CAPÍTULO
4
A POPULAÇÃO DO PARANÁ É CARACTERIZADA PELA Veja o Manual, item 25. DIVERSIDADE CULTURAL
Você já se perguntou por que todas essas pessoas, homens e mulheres de diversas culturas e nacionalidades, ou de diferentes regiões do Brasil, vieram para o Paraná? Como está distribuída hoje a população paranaense? Neste capítulo, vamos estudar isso e muito mais sobre os habitantes do nosso estado. A esse conjunto de pessoas damos o nome de população absoluta.
População absoluta: é o número total de habitantes de um lugar que pode ser um município, um estado, um país, etc.
Como são os paranaenses? Veja o Manual, item 26.
O governo recolhe informações diversas, como a idade, a profissão, o lugar de origem, o tipo de moradia, entre outras coisas. Isso se chama “censo demográfico”, pois “demografia” é o nome dado ao estudo da população.
IBGE, 2010/Reprodução
De dez em dez anos, o governo brasileiro conta quantas pessoas há em cada município do Brasil. Assim, também consegue saber o número de pessoas que vive em cada estado, em cada região e em todo o país.
Todos nós que moramos no Paraná fazemos parte da população paranaense. Portanto, ao nosso redor, podemos observar muitas das características gerais da população do estado. Que tal fazer um minicenso demográfico na turma? Assim, poderemos analisar a população da sala de aula e compreender algumas de suas características. Para isso, basta seguir o roteiro proposto na página ao lado.
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Conte a população da sala de aula: incluindo você, seus colegas de turma e o professor.
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Quantas pessoas há na sala de aula?
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Entre essas pessoas, há alguém que veio de outro município? E de outro estado?
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Seus pais nasceram no município onde você mora? Há alguém cujo pai ou a mãe veio de outros municípios?
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E de outros estados? Quantos?
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Há algum descendente de imigrantes europeus ou asiáticos?
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Há alguém com antepassados indígenas? E africanos? E portugueses?
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No seu município, você conhece pessoas que vieram de outros lugares, ou cujos antepassados vieram de outros lugares?
Edde Wagner/Arquivo da Editora
Agora, a turma vai ajudar o professor a montar uma tabela no quadro de giz para registrar as informações recolhidas. Veja o Manual, item 27.
Aproveite uma aula de língua portuguesa para realizar esta atividade de maneira interdisciplinar. Converse com os alunos qual seria o gênero mais adequado para este trabalho, o que não pode faltar no gênero de texto escolhido, a necessidade de fazer um rascunho e depois reler o texto, para corrigir eventuais erros e melhorar a escrita.
Com base nas informações desse quadro, escreva um texto com o título: “A população da minha sala de aula”. Oriente os alunos a guardarem o texto para utilizá-lo no final da unidade, quando forem dar sequência ao Álbum do Paraná.
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Paraná: um estado miscigenado Você deve ter percebido que, no lugar onde mora ou nos arredores, há pessoas vindas de outros municípios, cidades, estados, países... Também há aquelas nascidas no mesmo município que você, mas que foram morar em outros lugares, por razões diversas. Em outras localidades do Paraná, também acontece isso: alguns chegam e outros se vão. Existem muitas pessoas cujos pais, avós ou bisavós vieram de lugares distantes. Por isso, a população paranaense é tão diversificada. Tanto os nativos indígenas, que povoam essas terras há milhares de anos, quanto os povos europeus, africanos e asiáticos que aqui vieram Miscigenado: que tem viver nos últimos séculos deixaram suas marcas e contribuimistura de etnias. ções para o estado miscigenado em que vivemos hoje.
Veja o Manual, item 28.
