ISSN 2179 - 2046 32
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R$ 20,00 #32 08 | 09 | 10 | 2015
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COLABORADORES
Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Jaguar, Land Rover, MINI, Porsche, Triumph e Volvo. Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP 1
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Tel.: (16) 3965-7000 www.eurobikemagazine.com.br contato@eurobikemagazine.com.br
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Ouvidoria www.eurobike.com.br/ouvidoria (11) 3474 7930
1 Carol Da Riva, 2 Eduardo Petta,
3 Eduardo Sardinha, 4 Marcelo Freitas, 5 Maura Campanili, 6 Percy Faro
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Editorial: Eduardo R. da C. Rocha, Heloisa C. M. Vasconcellos Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Nelson Martins Publicidade: custom press - eduardo@custompress.com.br Preparação e revisão: Denis Araki Produção: custom press
Tiragem desta edição: 12.000 exemplares Impressão: Pancrom Distribuição: Eurobike Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autorização da Eurobike. As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
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EDITORIAL Caro leitor,
Vivemos um momento em que se faz necessário otimizar a relação custo-benefício em todas as esferas. Evolução, adaptação e integração são requisitos primordiais para que sigamos proporcionando serviços de alta qualidade, de forma prática e confortável aos nossos clientes. Nesse sentido, estamos inaugurando um novo formato de atendimento pós-venda na Eurobike BMW/MINI de Brasília e um showroom completo com pós-vendas integrado Audi em São Paulo. Tudo para proporcionar uma experiência ainda melhor ao cliente por meio de estruturas modernas e integradas. Este segundo semestre está bem movimentado em nossas concessionárias. Estão chegando os novos Jaguar XE, Volvo XC90, Audi Q7, BMW X1 e a BMW S1000 XR. Fique de olho e não deixe de nos visitar para conhecer cada lançamento. Isso sem falar no espetacular Audi TT, que já está disponível. Para abrir esta edição e inspirar nossos leitores, apresentamos o trabalho que Roberto Klabin vem desenvolvendo no Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal – uma eficiente combinação entre pecuária e conservação. Nas páginas centrais, um encontro tão inusitado quanto sensacional: o Audi TT fotografado junto às aeronaves da Esquadrilha da Fumaça, em Pirassununga, SP. Um show em todos os sentidos! Outra sofisticada combinação, o belo cenário da Patagônia e a pesca de trutas em águas geladas. Acompanhe a aventura de Marcelo Freitas. Mudando de clima e de temperatura, fechamos com Cavalcante, o “lado B” da Chapada dos Veadeiros. Já ouviu falar?
Boa leitura.
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Henning Dornbusch CEO
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Um grande abraço,
CONTEÚDO
# 32 08 | 09 | 10 2015 18 | emoção 20 | Audi TT 36 | Personalidade e tecnologia 6 | razão 8 | Pecuária, turismo e conservação: de mãos dadas no Pantanal
16 | Concessionária BMW/MINI de Brasília ganha nova instalação para serviços de
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pós-vendas
40 | Diário de motociclistas
52 | prazer 54 | Fly fishing na Patag么nia 66 | Achados e imperd铆veis
Chapada dos Veadeiros, lado B
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70 | Cavalcante
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68 | devaneio
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RAZテグ
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O que aparentemente n達o se mistura: partes de um mesmo todo
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Stephanie Klabin
Pecuária, turismo e conservação: de mãos dadas no Pantanal
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Por Maura Campanili
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Conhecida internacionalmente como um dos principais destinos de turismo ecológico brasileiro, a Estância Caiman, localizada no município de Miranda, Pantanal do Mato Grosso do Sul, é também uma lucrativa propriedade pecuária, onde a produção de gado convive pacificamente com turistas do mundo todo, áreas de preservação e pesquisa ambientais, incluindo o projeto Onçafari, destinado a conservar, pesquisar e mostrar ao mundo a onçapintada (Panthera onca), ainda vista por muitos como o terror dos pecuaristas da região. Um dos objetivos do ambientalista Roberto Klabin, o empresário por trás desse ambicioso projeto, é mostrar que pecuária e conservação andam de mãos dadas e são interdependentes no Pantanal
Thiago Duarte
RAZÃO
Filho do empresário Samuel Klabin, um dos sócios da Klabin Irmãos & Cia, Roberto passou muitas de suas férias da infância e adolescência na Miranda Estância, o imenso latifúndio pantaneiro da família, onde descobriu a paisagem arrebatadora da região e virou ambientalista. Conta que, quando era criança, a caça esportiva ainda era uma tradição na fazenda. Ganhou sua primeira arma aos 13 anos. No entanto, quando tinha 15 anos, durante uma caçada com amigos, acabaram atingindo uma fêmea prenhe de porco-do-mato, fato que o chocou. “Depois disso, caçada nunca mais. Ver aquela cena mudou minha perspectiva de vida”, disse. Por isso, quando recebeu sua parte na divisão da propriedade, em 1985, já tinha planos de criar um hotel de selva no local que ajudasse a manter a rica biodiversidade do Pantanal, composta por pelo menos 3.500 espécies de plantas, 550 de aves, 124 de mamíferos, 80 de répteis, 60 de anfíbios e 260 espécies de peixes de água doce. “Quando recebi a minha parte da Miranda Estância, minha ideia era a de tentar estabelecer um novo modelo econômico, ambiental e social que não fosse unicamente apoiado na pecuária extensiva de corte. Pensei num modelo que se autoalimentasse, baseado no desenvolvimento de pesquisas sobre o estado do meio ambiente na propriedade, com estudos contínuos que avaliassem periodicamente a capacidade de suporte da fazenda em relação ao gado lá instalado, pesquisas botânicas e sobre a fauna. O resultado das pesquisas alimentaria de informação a atividade pecuária na fazenda, redirecionando e minimizando seus impactos sobre o meio ambiente local”, disse.
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Ao implantar o Refúgio Ecológico Caiman na fazenda de 53 mil hectares (530 quilômetros quadrados), uma das preocupações de Roberto era estudar a problemática de predação do gado pelas onças, o que seria fundamental para mostrar como a questão econômica e a biodiversidade local, com um tratamento mais esclarecido, poderiam conviver e ainda atrair visitantes. Em seu modelo, a pecuária seria beneficiada por um conhecimento contínuo, desenvolvido para dar conta de sua relação com o meio ambiente e aumentar sua produtividade. Desde então, os estudos realizados na Caiman têm gerado muitas teses de pós-graduação e vários projetos de conservação que ajudam a preservar, além da onça-pintada, espécies como a arara-azul e o papagaio-verdadeiro. Além disso, a fazenda abriga a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Dona Aracy, com 5,6 mil hectares, que ocupa 10% da propriedade. “A pecuária para mim é consequência do uso da terra e o esteio da economia pantaneira. Sem ela, o Pantanal não existiria mais como o conhecemos. A pecuária é permanente na fazenda e, graças a ela, temos áreas conservadas e abertas, onde é
possível enxergar a fauna nativa. São as grandes fazendas que fazem com que o Pantanal, depois de 200 anos de ocupação, continue com baixa densidade de pessoas e uma natureza exuberante. É um lugar privado e pouco acessível”, diz Roberto. Atividade tradicional A pecuária é a principal atividade econômica do Pantanal e acompanhou o processo de ocupação da região desde o fim do ciclo do ouro no século 19. A atividade faz parte da paisagem e está condicionada aos pulsos de inundação e sazonalidade do regime das águas que caracteriza o bioma. São 3,2 milhões de cabeças de gado manejados de maneira que, quando é época de cheia, os animais são levados para as partes mais altas, voltando nos períodos de seca.
