Revista Poder | Edição 122

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UNIVERSO PARTICULAR POR ALINE VESSONI

FOTOS GILBERTO TADDAY/ARQUIVO PESSOAL; ISTOCKPHOTO.COM; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

Cássio Vasconcellos começou a clicar aos 7 anos e não parou. Do jornalismo e da publicidade chegou à diluição de fronteiras entre a fotografia e outras artes visuais

O paulistano Cássio Vasconcellos começou a fotografar cedo, ainda com 7 anos, numa viagem com a família. Não foi um início casual, já que pai e mãe foram fundamentais para que a brincadeira do filho virasse hobby – e mais tarde ofício. Paulo Vasconcellos, a figura paterna, merece menção especial. “Meu pai me deu muita força. Como ele exercia a profissão de antiquário e galerista, o mundo da arte sempre esteve muito presente em casa”, disse o fotógrafo a PODER. Não demorou muito e, aos 15 anos, já fazia testes com luz e sombra, experimentos que lhe seriam muito úteis mais tarde em seu trabalho autoral. “Ia para escola de manhã e no contraturno fazia aula de fotografia. Nas horas vagas, gostava de ir para o centro fotografar pessoas, arquitetura, a vida urbana.” O estilo e o olhar Cássio Vasconcellos hoje estão impressos

em assuntos que podem ser abarcados numa palavra: selva. Das selvas não metafóricas, como as que ainda restam no Brasil, às selvas de pedras das megalópoles. A série Coletivos, por exemplo, que teve início em 2008, faz uma reflexão sobre a sociedade contemporânea e seus excessos. Já na série Viagem Pitoresca pelo Brasil, a natureza é protagonista e os registros do fotógrafo tentam se aproximar da paisagem retratada pelas missões artísticas que vieram ao Brasil no tempo de Pedro 2º e que incluíam pintores como Jean-Baptiste Debret e Johann Rugendas. “A ideia é fazer com que a fotografia feita hoje e os retratos feitos naquele tempo tragam a mesma emoção.” Vasconcellos também dedicou anos ao fotojornalismo e à foto publicitária, mas dá para dizer que foram os cliques artsy que ditaram os rumos de sua carreira: aos 19 anos já tinha exposto em espaços conceitua-

dos da capital paulista, como o MAM, o Masp e o Centro Cultural São Paulo, e também do Rio, no MAM. Sua primeira série, a de chaminés de Nova York, já tem mais de 30 anos. Como a pós-produção é bem marcante em suas fotografias, parte decisiva do trabalho de Vasconcellos é feito no computador. Uma edição pode durar horas ou dias. Então, entre um tratamento e outro, ele gosta de fazer pausas para caminhar pela cidade, o que eventualmente gera insights para novas criações. A rotina do fotógrafo autônomo é justamente não segui-la, por isso jamais há dia certo para o trabalho. Ele acontece em viagens, durante as férias ou num domingo corriqueiro. Por isso Vasconcellos tem malas de equipamento sempre a tiracolo. “Não tem jeito, esse é o fardo da vida de todo fotógrafo.” n

SEU MELHOR CLIQUE:

MOMENTO DECISIVO:

do alto

um sorriso UM LIVRO: Amazônia, de Claudia Andujar e George Love

A FOTO QUE GOSTARIA DE TER FEITO: Satiric Dancer,

de André Kertész A MELHOR MÚSICA PARA TRABALHAR: bossa nova,

eletrônica, blues, pop, rock, jazz

UMA BEBIDA: vinho,

sempre! CAMINHAR: muito SÃO PAULO: redescobrindo

sempre BRASIL: preocupação POLÍTICA: precisamos FOTÓGRAFO: Man Ray

CIDADE: Paris

melhorar muito

INSPIRAÇÃO: o mundo

PAÍS: Brasil

VIAJAR: o tempo inteiro

PODER JOYCE PASCOWITCH 77


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