Revista Clínica n.42

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ISSN 1806-5015 Volume 11 Número 2 Abril / Junho 2015

© Editora Ponto Ltda. A revista Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry (ISSN 1806-5015) é dirigida

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artigos de investigação científica, relatos de casos clínicos e de técnicas, e revisões

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da literatura de assuntos de significância clínica, com periodicidade trimestral. Nenhuma parte desta revista poderá ser reproduzida.

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Esta revista é indexada nas seguintes bases de dados: Bibliografia Brasileira de Odontologia (BBO); Literatura Latinoamericana em Ciências da Saúde (LILACS); e Portal de Revistas Científicas em Ciências da Saúde(SeCS).

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry. - - v. 1, n. 1 (jan. / mar. 2005)- . - - Florianópolis : Editora Ponto , 2005v. : il. ; 29 cm Trimestral Sumário e resumo em português e inglês ISSN 1806-5015

bibliotecariavera@gmail.com


REVISTA CLÍNICA Editor-Chefe

Luiz Narciso Baratieri (BRASIL)

Editores Adjuntos

Sylvio Monteiro Júnior (BRASIL) Élito Araújo (BRASIL)

Editores Assistentes

Corpo Editorial

Edson Araujo (BRASIL) Guilherme Carpena Lopes (BRASIL) Adrian Conleth Shortall (INGLATERRA) Alessandro Dourado Loguércio (BRASIL) Alexandre B. L. Nascimento (BRASIL ) Alfredo Meyer Filho (BRASIL) Álvaro Della Bona (BRASIL) Annie St-Georges (CANADÁ) Antonio Carlos Cardoso (BRASIL) Bruno Tedesco Rosa (BRASIL) Camillo Anauate Netto (BRASIL) Carlo Prati (ITÁLIA) Carlos Conesa Alegre (ARGENTINA) Carlos de Paula Eduardo (BRASIL) Carlos Francci (BRASIL) Carlos José Soares (BRASIL) Carlos Roberto Fortuna (BRASIL) Carolina da Luz Baratieri (Brasil) Cassiano Kuchenbecker Rösing (BRASIL) Claudia Ângela Maziero Volpato (BRASIL) Daniel Edelhoff (ALEMANHA) Dayse Amaral (BRASIL) Dickson Martins da Fonseca (BRASIL) Didier Dietschi (SUÍÇA) Eduardo Galia Reston (BRASIL) Eduardo Rollo Duarte (BRASIL) Eduardo Vargas (BRASIL) Elaine A. Vilela Maia (BRASIL) Élio Mezzomo (BRASIL) Ewerton Nocchi Conceição (BRASIL) Fabiano Carlos Marson (BRASIL) Fabiano de Oliveira Araújo (BRASIL) Fábio Andretti (BRASIL) Fernando Borba de Araújo (BRASIL) Flávio Fernando Demarco (BRASIL) George Gomes (PORTUGAL) Glauco Fioranelli Vieira (BRASIL) Glécio Vaz de Campos (BRASIL) Haroldo Beltrão(BRASIL) Isana Alvares Ferreira (BRASIL) Isabel Tumenas (BRASIL) Jaime Aparecido Cury (BRASIL) Jacques Eduardo Nör (EUA) João Carlos Padilha Menezes (BRASIL) João Carlos Ramos (PORTUGAL) João Felipe Mota Pacheco (BRASIL) José Bahillo (ESPANHA) José Pedro Peixoto Oliveira (BRASIL) José Scarso Filho (BRASIL) José Vanderlei de Almeida (BRASIL) Kikuko Otisuki (BRASIL) Leandro Hilgert (BRASIL) Leandro Pereira (BRASIL) Limírio Oliveira Junior (BRASIL) Lizzete Feuser (BRASIL) Lorenzo Breschi (ITÁLIA)

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110

sumário EDITORIAL NOS BAILES DA VIDA At the balls of life André V. Ritter

112

A COLUNA DO KINA REFLEXÕES SOBRE ÉTICA Reflections on ethics Sidney Kina

114

118

KABBACH & CLAVIJO - A COLUNA O QUE PENSAR DA TÉCNICA BULK FILL? What to make of technical Bulk fill? Victor Clavijo, William Kabbach

CLÍNICA & CIÊNCIA SISTEMAS ADESIVOS AUTOCONDICIONANTES AOS UNIVERSAIS: “SIMPLIFICANDO” A TÉCNICA From self-etching to the universal adhesive systems: “Simplifying” the technique Adriano Fonseca Lima

ARTIGOS CIENTÍFICOS

124

134

144

INDIVIDUALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTOGENGIVAL (IPD) EM CERÂMICA: PREVISIBILIDADE DO PROJETO A REALIZAÇÃO DAS PEÇAS

Porcelain dentogingival prostheses customization (DPC): Predictability from design to the manufacturing Heitor Bernardes Cosenza, Francisco Roberto Cosenza, Juliano Vasconcellos, Oswaldo Scopin de Andrade

PREVISIBILIDADE ESTÉTICA EM PRÓTESE TOTAL Aesthetic predictability in complete dentures Daniella Rimulo, Antonio Sérgio Netto Valladão

“LENTES DE CONTATO”: TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR NO USO DE LAMINADOS CERÂMICOS ULTRAFINOS

Dental “contact lenses”: Multidisciplinary treatment for the use of ultrathin ceramic laminate veneers

Mayla Kezy Silva Teixeira, Josiane Silva Santos, Pedro de Freitas Castro Mendes, Terumitsu Sekito Jr.

108

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 105-208, abr./jun. 2015


154

PLANEJAMENTO EM FACETAS DE PORCELANA. PARTE 2: PREPARAÇÃO DENTAL, A CHAVE DO SUCESSO

Designing porcelain laminate veneers. Part 2: Tooth preparation, the key of success Andressa Ballarin, Guilherme Carpena Lopes

ENSAIO CLÍNICO COMPARANDO EFEITO REBOTE E SENSIBILIDADE DO CLAREAMENTO CASEIRO VS CONSULTÓRIO

Clinical trial on rebound effect and tootth sensitivity in home-bleaching vs home-office techniques Chayana Corso Bergamo, Taináh Bavaresco Abatti, Christian Kunzler, Mauricio Costa Silveira de Avila

170

178

INFLUÊNCIA DO CLAREAMENTO CASEIRO SOBRE A SUPERFÍCIE DA RESINA COMPOSTA NANOPARTICULADA

At-home bleaching effect on nanofilled composite resin surface Ana Maria Bigolin Tussi, Suellen Taís Oestreich Tomazoni, Mauricio Costa Silveira de Avila

LAMINADOS CERÂMICOS PARA REABILITAÇÃO ESTÉTICA EM DENTES COM AMELOGÊNESE IMPERFEITA

Ceramic laminates for aesthetic rehabilitation of teeth with amelogenesis imperfecta

184

Tiago Aurélio Donassollo, Juliana Lays Stolfo Uehara, Sandrina Henn Donassollo

NOVAS TENDÊNCIAS ESCOVAS ELÉTRICAS: EFETIVIDADE CLÍNICA NO CONTROLE DO BIOFILME SUPRAGENGIVAL

192

VISÃO CLÍNICA

196

Powered toothbrushes: A clinically effective approach for controlling the supragingival biofilm Cassiano Kuchenbecker Rösing, Marilene Issa Fernandes

ABORDAGEM ESTÉTICA NA HARMONIZAÇÃO DO SORRISO: LAMINADOS CERÂMICOS ULTRAFINOS

Aesthetic approach for smile matching: Ultrathin ceramic laminate veneers Carlos Marcelo Archangelo, José Carlos Romanini, Karen Cristina Archangelo, Rodolfo Bruniera Anchieta

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 105-208, abr./jun. 2015

206 109


ESPECIAL

Editorial 10 anos Nos Bailes da Vida At the balls of life

Quando o professor Baratieri me convidou para escrever este editorial, eu imediatamente aceitei, antes que ele mudasse de ideia. Uma, no máximo duas páginas, ele orientou, com sua didática sempre eficaz. Mande antes do final de fevereiro. Pode escolher o assunto. Demorou uns 15 segundos para eu responder. SIM, com prazer, será uma honra. Foi uma decisão imediata, muito fácil. O difícil foi depois, quando tive de pensar sobre o que escrever. Confesso que em alguns momentos de fraqueza e insegurança pensei que não seria capaz, mas as ideias foram clareando, o gelo foi derretendo, os pensamentos entrando em ordem, e aos poucos o texto foi saindo. Parei de pensar na responsabilidade, parei de querer escrever um editorial tão bom quanto um do Kina, parei de pensar no que os outros iam pensar. Parei de pensar em escrever o editorial perfeito – mesmo porque isso seria impossível. Busquei dentro de mim um fio de meada que me levasse a escrever com naturalidade, espontaneamente, como mais gosto de escrever. Como quando escrevo para mim mesmo. Como quando escrevo para ninguém ler. Sou um apaixonado pelas formas, cores, sons e por um bom argumento escrito ou falado. Como não falo bem, me “protejo” escrevendo. Uso a palavra escrita como um escudo, às vezes transparente, outras opaco; como um veículo, às vezes veloz, outras mais lento; como um recurso, às vezes eficaz, outras nem tanto. Sempre gostei muito de ler e de escrever, e acho que em parte por isso me enveredei pelo caminho do ensino em odontologia. E resolvi escrever sobre isso, uma vez que o público-alvo desta revista são colegas dentistas e docentes. Pensei em escrever sobre o que me motivou, e motiva, a seguir por este caminho torto e cheio de pedras e prazeres que é o ensino da odontologia. Acho que cada um de nós professores de odontologia tem uma razão diferente, um fator motivador, que nos levou a botar os pés nesta profissão. Correndo o risco de generalizar ao extremo, diria que para todos nós ou foi nos bailes da vida, ou num bar em troca de pão.* Traduzindo em miúdos, ou foi por prazer ou por necessidade. No meu caso foi por prazer, pelo canto sedutor da sereia, por entrever algo que ainda não era capaz de entender, por vislumbrar um futuro. Não pensava em razões altruístas, não tinha motivações claras e bem definidas. Logo que concluí o curso de odontologia comecei a exercer a profissão no seu âmbito mais clínico. Tinha três empregos e atendia pacientes o dia inteiro. Não tinha muito tempo para ler. Depois, aos poucos, fui largando os empregos e me dedicando mais ao consul-

110

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 110, abr./jun. 2015

tório particular. Fui encontrando mais tempo para ler livros e artigos científicos e, em determinado momento, começou a se formar dentro de mim uma aspiração de fazer aquilo, uma inquietude inespecífica, uma vontade de escrever aquelas coisas. Busquei a orientação dos meus professores de dentística, os quais sempre tive em alto esmero, e eles me mostraram o caminho das pedras. Muitos de nós entramos neste baile seguindo o exemplo de professores que admiramos. Três deles em particular foram fundamentais nas escolhas que fiz e que, de certa forma, continuo fazendo na minha vida profissional. São os professores Luiz Narciso Baratieri, Sylvio Monteiro Junior e Mauro Amaral Caldeira de Andrada. Deixo aqui publicamente, mais uma vez, registrados meu agradecimento e minha admiração por este time de titulares absolutos. Sem dúvida alguma, foi por causa deles que escolhi seguir o caminho do ensino em odontologia. Alguém uma vez falou (ou escreveu) que ensinar é a melhor maneira de aprender. Talvez isto seja domínio público. Poucas coisas de domínio público são mais verdade do que essa verdade. Obrigado, então, aos meus professores que me ensinaram a aprender. *Milton Nascimento e Fernando Brandt, 1981, Phillips Brasil.

P.S.: Parabéns a todos os que fazem acontecer a Revista Clínica, pelos seus dez primeiros anos. E sucesso nos próximos dez!

André V. Ritter

Odonto UFSC, 1987 Professor Titular Chefe do Departamento de Dentística Universidade da Carolina do Norte Chapel Hill, NC, USA Andre_Ritter@unc.edu



A Coluna do Kina REFLEXÕES SOBRE ÉTICA Reflections on ethics Sidney Kina

112

Não sei se você conhece um dos dilemas clássicos da

mesmas regras morais. Numa sociedade não existe a tal da “mi-

filosofia chamado o “problema do bonde”*. Ei-lo: um bonde

nha própria ética” como uma exceção para si mesmo – “faça o

desce pelos trilhos. À frente, nos trilhos, encontram-se cinco

que eu digo, mas não faça o que eu faço”, nem pensar. Categó-

pessoas que não escutam o bonde descendo e que não conse-

rico significa “sem exceção”; em outras palavras, eu não posso

guirão sair do caminho dele. Não há tempo suficiente para parar

escolher um dever e depois pensar em casos em que ele não se

o bonde antes que ele atropele e mate as pessoas. O único

aplique ou escolher não aplicá-lo em determinadas situações –

meio de evitar isso é desviá-lo para outro trilho. Entretanto, há

o que não seria ético. Um exemplo clássico de regra universal e

uma pessoa neste trilho e, infelizmente muito perto, também não

categórica, instaurada em qualquer cultura ou sociedade, é não

conseguirá escapar se o bonde for direcionado contra ele. Ago-

matar. Assim, se você acredita nessa regra e se você é deonto-

ra imagine: você está ao lado da alavanca de mudança dos tri-

logista, no “problema do bonde” você não deveria em hipótese

lhos. Você terá de fazer uma escolha: não fazer nada e observar

alguma puxar a alavanca. Você pode até questionar a vida das

a morte de cinco pessoas, ou puxar a alavanca levando a morte

cinco pessoas no caminho do bonde, entretanto vale lembrar

para uma única pessoa. Do ponto de vista moral, podemos dizer

que não foi você que as colocou lá e, portanto, não é culpado

que você pode ou não desviar o bonde, pois não há uma obri-

por nada que aconteça, mas ao puxar a alavanca você delibera-

gação de fazê-lo, mas, independentemente, o que você faria?

damente passa a ser culpado pela morte de uma pessoa – não

Qual sua sentença?

matar, uma regra universal e categórica.