Thiago Duarte
Mesmo que nos últimos anos haja indicação de mudanças preocupantes – com a introdução de práticas como a substituição de pastagens nativas por espécies exóticas, a retirada da vegetação ciliar e o uso de biocidas –, o modelo extensivo de produção pecuária adotado na região é um dos principais fatores que tornaram o Pantanal um dos ambientes mais conservados do país. Esse sistema pressupõe grandes propriedades e, por ocupar a planície natural, não requer desmatamento. Atualmente, 86% do Pantanal tem cobertura vegetal preservada. Além disso, para muitos especialistas, sem o gado não haveria o Pantanal, pelo menos não da forma como o conhecemos hoje. Pesquisas na fazenda da Embrapa Pantanal, em Corumbá, mostraram que, com a retirada do gado, a massa de gramíneas cresce, aumentando o risco de fogo.
três empresas compartilham, na Caiman, o administrador Cezar Queiroz, pessoa de confiança de Klabin, comprometido com a filosofia de convivência do turismo com a produção de gado.
Segundo Roberto, a pecuária é parte fundamental da paisagem que encanta os turistas na Caiman. Desde 2006, porém, as 35 mil cabeças de gado da propriedade não pertencem mais a Klabin, mas ao empresário André Esteves, que arrenda a fazenda. Pelo arranjo, a Caiman Agropecuária é proprietária da fazenda, mas a manutenção da estrutura é dividida entre a RK Hotéis (nome jurídico do Refúgio Ecológico Caiman) e pela Agropecuária Santana do Deserto, de Esteves. Mas Roberto Klabin continua pecuarista e mantém um plantel de 12 mil cabeças em outras propriedades na região, que formam o complexo Serra Negra e Nova Espanha. Além do espaço, as
Haberfeld acredita que a observação pode não apenas proteger as onças como trazer melhoria de qualidade de vida na região. Sua ideia é que a atividade se torne tradicional no Pantanal, como a observação de gorilas em Uganda, tigres na Índia, leões na África do Sul e ursos polares no Canadá. Seu objetivo é expandir o projeto para outras fazendas. Na Caiman, foram identificadas 14 onças, dois machos e 12 fêmeas. Segundo Klabin, as onças podem ser um trunfo para os fazendeiros, que podem fazer o caminho inverso ao que ele fez em relação ao gado e concessionar as terras para terceiros que vislumbrem atrativos turísticos e beleza cênica.
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Onçafari Essa filosofia tem seu ponto alto no Onçafari, projeto piloto de rastreamento de onças-pintadas iniciado em 2010. O projeto é idealizado e gerido por Mario Haberfeld, ex-automobilista que, depois de abandonar as pistas de corrida, resolveu se dedicar à conservação ambiental. A inspiração para o projeto veio dos safáris para observação de leopardos na Reserva Sabi Sand, na África do Sul, um complexo turístico semelhante ao da Caiman, onde os animais são habituados à presença humana dentro de veículos, para aumentar sua tolerância ao turismo.
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RAZÃO “Para os investidores da área de ecoturismo, o fato de não ter que desembolsar dinheiro para comprar terras já seria um grande atrativo. Para o proprietário, esse modelo traria mais desenvolvimento, receita e valorização para sua terra, sem a necessidade de tirar o gado da propriedade. São terras aptas à pecuária sustentável, que, por sua vez, garante a unidade de cultura pantaneira, um dos atrativos que os turistas desejarão conhecer”, acredita o empresário.
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Embora a predação do gado continue, a renda obtida com o turismo e a valorização da terra compensam as eventuais perdas de alguns bois. Segundo dados do Projeto Onçafari, a alimentação das onças pintadas é tão variada que ela consegue comer espécies de todos os tipos e em diferentes situações. São 85 espécies de presas naturais documentadas que variam conforme a região e a época do ano. Na seca, normalmente os predadores comem animais maiores, provavelmente porque eles têm que ficar perto de onde tem água e tornam-se presas mais fáceis. Na época das cheias do Pantanal, os animais selvagens se concentram em áreas menores e mais altas, sendo mais fácil para as onças capturá-los. Por isso estudos mostram que a predação de gado diminui na época. Da mesma forma, estudos mostram que a predação de gado é menor em áreas com maior quantidade de presas naturais e maior onde há caça de animais selvagens. Ou seja, onde há maior conservação ambiental, há mais segurança para o gado. Um dos fundadores da SOS Mata Atlântica, da qual foi presidente por 22 anos, até junho de 2003, Roberto é hoje vicepresidente para assuntos do Mar na organização. Além disso, em 2009, fundou e é presidente da SOS Pantanal. Embora tenha construído uma carreira de sucesso na área empresarial, sobretudo como presidente da fabricante de embalagens
Dixie Lalekla – que depois se juntou à gigante do setor Toga, tornando-se Dixie Toga –, em 2005 Klabin vendeu a empresa e resolveu se dedicar em tempo integral às suas atividades de ambientalista e à Caiman. Na opinião do empresário, no futuro, se experiências como a da Caiman vingarem, o valor das terras pantaneiras aumentarão, pois além do indicador referente à quantidade de gado por ano/ hectare, levará em conta as suas outras aptidões. “Ambientes como o Pantanal, desde que bem manejados, estarão em alta demanda em um futuro onde o mundo vai precisar de ‘santuários naturais’ sustentáveis.” Conforme Roberto, na Caiman, “faço dinheiro com o gado, mas também tenho que tomar cuidado para que a propriedade fique cuidada, para garantir o retorno da terra: fazer a manutenção, arrumar cercas e infraestrutura, como as estradas”. Criar um modelo de sucesso na Caiman tem uma importância pessoal grande para o empresário, pois aumenta as chances de sobrevivência do empreendimento no momento em que a propriedade for passada para a próxima geração. A excelência do hotel já foi reconhecida por meio de prêmios de ecoturismo, como o Global Ecosphere Retreat Certification, da Zeitz Foundation, em 2011, que também certificou a Caiman como Ecopousada – destino de ecoturismo com filosofia de sustentabilidade. O grande diferencial é que a Zeitz não certifica o hotel, mas o destino, o que pressupõe a integração com a fazenda e inclui também a cultura local, como o gado, o tereré, o peão e suas tralhas. No caso da Caiman, significa, ainda, que empresas diferentes (Caiman Agropecuária, RK Hotéis e Agropecuária Santana do Deserto) têm que se comunicar para um fim comum, que é a busca do equilíbrio entre as diversas atividades realizadas na fazenda.
