Manacá - História, Unidade 3

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UNIDADE

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A cara do Brasil não cabe num verbete – 2

*Professor(a): Esclareça aos alunos que, nesse contexto, vislumbrar significa ‘ver, enxergar de modo parcial, de forma indistinta, tênue’. Os fragmentos da prosa poética desmembrada ao longo das aberturas de unidade deste volume formam um único poema cujo tema é o retrato do Brasil visto pelos olhos da autora. A repetição do título nas Unidades 2 e 3 e, posteriormente, na Unidade 4, tem o objetivo de reforçar a ideia da diversidade da beleza, riqueza e também dos nossos desafios para resolver muitos problemas que nos afetam.

Vejo minha pátria e percebo: mãos operárias, camponesas moldando riquezas em cidades e campos.

Olho para minha terra e observo: crianças que querem ser apenas crianças.

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Professor(a): Estimule a reflexão e a troca de ideias entre os alunos. Comente que um dos objetivos desta unidade é ampliar os estudos sobre o tempo em diferentes perspectivas e sobre alguns dos problemas sociais que afetam a vida da população do país em que vivemos.

O que você vai estudar

Diferentes tipos de calendário. Jornada de trabalho no Brasil e em outros países. As primeiras fábricas inglesas.

Entre as favelas e mansões as multidões gritam por direitos.

Condições de vida e de trabalho dos operários no século XIX e início do século XX. A história do Primeiro de Maio.

Em filas intermináveis, vislumbro:* um fio de solidariedade tecendo a cidadania.

ROSANA URBES/ARQUIVO DA EDITORA

O Primeiro de Maio no Brasil e o governo de Getúlio Vargas.

Vamos conversar

Nesta unidade, vamos pensar a respeito das diferentes percepções sobre a passagem do tempo e conhecer as condições de vida de operários e operárias ao longo da História. Enfim, vamos refletir sobre relações entre tempo e trabalho. E você, como usa o seu tempo? 73

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CAPÍTULO

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Uma história sobre tempos e datas

Professor(a): Consulte no CAP o quadro de sugestões de trabalho com transversalidade e interdisciplinaridade do Capítulo 6, nas Orientações específicas para este volume.

LEIO, OUÇO E APRENDO

Duda estava tomando banho, cantarolando um frevo no chuveiro: Eta frevo bom, danado! Eta povo animado! Quando o frevo começa, parece que o mundo já vai se acabar. Êh! Quem cai no passo não quer mais parar.

ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

Agenda, calendário, correria: socorro!!!

Versos do frevo “Bom, danado!”, de Luiz Bandeira e Ernani Seve, 1954.

— Duda, ande logo com esse banho, menina! É preciso economizar água e energia — advertiu sua mãe, dona Maria Aparecida. — E arrume-se logo que vamos para as manifestações do Primeiro de Maio. — Ah! Por Deus, mãe! Hoje é feriado. Eu passei a semana toda tentando organizar minha agenda: escola, lições, aula de dança, aula de inglês, aula de informática, aula de natação… Tô muito cansada! A senhora não tem pena de mim? — Tenho, sim, Duda, e você sabe que me canso também ao tentar organizar meu tempo para levá-la a tantos lugares. E olha que ainda tenho de trabalhar na universidade e aqui em casa! Também estou exausta. Mas lembre-se: foi você quem quis fazer tudo isso… — Ah, mãe… Tô arrependida, não quero mais! Nem tenho tempo pra brincar… Por favor, mãe, não vamos nessa manifestação, não… — Duda, não posso faltar. Tenho compromissos lá e considero esta data muito importante. 74

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— O dia do trabalho? — Não é “dia do trabalho”. O Primeiro de Maio é o Dia do Trabalhador. — Não é a mesma coisa? — Não. Essa data foi criada pelos trabalhadores do passado* para que nós, trabalhadores de hoje, fizéssemos dela um dia de comemoração e protesto. Isso é muito diferente de dizer “dia do trabalho”. — Como assim? — É uma longa história, no caminho eu explico para você. — Ah, não! É sempre assim, você nunca tem tempo… Eu quero saber agora: afinal, o tempo não é o mesmo pra todo mundo? — Depende do que você entende sobre o tempo. Por exemplo: quem vive nas grandes cidades, em geral, sente o tempo de maneira diferente dos que vivem em povoados menores. Você, por exemplo, estava reclamando de que anda muito cansada, porque não tem mais controle sobre o seu tempo… Uma criança que mora em uma cidade diferente, ou mesmo aqui em Recife, e não tem a oportunidade de fazer as atividades que você faz, não deve sentir a passagem do tempo da mesma forma que você sente. — Ela deve ser bem mais feliz que eu… — Não sei, não. Algumas podem ser, mas aposto que muitas delas queriam ter as oportunidades que você tem. Mas o que quero que você perceba, minha filha, é que as pessoas que vivem e trabalham nas grandes cidades têm ritmos e horários diferentes: algumas trabalham à noite, em turnos. Há indústrias nas quais as máquinas não podem ser desligadas, então o ritmo do trabalho das pessoas é imposto pelas máquinas. Para as atividades realizadas

ILUSTRAÇÕES: ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

*Professor(a): No decorrer do capítulo os alunos conhecerão a história do Primeiro de Maio e poderão identificar esse tempo/ período/data, aqui nomeado de “passado”.

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*Professor(a): Explique aos alunos que perguntadeira é um neologismo, ou seja, a autora apropriou-se de um modo de falar que se tornou comum na linguagem popular, mas que só recentemente foi incorporado a alguns dicionários. Nas normas urbanas de prestígio, o termo usado poderia ser perguntador ou perguntante.

ILUSTRAÇÕES: ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

nas cidades, principalmente nas grandes cidades, digamos que seja possível “alongar” o dia, por causa da luz elétrica. No campo, isso até acontece, mas nas grandes áreas de agricultura isso não é possível. Agora vamos, Duda, pois já estamos atrasadas para o nosso compromisso. — Sempre o tempo! Olhe, mãe, eu já entendi que o tempo é importante, mas eu preciso lhe dizer algumas coisas. Primeiro: esse compromisso é da senhora, e não meu. Segundo: eu entendi que o tempo é sentido de forma diferente pelas pessoas, mas tem muita coisa que ainda não entendo. — O que você não entende, filha? — perguntou a mãe. — Por exemplo: Quem foi que teve a ideia de inventar o calendário? — Xiiii… Que menina perguntadeira!*Duda, essa é outra longa história, eu juro que conto no caminho, mas só para adiantar, já vou dizendo que nossa conversa vai tratar de calendários, no plural.