Bem, antes de você resolver se vai puxar ou não a ala-

Ok. Talvez você não se sinta bem com a argumentação

vanca, deixe-me observar a questão pela visão da ética. A ética

deontológica. Tudo bem, a ética também pode ser definida

é uma característica inerente a toda ação humana e, por essa

como o processo de descobrir quais de nossas ações produzi-

razão, é um elemento vital na produção da realidade social.

rão os melhores resultados, e então seguir esse curso de ação.

Todo homem possui um senso ético, uma espécie de consci-

Isso é chamado de ética consequencialista***, porque ela se

ência moral, e constantemente avalia e julga suas ações para

volta para as consequências de nossas ações mais do que com

saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.

a inerente correção moral delas. “Utilitaristas” argumentam que

Ética então pode ser definida como uma tentativa de viver de

uma ação é moralmente boa na medida em que suas consequ-

acordo com um conjunto de regras ou deveres em benefício da

ências promovem maiores benefícios, compensações ou prazer

sociedade e da relação entre as pessoas, em que é necessário

para o maior número de pessoas. Assim, contrariamente à po-

seguir algumas dessas regras, ou agir em concordância com

sição deontológica, puxar a alavanca para salvar cinco pessoas

alguns desses deveres. Quando a ética assim segue, indepen-

em detrimento de uma passa a ser moralmente aceitável.

dentemente das consequências, porque o dever em si é mais

Embora não de forma extremada como no caso do bon-

importante, chamamos a isso de ética deontológica, da palavra

de, envolvendo situação de vida ou morte, observe que todos os

grega “deon”, que significa dever.

dias nós estamos envolvidos em decisões. Em nossas relações

O deontologista ético mais conhecido é Immanuel

cotidianas estamos sempre diante de problemas e dilemas,

Kant**. Ele afirma que os deveres mais importantes devem ser

cujas soluções envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem

categóricos e universais. Universal significa que a regra que se

e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem o

determina seguir como ética deve se aplicar a todos. Kant ar-

norte de nossas respostas. Veja dois dilemas odontológicos re-

gumenta que, se uma regra não “universalizar”, então ela não é

lativamente correntes em nossa vida profissional, mas, por favor,

ética, porque todos têm de acreditar ou ser capazes de viver nas

lembre-se: qualquer decisão em termos técnicos é plenamente

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 112-113, abr./jun. 2015


Kina S.

válida (puxar ou não a alavanca). Tente observar os dilemas a

dó são fortes moderadores em nossas decisões do dia a dia.

partir de sua ética.

Julgar se determinada ação foi ética ou não é sempre difícil, e no

– Um remanescente radicular com boa inserção óssea

fundo somente em nossa consciência saberemos se foi ou não.

e ótimo tratamento endodôntico. Não há problemas oclusais, mas há um senão: não existe remanescente dentário cervical e,

* Philippa Foot. The problem of abortion and the doctrine

portanto, sem possibilidade de férula. Embora seja possível a

of the double effect in virtues and vices. Oxford: Basil Blackwell;

restauração dentária com um sistema pino/coroa (qualquer que

1978.

seja ele), o prognóstico é duvidoso. Por outro lado, a possibili-

** Immanuel Kant (Königsberg, 1724-1804), filósofo ale-

dade de extração e colocação de implante leva a um prognós-

mão considerado o último grande filósofo dos princípios da era

tico bastante favorável. A pergunta é: o que é ético? A extração

moderna e indiscutivelmente um de seus pensadores mais in-

ou a tentativa de salvar o elemento dentário? E se o paciente

fluentes. É famoso sobretudo pela elaboração do denominado

for seu filho (ou sua mãe), isso muda sua perspectiva de ação

“idealismo transcendental”.

e sua ética?

*** Consequencialismo é um termo filosófico usado para

– Restaurações de amálgama antigas, funcionais e sem

uma teoria acerca da responsabilidade e habitualmente usado

infiltração localizadas em molares superiores que raramente se

para uma teoria acerca do correto e do incorreto. O termo foi

insinuam esteticamente. O paciente não se manifesta nem a fa-

criado por Elizabeth Anscombe em “Modern Moral Philosophy”,

vor nem contra a substituição das restaurações: é ético substi-

em 1958, para defender a tese de que um agente é responsável

tuí-las por resinas compostas? Caso você tenha respondido que

tanto pelas consequências intencionais de um ato como pelas

não é ético substituí-las, mas agora o paciente deseja fazê-lo,

não intencionais quando previstas.

este fato torna ético o procedimento? Os motivos que levaram

**** Judith Jarvis Thomson. “The trolley problem”: rights,

você a decidir que não era ético deixaram de existir apenas pelo

restitution, and risk. Cambridge: Harvard University Press; 1986.

desejo do paciente?

p. 94-116.

Muito bem, ética deontológica versus ética consequencialista nos dá razão para decidir por um lado ou outro. Então, só para apimentar, a filósofa Jarvis Thomson**** gosta de comparar o problema do bonde a uma história que envolve um cirurgião com cinco pacientes. Cada paciente está morrendo por causa do mau funcionamento de um órgão diferente, mas todos podem ser salvos com um transplante. Como não há tempo de

PARA SABER MAIS Kina S. A Coluna do Kina. A estÉtica? Clínica - Int J Braz Dent. 2010 Jul-Set;6(3): 248-9. White MD, Arp R, Irwin W. Batman and philosophy: the dark knight of the soul. New Jersey: John Wiley & Sons; 2008.

conseguir os órgãos pelos meios normais, o cirurgião considera drogar um colega saudável (e, para via de raciocínio, doador compatível com todos os cinco pacientes) e remover os órgãos dele para usar nos transplantes. Ao fazer isso, ele matará o colega, mas salvará os cinco pacientes. Você já percebeu aonde Thomson quer chegar com isso: qual a diferença entre a situação do bonde e a do cirurgião? Nos dois exemplos uma pessoa (você ou o cirurgião) pode ficar passiva e deixar cinco pessoas morrerem, ou praticar uma ação que causará a morte de uma, mas salvará cinco. Muitas pessoas concordarão que puxar a alavanca é uma ação justificada, mas, sem dúvida, o ato do cirurgião não é. O difícil nesta história é explicar com precisão por que nos sentimos “mais confortáveis” em uma situação do que em outra. Embora muitos argumentos possam ser levantados, parece que o simples fato da distância entre o operador e a ação – algo como olhar ou não nos olhos da vítima – tem um peso considerável em nosso julgamento. O que observamos é que diante dos dilemas da vida temos a tendência de conduzir nossas ações de forma quase instintiva, e muitas vezes sobre forte influência de nossos sentimentos. Assim, tristeza, alegria, raiva, inveja, empatia, compaixão e

Sidney Kina

Cirurgião-dentista, Maringá, Paraná www.sidneykina.com.br

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 112-113, abr./jun. 2015

113




&

Kabbach

Clavijo a coluna

O QUE PENSAR DA TÉCNICA BULK FILL? What to make of technical Bulk fill?

William Kabbach

Mestre e Doutor em Odontologia Restauradora pela Unesp, Araraquara Rua Dona Maria Jacinta, 295, São Carlos, SP, Brasil wkabbach@gmail.com

Restaurações em resinas compostas são técnicas se-

e que foi publicada por Hooke em 1676, é a seguinte:2 “As forças

guras e rotineiras em nossa prática diária. Restaurar dentes

deformantes são proporcionais às deformações elásticas pro-

posteriores é desafiador em se conseguir resultados eficientes

duzidas”. Matematicamente, temos: Fel=k x ∆l ou seja, a Força

do ponto de vista anatômico-funcional, selamento marginal, po-

elástica (Fel) é diretamente proporcional à deformação (∆), onde

limento e, consequente, longevidade. Corresponder a tais re-

k é uma constante positiva denominada Constante Elástica da

quisitos perpassa pela técnica, pois um erro em qualquer um

mola que traduz a rigidez da mola, ou seja, representa uma me-

dos passos compromete o resultado como um todo. Daí a im-

dida de sua dureza. Quanto maior for a Constante Elástica da

portância do treinamento técnico em nossa profissão. Entendi-

mola, maior será sua dureza.

1

114

Victor Clavijo

Especialista, Mestre e Doutor em Dentística pela FOAr-Unesp Rua Cerqueira César, 1078, Indaiatuba, SP, Brasil clavijovictor@yahoo.com.br

do isso fica fácil pensar sobre simplificação, pois uma técnica

Falando a língua dos dentistas... é fundamental entender

mais simples tem menos passos, com menor chance de erro,

que tensão de polimerização é diferente de contração de poli-

além de ser mais segura e reprodutível, produzindo resultados

merização. Isso mesmo! A contração de polimerização é o que

de vantajosa excelência. Porém existem limitações que devem

ocorre pela união dos monômeros em polímeros, o que resulta

ser consideradas.

em um volume final menor do que o volume inicial da massa de

Quando se pensa em resina composta se remete à con-

resina. Já a tensão de polimerização são as forças resultantes

tração de polimerização, mas bem antes dessa questão tirar o

dessa diminuição de volume, que podem gerar desadaptação

sono dos dentistas ela já perturbava um físico inglês, Robert

marginal, fenda, sensibilidade pós-operatória, fraturas dentais e

Hooke que em 1660 observando uma mola, descobriu que

cáries secundárias.3

as deformações elásticas obedecem a uma lei muito simples.

Existe grande interesse em resolver os problemas asso-

Hooke descobriu que quanto maior fosse o peso de um corpo

ciados à contração de polimerização no constaste desenvolvi-

suspenso a uma das extremidades de uma mola maior era a de-

mento de materiais. As primeiras resinas compostas de baixa

formação sofrida pela mola. Analisando outros sistemas elásti-

contração apresentadas ao mercado tinham como alternativas

cos, Hooke verificou que existia sempre proporcionalidade entre

monômeros conhecidos como ormocer e silorano, que apre-

força deformantes e deformação elástica produzida. Pôde então

sentavam comparativamente menor contração volumétrica do

enunciar o resultado das suas observações sob forma de uma

que as resinas convencionais à base de metacrilato, mas essas

lei geral. Tal lei, que é conhecida atualmente como lei de Hooke,

precisavam de um sistema adesivo próprio e tinham limitações

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 114-116, abr./jun. 2015


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EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO


Clínica Ciência DOS SISTEMAS ADESIVOS AUTOCONDICIONANTES AOS UNIVERSAIS: “SIMPLIFICANDO” A TÉCNICA From self-etching to the universal adhesive systems: “Simplifying” the technique Adriano F. Lima Especialista, Mestre e Doutor em Dentística pela FOP-UNICAMP Professor do Curso de Mestrado em Odontologia da Universidade Paulista – UNIP

118

Em continuação à coluna passada, o tópico desta edi-

à união, durabilidade e ocorrência de sensibilidade pós-opera-

ção será relacionado aos adesivos autocondicionantes e uni-

tória. Essa grande variação se deve à técnica do sistema, com

versais. Claro que adesivos são adesivos, independentemente

necessidade de condicionamento ácido por um tempo prede-

da categoria, e muitas características destes se entrelaçam. No

terminado e restrito, lavagem e principalmente remoção do ex-

entanto, a divisão dos textos entre essas categorias foi realiza-

cesso de água, etapa crítica que pode determinar o sucesso

da a fim de formatar a coluna de maneira a simplificar o tema,

do procedimento restaurador ou seu fracasso. Com o intuito de

facilitando a explanação e o entendimento. Simplificar é termo

reduzir as etapas mais “sensíveis” do procedimento, facilitando

que aparece pela primeira vez em nossa coluna (com exceção

os passos clínicos, os adesivos autocondicionantes foram ide-

do título) como um meio de facilitar as coisas. Quando o procu-

alizados.

ramos no Dicionário Michaelis encontramos como importantes

Esses adesivos possuem monômeros ácidos capazes

definições “1. Tornar simples ou mais simples; 2. Tornar mais

de condicionar a superfície do dente e promover simultanea-

fácil”. A tendência natural das coisas é a de que tudo seja sim-

mente uma união química a esta, estabelecendo uma união

plificado. Um exemplo cotidiano da simplificação natural é o uso

químico-mecânica.2-3 Os monômeros ácidos interagem com a

da palavra “você”. Esta é resultado de uma evolução da língua

hidroxiapatita presente no substrato dental, promovendo uma

portuguesa, uma “simplificação” do termo “vossa mercê”, que

leve desmineralização e a ligação entre os monômeros e o cál-

posteriormente foi transformado em “vossemecê”, sucessiva-

cio presente nessa estrutura.2,4-7 Após a implementação desse

mente “vosmecê”, passando por “vancê”, sendo simplificado

sistema foi observado que sua união à dentina apresentava-se

para o atual “você”. Diante disso quis apenas ilustrar como o

adequada e confiável, devido à união química do adesivo e à

ato de “simplificar” termos, temas, técnicas faz parte do nosso

delgada, porém de melhor qualidade, camada híbrida.8-9 O ter-

dia a dia. E não é diferente em relação aos materiais odontológi-

mo “melhor qualidade” se refere ao fato de a camada híbrida

cos. Os adesivos autocondicionantes surgiram a partir de uma

formada pelos adesivos autocondicionantes não apresentar es-

tentativa relativamente bem-sucedida, como veremos a seguir,

paços condicionados não envolvidos pelos monômeros, o que

de simplificar o procedimento adesivo.

reduz a degradação causada por proteínas dentinárias. Todavia,

Os adesivos autocondicionantes foram inicialmente

no esmalte os resultados não eram tão animadores. O esmalte

apresentados em 19891 e desde então têm ganhado interesse

apresenta-se como um material altamente mineralizado, sendo

dos clínicos e pesquisadores. Esse sistema foi criado a partir

o tecido de maior dureza do corpo humano. Diante disso, ape-

da observação dos resultados clínicos obtidos com o sistema

sar da eficiência em dentina, os monômeros ácidos não são ca-

de condicionamento total, com grande variabilidade em relação

pazes de condicionar esse substrato adequadamente, e a união

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 118-123, abr./jun. 2015


Lima AF.

química não é tão eficiente a ponto de excluir a necessidade

relacionados à efetividade desses sistemas ainda são reduzidos

Dessa maneira, pesquisas foram

na literatura,20-22 principalmente quanto a sua longevidade, no

desenvolvidas para a elaboração da melhor técnica adesiva a

entanto aqueles estudos que avaliaram a união no longo prazo

ser realizada com o uso dos adesivos autocondicionantes nes-

demonstraram resultados promissores.21-22

da união micromecânica.