Responsável técnico: Dr. José Carlos Lucheti Barcelos CRM nº 81.223
Av. Presidente Vargas, 2121 | Edifício Times Square Ribeirão Preto - SP | 16 2138 4080 | www.sfliberte.com.br
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Concessionária BMW/MINI de Brasília ganha nova instalação para serviços de pós-vendas
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Entregar o que o cliente precisa e no prazo esperado, todas as vezes que ele necessitar do serviço – esta foi a base em que a Eurobike se apoiou para criar um espaço moderno, eficiente e com tecnologia de ponta no Distrito Federal
Qual produto ou serviço que pode ser interessante para o cliente? Por que o cliente procura nossa concessionária para fazer uma revisão? Estas foram algumas das perguntas que os especialistas em pós-vendas do Grupo Eurobike fizeram antes de montar um espaço amplo, com equipamentos de última geração, farto estoque de peças, além de uma equipe treinada e especializada para garantir qualidade e precisão nos serviços prestados. O ponto de partida do Grupo para a criação da nova oficina foi a ideia de oferecer eficiência, praticidade, rapidez e conforto aos clientes que precisam deixar seu veículo na concessionária para realizar as revisões periódicas, o que muitas vezes pode levar
a uma dor de cabeça para quem necessita do carro para as atividades cotidianas. Sendo assim, os especialistas estudaram formas de prestar o serviço de forma que a concessionária pudesse equalizar o tempo mínimo que ficaria com o carro do cliente, sem perder seus padrões de qualidade. A construção da nova instalação, que iniciou em janeiro de 2015, começou nos boxes de serviços, projetados para que os profissionais tenham acesso fácil a todos os equipamentos necessários. Todos os serviços realizados na Eurobike BMW/ MINI são agendados, portanto há uma separação prévia de peças e tudo que será necessário para a revisão e possíveis reparos. A principal preocupação é que não falte nada que
Montar uma oficina diferenciada e especializada que não tenha os mesmos contratempos inerentes à sua atividade não é fácil, mas possível, pois os problemas já são plenamente conhecidos e, portanto, trabalhados.
O time de pós-vendas do Grupo Eurobike passa por treinamentos técnicos de montadoras e da própria empresa, mas o segredo do sucesso está na atuação da equipe melhorando seus próprios processos para lidar com essas variáveis, deixando o convencional e pensando sempre em novas soluções. A aposta é que as boas ideias não partam somente da cabeça dos gestores mas também de pessoas que realmente tem a responsabilidade de executar o trabalho, e que o conhecem a fundo.
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Além da estrutura, que atende todos os padrões de excelência BMW, a Eurobike preza pela transparência em seus serviços, sendo assim, os clientes têm acesso livre à oficina, permitindo o acompanhamento do serviço. Uma equipe treinada e especializada mostra quais são os problemas e quais peças deverão ser trocadas. O objetivo do Grupo Eurobike, que se tornou líder em vendas de veículos premium e é conhecido pela qualidade dos seus serviços, é entregar ao cliente o que ele realmente precisa, em tempo esperado, pois o que mantém uma empresa viva é a fidelidade dos seus clientes.
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atrapalhe o andamento do trabalho. A base de todo processo é trabalhar com antecedência, otimizando o tempo de serviço.
Hoje, as linhas de produção das montadoras já conseguem entregar um carro a cada 40 segundos. O processo é muito preciso, porém, mesmo com esse avanço na fabricação, as marcas têm que contar especialmente com departamentos de pós-vendas, levando em conta que os serviços possuem muitas variáveis. Por exemplo, todos os carros de uma série são fabricados da mesma forma, porém no pós-vendas os serviços são diferentes, um técnico trabalha em diferentes modelos, de diferentes anos de fabricação e com diferentes necessidades de serviço no mesmo dia. O corpo técnico precisa estar apto a lidar com isso.
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Voar, estado de espĂrito
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POR EDUARDO SARDINHA
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Audi TT
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Audi TT 2.0 TFSI S tronic attraction 2015 Motorização: 2.0 Alimentação: injeção direta Combustível: Gasolina Potência (cv): 230 Cilindrada (cm3): 1.984 Torque (Kgf.m): 37,7 Velocidade Máxima (Km/h): 250 Tempo 0-100 (Km/h): 5.9 Consumo cidade (Km/L): N/D Consumo estrada (Km/L): N/D Dimensões Altura (mm): 1353 Largura (mm): 1832 Comprimento (mm): 4177 Entre-eixos (mm): 2505 Peso (kg): 1335
Tanque (L): 50 Porta-malas (L): 305 Ocupantes: 4 Câmbio: Dupla embreagem manual-sequencial com modo automático de 6 marchas Tração: Dianteira Direção: Elétrica Suspensão dianteira: Suspensão Tipo McPherson com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidais. Suspensão traseira: Suspensão Tipo multibraço com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidais. Freios: Quatro freios a disco com dois discos ventilados.
EMB-314 | A-29 SUPER TUCANO Monomotor monoplace e biplace Limite de carga G: +7 a -3,5 Motor: P&W PT6A-68C 1.600 SHP Hélice: Hartzell Pentapá
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Peso vazio: 3.200 kg Peso máximo de decolagem: 5.400 kg Velocidade máxima nivelada: 590km/h Velocidade de cruzeiro: 520km/h Autonomia: 3h20 min (tanques internos) Alcance: 1455 km Assento ejetável: Martin Baker MK 10
EMOÇÃO
Personalidade e tecnologia Por Percy Faro
Mais de 100 anos já se passaram desde o nascimento do Tip A, primeiro veículo da marca identificada mundialmente pelas quatro argolas entrelaçadas, até a chegada no Brasil dos Audi TT Coupé e TT Roadster, ambos da terceira geração dos desejados esportivos caracterizados pela forte personalidade de design, qualidades dinâmicas e incorporação de processos inovadores de construção e de sistema de propulsão. Em outras palavras, a montadora alemã mantém acesa a chama de sua filosofia, “Na vanguarda da tecnologia”. O Coupé, oferecido ao consumidor brasileiro em duas versões – Attraction e Ambition (à venda desde maio) –, e o Roadster (que chegará ao mercado ainda no segundo semestre deste ano apenas na versão topo, Ambition) são equipados com a motorização 2.0 Turbo FSI, agora com 230 cv e câmbio S tronic com seis marchas e dupla embreagem. Os modelos também trazem de série o Virtual Cockpit da Audi, precursor da principal vanguarda no design do painel de instrumentos.
