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Medicamentos Inovadores e sustentabilidade dos sistemas de saúde NA ÚLTIMA DÉCADA ASSISTIU-SE A UM PERÍODO DE GRANDE INOVAÇÃO TERAPÊUTICA. CONTUDO, A COMBINAÇÃO DO NÚMERO DE MEDICAMENTOS FRANCAMENTE INOVADORES COM OS PREÇOS ELEVADOS A QUE CHEGAM AO MERCADO, CRIA UMA ENORME PRESSÃO SOBRE OS ORÇAMENTOS DA SAÚDE. Autor: Helder Mota Filipe, Professor Associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
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egundo a definição da Agência Europeia do Medicamento (EMA), um medicamento inovador é qualquer medicamento que contenha uma substância ativa ou uma combinação de substâncias ativas que nunca tenham sido autorizadas antes. Esta definição não acrescenta informação sobre a mais-valia que esse medicamento pode acrescentar ao arsenal terapêutico. A definição da EMA inclui todos os medicamentos novos mesmo que não apresentem inovação significativa do ponto de vista terapêutico. Frequentemente, um medicamento novo não acrescenta inovação terapêutica significativa. Neste texto consideramos medicamentos inovadores apenas aqueles que, do ponto de vista da sua utilização, podem acrescentar características que são inovadoras relativamente às alternativas disponíveis até à sua aprovação. Na última década vivemos um período de grande inovação terapêutica que ficou a dever-se, em grande parte, aos avanços muito importantes nas ciências designadas fundamentais (por oposição às ciências
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aplicadas). Destacam-se de forma clara a biologia molecular e a genética que contribuíram para a descoberta de mecanismos fisiopatológicos e para a identificação de alvos para novas intervenções farmacológicas, mas também para o desenvolvimento de novos medicamentos de natureza diversa dos até então disponíveis. São exemplos a utilização de anticorpos monoclonais ou células geneticamente modificadas como medicamentos. Aqueles conhecimentos estão também na base do que se designa “medicina personalizada” ou “medicina de precisão” que, através da combinação adequada das caraterísticas específicas dos medicamentos com as características genéticas do doente, permite que para cada doente seja escolhida a alternativa terapêutica mais adequada, evitando falências terapêuticas ou efeitos adversos. Se observarmos os ensaios clínicos com medicamentos inovadores que estão a ser desenvolvidos na Europa, facilmente chegaremos à conclusão que a chegada de medicamentos inovadores ao mercado continuará a aumentar. Muitos destes medicamentos são classificados
como medicamentos biológicos ou medicamentos de terapia avançada, pelo que a sua avaliação científica é efetuada centralmente pelos comités científicos da EMA e a autorização de introdução no mercado é emitida simultaneamente para todos os estados membros. No entanto, a inovação não tem sido igual em todas as áreas terapêuticas. A área onde mais inovação tem acontecido é a da oncologia, com substâncias ativas de diferentes naturezas químicas e com novos mecanismos de ação. Mas não podemos esquecer os avanços recentes na área do HIV ou da hepatite C. E é ainda de sublinhar os avanços
“Na última década vivemos um período de grande inovação terapêutica que ficou a deverse, em grande parte, aos avanços muito importantes nas ciências designadas fundamentais”
AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL