Revista Poder | Edição 126

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ISSN 1982-9469

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R$ 14,90

ABRIL 2019 N.126

PLANO ABERTO CAMILO SANTANA, governador

reeleito do Ceará pelo PT, e a receita de ultramoderação que o faz torcer inclusive por Bolsonaro NORTE

As estrelas do festival SXSW contam para onde vão as relações de trabalho, consumo e tecnologia

PEDRA RARA

DANILO MIRANDA

ALTA ANSIEDADE

explica por que o Sesc é ponto fora da curva do sistema

O jardim dos outros é mais verde para quem tem FOMO, a síndrome do momento

PANTERA NEGRA

As muito mais que sete vidas de ELZA SOARES

E MAIS

LÁZARO RAMOS e tudo que importa;

Dubai superlativo; séries fora de série e a expansão da livraria Travessa

DIAMANTE

Quem é FRANÇOISE

BETTENCOURT MEYERS, a mulher

mais rica do mundo


poder

ĂŠ



32

SUMÁRIO EDITORIAL COLUNA DA JOYCE O CONCILIADOR

O espírito harmônico do governador Camilo Santana, do Ceará, que teve a maior votação proporcional para o cargo em outubro 18

ALMOÇO DE PODER

Diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Miranda é o ponto fora da curva do Sistema S 22

COMO NOSSOS PAIS

O consultor Silvio Genesini fala das mudanças sociais trazidas pela tecnologia

RESPIRO

A vida nada fácil de Nina Simone 28

EMPATIA PARA DAR E VENDER

O SXSW deixou claro: é preciso ir além do próprio umbigo 32

ENSAIO

36

BRILHO DO BILHÃO

Elza Soares dura na queda Françoise Bettencourt Meyers, a mulher mais rica do mundo 40 52

FERVE: PODER 11 ANOS SOB MEDIDA

As afinidades eletivas do ator Lázaro Ramos

VOCÊ ESTÁ POR FORA?

A vontade de viver tudo ao mesmo tempo agora, e sofrer com isso, o FOMO é a síndrome do momento 25

26

54

O CÉU É O LIMITE

Dubai e seus superlativos 57 58 62 63 64

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CAMILO SANTANA POR ROBERTO SETTON

NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder

FOTO PEDRO DIMITROW

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PODER EDITORIAL

E

mpatia, a ação de se colocar no lugar de outra pessoa para tentar entendê-la, tem ganhado espaço no mundo corporativo – e não só no idioma falado pelos executivos. Não se trata de altruísmo, mas de todos ganharem com a diversidade e a multiplicidade de pontos de vista. Mais ainda, como mostrou o inspirador festival SXSW, de Austin, no Texas, de que participei, empatia pode significar lucro. O consultor de marketing indiano Rohit Bhargava, que todo ano lança seus 15 trends de consumo e relações humanas, mostrou como empresas podem faturar olhando para segmentos antes um tanto esquecidos. Uma reportagem especial fala de Bhargava e outras estrelas deste SXSW; outra, sobre os perigos do FOMO, de “fear of missing out”, a ideia de que algo muito importante está acontecendo neste momento – e você não está lá. Governador reeleito com a maior votação proporcional do Brasil, Camilo Santana, do Ceará, deve ter de exercer a empatia, ou talvez a tolerância, ou quem sabe a arte de engolir sapos em muitos momentos. Estrela do PT, ele se diz um “homem do diálogo” e sugere que se dê tempo para o “governo Bolsonaro acontecer” – chegou mesmo a pedir uma salva de palmas para o ministro do Desenvolvimento Regional em recente visita a Fortaleza. Também Danilo Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, figura venerada pela classe artística, consegue ser diplomático ao falar de Brasília, mesmo com todas as ameaças feitas ao Sistema S – nome que, aliás, considera impróprio. Há até dificuldades constitucionais para que a União “passe a faca” em órgãos como o Sesc e o Sesi – foi o que ele explicou no Almoço de PODER. Elza Soares passou toda a carreira a não ver pessoas à sua volta exercerem a empatia, mas as pedras metafóricas ou não jogadas em sua direção a fizeram mais forte. E, a seu modo, poderosa, como Françoise Bettencourt Meyers, herdeira da L’Oréal, mulher mais rica do mundo, que Anderson Antunes apresenta nesta edição. No mais, há as afinidades eletivas de Lázaro Ramos e as séries inteligentes que você tem de conhecer. E tem mais, não acabou, não! Boa leitura!

G L A M U RA M A . C O M


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CABO DE GUERRA

O pacote anticrime de SÉRGIO MORO será difícil de emplacar. É que o ministro da Justiça tem falado sobre corda em casa de enforcado. A avaliação é que o projeto, focado entre outros pontos na corrupção, enquadraria 300 parlamentares, por baixo. Nos corredores de Brasília é certo que a proposta do ex-juiz da Lava Jato dificilmente vai prosperar no Senado. A opinião é compartilhada inclusive por parlamentares que apoiam as medidas de Moro.

Com PAULO GUEDES assumindo a linha de frente na articulação política pela reforma da previdência, tem-se um caso inédito em Brasília. É a primeira vez que um ministro da área econômica assume o papel de articulador. Nos governos anteriores, seja FHC, Lula, Dilma ou Temer, sempre foi mais fácil conversar com os próprios presidentes do que com os donos das chaves do cofre. Ademais, com poderes de superministro, Guedes comanda cinco pastas – Fazenda; Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; Indústria, Comércio Exterior e Serviços e parte do Trabalho – e certamente não terá tempo hábil para realizar o papel de coordenação que Bolsonaro espera. Há quem diga que ele não tem tido tempo sequer para ir ao banheiro.

FEITIÇARIA

Guru de Jair Bolsonaro, o filósofo OLAVO DE CARVALHO é chamado de bruxo por opositores. Avessos a sua influência sobre o presidente, integrantes do governo o comparam a Grigori Rasputin, o autoproclamado homem santo que no início do século 20, na Rússia, se aproximou da família do czar Nicolau 2º, tornou-se figura influente e viveu o ocaso da dinastia Romanov. Duro na queda, foi envenenado duas vezes e crivado de balas, mas só morreu quando jogado no Neva. Mais perto, no governo de Isabelita Perón, na Argentina, José López Rega, El Brujo, também naufragou como ministro de Bienestar e terminou preso acusado de conspiração, sequestro e assassinato. Pela história, bruxaria e poder não combinam.

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FOTOS LULA MARQUES/PT; FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL; VALTER CAMPANATO/ AGÊNCIA BRASIL; RICARDO MORAES/REUTERS/FOLHAPRESS; REPRODUÇÃO FACEBOOK

CORPO A CORPO


PREVENÇÃO À PREVENTIVA Caso o Brasil se inspirasse num novo entendimento da Suprema Corte do Canadá, a sanha justiceira de promotores, delegados e juízes daqui talvez arrefecesse. Em março, o tribunal canadense circunscreveu os limites da prisão preventiva no país, que só deve ser usada caso o julgamento esteja próximo e ainda reavaliada a cada 30 ou 90 dias, a depender do crime. Aqui, deputados federais ainda estudam indenizar o preso, caso não fique comprovada a justeza da prisão.

NA LAMA

Nas poucas vezes em que é visto em público, FABIO SCHVARTSMAN, presidente afastado da Vale, companhia que chamou de joia e defendeu como pôde, tem demostrado ter acusado o golpe. Ele não participa das conversas e pouco interage com as pessoas.

ATÉ O FIM

Os ministros do Supremo Tribunal Federal estão dispostos a ir até o fim no inquérito que está sendo conduzido por ALEXANDRE DE MORAES contra as notícias falsas que têm por alvo os próprios ministros do STF. Eles entendem que pessoas com interesses no tema estão deliberadamente trabalhando para insuflar a opinião pública contra o Supremo, o que afeta, fundamentalmente, a qualidade dos julgamentos. O Supremo vai com tudo contra o que se chama de publicidade opressiva.

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A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê ARTHUR SCHOPENHAUER

3 PERGUNTAS PARA...

PATRICIA ELLEN DA SILVA , secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de SP. Natural da Vila das Belezas, na periferia de São Paulo, conviveu com contrastes sociais e viu na sua história como o acesso à educação de qualidade e oportunidades de trabalho podem fazer a diferença

Também escuto isso há muito tempo. Quando voltei do MBA [no Insead], abri uma ONG na favela do Real Parque, lugar onde passei parte da minha adolescência. Dava aula de inglês e criei um grupo de voluntários. Sou professora [no Centro de Liderança Pública], mas vi que chegou minha vez de tentar mudar na prática. Uma das ações concretas da secretaria é o Novotec, que trata de triplicar o acesso ao ensino técnico profissionalizante integrado ao ensino médio. A ideia é combinar educação de qualidade com foco em empregabilidade.

COMO FOI A SUA TRANSIÇÃO DO SETOR PRIVADO PARA O PÚBLICO?

Foi uma transição natural porque sempre fui engajada em causas públicas. Trabalhando com tecnologia em saúde mantive minha atuação visando a forma como o setor privado pode contribuir em causas públicas. Agora tenho a possibilidade de trabalhar com isso em tempo integral e com impacto muito maior. Sinto que estou alinhada com meu propósito de vida, tendo ainda a chance de retribuir todo o esforço da minha família para que eu tivesse uma carreira bem-sucedida. A parte desafiadora é lidar com a burocracia e atrair talentos com a remuneração mais baixa. ESTÁ OTIMISTA?

Estou porque a gente tem um secretariado muito técnico e comprometido em fazer

ELEVADOR PANORÂMICO O médico cardiologista ROBERTO KALIL está de casa nova. Ele acaba de se mudar para um luxuoso edifício na região da Cidade Jardim e do Parque do Povo, em São Paulo, onde poderosos como Carlos Francisco Jereissati, Fausto Silva e João Paulo Diniz são outros proprietários. É o prédio mais cinco-estrelas do momento.

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uma gestão profissional, transparente, digital e descentralizada. Eu não tenho histórico político, a minha nomeação foi técnica. Temos quatro mulheres secretárias e sinto um nível de alinhamento muito grande entre as pastas. A prioridade é contribuir para ter um estado empreendedor de três formas: o empreendedor-empregador desburocratizando, facilitando a vida dos investidores; o segundo pilar é promover uma agenda de ciência, tecnologia e inovação com um olhar sustentável, com o uso responsável dos recursos financeiros, humanos e naturais; e o terceiro, que é um compromisso inegociável, com emprego na formação dos nossos talentos.

FOTOS ALEXANDRE MAKHLOUF; DIVULGAÇÃO

O DISCURSO DA MUDANÇA SOCIAL PELA EDUCAÇÃO É RECORRENTE. O QUE FAZER PARA TORNÁ-LO CONCRETO?


