Conexão 2.0 - DIGITAL DO CRIADOR

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www.conexao20.com.br

TEXTO E CONTEXTO: a beleza literária do primeiro capítulo da Bíblia P. 20

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Jan-Mar 2019 – Ano 12 no 49

Exemplar: 9,06 – Assinatura: 28,80

ENTENDA. EXPERIMENTE. MUDE

DIGITAL DO CRIADOR

É possível ver o dedo de Deus na natureza por meio de evidências que apontam para planejamento em vez de acaso P. 10 AO PONTO: O RENOMADO CIENTISTA QUE ENXERGA DESIGN NAS MOLÉCULAS P. 5

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ANÁLISE: CRER EM DEUS NÃO É IRRACIONAL P. 16

LIÇÃO DE VIDA: ELE DEIXOU O EVOLUCIONISMO NA ADOLESCÊNCIA P. 30

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Da redação

MENU

Editor Wendel Lima

FÉ NA JUVENTUDE

4 CONECTADO

A OPINIÃO DE QUEM SEGUE E CURTE A REVISTA

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GLOBOSFERA

DOCUMENTÁRIOS, SÉRIES, PROGRAMAS DE TV, CURSOS ON-LINE E LIVROS SOBRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

8 ENTENDA 24 PERGUNTAS

A CALÇADA DA FÉ

Daniel Oliveira

HÁ MAIS DE 80 anos a Igreja Adventista tem produzido uma revista para jovens no Brasil. É verdade que essa história foi marcada por descontinuidades, mas o esforço da denominação para se comunicar com as novas gerações sempre ocorreu. A revista que você tem em mãos é a quinta fase dessa trajetória: Juventude (1936-1940); Mocidade (1958-1994); Superamigo (1994-1998); Conexão JA (2007-jun. 2012) e Conexão 2.0 (jul. 2012-presente). Se, no início, a igreja tinha a preocupação exclusiva de falar com seus jovens, ela percebeu ao longo do tempo que poderia dialogar com um público mais amplo. Isso evidentemente exigiu e tem exigido adequações de temáticas e abordagens. Para 2019, por exemplo, percebemos a necessidade de ter uma revista mais alinhada com os valores bíblicos que são enfatizados a cada bimestre nos colégios adventistas (PMDE). Por isso, agora os números da Conexão 2.0 serão temáticos, seguindo a prática do mercado editorial de lançar edições especiais. Outras duas mudanças são o acréscimo de quatro páginas com a seção “Texto e contexto”, espaço que vai nos ajudar a perceber a beleza da relação entre forma e conteúdo na Bíblia; e a nova capa da revista com uma gramatura maior. A ideia é agregar profundidade e perenidade às nossas edições, incentivando você a guardar e ter sua coleção particular da Conexão 2.0. Dois riscos que se corre ao produzir uma revista para jovens é divinizar e demonizar a juventude. E nós aqui na Conexão 2.0 não estamos livres disso. Divinizar significa supervalorizar a inovação, o presente, a beleza e a vitalidade, em detrimento da tradição, do passado e da experiência e sabedoria acumuladas. Por outro lado, demonizar é uma tentação fácil, principalmente para as gerações mais velhas que lideram instituições sociais como a igreja, a escola e o Estado. Os mais experientes costumam ter um discurso pronto para os jovens, mostrando o que a juventude precisa fazer e evitar para se adequar a um sistema de códigos construído e legitimado pelos mais velhos. Essa tensão intergeracional não é de hoje, mas tem sido intensificada pelas rápidas e profundas mudanças do nosso tempo. O ponto é que os mais experientes têm muito a contribuir com a formação dos jovens, pois possuem uma visão mais ampla e equilibrada da vida; porém, a juventude também tem muito a dizer sobre os “pontos cegos” das gerações anteriores e a respeito do que sonham para o próprio futuro. Equilibrar de modo criativo e produtivo as tensões entre as expectativas de uma instituição de educação confessional e a de milhares de estudantes é um dos desafios da nossa revista. Ao começar este ano com uma edição temática sobre fé no Criador, renovamos nossa fé na juventude: de que os jovens são protagonistas do processo de continuidade e ressignificação da mensagem e esperança que compartilhamos. E assim será até que Cristo volte. Boa leitura!

LUZ SOLAR, FÉ E EVOLUCIONISMO TEÍSTA

32 APRENDA 33 NA CABECEIRA

A VENCER O SEDENTARISMO

JAN-MAR

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34 GUIA DE PROFISSÕES CONHEÇA A CARREIRA QUE ESTÁ EM ALTA POR CAUSA DA CRISE AMBIENTAL

16 ARTIGO

A FÉ EM DEUS NÃO É IRRACIONAL, MAS VAI ALÉM DA LÓGICA HUMANA

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O RE REC INTE

LIVRO DISCUTE A RELAÇÃO DA TEORIA CRIACIONISTA COM ÁREAS POUCO EXPLORADAS

Nota: Mudanças na equipe. Sai o pastor Fernando Dias, que por quase três anos nos ajudou com as seções Entenda e Perguntas. Entra o jornalista Márcio Tonetti, que vai colaborar com seu talento para apurar e contar boas histórias. Gratidão ao Fernando e boas-vindas ao Tonetti! 2 |

5 AO

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IES, RSOS RE

A

RISMO

... SE NÃO EXISTISSEM UTOPIAS

5 AO PONTO

O RENOMADO CIENTISTA QUE RECONHECE EXISTIR UMA MENTE INTELIGENTE POR TRÁS DA CRIAÇÃO

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CAPA

EXISTEM EVIDÊNCIAS DE PLANEJAMENTO DO MACRO AO MICROCOSMOS

ÇÃO DA COM ADAS

Ilustração da capa: Kaleb

CASA PUBLICADORA BRASILEIRA

Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br

SÕES

QUE USA DA

NA

Revista trimestral – ISSN 2238-7900 Jan-Mar 2019 Ano 12, no 49

Serviço de Atendimento ao Cliente Ligue grátis: 0800-9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h Sexta, das 8h às 15h45 Domingo, das 8h30 às 14h

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TEXTO E CONTEXTO

A BELEZA LITERÁRIA DA NARRATIVA BÍBLICA SOBRE AS ORIGENS

28 MUDE SEU MUNDO

COMO ESTUDANTES E PROFESSORES TÊM ORGANIZADO NÚCLEOS CRIACIONISTAS EM TODO O BRASIL

Editor: Wendel Lima Editores Associados: André Vasconcelos e Márcio Tonetti Projeto Gráfico: Éfeso Granieri e Marcos Santos Designer Gráfico: Fábio Fernandes, Renan Martin e Milena Ribeiro Diretor-Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Uilson Garcia Redator-Chefe: Marcos De Benedicto

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GUE

26 IMAGINE

Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Colaboradores: Alexander Dutra, Almir Afonso Pires, Almir Augusto de Oliveira, Eder Fernandes Leal, Edgard Luz, Henilson Erthal de Albuquerque, Ivan Góes, Raquel de Oliveira Xavier Ricarte, Rérison Vasques, Rubens Paulo Silva e Vanderson Amaro da Costa

________ Designer

Assinatura: R$ 28,80 Avulso: R$ 9,06 www.conexao20.com.br

________ Editor

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30 LIÇÃO DE VIDA

O JORNALISTA QUE DURANTE A ADOLESCÊNCIA ABANDONOU A FÉ NO EVOLUCIONISMO

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da editora.

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Informação Conectado & Opinião Globosfera Ao ponto Entenda

conexao20@cpb.com.br Desabafos, sugestões, interação e dúvidas para a seção Perguntas? É aqui mesmo!

