EXPRESSÃO: Ex-nadadora paraolímpica fala sobre superação e intimidade com Deus a revista do jovem que pensa
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Conheça sete profissionais que chegaram lá ou estão a caminho. E entenda os princípios por trás de uma carreira bem-sucedida
JESUS
Saiba como Ele foi crucificado
ADRENALINA
Nordeste: aventura em Recife , Natal e Fortaleza1 abr-jun 2011
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O Sartre bíblico E
Ano 5, no 18 • abr-jun/2011 ISSN 1981-1470 www.conexaoja.com.br
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chamada “náusea” de Sartre, que não enxergava sentido numa vida sem essência ou propósito. Essa é uma conclusão lógica, se apagamos Deus do quadro e entendermos a vida apenas como o aqui e agora. Um gênio do Novo Testamento também analisou esse ponto e concluiu que, se a vida é só esta, então “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (1Co 15:32, NVI). Contudo, o nihilismo sartreano aparente em Eclesiastes se transforma em uma afirmação de fé quando o sábio enxerga Deus, o propósito do trabalho e o sentido da vida. Com isso em mente, ele passa a trabalhar com alegria, colher com satisfação os frutos passageiros de seu suor. Do ponto de vista bíblico, o conceito humano de trabalho e de sucesso não passa de futilidade e um grande mal – as vítimas de Holywood, Globo e de Wal Street que o digam! Sucesso é mais do que bens e posições privilegiadas: é ter uma vida centrada em Deus. Isso não é desculpa para cruzarmos os braços. Pelo contrário: é uma motivação para concretizar grandes aspirações em nome de Deus. Sucesso não é o fim da escada, mas o senso de realização a cada degrau dela. Sucesso não é dinheiro e poder a qualquer custo; é aquilo que fazemos na base do serviço a Deus e ao próximo.
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Diogo Cavalcanti
Editor associado
anjos trabalham, fica Quando entendemos que Deus e os constante no Universo. claro que o labor é uma atividade ósito para toda criatura, Deus é organizado e tem um prop cada por sofrimento, pesar de vivermos numa realidade mar a o tempo do homem, inclusive para você. O trabalho ocup o trabalho está que sar pen deve não você aço, dor e cans ilita para servir. É um enobrece, molda seu caráter e o hab Anade. anid hum da ria histó na do peca relacionado à entrada do s deseja que o trabalho remédio para o homem carnal. Deu já existia. A Bíblia diz que alho trab o Eva, e o Adã de da que simples atividates da signifique para nós mais do que uma rmédio dEle” inte por s feita m fora as cois as as Deus trabalha: “tod ção para servir e de profissional, signifique uma voca m. Em Daniel 9:23, Gabriel (Jo 1:3). Os anjos também trabalha abençoar outros. saiu a ordem, e eu vim..”. No em ser lucradisse: “no princípio das tuas súplicas Sendo assim, muitas atividades pod a de que o prov A . dece obe do rega emp o e Céu, o chefe manda tempo, mas não tivas, mas imorais; podem ocupar o s, é que na Terra restaurada Deu de os plan dos e part faz alho trab aque diante dos edificar o caráter; podem nos dar dest 1). 65:2 (Is r alha trab a os continuarem s. Então, homens, mas não a aprovação de Deu a por crises. Muitas pesSuNos dias em que vivemos, o trabalho pass sso? suce qual é a relação entre trabalho e mir a responsabilidade assu em quer não as, rotin ter em quer soas não vocação cesso para Deus é você utilizar sua am “sombra e água fresca”. de uma jornada de atividades e busc oas. pess as ir serv para moldar seu caráter e u Pai trabalha até agora e Eu Em contraste com isso, Jesus diz: “Me Areli Barbosa índices de ociosidade estiveericanos Líder dos jovens adventistas sul-am trabalho também” (Jo 5:17). Nunca os trabalho. é que o nder pree com os isam prec ram tão altos. Por isso,
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Mente desocupada...
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Capa: Eduardo Olszewski
m Eclesiastes, o sábio expressa uma relação de amor e ódio ao trabalho, que parece ser um dos principais assuntos desse livro da Bíblia. O tema surge logo no versículo 3, em que Salomão se adianta ao filósofo francês Jean-Paul Sartre e dispara uma pergunta existencial: “O que o homem ganha com todo o seu trabalho em que tanto se esforça debaixo do sol?”. Cinco versos à frente, conclui que todas as coisas são trabalhosas (1:8), não apenas as relacionadas a ele, mas a tudo o que ocorre no mundo ao redor, que faz e se refaz, ocorre e se repete. Apesar de ter tudo para se dizer uma pessoa de sucesso, ele não se enxerga dessa maneira. O sábio quer encontrar um sentido para o trabalho de sua vida, para o trabalho das outras pessoas, e, nas entrelinhas, até para o trabalho de Deus, que comanda a dinâmica do mundo natural. Se, por um lado, ele se alegra pelo trabalho realizado, logo depois percebe que tudo era inútil (2:10, 11). Pouco mais à frente, no verso 18, Salomão chega a dizer que odiou todo o seu trabalho, porque ele seria deixado para o sucessor. Parou para pensar em sua vida, e, por mais que tivesse trabalhado e buscado a sabedoria, teria o mesmo destino dos tolos (2:15). O trabalho lhe parecia inútil e desprezível, e seu desgosto se tornou tão pegajoso que o levou a desprezar a si mesmo (2:20). Isso lembra a
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Princípios para quem deseja alcançar o sucesso sem abrir mão de sua fé
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A autora do livro Um Passo a Mais fala sobre a maneira de fugir da superficialidade
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O sonho de reunir todos os livros num único lugar
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Como utilizar as redes sociais para conseguir emprego
Foto: Shutterstock
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O documentário que vai contar a história do surgimento da Igreja Adventista no Brasil
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O recado de Deus na cruz
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Baseados nas evidências históricas e arqueológicas, retratamos a cena da crucificação
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Imagem: Tiago Ramos (Chapolin)
Ilustração: Thiago Lobo
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O que você não pode perder em três cartões-postais do Brasil
Um recurso para se contar a história que todos precisam ouvir
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Editora dos Adventistas do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
Editor: Wendel Lima Editores Associados: Diogo Cavalcanti e Matheus Cardoso Designers Gráficos: Marcos S. Santos e Eduardo Olszewisk Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Rubens S. Lessa Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Chefe de Expedição: Eduardo G. da Luz
Colaboradores: Areli Barbosa, Aquino Bastos, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Ivay Araújo, Ronaldo Arco e Donato Azevedo Filho
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Nota do editor: Obrigado pela sugestão, mas cremos que a revista Ação Jovem, bem como outros materiais produzidos pelo Ministério Jovem, já respondem a essa demanda. Nossa intenção com a Conexão JA é oferecer um complemento ao que já é feito.
Nota do editor: Hélia, você tem razão. Já tiramos os testes faz um bom tempo. Entendemos que o espaço virtual oferece mais recursos para isso e pode deixar esses testes ainda mais interessantes. Portanto, é outra seção que pretendemos ter em nosso futuro site, mas não na revista impressa.
Olá galera da revista Conexão JA! Parabéns pela revista, que está ficando cada vez melhor, com assuntos mais aprofundados e mais próximos da realidade do jovem. Aprovei bastante o debate sobre a responsabilidade da Igreja Adventista em relação à sustentabilidade. Gosto muito dessa revista. Quando ela chega aqui em casa, leio-a no máximo em dois dias. Mairon Hothon do Nascimento, 20 anos, São Cristovão, SE torresmaironhothon@gmail.com
Oi pessoal! Parabenizo vocês pela revista maravilhosa! Essa é a minha primeira assinatura e logo de cara amei principalmente a matéria de capa. Por isso, me arrependo de não ter assinado antes. Adorei a matéria do Fernando Torres sobre lugares alternativos para se divertir no Mato Grosso, e até fiquei com vontade de ir pra lá. Continuem assim. Estou esperando as próximas edições. Parabéns! Tainara Matos, 16 anos, Cabo Frio, RJ ta.inaramatos@hotmail.com.br
Gosto cada vez mais da Conexão JA. Tenho feito amizades pelo MSN com outros leitores e juntos compartilhamos bons comentários sobre a revista. Creio que todos os jovens estão orando e desejam que ela seja mensal. Em 2010, as edições foram ótimas. E 2011 já começou super bem. Gostei muito da entrevista com a Marina Silva. Ela é uma “grande mulher”. Fico feliz por ser minha conterrânea de cidade e estado. Ela representa bem o Acre. Rodrigo Nogueira, 27 anos, Xapuri, AC rnarodrigo@hotmail.com
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Oi, sou assinante da revista Conexão JA e gosto muito. Só que há tempos venho sentindo falta de uma coisa: os testes que vinham na última página. Era a minha seção preferida, a primeira coisa que eu queria ver quando chegava a revista, mas agora não tem mais... Hélia Fernanda de Oliveira Santos, 20 anos, Nova Soure, BA nanda_helia@hotmail.com
@JanssenVga: ADOREI!! Muito boa a entrevista com a @silva_marina Demais! @brendynhadush: Eu simplesmente adorei a revista #penseverde. De todas as CJA que eu já recebi, essa foi uma das melhores! Parabéns! @GlendaLeitte: A revista está muito interessante! Assuntos bem legais! Estou gostando! @rafaelbrondani: Acabei de ler aqui no Unasp #penseverde edição nota mil. Parabéns equipe! @jonathasvilas: @ConexaoJA boa D+! Só achei que faltou um artigo mais espiritual... @HendersonRogers: 13ª Dica #troqueoBBBpor umlivro ou por uma revista, como a Conexão JA (@ ConexaoJA) , da @casapublicadora #leiosempre #recomendo a todos! @A__Junior: Acabei de receber a @ConexaoJA deste trimestre! A capa está bem interessante! #PENSEVERDE @ArethaStephanie: @paolanayara @ConexaoJA Maravilhosa a revista deste trimestre! Amooo! Tenho todas! @saramqs: @ConexaoJA como sempre, a revista está ótima! Enquanto espero a próxima edição, dá pra reler “muitas vezes”. Parabéns! #PenseVerde
Pelo Twitter
@talitahtavares: Li em poucas horas a revista @ ConexaoJA – a revista do jovem que pensa – e amei! #PENSEVERDE
@paolanayara: A @ConexaoJA deste trimestre está excelente como sempre! Achei que ia ser “menos legal” pelo assunto de capa, mas me surpreendi com tudo! =D
@conexaoja
@gizelletimoteo: Recebi minha @ConexaoJA #penseverde na semana passada e ainda não li tudo, mas gostei muito da entrevista com a Marina Silva.
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Texto: Michelson Borges – Ilustração: Thiago Lobo
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Sou batizado há apenas 5 meses e este é meu primeiro ano como assinante. Já recebi a primeira edição e estou amando. Achei tudo muito bonito. Ainda não a li toda, mas até agora não tenho do que reclamar. Bem que a revista poderia ser semanal! Vou dar uma sugestão: por que vocês não incluem dicas para animar o culto jovem? Por exemplo: dinâmicas, sugestões de temas para discussão e outros. Eduardo César Souza, 24 anos, Porteirinha, MG edwardsouza3@gmail.com
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Texto: Michelson Borges – Ilustração: Thiago Lobo
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WENDEL LIMA
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O passo mais importante
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inglês e trabalha como secretária executiva de uma multinacional em São Paulo. Comprou carro, apartamento e aprendeu a morar sozinha. Tem testemunhado por todo o Brasil falando de sua experiência de superação e busca por Deus. Recentemente, contou sua história na obra Um Passo a Mais, lançado pela CPB, e que foi escolhido como o livro do ano de 2011 para os jovens. É sobre tudo isso que conversamos por telefone. Leia, porque você vai se identificar.