O atual território paranaense era, antes da chegada dos portugueses ao Brasil, ocupado por povos indígenas. No litoral viviam os índios denominados Carijó. Nos arredores de onde hoje é Curitiba viviam os Tingui. Nas regiões em que vieram a se estabelecer os municípios de Palmas, Guarapuava e Londrina viviam os Kaingang e os Xokleng. No oeste viviam os Guarani e, no noroeste, os Xetá, na região de Cruzeiro do Oeste, Sobre os Xetá, há um ótimo vídeo disponível em http:// particularmente na Serra dos Dourados.www.etnolinguistica.org/media: 30nov2011 (acesso: 19 mar. 2014). Se tiver oportunidade, não deixe de assistir a ele.
Na unidade 1 da parte de História deste volume você encontra muitas informações sobre o jeito de viver dos povos indígenas do Paraná. Vladimir Korák/Museu Paranaense, Curitiba - Paraná
Veja o Manual, item 29.
Óleo sobre tela de Vladimir Kozák, mostrando a vida numa aldeia Xetá.
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Esses povos indígenas tinham uma cultura que lhes era própria, ou seja, sua língua, seus costumes, suas crenças. Observe, a seguir, como o jornalista e historiador paranaense Milton Ivan Heller nos relata a vida desses povos.
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“Os índios apreciavam os encantos da floresta que seria devassada pelo homem branco em sua sede de lucros: a frescura úmida das matas, o perfume sempre renovado das flores, o verde dos gramados e das ervas que cobriam o solo, as árvores, os rios e todos os pássaros e animais, sendo alguns peçonhentos e ferozes que aprenderam a caçar”. Fonte: HELLER, M. I. Os Índios e seus algozes. Curitiba: Instituto Memória, 2011.
Essa relação harmoniosa com a natureza foi alterada com a chegada dos colonizadores no início no século XVI. Expedições espanholas e portuguesas entraram no território que atualmente é o estado do Paraná, atraídas, dentre outras razões, pela notícia de jazidas de ouro. Vieram também padres da Companhia de Jesus para catequizar os indígenas. Para isso, agrupavam-nos em locais denominados reduções.
Entretanto, muitos grupos indígenas resistiram à escravização e à destruição de sua cultura; diversos deles guerrearam com os colonizadores, o que dificultava aos portugueses e espanhóis alcançarem os seus objetivos. Passaram, então, a partir do século XVII, a utilizar a mão de obra de pessoas trazidas da África na condição de escravas. No capítulo 4 de História, você encontra informações de como aconteceu esse processo. A partir de 1888, quando foi decretada a abolição da escravatura no Brasil, o Paraná começou a receber imigrantes vindos de diferentes partes do mundo.
Luisa Heriqueta/Laeti Images
Os primeiros portugueses e espanhóis chegaram em grupos denominados entradas e bandeiras, que tinham por objetivo o desbravamento do sertão, a ampliação das fronteiras, a procura do ouro e a captura de indígenas. Esses colonizadores não pretendiam apenas garantir a posse da terra, mas apropriar-se das riquezas naturais e submeter os indígenas a trabalhos forçados.
Antigo colégio dos jesuítas em Paranaguá, PR (2011).
Milton Ivan Heller é autor de diversos livros importantes, dentre os quais Os índios e seus algozes, de onde foi tirado o texto citado nesta página. Nessa obra, ele direciona o olhar para os índios de quase todo o Brasil, mas foca, com mais precisão, as levas de extermínio dos povos indígenas que habitaram o território paranaense, tendo a última ocorrido em 1955, com o avanço da cafeicultura no Paraná, quando foram dizimados os Xetá. 187
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Como se deu a ocupação do Paraná moderno
Veja o Manual, item 30.
Observe o mapa a seguir. Mariane Félix da Rocha
As levas de povoamento do Paraná
PNLD-SP-GEO-PR-EF-U2-M002: conforme modelo abaixo Todos os mapas devem ter título, legenda, rosa dos ventos, escala, fonte; ao lado, mapinha do Brasil com destaque do Paraná, para localização.
Fonte: WESTPHALEN, C. M.; MACHADO, B.P.; BALHANA, A.P. Nota prévia ao estudo da ocupação da terra no Paraná moderno. Boletim da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, n. 7, 1968.