10-11

se tecido. Verificou-se que o condicionamento do esmalte ca-

Como um meio de unir as colunas relacionadas aos

vossuperficial com ácido fosfórico a 35-37% por 30 s, de modo

adesivos, tanto os de condicionamento total como os autocon-

semelhante ao realizado para os adesivos de condicionamento

dicionantes, vamos às considerações finais. Os adesivos de

total, promoveria a união micromecânica adequada sem com-

condicionamento total, autocondicionantes ou universais são

prometer a união química desses sistemas.12-14 A descoberta

eficientes em unir os compósitos resinosos à estrutura dental.

da necessidade desse procedimento foi tão importante que se

Os estudos ainda apontam para uma vantagem dos adesivos

incluiu o passo na bula dos sistemas adesivos autocondicio-

que contêm primer e bond em frascos separados, a longevidade

nantes como uma das etapas necessárias para a realização da

da união. Os adesivos autocondicionantes demonstram maior

união com esses adesivos. Este é um dos motivos pelos quais

estabilidade ao longo do tempo devido à camada híbrida de

foi citado em algumas linhas acima que os adesivos autocondi-

melhor qualidade, sem manutenção de colágeno exposto,21,23-24

cionantes conseguiram simplificar o procedimento adesivo de

no entanto esse item não exclui o uso dos adesivos de condi-

maneira “relativamente bem-sucedida”, uma vez que o condi-

cionamento total com segurança. Os adesivos universais têm

cionamento ao esmalte cavossuperficial não foi evitado. Toda-

demonstrado excelentes resultados, entretanto, devido ao pe-

via, o condicionamento em dentina, assim como a remoção do

queno número de estudos, principalmente em relação à longe-

excesso de água e a manutenção da umidade, que são os pas-

vidade clínica, conclusões definitivas não devem ser tomadas

sos mais críticos do sistema de condicionamento total, foram

neste momento.

eliminados com êxito.

Muitas vezes o “simplificar” pode acarretar a perda de al-

Diante da ausência de necessidade de realização de

gumas coisas, o que em algumas ocasiões não trará benefícios.

condicionamento ácido em dentina e da formação de uma

No entanto, os adesivos autocondicionantes e, em sequência,

delgada camada híbrida, os adesivos autocondicionantes pos-

os universais são exemplos de simplificações que somam, e

suem uma interessante vantagem em relação aos adesivos de

não subtraem. Sigamos este princípio: que simplificações esta-

condicionamento total: a aplicação em dentina profunda. Pes-

belecidas em nossas vidas sejam aquelas que tragam algo po-

quisas demonstraram que, quando realizada uma cavidade pro-

sitivo de alguma maneira, e assim com certeza tudo será mais

funda com uma fina espessura de dentina separando o soalho

fácil! Um grande abraço e até a próxima edição!

da cavidade do tecido pulpar, o uso de sistemas adesivos com necessidade de condicionamento total pode ocasionar danos pulpares, reversíveis ou irreversíveis, desde uma sensibilidade pós-operatória até a ocorrência de uma necrose pulpar (sendo esta silenciosa ou com sintomatologia dolorosa).15-18 No entanto, devido a seu modo de aplicação, os adesivos autocondicionantes não promovem deslocamento de odontoblastos e aumento significativo da permeabilidade dentinária como ocorre após o condicionamento com ácido fosfórico, assim como a penetração dos monômeros no tecido pulpar é reduzida. Diante disso, a inflamação pulpar pós-operatória causada por esses sistemas é mínima, o que capacita esse adesivo a ser aplicado em cavidades profundas sem a realização de um liner.18-19 Na tentativa de simplificar novamente foram inseridos nos últimos anos no mercado os sistemas adesivos universais. O propósito destes adesivos é que a união seja alcançada de qualquer maneira, seja através da técnica de condicionamento total, seja da técnica autocondicionante. Isso significa que esses adesivos possuem composição semelhante à dos adesivos de condicionamento total, com a adição de monômeros ácidos, que desmineralizam e se unem quimicamente à estrutura dental, como os adesivos autocondicionantes. Resultados

Adriano F. Lima Clínica Privada – Avenida Vereador José Diniz, 3457. Conj. 1405, Campo Belo, São Paulo/SP lima.adf@gmail.com www.dradrianolima.com

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Individualização em prótese dentogengival (IPD) em cerâmica:

Previsibilidade do projeto a realização das peças Porcelain dentogingival prostheses customization (DPC): Predictability from design to the manufacturing

Heitor Bernardes Cosenza* Francisco Roberto Cosenza** Juliano Vasconcellos*** Oswaldo Scopin de Andrade****

* Especialista em Implantodontia pela APCD-São José do Rio Preto, Especialista em Odontologia Estética pelo Senac-São Paulo, Mestre em Implantodontia pela USC-Bauru ** Especialista em Prótese Dentária e Implantodontia pela UNESP-Araraquara, Mestre em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic-Campinas *** Técnico em Prótese Dental **** Mestre e Doutor em Clínica Odontológica pela UNICAMP-Piracicaba Oswaldo Scopin de Andrade osda@terra.com.br Data de recebimento: 17/09/2014 Data de aprovação: 21/01/2015

RESUMO

ABSTRACT

A extração múltipla anterior causa consequências irrever-

Multiple teeth extraction in the anterior region causes

síveis à anatomia do tecido gengival: o arco côncavo regular é

irreversible consequences to gingival tissue anatomy: regular

perdido, as pontas das papilas passam a não mais existir, tor-

tissue architecture and papillae tips are lost, causing the tissue

nando a anatomia do rebordo remanescente retilínea. Podem-se

anatomy of the ridge to be flat. Bone or connective tissue graft

realizar enxertos de tecidos ósseo e conjuntivo para aumento

may be performed for volume increase. However, achieving long

de volume, mas conseguir papilas pontiagudas, finas e longas

and peaked papillae is nearly unreachable. The consequence

é objetivo inalcançável, cuja consequência são próteses com

is squared teeth, and the need to close the black holes formed

dentes quadrados, em que se busca fechar os espaços negros

from the absence of papillae. This article reveals the application

formados pela ausência das papilas. O presente artigo revela

of dentogingival prosthesis customization (DPC) technique,

aplicação da técnica de individualização em prótese dentogen-

which the main goal is to offer a custom-made treatment with

gival (IPD), para oferecer um tratamento personalizado com re-

excellent aesthetic results which would be the best solution for

sultados esteticamente excelentes e melhor solução para casos

aesthetic cases with loss of gingival tissue.

estéticos com perda de tecido gengival.

PALAVRAS-CHAVE Implante dentário. Estética dentária. Planejamento de

KEYWORDS Dental implantation. Esthetics, dental. Dental prosthesis design.

prótese dentária.

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125


INDIVIDUALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTOGENGIVAL (IPD) EM CERÂMICA: PREVISIBILIDADE DO PROJETO A REALIZAÇÃO DAS PEÇAS

INTRODUÇÃO Entre as profissões mais complexas do mundo, a odon-

seridas no cemento, fornecendo uma adesão estável e forte.4

tologia é considerada uma ciência associada à arte. Nem tudo

Outra forma de adesão, bem mais delgada mas não menos

o que se aplica como técnica passou por consagrados testes

importante, é feita por hemidesmossomos, que são ligações

científicos. Percepções e experiências pessoais permeiam o

microscópicas sobre as irregularidades das superfícies lisas,

pensamento do clínico e do técnico em prótese dental (TPD) ao

como o esmalte.5

executar seu trabalho. Especialmente na odontologia estética, a

Se um elemento unitário, por exemplo o incisivo central

visão e a percepção das emoções são muito importantes para a

superior, tiver de ser extraído, existem técnicas pouco invasivas

execução do tratamento.

capazes de permitir a instalação do implante com previsibilidade

Nenhum paciente é igual, e cada restauração, por menor

e manter o tecido gengival estável, garantindo um arco côncavo

que seja, deve seguir critérios com um único objetivo: conseguir

regular semelhante ao do dente natural.6-7 Qualquer que seja a

harmonia com as linhas do sorriso e da face do paciente. Uma

modificação cirúrgica, haverá inflamação e reparo. Frequente-

reconstrução estética, ao mesmo tempo que deve tornar-se invi-

mente o osso alveolar é tão fino que pequenas modificações

sível, ao misturar-se aos dentes remanescentes, deve participar

podem levar a uma recessão do tecido.8 Para os elementos

do sorriso e da aparência final do paciente. Nenhum paciente se

unitários, a manutenção das papilas é mais previsível, já que a

submete a tratamento odontológico sem o objetivo de terminar

adesão do tecido mole aos dentes adjacentes e a manutenção

melhor do que começou.

da crista óssea interproximal fazem com que a arquitetura do

Para alcançar excelência em estética é muito importante

tecido gengival seja preservada.

levar em consideração a arquitetura do tecido mole peri-implan-

Entretanto, a perda dentária múltipla na área estética traz

tar. O osso alveolar é uma estrutura formada a partir da erup-

consequências drásticas para a arquitetura do tecido gengival.

ção do elemento dentário e tem sua anatomia dependente da

A atrofia ocasionada em um espaço protético maior do que dois

anatomia da raiz do dente. A exodontia causa uma perda óssea

elementos irá ocasionar grande perda de volume e, principal-

alveolar média em altura de 1,67 mm na crista óssea vestibular,

mente, alteração da forma.9 O arco côncavo regular desaparece

de 2,03 mm na lingual, e de 3,87 mm em espessura. A perda

juntamente com as papilas interdentárias, o que forma uma ana-

do elemento dentário na área estética, quando não restaurada

tomia irregular e atrófica.

1

2

imediatamente com implantes dentários, acarreta uma série de

A presença da papila é de fundamental importância para

alterações nos tecidos periodontais, que podem levar à atrofia

um aspecto natural e estético.10 A tentativa de reconstrução com

do tecido ósseo alveolar e à mudança de posição dos tecidos

enxerto ósseo, seja autógeno, homógeno ou xenógeno, em blo-

moles. O osso alveolar é um tecido dinâmico, dependente de

co ou particulado, pode não ter resultados estéticos previsíveis

estímulo mecânico, que irá gerar microfraturas e estimular a

porque o preenchimento dos espaços interproximais pela papila

remodelação, mantendo o volume.3 Tanto raiz dentária quanto

não ocorre totalmente, principalmente em áreas entre implan-

implante dentário têm a capacidade de gerar esses estímulos e

tes.1 Não há evidência que suporte a influência da altura e da

de manter volume de tecido ósseo.

espessura do tecido ósseo reconstruído nos resultados estéti-

Frequentemente, a reabilitação estética envolve a perda

cos.11

de todos os elementos anteriores. Ao longo do tempo, o osso

Para espaços protéticos parciais na área estética ou

alveolar e os tecidos moles perdem a anatomia natural e o volu-

desdentados totais, a consequência de tentar reconstruir com

me, o que torna quase impossível sua regeneração. O presente

enxerto ou preservar a anatomia do arco côncavo regular, por

artigo tem como objetivo relatar dois casos clínicos em que foi

mais que cirurgião e protesista sejam capacitados, é um sorriso

realizada a técnica de individualização da prótese dentogengival

muito diferente do natural. Papilas tímidas, pouco pontiagudas e

(IPD) em cerâmica na área estética, em que se devolveram a

tecido gengival desarmônico circundam coroas dentárias qua-

coroa dentária e a anatomia natural do tecido gengival.

dradas ou compridas, na tentativa de fechar os espaços negros e compensar a atrofia dos tecidos, como já demonstrado em outros relatos de caso.12-15 Esse tipo de resultado foi satisfató-

REVISÃO DA LITERATURA

126

rio durante muito tempo, mas está longe de devolver o que o paciente perdeu. Nem todas as pessoas possuem dentes qua-

O tecido gengival possui uma arquitetura que circunda a

drados, e só a presença da papila permite a confecção de co-

coroa dentária, com sua crista seguindo paralelamente à junção

roas protéticas que tenham formato natural. Um sorriso estético

cemento-esmalte, formando uma anatomia em arco côncavo

depende da perfeita relação entre porção coronária dos dentes

regular. Para se manter em posição, o tecido gengival, além de

e tecido gengival. A falta de qualquer um deles irá prejudicar a

recobrir o tecido ósseo, possui fibras que estão diretamente in-

beleza.

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 124-132, abr./jun. 2015


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RESUMO

ABSTRACT

Durante o tratamento com próteses totais, algumas eta-

During the treatment using complete denture, some

pas podem gerar dúvidas ao cirurgião-dentista, tornando a pre-

steps can generate doubts to the dentist, making treatment to be

visibilidade do tratamento mais difícil, e o resultado final uma

less predictable. As a consequence, the final result may surprise

surpresa tanto para ele quanto para o paciente. Neste trabalho,

both the dentist and the patient. In this work, the authors present

os autores apresentam um caso clínico em que demonstram a

a clinical case demonstrating the use of a “Digital Complete

utilização da técnica “Análise Digital de Dentaduras Completas”

Denture Analysis” (DCDA) technique, developed by the “Digital

(ADDC), desenvolvida a partir do conceito “Digital Smile Design”.

Smile Design” concept. Benefits were observed during the step

Benefícios foram observados durante a etapa da construção do

of determination of the orientation plan, improving the aesthetic

plano de orientação, colaborando para a previsibilidade do re-

predictability and patient’s confidence. Therefore, the “DCDA”

sultado estético e aumentando a confiança da paciente. Dessa

technique is a novel alternative to fabricate customized complete

forma, a utilização da técnica ADDC cria uma nova alternativa

dentures, fulfilling the aesthetic appeal of today’s society.

para o desenvolvimento de próteses totais mais personalizadas e com o apelo estético da sociedade contemporânea.

KEYWORDS PALAVRAS-CHAVE Prótese total. Estética dentária. Sorriso.

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Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 134-142, abr./jun. 2015

Denture, complete. Esthetics, dental. Smiling.