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u nunca imaginei que um dia fosse entrevistá-la. Criados na mesma Igreja Adventista na Zona de Norte de São Paulo, minha amizade com a Fernanda Lima foi formada após seu trágico acidente, na véspera do Dia das Mães de 1998. Acidente que matou 14 jovens que voltavam de um congresso e que a colocou numa cadeira de rodas, aos 18 anos. Conheci poucas pessoas como a Fernanda, que fazem perguntas tão profundas quanto a experiência que procuram ter com Deus. Mas nem sempre foi assim. Como ela mesmo se define, até o acidente, era uma pessoa normal, leia-se espiritualmente superficial. Porém, após a tragédia, ela aprendeu que poder tem as simples, mas imprescindíveis decisões. Tornou-se atleta paraolímpica, ganhou medalhas de ouro na natação e bateu recordes. Mais do que isso, testemunhou sobre o sábado para nadadores e comissões técnicas. Terminou a faculdade, concluiu seu curso de
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Conexão JA: No começo do teu livro, você declara algo que acho fantástico: seu único problema era ser normal. Esse é o problema dos cristãos hoje? Fernanda Lima: Sem dúvida. Se eu falar só normal eu vou ser pouco específica. Eu acho que nosso problema é ser superficial. Faz parte da normalidade lidar com erros e acertos, mas o que nos marca é nossa superficialidade no relacionamento com Deus e com as pessoas. Nós vivemos numa situação estanque, mas como a vida é dinâmica, você não consegue ser assim por muito tempo. Por isso, eu sempre digo que uma vida superficial, uma hora ou outra, vai resultar num momento de crise. Ninguém consegue manter a aparência de normalidade. Essa peculiaridade é mais forte em nossa geração? Sim. Nosso acesso à informação aumentou muito e isso nos deixa extremamente ansiosos. O ritmo de vida, prin-
Foto: Cortesia da entrevistada
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Numa cadeira de rodas, ela aprendeu que a felicidade não depende das circunstâncias, mas do relacionamento que se tem com Deus. O testemunho de Fernanda Lima é um apelo para uma geração superficial
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Em can pro esp que ide ling diá sem T mu pela na mu tras des nat ver hoj
cipalmente nas cidades grandes é muito intenso, muito rápido, e o vazio que o homem tem continua muito grande. Essa ânsia leva as pessoas a manter a mente ocupada, mas o coração vazio. Tudo porque para escolher com que preencher esse vazio é preciso parar.
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Como nasceu a ideia do livro? Era o pedido de muitas mães que ouviram meu testemunho. Elas queriam que os filhos e outros familiares também conhecessem minha história. Eu tentei escrever algo por duas vezes, mas não deu certo. Até que em 2009 decidi tentar de novo. Orei e em 30 dias o livro estava pronto.
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Como os leitores têm reagido? Apesar de eu não ter feito nenhum lançamento oficial, houve um movimento na internet, feito por amigos, para promovê-lo. Alguns sites institucionais e a Rede Novo Tempo também divulgaram. Daí surgiram vários convites para testemunhar e lançar o livro em igrejas de vários estados. Os leitores têm respondido também por e-mail e pelo Orkut. É muito bom ver que o livro serve como uma mola propulsora para a vida espiritual deles.
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Foto: Cortesia da entrevistada
alar ica. perom aé nto vemo ser emma ener a
Em nosso tempo, as pessoas estão cansadas dos discursos protocolares e promocionais. Prezam mais por uma espiritualidade viva. Você acredita que esse pode ser um ponto forte de identificação com seu livro, que usa uma linguagem simples e direta como de um diário, ora temperada com humor, mas sempre autêntica? Talvez, por não ser escritora e não ter muita consciência das técnicas, eu optei pela transparência. Eu sinto essa carência na literatura religiosa. Acho a linguagem muito engessada e já ouvi isso de outras pessoas também. Eu sou uma pessoa descontraída, por isso, o humor é algo natural no livro, como se estivesse conversando. Isso é mais importante ainda hoje, quando os cristãos estão perdendo
o hábito de ler. Acho que além de uma linguagem mais informal, deveríamos usar a ficção, como é feito nos Estados Unidos. Como ter uma vida significativa e reflexiva em meio à turbulência? Fazendo boas escolhas. Deus é fantástico, porque ao mesmo tempo que Ele é muito complexo, também é simples. Dentro das 24 horas que Ele dá para todo mundo, se nós realmente quisermos, é possível priorizar a vida espiritual. Não precisamos dar uma chance para Deus, é preciso aproveitar as chances que Ele nos dá. A única forma de não sermos engolidos por esse sistema, é a boa e velha receita de começar o dia com Deus e de alguma forma, nos momentos livres durante o dia, manter comunhão com Ele, seja por meio de música, leitura ou o que for. É preciso pedir para Deus nos ensinar a buscá-Lo, aí sim a frequência a igreja no fim de semana vai fazer algum sentido.
Mais importante do que a velocidade com que se vive é ter a consciência de que direção vai sua vida. No ano passado, você testemunhou para milhares de pessoas no Maracanazinho. Como tem sido compartilhar sua história ao redor do Brasil? Testemunhar sempre é um privilégio. Seja para 20 pessoas num pequeno grupo ou para 12 mil pessoas no Maracanazinho. Cada região do Brasil reage diferente, mas a gente percebe que a necessidade e a esperança são as mesmas. Percebo que minha experiência mexe com todos, das crianças aos idosos. E a cada oportunidade em que testemunho, isso só fortalece minha fé. O que foi pior no primeiro momento após o acidente? A dor, a perda dos movimentos ou a morte de conhecidos? Foi a morte. Porque apesar de ter via-
jado com muitos desconhecidos, você nunca espera que, ao voltar de um congresso de jovens, 14 pessoas não retornem com você. Isso foi bem forte. E você se revoltou contra Deus naquela época? Não e em nenhum momento, porque justamente eu achava que minha recuperação era uma questão de tempo. E depois, quando fui tomando conhecimento do que realmente tinha acontecido comigo, eu passei a acreditar piamente no milagre. Para que eu ia chorar hoje se o milagre pode acontecer amanhã? No início, meu sentimento era de gratidão, porque se eu fosse a 15ª vítima, eu teria morrido perdida. Porém, depois de três anos, depois de muito pedir e nada acontecer, e concluir que Deus pode tudo, mas por alguma razão não havia me curado, aí doeu. Mas eu não me revoltei, me entristeci, porque não via perspectiva. Eu tinha 21 anos, ficava sozinha e não tinha vida acadêmica, profissional e social. Deu vontade de morrer não por revolta contra Deus, mas por falta de perspectivas. Você tem dito que as adversidades podem amolecer ou endurecer o coração. Por quê? Eu não quero aqui subestimar o papel do sofrimento na vida. A gente sabe da importância dele para o crescimento. No entanto, o mais importante é como o sofrimento é encarado. Conheci muitas pessoas que ficaram limitadas por causa de tragédias, e endureceram completamente o coração. O sofrimento pode ser uma bênção, mas não é ele e nem a alegria que muda a vida, mas o relacionamento com Deus. Como a Igreja Adventista tem lidado com os portadores de necessidades especiais? De forma geral não tem lidado. Temos uma legislação sobre acessibilidade que não é respeitada na maioria das igrejas. E o primeiro passo para alcançar os abr-jun 2011
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Quais são alguns estereótipos dados aos cadeirantes? A distância acaba fazendo o mito. Muitos infantilizam os portadores de deficiência, porque acreditam que eles são inferiores intelectualmente e profissionalmente. Por isso, muitos não conversam com o deficiente, mas se dirigem para quem o acompanha. Outro mito é de que os cadeirantes são assexuados e de que a deficiência transforma o caráter, como se não houvesse deficiente ladrão também. Além disso, o deficiente é associado ao feio, pobre e iletrado.
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Quão independente um cadeirante pode ser? A independência dele está muito ligada à acessibilidade das edificações. É fundamental também que ele se qualifique e trabalhe, para ter independência financeira, porque ter um carro, por exemplo, que facilita muitas as coisas, é preciso dinheiro. No meu caso, por influência da minha grande amiga Jaqueline, eu aprendi a adaptar, a fazer as mesmas coisas de maneira diferente. É verdade que tenho alguns profissionais que me ajudam, como uma faxineira e um personal trainner, mas consigo morar sem meus pais tranquilamente no meu apartamento. Com o que você sonha? Eu gostaria de trabalhar mais com voluntariado. Não sei como ainda, mas eu quero ajudar outros cadeirantes a acelerar seu processo de independência. Porque a vida continua muito boa, dependendo de quão independente você é. E como surgiu a carreira de atleta? Durante a minha reabilitação na AACD, um ano após o acidente, eu fui con8
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vidada a nadar. Comecei numa piscina pequena. Eu precisava fazer muito mais esforço para nadar, mas quando consegui dar braçadas sem ajuda de ninguém, aquilo foi literalmente um divisor de águas. Depois, passei a treinar em clubes e a competir em torneios nacionais. Mantive o melhor tempo do Brasil nos 50 metros borboleta durante os cinco anos em que nadei. Esse tempo era o décimo melhor do mundo e o quarto melhor das Américas. E cheguei a ser convocada para a seleção brasileira paraolímpica. Qual é o paralelo do esporte com a vida cristã? Eu vejo muitos. Primeiro, um atleta só é bem sucedido se tiver regularidade. Tem que treinar todos os dias, sem vontade ou com dor. O treino não faz cócegas, mas o atleta se submete a ele, porque tem uma meta. Outro paralelo é em relação a obedecer ao treinador. Ainda que você nem sempre concorde com o técnico, você não vai a lugar nenhum sem ele. Na vida cristã, é preciso pensar se queremos pagar o preço do treino, do esforço e das eventuais derrotas. Mas a recompensa é certa, porque o resultado sempre vem.
Quais são as quatro grandes lições que você disse ter aprendido nos últimos 13 anos? Eu termino meu livro com isso. A primeira é que Deus deseja ir sempre além de um relacionamento superficial conosco. E nesse aspecto, mais importante do que a velocidade com que se vive é ter a consciência de que direção vai sua vida. A segunda lição é que Deus usa a leitura como um meio poderoso para mudar nossos hábitos e atitudes. A terceira, e mais importante delas para mim, é que a felicidade não depende de você estar na situação mais desejada. E a última é que não é preciso acontecer uma tragédia para mudar nossa experiência com Deus. Prova disso, é que alguns que passam por grandes provações abandonam a fé, ao invés de abraçá-la.
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Qual é o objetivo social do seu livro? Meus direitos autorais serão revertidos para a compra de equipamentos para portadores de alguma deficiência que não tenham condições de adquiri-los. Graças a Deus, de novembro até fevereiro já foram vendidos mais de 3 mil exemplares do livro, um valor equivalente a duas cadeiras de rodas. Meu objetivo não é ajudar alguma instituição específica, mas fazer as doações pessoalmente. E para tornar a campanha mais transparente, eu criei um blog (http:// umpassoamais.wordpress.com), no qual informo o quanto foi arrecadado e para quem foram destinados os recursos.
Como você testemunhou nesse ambiente esportivo? Apesar de eu não ter competido aos sábados, tive excelentes resultados. Quando eu consegui o índice paraolímpico, veio a convocação para a seleção brasileira. Mas na hora de assinar o contrato, vi que havia uma cláusula sobre a disponibilidade para realizar as provas em qualquer dia. Fui falar com o coordenador técnico sobre a guarda do sábado e ele me disse que eu merecia estar na seleção. No entanto, era preciso que a comissão organizadora aprovasse minha participação com a abstinência às competições aos PARA SABER sábados. E para glória Um Passo a Mais, de Fernanda de Deus, fui aprovada Lima (CPB, 2010), 113 páginas. por unanimidade.
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cadeirantes, é dar a eles o direito de ir e vir a igreja. Eu não fico constrangida de ser carregada, mas outras pessoas, principalmente os visitantes, talvez não tenham a mesma sensação. A igreja deveria ser o lugar mais acessível para todos.
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o século 3 a.C., o faraó Ptolomeu planejou “reunir os livros de todos os povos da Terra” em um só lugar, e criou a famosa Biblioteca de Alexandria. Empreitada semelhante parece mover nossos contemporâneos, com a digitalização da informação. E isso talvez nos dê alguma luz para entender o surgimento dos modernos tablets e e-readers. Nova menina dos olhos da indústria informática, o tablet foi criado para livrar o usuário da dependência de uma máquina relativamente grande como um computador para ler ou assistir algo digital. Ele tem um tamanho intermediário entre um laptop e um iPod, e o modelo mais conhecido é o iPad, da Apple. Outro que também tem feito sucesso, principalmente no exterior, é o e-reader, que é semelhante ao tablet, mas é mais específico para livros digitais (e-books) e jornais. O Kindle, da Amazon, é o pioneiro, com capacidade para armazenar até 1.500 livros, comprados e baixados pela internet. Ainda que os livros digitais possam ser lidos de qualquer computador, os e-readers, assim como os tablets, facilitam essa experiência pelo tamanho compacto. Embora seja pouco provável que tablets e e-readers acabem totalmente com o impresso, a tradição do papel e da tinta precisará se reposicionar no mercado. Afinal, é muito mais fácil acessar livros digitais e consultá-los com essas tecnologias. Não é preciso, por exemplo, levar todos os livros que você, na maior das boas intenções, pretende ler nas férias. Basta levar um e-reader com os livros armazenados na memória. Para o conhecimento, isso certamente parece significar um grande avanço. Mas temos que ir com mais calma e não tirar conclusões precipitadas. Se ficou fácil armazenar e transmitir informações, ficou igualmente fácil perdê-las num instante ou ficar impossibilitado de acessá-las. Centenas de livros podem sumir de uma só vez quando um único e-reader é roubado. Além
Os e-readers e o sonho de reunir todos os livros num único lugar disso, na hipótese de o saber estar disponível apenas em versão digitalizada, as atualizações periódicas típicas do mundo tecnológico tornam a humanidade refém da indústria que o produz. Ou seja, a vantagem do livro digital é também sua desvantagem. Não se trata, portanto, de “progresso”, como quer a retórica da propaganda, mas de uma mudança cuja maior interessada e motivadora é, não custa lembrar, a indústria de tecnologia, e não o “conhecimento”. Hoje, é lucrativo incentivar a disseminação do conhecimento. Se, algum dia, a indústria achar que é lucrativo destruí-lo, assim o fará. Aliás, proliferam as lendas sobre quem destruiu a Biblioteca de Alexandria durante a Idade Média. Cristãos, muçulmanos e pagãos são apontados como responsáveis em diferentes versões. O mais provável é que uma série de incêndios tenha acabado com a ilusão de “reunir os livros de todos os povos”. Corremos esse risco com a vasta biblioteca digital? Dificilmente. Nosso problema é outro. Os livros impressos podem ser caros, mas, se fossem baratos e amplamente distribuídos, os leríamos mais? Eles fariam diferença na nossa vida? Desejamos essas tecnologias porque alimentamos secretamente a crença de que foi a falta delas que nos impediu até hoje de fazermos uma humanidade mais instruída. Por isso acreditamos na propaganda. Esse é o nosso verdadeiro risco, acreditar na ilusão de que seremos mais cultos e melhores se concretizarmos o sonho de Ptolomeu, ignorando inclusive a hipótese de que o excesso de informações talvez seja mais danoso do que a própria falta delas. A falta indicava claramente o que precisava ser suprido, o caminho a seguir. O excesso só nos deixa meio zonzos, sem saber exatamente onde estamos e o que é importante realmente. Tales Tomaz
É professor de Comunicação Social do Unasp e mestrando em Comunicação e Semiótica na PUC-SP. talestomaz@gmail.com
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A geração que pode chegar ao topo Cada vez mais, jovens adventistas se destacam no mercado de trabalho e descobrem que o verdadeiro sucesso é resultado da soma de competência e fidelidade a Deus. Conheça sete deles e o que a Bíblia diz sobre a relação entre fé e trabalho
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ucesso! Você pode chegar lá ou estar a caminho. Somos a geração que encara sucesso profissional como símbolo de felicidade. E podemos sonhar com isso, mais do que nossos pais, porque somos herdeiros do desenvolvimento educacional e econômico do Brasil nas últimas duas décadas. Por isso, você já deve ter percebido (se já não faz parte desse grupo), que cresce o número de jovens adventistas que se destacam no mercado de trabalho. Apesar de não existirem estudos do governo nem da denominação sobre esse fenômeno na comunidade adventista, todos os entrevistados desta matéria – jovens profissionais e especialistas – reconhecem que uma parcela da Igreja Adventista tem ascendido social e economicamente. E olha que não foi difícil achar gente bem-sucedida para ser entrevistada.
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Ilustrações: Marta Irokawa
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Ilustrações: Marta Irokawa
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A caminho do topo Jonas, Felipe, Bruno, Thiago, Camila, Gustavo e Dianne são exemplos de jovens adventistas que estão bem colocados no mercado. Na média, eles têm 30 anos. Mas as semelhanças não param por aí: eles trabalham em multinacionais (dois deles fora do Brasil), são bem remunerados, subiram na hierarquia da empresa em pouco tempo, odeiam a rotina, são movidos pelos desafios, prezam a ética e buscam superação e autorrealização. Pelo conceito contemporâneo de sucesso, eles podem se considerar privilegiados, pois se não chegaram ao topo, estão bem encaminhados. Eles sobrevivem e se destacam num mercado de trabalho altamente competitivo. Para tanto, pagam o preço de uma longa jornada de trabalho e se adaptam a
um ambiente que exige constante atualização, domínio do inglês, flexibilidade, espírito de equipe e, mais do que tudo, resultados. Todos são muito cobrados, ainda que seu trabalho pareça divertido, como o do Bruno Mastrocolla, que até fevereiro gerenciou as redes sociais do banco Santander; ou do Felipe Ozório, que trabalha numa das maiores empresas de tecnologia do mundo, em que se pode andar de chinelo e bermuda: a quase onisciente Google. Mesmo em contextos menos verticalizados, que dão maior autonomia aos funcionários e se mostram mais sensíveis ao bem-estar de seus colaboradores, a máxima capitalista é a mesma: obter lucro. Diante disso, os jovens profissionais são pressionados a optar logo por seu conceito de sucesso. “Basicamente, hoje, há duas formas de sucesso: uma que visa o lucro, e outra que visa a felicidade. O sucesso voltado para o dinheiro é aquele em que a pessoa só se sente realizada quando consegue um alto salário e passa a Bruno Mastroc olla 29 anos adquirir bens. Já o sucesso Arquiteto, Administração pós-graduado em de Empresas (F que visa a felicidade, a GV) em Finanças (F undação Dom e MBA Cabral) satisfação pela realização dos sonhos e das metas Ex-coordenad or de redes so ciais do Santander. alcançadas, é o ideal de Desde março , deixou o banco para tr ser feliz em todos os asabalhar no Una sp, campus Enge nheiro Coelho pectos da vida, não só , como diretor da Agê ncia de Public no financeiro”, define o idade Zoom e profes sor da instituiç ão. jornalista e consultor de carreiras Cristiano Stefenoni, autor do livro Profissional de Sucesso (CPB, 2006). Essa visão mais completa e equilibrada de trabalho – que concilia profissão com saúde, família e valores pessoais, e que tem sido abraçada por muitos – é o ideal dos sete profissionais entrevistados. Na verdade, eles vão além. Para eles, trabalho têm tudo que ver com fé. O êxito deles e de outros mostra que o caminho do sucesso não pode e nem precisa ser marcado por negociação de princípios, como transgressão do sábado, desonestidade, beber socialmente e sair com o chefe. Ao contrário, eles afirmam, assim como Ellen G. White, que o sucesso é fruto da fidelidade a Deus (Fundamentos da Educação Cristã, p. 82-83). abr-jun 2011
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Fazemos parte da nova classe média brasileira, ou como os estudiosos têm chamado: a nova classe C. E isso está longe de ser uma bênção exclusiva para o “povo de Deus”. Nos últimos oito anos, 30 milhões de brasileiros deixaram de ser pobres para fazer parte dessa classe social intermediária, que ganha de 1.115 a 4.807 reais. Ou seja, hoje 90 milhões de pessoas formam a classe média, metade da população nacional. Foi o que explicou o sociólogo Luís Guilherme Barrucho, autor do livro A Classe Média Brasileira: Ambições, Valores e Projetos de Sociedade (Campus/Elsevier, 192 páginas), em entrevista à revista Veja, de 24 de fevereiro de 2010. Segundo Barrucho, por causa da estabilidade econômica, esse segmento tem experimentado os prazeres e desgostos do crédito a longo prazo e do consumo. Descobrimos que é possível ter um carro e um apartamento logo no início da carreira; que o mundo pode parecer menor quando se pode viajar de avião para qualquer parte do planeta e que investir em educação e qualificação profissional é a prioridade para quem não quer deixar de ascender. Mas também nos tornamos mais individualistas, materialistas e endividados. É exatamente neste ponto que esta matéria pretende tocar. O que é sucesso profissional? Quanto ele custa para sua saúde, família e espiritualidade? É possível ter destaque no mercado de trabalho sendo fiel a Deus? As respostas começam a aparecer à medida em que perguntamos a nós mesmos quais são os ideais bíblicos para o trabalho e que benefícios os cristãos podem obter e oferecer por meio dele.
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Teologia do trabalho Um pensamento popular diz que o preguiçoso quer matar quem inventou o trabalho. Só lamento por ele, porque terá que se entender com o Todo-poderoso. Ao contrário de muitas culturas da Antiguidade, que conferiam aos deuses a vida mansa e aos escravos o trabalho braçal, Deus Se revela na Bíblia como Aquele que trabalha (Sl 104:13,14) e dá trabalho para a humanidade. Como escreveu o teólogo adventista, Samuelle Bacchiocchi, “trabalhar é imitar a Deus, como um grande discípulo imita seu mestre” (A Biblical View of Work, p.18). Nesse sentido, Jesus não deu exemplo menos convincente (Jo 5:17), “por preceito e exemplo Cristo dignificou o trabalho útil. Desde Seus mais tenros anos, viveu uma vida de serviço” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 276). Portanto, a origem do trabalho e o modelo de trabalhador se encontram em Deus. O propósito do trabalho é também preencher a rotina do homem com uma tarefa útil. Isso remonta ao tempo em que não havia pecado (Gn 2:15). Em vez de ser algo cansativo, entediante ou instrumento de exploração, Deus sempre desejou que o trabalho fosse uma bênção, que desse sentido à vida. Os aspectos negativos relacionados ao trabalho acompanharão nossa rotina apenas enquanto durarem as consequências do pecado. No Éden, Adão trabalhou, e na Terra restaurada, os salvos continuarão a trabalhar, não “em vão”, porque aproveitarão ao máximo essa atividade (Is 65:21-23). Quem espera um paraíso sem trabalho vai se decepcionar, pois Deus trabalha e os anjos também. O plano de Deus é abençoar a humanidade em dose dupla através do trabalho. Para quem Dianne Rodor Martini é comprometido com ele, o trabalho representa um dos melhores recursos para o desenvolvimento do caráter. Essa função moral fica mais clara ainda neste mundo marcado pelo mal. “O trabalho árduo é um
28 anos
Formada em Administração de Empresas e Publicidade e Propaganda pelo Unasp
Trabalha na IBM como subgerente de Faturamento e Disputas para parceiros de negócios da América do Norte.