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O primeiro Audi TT Coupé foi lançado em 1998, trazendo uma revolução no design. Com uma linguagem visual enriquecida por detalhes nostálgicos em diversos pontos da carroceria e do interior, o modelo se tornou um ícone com um grande carisma. Já na segunda geração, em 2006, o TT assumiu estilo ainda mais esportivo com linhas retas e definidas. Nesta terceira geração o modelo renova seu design, realça a esportividade e amplia os recursos tecnológicos. Exemplo disso ocorre quando o carro atinge 120 km/h e um spoiler se abre automaticamente na tampa do porta-malas para melhorar ainda mais a estabilidade do veículo. Todas as versões trazem duas grandes ponteiras de escapamento redondas, inspiradas no TT original e localizadas um pouco mais ao centro do parachoque. A dianteira do novo TT Coupé é dominada pelas linhas horizontais. A grade singleframe é mais larga e baixa que a do modelo anterior. Começando pelos cantos superiores da grade,
linhas afiladas correm formando um V sobre o capô, que ostenta ao centro os quatro anéis da Audi, de forma semelhante como ocorre no superesportivo Audi R8. As entradas de ar possuem elementos que direcionam parte do fluxo aerodinâmico da dianteira para as laterais do carro. Os faróis, agora mais afilados, dão à face do novo TT um aspecto de determinação. A versão Attraction tem faróis bi-xenon como equipamento de série. No TT Ambition, os faróis são inteiramente de LEDs. O interior é outra prova da personalidade esportiva do novo Audi TT. Assim como no lado de fora, linhas e superfícies horizontais dão ênfase à largura interna do carro. Visto de cima, o painel de instrumentos lembra a asa de um avião. As saídas de ar redondas – itens clássicos do TT – são inspiradas nos motores a jato, com seu design lembrando turbinas. Muitos detalhes do perfil do modelo lembram a primeira geração deste ícone esportivo. A tampa de acesso ao tanque no lado direito é formada por um círculo cercado por parafusos. Um leve toque no logotipo TT basta para abri-la, mais uma reminiscência da primeira geração. A novidade é que não há mais uma tampa rosqueada sob a abertura – a mangueira pode entrar diretamente no bocal do tanque, como acontece nos carros de corrida. Na configuração de 2+2 assentos, o novo TT Coupé é um esportivo altamente adequado para o uso diário. O portamalas tem 305 litros de capacidade, 13 litros a mais do que anteriormente, e pode ser ampliado pelo rebatimento dos encostos dos bancos traseiros. Ou seja, além de personalidade e tecnologia, conveniência e conforto também são atributos do novo Audi TT Coupé.
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EMOÇÃO
A Esquadrilha da Fumaça
Bruno Batista
Nasceu da iniciativa de jovens instrutores de voo da antiga Escola de Aeronáutica, no Rio de Janeiro, que, em suas horas de folga, treinavam acrobacias em grupo, com o objetivo de mostrar aos cadetes a capacidade e segurança dos aviões, incutindolhes confiança e motivando-os para a pilotagem militar.
As apresentações – gratuitas – contam com sete pilotos em sete aeronaves. Cada posição de voo tem uma função. A agenda de demonstrações é definida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica – CECOMSAER, mediante análise de alguns fatores e requisitos.
A primeira demonstração oficial se deu em 1952, e o primeiro avião foi o norte-americano NA T-6 Texan, utilizado até 1977. A equipe chegou a operar os jatos de fabricação francesa T-24 Super Fouga Magister, o T-25 Universal e os turbo-hélices de treinamento T-27 Tucano, fabricados pela Embraer. Hoje, as aeronaves utilizadas são os Embraer A-29 Super Tucano.
Para solicitar uma demonstração, entre em contato diretamente com o CECOMSAER: programacao_eda@fab.mil.br, confirmando pelo telefone (61) 3966-9699.
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Em 2002, ano do cinquentenário, a Esquadrilha da Fumaça entrou para o Guinness World Records quando onze aviões em voo invertido percorreram 3 mil metros, em formação até então inédita.
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Esquadrilha da Fumaça é o nome popular do Esquadrão de Demonstração Aérea – EDA, organização militar da Força Aérea Brasileira – FAB, que faz demonstrações com o intuito de divulgar a FAB e suas atribuições no Brasil e no exterior.
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Diário de motociclistas
– Rumo ao BMW Motorrad Days 2015, em Garmisch De Munique, percorrendo estradas da Alemanha, Áustria, Itália e Suíça, a Garmisch, cidade sede do BMW Motorrad Day, maior encontro internacional de motos BMW, onde gente do mundo inteiro se reúne em torno da paixão pela marca
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Por André Accioly | Fotos André Accioly, Franco Caramori e Túlio Guimarães
Chegamos a Munique num domingo, por volta das 10 da manhã. Adilson Fernandes, Fred Dametto, Túlio Guimarães e eu deixamos a bagagem no hotel e fomos almoçar no centro, conhecido como Marienplatz, onde há uma grande concentração de restaurantes e lojas de souvenir. Almoçamos no Augustiner Restaurant, que leva o nome de uma das mais tradicionais cervejas alemãs, onde degustamos cerveja de trigo e diversos tipos de salsicha. Depois do almoço, passeamos bastante pelo centro até a hora do jantar. Sentamos em outro restaurante, o Ratskeller, esse localizado no prédio onde fica a sede da prefeitura de Munique. Construído em 1867 e uma das grandes atrações de Marienplatz, chama a atenção pela bela arquitetura. Um antigo relógio com bonecos animados é um espetáculo à parte. Esse prédio já foi uma catedral e também uma sede dos bombeiros. Lá bebemos Aperol Spritz, um drink que é moda no verão europeu, composto de Aperol, Prosecco, água com gás e uma rodela de laranja. Com a chegada do FrancoCaramori, do Alfonso Pantalena e do Paulo de Jesus, o grupo estava completo. Durante o jantar já começamos a conversar um pouco sobre como seriam os dias, pois tínhamos um roteiro pronto, mas sem um cronograma rígido. Depois regressamos ao hotel, que fica de frente para um dos concessionários BMW mais legais do mundo, da própria montadora: BMW Zentrum. Passamos a manhã do segundo dia visitando suas instalações. Almoçamos e fomos retirar as motos em uma região próxima à BMW Zentrum. Os modelos foram: F 700 GS, F 800 GS, F 800 GT, R 1200 GS, R 1200 GS Adventure, R 1200 RS e K 1600 GT.
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De lá, já com as motos, fomos direto ao BMW Welt, que é um edifício multifuncional, onde os clientes da BMW podem visitar e conhecer um pouco mais da marca e dos produtos que ela oferece. Fica em frente ao tradicional edifício sede da BMW, aquele com as quatro torres em forma de cilindros, que ficam sobre o museu BMW.
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Essa região é toda ocupada por divisões da BMW. Fomos a uma divisão onde fica guardada toda a frota da BMW de Munique.
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Nesse dia, no jantar, experimentamos o famoso joelho de porco no restaurante Haxnbauerim Scholastikahaus. Há uma vitrine, como aquelas de frango que ficam girando, só que no lugar dos frangos, joelho de porco. Tomamos então um sorvete italiano e fomos dormir. No dia seguinte partimos rumo a Bolzano, na Itália. Saindo de Munique, descemos por estradas sinuosas e rapidamente estávamos na Áustria. Passamos por Kreuth e, na estrada, almoçamos em um restaurante lindo, com vista para a cidade de Innsbruck. Entrando na Itália passamos por Vipiteno e Merano, e chegamos a Bolzano. Fizemos quatro passos de montanha nesse dia: Achenpass, Brennerpass, Jautenpass e Leonhard Pass. Andamos aproximadamente 300 quilômetros, parte deles entre os Alpes. Acordamos em Bolzano, fizemos o Mendelpass
Aperol Spritz, o drink do próximo verão brasileiro, e o tradicional Eisbein, o joelho de porco
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Acordamos e demos uma volta em Livigno. Cidade situada na Itália mas com aparência de
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até Fondo, de lá a Rêvo, onde almoçamos de frente para o lago Di Sta. Giustina. Uma vista deslumbrante. Depois fizemos o Passo Del Tonale, seguido do Passo Gavea. Nesse chegamos a 2652 metros de altitude por estradas bem sinuosas e muitas vezes sem nenhuma proteção. Chega a dar vertigem. De lá para Bormio e depois para Livigno pelo Passo Foscagno. Livigno, nossa parada seguinte, a mil e oitocentos metros de altitude e próximo da fronteira com a Suíça. No inverno, uma famosa estação de esqui que recebe aproximadamente 20 mil pessoas na alta temporada, e no verão um reduto de motocicletas e bicicletas. Ficamos em um hotel pequeno, mas muito bom, onde jantamos comida típica da região, repleta de carnes e embutidos defumados acompanhados por um belo vinho, um Barolo.