Previsibilidade Estética em Prótese Total Aesthetic predictability in complete dentures

Daniella Rimulo* Antonio Sérgio Netto Valladão**

* Acadêmica de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Valença ** Professor da Disciplina de Odontogeriatria da Faculdade de Odontologia de Valença Antonio Sérgio Netto Valladão Rua Sargento Vitor Hugo, 161 - Bairro de Fátima - CEP: 27600-000 - Valença - RJ odontologiaantoniovalladao@hotmail.com Data de recebimento: 26/11/2014 Data de aprovação: 15/02/2015

INTRODUÇÃO Desde a Grécia antiga até a Renascença italiana, a teoria

aparência e boa impressão, quando em conformidade com a

de um corpo proporcional tem servido como um ponto constante

percepção estética do observador. Essa percepção da estética

de referência para a compreensão secular da harmonia univer-

varia de pessoa para pessoa, diferença influenciada por expe-

sal, sendo a sensibilidade moderna influenciada principalmente

riências pessoais, culturais e socioeconômicas, variando princi-

por Rafael e Leonardo da Vinci. Em relação à estética dental, a

palmente entre profissionais e leigos.2-3

cabeça feminina feita por John Graham, em 1954, que incor-

Na clínica diária de reabilitação estética, prever os resul-

pora partes da composição facial em um sistema mecânico de

tados estéticos dos tratamentos é fundamental tanto para a co-

linhas, retângulos e quadrados, ilustra essa influência e sugere

municação entre profissional e paciente, estreitando a distância

um caminho para a compreensão da estética dentofacial.

perceptiva entre estes, como para a organização da execução

1

Essa necessidade de compreensão da estética dentofa-

clínica, por parte do profissional. Mais recentemente, a junção

cial favoreceu a ascensão da odontologia estética, que acom-

de ferramentas digitais com o conhecimento científico odontoló-

panha a direção e os anseios da sociedade contemporânea.

gico disponibilizou a técnica conhecida como Digital Smile De-

A concepção estética, apesar de universal, é baseada em um

sign (DSD), ou Desenho Digital do Sorriso (DDS), em que uma

elemento altamente subjetivo: a sensação que determinado ser

ferramenta multiúso permite a criação de marcações digitais,

humano tem ao se deparar com os formatos e as cores. Dessa

através de linhas e desenhos, sobre fotos intra e extraorais do

forma, a beleza pode ser analisada em relação a sua própria

paciente. Com o auxílio do computador, o estudo estético e as

forma ou em relação à percepção humana. Um bom exemplo

propostas de tratamento são realizados, colaborando para a ob-

é o alinhamento dentário perfeito, enfatizado por similaridades

tenção de resultados mais previsíveis.4-5

no formato e na cor, juntamente com um desenho arquitetôni-

Neste trabalho, os autores descrevem o desenvolvimen-

co baseado na adição de elementos similares, que chamamos

to da técnica denominada “Análise Digital de Dentaduras Com-

de estética dental.1 A estética dental é capaz de interferir no

pletas” (ADDC), ou “Digital Complete Denture Analysis” (DCDA),

bem-estar social e psicológico dos indivíduos, causando boa

e sua utilização na confecção de uma prótese total.

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 134-142, abr./jun. 2015

135


PREVISIBILIDADE ESTÉTICA EM PRÓTESE TOTAL

REVISÃO DE LITERATURA FUNDAMENTOS DA ESTÉTICA A reabilitação oral com próteses totais tem por objetivo restaurar a função, preservar os rebordos residuais e reintegrar o paciente psicoemocionalmente na sociedade.6 A harmonia facial é executada com excelência quando se reconstitui a fisionomia natural do paciente, ocultando a artificialidade do aparelho protético, restaurando ou rejuvenescendo um sorriso, de forma a harmonizar os componentes da face e da cavidade oral, sem prejudicar a função.7-8 Segundo pesquisadores, os aspectos do julgamento da beleza são influenciados por diversos fatores externos, porém os traços geométricos faciais, que dão origem à percepção da beleza, podem ser universalizados através da proporção e da unidade.9 Considerando o exposto, o ponto de partida de uma reabilitação protética deve associar a análise criteriosa das características faciais e dentolabiais, a avaliação das expectativas do paciente e o conhecimento dos possíveis planos terapêuti-

A avaliação do contorno dos lábios identifica os limites dentro dos quais a reabilitação deve ser executada e auxilia no correto posicionamento dos dentes, garantindo que eles não fiquem vestibularizados e, também, que não haja invasão dentária na região seca do lábio.12 Assim como o contorno do lábio, outro fator também muito importante a ser observado é a espessura dos lábios. Pacientes com lábios finos tendem a apresentar maior mudança facial após a reabilitação, quando comparados aos pacientes com lábios grossos.8,17 Os lábios funcionam como uma moldura para o sorriso e permitem a exposição dental em vários momentos. Na posição de repouso, os incisivos superiores são mais expostos nas mulheres do que nos homens. Se considerarmos a idade, nos jovens são muito mais visíveis do que em pacientes de meia idade. Estabelecer a correta posição dos dentes incisivos superiores é um aspecto fundamental no diagnóstico estético. Como regra, o plano incisal, visto de frente, deve acompanhar a concavidade natural do

cos, que devem anteceder o início do tratamento.10

lábio inferior durante o sorriso. Já o perfil incisal dos incisivos

A ANÁLISE FACIAL

molhada do lábio inferior, permitindo adequado fechamento dos

O exame facial é a chave do diagnóstico e do planejamento estético, visto que as características faciais apresentam forte influência na percepção da personalidade de um indivíduo, estando frequentemente relacionadas a traços psicológicos.11 Através da vista frontal, as simetrias, as proporções, o tipo facial – ovoide, quadrado ou triangular – e a relação labial podem ser observados.8 Utilizando linhas de referências horizontais e verticais é possível fazer a correlação de tais observações da característica facial com a dentição do paciente.12 A linha interpupilar, determinada por uma reta que passa no centro dos olhos, é a referência mais adequada para a correta análise facial. Paralelas a esta, estão a linha ofríaca, a linha interalar e a linha de comissura labial, usadas como referência para orientar os planos incisal e oclusal.13 Essas linhas horizontais dividem a face em três terços (superior, médio e inferior), a partir dos quais se torna possível analisar a proporção facial. O terço inferior, dominado pela presença de lábios e dentes, representa papel significativo na estética facial, pois, quando em movimento, provoca evidente alteração na proporção entre os demais terços.14 Perpendicular à linha interpupilar está a linha média, traçada verticalmente através da glabela, ponta do nariz e ponta do mento. Quanto mais centralizada e perpendicular, maior é a sensação de harmonia facial.15 A simetria dental ao nível da linha média resulta em um sorriso agradável, mesmo que haja irregularidades nos segmentos laterais.16 Seguindo a avaliação facial do paciente, deve-se analisar a vista de perfil, com atenção ao ângulo nasolabial, linha E e sulco mentolabial. O perfil do paciente pode ser classificado em normal, convexo ou côncavo.8

136

A ANÁLISE DENTOLABIAL

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 134-142, abr./jun. 2015

determina a direção anteroposterior destes e se limita à borda lábios.18-19 A largura do sorriso determina quais dentes serão expostos durante o sorriso. Essa largura de sorriso geralmente alcança até segundos pré-molares.20-21 O VISAGISMO O visagismo é a técnica que visa criar uma imagem pessoal capaz de revelar as qualidades interiores de uma pessoa, de acordo com suas características físicas e princípios da linguagem visual, utilizando recursos estéticos para combater a uniformização visual. Seguindo esse conceito, pode-se dividir a personalidade em quatro tipos de temperamentos, definidos como fortes, dinâmicos, sensíveis e pacíficos. Fortes são aqueles cujos traços mais marcantes são sua determinação, intensidade, objetividade e explosividade. Dinâmicos são extrovertidos, comunicativos e expansivos. Sensíveis são organizados, perfeccionistas, tímidos e reservados. E pacíficos são os diplomáticos, místicos, conformistas e apáticos.22 Na odontologia, esse conceito pode ser utilizado durante vários procedimentos, entre eles na escolha dos dentes em prótese total. Dessa forma, é possível determinar quais traços de personalidade o paciente irá expressar através de seu sorriso, levando em consideração sexo, idade e características faciais. Existem quatro formatos básicos de dentes: retangular, triangular, quadrangular e ovalado. As linhas que formam os dentes possuem seus próprios poderes de expressão e significado emocional. Linhas retas verticais representam força, poder e masculinidade. Linhas retas horizontais representam equilíbrio, passividade e tranquilidade. Linhas retas inclinadas expressam dinamismo, movimento e alegria. Linhas curvilíneas



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“Lentes de Contato”: Tratamento Multidisciplinar no Uso de Laminados Cerâmicos Ultrafinos

Dental “contact lenses”: Multidisciplinary treatment for the use of ultrathin ceramic laminate veneers

Mayla Kezy Silva Teixeira* Josiane Silva Santos** Pedro de Freitas Castro Mendes*** Terumitsu Sekito Jr.****

* Especialista em Prótese Dentária pela UFRJ, Mestranda em Prótese Dentária pela UERJ ** Especialista em Prótese Dentária pela UFRJ *** Especialista em Prótese Dentária pela UFRJ, Mestrando em Ciência dos Materiais no IME **** Especialista em Prótese Dentária pela UFRJ, Mestre em Dentística pela UFRJ Mayla Kezy Silva Teixeira Rua Graciliano Ramos, 31, Vital Brasil, Niterói, RJ. CEP: 24230-360 maylakezy@hotmail.com Data de recebimento: 05/12/2014 Data de aprovação: 26/02/2015

RESUMO Em um tratamento odontológico que vise à obtenção de

Tooth contact lenses are extremely thin veneers or shelfs without

resultados estéticos satisfatórios é necessário um planejamento

preparation or with minimal tooth reduction. The aim of this article

integrado de anatomia dentária, proporções dentárias e faciais.

is to demonstrate a step by step clinical case, from treatment

Com a evolução de materiais e técnicas, o uso de restaurações

planning to the cementation phase and follow-up, emphasizing

minimamente invasivas tem-se intensificado. As lentes de conta-

that it is possible to fabricate ultraconservative restorations,

to dental são facetas ou lâminas muito delgadas, cimentadas ao

associating thoughtful technic and planning.

dente, sem preparo prévio ou com um mínimo de desgaste. Este artigo tem por objetivo demonstrar o passo a passo de um caso clínico, desde seu plano de tratamento até a fase de cimentação e acompanhamento, e destaca que é possível realizar restaurações

KEYWORDS Dental veneers. Esthetics, dental. Diastema.

estéticas ultraconservadoras combinando planejamento e técnica.

INTRODUÇÃO

PALAVRAS-CHAVE

A valorização da estética por parte dos pacientes tem-se

Facetas dentárias. Estética dentária. Diastema.

tornado cada vez mais crescente durante o atendimento odontológico. Essa questão acarretou a evolução de materiais e técnicas restauradoras, a ponto de se conseguirem características

ABSTRACT

como adesão, durabilidade, resistência e biocompatibilidade

In a dental treatment that aims to achieve satisfactory

em um mesmo material.1

planning,

Em um tratamento odontológico que vise à obtenção de

comprising dental anatomy, dental and facial proportions is

resultados estéticos satisfatórios é necessário um planejamento

necessary. With the evolving materials and techniques, the use

integrado de anatomia dentária, proporções dentárias e faciais,

of minimally invasive restorations has increased significantly.

disposição dos tecidos gengivais e arquitetura óssea, além de

aesthetic

results,

a

comprehensive

treatment

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 144-153, abr./jun. 2015

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Cl铆nica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florian贸polis, v.11, n.2, p. 154-168, abr./jun. 2015


Planejamento em Facetas de Porcelana. Parte 2:

Preparação Dental, a Chave do Sucesso Designing porcelain laminate veneers. Part 2: Tooth preparation, the key of success

Andressa Ballarin* Guilherme Carpena Lopes**

* Especialista em Dentística pela ABO/Londrina ** Professor adjunto de Dentística da UFSC Andressa Ballarin Mude Odontologia Rua Vera Linhares de Andrade 2201, Sala 210 Jardim Itália, Florianópolis, SC, Brasil 88043-700 andressaballarin@hotmail.com Data de recebimento: 16/12/2014 Data de aprovação: 03/03/2015

RESUMO

ABSTRACT

O alto grau de estética alcançado com facetas de porce-

The high level of aesthetics achieved by the use of

lana, não só pela característica óptica natural inicial, mas prin-

porcelain laminate veneers is explained not only by the initial

cipalmente por se manter o efeito obtido ao longo dos anos,

natural optical features, but by the maintenance over the

tornou-as indicadas em várias situações clínicas, entre as quais

years. This has made porcelain veneers indicated in several

está a substituição de facetas de resina composta. Estudos clí-

clinical situations. Among these indications are replacing resin

nicos e testes laboratoriais têm ajudado a comprovar que os

composite veneers. Clinical and laboratory tests have helped

laminados cerâmicos são uma excelente forma de restabelecer

to show that the ceramic veneers are an excellent approach to

a estética e a função de dentes anteriores de forma conserva-

conservatively restore aesthetics and function of anterior teeth

dora, pois geralmente o preparo se restringe apenas à porção

because the preparation is only restricted to enamel in the labial

vestibular do esmalte. As etapas clínicas para a confecção de

aspect. Thus, the clinical steps for a porcelain veneer treatment

uma faceta de porcelana são apresentadas e discutidas, na

will be presented and discussed in an attempt to demonstrate

tentativa de demonstrar as possibilidades dessa modalidade

the possibilities of this restorative approach.

restauradora.

PALAVRAS-CHAVE

KEYWORDS Dental veneers. Dental porcelain. Esthetics, dental.

Facetas dentárias. Porcelana dentária. Estética dentária.