Ilustrações: Marta Irokawa
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Eles têm razão de pensar assim. O sucesso não é mero anseio humano, é o ideal divino. Deus disse que faria o povo de Israel se tornar “cabeça” (Dt 28:13). No entanto, se fossem in36 anos Jonas Cordazzo fiéis, teriam que se Engenheiro mecânico contentar em ser “cauda”. Para Stee a uis sq fenoni, o drama dos pe na lha ba Tra simuladores jovens que abandodesenvolvimento de tróleo na de reservatório de pe nam a fé no períoGroup, em Computer Modelling do da faculdade ou Calgary, Canadá. quando entram no mercado de trabalho, aponta para uma fragilidade espiritual anterior. Segundo ele, fidelidade não é algo que se ganha, mas que se constróí. É o caso de Jonas Cordazzo, engenheiro mecânico, que trabalha na pesquisa e desenvolvimento de simuladores de reservatório de petróleo numa empresa no Canadá. Sua fidelidade vem desde os tempos da faculdade. Em 1993, quando estudava na Universidade do Oeste de Santa Catarina, foi ridicularizado pelo coordenador do curso, ao pedir permissão para realizar em outros horários as provas que caíam aos sábados. Sua competência e lealdade fizeram o mesmo coordenador, anos depois, convidá-lo para lecionar na universidade. A mesma coerência com seus princípios demonstrou a administradora Dianne Martini, que teve que esperar um ano para ser promovida na IBM por não ter aceitado trabalhar aos sábados. Não foi diferente com o analista financeiro de uma das maiores construtoras brasileiras, Thiago Granjeiro. Por causa do dia sagrado, ele abriu mão do conforto de trabalhar em Abu Dabhi, Emirados Arábes, para conviver com a pobreza do interior de Moçambique, na África. Se parece claro que a união de competência com fidelidade a Deus torna viável o sucesso profissional, a pergunta que fica é se o “topo” é tudo o que Deus planejou para o homem. E o que dizer dos que não almejam ou não conseguirão chegar lá? Para responder essa pergunta, é preciso entender como Deus quer abençoar a humanidade com o trabalho.
Ilustrações: Marta Irokawa
rente ra érica
dedicou mais anos ao trabalho na carpintaria do que ao ministério de cura, pregação e ensino. E Paulo demonstrou isso dividindo seu tempo entre a fabricação de tendas e a fundação de igrejas (1Co 9:3-18; 2Ts 3:7-9).
Entre o ideal e o real
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26 anos
ação de Administr P m e o d a Form s pela US Empresa
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o de um Como discurso, isso tufinanceir . Depois de analista É eira do pode parecer mero ideara brasil sa para construto iado pela empre gora v n lismo, distante da realidade. e rábes, a ter sido irados A m E e. i, b a O pecado atrapalhou muito çambiqu Abu Dh Tete, Mo m e a lh traba o plano de Deus, mas não o tornou inviável. Alguns interpretam Gênesis 3:17-19 de forma errada. A Terra foi amaldiçoada, mas o trabalho não. Ele se tornou mais difícil, marcado por suor e calos, mas ainda cumpre sua função. O cansaço, a dor, a morte, a exploração, a discriminação, a competitividade, o assédio e a destruição da natureza seriam alguns dos efeitos colaterais do mal sobre o trabalho. Diante dessas circuntâncias adversas, o cristão pode ser tentado a reagir de duas maneiras inadequadas: fugir ou lutar. A primeira seria se isolar, optando por trabalhar como servidor da Igreja, para não ser “provado” no mercado secular. Essa atitude é irrazoável, pois se todos pensassem da mesma forma, a igreja teria que oferecer milhões de empregos para atender todos os seus fiéis; e seria sectária, porque mostraria a falta de habilidade dos seus membros em se relacionarem com o contexto em que vivem. Outro caminho que o cristão deve evitar é a luta, greves e boicotes. Diante das injustiças sofridas ou testemunhadas, a solução não é a violência nem rebeldia, mas o diálogo e os mecanismos pacíficos disponíveis. Por mais desagradável que seja a atividade que exerce, o cristão deve encontrar sua realização não somente no resultado do seu trabalho, mas na satisfação do dever cumprido. Centralizado nesse senso de dever, o jovem adventista pode fazer do seu ambiente de trabalho o melhor contexto para testemunhar. Para tanto, a palavra chave é coerência. Tendo em vista que ninguém consegue interpretar um papel de 8 a 12 horas abr-jun 2011
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tônico para a humanidade. Torna o fraco vigoroso, rico o pobre, feliz o desgraçado” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 278). No mesmo livro, na página 275, Ellen G. White completa que o trabalho é uma das melhores vacinas contra o mal, previne o vício, o crime e a pobreza. “Todo trabalho exercido com dedicação, honestidade e carinho, além de ser gratificante, é muito importante para o desenvolvimento pessoal e do ambiente social em que se está inserido”, argumenta o clínico geral e especialista em medicina do trabalho, Elias Morsch. Ele é presidente da Federação do Empresários e Empreendedores Adventistas (FE). Ao usar o trabalho no processo de restauração do nosso caráter, Deus também nos oferece a oportunidade de sermos Seus colaboradores. O texto de Gênesis 2:5 diz que Deus havia criado a vegetação, mas esta não havia brotado em toda a sua variedade. Ele não havia ainda mandado chuva e não havia criado o homem para lavrar a terra. Porém, o verso 15 diz que Ele colocou Adão no jardim para guardá-lo e cultivá-lo. Portanto, há no trabalho um papel para Deus e outro para o homem. Podemos cooperar com Ele para a manutenção da vida na Terra, por meio de nossa força e criatividade. Ellen G. White descreve essa sinergia impressionante que orquestra o Universo como a lei do serviço (O Desejado de Todas as Nações, p. 20). Para que o ecossistema funcione com perfeição é preciso que todos sirvam, trabalhem em favor do coletivo, especialmente o homem. Nosso trabalho não envolve apenas utilidade pessoal, tem também responsabilidade moral. Quando se percebe que há uma íntima relação entre trabalho e fé, fica claro que é falsa a dicotomia que tenta separar o secular do sagrado. O Deus que é adorado na igreja no sábado é o mesmo para quem se trabalha no escritório na segunda-feira. Em última instância, não trabalhamos para a inciativa privada, pública nem para nós mesmos, mas para o dono da Terra e de tudo o que nela há (Sl 24:1). Esse princípio também coloca em pé de igualdade o trabalho feito nas oficinas e o do pastor que prega no púlpito. Essa foi uma bandeira levantada por Martinho Lutero, contrariando o pensamento medieval de que a carreira de sacerdote era mais nobre do que as demais. “Para Lutero, o trabalho é um chamado direto de Deus, uma vocação. Não importa se sapateiro, padeiro ou padre, todos servem a Deus”, explica o sociólogo Thadeu Silva Filho. Cristo
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O que os entrevistados admitem é que, aos poucos, o respeito dos colegas é conquistado. Dianne conta que os happy-hours sempre são marcados às quintas-feiCamila Capel 30 anos ras em lugares em que Cursou Administração de Empresas com ênfase em Negócios Internacionais no se serve suco, em conNew York Institute of Technology (EUA) sideração a ela. Dianne já levou alguns amigos Trabalha na corretora de valores para assistir a prograde um dos maiores bancos de mas especiais da igreja investimento do mundo. e vai começar a ensinar a Bíblia para uma colega de trabalho. Além disso, costuma receber pedidos de oração dos amigos que se dizem céticos.
Possibilidades e desafios Mas o estilo de vida e as crenças adventistas não representam apenas desafios para quem luta para se dar bem no mercado de trabalho. Significam também vantagens competitivas. Para começar, hábitos alimentares saudáveis, abstinência de vícios e relacionamentos familiares estáveis resultam no bem-estar e equilíbrio do profissional, algo muito raro hoje. Além disso, habilidades que são naturalmente desenvolvidas no ambiente da igreja, acabam servindo de diferencial para quem recebeu uma educação cristã. Para Jonas, a vantagem foi ter aprendido a respeitar a hierarquia; no caso de Bruno, foi a habilidade de se relacionar e a arte de falar em público. Essas foram as mesmas aptidões adquiridas pela Camila no Clube de Desbravadores e no coral da igreja. No entanto, no trajeto para o sucesso ou na manutenção dele, os jovens profissionais precisam ter cautela com duas coisas: excesso de trabalho e materialismo. Para o sociólogo da religião, Haller Schünemann, o discurso de que a geração atual tem mais condições de se autorrealizar no trabalho é incoerente e ideologicamente fabricado. Para ele, autonomia, reconhecimento e bons salários são privilégios apenas das mais altas camadas sociais. “Seria aceitável afirmar que faxineiras, entregadores de pizzas, balconistas e funcionários de telemarketing trabalham para uma autorrealização?”, questiona. “Assim, o sucesso profissional me parece um estímulo para que, em nome do trabalho, as pessoas
Ilustrações: Marta Irokawa / Arte digital: Eduardo Olszewski
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por dia, ao longo de 35 anos de carreira. Comprometimento seria a primeira postura. “Há muitos que acham que, só pelo fato de ser adventista, o Senhor os colocará como cabeça em qualquer situação, inclusive, na vida profissional. Com isso, a pessoa relaxa na dedicação e no esforço e se torna orgulhosa e preguiçosa”, alerta Stefenoni. “Ética, honestidade e retidão são diferenciais em qualquer ambiente, mas não são valores exclusivos dos cristãos ou adventistas”, acrescenta Felipe Ozório, que garante sempre ter deixado claro nas entrevistas de emprego que não poderia trabalhar aos sábados. Ele também afirma que tem mostrado empenho dobrado a fim de que seus superiores não pensem que ele usa sua crença para fazer “corpo mole”. Ele conta que seu testemunho é indireto, através de sua postura, ao se abster de álcool e cigarro. Essas atitudes saudáveis despertam o interesse dos colegas de trabalho e acabam gerando oportunidades de testemunho. “É muito interessante ser consultado para assuntos religiosos. As pessoas reconhecem na fé adventista uma coerência e razão que não encontram em outras e assim nos tornamos conselheiros espirituais”, relata Gustavo Kaneblai, engenheiro de software de uma empresa multinacional de telecomunicações. Ele conta que alguns colegas ateus e agnósticos mostraram interesse em estudar a Bíblia por causa da coerência da mensagem adventista. No caso dos que assumem funções de lide– rança, é maior a responsabilidade de dominar as emoções. Camila Capel, que trabalha num dos maiores bancos de investimento do mundo, diz:“Procuro tratar dos negócios da empresa como se fossem meus. Procuro resolver os problemas dos meus clientes como se fossem 31 anos ai bl ne Ka vo meus problemas, e genuita Gus software Engenheiro de namente me preocupo com os outros.” Apesar de a es pr em ter uma jornada marcada anos numa Trabalha há 12 unicações m co le por muitas horas de trate de l multinaciona ulo. Pa o Sã de balho e viagens, ela não r no interio deixa de levantar cedo para buscar a Deus através da comunhão pessoal.