Esse texto ampliou o conhecimento que eu tinha sobre o assunto. Aprendi que haverá muita dor e sofrimento, mas espero que todos estejam preparados. A revista poderia mostrar como são os anjos e as categorias nas quais eles se subdividem. Victorio Emanuel

facebook.com/conexao20 Saiba o que vai ser publicado, opine sobre os conteúdos que já saíram e compartilhe com os amigos que não têm a revista.

conexao20.com.br

Perdeu alguma edição ou deseja reler uma matéria de que gostou muito? Acesse nosso arquivo e folheie todas as edições da Conexão 2.0

O texto explica que o evento das sete pragas tem linguagem simbólica, mas trata de coisas literais. Como muitas vezes mostrado por meios seculares, o evento do Armagedom será algo horrível, mas como nos revela o livro do Apocalipse, não devemos temê-lo se estivermos do lado de Deus. Aqueles que confiam no Senhor passarão por essas pragas sem ser atingidos. Suiane Silva

O povo do jeitinho (p. 10-15) O “jeitinho brasileiro” é algo que não pode ser mudado facilmente, porque os brasileiros são criados dessa forma, por meio do exemplo. É claro que devemos reconhecer que esse jeitinho não deve ser aplicado em todas as situações, pois, em determinados momentos, seu uso pode ser injusto e imoral. Nossa equipe conversou com a turma do 2o ano D do ensino médio do Unasp, campus Hortolândia (SP), sobre a última edição da revista. Confira a opinião dos alunos. As sete pragas do Apocalipse (p. 8, 9) Achei esse infográfico muito interessante, até porque eu não sabia exatamente como a Bíblia descreve as sete últimas pragas. Com a ajuda da revista, agora posso entender melhor esse relato do Apocalipse e me preparar para me abrigar em Deus quando as pragas chegarem. Achei que as informações foram apresentadas de um jeito muito interessante, ajudando o leitor a querer ler e se aprofundar mais no tema. Luiz Felipe Mesquita Novais

4 |

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Ana Carolina Savoia

Gênios de verdade (p. 16-19) Não concordo com a parte que diz que os superdotados sofrem rejeição em seus relacionamentos. A meu ver, eles são admirados pelos colegas e pela sociedade, além de servir de exemplo para outras pessoas. Por mais que as pessoas falem que existem “gênios”, acho que cada um tem sua própria capacidade. Alguns têm habilidade especial com a área de exatas e se destacam nisso, enquanto outras pessoas são boas em desenhar, por exemplo. Keila Gasques

Reportagens como essas nos incentivam a pensar nas habilidades que possuímos e naquelas que podemos desenvolver. Embora eu não seja uma

pessoa superdotada, tenho a capacidade de me aperfeiçoar naquilo que aparentemente faço bem e, assim, alcançar meus objetivos. Maria Fernanda de Souza Baldório

Missão youtuber (p. 24, 25) O YouTube é uma ótima plataforma para se comunicar com públicos diversificados, tentar ganhar dinheiro e ainda divulgar o evangelho. Já tinha visto alguns vídeos da Alana. Eles realmente trazem uma mensagem diferente de vários outros influenciadores da plataforma. Gabriella Colussi

De uns anos para cá, o YouTube vem se tornando uma plataforma muito utilizada pelos jovens, abrindo portas para fazer e expor o que se gosta. Eu já conhecia o canal da Alana. Ela é um exemplo de que podemos espalhar o evangelho de diversas formas, basta ter criatividade. Ítalo Andrade

Hoje, encontramos na internet todos os tipos de vídeos: dos engraçados àqueles que retratam algumas curiosidades e tragédias. Porém, quando se trata de religião, normalmente encontramos apenas música. Por isso, é bom ver pessoas sérias transmitindo ensinamentos sobre Deus. É como se fosse uma “igreja on-line”. Deveria existir mais canais como o do Cristão Declarado. Alan Clayton

Aprenda a conversar com quem pensa diferente (p. 28) Todos querem estar certos e não abrem mão do que acreditam. Às vezes são capazes até mesmo de agredir fisicamente aqueles que têm uma opinião contrária, como vimos nas últimas eleições. Esse problema traz prejuízos aos relacionamentos e, principalmente, a cada um de nós. Afinal, ao ser inflexíveis, deixamos de crescer com o ponto de vista do outro. Letícia Argentino Santos

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E D O e e T p v a t

N q in A n n e q n d


Ao ponto

Texto Thiago Basílio Ilustração Gabriel Nadai

INTELIGÊNCIA

POR TRÁS DA VIDA

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Em suma, o que é a Teoria do Design Inteligente (TDI)? Os defensores desse modelo entendem que o Universo e a vida foram planejados. Tudo existe com um propósito e uma função. Nisso vemos claras evidências da ação de alguém que orquestrou tudo. Na concepção da TDI, quem seria essa “mente inteligente”? A Teoria do Design Inteligente não tem pressupostos criacionistas nem ateístas. Portanto, ela não diz que foi um Deus que fez o Universo e a vida nem que isso foi resultado de forças naturais. Jogamos

o jogo da ciência, que é o de procurar nos dados as evidências. O evolucionismo é diametralmente oposto à TDI ou existem pontos convergentes? Em muitos aspectos são compreensões completamente opostas, pois, ao contrário da Teoria do Design Inteligente, a teoria da evolução defende um processo não guiado. Por outro lado, no que diz respeito à compreensão das variações das espécies, a TDI admite, até certo ponto, que elas existem, apesar de entender que elas não são aleatórias, mas pré-programadas, ou seja,

que foram “embutidas” no código genético. Quais são os argumentos mais consistentes da TDI? Uma de suas bases é a ideia da complexidade irredutível, que leva em conta o fato de a vida ser formada por inúmeros sistemas que têm uma complexidade absurdamente alta e que, para manter suas funções, não podem ser reduzidos. Outro pilar é a informação arbitrária que é mostrada claramente pelo código genético, algo absolutamente esplêndido e sofisticado. Só uma mente inteligente poderia ter estabelecido o código da vida.

Existe uma aceitação mais pacífica na comunidade científica “tradicional” de outras perspectivas sobre o surgimento do Universo e da vida? Há 150 anos, a teoria da evolução tem sido apresentada como um fato inquestionável tanto quanto a lei da gravidade. Mas ela não é uma verdade absoluta como alguns imaginam ou defendem. Por isso, a divulgação de modelos que têm mostrado as inconsistências do evolucionismo costuma despertar forte oposição. No entanto, nos últimos anos, os defensores da teoria da evolução parecem ter cedido um pouco. Lentamente, a Teoria do Design Inteligente tem ganhado espaço. jan-mar

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MARCOS EBERLIN é doutor em Química, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos mais importantes nomes na defesa da Teoria do Design Inteligente (TDI) no Brasil. Membro fundador do comitê executivo da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas e da Fundação Internacional de Espectrometria de Massas (IMSS e IMSF, respectivamente, nas siglas em inglês), ele é um reconhecido acadêmico que recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2005, e a Medalha Thomson, em 2016. Como presidente executivo da Sociedade Brasileira do Design Inteligente (tdibrasil.com), o pesquisador tem atuado para embasar e difundir a ideia de que a vida na Terra é fruto de planejamento e não do acaso.

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Texto Wendel Lima

PARA ASSISTIR

s f f é m d

Documentários A Genialidade dos Pássaros, Águas Viventes e Metamorfose (Illustra Media), 60 min, dublado (feliz7play.com).

E d T

© Africa Studio | Adobestock

Série Além da Busca, 30 min, 14 capítulos (feliz7play.com). Estudo bíblico O Resgate da Verdade, 5 min, 27 capítulos (feliz7play.com). Curso on-line “Introdução ao criacionismo” com o geólogo Nahor Neves de Souza Júnior, dez aulas, 60 min (youtube.com/evidenciasonline).

u o c m p o P n

Canal Núcleo de Maringá (PR) da Sociedade Criacionista Brasileira (youtube.com.br/numar-scb). Programa de TV Origens: seis temporadas, 30 min, 70 capítulos (novotempo.com/origens).