• O que o mapa nos mostra? As três levas de povoamento que ocuparam o Paraná moderno. • Como são denominadas as três levas de ocupação do território paranaense? Tradicional, do Norte e do Sudoeste.
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• O município onde você mora está na área de abrangência de qual, ou quais, leva(s) de povoamento? Pessoal.
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O mapa representa as três levas de povoamento que ocuparam o território do Paraná: uma tradicional, vinda do litoral e de Curitiba, e outras duas mais recentes, a do norte e a do sudoeste. Esse assunto também é estudado nas unidades 2 e 4 da parte de História. Aqui vamos abordá-lo sob outros aspectos, de forma que esses estudos sejam complementares. 1. O Paraná tradicional
Alfredo Andersen/Coleção Palácio Iguaçu/ Óleo sobre tela, 60,5 cm x 91cm
É a primeira leva de povoamento, que teve como centros de expansão as cidades de Paranaguá e Curitiba. Delas, partiram muitas pessoas rumo aos campos do interior do estado. Pessoas de origens diferentes foram ocupando essas áreas, desde os anos 1600, praticando diversas atividades econômicas, como a criação de gado, a indústria da madeira e a da erva-mate.
Sapeco de erva-mate, de Alfredo Andersen. A exploração da erva-mate, nativa do Paraná, foi a principal atividade econômica da expansão tradicional no século XIX.
A mistura entre portugueses, africanos e indígenas, que se verifica no Brasil inteiro, também ocorreu nessa época em terras paranaenses. A partir dos anos 1800, imigrantes de diferentes regiões da Europa passaram a compor a população dessa área tradicional do estado. 189
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2. O Paraná do norte
José Juliani/IBGE
O povoamento do Paraná moderno aconteceu bem mais tarde, com pessoas vindas de outros estados da federação. A leva de população que ocupou o norte do estado se iniciou ainda no século XIX, mas só se tornou uma ocupação realmente intensa a partir da década de 1920, com a expansão do café a partir de São Paulo e a instalação da Companhia de Terras Norte do Paraná.
A Companhia de Terras Norte do Paraná, empresa de origem inglesa que comprou terras na região nos anos 1920, concedeu pequenas propriedades aos colonos, tanto paulistas como estrangeiros, que vinham ocupar pequenos lotes para depois pagá-los. Assim, deu grande impulso ao povoamento inicial do norte do estado. Na foto, a sede da empresa, no centro antigo da cidade de Londrina, em 1935.
Somente então essas terras passaram a ser efetivamente conhecidas, e descobre-se que os solos dessa região, conhecidos como “terra roxa”, estão entre os mais férteis de todo o território brasileiro.
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Além de mineiros e paulistas, fazem parte da onda de povoamento do norte do Paraná os colonos imigrantes, especialmente italianos e japoneses, que também vieram do estado de São Paulo. Por isso, as pessoas dessa área, muitas vezes, têm um jeito de falar parecido com o dos paulistas e costumam torcer para times de futebol daquele estado, por exemplo.
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Terra roxa: solo de cor avermelhada, resultado de milhões de anos de decomposição de rochas vulcânicas. Por influência do sotaque dos imigrantes italianos que nela plantavam café, era chamada de terra “rossa”, que significa “terra vermelha” em italiano.
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3. O Paraná do sudoeste A onda migratória do sudoeste também só se intensificou no século XX, e partiu dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens
Muitas pessoas do sudoeste do Paraná têm um sotaque, ou jeito de falar, mais parecido com o dos gaúchos. Isso se deve a essa ligação com o Rio Grande do Sul. Muitos também são descendentes dos filhos de italianos, alemães e poloneses que vieram do Rio Grande do Sul para plantar cereais e criar suínos.