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Ilustrações: Marta Irokawa / Arte digital: Eduardo Olszewski
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alto salário para trabalhar como diretor da agência de publicidade Zoom, no Unasp, e lecionar na mesma instituição. Ele acredita ter ouvido a voz de Deus dizendo: “Você desenha uma estraFelipe Ozório 29 anos tégia e um plano paPublicitário com MBA em Gestão ra inserir uma marca Estratégica de Marketing (FGV) e MBA em Gestão Empresarial (USP) financeira na mente das pessoas, mas o É Analista de Indústria Sênior do que tem feito para Google Brasil. Trabalha há quatro inserir nas pessoas a anos nesta empresa. Minha marca?” Desde março, ele e sua família estão morando na pequena cidade de Engenheiro Coelho, interior paulista. Além de atuar numa área em que poderá pregar o evangelho diretamente, Bruno também optou pela mudança por priorizar sua família: com a esposa Mariana, ele pretende criar o filho Lucca num ambiente mais tranquilo e cercado pela natureza. Foi durante seu trabalho anterior, que Bruno aprendeu quão ilusório é o status de celebridade: “Nos últimos anos, tive oportunidade de conhecer apresentadores de televisão, pilotos de Fórmula 1, jogadores de futebol, políticos do alto escalão, atores nacionais e internacionais. Por um lado, é muito interessante estar com pessoas que você sempre admirou mas, por outro lado, você percebe que eles não têm absolutamente nada diferente de nós.” A lição é imprescindível para a geração de adventistas que tem tudo para ir longe, mas que não pode se esquecer de que alcançar o topo do mundo ainda é muito pouco para quem sonha chegar ao Céu.
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Wendel Lima
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comecem uma busca insana pela suposta produtividade. Esse é um comportamento no qual as vantagens para o sujeito não me parecem muito claras, principalmente quando ele precisa sacrificar a família, a saúde e os valores religiosos”, analisa. O sociólogo Thadeu Silva Filho também critica o espírito egoísta do conceito popular de sucesso: “Nos países pobres, a maioria das pessoas associa trabalho à libertação do corpo (trabalhar para superar os imperativos corporais). Raros são os casos em que a associação é feita entre trabalho e libertação da ‘alma’, em que trabalho é associado a servir.” Os jovens profissionais também enxergam esses perigos. “Sinto minha geração (e nisto me incluo) menos sensível ao toque do Espirito Santo, menos apta a se sacrificar pelo próximo, mais individualista e menos conhecedora das nossas doutrinas”, confessa Dianne, que é filha do professor do curso de Teologia do Unasp, pastor Amin Rodor. Para Felipe, em muitos casos, a ascensão social pode levar os jovens adventistas à indiferença religiosa. “Isso é extremamente perigoso e tem sido objeto das minhas orações para que Deus me ajude a não cair nesse engano”, avalia. Como diz a Bíblia, a prosperidade tende a trazer o esquecimento de Deus (Dt 6:10-12). Felizmente, não foi isso o que aconteceu com Bruno Mastrocolla. Apesar de estar no momento mais promissor de sua carreira, como coordenador das redes sociais do banco Santander, em São Paulo, Bruno decidiu abrir mão do status e do
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A cruz que Ele carregou
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Texto: Diogo Cavalcanti Ilustrações: Thiago Lobo
Confira os detalhes da crucificação de Jesus Cristo e reflita no que Ele fez por você
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FERIDAS: o chicote romano (flagrum) tinha pedaços de ossos ou de metal nas pontas de suas três tiras, o que chegava a arrancar pedaços de pele e ferir órgãos internos. Cristo sofreu duas séries de 39 chicotadas. Ou seja, contando-se as três tiras, Ele levou 234 açoites.
PÉS: foram pregados juntos ou separados. Os cravos e o peso do corpo castigavam os sensíveis nervos plantares.
CALVÁRIO: localizava-se possivelmente onde hoje é a Igreja do Santo Sepulcro ou no Jardim de Gordon; uma elevação de quase cinco metros, que lembra uma caveira (foto). O Jardim de Gordon é o local mais provável, pois se encontra fora dos muros da Jerusalém antiga 16
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ROUPAS: provavelmente Jesus foi exposto completamente nu perante a multidão.
VIA DOLOROSA: calcula-se que o trajeto que Cristo carregou a parte horizontal da cruz, de cerca de 30 quilos, foi entre 900 e 1.500 metros, até o Calvário. Em parte desse trajeto, a cruz foi levada por Simão, cireneu.
CRAVOS: tinham de 13 a 18 centímetros de comprimento por 1 centímetro de diâmetro.
MOSCAS: provavelmente foram atraídas pelo cheiro de sangue.
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SOFRIMENTO ESPIRITUAL E EMOCIONAL: maior do que as dores físicas de Cristo foi Sua agonia espiritual. Um com o Pai desde a eternidade, sofreu Seu completo afastamento. Jesus foi misteriosamente feito “maldição” (Gl 3:13) em nosso lugar, levando sobre Si os pecados de todos.
CR des foi qua de de Ce imi Tes tau nec cru
SEDE: Jesus também sofreu ardente sede, porque não havia bebido nada desde a noite anterior, carregou a cruz, perdeu muito sangue e sofreu intensa febre, devido às inflamações.
MÃOS: perfurações no antebraço, entre o rádio e o cúbito, ou nas palmas, entre os metacarpos.
CORPO: sofreu cãibras, espasmos, desidratação, policontusões e exalação insuficiente, com retenção de gás carbônico no sangue e nos pulmões (hipercapnia).
SANGUE E ÁGUA: a lança provavelmente atingiu o pericárdio e a pleura pulmonar, a qual reteve água devido à incapacidade de Jesus expirar completamente. Supõe-se que foi por essa razão que jorrou sangue e água da ferida.
LANÇA: quando a morte na cruz precisava ser adiantada, dava-se um “golpe de misericórdia”, chamado crucifragium, quebrando-se a tíbia (osso da canela). Mas isso não foi preciso, pois Jesus morreu antes. Para se assegurarem de Sua morte, Ele foi ferido com uma lança.
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CRUZ: a pena de morte por crucificação já era praticada desde o século 6 a.C. por persas e babilônios, até que foi proibida pelo imperador Constantino, em 337 d.C. Há quatro tipos conhecidos de cruz: decussata (em forma de X), quadrata (em forma de ), comissa (em forma de T) e imissa (em forma da cruz, como a conhecemos). Certamente, a cruz de Cristo foi do tipo comissa ou imissa, pois a própria palavra para “crucificar” no Novo Testamento é stauros, que significa colocar em um tau (nome da letra T em grego). Se considerarmos a necessidade de se pregar uma placa, é possível que a cruz como a conhecemos possa ter sido a utilizada.
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TEMPO NA CRUZ: os crucificados permaneciam vivos de 18 horas a alguns dias. Jesus ficou na cruz entre as 9 horas e as 15 horas. Seus graves ferimentos e o sofrimento espiritual foram determinantes para Sua morte rápida. 9h
“VINAGRE”: desde que chegou ao Calvário, durante a crucifixão e ao fim dela, os soldados ofereceram-Lhe vinagre, vinho azedo misturado com água e vinho com mirra, para aliviar Sua dor, mas Cristo recusou-Se a bebê-las, para manter-Se consciente e não fugir à Sua missão.
ESCURIDÃO: ao meiodia, surgiu uma escuridão inexplicável em volta da cruz. Nela, Deus escondeu a agonia final de Seu Filho.
MORTE: provavelmente por parada cardiorrespiratória. Além dos sofrimentos físicos, o coração de Cristo não suportou o peso dos pecados da humanidade.
TERREMOTO: às 15 horas, após Cristo gritar duas vezes e dar Seu último suspiro, ocorreu um tremor que fendeu rochas e abriu túmulos.
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COROA: provavelmente feita do espinheiro de Jerusalém (Paliurus spina christi) ou do espinheiro-decristo sírio (Ziziphus spina christi), foi fixada e batida repetidamente sobre a cabeça de Cristo, ferindo o nervo trigêmeo, causando uma dor que nem a morfina é capaz de amenizar.
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VITÓRIA: ao gritar “está consumado” (em grego tetelestai, que pode significar “está pago”), Jesus não morreu como uma vítima frágil, mas como um herói. Cumpriu Sua missão, salvou a humanidade.
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A cruz e a tumba que El Mais detalhes sobre a morte e vitória de Cristo
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JULGAMENTO: o julgamento de Cristo ocorreu durante a madrugada e à véspera de um sábado e de uma grande festa religiosa – três infrações do registro escrito das tradições judaicas, aMishná, de acordo com o Sanhedrin 4,1. PRETÓRIO: casa do governador romano da Judeia. Em seu pátio, Jesus foi julgado, castigado e condenado. Em 1930, escavações identificaram plataformas maciças do pátio da fortaleza Antônia. Nessas plataformas, estavam gravados alguns desenhos de jogos que soldados romanos faziam para passar tempo. As descrições desse pavimento (lithóstotos) são muito semelhantes ao que se relata em João 19:13.
PARTES DA CRUZ: as cruzes romanas eram compostas de duas partes: stipes e patibulum. A stipes era o poste, que geralmente permanecia no local de suplício e tinha cerca de cinco metros de altura e 70 quilos. O patibulum era a parte horizontal, geralmente carregada pelo condenado até o local de execução. Tinha cerca de 2,5 metros e por volta de 30 quilos. Possivelmente, o encaixe entre as duas partes era feito no chão, onde o crucificado era pregado, para depois ser erguido e a cruz ser encaixada no buraco previamente feito.
PILATOS: arqueólogos italianos que escavavam um teatro romano em Jerusalém encontraram uma pedra com a inscrição latina: “Pôncio Pilatos, prefeito da Judeia”.
DEUS, ANJOS: Deus estava ao pé da cruz, junto a Cristo, na escuridão misteriosa, compartilhando de Seu sofrimento, acompanhado de anjos celestiais. Todos, porém, não podiam confortá-Lo. Cristo teria que levar sozinho o peso dos nossos pecados. SATANÁS, DEMÔNIOS: estavam presentes e ativos entre a multidão. O inimigo torturava a Jesus, tentando levá-Lo ao desespero e a desistir de Sua missão. Paradoxalmente, contra seus próprios interesses, o inimigo não conseguia resistir ao prazer sádico de matar o Filho de Deus.
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EM sep pois aro faix o rit
MULTIDÃO: assim como os líderes religiosos, a multidão era uma massa de manobra das forças do mal. Todos zombavam de Cristo, mas, com a escuridão, o terremoto e as palavras de Cristo, foram tomados pelo medo. MÃE: Cristo sofreu por Sua mãe, que acompanhava Sua crucificação, e a entregou aos cuidados do discípulo João.
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ASSENTO: algumas cruzes tinham uma sedicula, pedaço de madeira fixado à altura do quadril para apoiar o corpo, facilitar a respiração e aumentar o tempo de suplício.
CAIFÁS: na casa desse sumo sacerdote, Jesus foi julgado. Em 1990, foi achado um ossuário, contendo a inscrição em hebraico: “José, filho de Caifás”.
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PLACA: geralmente continha o nome e a condenação dos crucificados.
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RES out abe mom Ilustração: Thiago Lobo
GETSÊMANI: o sofrimento de Cristo começou pelo menos dez horas antes da cruz, quando passou a sentir o peso dos pecados humanos. Seu sofrimento psicológico foi tão grande que O fez suar gotas de sangue. Esse fenômeno raro na literatura médica é conhecido como hematidrose.
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PROFECIAS: as circunstâncias ligadas à morte de Cristo foram preditas séculos antes, no Antigo Testamento. Confira algumas: julgamento fraudulento (Is 53:8; Mt 26:59); abandono dos discípulos (Zc 13:7; Mc 14:27); sofrimento em silêncio (Is 53:7; Mt 27:12-14); morte substitutiva (Is 53:5; 1Jo 2:2); mãos e pés traspassados (Sl 22:16; Jo 20:25-27); intercessão pelos transgressores (Is 53:12; Lc 23:34); morte junto a malfeitores (Is 53:12; Lc 23:34); zombaria (Sl 22:7, 8; Mt 27:41-43); roupas sorteadas (Sl 22:18; Jo 19:23, 24); separação de Deus (Sl 22:1; Mt 27:46); traspassado pela lança (Zc 12:10; Jo 19:34); sepultamento em túmulo de rico (Is 53:9; Mt 27:57-60). SEGUNDA VINDA: em meio ao Seu julgamento, Cristo afirmou que Seus acusadores e executores O veriam em Seu retorno glorioso. Isso ocorrerá em Sua segunda vinda como “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Mt 26:64; Ap 1:7; 1Tm 6:14, 15).
O TEMPLO E AS PROFECIAS: os sacrifícios realizados no Templo apontavam para Cristo, o “Cordeiro de Deus” (Is 53:5, 6, 10; Jo 1:29). O início da crucifixão foi exatamente no horário do sacrifício da manhã e o fim dela, no horário do sacrifício da tarde. Com a morte de Cristo, o antigo sistema sacrifical perdeu a validade, e o véu do Templo foi rasgado de cima a baixo (Mt 27:51). De acordo com a profecia das 70 semanas de Daniel (Dn 9:24-27), Cristo morreu no ano 31 d.C. Ou seja, a morte de Cristo teve data e hora marcadas.
Fontes: Rubén Dario Camargo (artigo “Fisiopatologia da morte de Cristo”); Rodrigo Cardoso (reportagem “Como Jesus foi crucificado?” Istoé,1/4/2010); Rodrigo Silva (Escavando a Verdade, CPB, 2007, e A Arqueologia e Jesus, Perspectiva, 2006); Frederick Zugibe (A Crucificação de Jesus, Matrix, 2010); e Ellen G. White (O Desejado de Todas as Nações).
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EMBALSAMAMENTO: o ritual judaico de sepultamento durava entre cinco e seis horas, pois incluia lavar o cadáver, perfumá-lo com aromas frescos, embalsamá-lo e envolvê-lo em faixas. Para se evitar esse trabalho no sábado, o ritual foi adiado para a manhã de domingo. RESSURREIÇÃO: o anjo do mais alto posto celestial, revestido de luz, foi comissionado a chamá-Lo e rolou a pedra do sepulcro. Os guardas caíram ao chão. Posteriormente, os discípulos O viram, tocaram nEle, compartilharam refeições e conversaram com Ele.
Ilustração: Thiago Lobo
RESSURREIÇÕES: quando Jesus ressurgiu, outras pessoas ressuscitaram das sepulturas abertas pelo terremoto que ocorreu no momento de Sua morte (Mt 27:51-53).
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A VERDADE: os discípulos mantiveram a versão de que Jesus ressuscitou, mesmo em face da morte e sem ganhar qualquer vantagem. Se isso não fosse verdade, pelo menos um deles teria negado o fato.
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irar várias cópias do currículo, colocá-las embaixo do braço e sair pelas ruas para tentar a sorte. Essa ainda é a rotina de muitos desempregados. Contudo, a era digital trouxe consigo novas formas de entrar no mercado de trabalho: redes sociais, blogs, páginas na internet, agências virtuais de seleção, currículo digital, SMS, MSN e Skype são alguns exemplos dessas ferramentas. Para se ter uma ideia dessa procura, só no site Infojobs há mais de 4,3 milhões de candidatos cadastrados e 400 mil novas oportunidades todo mês. Já no Vagas.com, são 5,8 milhões de visitantes mensais e 74 mil seguidores no Twitter. “Entre as 100 maiores empresas do Brasil, apenas uma não recebe cadastros de candidatos pelo seu site”, afirma o gerente de Marketing da Vagas, Luís Testa. Ele explica que tudo o que a tecnologia oferece para se dar bem no mercado deve ser utilizado. E não faltam opções. “A rede de contatos de um candidato, nas redes sociais, pode ser fundamental para o sucesso na busca de uma nova colocação. Além de redes especializadas como o LinkedIn, há serviços como o Twitter, que podem facilitar o trabalho de acompanhamento de notícias sobre a abertura de novas vagas”, explica.
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Na disputa por uma vaga de emprego, nem o celular fica de fora. “O uso de celular (SMS) já é realidade em algumas empresas e em alguns sites para agilizar a comunicação com candidatos, como por exemplo, enviando um convite para entrevista ou dinâmica de grupo”, justifica Testa. Para a gerente de recrutamento e seleção da Selecta, a psicóloga Sharla Provietti Bitencourt, a tecnologia favorece a rapidez na seleção. Daí a importância de o candidato estar sempre conectado. “Antes, uma entrevista de emprego demorava. Hoje, podemos fazer três mil entrevistas em um dia pela internet. Por isso, nossa página tem mais de 10 mil acessos por mês”, ressalta. Sobre as opções na web, ela destaca as redes sociais e as páginas pessoais. “As agências usam o Orkut para consultar as preferências do candidato, suas comunidades, etc. Já o blog deve ser neutro, sem assuntos polêmicos, com um bom layout e atualizado. A página na internet é ideal para profissionais que atuam com inovação e criatividade, como marketing, arquitetura e informática”, sugere. Cristiano Stefenoni
Jornalista, consultor de carreiras e autor do livro Profissional de Sucesso (CPB). c.stefenoni@hotmail.com
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PARA SE DAR BEM NA WEB ATUALIZAÇÃO: não adianta nada criar um perfil e não atualizá-lo ou não conferir a atualização dos contatos. Visite-os diariamente e procure se fazer lembrado.
DADOS: cuidado com as fotos que você coloca no Orkut e em outras redes, bem como as comunidades que segue. Essas informações são conferidas pelo selecionador e podem acabar com uma boa oportunidade.
PÁGINAS: blogs ou páginas na internet devem ser neutros, sem assuntos polêmicos.
SELEÇÃO: fique atento aos sites de recrutamento. Parte deles cobra pelo serviço. Também verifique se a empresa é idônea, antes de divulgar seus dados.
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Mesmo com pouco tempo, saiba o que você não pode deixar de aproveitar em três cartões-postais do Brasil
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Às 6h30 do dia seguinte já estávamos em pé, prontos para mais atividades. Tomamos café da manhã na casa do Jorge, onde nos hospedamos. Comemos o cuscuz típico do nordeste, com frutas e pão, um desjejum reforçado que me faria lembrar dele durante o trajeto em alto-mar. O cinegrafista Israel Vieira e eu voltamos para o mesmo lugar de embarque do passeio de catamaran. É do Cais de Cinco Pontas que também parte um dos maiores barcos de mergulho do Brasil, o Galileo. O mar do Recife é ótimo para a prática do mergulho. Águas quentes, boa visibilidade e várias embarcações naufragadas proporcionam uma vista maravilhosa do fundo do mar. Esse
Fotos: Tiago Ramos (Chapolin)
Começamos a viagem por Recife, capital de Pernambuco. Um lugar rico em história e cheio de atrativos para os visitantes. Recife também é conhecida como a “Veneza brasileira”, devido aos rios que a cortam. Alías, navegar pelos canais é uma execelente alternativa para se conhecer a cidade. Existe um passeio tradicional feito num tipo de barco chamado catamaran. Para quem deseja conhecer melhor o centro histórico, é bom optar pelo Rio Capibaribe, saindo do Cais das Cinco Pontas (passeio de 1h15).
Fotos: Tiago Ramos (Chapolin)
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iajar! Essa é uma palavra que gera certa dose de endorfina só de escutar. Agora, imagina você ser pago para viajar? Pois é, esse é meu trabalho há um ano e meio. Sou produtor e apresentador do programa De Passagem (http://novotempo.com/depassagem) da TV Novo Tempo. Nele, a gente mostra as infinitas possibilidades que um jovem cristão tem para se divertir através do turismo e dos esportes de aventura, sem deixar de lado suas convicções religiosas. A viagem que vocês vão acompanhar agora, foi a segunda que fiz profissionalmente para o De Passagem. O destino foi o Nordeste do Brasil. Mas calma, antes que você morra de inveja, vale dizer que uma viagem a trabalho é bem diferente de uma a passeio, mas não deixa de ser bom do mesmo jeito. Em um pouco mais de uma semana, nossa equipe passou por três capitais, uma ilha e uma cidade do interior de Pernambuco, o que seria meio corrido para quem quer conhecer a fundo cada lugar.
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Depois de conhecer Recife, seguimos em direção a Caruaru, uma cidade localizada no interior de Pernambuco, a mais ou menos uma hora e meia da Capital. Ela é conhecida pela famosa festa junina, uma tradição da cultura dessa região. Mas eu estava à procura de algo mais radical: a convite do André, um “pastor radical”, líder dos jovens adventistas da região, fomos fazer um rapel na Pedra Furada. Esse local fica perto da Nova Jerusalém, maior cidade-teatro a céu aberto do mundo, conhecida por ser palco de uma encenação anual da história de Cristo. É um lugar que vale a pena conhecer, para quem deseja se familiarizar com os detalhes do contexto em que viveu Jesus. Nossa parada em Nova Jerusalém durou pouco. Acho que foi devido à adrenalina que já corria nas minhas veias pela apreensão para o meu primeiro Pedra Furada rapel. E esse não é tão simples; tem 45 metros de altura, o que equivale a um prédio de 14 andares. Com a gente, desceram alguns jovens adventistas da região.
Ilha de Itamaracá
Fotos: Tiago Ramos (Chapolin)
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Fotos: Tiago Ramos (Chapolin)
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foi meu primeiro mergulho. Na verdade, praticamente todas as atividades que fiz nessa viagem foram novidades para mim. Navegamos mar a dentro, a 17 quilômetros da costa. Lembra do café da manhã? Pois é, ele ficou pelo caminho depois de subidas e descidas no balançar das ondas. Mas, assim que pulei na água, o mal-estar passou tão depressa quanto veio. Depois de duas horas chegamos ao local do primeiro mergulho. Descemos 35 metros. Foi a oportunidade de ver de perto uma parte da história do Brasil na embarcação naufragada. Além de interessados em história, essas embarcações atraem diversos tipos de vida marinha, peixes exóticos, arraias gigantes e alguns tubarões tigres que, felizmente, estavam dormindo. Por motivos de segurança, mergulhei com um instrutor. Isso dá mais tanquilidade, o que é fundamental embaixo da água. Mais perigoso do que ser atacado por um tubarão ou arraia, é sofrer um acidente por mau uso dos equipamentos. Uma subida muito rápida, por exemplo, pode fazer o corpo implodir ou causar danos ao ouvido. Por isso, é sempre importante procurar empresas credenciadas e com experiência na área. Por último, seguimos em direção à histórica Ilha de Itamaracá, que fica a 60 quilômetros da Capital. Aproveitamos para conhecer o forte da ilha e suas belas praias.