EM ABRIL, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO... VISITAR a mostra Leonard

LER

Cohen: A Crack in Everything, no Jewish Museum, em Nova York. A exposição inclui trabalhos inspirados na carreira do icônico cantor, compositor, romancista e poeta, desenhos originais feitos por ele e uma galeria multimídia que inclui covers por músicos como Sufjan Stevens, Feist e Moby

O Homem Ridículo, novo livro de contos de Marcelo Rubens Paiva, um retrato irreverente e divertido dos conflitos masculinos com as mulheres

CORRER a Maratona de Londres, uma das cinco mais importantes do mundo, e ter a honra de “competir” com Mo Farah, dono de quatro ouros olímpicos e lenda do esporte britânico. Dia 28

REVER Meu Pé Esquerdo (My

Left Foot), filme que completa 30 anos este mês e rendeu o Oscar de melhor ator a Daniel DayLewis. Dirigido pelo irlandês Jim Sheridan e com roteiro baseado na autobiografia de Christy Brown GARANTIR ingresso para o Fronteiras do Pensamento, ciclo de conferências que este ano, sob o tema “Sentidos da Vida”, traz para o debate pensadores de destaque internacional como Paul Auster, Graça Machel e Werner Herzog ACENDER em casa

algumas lâmpadas de sal do Himalaia, responsáveis por equilibrar as cargas elétricas nos ambientes ENFRENTAR

FOTOS DIVULGAÇÃO

o Leão do Imposto de Renda

ACOMPANHAR as finais da Copa do Mundo de Saltos e Adestramento. Em Gotemburgo, na Suécia CRIAR com amigos um clube do livro. Uma reunião por semana, regada a boa comida e bebida, em que um integrante do grupo recebe os convidados, conta a história lida e discute a obra

OUVIR “Em

Outras Canções”, primeiro single do novo álbum de Lô Borges – Rio da Lua. A faixa é composta em parceria com Nelson Angelo, um dos companheiros de Clube da Esquina ASSISTIR à Orquestra Sinfônica da Antuérpia sob regência de Robert Trevino. No Teatro Cultura Artística

CONFERIR a exposição

Leonilson: Arquivo e Memória Vivos, com trabalhos inéditos do artista José Leonilson (1957-1993), cearense radicado em São Paulo, conhecido por expressar sentimentos, sexualidade e relações amorosas em suas obras. Na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp

com reportagem de aline vessoni e dado abreu PODER JOYCE PASCOWITCH 11


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TABULEIRO inoj yb detaerC tcejo rP nuoN eht morf

O CONCILIADOR Reeleito com a maior votação proporcional do Brasil, Camilo Santana é a harmonização em pessoa. Governador do Ceará pelo PT, mas com “jeitão tucano” na expressão do senador Tasso Jereissati, ele acha que é preciso dar tempo para que o governo Bolsonaro “possa acontecer”. Depois de ver seu estado sofrer com ataques de facções criminosas em janeiro, ele promete seguir investindo graças ao equilíbrio fiscal, algo raro no Brasil por paulo vieira fotos roberto setton

B

acalhau com cabeça, nota de 3 dólares, feira livre às segundas e direita brasileira a clamar por justiça social são exemplos de coisas que não existem. Caso existissem, seriam tão inverossímeis quanto um figurão do PT puxando aplausos para um ministro de Bolsonaro e alertando que é preciso dar tempo para que o governo do capitão “possa acontecer”. Mas essas são, de fato, as palavras de Camilo Santana, do PT, governador do Ceará reeleito em outubro passado com 79,9% dos votos, maior votação proporcional entre os 27 governadores brasileiros. Estrela ascendente do partido, ele mantém o tom baixo, quase inaudível, mesmo diante da anarquia autofágica que marcou os três primeiros meses da nova administração federal. Santana é do partido demonizado por Bolsonaro dia PODER JOYCE PASCOWITCH 13


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sim, dia sim, mas isso não altera seu discurso conciliador. Talvez seja essa moderação, aliada ao fato de ter servido por oito anos como secretário de Estado no governo Cid Gomes, hoje no PDT, que o faz ser identificado com uma pletora partidária que vai muito além da estrela vermelha. Tasso Jereissati, senador do PSDB, já viu um “jeitão de tucano” no governador; e no Ceará não passa ano sem que os jornais locais não vejam o jovem governador, de 50 anos, de saída para outros partidos, PSB puxando a fila. A história ensina que o discurso de um ente político muda radicalmente quando ele chega ao governo, mas, no caso de Santana, o pragmatismo alcançou novos patamares. Em vários momentos da entrevista que concedeu a PODER em seu gabinete no Palácio da Abolição, em Fortaleza, o governador sublinhou que é preciso esperar, dar o devido crédito de “primeiro ano” para o governo federal. “Sou um homem do diálogo e torço para que dê certo. É preciso ter cuidado para não perder a relação federativa, institucional. Governa-se para todos. Em janeiro tive atendidos os pleitos, espero que essa relação possa permanecer.” Um dos pleitos atendidos pela União, na figura do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, foi o envio de algumas centenas de homens da Força Nacional para ajudar no combate ao surto de violência que dominou o estado em janeiro. Foi a reação literalmente explosiva do crime organizado às mudanças do sistema carcerário, a principal delas a reconfiguração dos presídios, que passaram a misturar “irmãos” de diferentes facções. Para isso, Santana “importou” do Rio Grande do Norte Luís Mauro Albuquerque, que havia sido chamado pelo governo potiguar para ser secretário da Justiça e Cidadania após o “massacre de Alcaçuz”, a briga entre os grupos PCC e Sindicato do Crime que culminou na morte de 26 presos no começo de 2017. Na cerimônia de posse dos secretários cearenses, Albuquerque destoou do dress code convencional e apresentou-se com o figurino de quem acaba de voltar de um raid no Afeganistão. Ou no Iraque: um relatório elaborado em 2018 por membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) e do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), entidades ligadas ao antigo Ministério dos Direitos Humanos, indicou que os presos de Alcaçuz sofriam “violência física e psicológica” com “seriíssimas semelhanças” à vivida pelos prisioneiros de

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‘‘Tenho de atender a população. Irei atrás de quem puder ajudar o estado. Apoiarei aquilo que achar importante para o Brasil melhorar” Abu Ghraib, a prisão iraquiana onde soldados americanos praticaram tortura contra combatentes do regime de Saddam Hussein em 2003. O Ceará se tornou o estado a não visitar neste verão, quando perto de 300 atentados em série replicaram cenas já vistas alhures, como ônibus queimados e prédios públicos atacados. O toque local foram os viadutos, pontes e passarelas bombardeados. As agressões atingiram cerca de um terço dos municípios do estado, a paradisíaca Jijoca de Jericoacoara incluída, mas Fortaleza e as cidades vizinhas foram as que mais sofreram. Dados do governo apontam 466 detidos (148 menores) e três mortes em confrontos com a polícia. AUTOESTIMA Passada a tempestade, vem a bonança, e o governador quer mostrar que o Ceará não tem tempo a perder com más notícias. A autoestima que ele vê despertada na população com a ascensão dos dois principais times do estado, Ceará e Fortaleza, à Série A do futebol nacional é apenas um dado anedótico. Há que se falar na crescente melhora dos índices educacionais – agora o estado não apenas ostenta dados modelares nos ciclos fundamentais, mas também no ensino médio (veja box); precisa-se dar ciência do aumento dramático de voos internacionais para Fortaleza, que quintuplicaram; do investimento no porto de Pecém pelo mesmo grupo holandês que controla as operações do porto de Roterdã, um dos mais importantes do mundo, com vistas ao desenvolvimento do algo ciclotímico polo industrial daquela região; do lançamen-


O gabinete de trabalho do governador, que é decorado pelo famoso Arrastão, óleo do cearense Raimundo Cela, um Padre Cícero entre Santo Antônio e São Sebastião e Santana em momento família

to de um “hub tecnológico” e os ganhos de infraestrutura da rede de fibra ótica mundial que chega ao Brasil justamente pelo Ceará traz; e é preciso dar voz também a algo aparentemente mais comezinho, a própria possibilidade de realizar investimentos, algo que outros estados, dragados pelo déficit das contas públicas e pelo peso das dívidas previdenciárias, abdicaram há uma cara de fazer. A agenda febril de inaugurações, que PODER pôde sentir na pele na forma de um chá de cadeira no palácio, lembra a de um político em campanha. “Quero quebrar uma tradição política e fazer um segundo mandato tão bom quanto o primeiro”, disse. Santana ainda está em seus primeiros meses de segundo mandato, é verdade, mas essa frase é o máximo que se permite dizer quando perguntado sobre seu futuro político, que passa necessariamente pela aliança com os irmãos Cid e Ciro Gomes. Voz dissonante em seu partido, Santana apoiou a candidatura do atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) contra a

ESTADO EDUCADOR

Sempre se falou que o Ceará exporta comediantes, mas as definições foram atualizadas com sucesso. O estado virou referência em educação pública, com Sobral, a cidade de Ciro e Cid Gomes, e depois o próprio estado a se tornar líder dos indicadores nacionais de avaliação do ensino fundamental. O médio ainda não é modelar, mas o gap está sendo combatido na gestão Camilo Santana. A propósito, o governador celebrou em março a entrada de 20.207 alunos da rede pública em universidades (públicas e privadas). O número é 19,59% maior do que o de 2017. No Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o Ceará supera a meta estipulada para os ciclos fundamentais e mostra clara evolução desde 2005, período que compreende o fim da gestão Lúcio Alcântara (PSDB), os dois mandatos de Cid Gomes e o primeiro de Santana. A rede pública do Ceará subiu do nível 2,8, em 2005, para 6,1, em 2017, taxa de crescimento que é o dobro da média nacional para o mesmo período. A nova fronteira é a educação em período integral. Das 727 unidades públicas de ensino do estado, mais de um terço adota esse regime. PODER JOYCE PASCOWITCH 15


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própria candidata do PT e advogou pela chapa presidencial Ciro-Haddad, com o primeiro como cabeça de chapa. “Vejo muito mais convergência do que divergência nos partidos de centro-esquerda e esquerda. É momento de aglutinar, e o Ciro é grande líder para isso.” Nessa perspectiva, o “Lula tá preso, babaca”, a frase de Cid Gomes dita na campanha presidencial (e repetida por seu irmão em janeiro, num encontro da UNE em Salvador), que virou slogan motivacional da direita, não deve, ou deveria, significar óbice para futuros rearranjos. O PT pode não engolir muito bem tanta cautela, seja nos elogios aos Gomes, seja nos afagos aos ministros de Bolsonaro, como na visita, em 20 de março, a Fortaleza de Gustavo Canuto, da pasta do Desenvolvimento Regional, para o lançamento de 1.248 unidades do Minha Casa Minha Vida. Santana pediu na cerimônia “forte salva de palmas ao ministro Gustavo” e disse também que “se Deus quiser, o ministro voltará ainda este ano para a gente inaugurar a transposição do São Francisco” – a emblemática obra do governo Lula, fundamental para os cearenses que sofrem historicamente com a seca. Desagradar seu partido não é um problema. “Não parei para avaliar isso. Tenho de atender as necessidades da população. Irei atrás de quem puder ajudar o estado. Mesmo sendo o governo Bolsonaro um governo que não votei, apoiarei aquilo que achar importante para o Brasil melhorar.” LIVE Pode-se dizer que Santana se identifica com o presidente em ao menos um ponto – a forma de se comunicar. Toda terça-feira, ao meio-dia, ele protagoniza um “live” para, em suas próprias palavras, “estar presente no Ceará inteiro ao mesmo tempo”. Já foram feitos 70 e, segundo Santana, outros governadores, como Rui Costa, da Bahia, decidiram imitá-lo. Numa sessão, ele apregoa, já recebeu 15 mil perguntas. “É preciso prestar contas e saber ouvir a reclamação do cidadão de que a saúde do seu município está ruim, que o acesso à cidade dele está precário”, diz. Haters, conta, são poucos. Bom pra ele. No atual estado de coisas da política brasileira, as redes sociais parecem ser capazes de definir eleições e, fora do ciclo eleitoral, de oferecer (ou minar) sustentação política. Detalhe: nem sempre, ou melhor, quase nunca, mobilizando informações confiáveis. Caso elas fizessem parte do modus operandi desses críticos, Santana poderia vir a ter de prestar contas sobre questões como a truculência de sua

16 PODER JOYCE PASCOWITCH

GOVERNADOR “IRRESPONSÁVEL”

O ano de 2018 foi trágico para a família do empresário João Batista Magalhães, de Serra Talhada (PE). Na noite de 7 de dezembro, ao voltar do aeroporto de Juazeiro do Norte, no sul do Ceará, Magalhães, seu filho Vinícius e três outras pessoas que vinham de São Paulo e estavam com os dois no carro foram feitos reféns por assaltantes que atacavam agências bancárias da pequena Milagres, a meia hora do aeroporto. Usados como escudo humano, foram mortos no confronto com a polícia, que monitorava havia algum tempo a movimentação dos assaltantes. O governador Santana, no afã de louvar sua polícia, estranhou o fato de haver reféns “de madrugada num banco”. A declaração foi considerada infeliz pelo próprio governador, que se desculpou dias depois. O jornalista Elio Gaspari, em sua coluna nos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, chamou Santana de “irresponsável”. “Não tive talvez a cautela que eu sempre tive em me pronunciar, a forma que eu falei foi mal interpretada e acabei depois pedindo desculpas”, disse Santana a PODER. E quanto a Gaspari, foi enfático: “Acho que o estado que mostra ao Brasil ser o mais equilibrado, que mais faz investimento, que tem melhor educação pública, não pode ser chamado de estado irresponsável. Foi uma fatalidade. Acho que [Gaspari] precisa conhecer melhor o Ceará, e conhecer o governador. Está convidado”.