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 154-168, abr./jun. 2015

155


PLANEJAMENTO EM FACETAS DE PORCELANA. PARTE 2: PREPARAÇÃO DENTAL A CHAVE DO SUCESSO

INTRODUÇÃO

Outro aspecto importante nesse tratamento é a docu-

O preparo protético para facetas de porcelana objetiva

mentação do mapa cromático do dente. Transmitir ao TPD a

agregar resistência à cerâmica, homogeneidade de espessura

informação fiel de cor do remanescente dental preparado e dos

cerâmica por motivos estéticos e resistência do esmalte rema-

demais dentes do paciente é condição necessária nesse trata-

nescente. Além disso, um preparo com linha de término bem

mento. Em se tratando de dentes escurecidos, a informação do

definida informa ao protético o limite da peça cerâmica, o que

nível de escurecimento dental deve ser enviada na forma de ar-

evita sobre-extensão cerâmica.

quivo fotográfico, usando-se uma escala de cor como referência

O tratamento de endondôntico torna o dente mais fragili-

na fotografia. Mesmo que o dente a ser tratado seja mais escuro

zado quando comparado a dentes com vitalidade pulpar. Caso

que a cor mais saturada da escala de cores (por exemplo: A4

seja indicada, a faceta de porcelana cimentada em dente com

escala Vita Clássica), a fotografia ajuda o TPD a definir o nível

tratamento endodôntico restabelece sua resistência.1 A resistên-

de dificuldade para o mascaramento dental, pois para cada fo-

cia à fratura de dentes com ou sem tratamento endodôntico é

tografia há um nível de luminosidade emitido pelo flash fotográfi-

semelhante após a restauração com facetas de porcelana.1

co. A escala de cor que aparece na fotografia dará condições ao

Preparações dentais para coroas totais exigem remoção

TPD de comparar a informação fotográfica com a referência que

entre 67,5% e 75,6% do volume total da coroa dental,2 e prepa-

ele possui no laboratório (sua escala de cor). Dessa forma, cabe

rações dentais para faceta de porcelana reduzem apenas entre

ao CD utilizar a mesma escala de cor que o TPD possui no labo-

7% e 30%.2 Dessa forma, alcança-se redução média quatro ve-

ratório de prótese dental. Um cuidado adicional nesse momento

zes menor com preparações dentais para facetas de porcelana

é que não ocorra desidratação dental, pois isso pode alterar o

em comparação com preparações para coroas totais.3

nível de escurecimento do dente. O momento mais oportuno

Outra grande vantagem das facetas de porcelana em

para a fotografia é após o preparo inicial com alta rotação e

relação às coroas cerâmicas é a manutenção dos contatos in-

constante refrigeração e antes do acabamento e polimento do

teroclusais em tecido dental ou em resina composta na conca-

preparo. Idealmente, o TPD deve visualizar o caso clínico antes

vidade palatina, o que evita desgastes do dente antagônico e

e após o preparo dental, embora isso raramente seja possível.

permite mais fácil acesso à entrada da câmara pulpar, caso uma

Mesmo que o TPD tenha visto o grau de escurecimento dental

futura intervenção endodôntica seja necessária, porque o trata-

após o preparo, a informação fotográfica auxilia-o a relembrar o

mento restaurador com as facetas de porcelana não envolve a

caso clínico durante a confecção da faceta de porcelana.

concavidade palatina. O objetivo deste artigo é relatar um caso clínico em que se selecionou faceta de porcelana para restabelecer a estética e a função de incisivo central escurecido.

REDUÇÃO INCISAL Uma recente revisão da literatura analisou de maneira criteriosa todas as publicações científicas (meta-análise) de pesquisa laboratorial que compararam a redução incisal em preparos de

REVISÃO DA LITERATURA PREPARO PARA FACETA

que tanto a ausência de redução incisal que resulta na preparação chamada de janela vestibular (Fig. 1a) como a redução in-

O elemento-chave do sucesso das facetas de porcelana

cisal em ponta de faca (Fig. 1b) reduzem a resistência original

está na preparação dental. O cirurgião-dentista (CD) fornece con-

do dente em média 76,5 N.4 Já um preparo com envelopamento

dições mecânicas e estéticas para que o técnico em prótese den-

da região palatal com chanfro (Fig. 1c) reduz em média 102,8

tal (TPD) consiga executar as facetas de porcelana no laboratório

N.4 O preparo com redução incisal plana (Fig. 1d) é o único que

protético. Nesta modalidade restauradora cabe ao CD dar lisura su-

não enfraquece o dente restaurado com faceta de porcelana,5-12

perficial ao dente preparado para facilitar o assentamento, remover

resultando em dentes restaurados com facetas de porcelana com

retenções, verificar a existência de espessura mínima que permita

resistência à fratura semelhante à dos dentes hígidos.4-12

3

156

facetas de porcelana até março de 2011.4 Os autores concluíram

resistência cerâmica, definir o término e torná-lo livre de irregularida-

O preparo com redução incisal plana (butt joint) (Fig. 1d)

des, para facilitar o acabamento da faceta cerâmica e proporcionar

é o tipo de redução incisal que mais se aproxima da resistência

durabilidade à cimentação adesiva. Além disso, o CD deve dar con-

de um dente hígido, tendo 695 N após carga mastigatória si-

dições para que a faceta de porcelana fique com aspecto estético.

mulada de 5 anos, comparado com a força média de 713 N de

A preparação dental para facetas de porcelana na face vestibular

resistência à fratura de incisivos centrais hígidos.12

em dentes escurecidos visa obter espessura cerâmica homogênea.

Adicionalmente, a vantagem da redução incisal plana

Isso permitirá que a faceta de porcelana tenha o mesmo nível de

(Fig. 1d) é resultar em término palatal nítido, o que facilita a

opacidade mésio-distal e cervicoincisal. Para dar segurança nessa

observação do ceramista e diminui as chances de haver fina

etapa do preparo, o uso de guias de silicone é recomendado.

sobre-extensão cerâmica, e por motivos óbvios: frágil.13

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 154-168, abr./jun. 2015



RESUMO

ABSTRACT

O objetivo deste estudo foi avaliar a estabilidade de cor

The aim of this study was to evaluate color stability and

e a sensibilidade do clareamento dental utilizando as técnicas

tooth sensitivity of tooth bleaching using home-bleaching and

caseira e de consultório. Participaram do estudo 22 pessoas:

in-office techniques. Twenty two individuals participated in the

Grupo I (n=11), Whiteness HP BLUE Calcium® – peróxido de

study: Group I (n=11) Whiteness HP BLUE Calcium® – 35%

hidrogênio a 35%; e Grupo II (n=11), Whiteness Perfect® – pe-

Hydrogen Peroxide, Group II (n=11) Whiteness Perfect® – 10%

róxido de carbamida a 10%. As cores dos dentes foram aferi-

carbamide peroxide. Tooth shade was measured using a Vita

das utilizando-se um espectrofotômetro Vita EasyShade 2 e 24

Easyshade® spectrophotometer, 2 and 24 weeks after comple-

semanas após a finalização do tratamento. Por meio do ques-

tion of treatment and by the use of a VAS-scale form for daily

tionário da escala de VAS foi avaliado diariamente o grau de

evaluation of the degree of sensitivity. After data analysis, it was

sensibilidade. Após a análise dos dados, concluiu-se que não

concluded that there were no significant differences of shade

houve diferenças significativas na variância de cor entre os gru-

change between the evaluated groups of color and teeth. The

pos e elementos dentais pesquisados no período avaliado. O

degree of sensitivity was higher with the use of 35% hydrogen

grau de sensibilidade foi maior com a utilização do peróxido de

peroxide.

®

hidrogênio a 35%.

PALAVRAS-CHAVE Clareamento dental. Sensibilidade da dentina. Cor.

170

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 170-176, abr./jun. 2015

KEYWORDS Tooth bleaching. Dentin sensitivity. Color.


Ensaio Clínico Comparando Efeito Rebote e Sensibilidade do Clareamento Caseiro vs Consultório Clinical trial on rebound effect and tootth sensitivity in home-bleaching vs home-office techniques

Chayana Corso Bergamo* Taináh Bavaresco Abatti* Christian Kunzler* Mauricio Costa Silveira de Avila**

* Graduandos do Curso de Odontologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina ** Professor das Áreas de Dentística e Clínica Integrada do Curso de Odontologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina Mauricio Costa Silveira de Avila Rua José Firmo Bernardi, Bairro Flor da Serra, 89600-000, Joaçaba, SC mauricio.avila@unoesc.edu.br Data de recebimento:17/12/2014 Data de aprovação: 05/02/2015

SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA A sociedade atual valoriza de forma crescente a estética,

O método de clareamento caseiro consiste na utilização

o que justifica a popularidade do clareamento dental. O clarea-

de moldeiras e géis clareadores à base de peróxido de carbami-

mento é um procedimento não invasivo que apresenta evidên-

da ou de hidrogênio de baixa concentração, que são aplicados

cias científicas suficientes para ser usado com segurança nas

em casa pelo paciente.2 No clareamento de consultório, o gel

atividades clínicas diárias. Por essa razão, a maioria dos pacien-

mais utilizado é o peróxido de hidrogênio em alta concentra-

tes procura os consultórios odontológicos com a finalidade de

ção.3-4 Ademais, o clareamento de consultório possui resultado

clarear os dentes de forma segura e rápida. Muitas técnicas e

mais visível, uma vez que ocorre a desidratação do dente, que

materiais têm sido introduzidos no mercado odontológico tendo

faz com que ele pareça mais branco, o que pode influenciar na

em vista atender a essa demanda. Para isso, é preciso saber

motivação do paciente.5 Portanto, novas aplicações do produto

qual técnica apresenta maior estabilidade da cor com menor

em outras consultas podem ser necessárias.6

sensibilidade.

Uma das desvantagens que o clareamento dental apresenta é a sensibilidade, sintomatologia dolorosa sentida por algumas pessoas, já que o gel clareador penetra no esmalte e na

INTRODUÇÃO

dentina devido à alta permeabilidade dessas estruturas e atinge a polpa.7

O manchamento dos dentes ocorre por meio de estru-

A estabilidade de cor dos dentes que foram submetidos

turas químicas estáveis responsáveis pela incorporação de pig-

ao clareamento pode permanecer estável durante anos. A re-

mentos à coroa do dente. O processo responsável pela remo-

gressão da cor ocorre por meio da dissipação do oxigênio re-

ção das manchas é chamado de oxirredução e faz com que o

sidual presente no dente clareado.8 Contudo, sabe-se que nem

agente clareador se converta, alterando a estrutura da molécula

todos os dentes clareiam com a mesma intensidade. Assim,

pela desnaturação proteica e rompendo as cadeias de carbo-

para alguns pacientes podem ser necessários poucos dias ou

no.1

apenas uma sessão, enquanto para outros se requer um tempo

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 170-176, abr./jun. 2015

171


ENSAIO CLÍNICO COMPARANDO EFEITO REBOTE E SENSIBILIDADE DO CLAREAMENTO CASEIRO VS CONSULTÓRIO

maior, dependendo do grau de escurecimento do dente, do ma-

COLETA DOS DADOS

terial e da técnica utilizada. Alguns estudos têm mostrado que

Depois de todos os participantes assinarem o termo de

o clareamento pode durar por um longo período, com boa taxa

consentimento livre e esclarecido foi obtido o modelo de gesso

de sucesso.10-11

superior de cada paciente e foi confeccionada uma barreira de

9

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar qual

silicone de adição (Express XT, 3M ESPE, EUA), que abrangeu

técnica clareadora apresenta melhor desempenho clínico após

a região de canino a canino superior (Fig. 1), para que a ponta

acompanhamento de 6 meses e, ainda, de determinar o grau de

do espectrofotômetro Vita EasyShade (Vident, Brea, EUA) se en-

sensibilidade gerado.

caixasse sobre uma superfície do dente, de forma que houvesse padronização durante a seleção da cor em todas as sessões. A perfuração da barreira de silicone foi feita com fresas de tungstênio do tamanho compatível com a ponta do espectrofotô-

MATERIAIS E MÉTODOS

metro, centralizado na face vestibular dos dentes envolvidos na

DESENHO DE ESTUDO

pesquisa, conforme mostra a Figura 2. A aferição da cor foi re-

Este trabalho de pesquisa é um estudo quantitativo in

alizada entre 2 e 24 semanas após a conclusão do tratamento.

vivo que aborda o clareamento em dentes vitais para avaliar a

Para o grau de sensibilidade, o questionário da escala VAS foi

estabilidade de cor do clareamento utilizando-se diferentes téc-

aplicado, e cada participante recebeu instruções para o preen-

nicas (caseira e de consultório) e o grau de sensibilidade gerado

chimento diário da tabela.

por cada uma delas.

Os clareamentos foram realizados de acordo com os protocolos clareadores. Os dentes escolhidos para avaliação

POPULAÇÃO E AMOSTRA

da variância de cor foram os 6 dentes anterossuperiores.

Após aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unoesc, sob o Parecer nº 635.267/2014, 22 pessoas saudáveis e com boa higiene oral foram selecionadas de acordo com os critérios de inclusão e exclusão citados no Quadro 1 e divididas aleatoriamente em dois grupos (Quadro 2).

Critérios de Inclusão • Pacientes com idade entre 17 e 25 anos. • Dentes íntegros ou restaurações menores de ¼ da superfície vestibular em todos os dentes anteriores. • Ausência de sensibilidade dentária quando estimulado com o ar da seringa. Critérios de Exclusão • Fumantes. • Portadores de aparelho ortodôntico. • Presença de prótese parcial removível. • Doença periodontal avançada. • Lesões cariosas. • Alergia aos produtos utilizados. • Procedimentos clareadores prévios. • Histórico de tratamento da sensibilidade. • Comprometimento sistêmico.

Figura 1: Modelo de gesso superior com a barreira de silicone de adição perfurada abrangendo a região de canino a canino superior.

Quadro 1: Critérios de inclusão e de exclusão.

Grupo I 11 pessoas Peróxido de Hidrogênio a 35%

Grupo II 11 pessoas Peróxido de Carbamida a 10%

Quadro 2: Divisão esquemática dos grupos.

Figura 2: Espectrofotômetro colocado na perfuração correspondente à face vestibular de um dos elementos dentais. A guia de silicone foi utilizada para avaliação individual dos 6 dentes anterossuperiores.