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O termômetro da moto nesse momento marcava 31 graus. Em cinco minutos dentro do túnel, o termômetro já marcava 15 graus. Mais cinco minutos e 9 graus.
À noite fomos a um restaurante degustar embutidos que vêm pendurados num suporte de madeira, como se fosse um pequeno varal. Você vai escolhendo, corta no prato e devolve para o suporte.
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Com o tempo apertado, à beira do lago St. Moritzersee, um descanso no Segelclub, um restaurante e marina. Café espresso, água com gás e novamente nos sentamos nas motos em direção a Zernez, ainda na Suíça. De lá, mais alguns quilômetros e paramos para almoçar. Cansados, já no terceiro dia de estrada, optamos por voltar para Livigno, onde dormiríamos mais uma noite. E uma grata surpresa nos esperava. Saindo do roteiro, procurando no mapa o melhor caminho para
Livigno, observamos um túnel que liga a Suíça à Itália, literalmente por dentro da montanha. Chegando lá, esse que funciona em sentidos alternados, estava fechado para nós. Quinze minutos depois, abriu para nosso sentido. O termômetro da moto nesse momento marcava 31 graus. Em cinco minutos dentro do túnel, o termômetro já marcava 15 graus. Mais cinco minutos e 9 graus. Mais cinco e saíamos do túnel já na Itália. Nesse ponto a estrada segue acompanhando a encosta da montanha, mas totalmente coberta, como se fosse um túnel aberto de um dos lados. Isso para se proteger da queda de pedras e avalanches. Ela nos levou brevemente até Livigno.
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Suíça. Pacata, pequena, mas muito charmosa. Rumamos a St. Moritz na Suíça via Passo Forcala e Passo Bernina. Nesse trecho, o interessante foi que por diversas vezes vimos um trem do nosso lado direito e, depois de mais alguns quilômetros, lá estava uma cancela fechada. Esse mesmo trem cruzou a nossa estrada, a metros de nós. Cancela aberta, mais algumas dezenas de quilômetros e lá estava St. Moritz! Linda!
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Mais uma vez, aguardando a passagem (do mesmo) trem
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Vista dos tĂşneis semiabertos que protegem a estrada de eventuais deslizamentos
EMOÇÃO No último dia, antes do encontro em Garmisch, voltamos sentido Bormio, e em direção ao Passo Stelvio, o momento mais aguardado da viagem. O Passo Stelvio é um dos mais bonitos da região e sem duvida o mais famoso e visitado. Uma concentração enorme de motos, carros esportivos, carros antigos e bicicletas. A 2760 metros de altitude e aproximadamente 15 graus de temperatura, em pleno verão, almoçamos no ponto mais alto do Stelvio. Lá a neve é permanente, nunca descongela. A vista das curvas que percorremos é simplesmente incrível! Almoçados e feitas as compras de souvenir, saímos pelo lado suíço. Em direção a Garmisch, já próximo do destino final, fizemos o Fernpass, última etapa de nossa viagem.
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Chegamos a Garmisch e fomos ao hotel onde estavam hospedados todos os convidados da BMW do Brasil, além de portugueses e argentinos. No sábado visitamos o BMW Motorrad Days, onde a estrutura é muito bem organizada para um evento que recebe cerca de 40 mil motos. Já na entrada, os visitantes recebem uma pequena tábua para apoiar suas motos, para que não afunde na grama úmida. Para se ter uma ideia da dimensão do encontro, são necessários dois dias para visitar todos os estandes. Há também uma gigantesca área de camping para atender todos os visitantes.
Durante os três dias, o evento ofereceu cursos de pilotagem on e off-road, test ride de todos os modelos da marca, shows de wheelie, exposição de motos antigas e customizadas, dentre outras atrações. À noite, nossa mesa para o jantar estava reservada na área de convidados dos concessionários e da montadora. Um grande show de rock animava delegações do mundo inteiro, enquanto todos podiam degustar a cerveja que era oferecida em canecas de um litro, uma tradição do país. No domingo, pela manhã, retornamos a
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EMOÇÃO
Munique, onde devolvemos as motos e retornamos para o Brasil encantados e já com vontade de regressar em 2016. O que começou como um passeio de moto pela Europa se tornou em um grupo de grandes amigos. Faremos parte da vida uns dos outros eternamente em nossas memórias!
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Que venha Garmisch 2016!
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corporativo@eurobike.com.br | Tel 11 3627 3050
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Quando todo o percurso ĂŠ destino final
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Fly fishing na Patagônia Praticar essa modalidade de pesca, em busca de trutas, inclui a incrível experiência de estar na Patagônia, tão inóspita quanto fascinante
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Por Marcelo Freitas
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Pode-se pescar muitos tipos de peixe de água doce ou salgada – incluindo robalo, tucunaré, bass, tilápia, lambari, tarpon e até marlin – utilizando o método fly fishing. Mas os clássicos dessa modalidade estão na água doce e fria: a truta e o salmão. E foi em busca de trutas que partimos de Jundiaí, logo ao amanhecer, num pequeno avião Cirrus SR 22, de quatro lugares, até a Patagônia.
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O percurso até El Calafate foi feito em dois dias, com paradas em Pelotas, Mar del Plata e Trelew, recheado de vistas maravilhosas, tempestade sobre Bahia Blanca e ventos de 100km/h sobre o deserto da Patagônia, que fez o pequeno Cirrus pular como um cabrito. O último trecho foi percorrido sem comunicação com o controle de El Calafate. Pensamos que o avião estava sem rádio, mas na aproximação observamos que o aeroporto acendeu as luzes em pleno dia, indicando que nos via. Descobrimos depois que o aeroporto estava de fato sem rádio. Ao sobrevoar a Patagônia, fiquei com a sensação de nunca ter visto tanto “nada” antes. Boa parte dos quase 700 mil km2 é de deserto, cortado por estradas que parecem intermináveis. Em algumas áreas encontramos o que parecem ser crateras, inúmeras, algumas secas e outras com águas de cores variadas, de verde claro ao preto, passando por diversas tonalidades de azul. São paisagens tão bonitas quanto estranhas.