A formação da região sudoeste do Paraná sofreu intensa influência do estabelecimento de imigrantes vindos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, muitos deles descendentes de europeus. Essa ocupação se destaca pelas atividades agrícolas, praticadas em pequenas propriedades, com mão de obra familiar. Plantação de soja na periferia de Francisco Beltrão, 2014.
ATIVIDADES 1
No município onde você mora pode ser observada a influência de alguma das três levas de povoamento do Paraná?
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Pergunte aos seus familiares se, nas gerações mais antigas, houve alguém que veio em uma das levas de povoamento do Paraná. Aproveite para explicar a eles o que você estudou sobre o assunto.
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Contribuição das culturas estrangeiras no Paraná Veja o Manual, item 31.
O mapa a seguir mostra os povos que ajudaram a povoar e a desenvolver o Paraná.
Portugueses. Como colonizadores do Brasil, foram os primeiros a estabelecer uma vila no estado, a vila chamada Paranaguá, em 1648. Muitos dedicaram-se ao transporte de manadas de mulas, deixando muitas marcas culturais na culinária do estado e na arquitetura de algumas cidades pelas quais passavam.
Espanhóis. Estabeleceram-se principalmente no norte do estado, a partir do final do século XIX. Houve outra leva, mais intensa, entre 1942 e 1952. Novos municípios, notadamente na região de Londrina, foram formados por esses imigrantes, que se dedicaram a atividades comerciais, artesanais e ligadas à indústria de móveis.
Italianos. Chegaram a Paranaguá em 1878 e, depois disso, instalaram-se em Curitiba e nos seus arredores. Exerceram grande influência na culinária e contribuíram no cultivo da uva, no trabalho nas lavouras de café no norte do estado, na indústria e na formação de associações trabalhistas e culturais.
Africanos. Foram trazidos como escravos pelos portugueses; chegaram a compor 40% da população do estado durante o século XIX. Tiveram, e ainda têm, significativa participação econômica, cultural e social na formação da sociedade paranaense. Seus descendentes compõem hoje cerca de 25% da população do estado.
Holandeses. Formaram sua primeira comunidade no início do século XX, nas proximidades de Irati. Também se estabeleceram em Carambeí e Castro. Contribuíram na criação de gado e na produção de leite, desenvolvendo novos produtos, além da arte de construir moinhos de vento.
Alemães. Vieram em 1829, e uma nova leva entre 1910 e 1940. A maioria fixou-se no sul do estado. Os alemães dedicaram-se a atividades rurais, para as quais trouxeram novos produtos e técnicas de plantio. Contribuíram muito para o desenvolvimento das cidades do Paraná, instalando comércios, indústrias e construções com a arquitetura típica alemã na paisagem.
Judeus e Sírio-Libaneses. Vieram a partir de 1889 em maior número, estabelecendo-se primeiramente em Curitiba. Seguindo a tradição de seus povos na Ásia, desenvolveram atividades comerciais e espalharam-se pelo estado, em número reduzido se comparado às outras migrações.
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Luciano Daniel Tulio/Arquivo da editora
Povos que ajudaram a povoar o Paraná: países de origem
ATLAS geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Adaptado.
Poloneses. Chegaram em 1871. Exerceram grande influência nas paisagens rurais. Introduziram o uso da carroça de quatro rodas, mais rápida do que os carros de boi, que existiam antes da invenção do automóvel. Também trouxeram novos produtos e técnicas de plantio.
Ucranianos. Os ucranianos chegaram no Paraná no período entre 1895 e 1897. Desembarcaram mais de 20 mil no estado e fixaram-se a oeste da capital, formando colônias em cidades como Prudentópolis, Mallet, União da Vitória, Roncador e Pato Branco.
Japoneses. Chegaram ao Brasil em 1910 e, nas décadas seguintes, muitos dirigiram-se principalmente ao norte do Paraná, onde ainda encontramos grande número de descendentes. Contribuíram com a culinária e agricultura do estado, dedicando-se ao cultivo de frutas, verduras, legumes, criação de peixes e de bicho-da-seda. Fonte dos textos: <http://www.cidadao. pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=77>. Acesso em: 20 maio 2014.
