O sangue

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Bruna Guerreiro

O Sangue (e as pérolas)

1ª edição Editora WI


2017

Copyright 2017 – by Bruna Guerreiro Grafia segundo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida total ou parcialmente, por nenhuma forma e nenhum meio, seja mecânico, ou qualquer outro, sem autorização prévia escrita da Editora WI. Título O sangue Capa Bruna Guerreiro Revisão Bruna Guerreiro Projeto Gráfico Equipe Editora WI

2017 Editora WI Rua Faustolo, 1861 cj 84 – Lapa CEP 05041-001 – São Paulo – SP Telefone: (11) 2158-0120


Bruna Guerreiro

O Sangue (e as pĂŠrolas)

*OnĂ­rico 19 Escrito entre janeiro e fevereiro de 2016.


Para Lisandra.


Índice

25/11.................................................................07 26/11................................................................16 23/12................................................................21 24/12................................................................27 25/12................................................................45 26/12................................................................74 28/12................................................................85 09/01................................................................102 11/01...............................................................112 Epílogos.........................................................121


Bruna Guerreiro

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O Sangue

25/11 Com movimentos lentos e calculados, me aproximei da cortina cinza escura da grande janela da sala. Escondendo meu corpo atrás da grossa cortina, virei o pescoço e a cabeça até conseguir enxergar a casa vizinha do outro lado do gramado. Podia ver, através da janela dela, a sala com a grande TV ligada e sempre, sempre!, aquela velha mulher, muito magra e enrugada, encostada na janela com os olhos pregados em nós. Praguejei com raiva. Voltei a cabeça e os olhos para nossa sala, tomada do barulho dos outros membros da família que não prestavam atenção em mim ou minha vigília. Até que encontrei o olhar de Diego, que me repreendia à distância. De pé. Sempre isolado num canto. Observando todos nós com seus olhos verde escuros tão atentos que parecia nem piscar. Participando da conversa apenas aquele mínimo possível para não ser esquisito demais. Bebendo cerveja quente direto da boca da garrafa. Eu odiava essa cerveja americana. Diego mantinha o olhar insistente em mim, daquele jeito de quem não pisca. Ele vivia fazendo isso, me olhando sem piscar. Parecia um peixe. Um peixe muito atraente, é claro. Todo este circo seria zilhões de vezes mais fácil se o policial destacado pro nosso caso não fosse esse pacote de músculos firmes debaixo dessa pele ligeiramente bronzeada, encimado por esse rosto de traços rudes irritantemente harmoniosos e coroado por esses cabelos dourados sempre revoltos e mal cortados. Diego era uma gloriosa delícia infernal e estava encarregado de todos nós no programa de proteção de testemunhas. Vivíamos eu, ele e o que sobrou da minha família nesta casa térrea na Flórida há três meses. Às vezes parecia que tínhamos chegado ontem. Nada era ainda natural, não havia como fazer essa vida entrar no piloto automático. Tudo tinha um sabor estranho de férias e eu suspeitava que já tinha engordado uns cinco quilos. Mas, às vezes... Às vezes parecia que eu já estava há séculos sendo submetida diariamente à tortura de trombar com 01