L n T

PARA LER

A Ciência Descobre Deus (CPB, 2010, 272 p.), de Ariel A. Roth

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Maravilhas da Criação (CPB, 2014, 224 p.), de Gerald E. Vyhmeister

Mistérios da Criação (CPB, 2013, 190 p.), de L. James Gibson e Humberto M. Rasi

A ( d

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PARA PENSAR

PARA SABER

79%

Divulgação NT

dos brasileiros disseram ser importante que um candidato à presidência acredite em Deus, mas apenas

29%

fazem questão que ele seja da mesma religião deles.

O que Gênesis nos diz é que o início de tudo teve um significado. Não somos o resultado de um acidente cósmico. Isso é algo simples, mas de grande contribuição para a Bíblia, porque ela termina dizendo que o fim do mundo também terá um significado. Portanto, podemos deduzir que nossa vida no presente também tem sentido.”

Divulgação NT

Ed René Kivitz, pastor batista e mestre em Ciências da Religião, em entrevista ao programa Origens da TV Novo Tempo

Laurence Turner, doutor em Antigo Testamento e especialista no relato de Gênesis, em entrevista ao programa Origens da TV Novo Tempo

89% dos americanos dizem crer em Deus.

38%

apenas dos norte-americanos acreditam na versão criacionista sobre a origem da vida humana, o mais baixo índice desde 1982.

Fontes: Ibope/CNI (2017), Gallup (2016 e 2017) e Pew Research Center (2013)

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Tecnicamente, a Bíblia não é um mito, mas uma saga. Mito é uma narrativa fantástica de um mundo fantástico, enquanto saga é uma história fantástica num mundo real, com personagens reais, data e geografia.”

________ Designer ________ Editor

A História da Vida (CPB, 2011, 224 p.), de Michelson Borges

Além da Imaginação (CPB, 2015, 112 p.), de Jerry D. Thomas, L. James Gibson e John Baldwin

Criação, Evolução e Teologia (Unaspress, 2016, 130 p.), de Fernando Canale

Anúncios de Enredo em Gênesis (Unaspress, 2017, 190 p.), de Laurence A. Turner jan-mar

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Entenda

Texto André Vasconcelos Ilustração Paulo Vieira

A CALÇADA DA FÉ UMA DAS AVENIDAS mais famosas do mundo é a Hollywood Boulevard, em Los Angeles, Califórnia (EUA). Seu prestígio se deve especialmente aos artistas ilustres da indústria do entretenimento que são homenageados com uma estrela em sua célebre calçada. Com mais de 2,6 mil estrelas, a “calçada da fama” atrai 10 milhões de visitantes por ano. Ali, cada estrela é acompanhada do nome do artista e de um ícone que indica a área em que ele se destacou, seja no cinema, televisão, música, rádio ou teatro. Hebreus 11 também faz uma homenagem para os personagens “famosos” da história de Israel. Eles não ganharam nenhum Oscar ou Grammy, mas o fato de o nome deles estar registrado nas páginas da Bíblia faz com que sejam lembrados mesmo após milhares de anos de sua morte. Entenda por que essas pessoas estão entre as “celebridades” da fé.

PATRIARCAS

LEGISLADOR

ESTRANGEIRA

JUÍZES

Ofereceu o sacrifício requerido por Deus e foi considerado justo (v. 4; cf. Gn 4).

Acreditou na promessa de que seria mãe, apesar de sua esterilidade e da idade avançada (v. 11, cf. Gn 21).

REI

Recusou a coroa do Egito e preferiu ser maltratado com o povo de Deus; liderou os israelitas na saída do Egito (v. 23-28; cf. Êx 2–12).

Acolheu os israelitas que tinham ido espionar a cidade de Jericó e demonstrou fé naquilo que havia ouvido sobre o Deus dos israelitas (v. 31; cf. Js 2).

Libertou o povo de Israel de Sísera, comandante dos exércitos de Canaã (v. 32; cf. Jz 4; 5).

L Isra com (v. 3

Com uma vida marcada por rebelião contra Deus, ainda assim foi usado para libertar o povo de Israel dos filisteus (v. 32; cf. Jz 13–16). 8 |

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Além de ter sido sacerdote e profeta, liderou o povo de Israel e o levou a servir somente ao Senhor (v. 32; cf. 1Sm 7; 8).

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Caminhou com Deus e foi trasladado para o Céu (v. 5; cf. Gn 5:24). Peregrinou como estrangeiro na terra da promessa e demonstrou obediência a Deus ao estar disposto a oferecer Isaque como sacrifício (v. 8-10, 1719; cf. Gn 12–22).

cio e foi 4;

Obedeceu à revelação divina e construiu uma arca para salvar a humanidade (v. 7, cf. Gn 6–9).

Assim como Isaque, ele ratificou sua fé na promessa de Deus a Abraão (v. 21; cf. Gn 48:11-20).

Reinou sobre Israel e foi considerado "o homem segundo o coração de Deus" (v. 32; cf. At 13:22).

Libertou o povo de Israel dos midianitas com apenas 300 homens (v. 32; cf. Jz 6–8).

GENTE COMUM

Libertou o povo de Israel dos amonitas (v. 32; cf. Jz 11).

Além dos nomes mencionados, o relato faz alusão a outros personagens nos versos 32 a 38. A expressão “fecharam a boca de leões”, por exemplo, se refere a Daniel (cf. Dn 6), enquanto “extinguiram a violência do fogo” está relacionada a Sadraque, Mesaque e AbedeNego (cf. Dn 3). Já a frase “mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos”, diz respeito à viúva de Sarepta e à mulher sunamita (cf. 1Rs 17:23; 2Rs 4:37), ao passo que “vestidos de peles” remete a Elias e aos profetas de forma geral (2Rs 2:8; cf. 1:8; Zc 13:4). Embora não tenham o nome escrito na “calçada da fama” de Hebreus 11, esses homens e mulheres comuns também deixaram um legado que continua inspirando nossa caminhada hoje. Assim como eles, pessoas reconhecidas e anônimas do povo de Deus, ao longo de todos os séculos, também podem se sentir parte dessa linhagem de fé.

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Abençoou a Jacó e Esaú e lhes anunciou as coisas que estavam por vir, reafirmando sua confiança na promessa de Deus (v. 20; cf. Gn 27; 28:3, 4).

Além de ter tido uma vida íntegra, anunciou o êxodo dos filhos de Israel e deu ordens para que levassem seus ossos do Egito, o que evidencia sua convicção de que eles habitariam na Terra Prometida (v. 22; cf. Gn 50:24, 25).

________ Designer ________ Editor ________ Ger. Didáticos

Fontes: Francis Nichol, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 2015), v.7; William Lane, Word Biblical Commentary: Hebrews 9-13 (Dallas: Word, Incorporated, 2002), v. 47b; e o site walkoffame.com. JAN-MAR

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Interpretação Capa & Reflexão Artigo

Texto Mariana Venturi Ilustração Kaleb

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Texto e contexto Perguntas Imagine

SINAIS DO C 10 |

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O CRIADOR

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POR QUE A torrada pulou da torradeira? 1) Explicação mecânica: Porque a alavanca, pressionada para baixo colocando o pão na posição exata para receber a radiação – que nada mais é que energia elétrica convertida em calor –, retorna à posição original quando o eletroímã ligado ao timer é desativado, impulsionando a torrada para o alto. 2) Explicação simplista: Porque você colocou o pão na posição certa e ligou a torradeira. Qual é a afirmação correta? As duas. Uma explica o processo. A outra, a intencionalidade. Elas não são excludentes, pelo contrário: as duas coexistem como causas. E esta é uma das lições mais importantes sobre as origens que nós humanos temos tido dificuldade de compreender. Se decidirmos não considerar uma delas, o quadro não estará completo. E isto inclui o que está além do concreto. Afinal, nada do processo elétrico e mecânico teria ocorrido dentro do eletrodoméstico se você não tivesse escolhido fazer torrada para o café da manhã e se ninguém houvesse pensado em projetar a torradeira.