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PESQUISA HORA DA
Veja o Manual, item 32.
Agora que você já sabe quem foram os imigrantes que se estabeleceram no Paraná e que contribuíram para ele ser o que é hoje, vamos descobrir em que municípios do estado cada um desses povos escolheu para viver. 1
Organizem-se em 5 grupos. Cada grupo vai pesquisar 2 desses povos. a) Descubram em que cidades eles se estabeleceram. b) Em um papel transparente, copiem o contorno do mapa do Paraná da página 125 da parte de História deste livro e localizem esses municípios no mapa. Não se esqueçam de colocar a rosa dos ventos, a escala e fazer uma legenda, indicando o que o mapa está mostrando. c) Que outras contribuições esses imigrantes trouxeram, além daquelas citadas no texto? Tentem encontrar imagens que ilustrem o que vocês descobrirem. Como fonte de pesquisa, vocês podem consultar: • as unidades 2 e 4 da parte de História deste livro; • livros da biblioteca da escola sobre o Paraná; • páginas da Internet sobre a imigração no Paraná; • pessoas que sejam descendentes dos povos que vocês escolheram para pesquisar.
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2
No dia combinado com o professor, todos trazem o que conseguiram recolher para a classe e compartilham suas descobertas com os demais grupos.
3
Tirem uma cópia para cada integrante do grupo, pois esse trabalho será incorporado ao álbum do Paraná que cada aluno está preparando.
4
No município onde você mora, há algum marco visual dos imigrantes, como monumento histórico, construção antiga, arquitetura, etc.? Agende, com o professor, uma visita a este marco. Caso não haja, faça uma pesquisa sobre a influência que os imigrantes exerceram sobre a cultura do lugar onde você a leitura do poema para estabelecer interdisciplinaridade com língua portuguesa. Faça com a classe uma aula mora. Aproveite de entendimento/interpretação de texto. Incentive as crianças a consultarem o dicionário para entender as palavras desconhecidas (caso provável de indomável, equipagem, pranto, singela); faça perguntas para ver o que entenderam do poema: por que a autora fala em luta sofrida, rosto cansado, pranto saudoso; ajude-os a refletirem sobre o quão difícil deve ser para os imigrantes ter de abandonar a sua terra, seus costumes, seu lugar. Como seria ter de aprender uma nova língua, novos hábitos, comidas diferentes?
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Imigração e memória A partir dos anos 1800, começaram a chegar ao Brasil, e ao Paraná, novas levas de migrantes europeus. Desta vez, não se tratava dos colonizadores portugueses, mas de colonos de outros países da Europa. A diferença é que esses novos colonos não estavam vinculados a Portugal. Portanto, não tinham poder político, vieram apenas em busca de trabalho. Muitos paranaenses são descendentes dos colonos do século XIX e trazem, nas suas histórias familiares, a memória dos seus antepassados. É o que mostra este poema escrito por Helena Kolody, importante poeta paranaense, descendente de ucranianos. Veja:
Veja o Manual, item 33.
(...) Vim da Ucrânia valorosa, (...) Povo indomável, não cala a sua voz sem algemas. Vim das levas imigrantes que trouxeram na equipagem a coragem e a esperança.
Camila de Godoy/Arquivo da editora
SAGA
Em sua luta sofrida, correu no rosto cansado, com o suor do trabalho, o quieto pranto saudoso. Vim de meu berço selvagem, lar singelo à beira d’água, no sertão paranaense. Milhares de passarinhos me acordavam nas primeiras madrugadas da existência. Feliz menina descalça, vim das cantigas de roda, dos jogos de amarelinha, do tempo do “era uma vez...” (...) KOLODY, Helena. Saga. In: REZENDE, T. H. (Org.). Sinfonia da Vida. Curitiba: Polo Editorial do Paraná,1997, p. 21.