polícia, que teve praticamente dobrado o número de mortes de civis em confrontos entre 2015 e 2017; sobre a paralisação das obras do Acquario Ceará, que já consumiu cerca de R$ 160 milhões de recursos públicos e segue a não ver navios; e talvez sobre as constantes mesuras à classe empresarial, notadamente à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que muitos consideram exageradas. Sobre a primeira questão, ele disse a PODER que sua determinação para as forças policiais é de que “respeitem a lei” e que chamou Ministério Público e Tribunal de Justiça para acompanhar as ações no sistema prisional, além de sublinhar que “o Ceará é o único estado do Brasil a ter uma controladoria disciplinar independente”; sobre o Acquario, a promessa de fechar a torneira esteve a ponto de ser cumprida, mas as dificuldades no modelo de concessão e o recente anúncio do grupo M. Dias Branco em pular fora da parceria público-privada trazem o tema de volta à estaca zero. Por fim, quanto às afinidades eletivas do governador, essa parece ser uma questão ainda pouco relevante diante do fato de que quatro em cada cinco cearenses mostraram-se em outubro bastante dispostos a seguir com Santana até 2022. n


‘‘Vejo mais convergência do que divergência nos partidos de centroesquerda e esquerda. É momento de aglutinar” PODER JOYCE PASCOWITCH 17


BEM-ESTAR

DANILO MIRANDA

Administrador da maior verba de cultura do país, Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo há 35 anos, fez da entidade que comanda modelo de excelência e democratização. Caso os 26 milhões de pessoas que participaram de 37 mil ações no estado em 2018 não sensibilizem o ministro da Economia, que já disse querer “passar a faca” no Sistema S, ele lembra que há de se mudar a Constituição POR DADO ABREU FOTOS JOÃO LEOCI

D

anilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc SP (Serviço Social do Comércio de São Paulo), queria ser padre. Desistiu da batina pouco antes de responder a uma vaga de emprego na entidade que desde 1968 se confunde com sua trajetória profissional. Dizendo-se ligeiramente de esquerda e participante do movimento estudantil, o ex-seminarista não considerava que sob a ditadura explícita dos militares pudesse progredir no processo seletivo. Ademais, eram cerca de mil candidatos para nove vagas. “O questionário perguntava o que eu achava de reforma agrária, monopólio do petróleo, política, educação. Respondi como pensava, por isso tive certeza de que seria eliminado”, lembra, durante o almoço com PODER n’A Figueira Rubaiyat. Para sorte da cultura nacional, o jovem Miranda estava redondamente enganado. Foi contratado e nunca mais deixou a instituição, assumindo a direção do Sesc SP em 1984. Mas havia muita história até ele virar o mandachuva. Começou no novo emprego no dia 1º de novembro de 1968, numa das três Unidades Móveis de Orientação Social (Unimos), programa volante com três orientadores a bordo de um Kombi equipada com livros, discos, filmes, material esportivo, uma máquina de escrever e um projetor. A turnê on the road corria as estradas do interiorzão paulista com ações socioculturais. “Não

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se falava nada de política. Tinha uma perspectiva empresarial, mas com muito conteúdo humano”, lembra. Em temporadas de 30 ou 45 dias, os grupos viajavam pelas cidades promovendo feiras de lazer e saúde, cursos, competições, sessões de cinema e outras atividades. “Um pouco do que fazemos hoje, mas em escala menor. Foram tempos divertidos e de aprendizado em plena ditadura.” Se discutir política não era assunto do novato durante os anos de chumbo, o mesmo não se pode dizer do atualíssimo debate que tomou a pauta. Desde que Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República e o ministro Paulo Guedes falou em “meter a faca” defendendo cortes no orçamento do chamado Sistema S – que engloba organizações como Sesc, Sesi, Senac e Senai, entre outros – Danilo Miranda tem sido convocado a esclarecer de modo decimal o modelo de financiamento da organização que dirige. Criado em 1946, por iniciativa do próprio patronato, a conta é a seguinte: 1,5% sobre a folha de pagamento das empresas do comércio de bens, serviços e turismo é recolhido pela Receita Federal e repassado ao Sesc, o que, em 2018, rendeu um montante de R$ 5 bilhões – o mais abastado dos S. “É constitucional, está no artigo 240. Fala-se muito para vender manchetes, mas não há nenhum fato efetivo, nenhum documento, nenhuma proposta. Quem pensa que dinheiro para cultura é desperdício,


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está cometendo um erro gravíssimo”, resume. “Já sofremos esse processo de reafirmação institucional, mas espero que entendam nosso papel e o caráter educativo das ações.” A ponderação serve para o próprio Miranda, entre uma garfada e outra no filé com farofa, fazer autocrítica pelo fato de o Sesc não investir em marketing informativo, o que, segundo ele, “talvez tenha sido um equívoco”. Só em 2018, em São Paulo, 26 milhões de pessoas passaram pelas 42 unidades em todo o estado em 37 mil ações. Foram 4,6 mil shows, 4,4 mil peças de teatro, 1,4 mil apresentações de dança, 5,1 mil sessões de cinema – sem falar nos seminários, exposições, torneios esportivos, refeições a preços populares, atendimentos odontológicos, além dos mais de 3 milhões de felizardos que aprovei-

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taram dias ensolarados nos parques aquáticos da entidade. Formado em filosofia e ciências sociais e com MBA na Suíça, Danilo Miranda é direto ao ser questionado qual a razão, então, de, em meio à visão holística da qualidade de vida do ser humano, o Sesc ter virado sinônimo de cultura. “Porque a cultura tem um poder transversal, é transformadora. Ela emociona, provoca, encanta”, diz, ressaltando que a entidade não é, ipsis litteris, cultural. “Usamos também de ações culturais para promover o bem-estar das pessoas, esse, sim, o nosso propósito.” Além do Sesc, o Sistema S sob o cutelo do ministro Paulo Guedes envolve outras oito entidades, todas com nomes iniciados pela letra S. Embora sejam privadas e administradas por federações e confederações pa-

tronais, são todas mantidas pelas contribuições estipuladas em lei. Cada uma, no entanto, com sua própria governança, o que, segundo Miranda, faz do termo Sistema S impreciso, “uma denominação midiática para facilitar o entendimento, mas que dificulta a compreensão mais profunda”. Para ele, melhor seria Conjunto S. “Porque, quando você fala ‘sistema’, dá a impressão de ter uma unidade programática, administrativa, funcional, e nem dentro das unidades o Sesc funciona dessa maneira.” O homem com a maestria de gerir o maior orçamento destinado à cultura no país naturalmente foi cogitado para se mudar pra Brasília e assumir o finado Ministério da Cultura. Em 2011, durante uma crise enfrentada pela ex-ministra Ana de Hollanda, a Casa Civil do governo Dilma Rousseff recebeu um abaixo-assinado organizado pela atriz Fernanda Montenegro sugerindo o nome de Miranda, “um dos profissionais mais completos na área de gestão e reflexão na cultura”, para suceder a irmã de Chico Buarque. Ainda que jamais tenha conversado formalmente sobre o cargo, ele lamenta a extinção da pasta no governo Bolsonaro, hoje diluída no Ministério da Cidadania, junto dos também exterminados ministérios do Desenvolvimento Social e do Esporte. “É ruim porque tem um caráter simbólico, significa reduzir intencionalmente a importância da cultura, que tem o viés mais transversal das áreas. Há uma carga ideológica também: arte é de esquerda, é pensar contra quem está no poder”, alerta. E vai além. Se existem forças que desejam retroagir, haverá de ter uma reação contrária. “Não estou propagando, só estou analisando os fatos. Veja, por exemplo, a questão de gênero: certamente a próxima edição da Parada LGBT será muito maior e mais forte do que as anteriores.”


CONSUMO

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POR ANA ELISA MEYER

Logo depois de completar 76 anos, neste mês, Miranda ganhará seu presente. Ou, melhor dizendo, dará mais um presente aos paulistas. Trata-se da inauguração em maio da primeira unidade do Sesc em Guarulhos, a segunda maior cidade do Estado de São Paulo. Com brilho no olhar, o diretor se anima ao falar sobre o novo orgulho de 34 mil metros quadrados. “Vai ser impactante. Teremos um teatro com capacidade para 364 lugares, parque aquático, salas de atividades físicas, clínica odontológica e um centro de música com energia natural para o tratamento de água e iluminação.” Pode parecer difícil entender como um sujeito consegue, há três décadas e meia, manter o entusiasmo e a excelência em altos patamares. A receita, para Miranda, é simples e está em sintonia, veja as voltas que o mundo dá, com a nova ética corporativa. Trata-se de colocar propósito, ou, como diz, “fazer algo para a história da humanidade”. Mas a Lusitana nunca para de rodar, e o jovem de cabelos brancos platinados não se vê colado à sua cadeira até a eternidade, mesmo que seu cargo seja indicação expressa do presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman, cujos mandatos vêm sendo renovados sucessivamente desde 1984. O atual expira em 2022. “Estou há muitos anos no cargo e gostaria que o quadro se renovasse. Acho que a hora se aproxima, mas enquanto eu estiver no comando vou produzir o máximo e o melhor que puder”, finaliza, num raro momento em que Danilo Miranda conjuga o verbo na primeira pessoa do singular durante o almoço com PODER. n

SIMONE SIGNORET E YVES MONTAND

Simone Signoret e Yves Montand formaram um casal icônico, unido não só no amor como nas artes e ideologia política. Nascida na Alemanha, em 1921, Simone mudou-se para Paris com a família ainda criança e lá iniciou sua aclamada carreira de atriz. Em 1951, casou-se com o sedutor Yves Montand, cantor e ator italiano naturalizado francês. Durante os 35 anos que permaneceram juntos, contracenaram em cinco filmes, militaram no Partido Comunista francês e lutaram por causas ligadas aos direitos humanos. E Simone ainda atravessou, com dignidade, uma crise conjugal quando do rumoroso caso de Montand com Marilyn Monroe.