01 Seven Nation Army, The White Stripes

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Bruna Guerreiro esse homem pelos corredores felizmente largos da casa. Sentiame exausta da tão recente onipresença de Diego em minha vida. Porque ele me lembrava que aquilo não era férias. Não era uma história bonita, essa que nos tinha levado às nossas não férias na Flórida. Meu pai tinha sido advogado de uma organização criminosa por décadas. Bom, é claro que a gente não fazia a menor ideia disso, eu e meus dois irmãos. Até que a coisa toda estourou, houve uma série de prisões, e meu pai... Meu pai foi assassinado, junto com a esposa. Queima de arquivo. Nossa madrasta levou a pior. Não há evidências de que ela soubesse de muita coisa. E quanto a nós? Bom, depois de extensos interrogatórios, descobrimos que nós, os inocentes ignorantes, tínhamos muito mais informação útil do que poderíamos imaginar. “Sim, conheço esse fulano, vinha sempre aqui em casa.” E o fulano era promotor público. “O beltrano? É, realmente foi ele que pagou pelo carro e pelo apartamento.” E o beltrano era secretário estadual. Mas o pior mesmo foi o sicrano. O sicrano era da polícia. E eu vi o sicrano, invadindo meu apartamento com outros caras no dia do assassinato. Pior pra mim. Se todos nós éramos testemunhas ignorantes do envolvimento de muitos figurões com um esquema que envolvia desde tráfico de drogas até roubo de cargas, eu sabia muito bem o que eu tinha visto. Eu era testemunha ocular de que um policial civil estava a serviço de uma organização criminosa, fazendo o serviço sujo, que, no caso, era matar meu pai. O resultado? Eu ganhei de presente uma série de ameaças de morte. Nós todos ganhamos um novo sobrenome e, no meu caso, até o nome eu tive que mudar. Além de novo endereço, novo país. Ah, e o Diego. Ganhamos o Diego. – Ela tá aí? – perguntou Sílvia, minha irmã mais velha, trazendo uma travessa de bolinhos fritos para a mesa de jantar. – Tá. – respondi da janela. – Sai daí, Patrícia. – ralhou Eduardo, meu cunhado. – Você tá dando bandeira. 8


O Sangue Revirei os olhos, contrariada, mas obedeci. Andei com ostensiva má vontade até a mesa, da qual todos já se aproximavam para o jantar. – Ela é tipo uma espiã? – perguntou Ricardo, meu sobrinho de 12 anos, enfiando na boca um bolinho de queijo inteiro. – Tipo? – perguntei. – Ela é tipo uma pessoa fofoqueira que não sai da janela e fica de olhão nos vizinhos. Tipo isso, Rico. – Mas ela vai contar da gente, tia? – ele insistiu, de boca cheia. Nós todos nos entreolhamos, meio sem saber o que dizer. – Contar pra quem, Ricardo? – disse Diego, com sua voz de barítono. Eu não sabia por que ele sempre parecia estar rouco, era como aquelas pessoas que fumam muito. Só que ele nem fuma. Bom talvez ele tivesse fumado, antes. A gente não ficava exatamente conversando sobre vida pessoal com o policial que estava fazendo a nossa segurança. Ricardo arregalou os olhos para Diego e piscou nervosamente, com as bochechas lotadas de comida. – Ninguém. – disse, quase inaudível. E engoliu. Ricardo tinha medo do Diego. Era um medo injustificado, meio institucional e infantil. “Tem um policial na minha casa”, essas coisas. Era engraçado porque na maior parte do tempo ele nem lembrava que Diego estava ali, até porque Diego era muito discreto no ambiente familiar. Mas quando ele se dava conta daquela presença, ele se encolhia todo. É claro que Diego nunca tinha feito nada pra deixar o menino com medo, mas também nunca fez nada pra melhorar o climão e fazer uma amizade. Com ninguém. Mas a verdade é que Diego tinha perguntado o que todos estávamos pensando. Era só uma vizinha curiosa demais, essa senhora que vivia pendurada na janela, ou era alguma ameaça real pra nós? Certamente não era confortável despertar tanta atenção, na nossa situação. Nós precisávamos ser discretos. – A velha não tem o que fazer da vida, garoto. – falou meu irmão do meio, Renan, se jogando numa das cadeiras ainda vazias 9