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ILUSTRAÇÕES: ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

— Calendários? E tem mais de um, é? — Tem, sim. Mais alguma pergunta, mocinha? — Várias! Também quero saber por que Primeiro de Maio é o Dia do Trabalhador, por que não é outro dia qualquer? Na verdade, mãe, eu quero saber o porquê desses dias: Dia do Índio, da Mulher, do Trabalhador, de Tiradentes, da Independência, das Mães, dos Pais… — São datas completamente diferentes, com sentidos e intenções completamente distintos. Mas não se esqueça de que no calendário também existe o Dia da Criança — enfatizou dona DIA DO ÍNDIO, DIA DA MULHER, DIA DA CRIANÇA... Maria Aparecida. — É, tem realmente, mas não é feriado só porque é o nosso dia… — Você tem razão, é feriado nacional por causa da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. — Viu? Criança não tem vez mesmo. Se eu tivesse poder de decidir, eu faria uma lei com uma semana inteira pra todas as crianças… Não, pensando melhor, do jeito que estou cansada, eu queria era um ano inteiro no calendário, para que a gente pudesse sossegadamente tomar banho, dormir e só brincar! Dona Maria Aparecida sorriu e, enquanto seguia para as manifestações do Primeiro de Maio, refletiu:

PRECISO REVER COM URGÊNCIA A MINHA AGENDA E A DE MINHA FILHA. PRECISAMOS DE MAIS TEMPO, COM CERTEZA! AFINAL, O TEMPO NÃO VAI NOS ESPERAR ATÉ QUE ENCONTREMOS TEMPO PARA NÓS… 77

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OBSERV O O MUNDO

OPÇÃO BRASIL IMAGENS/SILVESTRE SILVA

LATINSTOCK/CORBIS/BERNARD ANNEBICQUE/SYGMA

2. Professor(a): As estações do ano acontecem de forma inversa em cada um dos hemisférios terrestres. Enquanto é verão no hemisfério sul, é inverno no hemisfério norte. No Brasil, em geral, o outono inicia-se em 20/3; o inverno, em 20/6; a primavera, em 22/9; o verão, em 21/12. Na Europa, em geral, portanto, o outono inicia-se em 22/9; o inverno, em 21/12; a primavera, em 20/3; o verão, em 20/6.

Brasil, outubro de 2011.

LATINSTOCK/CORBIS/CRAIG SHEPHEARD /DEMOTIX

OPÇÃO BRASIL IMAGENS/CARLOS GOLDGRUB

Inglaterra, outubro de 2011.

Inglaterra, dezembro de 2010.

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Brasil, dezembro de 2010.

De qual estação do ano você mais gosta? Por quê?

Resposta aberta.

2 Embora as estações do ano sejam as mesmas tanto no Brasil como na Europa, elas não ocorrem no mesmo período. Pesquise e procure descobrir: a) os dias e os meses em que inicia e termina cada estação do ano no Brasil e no continente europeu; 78

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b) as principais características de cada uma dessas estações no brasil e no continente europeu. c) registre suas descobertas no caderno.

3. a) Professor(a): Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

3 a ilustração a seguir foi publicada num jornal de stuttgart, cidade que fica na atual alemanha, durante as comemorações do Primeiro de maio, em 1898.

UniVersiDaDe De heiDeLberG

a) observe-a atentamente e leia a legenda que a acompanha.

No continente europeu, o mês de maio é muito especial, pois lá é primavera. Antes da criação das fábricas do século XVIII, os camponeses em muitas regiões da Europa realizavam grandes festas para comemorar essa estação: festejavam o florescimento da natureza e também a abundância de alimentos.

b) Quando você olha para essa imagem, você se lembra de alguma estação do ano? Qual? Por quê?

Professor(a): Podemos associá-la à primavera (não apenas pelas informações que a legenda fornece, mas pelos adornos de flores que envolvem o cartaz e por outras referências, como a cesta de flores que a garotinha em primeiro plano carrega).

4 Volte às descobertas que você fez na atividade 2 e responda: a) Qual é a estação anterior à primavera? Inverno.

b) Quais são as principais características dessa estação na europa? o que acontece no campo, nas estradas e com alguns rios e lagos? Temperaturas, na maioria das vezes, abaixo de zero, causando frio intenso; em alguns lugares há nevascas, congelamento de rios, etc.

5 Pensando nas características que você descreveu na atividade anterior, explique por que a primavera era tão festejada pelos camponeses europeus.

Professor(a): Estimule os alunos a pensar no quanto o inverno, na maioria dos países europeus, é rigoroso e, portanto, a que ponto, para as comunidades agrícolas tradicionais (pré-Revolução Industrial), contar com uma natureza dadivosa na primavera e no verão era essencial para sua sobrevivência.

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ORGANIZO AS INFORMAÇÕES E APRENDO MAIS Só você 1

Duda faz muitas atividades durante a semana e, além do cansaço, não está conseguindo administrar seu tempo. E quanto a você? Considera importante conseguir organizar seu tempo? Explique.

Professor(a): A resposta é aberta. Argumente sobre a importância de organizar nosso tempo distribuindo nossas tarefas ao longo do dia para termos tempo para descanso, lazer, leitura, etc.

2 Consulte um calendário e organize, em seu caderno, uma agenda de suas atividades semanais. Siga este roteiro: a) Dê um título para a sua agenda. Exemplo: Eu e meu tempo. b) Pense em tudo o que você faz nos três períodos de seu dia (por exemplo, pela manhã: acordar, arrumar a cama, escovar os dentes, etc.). Faça o mesmo para a tarde e a noite. c) Inclua os horários em que você está na escola e aqueles que reserva para fazer as atividades escolares em sua casa. Professor(a): Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

3 Depois de organizar a agenda, observe suas anotações e avalie:

a) Após cumprir todas as atividades diárias, quanto tempo resta para você brincar e se divertir? Resposta aberta. Resposta aberta. ILUSTRAÇÕES: EDDE WAGNER/ARQUIVO DA EDITORA

b) Você acha esse tempo suficiente? Por quê?

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Professor(a): Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

O tempo não para

GETTY IMAGES/SSPL

LATINSTOCK/CORBIS/CHARLES & JOSETTE LENARS

Perceber a passagem do tempo e determinar formas de dividi-lo para organizar as atividades não é uma preocupação apenas das pessoas das sociedades modernas. Nas sociedades antigas, os povos também precisavam controlar o tempo para organizar atividades fundamentais para a sobrevivência dos seres humanos. Por exemplo: era preciso saber qual seria a melhor época para o plantio, a colheita, a caça e a pesca, e era necessário também escolher o melhor período para comemorar as festas religiosas ou realizar as atividades comerciais. Para nós, que atualmente temos marcadores de tempo precisos como relógios e calendários, essa é uma tarefa fácil. Mas, antes, como você acha que os seres humanos percebiam e marcavam a passagem do tempo? Há milhares de anos, os seres humanos olhavam para o céu para observar as estrelas, o Sol, a Lua. Com base nessas observações, foi possível construir calendários e relógios. Observe dois relógios inventados em tempos passados:

Relógio de água egípcio, com cerca de 3 400 anos. Esse pote de cerâmica, com um furinho para a passagem de água, é um dos relógios mais antigos de que temos notícia. O pote tinha várias marcas dentro dele. Colocava-se água e, à medida que o nível da água que escoava pelo furinho baixava, contava-se o tempo, observando-se as marcas.

Relógio de sol, do século XVIII, em Pequim, na China. Por meio de um relógio de sol como este, era possível calcular as horas. Um ponteiro, feito de uma peça de metal fixada no centro do mostrador, projetava uma sombra. De acordo com a posição da sombra, calculavam-se a altura do Sol e a hora aproximada.