O que alguns cientistas têm a dizer sobre a forma impressionante com que a natureza foi planejada

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onde olhamos há evidência direta de um design inteligente”, ele acrescenta. Na adolescência, o químico australiano se perguntava a respeito de questões como: “Por que algo deveria existir? O que havia antes da matéria e energia?” Hoje, o organizador do livro Em Seis Dias: Por que 50 cientistas decidiram aceitar a criação (SCB, 2010) sabe que a ciência ainda não tem uma explicação final para a vida. No entanto, diante das evidências espalhadas por todos os lados, ele conclui que deve haver um designer além do mundo material: “Deus, nosso Criador.” Para o pesquisador, uma evidência clara se encontra nos códigos do DNA, que codificam o design de “máquinas” moleculares para construir todas as diferentes formas de vida. “Esses códigos são tão complexos que não poderiam surgir por acaso, nem mesmo ao longo de um trilhão de anos”, observa. “E o código de DNA é inútil sem outro exemplo de ‘digital de Deus’: o ribossomo, que lê o mensageiro RNA e constrói as proteínas para formar uma nova parte do corpo, ou enzima, ou hormônio”, complementa. Essas máquinas moleculares são construídas a partir de mais de 300 mil átomos dispostos em uma estrutura específica. “Os evolucionistas têm que acreditar que tal máquina molecular poderia surgir do acaso. Mas, cientifica e estatisticamente, isso é absolutamente impossível”, ele sublinha. Desacreditar que a vida tenha um Autor tem sido exceção na história da humanidade. A percepção do Criador acompanha o ser humano desde sua mais remota origem. Na cultura aborígene, considerada a civilização mais antiga da Terra por um estudo de mapeamento genético publicado no periódico científico Nature (2016, v. 538, p. 207–214), há milhares de anos os aborígenes australianos creem que “no princípio” a Terra era “sem forma”, “vazia”, e que os rios, as colinas, as plantas, os animais, os humanos e todo o mundo foram criados por Wanadjina. A mitologia menciona que esses espíritos criadores ensinaram ao homem leis de como conviver uns com os outros e também sobre o casamento; e relata que apesar de terem desaparecido da vista dos humanos, continuam a cuidar da criação. No outro extremo do planeta, entre os ancestrais de nossa terra brasileira, as tribos indígenas tupi e guarani adoravam Tupã,

“o p a c

F f le m c q i p e d E o d n q la p e M

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INTENCIONALIDADE E ORIGEM Quer você creia ou não, a evidência de algo superior à matéria está na própria capacidade de pensar. A consciência é um dos maiores mistérios para a ciência. Não há leis da química ou física que consigam explicar a existência de nosso discernimento. “Podemos pesar nosso cérebro – ele é feito de matéria. Mas não podemos pesar nossos pensamentos – eles são imateriais, e ainda assim podem influenciar o cérebro, influenciar a matéria”, observa John Ashton, membro do Instituto Real Australiano de Química. “Ao pensar, posso mover meus dedos para pintar um belo quadro ou desenhar o circuito de um novo tipo de telefone celular que criei em meus pensamentos. Os cientistas ainda não têm uma teoria testável para explicar como a consciência humana surgiu. E por

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“o grande criador”. E mesmo o hinduísmo, religião a ausência de vida produz vida; que o acaso produz politeísta considerada pelos historiadores a mais ajustes precisos; que o caos produz informação; que antiga de que se tem registro escrito, tinha Brahma a ausência de consciência produz consciência, e a como o supremo e único deus criador. ausência de razão produz razão. Em artigo publicado em The Harvard Classics, Francis Bacon (1561-1626), renomado cientista e PLANEJAMENTO NA NATUREZA filósofo britânico, conhecido por formular e estabeSe a evolução nos gerou por seleção aleatória, lecer o método científico, escreveu: “Deus nunca fez seria muito mais provável que nossa alimentação e milagre para convencer o ateísmo porque Suas obras necessidade de digestão fosse outra, ou a mais simcomuns convencem. É verdade ples possível. Poderíamos ser que um pouco de filosofia como as amebas, alimentandoinclina a mente do homem nos por fagocitose. Ou como para o ateísmo; mas a filosofia as plantas, por terra, luz e água. “O Deus da Bíblia é em profundidade traz a mente Imagine viver sem poder sentir também o Deus do dos homens para a religião. o gosto de sua comida prefegenoma. Ele pode Enquanto a mente do homem rida, sem celebrar com nossa olha para as segundas causas culinária as festividades e daser encontrado em dispersas, às vezes repousa tas especiais. Pense na riqueza uma catedral ou nelas e não vai além; mas cultural e criativa que são os lino laboratório. Ao quando observa a corrente devros de receitas, os documenlas, integradas e conectadas, tários de gastronomia de difeinvestigar a criação precisa voar para a providência rentes culturas. Sem o nosso majestosa e incrível de e a divindade” (Essays, Civil and paladar e o sistema digestório Moral, 1909, p. 14). complexo do jeito que é, a vida Deus, a ciência pode, Foi o que ocorreu quando o teria muito menos sabor. na verdade, ser um então ateu e jornalista científico E por falar em sabor, já expemeio de louvor.” Lee Strobel, autor premiado e rimentou reparar nos aromas, mestre em Estudos do Direicores e texturas com o melhor to pela Universidade de Yale, dos seus sentidos? Pense no preFrancis S. Collins, premiado resolveu empreender uma insente que é poder sentir o gosto físico-geneticista que liderou vestigação intensiva e acabou adocicado de pêssegos, uvas, o Projeto Genoma Humano surpreendido pelo resultado. figos e mangas para recebermos “Francamente, eu não estava nutrientes. Há mais intencionapreparado para o que acontelidade na natureza do que perceceria”, ele escreveu no livro The bemos, e ela revela-se nas coisas Evidence of God – A former atheist makes the scienmais simples. Como uma melancia refrescante no tific case for a Creator. “Eu antes era cheio de converão. Por que a fruta mais hidratante de todas fiança de que o darwinismo justificava meu ateísmo. (a melancia tem 90% de água) dá justo na época mais Eu sentia que havia investigado suficientemente a quente do ano, quando mais precisamos repor fluiquestão, tendo estudado biologia, química, geologia, dos? Se tudo ocorreu por acaso, que bom que não foi antropologia e outras ciências. Mas então comecei a o contrário (imagine morder melancia no inverno!). ir além do óbvio, a colocar de lado meus preconceitos, E faz tanto sentido que nos meses gelados seja a fazer perguntas que eu nunca havia questionado época de pinhão e dos frutos ricos em vitamina antes, e a perseguir as pistas da ciência e história C para combater resfriados, que é dif ícil crer que onde quer que elas me levassem. Em vez de deixar o esta sincronia seja por causas aleatórias e não por naturalismo limitar minha pesquisa, eu me abri para planejamento. O acaso faria frutas tão bonitas que toda a gama de possibilidades”, relata. O resultado? inspiram design, tão cheirosas que acrescentam “Após dois anos de intensiva pesquisa científica, eu seus aromas em perfumes, e tanta diversidade de cheguei a uma surpreendente conclusão: os dados sabores que a indústria alimentícia tenta imitar? do mundo f ísico apontam poderosamente para a Jambo, a fruta nordestina de polpa macia e aveludada, existência de um Criador.” tem cheiro de rosas. A popular framboesa tem uma No livro The Case for a Creator (Harpercollins, textura leve e sedosa ao se desmanchar na boca que 2014), Lee Strobel demonstra que o darwinismo exige não se replica. E as sementes de morango que estão um “salto cego de fé”: crer que nada produz tudo; que caprichosamente distribuídas na superfície da fruta.