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Marcos ________ Designer ________ Editor ________ C.Qualidade
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Tiago Ramos
Publicitário, pós-graduado em Design Gráfico, produtor e apresentador do programa De Passagem da TV Novo Tempo. tiago_r23@hotmail.com
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Imagem cedida por Dawerne e Rute Bazan
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Ao contrário do que muitos pensam, viajar também cansa. Ainda mais quando a viagem é a trabalho: ter que carregar equipamentos, correr contra o tempo para cumprir as agendas de gravação e muitas vezes olhar a praia de longe sem poder entrar na água. Mas nem por isso deixa de ser uma ótima oportunidade de conhecer lugares dignos de virar um cartão-postal. E foi um lugar desses que escolhemos como último destino: a capital do Ceará, uma das cidades mais procuradas por turistas no Brasil. Fortaleza tem belas praias, se parece em alguns pontos com Natal, mas é uma cidade bem maior. Chegando lá, fomos recebidos pelo pastor Rafael, líder dos jovens adventistas da região, acostumado com grandes aventuras. Não poderia haver alguém melhor para nos guiar até a famosa praia Praia de Morro Branco de Morro Branco. Fazia tempo que eu não voltava a Fortaleza. Morei lá em 1994, mas ainda não conhecia essa praia. Valeu a pena; o lugar é mais uma mostra magnífica da criação de Deus. A combinação deslumbrante das cores das falésias com o céu limpo e o mar, é difícil retratar numa fotografia. Amostra grátis da Terra restaurada em que em breve iremos morar. Afinal, essa realidade, marcada pela imperfeição, está só de passagem. Fotos: Tiago Ramos (Chapolin)
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Saindo de Caruaru, voltamos para Recife, e de lá pegamos o voo para Natal. É difícil dizer qual lugar é melhor, mas Natal, por ser menor que as grandes capitais do Nordeste, não enfrenta tantos problemas comuns às metrópoles, como trânsito e violência. É uma cidade que tem tudo: ótima estrutura, avenidas largas e facilidade de locomoção. É possível sair de uma praia de um lado da cidade e ir para outra, atravessando toda a Capital, com certa rapidez. Natal também é conhecida por ser a cidade brasileira que tem o maior número de dias ensolarados por ano. Lá também está o maior cajueiro do mundo. Apesar de ter sol quase todo dia, venta bastante em Natal, o que proporciona um clima bem agradável. Além disso, o vento, abundante na cidade, atrai os amantes do kitesurfe. Antes de viajar, procurei na internet uma escola de kitesurfe. Pensei que fosse fácil, mas, para minha frustração, não foi. É um esporte altamente técnico que requer treinamento e um bom instrutor. Tive o privilégio de receber umas dicas com um legítimo campeão do esporte, o Ricardo Cardoso, e depois com o Lula, que trabalha na mesma escola. Mesmo assim não adiantou muito, apesar de ter sido uma ótima experiência. A aula valeu a pena também porque foi através do Ricardo que conheci o Zé Maria. Ele trabalha fazendo trilhas pelas dunas e lagos da região, com quadriciclos e Land Rover, com saídas da Praia de Pirangi. Os dois passeios compensam, mas o quadriciclo você pode dirigir. Existem passeios curtos, de 30 minutos pela praia ou de duas horas passando pelas dunas e lagos. Para fechar com chave de ouro, fizemos o passeio mais tradicional de Natal: andar de buggy. Foi no lado oposto de onde estávamos. Atravessamos a cidade e fomos encontrar o bugueiro, que nos recebeu com uma pergunta: “Com emoção ou sem emoção?” Nessa hora, pense bem no que vai dizer!
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Documentário resgata a história da chegada do adventismo ao Brasil m maio, está previsto o lançamento do documentário A Mensagem. Filmada no interior de Santa Catarina e protagonizada por crianças, a produção pretende contar como o adventismo chegou ao Brasil. Os responsáveis por essa inédita e importante inciativa são o engenheiro de som Dawerne e a professora de música e inglês Rute Bazan. Ambos serviram a Igreja Adventista na África e mais recentemente nos Estados Unidos, na sede mundial da denominação. O amor deles pela mensagem adventista, o interesse de familiarizar crianças e adultos com a história da igreja e a vontade de levantar recursos para a construção de templos na região de Lageado Baixo, levaram o casal e outras dezenas de voluntários a dedicar os últimos meses na produção do filme. Nesta breve entrevista, Dawerne fala sobre o que se pode esperar dessa nova empreeitada cinematográfica dos adventistas.
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Imagem cedida por Dawerne e Rute Bazan
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O que motivou vocês a produzir o documentário? Conversando com os amigos pastor Daniel Fritoli e sua esposa Tania, que trabalham em Lageado Baixo e Gaspar Alto, SC, ficamos sabendo da necessidade que eles tinham de desenvolver um projeto para ajudar na construção de um novo templo na comunidade e para executar programas evangelísticos na região.
Fotos: Tiago Ramos (Chapolin)
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Quais fontes históricas serviram de base para o roteiro? O filme A Mesagem é baseado no livro A Chegada do Adventismo ao Brasil, do jornalista Michelson Borges. Além dele, buscamos informações adicionais com os pastores Alberto Timm e Renato Stencel, especialistas na história da denominação, e incluímos também alguns detalhes fornecidos por descendentes dos pioneiros, como Edegardo Max Wuttke,que possui muitos documentos e fotos da época. Procuramos seguir os fatos e as datas de forma cronológica e apresentá-los de modo que sejam de fácil assimilação. Por que vocês optaram por atores mirins? A intenção foi tornar o filme mais atrativo para o público infanto-juvenil, nosso público-alvo. No documentário, a história da Igreja Adventista é contada a um juvenil que, conforme a escuta, imagina-se com seus colegas como os personagens da história.
Fale um pouco sobre a produção do filme. Usamos o período de agosto a outubro de 2010 para as pesquisas históricas e montagem do roteiro do filme. Nesse mesmo período, outra equipe de voluntários – formada por membros das Igrejas de Lageado Baixo e Gaspar Alto – trabalhou na escolha e treinamento do elenco, confecção do vestuário e na montagem dos cenários. Em novembro, fizemos as filmagens nas cidades de Gaspar, Guabiruba, Brusque e São Francisco do Sul e, em dezembro, iniciamos a pós-produção. De onde vieram os recursos? Fazer filme não é nada barato. Voluntários surgiram de todos os lados: costureiras, marceneiros, fotógrafos, webdesigners, músicos, tradutores, professores e outros. O pastor Daniel e a Tânia buscaram ajuda financeira e apoio da Associação Catarinense, de empresários da região e de membros da igreja. Como não tínhamos recursos para comprar ou alugar equipamentos de filmagem, usamos a criatividade para construir equipamentos e utensílios com materiais como cano de PVC, rodinhas de skates, madeiras, papéis, etc. Era até cômico, mas funcionou. Que resultados esperam alcançar com o vídeo? Que o filme inspire crianças e adultos da igreja e pessoas de outras denominações a verem como Deus atua em nosso meio e nos ama, e que busquem ter comunhão mais íntima com Ele a cada dia. Quanto ao resultado material, esperamos que através da renda do filme uma igreja seja construída em Lageado Baixo e que outros projetos de Missão Global sejam realizados naquela região. Por que é importante manter viva nossa memória? Ao ver como os pioneiros perseveraram e superaram as dificuldades, somos realmente revigorados para cumprir nossa missão. Ao escrevermos o roteiro, ficamos surpresos em ver como Deus, para levar a mensagem às pessoas, usou recursos curiosos como sabão e um bêbado, que nem mesmo tinha os interesses certos. Michelson Borges
Editor na Casa Publicadora Brasileira michelson.borges@cpb.com.br
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Como o uso da ficção na produção cultural cristã pode ajudar a contar a história que todos precisam ouvir
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m estudante de medicina. Uma esposa infeliz. Um dono de restaurante. Uma professora idealista. Um pescador. Uma estudante de psicologia. Um jornalista ambicioso e uma dona de casa. Esses são alguns dos personagens da ficção O Fim do Começo, lançada em setembro do ano passado pela Casa Publicadora Brasileira (CPB). A obra teve aceitação imediata pelo público jovem a ponto de em poucos meses ser necessário imprimir novos exemplares do livro. O sucesso se deve, certamente, a dois fatores: boa divulgação pelo Twitter e o gênero da obra. O Fim do Começo, primeiro livro da professora e jornalista Carolina Costa Cavalcanti, com base em seu lançamento, parece ter potencial para repetir o sucesso de outra ficção adventista sobre o fim do mundo produzido na década de 1980: Projeto Sunlight, de June Strong (ver box “De olho no futuro”). Com tiragem de 123 mil exemplares, o livro se tornou um clássico no contexto denominacional brasileiro, marcando uma geração. No entanto, a escassez de obras com essa linguagem pode apontar para uma resistência histórica da Igreja Adventista quanto ao uso da ficção em suas produções culturais. Postura que parece não atender à expectativa da maioria dos fiéis, ávidos pelo consumo de produtos desse tipo. Interesse de consumo talvez ainda mais forte no público geral. Prova disso, é que títulos como A Cabana e A Batalha do Apocalipse estão há meses nas listas dos mais vendidos. É a mágica fórmula editorial de se tratar um tema popular, espiritualidade e misticismo, com uma linguagem envolvente, a ficção.
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Arte digital: Eduardo Olszewski
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Arte digital: Eduardo Olszewski
Ellen G. White e a ficção Todos gostam de uma boa história. E há uma razão clara para isso: somos protagonistas de uma trama que está inserida num enredo maior, cósmico. Pare e pense sobre isso. Tudo o que somos, nosso caráter e identidade, está vinculado a uma história – ou seja, nos eventos do passado, em nossa situação atual e também nas metas significativas que queremos alcançar no futuro. Quando refletimos sobre nossa experiência de vida, percebemos que ela possui começo, meio e possíveis fins, tudo unido em uma história que podemos, em certo grau, contar. Essas histórias dão sentido a eventos que de outra forma estariam isolados e mesmo sem significados. Apesar de a maioria das pessoas ser atraída por boas histórias, os adventistas em geral têm demonstrado receio quanto ao uso da ficção, mesmo para fins evangelísticos.1 Em parte, isso se deve a uma leitura fragmentada dos conselhos de Ellen G. White sobre o assunto. Muitos tendem a interpretar a posição dela como rejeição a todo e qualquer tipo de ficção. Mas seria isso? O fato é que Ellen G. White apreciava e até recomendou obras de ficção, como O Peregrino, de John Bunyan, considerada uma das mais conhecidas “alegorias” já escritas. O livro conta a história de Cristão, que foge de sua cidade (a Cidade da Destruição) em direção à Cidade Celestial. No caminho, ele encontra personagens, como Hipocrisia e o gigante Desespero, que tentam desviá-lo de seu objetivo. E também personagens que o auxiliam, como Boa-Vontade e o
Sr. Intérprete. A história é claramente uma obra de ficção que descreve a vida cristã. Sobre esse livro, Ellen G. White escreveu: “Em fétido calabouço, repleto de devassos e traidores, John Bunyan respirava a própria atmosfera do Céu; e lá escreveu a maravilhosa alegoria da viagem do Peregrino, da terra da destruição para a cidade celestial. Por mais de dois séculos aquela voz da cadeia de Bedford tem falado com poder penetrante ao coração das pessoas. O Peregrino e Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, escritos por Bunyan, têm guiado muitos ao caminho da vida.”2 Ellen G. White chegou a escrever uma obra de ficção. Em 1878, ela compilou uma série de histórias – algumas reais, outras fictícias – e as publicou com o título de Sabbath Readings for the Home Circle (Leituras Sabáticas para o Círculo Familiar). Por que, então, Ellen G. White falou contra obras de ficção? A preocupação dela com esse tipo de literatura pode ser resumida do seguinte modo: “(1) tende a viciar; (2) pode ser sentimental, sensacional, erótica, profana ou barata; (3) é escapista, fazendo com que o leitor regrida a um mundo de fantasia e seja menos capaz de enfrentar os problemas do cotidiano; (4) desqualifica a mente para estudo sério e a vida devocional; e (5) consome tempo e é sem proveito.”3 Após analisar essas razões, Scott E. Moncrieff, professor de literatura inglesa na Andrews University (EUA), sugere que “as condenações específicas de ficção por Ellen G. White indicam, inversamente, as condições sob as quais ela poderia tê-la apreciado. Embora seja claro que ela faz muitas afirmações contra a novela e a ficção, uma condenação em massa do gênero contradiria sua própria prática e não estaria de acordo com as razões pelas quais ela condena a ficção”.4 O bom uso da literatura não é apenas lícito, mas altamente recomendável (veja o box “Guia de leitura”).