Você se lembra de que dona Aparecida havia prometido contar a história dos diferentes calendários para Duda? Vamos conhecer um pouco sobre esse assunto? 81

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Professor(a): O ano é determinado pelo movimento de translação. Para realizar esse movimento a Terra leva exatos 365 dias, 6 horas, 11 minutos e 53,7 segundos. Como o calendário juliano considerava que o movimento de translação durava 365 dias e 6 horas, com o passar do tempo a soma dos minutos, segundos e milésimos de segundo excedentes deu cerca de 10 dias de diferença, e começou a ocorrer uma mudança nas datas do início das estações. Por exemplo, em 1582, a primavera, no continente europeu, iniciou em 11 de março, quando deveria ter iniciado no dia 21 do mesmo mês.

Diferentes calendários, diferentes marcos

EDDE WAGNER/ARQUIVO DA EDITORA

Um dos calendários mais antigos é o judaico. Para o povo judeu, a data da criação do mundo, que, segundo sua interpretação da Bíblia, aconteceu 3 761 anos antes de Cristo nascer, marca o início do seu calendário. Já os muçulmanos, cuja religião é o Islamismo, consideram o início do calendário islâmico o dia em que o profeta Maomé, fundador dessa religião, fugiu de uma cidade chamada Meca para outra, chamada Medina. Isso ocorreu no ano 622 do calendário cristão. O calendário usado no Brasil é o calendário cristão ou ocidental. Ele foi adaptado de outro calendário, em 1582, para uso dos cristãos católicos. O calendário cristão é também conhecido pelo nome de gregoriano, por causa de Gregório XIII, o papa da Igreja Católica que o instituiu. Como foi reelaborado pelos cristãos, o ano 1 desse calendário é o suposto ano do nascimento de Cristo. Os sábios que o criaram calcularam que Cristo havia nascido 1 582 anos antes deles, e é por isso que hoje se pode datar a criação do calendário cristão no ano de 1582. Para inferir a data do nascimento de Cristo, eles se basearam em outro calendário, criado pelos romanos (o calendário juliano). Quando os romanos criaram o calendário juliano, eles consideraram que o movimento de translação durava apenas 365 dias e 6 horas quando, na verdade, dura 365 dias, 6 horas, 11 minutos e 53,7 segundos. Com o passar dos anos, começou a acontecer um desvio nas datas de início das estações. Na época, a religião católica se espalhava pela América, e o papa Gregório XIII queria que os dias sagrados para os católicos fossem comemorados em todos os lugares em que eles viviam. Então ele estabeleceu a reforma do calendário juliano, que passou a ser chamado de gregoriano. Atualmente, o calendário gregoriano é aceito pela maioria dos povos, pois facilita a comunicação e o comércio entre diferentes países. Apesar disso, judeus e muçulmanos mantêm seus calendários para comemorar suas festas religiosas. 82

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Agora, vamos aprender mais sobre a história dos calendários?

Só você

5. b) Professor(a): A cruz, símbolo da cristandade; o crescente fértil (cultura islâmica), que simboliza a extensão, o tamanho do Dar al Islam (“a terra da paz”) em contraste com o restante do mundo, que é chamado de Dar al Harb (“a terra da guerra”), ou seja, o lugar considerado fora da lei maometana. A cultura judaica é representada pela estrela de Davi, que tem seis pontas.

4 Você aprendeu que a passagem do tempo está ligada aos ciclos naturais. Mas a forma de contar, representar e marcar o tempo foi inventada pelos seres humanos. Para responder às questões a seguir, consulte o texto sobre diferentes calendários, da página anterior. a) Que fato marca o início do calendário cristão ou ocidental? O nascimento de Jesus Cristo.

A fuga de Maomé de Meca para Medina

b) Que fato marca o início do calendário islâmico? em 622. Professor(a): Comente que esse c) Que fato marca o início do calendário judaico?

fato também é conhecido como Hégira.

A criação do mundo, conforme interpretação judaica da Bíblia.

1o de Janeiro de 2000

24 de Ramadã de 1378

Ocidental (Gregoriano)

Islâmico

23 de Tevet de 5760 MARCO ANTONIO CORTEZ/ARQUIVO DA EDITORA

MARCO ANTONIO CORTEZ/ARQUIVO DA EDITORA

5 A ilustração a seguir mostra como um mesmo dia é representado nos calendários de três culturas diferentes, por três datas diferentes. Observe-a.

Baseado no ciclo solar, tem como referência o nascimento de Cristo.

A base é a Lua. Inicia-se com a fuga de Maomé de Meca, 622 depois de Cristo.

Judaico Calendário lunar, parte de criação do mundo, conforme a Bíblia.

Fonte: Ilustração adaptada da revista Época. São Paulo: Globo, n. 55, jun. 1999.

a) Quais são as três culturas representadas na ilustração? Professor(a): Cultura ocidental ou cristã, islâmica e judaica.

b) Quais são os símbolos usados para representar essas três culturas? 6 Você leu que o calendário usado em nosso país é o calendário ocidental ou cristão. Observe novamente a ilustração acima e responda no caderno: a) Que dia, mês e ano estão destacados no calendário usado no Brasil? 1º de janeiro de 2000.

b) Nos calendários islâmico e judaico essa mesma data é contada da mesma maneira? Explique. Não. Professor(a): Essa mesma data no calendário islâmico é 24 de Ramadã de 1378 e no judaico é 23 de Tevet de 5760.

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Tempo e trabalho Professor(a): Se possível, promova a audição da canção e incentive os alunos a cantá-la. Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

Em grupo 7 Leia os versos da canção e observem também as tabelas desta página. Depois, respondam: Qual é a mensagem principal que Rita Lee e Roberto de Carvalho transmitem em sua canção?

Corre-corre O ano passado passou tão apressado Eu sei que foi um corre-corre-corre danado O ano inteiro eu passei sem dinheiro Eu sei que foi um tal de segurar essa peteca no ar Como se fosse empinar papagaio Nem sempre tem vento Mas sempre tem jeito pra dar

Quando se trata de vida ou de morte E se não me engano No próximo ano Vai vir aquela dose de cicuta que eu vou ter que engolir Como se fosse um suco de fruta Como se fosse eu a grande maluca Corre-corre-corre Corre-corre-corre

Rita Lee e Roberto de Carvalho. Corre-corre. LP Rita Lee, Som Livre, 1979.

Tabela 1 Média de horas trabalhadas por semana em algumas regiões metropolitanas do Brasil Maio/2009 Maio/2012 41,2 40,8 Recife Salvador 40,3 40,6 Belo 40,9 41,0 Horizonte Rio de 42,0 42,1 Janeiro 42,3 42,6 São Paulo Porto Alegre 42,0 42,1 Fonte: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl. asp?z=t&o=1&i=P&c=2166>. Acesso em: 22 nov. 2013.

Tabela 2 Média de horas trabalhadas por ano em alguns países (maio/2006) Coreia do Sul 2392 México 2110 Venezuela 1931 Argentina 1903 Brasil 1841 Estados Unidos 1819 Espanha 1798 Holanda 1355 Fonte: <http://www.wharton.universia.net/ index.cfm?fa=viewfeature&id=1132&language =portuguese>. Acesso em: 22 nov. 2013.