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Se falarmos de flores, veja de perto o belo cintilante na pétala de uma simples violeta. Como o próprio Criador aqui na Terra um dia disse, nem o rei Salomão se vestiu com tal maestria (Mt 6:29). Mais de 2 mil anos depois, a indústria têxtil até hoje não conseguiu fazer melhor tecido que a fibra natural. Queila de Souza Garcia, cientista com pós-doutorado em Ecofisiologia Vegetal pela Universidade de Barcelona, na Espanha, sorri com entusiasmo ao descrever as evidências de planejamento na natureza. “A arquitetura das flores, formação e design das pétalas, é perfeita. Assim como a posição de escamas e penas nos animais, a maneira como são inseridas é tão bem-feita que pensamos: Quem fez isso? A gente não consegue imitar desse jeito”, afirma a orientadora no Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “‘Deus é amor’ está escrito sobre cada botão que desabrocha, sobre cada haste de erva que brota. Os amáveis passarinhos, a encher de música o ar com seus alegres trinos; as flores de delicados matizes em sua perfeição perfumando o ar; as imponentes árvores da floresta com sua luxuriante folhagem de um verde vivo – todos testificam do terno e paternal cuidado de nosso Deus, e do Seu desejo de fazer felizes Seus filhos”, escreveu Ellen G. White, pioneira da Igreja Adventista, no livro Caminho a Cristo (p. 10). Se tirarmos o foco do virtual colocado diante de nós, e vivermos o presente experimentando mais

o que a natureza nos oferece e comunica, discerniremos melhor o grande design que se vê por toda a criação. Seja observando as formigas, um favo de mel ou contemplando a Via Láctea no céu estrelado, na natureza aprendemos sobre eficiência e elegância em engenharia, física, artes, química, biologia. “Os sistemas reprodutivos de plantas e animais têm partes correspondentes específicas que se encaixam”, observa John Ashton. Nas asas das borboletas existem escamas arranjadas de tal maneira que repelem a água permitindo que elas voem durante a chuva. As aves têm a glândula uropígea, que produz óleo especificamente para lubrificar as penas, o que as tornam impermeáveis, protegendo os pássaros da chuva e permitindo que o pato flutue na água em vez de afundar. O mundo natural pode ser considerado a mais completa enciclopédia de conhecimento do planeta, e a céu aberto. De onde vêm as leis da química e da física? A matemática também não é invenção humana. Ela já estava orquestrada na natureza. Um exemplo é a sequência de Fibonacci. Presente na formação de galáxias, em fenômenos naturais de nosso planeta e até nos seres vivos, a explicação para essa lógica matemática permanece um mistério. Além de formar espirais perfeitas na natureza, a sequência é descrita como a proporção áurea que guia a arte, a arquitetura e o design na estética que é agradável aos nossos olhos. A maior eficiência em linguagem e engenharia não foi desenvolvida por nós. “Quando comecei a estudar a natureza, reconheci que há muito mais do que um cérebro humano pode pensar. E isso ocorre dentro da menor célula de bactéria que você possa imaginar. Há mais troca de informação ali dentro do que em qualquer supercomputador no mundo”, afirma Suzanne Phillips, PhD em Microbiologia e

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Genética Molecular. “Na menor bactéria há centenas tes, surgiu do acaso, parece para mim o principal de linguagens diferentes ocorrendo ali. Esse nível de argumento para a existência de Deus; mas se es­ complexidade me faz, como cientista, reconhecer te é um argumento de valor real, nunca fui capaz que há algo maior acontecendo ali que o cérebro de decidir”, desabafou Charles Darwin, menos de humano é capaz de assimilar”, a pesquisadora admite. uma década antes de falecer, em carta ao holandês Nanotecnologia. A sofisticação a nível microscópico Nicolaas Dirk Doedes. “Também não posso renegar a é uma evidência que impressiona Marcos Eberlin, dificuldade da imensa quantidade de sofrimento que professor de Química da Universidade Estadual de há no mundo”, prosseguiu. “A conclusão mais segura Campinas (Unicamp), comendador da Ordem Na­ parece ser que todo este assunto está além do escopo cional do Mérito Científico e primeiro cientista da do intelecto humano; mas o homem pode fazer a sua América do Sul a receber a medalha J. J. Thomson. parte”, ele concluiu (Darwin Correspondence Project, “A molécula de DNA é um espetáculo de engenha­ Universidade de Cambridge). ria e de otimização da informação”, ele menciona ao John Ashton fez sua parte. Foi na época de estu­ descrever a engenharia bioquímica das células, duplas dante que ele venceu o dilema de Darwin e desen­ hélices e sequências de 3 mil aminoácidos formando volveu a fé no Criador. “Ao estudar na universidade estruturas funcionais. “Nas células, essas moléculas vi o vazio na vida de muitos cientistas altamente formam robôs nanomoleculares. Coisas fantásti­ inteligentes, e eu quis encontrar respostas para a cas do ponto de vista de questão ‘Existe um propó­ sofisticação. Toda essa sito para a vida?’”, relem­ engenharia funcionando bra. O químico australia­ ciberneticamente e auto­ no acredita que Deus tem Para saber mais maticamente, como uma aberto seus olhos para os A versão estendida desta reportagem você pode cidade molecular de altís­ propósitos verdadeiramente acompanhar nas quatro primeiras temporadas do programa Origens da TV Novo Tempo sima tecnologia, dentro de importantes da vida. “A par­ (novotempo.com/origens) uma célula, é fascinante”, tir de minhas experiências, enfatiza Eberlin (leia a en­ sei que existe um Deus amo­ trevista com ele na p. 5). roso e criador”, ele afirma. Essa complexida­ Ter fé no Criador não é de na simplicidade é, para o doutor em Físico­ disputar uma batalha verbal para ver quem tem Química pela USP, Kelson Mota, uma das elo­ o melhor argumento, quem derruba a lógica do quentes evidências de um design inteligente. outro, quem vence a disputa. Isso não é uma com­ “Mesmo os organismos mais simples, que você po­ petição do mais forte. Criacionismo é exercer a in­ deria dizer: ‘Ah, isso é apenas uma bactéria’, têm teligência na busca por respostas, buscar aprender um grau de sofisticação que rivaliza com nossas mais sobre o outro e a natureza ao redor, e viver máquinas mais sofisticadas. Ao estudar a estrutura, cada momento com gratidão e respeito, buscando as organelas e os processos bioquímicos envolvidos, conhecer o Deus que nos criou. É dar seu sorriso a não há como dizer que isso surgiu ao acaso, que foi Ele cada vez que notar alguma digital de Seu amor fruto de colisões ou de reações caóticas. Nós esta­ criador. Como afirmou o geofísico e PhD em Filosofia mos vendo não só um designer inteligente, mas a da Ciência pela Universidade de Cambridge, inteligência do designer, do projetista”, ele observa. Stephen Meyer, em entrevista a Lee Strobel no livro Há tantas outras evidências igualmente relevantes The Case for a Creator, “a partir da evidência da que o espaço não permite explorar em detalhes. É o genética e da biologia podemos inferir a existência caso do ajuste fino do Universo e da complexidade de uma mente que é muito maior que a nossa – um irredutível. O processo de coagulação do sangue e as Designer consciente, proposital, racional e inteligente engenhosidades como os cílios e flagelos bacterianos, que é incrivelmente criativo” (seção The Evidence of por exemplo, que precisam de todos os componentes Biological Information, parágrafo 3, versão e-book). presentes e no lugar para funcionar.