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Contribuições nativas: comunidades tradicionais Veja o Manual, item 34. no Paraná Por todo o Brasil existem povos que desenvolveram uma cultura e um modo de falar particular, pois estiveram por muito tempo em áreas de poucos contatos com o restante do país. Seus modos de vida estão muito ligados aos ambientes em que vivem – que eles conhecem e sabem preservar como poucos. A vida desses povos depende bastante da natureza. Eles desenvolveram formas sustentáveis de lidar com o solo e de explorar as matas; respeitam as épocas de caçar ou pescar sem desequilibrar o ambiente. Observe no mapa a distribuição desses grupos no estado do Paraná. Talita Kathy Bora/Arquivo da editora
Comunidades tradicionais do Paraná
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Fonte: Instituto de Terras, Cartografia e Geociências do Paraná (ITCG). Disponível em: <http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Terras_e_territorios_de_Povos_e_ Comunidades_Tradicionais_2013.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2014. Adaptação.
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Veja o Manual, item 35.
• Quais são os povos e comunidades tradicionais do Paraná mostrados no mapa? Indígenas, quilombolas, faxinais, ilhéus, cipozeiras e caiçaras.
• Em quais mesorregiões do Paraná ocorrem maiores concentrações de povos faxinais? E ilhéus? E quanto aos quilombolas, onde há maior concentração? Faxinais: Sudoeste, Sudeste e Metropolitana de Curitiba; ilhéus: Noroeste; quilombolas: Metropolitana de Curitiba.
• Na mesorregião do município onde você mora, há muitos povos e comunidades tradicionais? Quais? • Você mora em alguma das comunidades citadas no texto? Em caso positivo, localize-a no mapa. Se não mora, já esteve com algum dos povos apontados no mapa? Conte a sua experiência para a classe.
Povos indígenas Da mesma forma que no restante do país, os povos indígenas foram os primeiros povoadores das terras que hoje formam o estado do Paraná. E assim como ocorreu com os africanos, também sofreram deslocamentos forçados, ou seja, foram afastados das terras que lhes pertenciam. Hoje, depois de muita luta, alguns grupos já têm reconhecido seu direito a áreas reservadas, onde podem viver conforme seus costumes. Observe novamente o mapa da página ao lado e veja onde ficam essas áreas. A palavra Paraná, que dá nome ao nosso estado, está entre as contribuições que recebemos dos povos indígenas que por aqui viviam. É também o caso de localidades como Curitiba, Iguaçu, entre outras. Foram os Guarani que ensinaram aos europeus o uso da erva-mate, hoje uma tradição nos estados do sul do Brasil, seja em forma de chimarrão ou de chá gelado. Veja o Manual, item 36.
Mauricio Simonetti/Pulsar imagens
Da mesma forma, os indígenas do Paraná também adquiriram alguns hábitos e costumes dos não índios. As etnias que vimos no mapa realizam trocas e interagem com as pessoas das cidades e dos campos. Cada uma à sua maneira, umas mais e outras menos. Inclusive, há indígenas que moram nas cidades.
Moradia Avá Guarani em reserva indígena localizada em São Miguel do Iguaçu – PR. Foto de 2014.
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Comunidades quilombolas
Veja o Manual, item 37.
As comunidades descendentes de africanos escravizados – os afrodescendentes – também estão espalhadas pelo Brasil. São chamadas de comunidades quilombolas, ou quilombos, e estão presentes em várias partes do Paraná. Você pode conferir isso no mapa da página 53, da parte de História.
Santiago Neto/Acervo do fotógrafo
Algumas dessa comunidades resultaram da fuga e da resistência de escravizados; outras são terras que foram compradas pelos próprios habitantes, após a abolição da escravidão; outras, ainda, foram obtidas em troca de serviços prestados, ou após o abandono por antigos donos. Em todos os casos, dependem de seus territórios para desenvolver suas atividades econômicas e viver de acordo com sua própria cultura.