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O pastor e jornalista Marcos De Benedicto, editor de livros da CPB, acredita que essa resistência histórica não é peculiaridade dos adventistas, mas também ocorre no meio evangélico em geral. No entanto, ele observa que, especialmente nos Estados Unidos, tem crescido o número de títulos cristãos que se valem da ficção. Marcos explica que no caso da CPB existe o cuidado de que os livros dessa natureza transmitam um valor moral e religioso, além de ter como ponto de partida a realidade ou uma perspectiva teológica, quando não a própria Bíblia. Diante disso, o objetivo desse artigo é analisar por que é válido o uso da ficção na produção cultural cristã, o que Ellen G. White escreveu sobre a questão e como esse recurso pode ser utilizado pelos adventistas.
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perfeito de uma grande história: ela tem o começo fundamental (a criação do Universo), a grande batalha (o conflito entre Cristo e Satanás), o momento crucial (a morte na cruz) e o final perfeito (a volta de Cristo). Ela incorpora tragédia (o drama do surgimento do pecado, a realidade do sofrimento, o juízo e a cruz), mas com um final feliz (a ressurreição e a segunda vinda de Cristo). Dificilmente o ser humano teria imaginado ou construído por si mesmo verdades tão fantásticas. As boas-novas de salvação por meio de Jesus Cristo são o tema central da Bíblia, mensagem que não só se destina à evangelização dos não cristãos, mas ao crescimento espiritual dos fiéis que levam a sério esse Livro. Todas essas narrativas encontradas na Bíblia são presentes de Deus para a humanidade sedenta por histórias que deem sentido à vida e a transformem. Nada contra as demais histórias, mas apenas aquela baseada na salvação em Jesus pode conseguir reunir os ingredientes necessários para uma efetiva propagação da mensagem cristã. C. S. Lewis, autor da famosa série As Crônicas de Nárnia e ícone do uso da ficção na literatura cristã, afirma que existe “um tipo particular de história que tem
Guia de leitura
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Os critérios abaixo foram escritos para nortear o uso da ficção nas escolas adventistas. No entanto, servem como parâmetro para qualquer cristão: 1 Ser arte séria, que leve a uma compreensão significativa da natureza humana em sociedade e que seja compatível com os princípios adventistas. 2 Evitar o sensacionalismo (exploração do sexo e violência) e sentimentalismo (exploração de sentimentos superficiais em detrimento de uma visão sadia e equilibrada da vida). 3 Não ser caracterizada por desrespeito a Deus ou linguagem vulgar e ofensiva. 4 Evitar elementos que dão a impressão de que o mal seja desejável ou banal.
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5 Evitar histórias supérfluas, suspenses estimulantes ou dominados pelo enredo que encoraja a leitura apressada e superficial.
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Fonte: Guide to the Teaching of Literature in Seventh-day Adventist Schools, Departamento de Educação da sede mundial da Igreja Adventista.
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De olho no futuro Apesar de os adventistas não investirem muito em ficção nos seus produtos culturais, as obras do gênero que se destacam costumam tratar do fim do mundo. Abaixo temos, um resumo de dois livros e dois filmes que marcaram época: O Fim do Começo: Pela história de um pequeno grupo de pessoas, é narrado o destino da humanidade, até que venha o fim (ou seja, a volta de Jesus). A história se desenvolve quando os participantes principais se deparam com a iminência do decreto dominical e parece que a perseguição aos que se mantêm firmes aos ideais bíblicos será cada vez mais violenta. A pergunta que a história tenta responder é: teria você (e os personagens) coragem de ir tão longe por aquilo que acredita?
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A inspiração A Bíblia mostra (Gn 1:31; At 17:24), que o nosso ponto de partida para qualquer história deveria ser o principio de que Deus fez todas as coisas boas. Embora o pecado tenha desfigurado a criação, Deus está comprometido em restaurá-la. É necessária a mais firme adesão ao princípio da sola Scriptura, que coloca a Bíblia acima de todas as coisas, como regra de fé e conduta. Veja como a Bíblia tem o enredo
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Oportunidades O fato é que existe certo consenso entre os estudiosos de que os consumidores de produtos culturais religiosos (programas de TV, livros e outros) são, na maioria, fiéis das igrejas que os produzem ou religiosos de outras denominações. Dessa maneira, o que acaba ocorrendo é o trânsito interno de pessoas de uma igreja cristã para outra. O desafio é alcançar os adeptos de outras correntes religiosas, bem como os secularizados, agnósticos e ateus. Por isso, é preciso pensar em novas formas e abordagens, objetivando falar para as pessoas que não possuem interesse inicial na mensagem cristã. No cristianismo, há espaço para o natural e o sobrenatural, para o comum e o miraculoso, para o secular
Projeto Sunlight: foi o primeiro livro de ficção a fazer grande sucesso no meio adventista brasileiro. O anjo Jader relata em seu livro celestial a história de Sunlight, uma não cristã que começa a estudar a Bíblia com uma ex-pentecostal, e juntas descobrem as verdades bíblicas. À medida que a trama se desdobra, ocorrem os últimos eventos da história da Terra. O livro reflete muito bem o contexto adventista do fim da década de 1970, com a preocupação de sintetizar as doutrinas adventistas. E isso de maneira atraente e conectada ao enredo.
e para o espiritual. E porque não, para a literatura real e para a ficcional? Numa época em que a literatura – mesmo a relacionada à espiritualidade e ao sobrenatural – tem se popularizado tanto, podemos utilizar a criatividade dada por Deus para tornar atrativa a mensagem bíblica. Ao investir em produtos culturais – músicas, filmes, livros e outros – que falam sobre as verdades cristãs, é preciso fazê-los de modo intelectual e artisticamente perfeitos que os não cristãos sejam impressionados por sua integridade e beleza. Todos que entrarem em contato com esse material devem ter uma impressão forte do caráter de Deus e de Seus caminhos para a humanidade. Notas
Sobre a maneira pela qual os adventistas têm considerado as obras de ficção ao longo da história, veja Gary Land, Historical Dicionary of the Seventh-day Adventists (Lanham, MD: Scarecrow, 2005), p. 171-175. 2 O Grande Conflito, p. 252. 3 Guide to the Teaching of Literature in Seventh-day Adventist Schools, Departamento de Educação da sede mundial da Igreja Adventista 4 Scott E. Moncrieff, “Adventistas e ficção: outra consideração”, Diálogo Universitário, ano 8, n. 3 (1996), p. 11. 5 C. S. Lewis, A Experiência de Ler (Porto: Elemento Sudoeste, 2003), p. 60, 61. 1
A Última Batalha: foi o primeiro longa-metragem (filme) adventista feito no Brasil. Ele se baseia no conceito de que todos os seres humanos precisam escolher um lado, na guerra entre o bem o mal. Essa luta é ilustrada através da história do jovem Lucas, que decide não mais acreditar no que a Bíblia ensina, passando a viver conforme o que acredita ser melhor. Uma das grandes contribuições de A Última Batalha foi o uso do recurso cinematográfico para a pregação da mensagem adventista.
Matheus Cardoso
Editor associado
A Vitória Final: Até onde se sabe, esse foi o primeiro filme adventista lançado na América do Sul. Produzido por uma igreja da Argentina, a produção também acompanha um grupo de pessoas que vive os últimos dias na Terra, antes da volta de Jesus. Muitos textos bíblicos são utilizados pelo narrador da história, para explicar os acontecimentos que são mostrados. Embora o foco principal não seja o decreto dominical, ele aparece como importante na trama.
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um valor por si próprio, um valor independente de qualquer contexto literário que surja. (...) É certo que tal história dificilmente poderá chegar até nós se não for por meio das palavras. Mas no sentido lógico do termo, isso é acidental”.5 O fato mais importante dessa citação é que podemos acreditar que, quando uma história é boa, não importa muito a maneira de contá-la, porque seu conteúdo é o maior fator de atração dos ouvintes.
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Um ícone de Deus
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mortal, injusto, humilhante, cruel e segregador. A cruz grita que a culpa é nossa. A cruz carrega o maior símbolo de nossa rebeldia: matamos Deus! Ao mesmo tempo, o símbolo da degradação humana carrega outras mensagens. Ele nos diz que, a despeito de quem somos e do que estamos dispostos a fazer em nome dos nossos próprios interesses e pecado, Deus está disposto a ir mais longe para nos salvar. Demonstra que Deus não poupa esforços para nos resgatar. Que Seu amor excede nossas falhas e rebeldias. Que, com Sua graça que excede em muito nossa falta de méritos, Ele está disposto a perdoar e salvar quem não merece. Você já parou para pensar que, antes da cruz, alguém poderia ter dito: “O amor não existe.” Mas hoje ninguém pode dizer o mesmo, porque todos vimos que Jesus nos ama voluntária e gratuitamente! Talvez alguém dissesse: “Ninguém é capaz de perdoar, porque o direito legal diz: ‘Olho por olho, dente por dente’.” Mas eu vi Jesus me perdoar gratuitamente, pondo a perder todos os direitos que Ele tem sobre mim. Então, por que não imitá-Lo? Que direito tenho eu de não perdoar alguém? Assim como alguém que, a distância, precisa dar a você uma mensagem por meio de gestos e símbolos, Deus lhe mandou um recado através da cruz. Um símbolo que Ele escolheu. Um símbolo do passado enviado ao presente e ao futuro. Enviado à Terra e ao Céu. Presos no mundo, vemos Deus nos apontando uma cruz. Por quê? Porque Ele está tentando falar com você. O que Ele está querendo dizer? Que tal dedicar 30 minutos do seu dia à busca dessa resposta tão importante? Faça isso agora mesmo! Diego Barreto
Pastor auxiliar da Igreja da Alvorada, em São Paulo barreto.diego@gmail.com
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Ao mesmo tempo, a cruz revela o pior do homem e o melhor de Deus
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magine esta situação real: a mãe tira o carro da garagem, deixa-o por segundos e, quando volta, suas duas filhas (uma de dois anos e outra de seis meses) haviam se trancado no carro com a chave na ignição. A mãe mantém o controle e começa a gesticular e apontar para o trinco da porta. A criança pensa que a mãe está brincando. A mãe continua a apontar para o trinco, mas aquela criança não entende a importância dele. Não percebe o risco que está correndo e não compreende os sinais da mãe. Depois de muitas tentativas ela começa a se desesperar. Mas, para que essa história real acabasse bem, a criança finalmente abaixa o vidro da janela e resolve o problema. Você percebeu a dificuldade de comunicação entre pessoas de realidades diferentes? Como a mãe da história, Deus está nos mandando uma mensagem para sairmos deste mundo. A mãe estava fora do carro; Deus está fora do mundo. A mãe é muito mais experiente e compreende os perigos daquela situação, e Deus, em Sua infinita sabedoria, conhece bem a enrascada em que estamos metidos. Devido à separação imposta pelos vidros da janela do carro, a mãe gesticulava para a filha apontando para o objeto de sua libertação. Devido à separação imposta pelo pecado, Deus gesticula para nós, apontando para a cruz como o objeto de nossa salvação. A questão é: estamos entendendo Seu recado? Entre tantos símbolos, por que Deus escolheu uma cruz? Ele precisava escolher um símbolo que carregasse a maior riqueza de significados, e que transmitisse uma mensagem inconfundível de salvação ao homem. Paulo ainda nos diz que, em Jesus, Deus fez convergir a plenitude de todas as coisas, tanto as do Céu, como as da Terra (veja Ef 1:10; Cl 1:20). Ou seja, o tal símbolo deveria fazer sentido para todo o Universo. Deus não está Se revelando somente a nós, mas também aos seres celestiais. Porém, entre nós e Ele, há “um vidro”, uma cortina de separação chamada pecado. Por meio da cruz, um símbolo de morte, Deus está nos mostrando claramente a gravidade do pecado: o pecado é doloroso,
rita ssa
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