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9. Professor(a): Discuta com as crianças as necessidades diárias de tempo para o sono, as refeições, a higiene pessoal; o tempo gasto em deslocamentos (especialmente nos grandes centros urbanos), bem como a necessidade de reservar tempo para o lazer, o convívio com a família, com os amigos e, também, tempo para se instruir, atualizar conhecimentos, etc. Reforce que poucos trabalhadores dispõem dessas condições na atualidade.

8 Considerando as tabelas da página anterior, respondam: a) Comparando os dados da tabela 1, houve aumento ou diminuição da média de horas trabalhadas pelas pessoas no período? Professor(a): Houve um aumento em todos os centros, exceto Recife. b) Vocês veem alguma relação entre os dados da tabela 1 e a canção “Corre-corre”? Expliquem. c) Ao observar a tabela 2, vocês acham que, no Brasil, os trabalhadores dedicam muito tempo ao trabalho?

Respostas abertas. Professor(a): Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

Só você

Professor(a): Neste momento, forme uma roda de discussão na classe para ouvir os alunos.

9 Como você verificou, dona Maria Aparecida tem uma agenda bastante ocupada: ela trabalha fora, cuida da casa e da filha. E você e sua família? Os adultos de sua casa reservam horários específicos do dia ou da semana para brincar e conversar com você? Resposta aberta. 10 Leia o texto abaixo. Em seguida, responda: a) Por que a maioria dos trabalhadores brasileiros da atualidade está ligada ao seu trabalho 24 horas por dia? b) Quais são os mecanismos que possibilitam que os trabalhadores não consigam se desligar do trabalho, mesmo não estando no seu local de aberta. Professor(a): Segundo Pochmann, o uso das novas tecnologias de informação impede que trabalho? Resposta boa parte dos trabalhadores se desligue do trabalho. Também amplia a jornada de trabalho à medida que c) Seu pai, sua mãe ou outra pessoa responsável por você se enquadram na os trabalhadores, mesmo não estando no local de trabalho, estão conectados situação descrita pelo autor? a ele. A popularização do celular faz com que mesmo os trabalhadores com menor qualificação profissional sofram com esses efeitos.

Mais de 70% dos brasileiros na atualidade trabalham no setor de serviços. Nós estamos num momento de intensificação do trabalho e da jornada de trabalho pelo uso das novas tecnologias de informação: pela internet, pelo telefone celular. Enfim, pelos novos mecanismos de informação e comunicação, que nos fazem prisioneiros do trabalho, não apenas no período que estamos no local de trabalho, mas também fora dele. Nós estamos levando trabalho para casa, conectados com o trabalho 24 horas por dia. Trechos adaptados do depoimento de Marcio Pochmann em palestra proferida no lançamento da obra Panorama da Comunicação e Telecomunicações no Brasil. Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, 11 jan. 2011. 85

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CAPÍTULO

7

Aprender a conviver, aprender a transformar a dura realidade Professor(a): Consulte no CAP o quadro de sugestões de trabalho com transversalidade e interdisciplinaridade do Capítulo 7, nas Orientações específicas para este volume.

LEIO, OUÇO E APRENDO

*Professor(a): Esclareça aos alunos o uso do prefixo mega

na composição de algumas palavras desta crônica: ‘palavra de origem grega que significa “grande”’. Megacidades ou megalópoles são grandes cidades, densamente povoadas, sem espaços rurais; megaproblemas são os problemas gigantescos das grandes cidades, relacionados à superpopulação, à falta de planejamento urbano, etc. No decorrer da crônica, tais problemas serão arrolados.

Megacidades,* megaproblemas:* e as soluções?

ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

A professora Isabel propôs à turma de Carol e Tina um projeto de pesquisa para estudar os principais problemas que afetam as megalópoles* e as possíveis soluções para esses problemas. Como essas crianças moram na cidade de São Paulo, uma gigantesca metrópole, não teriam dificuldades para fazer tal pesquisa, já que sentem na pele os problemas dos grandes centros urbanos. A turma já havia levantado vários temas: violência, desemprego, crescimento desordenado da cidade, falta de moradia, carência de hospitais, acúmulo de lixo, falta de áreas de lazer e de projetos culturais para crianças e jovens, problemas de mobilidade urbana (trânsito intenso e carência de transporte público de qualidade), poluição… Mas não bastava apontar cada problema: era preciso estudá-lo no tempo e no espaço** e pensar em soluções para ele. Como havia combinado com Carol, Tina foi até a casa da amiga para que, juntas, pudessem decidir com que assunto trabalhariam. Tina tocou a campainha. Carol empurrou sua cadeira de rodas até a porta e a abriu. Tina encontrou a amiga contente. O motivo da alegria era o retorno de seu tio Leonardo, que havia emigrado para o Japão na década de 1990. À época o Brasil estava em crise, o desemprego era alto e muitos brasileiros migravam em busca de oportunidades. — Meu tio Leo vai voltar, Tina! Meu tio predileto logo chega ao Brasil! Ele é engenheiro e o Brasil está contratando muitos engenheiros! 86

**Professor(a): Chame a atenção para a expressão estudar no tempo e no espaço, ou seja, estudar os problemas das grandes cidades em uma perspectiva histórica.

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— Que legal, Carol! — Muito bom! Ao menos no Brasil as coisas melhoraram. Mas olha só o que acabei de descobrir enquanto estava pesquisando: cerca de 120 milhões de pessoas no mundo vivem fora de seu país para sobreviver ao desemprego, à concentração de terra, às guerras... — Nossa! 120 milhões… É muita gente! É quase metade do Brasil! — Muita gente que tem de enfrentar muitos problemas. Vida de imigrante nunca foi fácil! — É mesmo… Lembra de quando estudamos a migração e a imigração? Nós entrevistamos meus pais, meus avós e sua avó Satiko. — Sim, a gente aprendeu muito com eles! Como foi difícil a experiência deles, né? Os avós da minha avó precisaram emigrar do Japão para o Brasil por causa da guerra, seus pais e avós tiveram de migrar de Minas Gerais para São Paulo em busca de emprego. Hoje o movimento migratório é parecido com o do tempo dos meus avós: muitos estrangeiros vindo para o Brasil, muitos brasileiros voltando para cá. E tem também algo novo: muitos migrantes nordestinos estão voltando para sua terra natal. E Carol continuou: — Meu tio Leo sofreu longe da gente, longe do nosso país. Aqui no Brasil ainda existem muitos problemas. Ontem mesmo, na classe, nós falamos disso. Mas algumas coisas melhoraram e tem uma diferença importante: aqui nós somos cidadãos, nós temos o direito e o dever de tentar mudar aquilo que não está certo. Num país estrangeiro, isso é bem mais difícil… — É, e bota difícil nisso, Carol! Você se lembra dos dados que a Isabel passou pra gente? No Brasil, 84 em cada cem pessoas vivem nas cidades, a maioria composta por migrantes vindos do campo. A terra concentrada nas mãos de poucos proprietários impede que os 87

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*Professor(a): Dados disponíveis em <http://blog.planalto.gov.br/brasil-criou-mais-de-4-milhoes-de-empregos-formais-nogoverno-dilma>. Acesso em: 27 dez. 2013.

ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

camponeses possam trabalhar no campo. Tem gente do Sul indo para a região Centro-Oeste tentar construir uma vida melhor. Há imigrantes de países pobres da América Latina, ou do continente africano, que vêm para o Brasil com o mesmo objetivo… — O Brasil vive um tempo de crescimento econômico, mas ainda há brasileiros que emigram, saem do seu país para morar, trabalhar ou estudar em um país estrangeiro, como Estados Unidos, Japão, Inglaterra… Há grandes comunidades brasileiras nesses países. — Carol, todo trabalhador que migra gera riqueza para o lugar em que vai viver com seu trabalho… — Não é só riqueza feita com o trabalho, não. Estava pensando no que a gente já estudou: diferentes mundos se encontram com essa quantidade toda de gente circulando de um lugar para outro. É por isso que digo que as pessoas não causam problemas, o problema é provocado pela falta de direitos. — Carol, que tal a gente estudar o desemprego? Ele é um dos grandes motivos dessa movimentação de pessoas. — Não sei, Tina. Desemprego não é um problema só das grandes cidades. Além disso, no Brasil, de 2003 a 2013 foram gerados cerca de 20 milhões de postos de trabalho com carteira assinada.* E veja só... um problema sério nas grandes cidades é a falta de moradia. — Pode ser, porque o problema de moradia nas grandes cidades afeta principalmente os trabalhadores mais pobres, e é a história deles que me interessa. Antes de Carol responder, dona Terezinha anunciou: — Carol, chegou um e-mail do tio Leo para você! Ele está mandando notícias do Japão e está dizendo que logo chega ao Brasil. Venha ver! Carol sorriu, empurrou a cadeira rapidamente em direção à mãe e, feliz, começou a ler o e-mail de seu tio predileto. 88

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A haitiana Micheleine trabalha em um centro de reciclagem em Manaus (AM). Em busca de melhores condições de vida, homens e mulheres do Haiti vêm conseguindo oportunidades de trabalho em cidades do Norte e do Sul do Brasil. Foto de 2012.

Mulheres sudanesas dirigem-se a um campo de refugiados depois que suas aldeias, na região de Darfur, no Sudão, foram atacadas por tropas governamentais. Foto de 2007.

1

LATINSTOCK/CORBIS/LYNSEY ADDARIO/VII

Atualmente, em muitos países do mundo, famílias inteiras se deslocam para outras cidades, estados ou países muito diferentes daqueles onde nasceram; elas fogem das guerras, do desemprego e da miséria e buscam melhores condições de vida.

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO/FOLHAPRESS

OBSERV O O MUNDO

Ao observar as imagens acima, o que mais lhe chamou a atenção? Explique. Professor(a): Resposta aberta. Explore a leitura das imagens. Consulte no item 5 do CAP as

orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

2 Você vive na cidade em que nasceu? Se não vive, quais foram os motivos que levaram sua família a se mudar? E de onde eles vieram? Professor(a): Resposta aberta. Aproveite a atividade para elaborar uma tabela e computar o índice de migrantes na sua turma.

Professor(a): Aproveite para ouvir os relatos e as experiências de sua turma. Esse é um excelente momento para criar relações entre as experiências dos alunos migrantes e a temática desenvolvida no capítulo.

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ORGANIZO AS INFORMAÇÕES E APRENDO MAIS Carol e Tina estavam conversando sobre trabalho e migração. Entre o final do século XIX e o início do século XX, muitas famílias em países da Europa não conseguiam mais viver no campo e eram obrigadas a partir para cidades industrializadas. Muitas dessas famílias se deslocaram para países distantes.

Só você A foto mostra um navio a vapor no Porto de Santos, no estado de São Paulo, no início do século XX. O mapa localiza esse porto. Observe-os. ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

1

2 Principalmente a partir de 1870, imigrantes de diferentes lugares do mundo vieram para o Brasil. Pesquise e procure descobrir: De quais países vinham esses imigrantes? Que motivos os fizeram vir para o Brasil? Em quais regiões brasileiras houve maior concentração de imigrantes? 90

Porto de Santos, no estado de São Paulo LUCIANO DANIEL TULIO

Navio em Santos (SP). Foto do início do século XX.

Organizado com base em: Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 174.

2. Professor(a): Para o encaminhamento desta atividade, consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

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Só você

4. c) Professor(a): Esse tema será retomado ao longo do capítulo. Neste momento, proponha questões para que os alunos se sensibilizem com as péssimas condições de trabalho do operariado durante o princípio do sistema de fábricas no Brasil e no mundo.

Acervo IconogrAphIA

3 observe com atenção as imagens a seguir e leia as legendas.

1

2

Essa imagem, de 1885, intitulada Ferro e carvão, de William Bell Scott, retrata o trabalho de operários na Europa, no século XIX. Muitos artistas e pintores, especialmente entre os séculos XVIII e XIX, produziram obras de arte para retratar as condições de vida e de trabalho dos homens e das mulheres que trabalhavam nas fábricas daquele período.

4

scott, WIllIAm Bell. óleo soBre telA. BIBlIotecA nAcIonAl de FotogrAFIAs, londres, reIno unIdo.

Na foto, você pode ver diversos trabalhadores, incluindo crianças, adolescentes e mulheres adultas. Essas pessoas trabalhavam em uma fábrica na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 1892.

a) Professor(a): De acordo com a legenda, a imagem 1 mostra trabalhadores numa fábrica no Rio de Janeiro (RJ), em 1892; a imagem 2 retrata o trabalho de operários na Europa, no século XIX.

Agora, descreva as imagens em seu caderno conforme indicado:

a) escreva a data de produção de cada imagem e o local que cada uma delas retrata, de acordo com as legendas. b) procure identificar a faixa etária, o sexo e o tipo de atividade realizada pelos trabalhadores de cada imagem. c) de acordo com essas imagens, escreva um pequeno texto sobre as condições de trabalho nas fábricas durante o século XIX e início do século XX.

b) Professor(a): Certifique-se de que os alunos conseguiram constatar que as imagens retratam atividades fabris. A imagem 1 retrata trabalhadores (homens, mulheres, crianças e adolescentes); a foto 2, trabalhadores adultos. A intenção é que a classe perceba que, além de operários adultos, as fábricas do século XIX e do início do século XX também exploravam o trabalho feminino e o infantil.

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Só você 5 Carol está feliz porque seu tio que havia emigrado para o Japão retornará ao Brasil, em breve. Segundo a crônica que você leu, por que pessoas de muitas partes do mundo se mudam para a crônica, os principais motivos dos grandes outros lugares? Segundo deslocamentos populacionais da atualidade são o desemprego, a concentração de terra e as guerras.

6 Releia na crônica a proposta de estudo feita pela professora Isabel. Depois registre em seu caderno a lista de problemas levantados pelos alunos da classe.

Professor(a): A resposta está no segundo parágrafo da crônica: “A turma já havia levantado vários temas: violência, desemprego, crescimento desordenado da cidade, [...] poluição…”.

7 Segundo a turma de Carol e Tina, esses são problemas que afetam as grandes cidades, como São Paulo, e outros centros urbanos do país. a) Como é a sua cidade? Ela é pequena, média ou grande? Resposta aberta.

b) Se você fosse escolher um tema entre os que essa turma levantou para estudar, qual deles você escolheria? Por quê? Resposta aberta.

c) Existem problemas que afetam a população de sua cidade e não fazem parte da lista feita pela classe da professora Isabel? Quais? Registre no caderno. Resposta aberta.

d) Na sua opinião, quais são as soluções para esses problemas?

ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

Carol e Tina, depois de conversar muito, decidiram estudar a história dos operários fabris. Dessa forma, uniriam seus interesses. Carol queria conhecer a vida dos muitos operários que transformaram São Paulo em uma megacidade, e Tina queria saber que problemas eles enfrentavam na época em que foram construídas as primeiras fábricas na Inglaterra e no Brasil e como lutavam para resolver esses problemas. Vamos acompanhar tudo o que elas descobriram?

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7. d) Professor(a): A resposta é aberta. Fique atento(a) às escolhas e às justificativas de seus alunos; elas podem indicar interesses de estudo e apontar aquilo que eles consideram os principais problemas que afetam a população de sua cidade. Seria importante desenvolver um projeto de pesquisa com a turma sobre os temas levantados pelos alunos.

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*Professor(a): Explique aos alunos o significado de ofício (profissão).

No final do século XVIII, em algumas cidades da Inglaterra, algumas pessoas que haviam ganhado muito dinheiro com o comércio de produtos trazidos da América e também com outras atividades, construíram as primeiras fábricas de tecidos. Essas pessoas, donas de indústrias que controlavam o trabalho de centenas de operários pagando-lhes salários e já eram chamadas de patrões. Fabricar tecidos e outros produtos não era uma atividade nova. O que era novo era a forma, a maneira como os patrões passaram a organizar o trabalho desses operários. Antes das fábricas, os artesãos faziam seus produtos em casa ou em pequenas oficinas, e havia uma grande diferença entre os patrões dessas oficinas e os das novas fábricas que surgiram no século XVIII: os patrões das oficinas eram também mestres, ou seja, ensinavam o ofício* a seus empregados. Já os novos patrões fabris geralmente não sabiam como fabricar o produto, mas tinham dinheiro para comprar máquinas, ferramentas e matéria-prima e contratar pessoas para produzir e controlar a produção das mercadorias em suas fábricas. Durante o século XIX e início do século XX, outros países da Europa, alguns países da América, como os Estados Unidos, e alguns países do continente asiático, como o Japão, adotaram esse sistema para fabricar as mercadorias, ou seja, industrializaram sua produção. Na página 91, você analisou algumas imagens de trabalhadores fabris do século XIX e início do século XX. Será que as conclusões às quais você chegou são parecidas com as descobertas de Tina e Carol? Leia os textos das páginas a seguir e verifique. Professor(a): Retome os textos produzidos pelos alunos na atividade 4 da página 91 antes de continuar a leitura, para que eles comparem as próprias conclusões com o texto a seguir.

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EDDE WAGNER/ARQUIVO DA EDITORA

As primeiras fábricas inglesas

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Vida operária no Brasil do início do século XX

1

Cortiço no Rio de Janeiro (RJ), 1906.

Bonde para operários: um carro menos confortável, de segunda classe, que no início andava a reboque de outro e com o tempo passou a circular regularmente. Foto de 1916.

2

Guilherme Gaensly/Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento de São Paulo.

Acervo Iconographia

Nas primeiras fábricas as condições de trabalho dos operários eram muito difíceis. Eles trabalhavam de 12 a 16 horas por dia! E nessas indústrias trabalhavam também crianças e mulheres. O trabalho era muito perigoso, havia riscos de acidentes e de contrair doenças, como a tuberculose. Não havia pausas para descanso, apenas para fazer uma refeição. Os trabalhadores eram vigiados pelos encarregados. Os salários dos operários eram muito baixos. Não havia lei que protegesse os trabalhadores. Caso se acidentassem no trabalho e não pudessem continuar trabalhando, não tinham como viver. Na velhice, não tinham aposentadoria; as mulheres, quando ficavam grávidas, não tinham um período de licença no fim da gravidez nem nos primeiros meses após o parto, como acontece nos dias atuais.

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Acervo museu dA ImIgrAção/ArQuIvo pÚBlIco do estAdo de são pAulo

8. Professor(a): A foto 1 mostra um cortiço carioca (também muito comum em São Paulo), lugar de moradia dos trabalhadores pobres das cidades. Nos cortiços, as dependências coletivas e a precariedade das instalações tornavam a vida tão difícil quanto nas fábricas. A foto 2 mostra um bonde superlotado em São Paulo, outro exemplo desse cotidiano de exclusão. A foto 3 mostra adultos e crianças trabalhando no setor fabril.

3

No Brasil do final do século XIX e início do século XX, período em que foram instaladas as primeiras fábricas em nosso país, a vida dos trabalhadores era muito difícil: eles moravam em cortiços, as condições de saúde eram precárias e o custo de vida era muito alto. Na foto, adultos e crianças trabalhando em uma fábrica de cerca de 1910.

As fotos destas páginas mostram um pouco do cotidiano dos trabalhadores no Brasil, no começo do século XX.

Em dupla 8 descrevam as fotos 1, 2 e 3. procurem explicar, com base nessas imagens, como eram as condições de vida dos trabalhadores pobres de cidades fabris, como rio de Janeiro e são paulo, no começo do século XX. 9 como vocês acham que os trabalhadores brasileiros reagiam diante dessas Professor(a): Para aprofundar as atividades 8 e 9, consulte no condições de vida no início do século XX? item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

Você deve ter concluído, como Carol e Tina, que os trabalhadores fabris precisavam se organizar para lutar por melhores condições de vida e de trabalho. Ao estudar esse tema, as meninas conheceram a história do 1o de Maio. Vamos conhecê-la também? 95

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Professor(a): Se necessário, retome a seção Observo o mundo do capítulo anterior para que os alunos recordem essa tradição.

Pequena história de uma data: o Primeiro de Maio

No capítulo anterior, você descobriu por que o mês de maio era tradicionalmente festejado pelos trabalhadores do campo em muitas regiões europeias. Essa tradição permaneceu entre os operários fabris. Em muitos lugares, como na França e nos Estados Unidos, maio era o mês escolhido pelos operários para se mobilizar e lutar por melhores condições de trabalho.

Só você

10 observe a imagem: o

Em 1 de Maio de 1886, a Federação Americana do Trabalho (organização dos trabalhadores dos Estados Unidos) convocou uma manifestação em Chicago, importante cidade fabril do período. Nessa data, os trabalhadores exigiram dos patrões o limite de 8 horas de trabalho diário. A manifestação foi duramente reprimida pela polícia. Imagem de 1886.

lAtInstocK/corBIs/BettmAnn

11. a) Professor(a): Explore a leitura da imagem, destacando a dramaticidade da representação do conflito entre policiais e trabalhadores pela jornada de 8 horas de trabalho. Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

11 A imagem representa um dos conflitos ocorridos três dias depois que a manifestação do primeiro de maio de 1886 foi reprimida. a) descreva o que você vê representado nessa imagem. b) Qual era a principal reivindicação desses trabalhadores? 11. b) Diminuição da jornada de trabalho para 8 horas diárias.

c) Qual é a sua opinião a respeito dessa reivindicação? e sobre a forma como os trabalhadores foram tratados por reivindicarem seus direitos? Respostas abertas.