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TUDO AO MESMO TEMPO

VOCÊ ESTÁ POR FORA? A vontade de vivenciar a maior quantidade de experiências possíveis e a angústia de não poder fazê-lo, o FOMO, é o mal da hora. Saiba como não cair nele

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A

pós um longo dia de trabalho, nada como o sofá de casa. Só que a sensação de dever cumprido e o consequente descanso do guerreiro podem ir água abaixo com um simples “scroll” no Instagram ou no Twitter e a constatação de que existe alguma situação, na verdade existem algumas situações muito interessantes rolando do lado de fora. Ou seja, acontecendo bem longe daquele sofá. Essa sensação incômoda, que acontece reiteradamente com milhares ou milhões de pessoas pelo mundo todo, vem sendo chamada de “medo de estar perdendo algo”, tradução livre para o português do acrônimo FOMO – Fear of Missing Out. O termo foi criado em 2000 pelo estrategista de marketing americano Dan Herman no âmbito da psicologia do consumidor. Posteriormente, o assunto ganhou espaço em análises de grandes especialistas do comportamento humano. Sofrer com eventuais possibilidades não aproveitadas não é novidade – o que são, afinal, a inveja e a cobiça? Apesar das facilidades que a internet trouxe para o dia a dia, como a agilidade na busca por informações e o maior contato com as pessoas, ela também potencializa a incômoda sensação de que são os outros, e não você, que estão se dando bem. Eis um efeito colateral de tanta conexão digital: a

POR VICTOR SANTOS

vontade de aproveitar ao máximo as possibilidades apresentadas pelo mundo, entre eles a oferta de relacionamentos e as opções de lazer – ver um filme dentre os milhares disponíveis nos serviços de streaming, por exemplo. O problema é que junto com essa vontade vem a pungente necessidade de saciá-la. “O mundo tem infinitas possibilidades. Sem determinar qual é o limite, a pessoa vai sofrer, fragilizar-se e pode adoecer”, afirma a psiquiatra e psicanalista Leda Spessoto, da Sociedade Brasileira de Psicanálise. Certamente o leitor já deve ter enfrentado essa encruzilhada de escolhas. A publicitária Juliana Gouvêa, que trabalha com insights na área de marketing digital, viveu na pele essa situação no festival South by Southwest, o SXSW (veja reportagem sobre a edição de 2019 na página 28), um dos locais de maior densidade de vítimas dessa síndrome de que se tem notícia. “Ali tudo acontece ao mesmo tempo e você precisa saber escolher. Tem até a história do ‘Fear of Making Terrible Choices’ [Medo de Fazer Escolhas Terríveis, em tradução livre]. Quando se escolhe algo, abre-se mão de outras coisas”, conta. Se o desconhecimento dos limites das próprias possibilidades tem o condão de abrir a porta para doenças, no universo corporativo a disponibilidade online também é um dos fatores que podem desencadear quadros de ansiedade e depressão. Pedro Alvarenga, doutor em psiquiatria pela Facul-


PEDRO ALVARENGA, DOUTOR EM PSIQUIATRIA PELA USP E PESQUISADOR DO INSTITUTO NACIONAL DE PSIQUIATRIA DO DESENVOLVIMENTO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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dade de Medicina da Universidade de São Paulo e pesquisador do Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes, alerta para outro problema: “O abuso de eletrônicos e fenômenos como FOMO estão fazendo com que os jovens fiquem mais dispersos e menos produtivos. Um pouco de eletrônico estimula o cérebro, muito o estraga”. Esse processo leva a cobiça e a inveja para outros patamares, fazendo com que as novas experiências sejam vividas com menos profundidade. “Como a maior parte das vivências ansiosas, o FOMO projeta o indivíduo para o futuro. Isso faz com que o momento presente possa não ser curtido com a profundidade e com a calma necessárias. É um adiantar-se no tempo que resulta na perda do tempo realmente vivido”, explica Alvarenga. O psiquiatra também cita como agravante a confusão do sujeito entre ser querido ou amado com ser popular ou famoso; além disso, há o ambiente narcísico das redes sociais, que não reflete, necessariamente, a realidade última, já que as postagens são via de regra escolhidas para mostrar apenas o que há de melhor. A persistência na busca dessa realidade paralela e edulcorada tem o potencial de levar a comportamentos agressivos. Porém, nem tudo está perdido. A análise minuciosa das múltiplas possibilidades pode levar a experiências mais ricas e um conforto maior na hora de encarar as próprias renúncias. Passar a adotar um uso mais consciente de equipamentos eletrônicos pode levar ao entendimento de que a vida é composta também por momentos de dor. A mudança de foco pode libertar as pessoas da prisão da aprovação alheia, além de aguçar a curiosidade, tornar os indivíduos mais interessantes, facultar o desenvolvimento de um número maior de habilidades e permitir a vivência de experiências mais gratificantes. Nem sempre o que se perde é imperdível. n

“O FOMO projeta para o futuro. É um adiantar-se no tempo que resulta na perda do tempo realmente vivido”


COMO

MERCADO tencializar pelas redes sociais o papel desses novos influenciadores de comportamento. Também na mesma entrevista, Lemann se referiu ao fato de que seu modelo de negócios baseado em corte de custos e uma meritocracia agressiva, antes um modelo de gestão admirado, estava sofrendo pesadas críticas. A novidade é que há uma nova e brava gente brasileira (e mundial) que acha que as corporações têm que ter um papel social e que não tem interesse em perseguir uma carreira em que as relações sejam abrasivas

NOSSOS

PAIS

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M

uito se fala das mudanças radicais que o mundo está passando com a tecnologia. A cada dia uma novidade. A cada instante surge uma nova empresa que vai disruptar o seu setor. A cada piscar de olhos um novo produto e serviço que vai atrair multidões. Os adeptos da utopia digital acham que a tecnologia vai trazer abundância e resolver todos os problemas da humanidade. Nossa vida será melhor, nossas empresas mais lucrativas e responsáveis e o planeta será salvo. Os potenciais problemas – como perda de empregos, concentração de renda e diferença entre nações – são em geral minimizados pelo bem geral e pelo admirável mundo que está nascendo. Quem está apenas concentrado nas mudanças digitais está perdendo uma revolução ainda mais relevante que está acontecendo no mundo. Há um novo ser habitando a terra. Em verdade não é um ser, mas uma multidão de pessoas singulares, diversas, surpreendentes e maravilhosamente confiantes na invenção de um mundo diferente do que receberam dos seus pais.

Se Belchior e Elis Regina estivessem vivos teríamos uma nova letra e uma nova interpretação para Como Nossos Pais, que seria, mais ou menos, assim: “Meu prazer é perceber. Que fizemos tudo que quisemos. E já não somos mais os mesmos. Nem vivemos como nossos pais. Nossos ídolos também não são os mesmos. Nem mesmo sabemos se ídolos temos”. Quando o empresário Jorge Paulo Lemann disse, ano passado, que era um dinossauro apavorado, estava antecipando as crises recentes que as organizações lideradas pelo 3G, seu fundo de investimento, passariam como foi noticiado recentemente. Não foi nenhum novo Google ou Facebook da cerveja e da comida o causador das desventuras. Foram pessoas, milhões de nós, que preferimos cerveja artesanal às grandes marcas, alimentos frescos e orgânicos à comida industrialmente processada e slow food à fast-food. Se a tecnologia tem um papel nesse imbróglio foi em po-

“Quem está apenas concentrado nas mudanças digitais está perdendo uma revolução ainda mais relevante” ou a empresa não tenha o tal, famigerado, propósito. É razoável discordar e até argumentar que, em um regime capitalista, as empresas não foram feitas para fazer o bem, mas, sim, para crescer e ter lucro. Não é possível, porém, ignorar que uma parcela crescente dessas novas pessoas não quer, nem aceita, mais esse tipo de capitalismo. Silvio Genesini é mentor de empresas inovadoras. Foi presidente do Grupo Estado, da Oracle do Brasil e sócio-diretor da Accenture. É também conselheiro do Grupo Glamurama.

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RESPIRO

ANOS DE

FÚRIA Deve ter havido muito pouco tempo de paz na vida de Nina Simone (19332003), a exímia cantora e pianista americana que eternizou “I Loves You Porgy”, da ópera Porgy and Bess, e chegou a gravar três músicas de Bob Dylan num único disco. Embora tenha vivido em ambiente racista e tenha sofrido violência doméstica, demorou a levar tais temas para suas letras. Mas um atentado racista a uma igreja no Alabama, em 1963, que vitimou quatro mulheres negras despertou-lhe uma fúria que jamais seria contida. Talento e tormenta em altas doses fizeram de sua vida uma escolha óbvia para uma cinebiografia, que veio em 2016, e para um documentário revelador, do ano anterior, disponível na plataforma Netflix.


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FUTURO

EMPATIA PARA DAR E VENDER Estrelas da edição de 2019 do SXSW, o encontro anual de Austin que antecipa ou tenta adivinhar as tendências de tecnologia, relações de trabalho e até da política, apontam que é preciso pensar muito além do próprio umbigo para ganhar produtividade, viver melhor e até lucrar por paulo vieira

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elebração da “convergência entre a interatividade e as indústrias da música e do filme”, como se define, o festival SXSW, em Austin, no Texas, vem ganhando tanta envergadura que é de surpreender que ainda não tenha gerado filhotes ou dissidências. Nenhum maluco, oportunista ou purista reclamou, até onde se sabe, de uma volta às supostas raízes românticas que nortearam a fundação do SXSW no fim dos anos 1980 – tempo que de alguma forma ainda está expresso nessa velha definição, que há tempos merece revisão. É que hoje o SXSW tem uma ambição muito maior, e o que se discute em seus auditórios são, entre outros temas, tecnologia, relações de trabalho, empatia, propósito, missão, meio ambiente, as pautas afirmativas e a política – o festival, a propósito, recebeu este ano a sensa-

ção Alexandria Ocasio-Cortez, a AOC, deputada democrata por Nova York que é o grande nome da nova esquerda americana; e também Howard Schultz, ex-CEO da Starbucks, hoje ocupado em divulgar sua candidatura independente à Presidência dos Estados Unidos em 2020. Publicitários, coachs, RHs, diretores de marketing e consultores, toda essa gente esteve novamente mês passado em Austin. Muito do que ouviram – e leram – teve a ver com empatia e com perda de produtividade por conta do vício em mídias sociais. Como deter esse processo e “viver a própria vida sem que ninguém esteja olhando”, nas palavras do consultor Brian Solis, é uma tradução razoavelmente aproximada dessas conversas. PODER, que também esteve no SXSW, selecionou livros de três autores presentes este ano ao evento para que você possa ter um “hint” do que aconteceu em Austin.

NON-OBVIOUS – ROHIT BHARGAVA Nova edição da seleção de 15 “trends” de negócios e marketing que o consultor indiano Rohit Bhargava lança anualmente. Com longa passagem por agências como Ogilvy e Leo Burnett, o autor compara sua tarefa com a dos viajantes frequentes. “Coleto ideias como eles coletam milhas.” Entre as tendências do ano, há, por exemplo, o “downgrade deliberado”. Aqui, Bhargava vê a aparição de um consumidor ávido pelo retorno de objetos e equipamentos simples, que apenas cumpram com competência o que deles se espera. Como o celular que serve unicamente para comunicação telefônica. Por só precisar desempenhar essa função, tem bateria de ótima durabilidade, o que é um ativo. “Empatia” é outro tema central, e há aqui uma inesperada associação com lucro financeiro. Para Bhargava, que clama por um “mundo com empatia e liderança”, o “foco em empatia por empreendedores e empresas pode ser surpreendentemente lucrativo”. De embalagens de xampu desenhadas para portadores de deficiência visual a lâminas de barbear pensadas para ser usadas por cuidadores de pessoas que já não podem dar conta sozinhos de sua higiene pessoal; das lojas Starbucks em que os atendentes entendem a linguagem de sinais à força de trabalho autista empregada pela multinacional SAP, o autor coleciona casos em que altruísmo e negócios se encontram; outro trend é a lealdade, aqui a relação estabelecida entre empresa e consumidor. Quando há alinhamento de valores, um ciclo virtuoso se estabelece. Bhargava destaca a empresa de telecomunicação T-Mobile, identificada por seus consumidores como disruptiva e costumer-friendly, que apresenta o maior índice de retenção de clientes no segmento (85%) e o maior crescimento anual (19%) do período estudado. PODER JOYCE PASCOWITCH 29


WISDOM @ WORK - CHIP CONLEY Chip Conley só deu as caras no SXSW para autografar seu livro, que se apoia em seus anos de Airbnb para passar uma mensagem para os contemporâneos, cinquentões e sessentões que se veem perdidos nas novas rotinas corporativas de startups e empresas que se pretendem disruptivas. Após duas décadas e meia abrindo e gerindo hotéis-butique, o executivo achou que era hora de rever o fluxo da vida, vender a empresa que havia fundado e, aos 52 anos, acabou por aceitar ser consultor e mais tarde head global de hospitalidade e estratégia do Airbnb. Sem qualquer intimidade com o mundo digital, contratado para partilhar conhecimento e experiência com colegas de metade de sua idade, ele precisou se munir de enorme curiosidade e interesse para performar. “Nos primeiros dias de Airbnb eu estava preparado para colocar fogo na empresa com minha curiosidade catalítica. Não sabia nada melhor. Num setor novo para mim, minha mente de iniciante nos ajudou a ver melhor nossos pontos cegos”, rememora. Ter emprestado à empresa e aos jovens colegas bom juízo, expertise, inteligência emocional e mostrado o valor da colaboração foram atos que fizeram dele figura central no sucesso da startup. Num capitalismo em que a juventude se tornou um valor em si mesmo, a importância dos “ anciões modernos”, como Conley se define, é um bálsamo.

