BISTRÔ
O BRILHO DO BILHÃO A epopeia que fez da historiadora Françoise Bettencourt Meyers, herdeira da L’Oréal, a mulher mais rica do mundo
N
a Grécia antiga dos mitos, Pluto, um dos filhos da deusa da colheita Deméter e do herói Iasião, era o deus da riqueza, tido desde cedo como a “criança divina” segundo os preceitos dos mistérios eleusinos. Concebido em Creta, dispunha de um poder que lhe permitia viajar sobre a terra e o mar e, caridoso, tornava ricos todos aqueles que o encontravam nessas aventuras. A história de Pluto é descrita em Les Dieux Grecs. Généalogies (Os Deuses Gregos. Genealogia), uma bíblia de 511 páginas sobre o panteão grego publicada, em 1994, na França por Françoise Bettencourt Meyers, a mulher mais rica do mundo com um patrimônio de US$ 52,4 bilhões. E a própria história de vida da bilionária francesa de 65 anos, que prefere ser chamada de escritora, lembra em muitos momentos aquela do personagem mítico que inspirou até mesmo a criação de um sistema político – a plutocracia – no qual o poder dos governantes sobre os governados é exercido desde o topo da pirâmide onde se encontram os mais ricos. “Aide-toi et le ciel t’aidera”, diriam os franceses, algo como “ajudem-se entre si e os céus lhes ajudarão”. Mas apesar das coincidências de origem, a realidade vivida por Françoise nos últimos anos lembra mais um novelão
36 PODER JOYCE PASCOWITCH
FOTO GETTY IMAGES
por anderson antunes