Em 1890, lideranças do movimento operário, reunidas num congresso internacional, decidiram que o primeiro dia do mês de Maio seria um dia de luta e protesto para todos os trabalhadores do mundo. Dessa forma, eles relembrariam os acontecimentos de Chicago e manteriam a tradição dos camponeses europeus de comemorar a chegada da primavera e a época das colheitas em maio. Foi assim que, desde 1890, em vários lugares do mundo, a cada Primeiro de Maio os trabalhadores paralisavam as máquinas e saíam às ruas para festejar seu dia e exigir seus direitos. 96

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O Primeiro de Maio no Brasil No Brasil, as primeiras fábricas surgiram no final do século XIX, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, e eram basicamente indústrias de alimentos e de tecidos. As condições de vida e de trabalho dos operários dessas fábricas eram bastante precárias. A maioria deles era formada por imigrantes, principalmente italianos, que, inicialmente, chegaram ao país para trabalhar nas lavouras de café. Esses trabalhadores trouxeram consigo suas tradições culturais, que se refletiam também no mundo do trabalho. Esses operários influenciaram os trabalhadores brasileiros a se organizar em sindicatos para lutar por seus direitos.

Todos juntos

12. Professor(a): A resposta é aberta. Indique a consulta ao Glossário e retome o conceito apresentado no Capítulo 1 deste volume.

12 vocês sabem o que são sindicatos?

13 pesquisem em livros, jornais, revistas e na internet para descobrir um pouco mais sobre este que foi um dos meios de organização e luta dos trabalhadores. Anotem as descobertas no caderno.

Carol e Tina descobriram em suas pesquisas que, no Brasil, o Primeiro de Maio também era comemorado pelos trabalhadores como um dia dedicado à luta, ao protesto. Entretanto, desde que os trabalhadores comemoram esse dia, nem sempre ele foi festejado da mesma maneira. Conhecer como foram realizadas as comemorações de vários Primeiro de Maio nos permite entender um pouco a história da organização dos trabalhadores na luta pelos seus direitos. Nos períodos de desemprego, de carestia e de falta de uma legislação que protegesse os trabalhadores, o Primeiro de Maio foi festejado com grandes mobilizações: trabalhadores paralisavam suas atividades nas fábricas para se manifestar de muitas formas. Eles faziam comícios, marchas, bailes, discussões, apresentavam peças de teatro, faziam piqueniques. Enfim, festejavam esse dia de diversas maneiras, mas também protestavam contra as injustiças e reivindicavam seus direitos. 13. Professor(a): Organize uma pesquisa para descobrir quais categorias sindicais existem em sua cidade, quais foram suas lutas recentes, como se organizam, suas realizações, etc. Se possível, convide um representante de algum sindicato local para uma conversa com a classe.

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Acervo IconogrAphIA

Quando o Primeiro de Maio virou feriado no Brasil

Manifestação do Primeiro de Maio em São Paulo (SP), em 1919.

Nas primeiras décadas do século XX, o Primeiro de Maio não era reconhecido pelos governantes nem pelos patrões brasileiros. Em 1917, os protestos dos trabalhadores no dia Primeiro de Maio foram intensos. No mês seguinte, em junho, eles iniciaram uma grande paralisação, que ficou conhecida como a “Greve de 1917”. Durante a repressão aos operários que participavam dessa greve, o sapateiro José Martinez foi baleado e morto pela polícia. No dia 26 de setembro de 1924, um decreto de Arthur da Silva Bernardes, então presidente da República do Brasil, transformou o Primeiro de Maio em feriado nacional.

Todos juntos 14 Leiam a seguir um trecho desse decreto:

*Professor(a): Esclareça aos alunos, nesse contexto, o significado de consagrando-se (promovendo-se, elegendo-se, elevando-se) e subversivos (tumultuadores, perturbadores, agitadores).

É considerado feriado nacional o 1o de Maio […] consagrando-se* não mais a protestos subversivos,* mas à glorificação do trabalho ordeiro […]. Trecho do Decreto n. 4 859, de 26 de setembro de 1924. Disponível em: <http://www.piratininga. org.br/artigos/arquivo/artigo_sergio-getulio.htm>. Acesso em: 25 nov. 2013.

15 reflita sobre o trecho do documento que você acabou de ler e discuta com seus (suas) amigos(as) e com o(a) professor(a): a) Qual é o sentido original do primeiro de Maio para os trabalhadores? Um dia de luta e protesto.

b) na opinião de vocês, que consequências esse decreto presidencial trouxe para a organização dos trabalhadores? 98

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Professor(a): A resposta é aberta. Discuta com os alunos o significado desse dia para os trabalhadores: luta e protesto. Transformá-lo em um dia reconhecido oficialmente foi uma forma de descaracterizá-lo. Retome as fotos e os textos sobre a história do 1o de Maio, antes de prosseguir com a leitura, que traz a resposta para essa questão.

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*Professor(a): Esclareça aos alunos que, nesse contexto, consecutivos significa ‘sucessivos’, ‘sem interrupções’, ‘que se seguem um após o outro’.

Você provavelmente concluiu que o Primeiro de Maio, desde a sua criação pelos trabalhadores, foi visto como um dia para manifestar os desejos tanto de reivindicações e protesto quanto de festa e comemoração. Transformá-lo em uma data oficial, reconhecida pelos governantes, tirava um pouco da força que esse dia conferia à luta dos trabalhadores. Antes desse decreto, mesmo não sendo feriado, os operários vestiam suas melhores roupas, não para ir produzir nas fábricas, e sim para sair às ruas, e festejar o seu dia, e lutar pelos seus direitos. Ao fazer desse dia um feriado oficial, os governantes descaracterizavam o Primeiro de Maio, tentando transformá-lo em um dia de comemoração do trabalho ordeiro, sem protesto. O Primeiro de Maio nos tempos de Getúlio

MUSeU DA repÚBLIcA, rIo De JAneIro

Na década de 1930, outro governante do país, o presidente Getúlio Vargas, conseguiu disciplinar e controlar ainda mais as manifestações operárias. Getúlio Vargas governou o país por 15 anos consecutivos* e, durante esse período, fez uso da propaganda para associar a sua imagem à de um grande “pai” do Brasil, ou melhor, “o pai dos pobres” do Brasil. Durante seu governo, algumas das reivindicações dos trabalhadores foram atendidas depois de intensas lutas. Getúlio fazia questão de anunciar leis relativas aos direitos dos trabalhadores durante as Getúlio Vargas. Imagem da comemorações do Primeiro de Maio. década de 1940.

Só você

Professor(a): Retome os textos e as imagens relativas à repressão, nos Estados Unidos, dos trabalhadores que reivindicavam a jornada de 8 horas diárias.

16 você se lembra qual era a principal reivindicação dos trabalhadores que se manifestaram em chicago, em 1886?