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LIFE SCALE – BRIAN SOLIS “Antropólogo digital”, como se define no LinkedIn, o americano Brian Solis estuda a disrupção digital e seu impacto nos negócios e na sociedade. Em Life Scale insta seus leitores a buscarem sentido neles próprios, não alhures. Para isso enumera uma série de ações que se apresentam em sequência lógica. São, não por acaso, os nomes dos capítulos do livro: despertar, refocar, acreditar, reconsiderar, silenciar, encontrar propósito etc. “Ou tomamos consciência dos nossos comportamentos e de como eles nos afetam ou seguimos com o status quo”, alerta. Eis uma preocupação que vem de tempos imemoriais, mas que ganhou emergência com os novos hábitos digitais. “Como os cigarros no passado, não percebemos que nossos brinquedos digitais foram criadas para se tornarem vícios, e não temos informação sobre seus efeitos em nosso corpo, emoção e psiquê”, diz o autor, para logo depois afirmar que Mark Zuckerberg, Steve Jobs e os fundadores do Twitter e do Snapchat são os grandes jogadores do negócio que chama de “capitalização das vulnerabilidades humanas”. “Há duas maneiras de influenciar comportamentos – manipular ou inspirar. As companhias de tecnologia escolheram manipular.” Epígrafes cuidadosamente escolhidas abrem os capítulos. Steve Jobs vai ao ponto e aconselha o interlocutor a “não desperdiçar a [própria] vida vivendo a de outra pessoa”; já Gandhi ilustra o capítulo “valor”: “Seus credos tornam-se seus pensamentos. Seus pensamentos, suas palavras. Suas palavras, seus atos. Seus atos, seus hábitos. Seus hábitos, seus valores. Seus valores tornam-se o seu destino”. Solis acha que a receita para uma vida que vale a pena ser vivida é encontrar uma “causa” ou, numa tradução mais literal da expressão inglesa “greater good”, um “bem maior”. Talvez seja por isso que a cantora Lauryn Hill, ex-Fugees, aparece na conclusão do livro para dar o seguinte recado: “Você pode ter tudo. Todo o dinheiro do mundo. Mas se não pode ser uma pessoa íntegra, o que significa isso?” .


PODER INDICA

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ALÉM DAS MASSAS É em uma esquina arborizada na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo, que há pouco mais de um ano um charmoso restaurante tem se destacado: Muza, de cozinha democrática e sofisticada, dedicado à gastronomia italiana. A casa, idealizada pelo empresário GUSTAVO BUNEMER, nasceu com o objetivo de reunir pessoas em um espaço aconchegante e carrega o conceito no nome, brincando com a sonoridade da palavra muçarela – a musa inspiradora da cozinha do Muza. “Estou muito feliz com o sucesso do Muza”, comemora Bunemer. “E com as críticas dos nossos clientes, sempre muito especiais. A relação é tão boa que eles praticamente cuidam do restaurante, dando feedbacks para que possamos manter o padrão merecido.” Recentemente, a casa acrescentou novas criações em seu cardápio, entradas e pratos para aqueles que prefe-

rem uma refeição mais leve, e opções para os que não abrem mão de uma massa caprichada. Entre as novidades estão polvo à galega, ossobuco com risoto milanês e caçarola de frutos do mar. A carta de drinques, outro ponto alto do Muza, também ganhou opções – porto tônica, com vinho do Porto branco, tônica e limão-siciliano, e o xeque matte, feito com saquê, xarope de açúcar, suco de limão taiti e mate. “Morei, estudei e sempre pensei em contribuir para trazer mais charme ao bairro [Vila Nova]”, lembra Bunemer, que não descarta levar os sabores do Muza para outras vizinhanças. “Quero me dedicar mais a este projeto, mas já penso em abrir uma segunda casa.” Se você quiser se sentir à beira do Mediterrâneo, o Muza é lugar. Salute! E buon appetito! +MUZARESTAURANTE.COM.BR @MUZARESTAURANTE


ENSAIO

DURA NA QUEDA

Seis décadas de carreira e 16 pinos na coluna não detêm Elza Soares, que, para a crítica, vive momento apoteótico com o disco Deus É Mulher. Apoteose não só musical, aliás. Ela se tornou voz da negritude, do feminismo e do povo por dado abreu

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ada é capaz de parar Elza Soares. Uma das maiores estrelas da música popular brasileira, a “cantora do milênio” voltou, de maneira avassaladora, aos palcos em 2015 com o lançamento do premiado A Mulher do Fim do Mundo, seu primeiro álbum de inéditas em mais de 60 anos de carreira. Com ele conquistou novos públicos, gritou pelas mulheres, pela negritude, pelo povo brasileiro e atingiu o que parte da crítica especializada chamou de “apoteose musical”. Desde então, não aquietou. Nem por ordem expressa dos 16 pinos que enquadram sua coluna após uma queda em 2014 e que dificultam, e muito, sua locomoção. “Descanso quando estou acordada”, brinca ela. A programação de Elza é intensa. Sobretudo para uma jovem octogenária – “Senhora está no céu”, adverte à reportagem. Dias antes do encontro com PODER ela esteve em

fotos pedro dimitrow styling walério araújo

Quito, no Equador, em evento da ONU sobre o papel das mulheres na América Latina. Antes havia desfilado na Marquês de Sapucaí como destaque da Mocidade Independente de Padre Miguel – a agremiação anunciou que irá homenageá-la no Carnaval 2020. Os compromissos acontecem enquanto ela encontra tempo para encerrar a turnê de Deus É Mulher, o álbum de 2018, e ainda entrar em estúdio para gravar o próximo, o terceiro disco em quatro anos de produção ininterrupta. “Desta vez o ritmo é mais lento”, conta, como se estivesse fazendo uma mea-culpa por não pensar em desacelerar. O 82º álbum (!), que não será de canções inéditas, deve ser lançado no segundo semestre, antes da gravação de um DVD e da cinebiografia – a atriz Taís Araújo, que interpretou Elza no filme Garrincha – Estrela Solitária (2003), viverá outra vez a cantora nas telonas. No ínterim, apresentações pelos principais festivais do verão europeu e no Rock in Rio. Ufa.


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Sigo gritando porque o silêncio me incomoda. Vejo o Brasil calado, aceitando o que não pode ser aceito” “Vou seguir gritando de todas as maneiras porque hoje o silêncio me incomoda. Como dizia Martin Luther King, o ‘silêncio dos bons’”, conta. “Eu vejo o Brasil calado, aceitando o que não pode ser aceito. Quero ver as pessoas de novo nas ruas clamando por justiça.” A indignação no rosto de Elza se revela na mesma semana das prisões do policial militar reformado Ronnie Lessa e do ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Como voz marcante para além do bebop, Elza questiona a morosidade do caso com a pergunta necessária: “Quem mandou matar?”. “Hoje, nós, mulheres, sabemos da necessidade de pegar na mão da outra e fazer uma corrente. Sou mulher e vou continuar parindo com a música. Por Marielle e por todas e todos.” n


Vestido Adriana Barra, coroa, broche e estola Walério Araújo, bota Karin Matheus

Beleza: Wesley Pachu Arte: David Nefussi Produção executiva: Ana Elisa Meyer Assistentes de fotografia: Adrian Ikematsu e Thaísa Nogueira Tratamento de imagem: Helena Lopes Agradecimentos: Juliano Almeida, Pedro Loureiro e Hotel InterContinental


BISTRÔ

O BRILHO DO BILHÃO A epopeia que fez da historiadora Françoise Bettencourt Meyers, herdeira da L’Oréal, a mulher mais rica do mundo

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a Grécia antiga dos mitos, Pluto, um dos filhos da deusa da colheita Deméter e do herói Iasião, era o deus da riqueza, tido desde cedo como a “criança divina” segundo os preceitos dos mistérios eleusinos. Concebido em Creta, dispunha de um poder que lhe permitia viajar sobre a terra e o mar e, caridoso, tornava ricos todos aqueles que o encontravam nessas aventuras. A história de Pluto é descrita em Les Dieux Grecs. Généalogies (Os Deuses Gregos. Genealogia), uma bíblia de 511 páginas sobre o panteão grego publicada, em 1994, na França por Françoise Bettencourt Meyers, a mulher mais rica do mundo com um patrimônio de US$ 52,4 bilhões. E a própria história de vida da bilionária francesa de 65 anos, que prefere ser chamada de escritora, lembra em muitos momentos aquela do personagem mítico que inspirou até mesmo a criação de um sistema político – a plutocracia – no qual o poder dos governantes sobre os governados é exercido desde o topo da pirâmide onde se encontram os mais ricos. “Aide-toi et le ciel t’aidera”, diriam os franceses, algo como “ajudem-se entre si e os céus lhes ajudarão”. Mas apesar das coincidências de origem, a realidade vivida por Françoise nos últimos anos lembra mais um novelão

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FOTO GETTY IMAGES

por anderson antunes


Lady in red: Françoise Bettencourt Meyers (dir.), filha única do político André Bettencourt e da finada Liliane Bettencourt, herdeira da L’Oréal

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mexicano do que um clássico sobre as divindades helênicas de outrora. Única filha do político francês André Bettencourt e de Liliane Bettencourt, a nonagenária bilionária e socialite, morta em setembro de 2017, cujo pai, Eugène Schueller, fundou a L’Oréal há 109 anos, Françoise herdou da mãe cerca de 30% do capital da gigante dos cosméticos, além de uma fatia minoritária da Nestlé e de aplicações financeiras que por si só lhe garantiriam uma entrada no clube dos dez dígitos – algo em torno de US$ 5 bilhões em ativos líquidos. A fortuna familiar inclui ainda muitas barras de ouro e joias das mais caras devidamente guardadas em cofres espalhados por toda a Europa. Uma das poucas testemunhas que tiveram a chance de conferir de perto um pouquinho do tesouro usou de metáforas fluviais para descrever o que viu. “Havia rios e mais rios de pedras preciosas e um verdadeiro Sena de diamantes”, contou um banqueiro ouvido em anonimato pela Paris Match, em reportagem publicada em 2010. Na época, mãe e herdeira travavam uma batalha pública que passou a ser chamada de “affaire Bettencourt” nas altas rodas de Paris, expressão imediatamente copiada pela grande mídia francesa. O motivo da discórdia entre as duas era a sintonia fina demais da primeira com o fotógrafo François-Marie Banier, um bon-vivant típico que conviveu com Salvador Dalí e se gabava de dizer aos mais próximos que seu companheiro de drinques no Café de la Paix durante boa parte do fim dos anos 1990 foi ninguém menos que Johnny Depp, então bad boy de Hollywood. Consta que Liliane viu em Banier aquilo que jamais identificou em sua cria: de personalidade esfuziante, ele a acompanhava em noitadas regadas a muito champanhe Dom Pérignon e em desfiles de moda, jantares e todos os tipos de eventos pensados sob medida para os mortais que amam serem vistos e bajulados. Teria sido só mais uma amizade platônica entre uma ricaça entediada e um “profiteur” qualquer, não fosse pela lista de presentes que a vítima deu sem pestanejar para o aproveitador em questão, e que inclui desde apólices de seguro de vida multimilionárias a quadros caríssimos de Picasso, Matisse, Mondrian, Delaunay e Léger, passando por fotografias surrealistas registradas por Man Ray e dinheiro. Muito dinheiro. O valor total dos mimos chegou a 1,3 bilhão

de euros e Banier logo foi acusado de abuso de incapaz por Françoise, que o processou. Nos autos da ação aparece até que, em determinado momento, Liliane, já na altura dos 88 anos, cogitou deixar todos os seus bilhões para ele, que, em depoimento, se limitou a repetir o mantra publicitário usado pela L’Oréal em suas campanhas: “Ganhei tudo isso porque mereço”. No fim, o caso terminou em acordo, e Banier só não foi parar no xilindró porque aceitou devolver a maior parte do que recebeu da bilionária. Esta, por sua vez, chamou Françoise em uma das poucas entrevistas televisionadas que deu na vida de “pessoa totalmente sem graça, que age por ciúmes e inveja de alguém que tem tudo que gostaria de ter”. A partir daí a relação das duas, que já era fria, desandou de vez. Lilia-