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O PROBLEMA DO SOFRIMENTO O pai da teoria da evolução batalhava em seu ínti­ mo sobre como conciliar a evidência de um Criador com o mal existente ao redor. “Eu posso dizer que a impossibilidade de conceber que este grandioso e surpreendente Universo, com nossos seres conscien-

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Artigo

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A verdadeira fé não é ingênua nem iludida. Ela tem como base as evidências da revelação de Deus e está disposta a saltar no escuro

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NÃO LHE CONTARAM ISSO NA IGREJA Na universidade, muitos se deparam com professores incrédulos, que estão munidos de autores

igualmente céticos, e que podem ser tentados a fazer das aulas um campo de doutrinação contra a tradição judaico-cristã. Nesse contexto, falar da Bíblia em sala de aula pode ser considerado algo ridículo e proibido, a menos que seja para desmerecer seu valor histórico. Sob a argumentação de que o Estado é laico, muitos acadêmicos farão de tudo para evitar um diálogo respeitoso entre ciência e religião em sala de aula. Contudo, talvez não deixem do lado de fora o ceticismo que os motiva. A situação chega a tal ponto que, em alguns ambientes, falar contra a maconha é visto como retrógrado, enquanto questionar o evangelho é sinônimo de sofisticação. Portanto, prepare-se, pois talvez você tenha que sobreviver e testemunhar num verdadeiro campo de batalha. Exatamente como José no Egito (Gn 39-45) e Daniel na Babilônia (Dn 1-6). Isso não significa que você deva demonizar professores e colegas incrédulos, considerando-os imorais, inimigos do bem e gente perigosa. Não se trata disso. Assim como você, eles têm convicções e dúvidas, mas não lepra! Talvez muitos deles estejam hoje no campo da descrença por questões pessoais, que nem sempre significam um rompimento voluntário com Deus. Traumas de infância provocados por pais religiosos incoerentes, decepção com as igrejas, assuntos mal resolvidos ou até mesmo desinformação sobre a Bíblia podem gerar um ateu que até gostaria de acreditar, mas não conseguiu superar seus dilemas. Se Deus realmente existe e nos ama, conforme afirma a Bíblia, Ele Se revelará a todos no tempo certo. Sendo assim, seu papel como cristão na universidade deverá ser o de pregar muito falando pouco. Em outras palavras, é preciso entender que Deus precisa de testemunhas, não de advogados, muito menos de guarda-costas para protegê-Lo. Evite, portanto, todo espírito arrogante, antiético ou desrespeitoso com seus colegas e professores. Se a afronta surgir, que venha do outro lado, nunca de você. Lembrese sempre da prisão de Jesus no Monte das Oliveiras e aprenda que não é cortando a orelha de Malco, como fez Pedro (Jo 18:10), que defenderemos Cristo, mas sim por meio de atitudes e comportamento que revelem Deus. jan-mar

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MACHADO DE ASSIS foi um escritor brasileiro brilhante. À semelhança de outros notáveis, ele conseguiu desenvolver questões filosóficas e polêmicas em forma de estórias. Assim também fizeram antigos pensadores do Oriente Médio, incluindo os rabinos do judaísmo. E por falar em judaísmo, este também foi um método utilizado por Jesus, que era visto por alguns como rabi (mestre), ao narrar Suas muitas parábolas. Ele falava de modo simples, às vezes irônico, sobre verdades profundas que os iletrados entendiam e os mais cultos nem sempre captavam. Como se pode ver, a inteligência de Cristo não tinha nada de mediana. Voltando a Machado de Assis, existe um trecho do romance de Quincas Borba (Ática, 1995), cujo enredo acaba tendo como protagonista não aquele que dá nome à obra, mas o ingênuo Rubião que, no dizer do próprio autor, “era mais crédulo que crente; não tinha razões para atacar nem para defender nada: terra eternamente virgem para se lhe plantar qualquer coisa” (p. 60 e 61). Esse argumento da ficção acabou, de certa forma, tornando-se um estereótipo de um tipo de religioso ou “crente”, que se ilude facilmente e acredita em tudo que seus líderes lhe dizem. A série de animação Os Simpsons, que é ambientada nos Estados Unidos, também reforça essa visão ao retratar o personagem Ned Flanders como um sujeito religioso, bonzinho e politicamente correto, que chega a ser mais ingênuo que o protagonista Homer. Parte da responsabilidade por essa imagem pública ridicularizada é dos próprios religiosos e de seus líderes, que pensam que sua tarefa seja a de proteger a igreja da crítica racionalista. Porém, essa liderança desconsidera que, ano após ano, uma leva de estudantes entra na universidade, ambiente em que a fé cristã costuma ser questionada. Portanto, é importante falar sobre a relação entre dúvida, fé e racionalidade. Assim, você pode evitar de ser iludido ou de perder sua confiança no Criador.

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Provavelmente, muitos de seus colegas incrédulos tenham perdido a fé depois que entraram em contato com autores altamente inteligentes, que os levaram ao completo abandono das crenças nas quais foram criados. Na cabeça desses jovens agora não há espaço para o Mar Vermelho que se abriu (Êx 14) ou para a virgem que deu à luz ao Messias (Is 7:14; Mt 1:23). Eles não mais creem em milagres (Jo 9:25), intervenção divina (Dn 2:21) nem na inspiração bíblica (2Tm 3:16). O Céu deixou de ser a morada de Deus e de Seus anjos para se tornar uma simples combinação de gases e partículas atmosféricas. Para eles, não existe nenhum trono branco lá em cima (Ap 4:4; 20:11). Esse quadro fica ainda mais complicado quando adicionamos a ele dois tipos de pressões externas: uma que vem de uma parcela antirreligiosa da mídia e, outra, talvez mais forte, que vem de colegas de sala que podem isolar você, caso não participe de eventos e experiências que contrariam um estilo de vida pautado pelos valores bíblicos. E tudo isso piora quando a igreja, a comunidade na qual você esperaria encontrar respostas e orientação, lhe oferece sermões e um discurso de sistematização do óbvio, que pouco o ajudam na vida acadêmica.

a fé” é estúpido, porque acredita que só é real o que possa ser compreendido pela lógica humana, e acaba rejeitando tudo o que não pode explicar racionalmente. O racionalismo é a razão doente, inchada, intoxicada. Ser racionalista não é o mesmo que ser racional ou razoável. O mesmo equívoco pode ocorrer no lado da fé. O fideísmo, outra palavra com sufixo “ismo”, é uma distorção da fé verdadeira. É fato, porém, que existem intelectuais cristãos que defenderam o fideísmo em maior ou menor grau. O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, por exemplo, tratou do fideísmo como o argumento do “pulo da fé”; ou seja, é a atitude de jogar-se no abismo, sem nenhuma garantia racional de sobrevivência, apenas pelo desejo de ser salvo. Na opinião de Kierkegaard, expressa no livro Temor e Tremor (Abril Cultural, 1979), todo crente deveria dar esse salto, o que equivaleria passar da simples ética para a religião. O ponto comum entre os fideístas está em seu entendimento de que as questões religiosas não podem ser justificadas por meio de argumentos ou provas racionais, mas pela fé. De fato, segundo o filósofo norte-americano Alvin Plantinga, Deus está acima de qualquer elemento de verificação, o que torna impossível provar Sua existência por meio de métodos laboratoriais e científicos (Faith and Rationality: Reason and Belief in God, 1983, p. 16-93). Contudo, a Bíblia também diz que aquilo que se pode conhecer de Deus é manifestado por meio das coisas criadas, de modo que todos podemos cognitivamente perceber o que Deus revelou de Si mesmo (Rm 1:19 e 20). Portanto, o salto da fé que Kierkegaard propôs pode até ser em direção ao desconhecido, mas ele tem que partir de alguma plataforma segura que nos possibilite o impulso. É nesse ponto que entram as evidências deixadas por Deus na história. Você pula em direção ao futuro desconhecido, porque conhece o que Deus fez no passado.