Bruna Guerreiro em volta da mesa e agarrando um bolinho. – Chega gente nova na vizinhança, e estrangeiros, ainda por cima, ela vai ficar de olho. É só isso. Mas eu duvido que ela tenha pra quem contar as fofocas. – Ah, ela tem, sim. – emendou Sílvia, sentando-se finalmente à mesa e ajeitando os cabelos castanhos despenteados. Voltouse para nós com um olhar ansioso e uma voz de alerta, que não combinavam com ela. – Esta semana, quando a Lucy veio fazer a faxina, ela comentou comigo que a Mrs. Brown aí do lado... – Devia ser Mrs. Purple. – interrompeu Renan. – Vocês já notaram que ela só usa roxo? Talvez seja uma promessa. É uma pena, porque fica horrível com aquela tintura de cabelo que ela... Renan calou-se quando torci a boca pra ele. – Mrs. Brown já compartilhou suas opiniões a nosso respeito no mercado com quem quisesse ouvir. – continuou Sílvia, num sussurro alto. – Segundo ela, nós somos uma família muito esquisita e ela acha que Lucy nem deveria trabalhar aqui, porque não é seguro para uma moça. – Eu não vou fazer nada com a Lucy. – Renan atalhou, rindo cinicamente com a boca encostada no enorme copo de refrigerante. Eu odiava esse refrigerante americano. – Talvez a Lucy quisesse, tio. – brincou Ricardo, rindo junto com o tio. – Aparentemente, Mrs. Brown não entende muito bem as relações familiares, acha tudo muito confuso e sórdido. – continuava Sílvia, ignorando Renan e Ricardo. – Sórdido? – Ricardo repetiu, confuso. – Isso foi forte... – murmurei, esquivando-me de explicar ao sobrinho o significado da palavra. – Acho que as suspeitas dela se concentram no Eduardo e no Diego. – disse Sílvia. Diego desviou os olhos na direção de Eduardo rapidamente, mas Eduardo não devolveu o olhar. Limitou-se a abrir mais os olhos, parecendo meio ofendido, meio alarmado. – Eu?? – Sei lá se ela pensa que eles são cafetões. – Sílvia continuou, 10


O Sangue dando de ombros. Renan riu e Ricardo franziu a testa. Vai ver que ele nem sabia o que era um cafetão. – Ou que nos sequestraram... – Que que é “sórdido”? – falou Rico, mas ninguém deu atenção. – Definitivamente ninguém entende o que é o Diego. Isso não ajuda, né? A própria Lucy já veio me perguntar mais de uma vez, bem discretamente. – Renan falou, mordiscando a borda do copo. – Aliás, ela suspeita que vocês dois... Hum... – ele apontou pra mim com o dedo, e depois pro Diego, e, fazendo um biquinho torto que escondia um sorriso malicioso, rodou o indicador muito significativamente de mim para Diego, revirando os olhos cheios de má intenção. Senti meu estômago despencar uns dois andares. Sem mexer a cabeça, ergui o olhar pra esquerda até achar Diego. Ele estava olhando pra mim. No rosto dele não se lia nada. Porque nunca se lia nada no rosto de Diego. Não era possível. A Lucy realmente achava que eu e o Diego tínhamos alguma coisa? De onde ela tinha tirado isso? Lucy era uma moça de uns 20 e poucos anos, tímida, doce, amigável e super trabalhadeira, cuja família tinha se empobrecido ao longo de sua juventude, de modo que ela começou a ajudar em casa fazendo faxinas na vizinhança. Ela vinha duas vezes por semana e, tirando alguns poucos colegas de escola do Ricardo, era a única pessoa de fora que entrava na nossa casa regularmente. Mas de onde ela ia tirar a ideia de que eu e o Diego... Nós nunca... Será que eu alguma vez já..? – Ela não acha que eu sou filho de vocês. – Rico soltou de repente, e todos se voltaram pra ele, espantados. – Você tá falando sério?? – Eduardo esbravejou. – Como é que é, Rico?? – Sílvia perguntou, exaltada. – Explica isso direito! – O sobrinho dela, o Billy, tá na minha escola. Acho que é sobrinho dela, não sei. Porque, pensando bem... Ela é tão velha, né? Será que ela poderia ser tia de um menino dessa idade? Bom. Ele veio me perguntar. Ele me falou que a tia dele disse que eu não 11