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El Calafate é uma pequena cidade turística cuja principal atração é a geleira Perito Moreno. Essa geleira é impressionante e há três formas principais de admirá-la: caminhando sobre ela, de barco ou do mirante que fica bem em frente e quase encostado na geleira. Fomos ao mirante, embora permaneça a vontade de caminhar sobre ela. Em El Calafate encontramos outros amigos com os quais, depois de alguns passeios, partimos de carro na direção norte, em uma viagem de seis horas (três delas em asfalto, uma hora e meia em estrada de cascalho e o resto em estrada com muita pedra), chegando no Lodge Estancia Laguna Verde. A estância compreende grande área com 15 lagos para pesca de trutas, que chegam a pesar 10kg. O lago principal, Strobel, também conhecido como Jurassic, é o maior de todos, com 65 km2 e uma paisagem única. Uma área do lago recebeu o apelido de Cocoon, pois tem formações calcárias que lembram os casulos do filme homônimo. Além disso, alguns americanos idosos que frequentam o local afirmam que voltaram de lá rejuvenescidos.
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As refeições são ótimas e sempre regadas a bons vinhos argentinos. O almoço é servido no local da pescaria. No estilo acampamento, os guias preparam a comida ali mesmo, ao lado de uma barraca de madeira com mesa e
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Os dois fatores complicadores do local são a locomoção e o vento. Os caminhos são repletos de pedras e a progressão é lenta, e só pode ser feita em carros realmente preparados para terrenos difíceis. Algumas descidas para se chegar aos lagos têm forte inclinação, além das inúmeras pedras. O vento é um complicador na hora da pesca, pois a manobra para lançamento da mosca, que já é difícil em condições normais, fica bem mais desafiadora com vento.
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bancos. Conforto na medida para esse tipo de programa. Após a pescaria retornamos à pousada para um bom banho seguido de conversa na sala, com a lareira acesa. Na sequência o jantar, com cardápio sofisticado, variado e muito bom, com carnes perfeitas e sobremesas refinadas preparadas pelo chef Emiliano e servido por sua esposa, a impecável Sabrina. Novamente aproveitamos ótimos vinhos argentinos escolhidos por Beto, um dos sócios da estância. Apesar do ambiente inóspito, a fauna apresenta alguma variedade, incluindo guanácos, emas, raposas (conhecidas por zorro), lebres e diversos pássaros. Todos facilmente avistados nos trajetos percorridos.
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Depois de dois dias e meio de pesca, retornamos a El Calafate para tomar o avião em direção a Junín de los Andes. Prosseguimos com o Cirrus, numa rota belíssima ao longo dos Andes. Os instrumentos indicavam que vários pontos da cordilheira possuiam maior altitude que a do avião. Esse foi certamente o trecho mais bonito da viagem. Acabamos passando sobre a região dos lagos onde tínhamos
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Junín é uma pequena cidade na mesma região em que estão Bariloche e San Martin de los Andes. Alguns rios, como o Chimehuin e o Malleo, cortam a região e permitem a pesca da truta na forma mais tradicional, com o pescador
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estado. Aliás, somente de cima é possível ter uma noção melhor de como é a área.
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de meus amigos, que estava pescando dentro d’água e viu um cervo cruzar o rio a cinquenta metros de distância. Ao chegar a Junín seguimos para o órgão de turismo para a licença de pesca, que é bem regulamentada e organizada. A fiscalização realmente existe. Fomos abordados uma vez pela polícia florestal e não tivemos problemas porque portávamos as licenças. Aliás, cabe aqui esclarecer que só praticamos o pesque e solte e não levamos um peixe sequer. Além disso, tiramos a farpa do anzol para facilitar a remoção do mesmo sem maiores danos ao peixe.
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dentro do rio nas corredeiras. Embora as trutas sejam menores, a pescaria é mais técnica e a utilização de equipamentos mais leves faz com que a diversão seja similar à de pegar uma truta maior. Além da pesca de trutas, a região também conta com áreas para caça de cervos e javalis, atraindo muitos turistas estrangeiros. Os cervos podem ser vistos a alguma distância e por vezes de perto, como aconteceu com um
Ficamos hospedados no San Huberto Lodge, da família Olsen. Agradável e de muito bom gosto, com cozinha excelente. Na sala principal, no fim do dia, os pescadores se reúnem para um coquetel acompanhado de cervo, javali e truta defumada. O último dia de pesca foi o mais bonito, pois pescamos no rio Malleopela de manhã, com o vulcão Lanín ao fundo, e no lago Tromen à tarde, com uma água azul e muito transparente, permitindo ver o fundo a mais de 20 ou 30 metros. Como eu era do grupo de amigos o único principiante em fly fishing, sofri um pouco no início, mas me diverti bastante e peguei
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muitas trutas. Mas isso só foi possível graças à colaboração dos amigos Carlos Eduardo, Galvão, João Chiarelli e o famoso pescador Gustavo dos Reis Filho, mais conhecido por Gugu. Eles dedicaram a usual paciência do pescador a mim e não ao peixe.
A pescaria esportiva pode ser dividida em dois tipos básicos: a praticada com iscas naturais e a com iscas artificiais. A pescaria com iscas artificiais é usualmente mais complexa e considerada por muitos como a mais esportiva, pois requer do pescador alguma habilidade extra, tanto para o lançamento da isca quanto para fazê-la ter, aos olhos do peixe, um comportamento como o de um ser vivo. Dentre as pescarias com iscas artificiais, as duas que se destacam são a de cast e a pescaria com mosca, ou fly fishing. No cast o pescador utiliza uma vara com carretilha ou molinete e lança uma isca, usualmente parecida
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Na pescaria com mosca isso não é possível, pois o peso da isca é mínimo. A mosca não tem peso suficiente para levar a linha e o que ocorre é justamente o contrário, ou seja, a linha leva a isca. No cast o pescador lança a isca, enquanto no fly o pescador lança a linha. Para tanto, é necessária uma linha diferente, com uma certa massa, e o lançamento ocorre com a linha sendo jogada para trás e para a frente, eventualmente duas ou três vezes, até que o pescador permita que a isca caia na água. Cada vez que o trajeto da linha muda de sentido, ela aplica uma certa carga sobre a vara. Essa carga será, por sua vez, devolvida à linha enviando-a até o fim do trajeto, quando esse processo volta a ocorrer. A destreza necessária faz com que a pescaria de fly seja reconhecida como a mais esportiva de todas.
Onde ficar: http://www.estancialagunaverde.com/ http://www.olsenfamily.com.ar/es/content/ patagonia-san-huberto-lodge
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com um pequeno peixe, para depois recolhê-la com movimentos similares aos que os peixes fariam. Nessa modalidade a isca, com seu peso, leva a linha.
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Achados e
imperdíveis Por Patricia Miller
Em tempo
O Night Vision da Victorinox é conhecido por seu potente sistema de iluminação, e é ideal para os aventureiros, que buscam combinar funcionalidade com design.
O lírio branco da coleção Métiers d’Art Florilège representa o símbolo de pureza e da virtude. O relógio em ouro branco de 18 quilates conta com um mostrador de fundo escuro que acentua o esplendor da flor.
SAC Victorinox: (11) 5584-8188
Boutique Vacheron Constantin: (11) 3198.9405
O relógio Tourbillon Millenary une duas paixões femininas: a flor e os diamantes. www.frattina.com.br
O relógio Royal Oak da Audemars Piguet combina especialmente com as mulheres esportivas, que prezam pela elegância e beleza. O modelo tem forma esguia e uma aparência sutil do acabamento em aço escovado.