172

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 170-176, abr./jun. 2015



RESUMO

ABSTRACT

O presente estudo teve por objetivo avaliar a microdu-

The aim of this study is to evaluate the microhardness

reza e possível alteração morfológica superficial de uma resina

and surface morphological changes of a nanofilled composite

composta nanoparticulada quando submetida ao clareamento

resin when submitted to at-home bleaching therapy, and

caseiro. Foi feito polimento com diferentes técnicas e confeccio-

subsequent polishing with different techniques. Seventy five

nados 75 corpos de prova, divididos em cinco grupos (n=15),

composite resin specimens were fabricated (Filtek Z350XT®, 3M

em que se utilizou a resina composta Filtek Z350XT® (3M ESPE),

ESPE), divided into 5 groups (n=15), which were submitted to a

submetidos ao agente clareador Powerbleaching 16%® (BM4),

bleaching agent (Powerbleaching 16%®, BM4), for 21 days (8

clareados por um período de 8 h diárias durante 21 dias. Como

hour daily regimen). The results revealed that the microhardness

resultado verificou-se que os valores de microdureza encontra-

values where not statistically significant for all groups, including

dos não foram estatisticamente significantes para todos os gru-

the control groups, and the best polishing technique was found

pos pesquisados, inclusive para os grupos-controle. O melhor

to be Group 1 (Jiffy Brush®, Ultradent). It can be concluded

polimento foi encontrado no Grupo 1, que utilizou a escova Jiffy

that the bleaching agent used does not cause changes on the

Brush (Ultradent). Pode-se constatar que esse clareador não

surface of the tested composite resin.

®

gera alterações sobre a resina composta utilizada.

PALAVRAS-CHAVE Clareamento dental. Polimento dentário. Microscopia eletrônica de varredura.

178

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 178-183, abr./jun. 2015

KEYWORDS Tooth bleaching. Dental polishing. Microscopy, electron, scanning.


Influência do Clareamento Caseiro Sobre a Superfície da Resina Composta Nanoparticulada At-home bleaching effect on nanofilled composite resin surface

Ana Maria Bigolin Tussi* Suellen Taís Oestreich Tomazoni* Mauricio Costa Silveira de Avila**

* Acadêmica do Curso de Odontologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus Joaçaba ** Graduação em Odontologia pela Universidade do Vale do Itajaí, Especialista em Ortodontia pela UNIPLAC, Mestre e Doutor em Dentística pela SLMANDIC, Professor Doutor do Curso de Odontologia da UNOESC – Campus Joaçaba/SC Mauricio Costa Silveira De Avila Rua Almirante Barroso, 778/02, CEP 89600-000, Bairro Tobias, Joaçaba/SC - Brasil mauricio.avila@unoesc.edu.br Data de recebimento: 17/12/2014 Data de aprovação: 03/03/2015

SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA O presente artigo busca auxiliar o cirurgião-dentista na

tigatórios. Embora já se tenha estudado o efeito dos agentes

obtenção da melhor técnica de polimento que pode ser empre-

clareadores sobre a resina composta, o efeito na microdureza

gada em uma resina composta nanoparticulada (pós-clarea-

ainda apresenta resultados imprecisos, que mostram aumento,

mento), como também verificar se o peróxido de carbamida a

diminuição ou nenhuma alteração na resina composta.²

16% na técnica do clareamento caseiro gera ou não alteração superficial nesse material.

Portanto, apesar de o clareamento dental estar se popularizando e de novos produtos entrarem no mercado a cada dia, a odontologia deve estar preparada para atender aos anseios da população, buscando os melhores materiais para proporcionar

INTRODUÇÃO

aparência natural ao sorriso, além de associar satisfatoriamente os procedimentos restauradores aos clareadores.3 Por essa ex-

O clareamento dental tem alguns aspectos a serem ob-

trema importância, optou-se por avaliar o efeito do clareamento

servados, pois pode alterar algumas propriedades da resina

caseiro com peróxido de carbamida a 16% sobre restaurações

composta. O paciente deve ser advertido de que a resina não

de resina composta nanoparticulada, bem como técnicas que

clareia da mesma forma que o elemento dental e que eventual-

minimizem esses efeitos negativos, o que pode ser feito através

mente as restaurações estéticas deverão ser substituídas após

de testes laboratoriais de microdureza e microscopia eletrônica

o clareamento. Porém, esse é apenas um requisito estético,

de varredura. Caso demonstrem alterações, avaliações clínicas

considerando que a resina composta tem outras propriedades

devem ser realizadas.

a serem observadas.¹ A dureza de superfície é uma propriedade física muito importante na resina composta e é definida como a resistência à penetração, determinando a resistência do material ao desgaste, seja ele por abrasão ou como resultado dos esforços mas-

MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada na Universidade do Oeste de

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 178-183, abr./jun. 2015

179


184

Cl铆nica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florian贸polis, v.11, n.2, p. 184-191, abr./jun. 2015


Laminados Cerâmicos para Reabilitação Estética em Dentes com Amelogênese Imperfeita Ceramic laminates for aesthetic rehabilitation of teeth with amelogenesis imperfecta

Tiago Aurélio Donassollo* Juliana Lays Stolfo Uehara** Sandrina Henn_Donassollo***

* Professor de Dentística Restauradora da FASURGS, Professor da Especialização em Dentística da FASURGS, Mestre e Doutor em Dentística pela UFPel ** Graduanda em Odontologia da FASURGS *** Professora de Dentística Restauradora da FASURGS, Coordenadora da Especialização em Dentística da FASURGS, Mestre em Dentística pela UFPel, Doutoranda em Dentística da UFPel Tiago Aurélio Donassollo Rua Angélica Otto,160, Boqueirão Passo Fundo/RS CEP: 99025-270 Data de recebimento: 06/02/2015 Data de aprovação: 26/03/2015

RESUMO

ABSTRACT

Pacientes que apresentam alterações na estrutura dos

Patients presenting changes of tooth structure which im-

elementos dentais que refletem na estética do sorriso estão

pairs the aesthetics of the smile are consistently searching for

em constante busca por procedimentos que reabilitem forma,

procedures to restore form, function and mainly their aesthetics.

função e principalmente estética. A amelogênese imperfeita é

Amelogenesis imperfecta is a disorder characterized by chan-

caracterizada por alterações na quantidade e/ou qualidade

ges in the amount and/or quality of tooth enamel, affecting pri-

do esmalte dental e atinge tanto a dentição decídua quanto a

mary and permanent dentitions. Several treatments are available

permanente, interferindo na estética do sorriso. Para reabilitar

to rehabilitate patients with amelogenesis imperfecta. The aim of

pacientes com amelogênese imperfeita, diversos tratamentos

this case report is to demonstrate the aesthetic rehabilitation of

estão disponíveis. Desse modo, o presente relato de caso clí-

a patient with amelogenesis imperfecta using minimally invasive

nico tem por finalidade demostrar a reabilitação estética em um

porcelain laminate veneers.

paciente com amelogênese imperfeita através do uso de laminados cerâmicos minimamente invasivos.

KEYWORDS PALAVRAS-CHAVE

Amelogenesis imperfecta. Esthetics, dental. Dental veneers.

Amelogênese imperfeita. Estética dentária. Facetas dentárias.

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 184-191, abr./jun. 2015

185


Novas Tendências ESCOVAS ELÉTRICAS: EFETIVIDADE CLÍNICA NO CONTROLE DO BIOFILME SUPRAGENGIVAL Powered toothbrushes: A clinically effective approach for controlling the supragingival biofilm

Cassiano Kuchenbecker Rösing Professor Titular de Periodontia da UFRGS Rua Dr. Valle, 433/701, 90560-010, Porto Alegre, RS, Brasil ckrosing@hotmail.com

Marilene Issa Fernandes Professora Adjunta de Periodontia da UFRGS

RESUMO O controle do biofilme supragengival pelo paciente é

recognition that oral hygiene is part of body hygiene, as well

uma das medidas mais importantes para a obtenção e manuten-

as anatomic knowledge and its peculiarities. This is ultimately

ção da saúde bucal. Parece ser tarefa fácil, entretanto demanda

facilitated when performed by individuals with good motor

o reconhecimento de que a higiene bucal faz parte da higiene

skills. Powered toothbrushes were designed for individuals

corporal, assim como demanda o conhecimento anatômico da

with difficulties in performing mechanical plaque control with

boca e de suas peculiaridades, o que é facilitado quando reali-

conventional toothbrushes, mainly due to lack of fine motricity.

zado por indivíduos com boa coordenação motora. As escovas

In its evolutionary process, however, it has been used as a

de dente elétricas foram criadas para indivíduos com dificulda-

tool for individuals without these impairments. Its use is based

des de realização do controle mecânico de placa com escovas

in studies of efficacy and effectiveness, as well as safety

convencionais, principalmente por falta de motricidade. Em seu

and patient’s preference studies. The aim of this report is to

processo de evolução, entretanto, posicionou-se como um re-

present aspects that support the use of powered toothbrushes

curso para controle mecânico do biofilme supragengival utiliza-

as a preventive and therapeutic alternative in contemporary

do por indivíduos sem essa dificuldade. A utilização tem base

dentistry.

tanto em estudos de eficácia e efetividade como de segurança e de preferência dos pacientes. Esta coluna tem por objetivo apresentar aspectos que suportam o uso de escovas elétricas como uma alternativa preventiva e terapêutica em odontologia contemporânea.

O controle do biofilme supragengival pelo binômio profissional-paciente é uma das estratégias mais importantes em odontologia. Ao profissional cabem atividades de orientação para um controle adequado, de acordo com as necessidades

ABSTRACT

192

individuais, assim como atitudes de controle profissional do biofilme no consultório. Entretanto, é ao paciente que é dele-

Controlling supragingival plaque by the patient is one

gada uma parte importante dessa responsabilidade: a reali-

of the most important measures for achieving and maintaining

zação de medidas de autocuidados para o controle de placa.

the oral health. It seems an easy task, however it demands the

Estudos longitudinais consistentemente têm demonstrado que

Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 192-194, abr./jun. 2015


Fernandes MI, Rösing CK.

indivíduos com bons padrões de controle de placa e de manu-

Paralelemente ao que se conhece das diferentes técnicas de

tenção profissional têm menos incidência de cáries, doenças

escovação, em momentos passados, dizia-se que não impor-

periodontais, perda dentária e, mais recentemente, melhores

tava a escova, mas quem a utilizava, inclusive em relação às

resultados com implantes.

escovas elétricas. Parece que essa informação não se susten-

Um dos estudos clássicos mais interessantes a respei-

ta mais, tendo em vista o investimento em pesquisa, desen-

to da importância de uma estratégia de saúde priorizando o

volvimento e inovação realizado pelas indústrias, que levou à

controle do biofilme supragengival foi realizado na Suécia e

melhoria no desempenho clínico dessas ferramentas.

demonstrou a partir de um programa de atenção à saúde bucal

Analisamos a seguir algumas das evidências a respeito

com ênfase no controle do biofilme que as pessoas perderam

da aplicabilidade clínica das escovas elétricas. A análise dos

muito menos dentes, houve decréscimo importantíssimo de no-

estudos que avaliam escovas elétricas, assim como outros

vas superfícies cariadas e manutenção da inserção periodontal

produtos destinados ao controle do biofilme pelo paciente,

muito superior ao que havia antes do estabelecimento do pro-

demanda um olhar sobre suas características metodológicas,

grama. Outros estudos também demonstraram o impacto do

em qual tipo de população foi realizado e o tempo de duração.

controle de placa supragengival sobre diferentes parâmetros

Todos os estudos têm sua validade, entretanto devem ser ana-

de saúde bucal, reforçando que essa deve ser uma das ênfa-

lisados sob olhares críticos construtivos. Neste texto somente

ses de todo consultório odontológico, independentemente de

alguns artigos são abordados, ou seja, não se constitui aqui

especialidade. É importante que se possa estabelecer através

o corpo total de evidências que suportam o uso de escovas

da odontologia que a higiene bucal é parte da higiene corporal,

elétricas na prática clínica, mas já se dá uma ideia da possibi-

de tão grande importância quanto tomar banho.

lidade de utilização delas como uma alternativa.

1

2-3

Apesar de muitos reconhecerem a real importância do

No início dos anos 2000 realizamos um estudo que ob-

controle do biofilme supragengival, também é de domínio da

jetivou verificar a eficácia de escovas elétricas em comparação

profissão o reconhecimento de que as práticas de higiene bu-

a escovas manuais na remoção de placa. A particularidade da-

cal demandam tempo, habilidade manual e motivação. Ainda,

quele estudo é que foi realizado em indivíduos portadores de

a presença ou não dessas características pode ter implicações

doença periodontal, que têm a peculiaridade de apresentarem

na efetividade clínica. Mesmo nos estudos que primam por um

amplos espaços interproximais e de diferir substancialmente

controle primoroso do biofilme supragengival são verificadas

de indivíduos sem experiência de doença periodontal. O estu-

dificuldades em sua realização, com indivíduos que não con-

do foi realizado com um modelo cruzado, em que os indivíduos

seguem, a despeito dos esforços, níveis ótimos de controle do

utilizaram por dois períodos experimentais escovas elétricas e/

biofilme supragengival.

ou manuais. Resumidamente, os indivíduos utilizaram escovas

4-5

Os recursos para o controle do biofilme supragengival

elétricas no primeiro e no segundo período, ou escovas manu-

têm apresentado incremento de utilização na América Latina.

ais nos dois períodos, ou manuais e elétricas, iniciando parte

Por exemplo, nos anos 1990, no Brasil, não se consumia nem

deles com uma, parte com outra. Os achados foram bastante

1 escova de dente por ano. Em 2010, esse consumo foi de

consistentes em demonstrar que os indivíduos conseguiram

praticamente 2 escovas por indivíduo por ano. Houve em todo

tanto com escovas manuais quanto elétricas realizar controle

o mundo, especialmente na América Latina, aumento no con-

de placa eficaz. Não foram observadas diferenças significati-

sumo de produtos de higiene bucal, entre eles dentifrício, fio

vas entre escovas manuais e elétricas, entretanto, no segundo

dental e soluções para bochecho. Há de se ressaltar que o

período, todos os indivíduos apresentaram melhor performan-

incremento de consumo de produtos não necessariamente re-

ce. Isso gerou a conclusão de que nesses pacientes perio-

flete em incremento de qualidade de controle de placa para

dontais instrução e reinstrução de higiene bucal foram mais

todas as pessoas, embora seja um indicativo de que há um

importantes do que o tipo de escova utilizado.8

6

7

movimento no sentido de dar importância à boca.