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ne nunca perdoou o fato de a filha ter tentado lhe obrigar judicialmente a fazer um exame de sanidade (eventualmente, foi diagnosticada com demência e mal de Alzheimer. Vale um parêntese: o tal do affaire Bettencourt teve um roteiro rico que rendeu várias outras polêmicas, inclusive uma envolvendo envelopes recheados de euros que Liliane mandava entregar nas casas de políticos como o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, então morador do Palácio do Eliseu e mais tarde inocentado de qualquer mal feito.) Françoise, por sua vez, voltou à reclusão e, com a fortuna garantida e administrada por quem realmente entende do assunto, continuou se dedicando ao hobby de estudar as

FOTOS GETTY IMAGES

“Havia rios e mais rios de pedras preciosas e um verdadeiro Sena de diamantes, contou, um banqueiro que conferiu de perto o tesouro”


O fotógrafo, romancista e dramaturgo FrançoisMarie Banier, bon-vivant e ex-companheiro de Liliane (esq.), mãe de Françoise, na imagem ao lado dos dois filhos

ELAS TAMBÉM “SUARAM” POR SEUS BILHÕES Margarita Louis-Dreyfus Acionista majoritária do maior player mundial das commodities, o conglomerado francês Louis-Dreyfus. Nascida em São Petersburgo, ela vendia equipamentos industriais até conhecer Robert Louis-Dreyfus, em 1988, durante um voo de Zurique para Londres. Os dois se casaram e ficaram juntos até a morte do empresário, em 2009. Louis-Dreyfus deixou o que tinha para Margarita, algo estimado em US$ 5,8 bilhões. MacKenzie Bezos Ex-mulher de Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo. O fundador da Amazon e sua esposa por 25 anos decidiram pelo fim da união amigavelmente. Mas como subiram ao altar sem assinar qualquer tipo de acordo pré-nupcial, e fizeram isso em Washington, um dos estados dos EUA que garante por lei a partilha de bens, MacKenzie ficou com US$ 35 bilhões em ações, equivalente a 4% da Amazon. Gina Rinehart Mais rica da Austrália, ela é filha única de Lang Hancock, que morreu em 1992 e deixou um império no setor de minérios e muitas dívidas. Gina colocou a casa em ordem e chegou a se tornar a mulher mais rica do mundo em 2012. Hoje com US$ 15 bilhões e dona de um temperamento forte que já lhe rendeu apelidos como “Monstra do Ferro”, ela enfrenta uma batalha judicial contra dois de seus filhos, que a acusam de não dividir a fortuna.

civilizações antigas. Além do livro sobre os deuses gregos, ela também é autora de uma compilação sobre a Bíblia (Regard sur la Bible, em cinco volumes), publicada em 2008, e prepara mais um trabalho centrado em figuras históricas do mundo religioso. Já o título de mulher mais rica do mundo veio no começo do mês passado, graças à excelente performance da L’Oréal na Bolsa de Paris em razão da revelação do faturamento e lucro registrados em 2018, bem maiores do que os esperados pelos analistas. A empresa, diga-se, nunca chegou a ser abalada pelos imbróglios vividos por seus acionistas controladores e continua firme e forte reinando absoluta no olimpo das grandes marcas de beleza. n

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APRESENTA


FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

FERVE

PARCERIA DE PRIMEIRA

Iniciar a segunda década de qualquer empreitada não é nada fácil. Mas nos enche de orgulho: comemorar 11 anos de uma publicação que nasceu à beira da crise das hipotecas subprime encabeçada pelo banco americano Lehman Brothers, em 2008, e que segue altiva, ativa e relevante em 2019 é motivo pra festejar. Ainda mais em uma empresa capitaneada por mulheres, com todas as dificuldades que isso gera – e no nosso mês. Mais: na nossa era. Nada mais justo, portanto, que reunir quem nos acompanha e nos prestigia desde o início, nossos sócios nesse êxito, para um almoço mais que especial em março. Por isso, no mês passado, nossa fundadora, Joyce Pascowitch, e a PwC Brasil celebraram a duradoura parceria de PODER em um almoço no restaurante La Tambouille, em São Paulo, que reuniu algumas das maiores figuras da política e da economia nacionais. Em seu discurso, a diretora-geral do Grupo Glamurama e anfitriã da tarde lembrou dos apoiadores e ressaltou a relação de longa data com uma das maiores prestadoras do mundo em serviços profissionais nas áreas de auditoria e consultoria. “Gostaria de agradecer à PwC, que está conosco desde o início dessa jornada. Ter esse aval em um veículo como a PODER é extremamente importante e um sinal para o mercado”, lembrou Joyce.


FERVE

MARCO CASTRO E FABIO CAJAZEIRA

JOYCE PASCOWITCH E BRUNO COVAS

ENCONTRO MARCADO

No almoço de PODER por PwC o que não faltou foi boa conversa e muita troca de cartão. Convidados de peso puderam discutir sobre novas leituras do mundo e saíram do evento carregados de boas experiências e presentes especiais. Vida longa a PODER!

SORAYA CORONA

RONALDO PEREIRA

CARLOS JEREISSATI FILHO

CLAUDIA COHN

NEY FIGUEIREDO E DIVANILDO ALBUQUERQUE

JOÃO CÁNOVAS E MOSHE SENDACZ

CARLOS COUTINHO


CARLOS TEREPINS E DANIEL ROSSI

FILIPE SABARÁ

JOSÉ VICENTE MARINO

CARLA BOLLA

ESTHER SCHATTAN SÉRGIO ALEXANDRE

PHILIPP POVEL

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

MARCEL RIVKIND


FABIO CAJAZEIRA E MARCO CASTRO

SINTONIA FINA

A PwC fez questão de reforçar a ligação de 11 anos com a revista e o encontro em São Paulo foi a oportunidade para os convidados dividirem ideias, estratégias e planos. Sem dúvida, o melhor de celebrar é fazê-lo entre parceiros. LEILA JACY

PHILIPP POVEL

ESTHER SCHATTAN

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

CAMILA CARNEIRO JOHNSON


CARLOS JEREISSATI FILHO

ESTELA FARINA

VISÃO SOFISTICADA

REGINA FERREIRA

Ronaldo Pereira Junior, CEO da Óticas Carol, participou do almoço e saudou os 11 anos da revista. “Parabéns, PODER, por estar à frente do seu tempo há mais de uma década”, disse. A maior rede de óticas do Brasil ofereceu aos participantes um voucher das lentes Varilux Series 4D, versão premium da marca.

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

CYNTHIA OLIVEIRA CAMILA CARNEIRO JOHNSON

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

MARCELO NOSCHESE


JÉSSICA SAYEG

FERNANDA LARA

EXCELÊNCIA EM CUIDAR

O Alta Excelência Diagnóstica também marcou presença no almoço de 11 anos da PODER e levou de presente um kit para equipar o escritório dos poderosos.

SORAYA CORONA

CAMILA CARNEIRO JOHNSON

NADIR MORENO

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

JOÃO CIACO

MURILO GARAVELLO


DIVANILDO ALBUQUERQUE

FEITO PARA SONHAR A Regent Seven Seas Cruises, responsável pelos mais

luxuosos cruzeiros do mundo, entregou alguns mimos aos convidados, além de um catálogo com as viagens incríveis que promovem pelos sete mares. Qual o seu próximo destino?

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

ESTELA FARINA

CLAUDIA COHN

GLAUCIA MAYR


UM BRINDE

Para brindar os 11 anos de PODER, vinhos Periquita, claro. A vinícola portuguesa serviu taças – de tinto e de branco – para harmonizar com o menu exclusivo assinado pelo chef Anderson Laranjeira. Os convidados amaram: à boca miúda se ouvia que foi um dos pontos altos da tarde.

MARCELO NOSCHESE EGLISE PEREIRA

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

NADIR MORENO


CARLOS JEREISSATI FILHO

BRILHANTES A Casa Leão Joalheria sorteou duas joias – uma

feminina e outra masculina – para os nossos convidados. Paula Pavon e Moshe Sendacz foram os sortudos da tarde de comemoração.

PAULA PAVON

DANIEL ROSSI

MOSHE SENDACZ

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

JÉSSICA SAYEG

JOÃO CÁNOVAS

PAULA PASCHOAL


RONALDO PEREIRA JUNIOR

PAULA GALLO

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

LEILA JACY

RENATA MALENZA

DESIGN NA PEDRA

A Brasigran foi outro ponto alto do almoço de 11 anos de PODER. Uma das líderes nacionais no processamento de granito, a marca entregou uma ecobag contendo uma placa de pedra polida ideal para cortes. Puro design.

DUDU PACHECO

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

REGINA FERREIRA


FABIO CAJAZEIRA

JOÃO CIACO

SELECIONADO

Para fechar a tarde, após a sobremesa os baristas do Café Orfeu serviram um blend especial da marca, composto pelos melhores grãos cultivados no sul de Minas Gerais. Intenso e delicioso.

JÉSSICA SAYEG

FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS

SORAYA CORONA E MURILO GARAVELLO

MAIS EM GLAMURAMA.COM/FOTOS


SOB MEDIDA POR DADO ABREU

LÁZARO RAMOS Ator, diretor, escritor e apresentador do programa Espelho, do Canal Brasil A MELHOR HORA DO SEU DIA:

A que estou trabalhando. A PRIMEIRA COISA QUE VOCÊ FAZ QUANDO CHEGA DO TRABALHO:

Abraço meus filhos e pergunto como foi o dia deles. UMA PEÇA DE TEATRO:

Woyzeck, do dramaturgo alemão Georg Büchner (1813-1837), com o Bando de Teatro Olodum. UM TEMPERO:

Da minha tia avó, Dindinha. O QUE FALTA NA SUA CASA:

Não falta nada. Tenho minha família, a presença dos meus amigos constantemente. É tudo o que preciso no meu lar. UM(A) CANTOR(A):

Gilberto Gil. UM(A) ESCRITOR(A):

Conceição Evaristo. UMA MÚSICA QUE LHE REPRESENTE:

“Ain’t Got No / I Got Life”, na versão de Nina Simone. Tailândia. UM HOMEM DE ESTILO:

Mahershala Ali.

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

VIAGEM DOS SONHOS:


UM DIRETOR QUE TE INSPIRA:

Eduardo Coutinho.

TIME DO CORAÇÃO:

Esporte Clube Vitória.

UM LUGAR NO MUNDO:

Salvador. UM DISCO:

Bluesman, de Baco Exu do Blues. UMA ATRIZ:

Ruth de Souza.

UM ESPORTE QUE GOSTARIA DE PRATICAR:

Parkour.

NÃO PODE FALTAR NO CAFÉ DA MANHÃ:

Meus filhos.

UM FILME:

UM DRINQUE:

Nós que Nos Amávamos Tanto, de Ettore Scola.

Capeta.

UM TEATRO NO MUNDO: UMA COMIDA:

Teatro Vila Velha, em Salvador, na Bahia.

Tailandesa.

UM RESTAURANTE: ATOR:

Throubi Restaurant, em Santorini, na Grécia.

Milton Gonçalves.

UM ESPORTE QUE PRATICA:

Capoeira.