Se você respondeu que os trabalhadores reivindicavam um limite de 8 horas de trabalho por dia, acertou. E qual presidente brasileiro regulamentou esse limite de horas para os trabalhadores? Acertou novamente quem disse Getúlio Vargas. Entretanto, Vargas reprimiu muitas formas de organização independente dos operários. Assim, durante seu governo, os líderes de vários sindicatos dos trabalhadores foram perseguidos e muitas vezes presos. 99

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Em grupo

ACERVO FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/CPDOC

17 Observem a foto a seguir e leiam a legenda atentamente:

Desfile do 1o de Maio de 1942, no Estádio São Januário, Rio de Janeiro (RJ). Nesse desfile, um grande cartaz foi transportado por três trabalhadores com uniformes de trabalho. Nele vemos um rosto impresso.

18 Vocês sabem de quem é o rosto impresso no cartaz da foto O retrato é de Getúlio Vargas. Espera-se que os alunos o comparem com o acima? Professor(a): outro retrato desse presidente, apresentado na página anterior.

Professor(a): A imagem da página 98 foi repetida aqui para facilitar a atividade de comparação.

ACERVO ICONOGRAPHIA

19 Comparem a foto acima, do Primeiro de Maio em 1942, com a foto a seguir, que retrata as comemorações do Primeiro de Maio no Brasil, nas primeiras décadas do século XX.

Manifestação do 1o de Maio em São Paulo (SP), em 1919.

a) Que diferenças vocês percebem comparando as fotos das comemorações do Primeiro de Maio em duas datas distintas? b) Expliquem suas conclusões para o restante dos amigos e amigas da sala. 100

Professor(a): As respostas são abertas. Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

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Professor(a): Oriente os alunos para que releiam o conteúdo dos subtítulos “Lembranças significativas” e “Um tempo de informações selecionadas”, no Capítulo 1, e observem as fotos que os acompanham. o

O 1 de Maio dos anos de 1980

21. a) Professor(a): O caráter de luta e protesto, semelhante à maneira de festejar a data dos operários do começo do século XX. b) Professor(a): A única semelhança possível é a quantidade de pessoas, mas em nada se comparam o caráter e a força de expressão desses trabalhadores que lutaram por sindicatos livres com os dos trabalhadores de sindicatos controlados dos tempos de Getúlio, cujas comemorações se reduziam a desfiles oficializados que reafirmavam a propaganda do governo e da figura pessoal do presidente.

Só você

20 no início deste livro, você conheceu um pouco da história do Brasil e das histórias, minha e do meu irmão, durante a ditadura militar.

a) você se lembra quais acontecimentos mais me impressionaram no decorrer da década de 1970? registre-os no caderno.

Professor(a): A derrota do Brasil na Copa de 1974 e as assembleias operárias dos metalúrgicos da região do ABCD paulista.

b) como eram tratados os artistas, os líderes de trabalhadores e qualquer pessoa que manifestasse uma opinião desfavorável ao governo dos Professor(a): Eram censurados, poderiam ser presos, torturados e até mortos; enfim, no período da militares? ditadura militar, a repressão violenta e o uso da força eram uma política instituída.

Professor(a): Estimule a leitura da imagem: a faixa significativa, a presença de mulheres e homens na manifestação e a grande concentração de trabalhadores.

Acervo IconogrAphIA

21 Agora, observe a foto abaixo e responda no caderno:

Manifestação do 1o de Maio de 1980, em São Bernardo do Campo (SP).

a) você vê alguma semelhança entre o tipo de manifestação retratada nesta foto e as manifestações do primeiro de Maio no Brasil de 1919, representadas na segunda imagem da página ao lado? b) e em relação às manifestações do período do governo de getúlio vargas, existem mais semelhanças ou mais diferenças? explique. c) em sua opinião, o que significa a frase “o sindicato é você”, na faixa que aparece nesta foto?

21. c) Professor(a): Permita que os alunos formulem suas hipóteses. A ideia é que eles percebam que sem a participação dos principais interessados, ou seja, sem o envolvimento dos trabalhadores no órgão de representação máxima da categoria – o sindicato –, ele não é representativo, não tem força política; isso vale para qualquer entidade representativa.

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O Primeiro de Maio de 1980 foi um grande momento para os operários metalúrgicos, especialmente os da região do ABCD paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema). Em 1980, essa região concentrava a maioria das indústrias automotivas do país e, portanto, milhares de trabalhadores especializados. A mobilização desses operários, num período de ditadura, atraiu a atenção e o apoio de pessoas de todo o país. A partir desse momento, cada vez mais a sociedade civil exigia escolher seus representantes e poder manifestar livremente suas opiniões.

Aprender a transformar a dura realidade

22. Resposta aberta. Professor(a): Aproveite o momento para fazer uma síntese do tema aqui estudado. Retome a questão 11 (página 96) do subtítulo “Pequena história de uma data: o 1o de Maio” e avalie se as opiniões dos alunos sobre a organização, as manifestações e as lutas operárias são as mesmas ou se mudaram. Argumente que a maioria dos direitos que os trabalhadores têm na atualidade são conquistas dessas e de muitas outras lutas.

ALBERTO DE STEFANO/ARQUIVO DA EDITORA

Carol e Tina, ao estudar a história dos trabalhadores fabris, aprenderam que quase todos os direitos conquistados pelos operários só foram conseguidos porque eles se organizaram para lutar. Mas aprenderam também que, no tempo em que esses trabalhadores não tinham leis que os protegessem, eles próprios procuravam se ajudar: os operários das primeiras décadas do século XX faziam uma espécie de poupança que servia para socorrer companheiros de luta que se acidentassem no trabalho e não pudessem trabalhar para manter a família. Eles criaram jornais para discutir e informar seus problemas e para explicar por que, afinal, lutavam. Eles também escreviam e representavam peças teatrais para contar a própria história.

Só você 22 Você considera importantes essas ações dos primeiros operários fabris no Brasil? Explique. 102

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Acervo Iconographia

Depois de muitas pesquisas, Carol e Tina chegaram a algumas conclusões: a primeira delas foi que os problemas que afetam as grandes cidades não podem ser isolados uns dos outros nem do resto da realidade do país. Tanto no passado como no presente, as pessoas que migraram de onde nasceram para outros lugares geraram e geram riquezas a com o seu trabalho, mas nem sempre são tratadas com a dignidade que merecem. Por exemplo: os bairros das periferias onde grande parte dessas pessoas reside raramente contam com opções de lazer e cultura ou com a infraestrutura necessária; e, em geral, os serviços de transporte e de saúde oferecidos deixam a desejar. Assim, Carol e Tina passaram a entender a importância da luta atual dos trabalhadores pela melhoria dos salários, das condições de trabalho, dos transportes públicos, pelo direito à moradia digna, etc.

Operárias trabalhando em uma tecelagem na cidade de São Paulo (SP). Foto da década de 1920.

Mas a lição mais preciosa que as garotas aprenderam é que os principais atores dessa história, ou seja, os trabalhadores, os homens e as mulheres comuns que formam a maioria da sociedade civil brasileira, em razão de sua luta, organização, resistência e mobilização, conquistaram direitos, transformando a própria realidade e a história do país. Hoje, nós, cidadãos brasileiros, somos livres para nos manifestar, organizar sindicatos ou outra entidade que nos represente. Também somos livres para eleger nossos representantes e exigir que eles realmente trabalhem pelos interesses da maioria da população brasileira. Professor(a): Consulte no item 5 do CAP as orientações complementares deste capítulo, na seção Orientações específicas para este volume.

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