Outros aspectos da utilização de escovas elétricas tam-

Entre os recursos que têm sido utilizados para a higiene

bém têm sido estudados, como, por exemplo, sua segurança.

bucal as escovas de dente são os mais utilizados. As escovas

Em todo estudo clínico há a necessidade de avaliação de po-

elétricas foram inicialmente criadas para situações em que não

tenciais riscos aos pacientes. Assim, no uso de escovas elé-

se obtinha êxito com o uso de escovas convencionais, por falta

tricas isso não poderia ser diferente. Uma dúvida que se tinha

de motricidade, e agora são uma alternativa que não pode ser

é se elas poderiam causar danos, principalmente aos tecidos

deixada de lado. Existem hoje no mercado um sem número de

moles, gerando recessão gengival. Uma revisão sistemática

escovas elétricas, com diferentes performances e indicações.

de todos os estudos publicados em duas décadas produziu

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ESCOVAS ELÉTRICAS: EFETIVIDADE CLÍNICA NO CONTROLE DO BIOFILME SUPRAGENGIVAL

a informação de que o uso de escovas elétricas não coloca o

neidade, claramente existem as “cabeças tecnológicas”, que

paciente em maior risco de recessão gengival. Pelo contrário,

tendem a preferir todo tipo de inovação. Se esse for um bom

em indivíduos que utilizam forças excessivas na escovação,

motivo para que o indivíduo realize melhor controle do biofilme

a utilização de escovas elétricas tem o potencial de diminuir

supragengival, isso já sustenta a indicação.

9

o risco de recessão da margem gengival, ou seja, trata-se de

Da análise da literatura, portanto, depreende-se que as

uma oportunidade educativa para diminuir a força de escova-

escovas elétricas são um recurso interessante a ser emprega-

ção do paciente.

do, com potencial de aumentar a efetividade clínica do contro-

Nessa área do conhecimento, poucos são os estudos

le do biofilme supragengival. Entretanto, elas exigem um indi-

independentes, sendo a maioria realizada nos próprios centros

víduo motivado, que tenha sido adequadamente capacitado a

de pesquisa das diferentes indústrias que manufaturam as es-

como otimizar o resultado através das orientações de higiene

covas. Essas informações não devem ser interpretadas como

bucal. Nesse sentido é importante ressaltar a importância do

inverídicas, entretanto é mais interessante que se olhe para as

profissional da odontologia como educador do paciente e a

revisões de toda a literatura, que têm o potencial de incluir es-

importância do paciente como indivíduo que quer priorizar sua

tudos com olhares de diferentes fontes.

saúde, incluindo a bucal.

Uma das revisões mais interessantes que se tem no momento é a da Biblioteca Cochrane, um centro independente que procura analisar a literatura completamente. Na última versão, publicada em 2014, a revisão sistemática concluiu que as escovas elétricas removem mais placa e diminuem mais gengivite tanto no curto como no longo prazo. Essa conclusão gerou certo desconforto na comunidade científica. Entretanto, os autores da revisão colocam como parte da conclusão que ainda não está bem determinado o quanto esse benefício tem importância clínica. Isso significa que o resultado é interessante, entretanto não conclusivo.10 Assim, muito mais do que simplesmente indicar a escova elétrica como padrão, é importante que se possa verificar quem é o paciente e quais são suas necessidades e limitações para o controle de placa, avaliando tanto antes da indicação quanto nos momentos posteriores de utilização se se considera haver algum benefício clínico. Um olhar ampliado para a questão da indicação ou não de escovas elétricas tem de contemplar todos os pilares da “odontologia baseada em evidências”: a melhor evidência disponível, as habilidades do profissional e a preferência e crença dos pacientes. Nesse sentido, em termos de evidências disponíveis, existe clara indicação de que as escovas elétricas funcionam muito bem, pelo menos de forma comparável às escovas convencionais. Também as evidências claramente demonstram que a utilização de escovas elétricas é segura. A habilidade do profissional deve ser utilizada no sentido de entender quem é o paciente que a necessita, quais as condições anatômicas da boca deste, qual o tipo de reabilitação, qual sua habilidade motora, entre outros fatores, para indicar ou não uma escova elétrica. No plano das preferências dos pacientes é importante ressaltar que as análises de satisfação com o uso demonstram que eles avaliam positivamente as escovas elétricas. Também deve ser considerado que existem tipos psicológicos diferentes de indivíduos e, na contempora-

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REFERÊNCIAS 1. Axelsson P, Nyström B, Lindhe J. The long-term effect of a plaque control program on tooth mortality, caries and periodontal disease in adults. Results after 30 years of maintenance. J Clin Periodontol. 2004 Sep;31(9):749-57. 2. Rosling B, Serino G, Hellström MK, Socransky SS, Lindhe J. Longitudinal periodontal tissue alterations during supportive therapy. Findings from subjects with normal and high susceptibility to periodontal disease. J Clin Periodontol. 2001 Mar;28(3):241-9. 3. Jepsen S, Berglundh T, Zitzmann NU. Primary prevention of peri-implantitis: managing peri-implant mucositis. J Clin Periodontol. In press 2015. 4. Haas AN, de Castro GD, Moreno T, Susin C, Albandar JM, Oppermann RV, et al. Azithromycin as an adjunctive treatment of aggressive periodontitis: 12-months randomized clinical trial. J Clin Periodontol. 2008 Aug;35(8):696-704. 5. Moreira CH, Weidlich P, Fiorini T, da Rocha JM, Musskopf ML, Susin C, et al. Periodontal treatment outcomes during pregnancy and postpartum. Clin Oral Investig. In press 2014. 6. Gjermo P, Rösing CK, Susin C, Oppermann R. Periodontal diseases in central and south America. Periodontol 2000. 2002;29:70-8. 7. Oppermann RV, Haas AN, Rösing CK, Susin C. Epidemiology of periodontal diseases in adults from Latin America. Periodontol 2000. 2015 Feb;67(1):13-33. 8. Roscher T, Rösing CK, Gjermo P, Aass AM. Effect of instruction and motivation in the use of electric and manual toothbrushes in periodontal patients. A comparative study. Braz Oral Res. 2004 Oct-Dec;18(4):296-300. 9. Van der Weijden FA, Campbell SL, Dörfer CE, González-Cabezas C, Slot DE. Safety of oscillating-rotating powered brushes compared to manual toothbrushes: a systematic review. J Periodontol. 2011 Jan;82(1):5-24. 10. Yaacob M, Worthington HV, Deacon SA, Deery C, Walmsley AD, Robinson PG, et al. Powered versus manual toothbrushing for oral health. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Jun;6:CD002281.


Av. Rio de Janeiro, 1306, Londrina-PR atendimento@romanini.com.br | www.romanini.com.br [+55 43]

3321 6788


Visão Clínica ABORDAGEM ESTÉTICA NA HARMONIZAÇÃO DO SORRISO: LAMINADOS CERÂMICOS ULTRAFINOS Aesthetic approach for smile matching: Ultrathin ceramic laminate veneers Carlos Marcelo Archangelo*, José Carlos Romanini**, Karen Cristina Archangelo***, Rodolfo Bruniera Anchieta**** * Especialista, Mestre e Doutor em Prótese Dentária da UNESP – Araçatuba – SP, Professor do Instituto Federal do Paraná ** Técnico em Prótese Dentária – Laboratório de Prótese Dentária Romanini – Londrina – PR *** Especialista em Prótese Dentária e Endodontia, Mestre em Odontologia pela Universidade Estadual de Londrina, Professora do Instituto Federal do Paraná **** Especialista em Prótese Dentária e Implantodontia, Mestre e Doutor em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba da UNESP – SP

RELEVÂNCIA CLÍNICA Os laminados cerâmicos têm-se consolidado como uma

Em comum acordo com a paciente, o plano de tratamen-

opção de tratamento para a harmonização do sorriso, restabele-

to foi estabelecido, preconizando-se a utilização de laminados

cendo função e estética e auxiliando na autoestima de pacien-

cerâmicos. De acordo com a literatura, as cerâmicas dentárias

tes. Nesse sentido, este trabalho apresenta um caso clínico de

atuais são materiais que oferecem estética superior, resistência à

laminados ultrafinos realizados em dentes anterossuperiores, de-

abrasão e possibilidade de tratamento conservador, devido à ex-

monstrando sua utilização passo a passo. A paciente M.B.C., de

celente união com a estrutura dentária. Nesse caso, fica evidente

23 anos, compareceu ao consultório odontológico com o objetivo

o sucesso clínico alcançado com um tratamento restaurador alta-

de melhorar a aparência estética de seu sorriso. Em entrevista

mente estético, com plena satisfação da paciente, atingindo seus

inicial, pôde ser constatada a busca por diversos tratamentos pré-

anseios por um sorriso harmônico e confirmando a propriedade

vios, sem que houvesse a satisfação da paciente. A maior queixa

dos materiais cerâmicos em mimetizar o natural.

era a aparência pequena e o aspecto amarelado e sem brilho de seus dentes anterossuperiores, devido ao tratamento restaurador com resina composta feito anos antes. Foi observada também a alta expectativa em relação à estética a ser alcançada pelo tratamento. Ao exame clínico, foi evidenciada higiene bucal satisfatória e aspecto periodontal saudável, além de restaurações em resina composta na vestibular e incisal dos dentes anterossuperiores. Como parte integrante do planejamento foi realizada análise radiográfica através de radiografia panorâmica e radiografias interproximais, para avaliação do aspecto geral da saúde bucal, bem como de possíveis lesões cariosas, endodônticas e aspectos do periodonto. Além disso, um protocolo fotográfico foi feito para a análise facial, dental e relação dentolabial, além de tomada de cor para enviar ao laboratório protético. Para finalizar a etapa

Carlos Marcelo Archangelo

de planejamento foi utilizado o mock-up obtido a partir do encera-

Rua Eurico Humming, 107, Ap. 104, Bairro Gleba Palhano, Londrina, PR CEP: 86050-464 carlosarchangelo@uol.com.br

mento de diagnóstico, a fim de confirmar a satisfação da paciente em relação à forma e anatomia dos dentes.

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Archangelo CM, Romanini JC, Archangelo KC, Anchieta RB.

Figuras 1a-b: Visualização inicial do caso anteriormente à realização de cirurgia para aumento de coroa clínica e melhora do contorno gengival.

Figura 2: Cirurgia periodontal estética realizada para melhorar a exposição da coroa clínica dos dentes anteriores de canino a canino e os contornos gengivais. Salientase que a cirurgia foi o primeiro tratamento realizado anteriormente a primeira reabilitação com resinas compostas que foram posteriormente substituídas por laminados cerâmicos.

Figura 3: Fotografias de composição frontal do sorriso para o planejamento e diagnóstico do caso.

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norma

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS Please, read the Instructions for Authors at the site www.revistaclinica.com.br A revista Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry é dirigida à classe odontológica e a profissionais de áreas afins. Destinase à publicação de artigos de investigação científica, relatos de casos clínicos e de técnicas, e revisões da literatura de assuntos de significância clínica, com periodicidade trimestral. As normas, principalmente na parte de referência da revista, estão baseadas no Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical Publication, do International Committee of Medical Journal Editors (Grupo de Vancouver). N Engl J Med. 1997;336:309-16. Essas normas foram atualizadas em outubro de 2004 e estão descritas no site http://www.icmje.org.

NORMAS GERAIS

1) Os manuscritos enviados para publicação deverão ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea a outros periódicos. Caso não sejam seguidas as normas da revista, o manuscrito será devolvido para as devidas adaptações. A revista Clínica reserva-se todos os direitos autorais do trabalho publicado, inclusive de versão e tradução, permitindo-se a sua posterior reprodução como transcrição, com a devida citação da fonte. 2) A revista Clínica reserva-se o direito de submeter todos os manuscritos à avaliação da Comissão Editorial, que decidirá pela aceitação ou não deles. No caso de aceitação, esta poderá estar sujeita às modificações solicitadas pelo Corpo Editorial. 3) Manuscritos não aceitos para publicação serão devolvidos com a devida notificação e, quando solicitada, com a justificativa. Os manuscritos aceitos não serão devolvidos. 4) Os prazos fixados para a eventual modificação do manuscrito serão informados e deverão ser rigorosamente respeitados. Sua nãoobservação acarretará no cancelamento da publicação do manuscrito. 5) Os conceitos emitidos nos artigos publicados bem como a exatidão das citações bibliográficas serão de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião do Corpo Editorial. 6) Os manuscritos deverão estar organizados sem numeração progressiva dos títulos e subtítulos, que devem se diferenciar pelo tamanho da fonte utilizada. 7) As datas de recebimento e de aceitação do manuscrito constarão no final deste, no momento da sua publicação. 8) A revista Clínica receberá para publicação manuscritos redigidos em português, inglês ou espanhol, entretanto, os artigos em língua estrangeira serão publicados em português. 9) No processo de avaliação dos manuscritos, os nomes dos autores permanecerão em sigilo para os avaliadores, e os nomes destes permanecerão em sigilo para aqueles. Os manuscritos serão avaliados por pares (duas pessoas) entre os consultores do Corpo Editorial. 10) Recomenda-se aos autores que mantenham em seus arquivos cópia integral dos originais, para o caso de extravio deles. 11) Manuscritos que envolvam pesquisa ou relato de experiência com seres humanos deverão estar de acordo com a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, ou com o constante na Declaração de Helsinki (1975 e revisada em 1983), devendo ter o consentimento por escrito do paciente e a aprovação da Comissão de Ética da Unidade (Instituição) em que o trabalho foi realizado. Quando for material ilustrativo, o paciente não deverá ser identificado, inclusive não devendo aparecer nomes ou iniciais. Para experimentos com animais, deverão ser seguidos os guias da Instituição dos Conselhos Nacionais de Pesquisa sobre uso e cuidados dos animais de laboratório. 12) Manuscritos deverão estar acompanhados das Declarações de Responsabilidade e de Transferência de Direitos Autorais, assinadas pelos autores. 13) A revista Clínica compromete-se a enviar ao endereço de correspondência do autor, a título de doação, um exemplar da edição em que seu trabalho foi publicado. Separatas e artigos em PDF são oferecidos a preço de mercado. Para mais informações, consulte nosso site: www. revistaclinica.com.br

CLASSIFICAÇÃO DOS MANUSCRITOS

Os manuscritos podem ser submetidos em três formatos: a) Artigos de investigação científica: título em português e inglês (máximo de 12 palavras), nomes, titulação e filiação institucional dos autores, endereço completo do autor principal (apenas na folha de rosto), resumo (máximo de 10 linhas), palavras-chave, significância clínica (máximo de 10 linhas), introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusões, abstract (máximo de 10 linhas), keywords, referências, desenho esquemático do experimento, tabelas, gráficos, agradecimentos e legenda das figuras (caso houver); b) Relato de casos clínicos e de técnicas: título em português e inglês (máximo de 12 palavras), nomes, titulação e filiação institucional dos autores, endereço completo do autor principal (apenas na folha de rosto), resumo (máximo de 10 linhas), palavras-chave, introdução, revisão da literatura, relato do caso, discussão, conclusões ou considerações finais, abstract (máximo de 10 linhas), keywords, referências, agradecimentos e legenda das figuras; c) Revisão da literatura: título em português e inglês (máximo de 12 palavras), nomes, titulação e filiação institucional dos autores, endereço completo do autor principal (apenas na folha de rosto), resumo (máximo de 10 linhas), palavras-chave, significância clínica (máximo de 10 linhas), introdução, revisão da literatura, discussão, conclusão, abstract (máximo de 10 linhas), keywords, referências, agradecimentos e legenda das figuras (caso houver).