Bruna Guerreiro parecia com vocês. O que, atualmente, era verdade. Mas quem conhecia o Rico desde bebê sabia que ele tinha mudado muito e teve fases muito parecidas com o pai e depois com a mãe. – Que absurdo!! – exclamou Sílvia, indignada. – Quando as mentiras começam a cheirar, até as verdades fedem. Ao ouvir a voz de Diego, todos se viraram para olhar para ele. Ninguém disse nada por muitos minutos. Todos nós olhávamos para Diego. Mas Diego, é claro, não olhava pra todos nós. Ele olhava pra mim. Só quando ele levou aos lábios a garrafa de cerveja que eu nem lembrava que ele ainda estava segurando é que todas as cabeças da tão nova e já tão questionável família Oliveira puderam descansar e se voltar novamente para a comida sobre a mesa. Frango empanado, purê de batatas, bolinhos de queijo e salada. Tudo parecia ótimo, só que ninguém mais parecia ter fome. Tínhamos que aprender uma ficção sobre nós mesmos e não estávamos sendo convincentes com nosso público mais imediato: os vizinhos. Tínhamos medo. Comentários se espalham. E com muita rapidez, naquele negócio maldito chamado internet. Levamos tanto tempo tentando nos adaptar à nova casa, novo sobrenome, nova realidade financeira, que esquecemos de parecer críveis. Sim, tínhamos que parecer críveis, não importava o quanto fôssemos uma família de verdade. Se éramos, ou o que éramos, pouco importava. Tínhamos, acima de tudo, que parecer. – Eu vou ao mercado agora à tarde. – disse Sílvia, resoluta, com o olhar fixo na travessa de frango empanado. – Eu vou comprar o peru, nós temos que assar o peru amanhã. – ela afirmou, com um soco débil sobre a mesa. – Pelo menos o peru tem que ter. – ela disse, como se um peru pudesse nos salvar de toda desconfiança. Acontece que o dia seguinte era Dia de Ação de Graças. Nenhum de nós dava a mínima, é claro. Teoricamente nós não tínhamos que fingir que nos importávamos com isso, já que mesmo na nossa ficção nós éramos brasileiros, e essa não é uma 12


O Sangue data brasileira. Mas de repente Sílvia achou que um peru assado no meio daquela mesa era a capa de normalidade que nos faltava. E ela se agarrou a essa ideia com uma tenacidade pueril. – Uma árvore de Natal. A gente precisa decorar essa casa pro Natal! – exclamou Eduardo, comprando a ideia de sua esposa. – Você vem comigo, filho? – A gente vai comprar uma dessas de verdade?? Eu vi onde vendem! – perguntou Ricardo. – Vamos, vamos comprar uma de verdade. – Eduardo olhou de relance para Diego e depois voltou a olhar pro filho com um sorriso pouco natural no rosto. Aquilo era tão absurdo quanto patético. Pareceu-me que, quanto mais esforço fizéssemos para parecer reais, menos seríamos. Renan torceu a boca com desgosto e olhou pra mim. – E você, Patrícia? O que você vai fazer pra reforçar a credibilidade da nossa família? – Eu?? – devolvi, com a voz mais aguda do que eu gostaria. – Parece que todo mundo tá fazendo alguma coisa pra nos misturar à normalidade da vizinhança. Você não vai fazer nada? Mordi o lábio, nervosa, pensando sob pressão. Eu tinha mesmo que me envolver nessa farsa dentro da farsa? Eu tinha, é claro, foi o que pensei, respirando fundo. Eles todos estavam ali por minha causa, eu sabia muito bem disso. Eu nunca esquecia disso. – Eu vou comprar uns presentes de Natal, eu já tava mesmo doido pra fazer isso. – Renan disse. – Eu entro daqui a pouco na lanchonete, pego o último turno hoje. – A gente vai rapidinho. – ele insistiu. – Topa? De repente, sei lá por que, eu olhei pro Diego, como se eu estivesse pedindo a opinião dele. Ou pior, a autorização. É claro que ele não disse nada, mas eu achei que podia ver um traço de decepção, ou hesitação, no modo como ele segurava em mim o olhar. – Tá, eu vou com você. – resolvi. 13