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VIAGEM

É só dar um passeio rápido por Dubai para perceber que algumas palavras se repetem o tempo todo: maior, mais e melhor. Menos, definitivamente, não é mais, e o superlativo dita as regras no país dos Emirados Árabes onde a ostentação e a excentricidade são levadas às últimas consequências texto carla julien stagni*

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FOTOS CARLA JULIEN STAGNI; RENATO NEGRÃO/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

E O CÉU É O LIMITE

rguida no meio do deserto, às margens do estratégico Golfo Pérsico, Dubai nasceu para ser um dos pedaços de terra mais modernos e poderosos do planeta. A grande virada, que iniciou seu processo rumo ao futuro, se deu com a descoberta de petróleo, muito petróleo, aliás, em seu território. Nos últimos 60 anos, o emirado totalmente desértico, sem uma fonte de água sequer, tornou-se uma potência milionária. Para se ter ideia, em 1990 eram 550 mil habitantes. Em 2018, o senso mostra que vivem ali mais de 3 milhões de pessoas, sendo 80% de expatriados e 20% de emiratis, como são chamados os nativos – não à toa, têm privilégios para que permaneçam na região e mantenham o pouco que restou das origens e tradições de seus antepassados. Quem manda por lá desde 1833 é a família Maktoum, dona de quase tudo o que se vê – e o que não se vê também. No comando, o xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum é reverenciado. Retratos dele são encontrados onde quer que se vá, em quase 100% dos estabelecimentos. É tanta exposição que depois de uns dias em Dubai pode-se dizer que ele é um velho conhecido. Seu provável herdeiro, o xeque Hamdan bin Mohammed bin Rashid al Maktoum, ‘aka’ Fazza3, tem 36 anos e faz a linha playboy aventureiro. Um príncipe do século 21, adepto de esportes radicais, como paraquedismo e corrida de camelo (!), influencer nas redes sociais, pinta de galã e solteiro. Tanto ele quanto o pai, apesar da montanha de dinheiro que os separa dos simples mortais, fazem o possível para parecer acessíveis e, não raro, são flagrados dirigindo seus possantes pelas avenidas repletas de arranha-céus e andaimes de Dubai, possivelmente admirando suas conquistas, como o Burj Al Khalifa, a estrutura mais alta do mundo construída pelo homem, com quase 900 metros de altura, e ainda as futuras obras megalomaníacas que estão por vir. n


Em Deira é possível entrar em contato com as raízes do povo árabe, com os tradicionais souks e suas lojinhas, ruelas estreitas e mesquitas. À beira do Golfo Pérsico, o Atlantis, the Palm fica em uma ilha artificial e tem suítes subaquáticas. Ao lado, a panorâmica The Frame

Skyline da nova Dubai, que serve de cenário para uma das praias da cidade, dividindo cena com a antiga Dubai, com suas construções mais simples e baixas

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O luxuoso hotel Burj Al Arab completa 20 anos de funcionamento em 2019. Por muito tempo foi o principal cartão-postal da cidade

SETE CURIOSIDADES SOBRE DUBAI

1. Os emiratis, nativos de Dubai, têm privilégios do gover-

no: não podem ser demitidos e cada empresa deve ter pelo menos um funcionário nativo. Eles também ganham casas e carros do xeque. Emiratis pobres e desempregados podem pegar comida grátis em alguns estabelecimentos. 2. Por ter uma frota repleta de Maserati, Ferrari, Mercedes, alguns até folheados a ouro, o grande diferencial nas ruas de Dubai está nas placas dos carros, o real termômetro da riqueza. Quanto menor a numeração, mais poderoso o proprietário. Os modelos dirigidos pelo xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum tem a placa número 1, claro. 3. A sexta-feira é dia de descanso em Dubai, equivalente ao nosso domingo, e muita coisa não abre. O metrô só começa a funcionar às 13h. Ou seja, quinta-feira é dia de bombação noturna na cidade! 4. A população masculina é cerca de três vezes maior do que a feminina. 5. Se você precisa comprar ouro com urgência, basta ir ao caixa eletrônico mais próximo e sacar suas barras. 6. Está sendo construída por lá uma ilha artificial chamada Ras Al Khaimah, que terá festas rolando 24h por dia, competindo com Ibiza e Las Vegas. 7. A maior roda-gigante do mundo deve ser inaugurada este ano. A Dubai Eye terá 201 metros de altura, com capacidade para 1.400 pessoas em 48 cápsulas.

*A repórter viajou a convite do Departamento de Turismo de Dubai

FOTOS CARLA JULIEN STAGNI; RENATO NEGRÃO/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Dubai nasceu à beira do Creek, laguna que parece um canal e serve como porto natural e via navegável, ponto de entrada dos artesanatos vindos do Iraque, Afeganistão e outros países vizinhos. Uma novidade para 2019 é a Dubai Eye, roda-gigante inspirada na London Eye, de Londres. Abaixo, uma imagem clássica: o incrível skyline da nova Dubai à noite


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CONSUMO

BIA FIGUEIREDO Primeira pilota brasileira a correr na Fórmula Indy, há quatro anos disputa as provas de Stock Car. Veja os apps que a fazem se manter na pista POR ALINE VESSONI

Lady Driver: primeiro app de transporte para mulheres. A frota de motoristas e a clientela é 100% feminina.

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FOTOS BY CARSTEN HORST/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Sports Tracker: com uma pegada de rede social, permite rastrear as suas atividades físicas para acompanhar e analisar o seu desempenho.

Qual o primeiro aplicativo que você usa ao acordar? Normalmente eu pego o celular para desligar o alarme e checar as mensagens do WhatsApp. Mas só leio se for algo importante. Qual você usa quando está numa fila de espera? Checo e-mails, mensagens, Instagram ou até a situação da bolsa de valores. Qual é seu emoji preferido? Meus preferidos são carinha risonha, coração e florzinha. Só emojis positivos. Qual é o aplicativo que você mais usa? Acho que é o WhatsApp. Como você pede suas comidas hoje em dia? Hoje, além de comida, faço o mercado por aplicativo. Os que uso são iFood e Rappi. Quando você vai se locomover, qual é seu app favorito e por quê? Comecei a usar o Lady Driver que é um app de locomoção só de motoristas e passageiras mulheres. Gostei tanto que investi nele e me tornei embaixadora. Há algum tempo tento aproximar as mulheres do volante e o Lady Driver é maravilhoso para isso. Já são 35 mil motoristas em São Paulo e a ideia é ir para mais cidades ainda este ano.

E quando você está dirigindo, já virou refém do Waze ou do Google Maps? Eu sou super-refém do Waze. Mesmo se eu souber o caminho, pode ter trânsito em uma via ou outra. Você costuma usar algum aplicativo para se exercitar? Uso o Sports Tracker para marcar a distância das minhas corridas e também o Tabata para treinos de alta intensidade. E para meditar? Como eu moro no Rio de Janeiro, para meditar prefiro ir à praia. Sem app. Como você lê notícias? Gosto de acordar e ir para a bicicleta da academia. Leio as notícias por site e pelo Twitter. Às vezes ouço rádio. Em São Paulo tenho o jornal em casa e confesso que o impresso ainda é meu preferido. Gosta de ler livros no celular? Prefiro o livro físico, é uma forma de dar um tempo do celular. Qual foi a última pessoa para quem ligou? Acabei de falar com os pais da pilota Antonella Bassani, de quem sou mentora. Estávamos falando de estratégias e próximos passos para a carreira dela no kart. Mas a pessoa para quem eu mais ligo no meu dia a dia é meu marido.

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CULTURA INC. POR LUÍS COSTA

SENHOR LIVREIRO

Enquanto o setor de livros cambaleia, Rui Campos abre loja da Livraria da Travessa em São Paulo e anuncia primeira filial no exterior

P

inheiros vai receber a próxima casa de livros de São Paulo. Rui Campos, fundador e diretor da Livraria da Travessa, prepara-se para inaugurar, até o fim de maio, a primeira loja de rua da empresa na capital paulista. Criada em 1986 no centro do Rio, a Travessa se notabilizou pelo sotaque carioca: são seis lojas na Cidade Maravilhosa. A Travessa se expande na contramão da crise que afeta gigantes do se-

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tor livreiro, como Cultura e Saraiva, que entraram em regime de recuperação judicial. Campos avalia que a empresa tem tido crescimento constante e saudável e afirma que o passo de abertura da loja em Pinheiros foi bem planejado – a primeira loja da Travessa fora do Rio foi a de Ribeirão Preto, em 2013; em 2017, veio um espaço no Instituto Moreira Salles (IMS), na avenida Paulista, dedicado a livros de arte. “Abrimos a loja no IMS e isso

fez aumentar ainda mais as simpáticas manifestações de boas-vindas que nossos clientes paulistanos nos acenavam”, diz o livreiro. O passo seguinte foi decidir onde instalar a primeira Travessa de rua paulistana. “A questão era: interpretar a cidade”, afirma Campos. “Onde deveria ficar a Travessa nessa cidade tão culturalmente diversa e com livrarias de grande qualidade?” A simpatia pelo bairro de Pinheiros foi se consolidando, mas não havia lá imóveis grandes como os que abrigam as Travessa no Rio, que passam dos mil metros quadrados. “Tudo se resolveu quando abraçamos a ideia de uma loja com a ‘linguagem’ de Pinheiros: menor, charmosa e com curadoria”, explica Campos. A Travessa de Pinheiros ficará em imóvel de 180 m² com espaço para 25 mil livros e ainda um local para apresentações. O investimento é de R$ 1 milhão. Em um cenário de concorrência do e-commerce e dos leitores digitais, que tornam o livro mais barato, livrarias menores como a Travessa resistem como verdadeiros resorts do livro impresso. “Passado todo um período em que foi anunciado o fim dos livros, das livrarias e editores, hoje comemoramos o fim do fim dos livros!”, brinca o livreiro, que recorre às características multissensoriais do livro físico para ensaiar uma resposta que explique sua resistência. “Como disse Caetano Veloso, são objetos transcendentes.” Além da loja de Pinheiros, a Travessa deve abrir a primeira loja no exterior, em Lisboa, ainda este semestre. “Não estava no nosso radar, mas ficamos encantados com o projeto e com o convite que nos foi feito pelos portugueses da Casa Pau-Brasil, no bairro Príncipe Real. Um espetáculo”, diz Campos.


PODER É 1 - NA CASA DO LORD Dirigido por Jorge Farjalla, O Mistério de Irma Vap entra em cartaz, a partir de 12 de abril, no Teatro Porto Seguro. O texto de Charles Ludlam conta a história de Lady Enid, que se casa com o esquisitão Lord Edgar e vai morar em uma mansão assombrada pela primeira mulher do marido. Mas, desta vez, ao contrário da trama original, a nova versão será situada em um trem fantasma de um parque de diversões macabro. Com Luis Miranda e Mateus Solano no elenco.

FOTOS DANIEL MELLO/DIVULGAÇÃO; PRISCILA PRADE/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

2 - SÉRGIO MAMBERTI, 80 O ator Sérgio Mamberti, que completa 80 anos em abril, faz durante o mês um périplo com a peça Visitando o Sr. Green, do dramaturgo americano Jeff Baron. Ele se apresenta no Recife (6 e 7 de abril), Natal (12), Fortaleza (13) e Porto Alegre (4 de maio). A peça conta a história de um executivo que, depois de sofrer um processo por direção imprudente, é obrigado a visitar semanalmente o senhor Green, um velho novaiorquino solitário. 3 - TESTEMUNHA DO TEMPO Um dos mais importantes fotógrafos do século 19 no Brasil, Marc Ferrez ganha sua segunda retrospectiva no Instituto Moreira Salles com a exposição Marc Ferrez: Território e Imagem. Com mais de 300 itens, a mostra inclui fotografias e álbuns originais, negativos de vidro, equipamentos fotográficos, documentos originais e correspondências. A exposição percorre os diversos territórios da imagem explorados por Ferrez, da fotografia em colódio à fotografia colorida, ao cinema, à página impressa.