O QUE SIGNIFICA SER CRENTE? Aos que escolhem Rubião para retratar os crentes, resta chamar a atenção para uma parte do enredo que poucos observam. Machado de Assis descreveu o personagem como “crédulo”, palavra que contrasta com o substantivo “crente”. E existe uma diferença abismal entre os dois termos. “Crente” vem do latim credente, que significa aquele que crê, confia, a partir de uma evidência racional. “Crédulo”, por sua vez, deriva do latim credúlu e se refere ao ingênuo, àquele que crê facilmente em qualquer coisa. Portanto, diferente do que diz o senso comum, a fé não é o oposto da razão. Curiosamente, ela não é produzida em nosso estômago, mas QUANDO A FÉ DUVIDA em nossa mente. Ela se vale de A fé não é a sinapses cerebrais igualmente “Ora, a fé é a certeza de coisas negação da dadas por Deus para entender que se esperam, a convicSua revelação na história. A fé ção de fatos que não se racionalidade, não nega a racionalidade, mas veem” (Hb 11:1). Com mas ela vai além transcende a lógica humana, base nesse texto bíblida lógica humana sem deixar de ser razoável. É co, muitos entendem por isso que vultos da história, que a fé não admicomo Newton, Pascal, Pasteur, te nenhum tipo de Descartes e Dostoievski uniram dúvida nem quesgenialidade intelectual e crença no Deus da Bíblia. tionamento. Ora, se for assim, temos uma terrível contradição na Bíblia, pois Por outro lado, apesar de ter um lado racional, a fé não é “racionalista”. O racionalismo ou “razão sem em diversos trechos do livro sagrado, 18 |

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Para saber mais

O Ceticismo da Fé (Ágape, 2018), de Rodrigo Silva, 592 p.

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Deus é revelado como alguém que não apenas respeita, concordar com algo apenas porque faz parte da tradição mas também incentiva a dúvida sincera. A fé saudável dos mais antigos (Mt 5:21, 22; Cl 2:8) ou porque um surge do questionamento honesto (Ml 3:10; Is 1:18). líder influente as falou (1Pe 2:1, 3; Mt 7:15; 2Co 11:5). Mesmo Abraão, considerado por muitos o “pai da A Bíblia reconhece que, em muitas circunstâncias, a fé”, teve momentos de questionamentos típicos da dúvida brotará inevitavelmente da mente que procura natureza humana (Gn 15:2). O problema, portanto, encontrar sentido em meio ao sofrimento. Nem Jesus não é duvidar, é continuar duvidando mesmo diante escapou disso. Na cruz, Ele Se sentiu sozinho e quesdas evidências. tionou onde estava Deus (Mt 27:46). A questão é que, Também nas páginas do Novo Testamento você mesmo não tendo uma resposta direta do Céu, Cristo vai encontrar uma gama de prosseguiu em Sua mistextos sugerindo o que seria são e entregou a vida ao Pai uma dúvida saudável. Eles (Lc 23:46). Naquele momento, Jesus Se lançou no abismo nos aconselham a testar O questionamento da incerteza, não porque teve ou examinar criticamenhonesto faz parte do Sua dúvida respondida, mas te todas as coisas antes de desenvolvimento de porque conhecia os atos pascrer apressadamente nelas (2Co 13:5; Ef 4:14; 1Ts 5:21; sados e a vontade de Deus. uma espiritualidade Em Hebreus 11:1, a pa1Jo 4:1). O estudante cristão saudável deve estar alerta para não lavra grega traduzida por convicção é hypostasis, que pode ter uma série de significados, entre eles, a escritura de posse que alguém recebia ao se tornar dono de uma propriedade, mesmo que ainda não estivesse morando nela. E por que alguém se consideraria dono, mesmo sem ainda ter tomado posse de algo? Resposta simples: ele confia na assinatura e no timbre oficial da escritura. Aliás, o capítulo 11 de Hebreus é conhecido por mencionar uma longa lista (“galeria da fé”) de homens e mulheres fiéis a Deus que morreram sem ver o cumprimento das promessas que o Senhor havia feito para eles. Eles confiaram no Autor das promessas. Portanto, aproveite sua mente questionadora e curiosa não somente para inquirir a Deus e descobrir coisas sobre Ele, mas para refletir a respeito da realidade que o cerca. Faça perguntas do tipo: se não há Deus, por que existe algo em vez de nada? Se vida sempre provém de vida, como a vida poderia provir do nada? Se não há um Designer, como explicar tanta precisão, ordem e estrutura no Universo? Se não existe um Criador inteligente, quem colocou, por exemplo, a informação genética no DNA? Dúvidas caprichosas conduzem à perdição, enquanto dúvidas sinceras podem levá-lo à salvação. E sabe como recebemos a salvação? Pela graça mediante a fé, pois se você crer, não precisará ter medo do futuro.

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Texto e contexto

Texto André Vasconcelos Ilustração Vandir Dorta Jr.

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CENÁRIO DA CRIAÇÃO

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O PRIMEIRO CAPÍTULO DA BÍBLIA NARRA COM BELEZA LITERÁRIA COMO DEUS COLOCOU ORDEM NO CAOS

A coreografia de Gênesis 1 Sete movimentos de Deus marcam o relato bíblico da criação. Primeiro Ele cria as condições para a vida e depois preenche os ambientes com os seres vivos. Veja alguns paralelos:

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Luz e trevas

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Águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento (céus)

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O PRIMEIRO VERSO da Bíblia resume a compreensão judaica da origem do mundo em apenas uma declaração: “No princípio criou Deus os céus e a terra.” Essa afirmação aparentemente simples engloba os principais elementos do relato bíblico da criação: o tempo em que isso aconteceu – “no princípio”; o meio pelo qual as coisas passaram a existir – “criou”; o agente criativo – “Deus”; e o que foi criado – “os céus e a terra”. Além da função teológica de promover a fé no Criador, Gênesis 1:1, bem como toda a narrativa bíblica das origens, tem o objetivo de impressionar o leitor com a beleza da criação divina. Como observou James McKeown no livro Genesis, a narrativa da criação é “uma coreografia literária em que cada palavra foi cuidadosamente escolhida e posicionada com precisão” (p. 19). Com isso em mente, vamos analisar tanto o conteúdo quanto os aspectos estruturais do relato da criação, a fim de obtermos uma interpretação correta do texto e um vislumbre de sua beleza.

HISTÓRICO OU MÍTICO? Antes de mais nada, é importante destacar que o relato da criação se trata de uma história real descrita de forma poética. Os recursos utilizados nessa narra-

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tiva são facilmente identificáveis. Em Gênesis 1:1 e 2, por exemplo, encontramos dois mecanismos literários típicos da poesia: a assonância (semelhança de sons em palavras próximas) e a aliteração (repetição de fonemas parecidos na mesma frase). No verso 1, é possível observar uma aliteração de b-r entre as duas primeiras palavras: bereshit bara’ (“No princípio criou”). Já no verso 2, identificamos um exemplo de assonância na expressão tohu vavohu (“sem forma e vazia”). O uso desses recursos literários torna o texto mais sofisticado. O relato da criação também possui características de prosa. Um exemplo é o uso do vav consecutivo ou conversivo, letra hebraica que é traduzida na maioria das vezes pela conjunção “e” em nossas Bíblias. O vav consecutivo é uma forma especial de conjunção. Ele é prefixado a alguns verbos hebraicos para expressar o passado narrativo (exemplos em Gênesis 1: “e disse Deus”; “e haja luz”; “e viu”; “e fez separação”; “e chamou”; “e houve”; “e assim se fez”, etc.). Em outras palavras, podemos dizer que a narrativa da criação é uma prosa poética. FORMA E CONTEÚDO O caráter histórico do texto não está necessariamente Entender a forma do texto é tão importante para a vinculado a seu gênero literário. No caso de Gênesis 1, compreensão de sua mensagem quanto uma análise contudo, há outros elementos que justificam uma intercorreta de seu conteúdo. Isso ocorre depretação literal dos fatos, como, por exemvido à relação intrínseca existente entre a plo, o uso das palavras “tarde e manhã” ou “Pela fé do termo “dia” (yom) juntamente com um forma e o conteúdo de uma obra literária. entendemos numeral. Todas as vezes que a Bíblia utiliza Em outras palavras, a estrutura do texto, que o universo essa formação, ela se refere a um dia literal as repetições de termos, a sintaxe, o ritmo de 24 horas. da leitura, os pares de palavras, tudo isso foi formado Além disso, a sequência de seis dias comunica uma mensagem e influi diretapela palavra de de trabalho e um de descanso, conformente na interpretação. Deus, de modo A narrativa da criação começa em me retratada no mandamento do sábado que aquilo que Gênesis 1:1 e termina provavelmente no (Êx 20:8-11), somente tem sentido se a capítulo 2:4a. Apesar de muitos intérpresemana da criação for literal. Pelo fato de se vê não foi tes acreditarem que esse relato termina Deus ter criado o mundo em seis dias e ter feito do que no verso 3, o texto parece indicar que ele cessado Suas atividades criativas no sétimo, é visível” finaliza no verso 4. Se olharmos para a o ser humano deve trabalhar durante seis (Hb 11:3, NVI) forma do texto, veremos que a primeira dias e descansar no sábado. parte do verso 4 utiliza as mesmas palavras Outra evidência do caráter histórico do de Gênesis 1:1 (“céus”, “terra” e “criar”), formando um relato da criação é o uso do termo “gênese” (toledot) no capítulo 2:4. Esse termo é utilizado consistentemente tipo de inclusio, recurso literário em que o começo e o no primeiro livro da Bíblia para descrever a genealogia fim de uma passagem são semelhantes. ou as “gerações” dos patriarcas (10:1; 11:27; 25:12; 25:19). Uma vez definida a seção, podemos observar entre a introdução (Gn 1:1, 2) e a conclusão (2:4a) sete partes, Ou seja, o uso dessa expressão é um testemunho interque descrevem a ação criadora de Deus ao longo da no de que a história da criação deve ser lida da mesma primeira semana. forma que a narrativa dos patriarcas.