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www.frattina.com.br
Um dos maiores lançamentos de 2015, o Harmony Cronógrafo Modelo Pequeno, da boutique Vacheron Constantin, não é especial apenas por celebrar os 260 anos da manufatura, mas também por ser o primeiro cronógrafo feminino da marca. O relógio tem apenas 260 peças no mundo, sendo todas numeradas no verso. Boutique Vacheron Constantin: (11) 3198.9405
O relógio Clé de Cartier em ouro branco tem detalhe em safira e brilhantes. Joalheria Sara www.sarajoias.com
FOTOS DIVULGAÇÃO
Da grife suíça Victorinox, reconhecida pela qualidade e design, chega ao Brasil mais um modelo da coleção Chrono Classic XLS. A grande novidade do modelo é o bracelete de aço inoxidável prata com detalhes dourados. SAC Victorinox: (11) 5584-8188
Relógio comemorativo dos 60 anos da Esquadrilha da Fumaça. www.esquadrilhadafumaca.com.br/
O Royal Oak Offshore Chronograph é uma ótima opção para a primavera. A cor ameixa está presente no mostrador e na pulseira do relógio, e faz com que deixe o look mais divertido. www.frattina.com.br
O relógio manuscrito indiano da coleção Métiers d’Art Fabuleux Ornements é emoldurado por uma caixa em ouro rosa com um bisel de diamantes e dez cores de esmalte vibrantes que florescem no mostrador.
A coleção Overseas da Vacheron Constantin foi criada especialmente para os homens que gostam de relógios esportivos. Com modelos arrojados e funções únicas, a linha apresenta um estilo despojado que encarna o espírito aventureiro. www.frattina.com.br
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Patrimony Contemporâneo é um dos modelos mais clássicos da Vacheron Constantin. O relógio tem a caixa em ouro rosa de 18 quilates, mostrador prateado e ponteiros em ouro rosa de 18 quilates.
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Da coleção Métiers d’Art Florilège, o modelo tem como destaque a tulipa. O relógio é uma homenagem ao naturalismo e à arte de ilustrações botânicas do século 19.
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Em condiçþes ideais de temperatura e beleza...
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Cavalcante Chapada dos Veadeiros, lado B Uma viagem pelos cenários de Cavalcante, no coração do cerrado goiano, terra de cristais mágicos e águas encantadas, chão de festas e tradições kalungas da maior nação quilombola do Brasil
Por Eduardo Petta | Fotos Carol da Riva
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O kalunga de nome Jovino dos Santos Rosa coa o café preto no fogão a lenha da sua casa. Toma-o lentamente acompanhado de um pão doce. Termina, apanha a mochila e o pandeiro, se despede da patroa, das três netinhas e pula em nosso carro com a agilidade de menino. Ele tem 66 anos mas quando fala sorrindo parece criança. “Hoje vocês vão ver o que é uma cachoeira maravilhosa. Eita lugar bão”, diz. E partimos em direção ao rio do Prata, distante 60 quilômetros por estrada de chão batido de Cavalcante de Goiás, coração da Chapada dos Veadeiros, 320 quilômetros ao norte de Brasília. “Conheço cada canto desse cerradão como a palma da minha mão”, diz Jovino. Por onde ele passa é gente gritando: “Jovino, Jovino, Jovino!”.
E Jovino sabe das coisas desse sertão. Ele pega o pandeiro e introduz algumas modinhas. Cruzamos caminho por terras kalungas. Faz sol forte, levanta poeira da estrada. Tempo de seca, quando o pó tinge de marrom as flores amarelas dos ipês e as roxas das sucupiras. Caminho de terra, areia e pontes quase quebradas, mas o 4X4 é valente como as árvores retorcidas e contorcidas que se arriscam a viver na solidão quente do cerrado. Quase toda a região de Cavalcante é assim, feita de solidão e paisagem. O bicho-homem é raridade por aqui. São apenas 10 mil habitantes espalhados por uma área duas vezes maior que o município de São Paulo e que abriga 60% do Parque Nacional da Chapada dos
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Fugiam dos senhores e vinham pra cá se misturar com os índios kayapo, karajá, acroá, avá-canoeiro, xacriabá e xavante. Trocavam segredos e sabedoria.
Veadeiros. Quem visita os 60 mil hectares do Parque fica hospedado em Alto Paraíso, a cidade dos hippies e discos voadores, ou em São Jorge, onde fica a sede e portaria da área de preservação. “Cavalcante é o lado B. Pouca gente conhece. Sorte dos kalungueiros (como ele chama sua gente)”, sorri Jovino. Sorte nossa também. Uma hora e meia depois, no horizonte esfumaçado, além do mar de serras e buritis, nosso guia kalungueiro enxerga. “Olha o Prata (o rio) ali na frente. São sete cachoeiras, mas vamos na melhor.” Descemos em frente a uma das quedas, tomamos um banho para aplacar o calor, mas Jovino nos prepara para a caminhada. “Meia comprida e calça pra não machucar nos espinhos”, avisa. Duas horas contornando trilhas de cristais entre semprevivas enfeitadas. Jovino conta histórias de como seu povo,
os Kalungas, se instalou nos vales quentes e áridos (chamados de Vãos) do rio Paranã e seus afluentes, na fronteira de Goiás com Tocantins. “Fugiam dos senhores e vinham pra cá se misturar com os índios kayapo, karajá, acroá, avá-canoeiro, xacriabá e xavante. Trocavam segredos e sabedoria. E aqui viviam da natureza, da roça da mandioca, da caça e da pesca no rio Paranã, escondidos dos bandeirantes e dos colonizadores, povoando esse mundão.” Foram estes kalungas que a antropóloga Mari Baiochi, da Universidade Federal de Goiás, revelou ao mundo no início da década de 1980, tempo em que foi concluída a estrada GO-040. Em seu livro Kalungas – Povo da terra ela descreve o povo ressabiado que se escondia do homem branco, que sempre aparecia trazendo notícias ruins. “Meus avós viviam assim”, diz Jovino, “sempre perto do mato, pra fugir rapidinho.”
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Uma queda de 20 metros emoldurando um lago cor esmeralda do tamanho de um campo de futebol cercado de altas falĂŠsias.
Voltamos da trilha e alcançamos as portas do carro ao tocar do sol na Terra. Chegamos à noite em Cavalcante, na Pousada Vale das Araras. O vilarejo fundado em 1740, com a descoberta de ouro na região, dorme. Dormimos também.
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A trilha do Prata é marcada por riachos e gostosa de se andar. Não há tempo para cansaço diante de tanta beleza. O sol destila veneno, mas Jovino não arreda o pé até chegarmos diante de sua majestade, o rei do Prata. Uma queda de 20 metros emoldurando um lago cor esmeralda do tamanho de um campo de futebol cercado de altas falésias. O mergulho é um deleite, uma meditação na importância de viver o momento presente.
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Em 1988, com a Constituição Federal, os quilombolas ganharam o direito à terra, mas a luta pela legalização ainda continua. Segundo a Fundação Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, das 3782 terras apenas 193 foram tituladas. Fazendeiros e principalmente as mineradoras, de olho nessa brecha da lei, querem destituir os 237 mil hectares do Sítio Histórico do Patrimônio Cultural Kalunga, região riquíssima em manganês. “Mas kalunga é bicho brabo, que não foge da peleja”, alerta Jovino. “A gente não vai arredar o pé daqui não”, diz.