REFERÊNCIAS

As referências (estilo de Vancouver) deverão ser numeradas consecutivamente, na ordem em que aparecem no texto pela primeira vez, excluindo-se, conseqüentemente, o nome do autor no texto. Todos os autores citados no texto, nas tabelas e nas figuras deverão constar nas referências conforme a numeração progressiva deles no texto.

EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS De um a seis autores

Lodish H, Baltimore D, Berk A, Zipursky SL, Matsudaira P, Darnell J. Molecular cell biology. 3rd ed. New York: Scientific American; 1995.

Com mais de seis autores

Liebler M, Devigus A, Randall RC, Burke FJ, Pallesen U, Cerutti A, et al. Ethics of esthetic dentistry. Quintessence Int. 2004 Jun;35(6):456-65.

Livro

Marzola C. Técnica exodôntica. 3a ed. rev. ampl. São Paulo: Pancast; 2001.

Capítulo de livro

Soviero C, Garcia RS. Músculos da mímica facial. In: Oliveira MG, organizadora. Manual de anatomia da cabeça e do pescoço. 3a ed. Porto Alegre: EDIPURS; 1998. p. 66-73.

Sem indicação de autoria

Council on Drugs. List no. 52. New names. JAMA. 1966 Jul 18;197(3):210-1.

Instituição como autor

Conselho Nacional de Saúde(BR). Resolução no 196/96, de 10 de outubro de 1996. Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentares de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: O Conselho; 1996.

Editor como autor

Murray JJ, editor. O uso correto de fluoretos na saúde pública. São Paulo: Santos;1992.

Trabalho em congresso

Lorenzetti J. A saúde no Brasil na década de 80 e perspectivas para os anos 90. In: Mendes NTC, coordenadora. Anais do 41º Congresso Brasileiro de Enfermagem; 1989 Set 2-7; Florianópolis, Brasil. Florianópolis: ABEnSeção SC; 1989. p. 92-5.

Dissertação e tese

Tavares R. Avaliação da resistência de fundações de amalgama, através da tração de coroas totais metálicas [dissertação]. Florianópolis

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Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.11, n.2, p. 206-207, abr./jun. 2015


(SC):Programa de Pós-Graduação em Odontologia/UFSC; 1988.

Documentos legais

Brasil. Portaria no 569, de 1 de junho de 2000. Institui o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 8 jun 2000. Seção 1.

Material não publicado

Tian D, Araki H, Stahl E, Bergelson J, Kreitman M. Signature of balancing selection in Arabidopsis. Proc Nath Acad Sci U S A. In press 2002.

Os títulos das revistas serão abreviados conforme consulta no Index to Dental Literature ou nos sites: http://ibict.br e/ou http://www.ncbi.nlm. nih.gov/entrez/query.fcgi?db=PubMed. Colocar no máximo 4 descritores (palavras-chave identificando o conteúdo do manuscrito). Consultar a lista de Descritores em Ciências da Saúde (DECS) elaborada pela Bireme e disponível na internet no site: http://decs.bvs.br, ou Index to Dental Literature, e/ou Medical Subject Headings(MeSH) do Index Medicus no site: http: // www.ncbi.nlm.nih.gov/ entrez/query.fcgi?db=mesh.

Artigo padrão

Notas de rodapé serão indicadas por asteriscos, mas devem ser evitadas ao máximo.

Artigo com número e suplemento

Evitar citar uma comunicação verbal; porém, se necessário, mencionar o nome da pessoa e data de comunicação entre parênteses no texto.

Kidd EA. How ‘clean’ must a cavity be before restoration? Caries Res. 2004 May-Jun;38(3):305-13.

Fitzpatrick KC. Regulatory issues related to functional foods and natural health products in Canada: possible implications for manufacturers of conjugated linoleic acid. Am J Clin Nutr. 2004 Jun;79(6 Suppl):1217S1220S.

Artigo sem número e com volume

Ostengo Mdel C, Elena Nader-Macias M. Hydroxylapatite beads as an experimental model to study the adhesion of lactic Acid bacteria from the oral cavity to hard tissues. Methods Mol Biol. 2004;268:447-52.

Artigo sem número e sem volume

Browell DA, Lennard TW. Inmunologic status of the cancer patient and the effects of blood transfusion on antitumor responses. Curr Opin Gen Surg. 1993:325-33.

Artigo indicado conforme o caso

Collins JG, Kirtland BC. Experimental periodontics retards hamster fetal growth [abstract]. J Dent Res. 1995;74:158.

Artigo de jornal

Tynan T. Medical improvements lower homicide rate:study sees drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12; Sect. A:2 (col.4).

Material eletrônico

Abood S. Quality improvement initiative in nursing homes: the ANA acts in an advisory role. Am J Nurs [serial on the Internet]. 2002 Jun [cited 2002 Aug 12];102(6):[about 3 p.]. Available from: http://www.nursingworld.org/ AJN/2002/june/wawatch.htm. Foley KM, Gelband H, editors. Improving palliative care for cancer [monograph on the Internet]. Washington: National Academy Press; 2001[cited 2002 Jul 9]. Available from: http://www.nap.edu/ books/0309074029/html/. Anderson SC, Poulsen KB. Anderson’s electronicatlas of hematology [CDROM]. Philadelphia: Lippincott Willians &Wilkins; 2002.

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS

A referência comercial dos equipamentos, instrumentos e materiais citados deve ser composta respectivamente por modelo, marca e país fabricante, separados por vírgula e entre parênteses. Nas citações diretas e indiretas deverá ser utilizado o sistema numérico. Quando apresentados por número seqüencial, colocar hífen; quando aleatório, colocar vírgula. As citações indiretas (texto baseado na obra de um autor) deverão ser apresentadas no texto sem aspas e com o número correspondente da referência (autor) sobrescrito. Exemplo: Nossos resultados de12 resistência de união ao esmalte estão de acordo com a literatura.12 As citações diretas (transcrição textual) deverão ser apresentadas no texto entre aspas indicando-se o número correspondente da referência e a pagina da citação, conforme exemplo: “Os resultados deste trabalho mostraram que os cimentos [...]”.12:127

As ilustrações (fotografia e desenhos, com exceção das tabelas, gráficos e quadros) deverão ser designadas como figuras. Todas as figuras deverão ser fornecidas em slides originais, ou digitais com boa resolução (300dpi e tamanho mínimo de 3000 x 2000 pixels). Todas as figuras, tabelas, gráficos e quadros deverão estar com suas legendas e ser citados no texto e nas referências (quando extraídos de outra fonte). A Comissão Editorial reserva-se o direito de, em comum acordo com os autores, reduzir quando necessário o número de ilustrações. A montagem das tabelas deverá seguir as Normas Técnicas de Apresentação Tabular (IBGE, 1979). Não utilizar nas tabelas traços internos verticais e horizontais. As tabelas e os gráficos deverão ser fornecidos junto com o disquete ou CD do artigo, no formato digital gerado por programas como Word, Excel, Corel e compatíveis. As fotografias deverão ser fornecidas em slides originais ou digitais com boa resolução (300dpi e tamanho mínimo de 3000 x 2000 pixels). É necessário também submeter 3 cópias coloridas (6 fotografias por folha) impressas em papel couché. No caso da submissão de slides, estes deverão vir em folhas de arquivo de slides, numerados, com as iniciais do primeiro autor e com o seu posicionamento (lado direito, esquerdo, superior e inferior) na moldura do slide.

APRESENTAÇÃO DOS MANUSCRITOS

Os artigos submetidos à revista deverão ser encaminhados em 3 cópias impressas, redigidos de acordo com a gramática oficial e digitados na fonte Times New Roman tamanho 12, em folhas de papel tamanho A4, com espaço duplo e margem de 3 cm em todos os lados, tinta preta e páginas numeradas no canto superior direito. O limite máximo para o tamanho do artigo será de 20 folhas. Deve-se encaminhar também cópia do documento utilizando-se o editor Word for Windows 98 ou editores compatíveis, em disquete 1.44 Mb ou CD. Todos os artigos deverão ser enviados registrados, preferencialmente por Sedex, e encaminhados à: Revista Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry. Servidão Vila Kinczeski, 23, Centro, 88020-450, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

CHECKLIST Declarações de Responsabilidade e de Transferência de Direitos Autorais assinada por todos os autores. Três cópias impressas incluindo figuras em papel couché. CD ou disquete contendo todo o manuscrito. Slides originais ou fotografias digitais gravadas em CD.

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27 a 30 de abril de 2016

Akinobu Ogata (Japão/EUA) | Carlos Fernández Villares (Espanha) | Nitzan Bichacho (Israel) Abelardo Baez (Chile) | Naoki Hayashi (Japão) | Paulo Monteiro (Portugal) | Jon Gurrea (Espanha) Pascal Magne (Suiça/EUA) | Eric Van Dooren (Bélgica) | Daniel Edelhoff (Alemanha) August Bruguera (Espanha) | Lorenzo Breschi (Itália) | Tetsuji Aoshima (Japão) | You Nino (Japão) BRASIL Cláudio Pinho | Ertty Silva | Luiz Otávio Camargo | Marcelo Calamita | Marco Masioli | Paulo Kano Oswaldo Scopin | Ronaldo Hirata | Sidney Kina | Victor Clavijo | José Carlos Romanini | Dudu Medeiros Carlos Archangelo | Rafael Decúrcio | Marcelo Kyrillos | Marcelo Moreira | Luis Calicchio | William Kabbach Eduardo Santini | Andrea Melo | Tininha Gomes | Rogério Marcondes | Luiz Gustavo Barrote Albino


2014 2015 2016

outubro novembro dezembro janeiro fevereiro marรงo abril maio junho julho agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro marรงo abril

R$ 1.580,00 R$ 1.580,00 R$ 1.580,00 R$ 1.660,00 R$ 1.660,00 R$ 1.660,00 R$ 1.740,00 R$ 1.740,00 R$ 1.740,00 R$ 1.830,00 R$ 1.830,00 R$ 1.830,00 R$ 1.920,00 R$ 1.920,00 R$ 1.920,00 R$ 2.010,00 R$ 2.010,00 R$ 2.010,00 R$ 2.120,00

12X 12X 12X 12X 12X 12X 12X 11X 10X 9X 8X 7X 6X 5X 4X 3X 2X 1+1

R$ 138,33 R$ 138,33 R$ 138,33 R$ 145,00 R$ 145,00 R$ 145,00 R$ 152,50 R$ 166,36 R$ 183,00 R$ 213,33 R$ 240,00 R$ 274,29 R$ 335,00 R$ 402,00 R$ 502,50 R$ 706,67 R$ 1.060,00 R$ 1.060,00

R$ 1.660,00 R$ 1.660,00 R$ 1.660,00 R$ 1.740,00 R$ 1.740,00 R$ 1.740,00 R$ 1.830,00 R$ 1.830,00 R$ 1.830,00 R$ 1.920,00 R$ 1.920,00 R$ 1.920,00 R$ 2.010,00 R$ 2.010,00 R$ 2.010,00 R$ 2.120,00 R$ 2.120,00 R$ 2.120,00

R$ 2.550,00 R$ 2.550,00 R$ 2.550,00 R$ 2.680,00 R$ 2.680,00 R$ 2.680,00 R$ 2.820,00 R$ 2.820,00 R$ 2.820,00 R$ 2.960,00 R$ 2.960,00 R$ 2.960,00 R$ 3.110,00 R$ 3.110,00 R$ 3.110,00 R$ 3.270,00 R$ 3.270,00 R$ 3.270,00 R$ 3.400,00

12X 12X 12X 12X 12X 12X 12X 11X 10X 9X 8X 7X 6X 5X 4X 3X 2X 1+1

R$ 223,33 R$ 223,33 R$ 223,33 R$ 235,00 R$ 235,00 R$ 235,00 R$ 246,67 R$ 269,09 R$ 296,00 R$ 345,56 R$ 388,75 R$ 444,29 R$ 545,00 R$ 654,00 R$ 817,50 R$ 1.200,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00

R$ 2.680,00 R$ 2.680,00 R$ 2.680,00 R$ 2.820,00 R$ 2.820,00 R$ 2.820,00 R$ 2.960,00 R$ 2.960,00 R$ 2.960,00 R$ 3.110,00 R$ 3.110,00 R$ 3.110,00 R$ 3.270,00 R$ 3.270,00 R$ 3.270,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00



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