Revista Poder | Edição 126

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CULTURA INC. POR LUÍS COSTA

SENHOR LIVREIRO

Enquanto o setor de livros cambaleia, Rui Campos abre loja da Livraria da Travessa em São Paulo e anuncia primeira filial no exterior

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inheiros vai receber a próxima casa de livros de São Paulo. Rui Campos, fundador e diretor da Livraria da Travessa, prepara-se para inaugurar, até o fim de maio, a primeira loja de rua da empresa na capital paulista. Criada em 1986 no centro do Rio, a Travessa se notabilizou pelo sotaque carioca: são seis lojas na Cidade Maravilhosa. A Travessa se expande na contramão da crise que afeta gigantes do se-

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tor livreiro, como Cultura e Saraiva, que entraram em regime de recuperação judicial. Campos avalia que a empresa tem tido crescimento constante e saudável e afirma que o passo de abertura da loja em Pinheiros foi bem planejado – a primeira loja da Travessa fora do Rio foi a de Ribeirão Preto, em 2013; em 2017, veio um espaço no Instituto Moreira Salles (IMS), na avenida Paulista, dedicado a livros de arte. “Abrimos a loja no IMS e isso

fez aumentar ainda mais as simpáticas manifestações de boas-vindas que nossos clientes paulistanos nos acenavam”, diz o livreiro. O passo seguinte foi decidir onde instalar a primeira Travessa de rua paulistana. “A questão era: interpretar a cidade”, afirma Campos. “Onde deveria ficar a Travessa nessa cidade tão culturalmente diversa e com livrarias de grande qualidade?” A simpatia pelo bairro de Pinheiros foi se consolidando, mas não havia lá imóveis grandes como os que abrigam as Travessa no Rio, que passam dos mil metros quadrados. “Tudo se resolveu quando abraçamos a ideia de uma loja com a ‘linguagem’ de Pinheiros: menor, charmosa e com curadoria”, explica Campos. A Travessa de Pinheiros ficará em imóvel de 180 m² com espaço para 25 mil livros e ainda um local para apresentações. O investimento é de R$ 1 milhão. Em um cenário de concorrência do e-commerce e dos leitores digitais, que tornam o livro mais barato, livrarias menores como a Travessa resistem como verdadeiros resorts do livro impresso. “Passado todo um período em que foi anunciado o fim dos livros, das livrarias e editores, hoje comemoramos o fim do fim dos livros!”, brinca o livreiro, que recorre às características multissensoriais do livro físico para ensaiar uma resposta que explique sua resistência. “Como disse Caetano Veloso, são objetos transcendentes.” Além da loja de Pinheiros, a Travessa deve abrir a primeira loja no exterior, em Lisboa, ainda este semestre. “Não estava no nosso radar, mas ficamos encantados com o projeto e com o convite que nos foi feito pelos portugueses da Casa Pau-Brasil, no bairro Príncipe Real. Um espetáculo”, diz Campos.


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