Comunidade Remanescente Quilombola Areia Branca, em Bocaiúva do Sul, PR. Foto de 2011.
AÇÃO E REFLEXÃO No Paraná, a história dos negros não foi objeto de estudo e nem um tema frequente até a década de 1990. [...] O encobrimento de uma história que não abrangia a sociedade europeia fez com que os paranaenses desconhecessem a história dos negros no estado. [...] No final do século XIX, a chegada dos imigrantes acarretou uma mudança na sociedade escravista paranaense [...] dando início a um processo de europeização nos bens patrimoniais edificados. Como os afrodescendentes não possuíam bens materiais e patrimoniais, as políticas públicas deixaram de lado o patrimônio popular afim de preservar os monumentos e os artefatos relacionados à imigração europeia. [...] 198
Disponível em: <http://www.slideshare.net/guest5eb864/presena-negra-na-lapa-paran-e-culturamaterial>. Acesso em: 20 mar. 2014.
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• Na opinião da classe, os afrodescendentes estão adequadamente representados hoje no Paraná? Façam uma pesquisa para descobrir quais são os afrodescendentes que se destacam na vida política, econômica e cultural da sua cidade.
Demais comunidades tradicionais
Veja o Manual, item 38.
Há também povos tradicionais que não estão espalhados pelo país ou pelo estado inteiro. É o caso dos ilhéus, famílias que vivem nas ilhas do Rio Paraná, ou dos rios menores que desembocam nele. Tradicionalmente, vivem de agricultura e pesca. Outro caso é o dos povos faxinais que vivem no centro-sul do estado. Muitos deles são descendentes de ucranianos e se organizam em comunidades agrícolas e de criação de animais. Desenvolveram um sistema de uso comum das terras pelos habitantes das comunidades, sendo uma parte ocupada com os animais, outra parte reservada para as plantações. Por fim, temos as comunidades caiçaras e cipozeiras, que vivem no litoral e nas áreas de mata atlântica. São comunidades que também praticam a pesca e a agricultura. Sem destruir as matas locais, extraem delas vários alimentos e materiais de artesanato, como o cipó.
Zig Koch / Natureza Brasileira
Maurício Mercer/Folhapress
Comunidade caiçara em Guaroqueçaba, PR. Foto de 2012.
Apresentação de Boi de Mamão, em Paranaguá, PR, manifestação folclórica típica do litoral paranaense. Foto de 2010.
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PARA SABER MAIS Veja o Manual, item 39.
O fandango paranaense ou parnanguara
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
O fandango ocorria sempre após os mutirões, em que os vizinhos se juntavam para ajudar alguém a fazer a colheita ou algum outro trabalho árduo. Para compensar a ajuda dos amigos, preparava-se uma festa com música, dança e barreado para confraternizar.
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No litoral do Paraná, no berço da cultura caiçara, desenvolve-se uma manifestação cultural típica do povo paranaense. Trata-se do fandango paranaense, também conhecido como fandango parnanguara. O fandango é considerado um patrimônio cultural do Paraná. Isso porque ocorre de maneira típica no nosso estado, embora existam outros tipos de fandangos em outros lugares do país, também muito ricos culturalmente. Sua origem é incerta, mas tem grande influência dos primeiros portugueses e espanhóis que vieram a essas terras e aqui encontraram os índios Carijó, que já ocupavam o litoral. Suas danças e cantos foram se misturando até formar o fandango paranaense, ainda no século XVIII. A música e a dança do fandango são famosas pelo sapateado, ou seja, pela batida dos tamancos dos dançantes masculinos no chão, geralmente de madeira. As mulheres não sapateiam, apenas arrastam os pés. São também famosos os instrumentos típicos que usam – a rabeca, a viola e um pandeiro rústico chamado adulfo. Para acompanhar a festa, comem o barreado, prático típico à base de carne e toucinho. Esse prato da culinária paranaense tem suas origens misturadas às do fandango. Veja o Manual, item 40.
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