Bruna Guerreiro Em nosso ato nada grandioso de normalidade, Renan e eu fomos a uma dessas lojas de departamentos americanas tão gigantescas que você nem consegue ver o final do corredor onde você está. Os corredores eram tão largos e o pé direito tão alto que parecia que estávamos perdidos numa loja de miniaturas criada para a diversão de gigantes. Os itens à venda até poderiam ser compatíveis com o meu tamanho, mas não era possível que aquele estabelecimento monstruoso tivesse sido construído para mim. Toda a família recebia uma mesada limitada, que fazia parte do programa de proteção à testemunha. Eu e Renan éramos os únicos com emprego, mas nossos salários não eram grandes coisas. Eu tinha conseguido emprego num café, o Blueberry, e Renan, o primeiro de nós a se empregar na nova vida, trabalhava numa loja de conveniência. Mas a variedade dos itens era muita, os preços eram baixos e no final pudemos comprar presentes de Natal pra todos da casa. Por mais ínfimo que fosse, eu tinha que reconhecer que comprar presentes de Natal estava tendo o melhor dos efeitos sobre mim. A capa de normalidade me servia muito bem, era exatamente o que eu estava precisando. Quase parecia que aquela vida era de verdade, era permanente. E eu me surpreendi com o prazer e o alívio que aquilo me deu. Observei pelo rabo do olho meu irmão andando pelos corredores e mexendo nas araras de roupas. Renan era um ser adaptável. Nunca demonstrava incômodo com aquela situação esquisita que vivíamos, parecia que pra ele tudo era uma aventura. Poderia ser interessante, encarar a coisa toda dessa forma, mas eu não conseguia. Talvez porque eu fosse o alvo. Eu tinha que ter medo, não tinha? Eu estava sendo caçada. Finalmente consegui me concentrar nas compras. Depois de tudo escolhido para os membros da família, fiquei uns bons dez minutos oscilando feito um pinguim na frente de um expositor de óculos escuros, decidindo se ia comprar alguma coisa pro Diego. Achei que seria antipático e esquisito não levar nada, já que ele estaria conosco no Natal, então comprei um belo modelo clássico, 02

02 You Can’t Always Get What You Want, Band from TV

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O Sangue meio anos 1970. A partir de então, fiquei neuroticamente revisando e ensaiando na minha cabeça como seria esse momento solene: dar um presente de Natal pro Diego. Passei a tarde e a noite fritando bacon na lanchonete e pensando nisso. Como seria engajar meus esforços nesse episódio de interação social inédito entre nós? Da porta da rua pra fora, Diego era um de nós, era parte do grupo. Fazia as compras conosco no mercado, às vezes buscava o Ricardo na escola com aquela picape velha horrorosa que ele tinha arranjado, levava o lixo pra fora e varria a varanda, como qualquer membro da família Oliveira. Da porta pra dentro, porém, ele era o estranho entre nós. E se comportava como tal. Era cuidadoso, até em excesso, para não se misturar na nossa intimidade familiar, e frequentemente era visto de pé num canto, mexendo no celular e dardejando uns olhares penetrantes pra cá e pra lá. Supervisionando. Vigiando. Eu deveria ter comprado de presente pra ele uma cadeira bem alta daquelas de guarda-vidas de piscina. Com certeza ele ia adorar. Mas eu ainda tinha um mês antes de entregar a caixinha embrulhada em papel vermelho para ele. Aquele negocinho ainda ia ficar um mês queimando meu cérebro e o fundo da minha gaveta de calcinhas. ~

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