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LOW-TECH

COLEÇÃO JACARANDÁ

A ideia de projetar um conjunto de utensílios e acessórios como uma extensão do trabalho do Studio Arthur Casas levou à criação da Linha Jacarandá, a segunda do premiado arquiteto para a Riva. Composta de uma jarra e uma bandeja, a linha é uma das novidades da coleção dpot objeto. As peças são fabricadas em aço inox 18/10 ou prata e madeira maciça de jacarandá extraída de forma ecologicamente correta. INSTAGRAM - @ DPOTOBJETO

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CULTURA

FORA DE SÉRIE

É possível que você tenha gastado mais tempo escolhendo o que ver do que propriamente assistindo aos conteúdos dos serviços de streaming. É sempre a mesma enrolação com o controle em mãos. Por isso, para facilitar a vida, PODER preparou uma lista com alguns dos melhores documentários e seriados sobre tecnologia, política e economia. Só dê play e complete a lista

Tecnologia

BANCO OU BITCOIN (2017) (BANKING ON BITCOIN) Documentário. Dir. Christopher Cannucciari. (Netflix) Retrata a origem, o futuro e a tecnologia da Bitcoin, a controversa moeda digital. O filme remonta aos anos 1990, quando um grupo de jovens lançou a ideia de uma espécie de moeda que estaria livre de qualquer regulação por Banco Central. Com entrevistas de jornalistas econômicos e pioneiros da criptomoeda, Cannucciari mostra virtudes e problemas da aplicação da ideia.

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REDE SOMBRIA (2017) (DARK NET) Série documental. Dir. Peter Richardson, Jeremy Siefer e France Costrel. (Netflix) A série explora as aplicações mais sombrias e perigosas do mundo cibernético, criadas e utilizadas por pessoas completamente diferentes. Em oito episódios, os realizadores mostram como os usuários ao redor do planeta alimentam na rede global ambientes de pornografia infantil e pornografia de vingança, ofensas e bullying virtual, biohacking, troll, entre outros tópicos.

EIS OS DELÍRIOS DO MUNDO CONECTADO (2016) (LO AND BEHOLD, REVERIES OF THE CONNECTED WORLD) Série documental. Dir. Werner Herzog. (Netflix) O cineasta alemão Werner Herzog traz a história da internet a partir do nascimento da rede, em 1969. Em dez capítulos, investiga como ela alterou a história do mundo e está presente dos mais banais atos cotidianos às mais sofisticadas incursões tecnológicas da humanidade. Herzog entrevista pesquisadores, desenvolvedores e empreendedores para compreender o agora e o futuro da internet.


Política

O MURO (2018) Documentário. Dir. Lula Buarque de Hollanda. (Canal Curta!)

GET ME ROGER STONE (2017) Documentário. Dir. Dylan Bank, Daniel DiMauro e Morgan Pehme. (Netflix)

Investiga a polarização política que tomou o país durante o impeachment de Dilma Rousseff. O muro do título é literal: foi instalado em frente ao Congresso Nacional para separar apoiadores de detratores da presidente às vésperas do processo que finalmente a afastaria. Com depoimentos de populares, jornalistas e historiadores, o documentário recua até 2013, até as jornadas de junho, que deflagraram o processo de desgaste de Dilma.

Ascensão, queda e renascimento do operador político Roger Stone, um dos mais influentes da equipe de Donald Trump há décadas. O roteiro remonta aos primeiros passos de Stone como assessor no Partido Republicano nos anos 1970, quando seu nome seria envolvido no escândalo Watergate, que derrubaria o presidente Richard Nixon (cujo rosto Stone tem tatuado nas costas). No filme, o operador explica suas (controversas) regras para uma consultoria política de sucesso.

THE PROPAGANDA GAME (2015) Documentário. Dir. Álvaro Longoria. (Netflix) Em um diário de uma visita à Coreia do Norte, o diretor Álvaro Longoria investiga a manipulação da informação pelo regime do mais fechado país do planeta. O filme articula entrevistas e material de arquivo para apresentar os mecanismos de criação de uma imagem grandiosa do regime e dos seus líderes, ao mesmo tempo em que também trata das imagens caricatas que observadores estrangeiros fazem da Coreia.

Economia

FOTOS DIVULGAÇÃO

O MONSTRO GIGANTE QUE É A ECONOMIA GLOBAL (THIS GIANT BEAST THAT IS THE GLOBAL ECONOMY) (2019) Série documental. Dir. Adam McKay. (Amazon Prime Video) Com a narrativa inteligente que rendeu o Oscar a Adam McKay por A Grande Aposta, esta série revela os principais atores por trás de alguns dos movimentos mais bizarros da economia atual. A apresentação é do ator Kal Penn, conhecido por papéis secundários em House e Designated Survivor e por ter trabalhado na equipe de engajamento de Barack Obama.

A ASCENSÃO DO DINHEIRO (2008) (THE ASCENT OF MONEY) Documentário. Dir. Adrian Pennick (YouTube) Vencedor do Emmy Internacional de melhor documentário, o filme faz uma longa incursão sobre a ascensão do dinheiro e seu impacto para o desenvolvimento do mundo até o século 21. O documentário trata da criação do complexo sistema financeiro global e de como o dinheiro moldou o curso das relações humanas em todo o globo.

SALVANDO O CAPITALISMO (2017) (SAVING CAPITALISM) Documentário. Dir. Sari Gilman e Jacob Kornbluth. (Netflix) Robert Reich, economista americano e exsecretário de Trabalho da gestão Bill Clinton, expõe suas ideias sobre o capitalismo e a desigualdade de renda. Entre suas proposições, está a de que existe um falso dilema entre livre mercado e regulação governamental, como se fossem antagônicos.


CABECEIRA

PAIS E FILHOS - IVAN TURGUÊNIEV

De meados do século 19, é um livro de debate desse grande escritor russo. Um jovem intelectual visita um amigo e discute suas ideias, muito fortes. Tudo isso é contado pelo autor sem perder a força do romance.

ESTANTE

POR ALINE VESSONI

62 PODER JOYCE PASCOWITCH

A MARCA HUMANA PHILIP ROTH

Li quase todos os livros dele. Este discute racismo, vida universitária, judaísmo, política, feminismo, o politicamente correto, são muitas as entradas. É a história de um professor que é expulso da faculdade já no fim da carreira sob acusação de racismo. Um livro muito impressionante.

OS SERTÕES – EUCLIDES DA CUNHA

Da cobertura jornalística da Guerra de Canudos, que ocorreu na Bahia no fim do século 19, surgiu este livro. Euclides da Cunha foi cobrir a guerra [para O Estado de S. Paulo] e na obra reflete sobre superioridade racial e poder.

THE COMPLETE POEMS - EMILY DICKINSON

Foi o primeiro presente que ganhei do Otavio [Frias Filho, ex-diretor de redação da Folha de S.Paulo], meu marido, que morreu no ano passado. A nossa filha mais nova se chama Emília por isso.

É ISTO UM HOMEM? PRIMO LEVI

Livro curtinho e sem adjetivos sobre a experiência do autor no campo de concentração de Auschwitz. Levi era químico e foi colocado para trabalhar em um laboratório. Trata-se do mais impressionante relato de um sobrevivente do nazismo.

NOVE ESTÓRIAS – J. D. SALINGER

Este livro do autor de O Apanhador no Campo de Centeio tem contos desconcertantes, com diálogos sensacionais.

FOTOS NINO ANDRÉS/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Formada em filosofia, a curadora da 17ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que em 2019 acontece entre os dias 10 e 14 de julho, FERNANDA DIAMANT cresceu em uma casa de aficionados pela leitura. Filha de veterinários, tem uma memória afetiva ligada ao mundo das letras: a biblioteca da família de mais de 2 mil livros. “Tive uma formação que embora não tenha sido academicamente literária, foi diletantemente literária. Nessa biblioteca inesquecível, que tinha muito livro infantil, nasceu meu primeiro interesse por literatura”, conta ela, que é também editora da revista de resenhas literárias Quatro cinco um. Além da leitura de filósofos com pena literária, como Rousseau e Nietzsche, Fernanda é devota da literatura de língua inglesa – sobretudo a americana da década de 1930 até hoje. Depois de uma carreira construída em editoras, resolveu se afastar do trabalho para se dedicar à maternidade. E quando já esboçava o desejo de voltar a trabalhar, acabou por formar dupla com o jornalista Paulo Werneck no projeto da Quatro cinco um. “Constatei que faltavam publicações sobre literatura. Os leitores estavam órfãos, havia uma necessidade ali. Na mesma época, o Paulo me chamou para almoçar e me fez essa proposta, então foi perfeito, porque eu estava querendo voltar a trabalhar, nossas ideias convergiram”, explica ela, que logo deu início à longa aventura da captação de recursos. Em maio de 2017, nasceu a publicação. “Foi no mesmo mês do nascimento da minha caçula, então, eu pari duas crianças de uma só vez.”


CARTAS cartas@glamurama.com

RETRATOS DO SERTÃO

As fotos ficaram lindas, parabéns!!! (PODER 125) @denihelos, via Instagram

FOTO JAIRO MALTA

LIBERANDO A ENERGIA

Interessante a matéria com o empresário Daniel Rossi (PODER 125) e esse plano de produzir energia a partir do lixo dos aterros sanitários e também dos resíduos da agricultura. Não tem mais jeito, é preciso investir em outras formas de energia ou vamos acabar com o planeta logo, logo. Vivi Monteiro, São Paulo (SP), via e-mail

/poder.joycepascowitch

ALMOÇO DE PODER

Eu até entendo que não dá pra se indispor com todo entrevistado, mas acho que vocês pegaram muito leve com o prefeito Bruno Covas (PODER 125). Não perguntaram o que ele achou de seu antecessor ter pulado fora antes de terminar o mandato? Helena Rossini, São Paulo (SP), via e-mail

RAZÃO & EMOÇÃO

O título irreverente “Acorda: você precisa dormir!” diz tudo sobre o quanto a nossa sociedade está fazendo tudo errado (PODER 125). A gente passa metade da vida toman-

@revistapoder

do remédio e outras substâncias para ficar acordado e, depois, passa outro tanto tomando remédio para dormir. Deu a hora, vá para a cama. Ótimo conselho da avó, lembrado pelo colunista. Doracy de Medeiros, Rio de Janeiro (RJ), via e-mail

AGENDA PODER

ADRIANA BARRA + adrianabarra.com.br BOUTIQUE DE JOIAS + @boutiquedejoias SKAZI + shop.skazioficial.com WALÉRIO ARAÚJO + @walerioaraujo

@revistapoder

O conteúdo da PODER na versão digital está disponível no SITE +joycepascowitch.com

PODER JOYCE PASCOWITCH 63


TROPICALIENTE

FOTO GETTY IMAGES

“Vai pra Cuba”, o grito adolescente da direita brasileira talvez tenha sido ouvido bem longe daqui, na Clarence House, em Londres, onde vive o príncipe Charles e sua esposa, Camilla. O casal desembarcou em Havana no fim de março para a primeira visita oficial da família real britânica a Cuba, parte de uma viagem pelo Caribe em que Charles e Camilla estiveram em antigas colônias do império onde o sol nunca se põe. A visita à ilha, hoje presidida por Miguel Díaz-Canel, com quem Charles já havia se encontrado em novembro, em Londres, aconteceu pouco antes de o Parlamento britânico frustrar mais uma tentativa da primeiraministra Theresa May aviar o Brexit, a saída da comunidade europeia. Em meio a mojitos e uma garapa cuja cana Charles mesmo espremeu, o príncipe não deve ter tido muito tempo de pensar nas agruras de Theresa.

64 PODER JOYCE PASCOWITCH


B R E TO N .C O M .BR • @BR E TON OF IC IA L

BOSSA NOSSA BRETON BRASIL

BANCO BEO

POR BRUNNO JAHARA

S ÃO PA ULO | R I O D E JA N E I R O | S A LVA D O R CA M P I N A S | S ÃO JO S É D O S CA M P O S B RE TO N C O R P O R AT I VO

BRETON


es tra té gi a •

(substantivo feminino)

1 Do grego STRATEGIA. Arte de utilizar

os recursos de que se dispõe, a situação e as condições para atingir determinados objetivos.

2 Conhecer e reforçar as capacitações do seu negócio de forma estruturada, visando fontes de criação de valor de forma inovadora e perene. Enxergar o mercado de forma ampla para a construção de um plano que mobilize sua cultura e suas competências em direção à excelência no desempenho da sua empresa. Termos relacionados: crescer e criar vantagem competitiva, otimizar deals, transformar dados em oportunidades de negócios, alinhar custos com a estratégia de negócios, estimular a inovação.

O mundo pede novas leituras. www.pwc.com.br/imperativos-negocios

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