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No dia seguinte acordamos cedo e guiamos uma hora e meia até o Vão de Almas, no encontro do rio de mesmo nome, o Almas, com o gigante Paranã. A fortuna segue ao nosso lado. O calendário aponta 16 de agosto. É dia de festa da padroeira kalunga, Nossa Senhora da Abadia, e quase 5 mil quilombolas estão reunidos para festejar suas tradições. Nos sentimos na África. Dezenas de mulheres kalungas repetem a cena de buscar água no rio e levar à aldeia. De roupas cintilantes coloridas, elas marcham com as bacias equilibradas na cabeça, levantando a poeira do chão. O rio de Almas é uma festa dentro da festa. E todo organizado para higiene. Suas primeiras águas são para coleta do beber. Depois, na prainha, é para a criançada brincar: de bola, cambalhota, mergulho, pega-pega. A seguir, a área de banho, e logo depois a de lavar a louça. Por último, a área de barcos e animais. A maior parte chega à festa no lombo de mulas.
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Às quatro da tarde se chama a todos para benzer a bandeira e levantar o mastro. O berreiro e o foguetório anunciam a partida do cortejo. O alferes da bandeira, o alferes da adaga, o capitão do mastro. Estão todos prontos. O sanfoneiro aperta o tom. E os
foliões partem pelas alamedas da aldeia. O imperador vai de terno branco e coroa de flores na cabeça, além de óculos escuros, símbolo de status. A imperatriz: vestido branco, coroa de metal dourado na cabeça, como as deusas africanas. Guarda-sóis coloridos e espadas de flores asseguram a pureza do cortejo. Os músicos vão atrás. Jovino é o mestre do pandeiro. O batuque ganha ritmo e alegria. Caretas, os personagens mascarados, brincam de assustar a criançada. E todo mundo segue a comitiva até a capela, para a benção, a reza e a explosão da festa. Hora do forró. Voltamos à Cavalcante na madrugada, pensando quanta cultura oculta existe no Brasil.
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A organização da festa D’Abadia não é fácil. Imperador e imperatriz são sempre eleitos no ano anterior, assim como a encarregada. Nesse ano foi Rosalinda dos Santos Rosa, mais conhecida como Pretinha, uma mulher linda e forte de 32 anos, que corre para todos os lados para ver se os bois estão na panela, se os trajes do cerimonial estão em ordem, se os rituais serão cumpridos.
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Passamos a manhã na Pousada das Araras, um luxo da simplicidade para quem ama a natureza, localizada em uma Reserva Particular do Patrimônio Nacional. Richard, o proprietário, cuida de cada cantinho e detalhe com delicadeza, seguindo em tudo os princípios da sustentabilidade. O café da manhã tem tudo orgânico e caseiro: pães de queijo saídos do forno quentinho, suco de cajá docinho, geleias naturais, frutas do pomar. Araras e tucanos ora passam em revoadas ora pousam nos buritis para ceia matinal. Richard nos leva para uma caminhada suave até o seu quintal, o rio São Domingos. Um mergulho na cachoeira particular pro dia nascer feliz. Após o almoço, seguimos à Ponte de Pedra. Meia horinha de carro, mais meia de subida até o topo da cordilheira, e o andar por uma das trilhas mais lindas do Brasil, pontilhada por toda a beleza das flores do cerrado num chão forrado de cristais. Não há pressa de chegar, o que vale é a viagem. Mas vale também o destino: formação rochosa de impossível geometria, ponte natural de pedra a cruzar em arco o lago de águas negras. Tudo que Parnaíba vista da Ponte das Barcas ao cair da noite. Ponto de partida para desvendar o mundo selvagem do maior delta das Américas
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Último dia. Vamos ao Engenho II, a comunidade quilombola mais organizada da região.
Somos recebidos por guias uniformizados e um almoço caseiro: arroz e feijão na panela de barro do fogão a lenha, frango caipira. O segredo da vida na simplicidade do prato. Visitamos a escola local. O Grupo Arte Kalunga e Meio Ambiente encena a peça de teatro Vida de negro. “Nossa batalha é que as crianças entendam e honrem a luta de nossos antepassados e fiquem na terra”, afirma Procópia dos Santos Rosa, 80 anos, espécie de matriarca do povo. No início de 2000, seu nome chegou a ser cogitado para o Nobel da Paz, ao paralisar, praticamente sozinha, a construção de uma hidrelétrica no rio Paranã.
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se olha nas águas plácidas, reflete-se como espelho. A Ponte de Pedra invertida diverte o olhar. Mas guarde espaço para os olhos. Em cima da ponte, um mirante revela 360 graus de horizonte selvagem. Tudo verde. Tudo terra Kalunga. O cerrado da Chapada, patrimônio geológico que data de 1,8 bilhões de anos. O habitat de mais de 500 espécies de aves. Casa do tamanduá-bandeira, do lobo-guará, do tatubola, do cachorro-vinagre, da onça-pintada e tantas outras espécies ameaçadas de extinção pelo voraz bicho-homem.
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feijão até Cavalcante no lombo de um burro e voltava para casa com açúcar, sal, óleo. Depois se exalta ao falar de política. “O povo Kalunga é um sobrevivente do massacre de culturas da colonização e do governo brasileiro. É preciso ter respeito às minorias desse país, como indígenas e quilombolas”, diz. Nos despedimos de Procópia e vamos com Jovino à cachoeira de Santa Bárbara. Jovino dessa vez nos apressa. “Tem que chegar lá com sol, senão a surpresa acaba.” Uma horinha de trilha fácil e chegamos. Um raio de sol atravessa a mata escura e ilumina um pequeno poço de cachoeira com águas azul turquesa. Parece milagre, uma joia. Escondida como Cavalcante e o povo Kalunga, coisas belas da vida que não se revelam a um primeiro olhar. As águas geladas despertam do sonho. Tomamos o rumo da Pousada. Mente na janela povoada de memórias. Jovino, o que quer dizer kalunga? “É uma plantinha que cresce perto dos córregos.” Volto as retinas à paisagem. Silêncio. Jovino me fita. “Mas meu avô, que foi escravo, me disse que no Congo e Angola, Kalunga é o grande rio-oceano, lugar de passagem, do vivo encontrar o morto e receber a sabedoria dos antepassados. Mas você acredite no que quiser.” Cruzamos a ponte sobre o grande rio Paranã.
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Onde Ficar? Vale das Araras – www.valedasararas.com.br
Vistamos a casa de Procópia. Uma choupana cercada de roça. Procópia está dando de comer às galinhas no quintal e nos mostra no pomar o que aprendeu com a terra: o tingui, para fazer sabão; a tiborna, para cola; o capim de cheiro, para gripe; a sucupira, para dor de garganta; a cagaita, para gripe; a resina da bananeira, para dor de dente; as folhas da bananeira, para dor de barriga. Entramos. Ela coa um café, puxa uma cadeira e olha dentro dos meus olhos. Sua primeira fala é amena. Relembra dos tempos em que ajudava seu pai a levar farinha de mandioca e
Telefone do guia Jovino – (62) 9965-4958 – ou do menino dele, Aureliano – (62) 9959-3101
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