia de verticalização, o grupo adquiriu, em 2014, uma fazenda australiana de criação de ovinos. Dessa forma, a casa pas-