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A SEMANA DA CRIAÇÃO Gênesis 1:2 menciona que a terra estava “sem forma e vazia”. A partir do verso 3, porém, ela começa a ser preenchida. Nos primeiros três dias, Deus cria os

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c p t o p e q d

PRE ENC HIM EN TO

4o Luzeiros do dia e da noite

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5o Animais aquรกticos e aves

a s t A S fu S a o g C

6o Criaturas terrestres e o ser humano

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concentração das ações divinas no terceiro e no sexto dia. Porém, ao concluir Sua obra no sexto dia, Deus afirma que tudo aquilo que havia feito era “muito bom”, confirmando a existência de uma intensificação de Seus atos criativos. Além disso, os primeiros seis dias da criação seguem uma progressão do caos para a ordem, e das formas mais básicas de vida orgânica (reino vegetal) para as diferentes categorias de seres vivos: animais aquáticos, aves, animais terrestres e o ser humano. O padrão da narrativa é quebrado no início do capítulo 2, quando o autor abandona o refrão dos seis dias para introduzir o sétimo. Isso demonstra que o sábado deve ser visto como o clímax da criação. É importante destacar que o número sete marca o ritmo de toda a narrativa. Além dos sete dias da criação, o texto repete sete vezes a palavra “criar” (bara’; 1:1, 21, 27 (3x); 2:3, 4) e sete vezes a expressão “era bom” (ki tov; v. 4, 10, 12, 18, 21, 25, 31). O ritmo de sete também pode ser observado no primeiro verso da Bíblia. Em hebraico, esse verso é composto por sete palavras, o que delineia a métrica de toda a narrativa. Essa constante referência ao número sete tem como objetivo enfatizar o design, a conclusão e a perfeição da criação divina. ALÉM DA APOLOGÉTICA A narrativa da criação nos leva a crer na literalidade e historicidade do relato bíblico, por mais impopular que essa ideia seja nos dias de hoje. Embora haja mérito em buscarmos evidências científicas e filosóficas para promover uma crença racional dos primeiros capítulos da Bíblia, há ainda mais em depositarmos nossa fé no Criador, a partir do que o texto diz. Só a fé pode fazer justiça ao relato de Gênesis 1 e 2 (ver Hb 11:3). A análise sobre a narrativa da criação deve ir além da abordagem apologética, cujo objetivo é apresentar uma defesa lógica da fé. Sem ignorá-la, o estudo sobre esse tema deve incentivar o leitor a se aprofundar no texto bíblico, a fim descobrir seu significado, beleza e profundidade teológica.

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cenários. Depois, nos outros três, os preenche. Por exemplo, no primeiro dia é feita a separação entre a luz e as trevas, ao passo que no quarto dia o Senhor estabelece os luzeiros para governar o dia e a noite. Dessa forma, o primeiro dia é paralelo ao quarto, o segundo ao quinto e o terceiro ao sexto. Essa estrutura narrativa mostra que primeiro Deus criou as condições para a vida para depois preencher esses ambientes com os seres vivos. Os paralelos entre os dias da criação não são apenas temáticos, mas também verbais. Tomando como base o paralelismo entre o primeiro e o quarto dia, encontramos uma relação intertextual entre a expressão “haja luz” (yehi ’or), mencionada no verso 3, e a expressão “haja luzeiros” (yehi me’orot) no verso 14. Além disso, há uma repetição do verbo “separar” (badal) em ambos os dias. Enquanto Deus é o agente que causa a separação entre “a luz e as trevas” no primeiro dia (v. 4), os luzeiros fazem separação entre “a luz e as trevas” no quarto dia (v. 18, cf. 14). Nesse caso específico, a forma do texto nos ajuda a resolver um problema teológico: Como pode haver separação entre a luz e as trevas se os astros foram estabelecidos no firmamento unicamente no quarto dia? A resposta para essa pergunta está na estrutura do texto. Segundo Jacques Doukhan, “este paralelo entre ambas as funções sugere que, desde o primeiro dia, Deus mesmo Se encarregou de realizar aquilo que os luzeiros faziam a partir do quarto dia. Portanto, os dias que precedem o quarto dia são da mesma natureza daqueles que são governados pelo Sol e pela Lua” (La Historia de La Creación en el Génesis, p. 39; ver Sl 104:2). Os primeiros seis dias da criação devem ser vistos como uma unidade indivisível (Gn 1:1-31), pois apresentam uma estrutura literária basicamente igual: (1) pronunciamento divino – “disse Deus”; (2) ordem divina – “haja”, “ajuntem-se”, “produza”, etc.; (3) realização dessa ordem; (4) registro de seu cumprimento – “e assim se fez”; (5) notificação de aprovação – “e viu Deus que era bom” (com exceção do segundo dia); (6) fórmula de fechamento – “houve tarde e manhã”, acompanhada de um numeral. Há também um nítido crescendo nos dias da criação. O terceiro e o sexto dia, por exemplo, possuem duas ações criativas da parte de Deus (v. 9, 11, 24, 26), por isso a expressão “era bom” se repete duas vezes nesses dois dias (v. 10, 12, 25, 31). Em outras palavras, há uma

Para saber mais

Edson Nunes, “Descanso Real”, disponível em: https://bit.ly/2DSf4wc; Nahum Sarna, Genesis, The JPS Torah Commentary; Richard Davidson, “The Biblical Account of Origins”, Journal of the Adventist Theological Society.

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Descanso de Deus e a santificação do tempo

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Básica

Texto Vinícius Mendes Imagem © lassedesignen | Adobe Stock

Fé é confiar na orientação de Deus

FIDELIDADE: O LADO VISÍVEL DA FÉ Se alguém em quem você confia garantisse que existe um tesouro muito valioso enterrado no quintal de sua casa e que a única coisa que você precisa fazer para se tornar um milionário é desenterrá-lo e pegá-lo, você acreditaria? Se sim, o que isso significaria na prática? A convicção de que há uma mina de ouro no solo de sua residência faz de você um milionário? Sentir que isso é realidade paga suas contas? Ou a melhor coisa a fazer é pegar uma pá e, sem demora, tratar de desenterrar o tesouro e tomar posse dele? Qual dessas atitudes revela crença real sobre o que foi prometido? O exemplo acima é para você pensar no significado da fé, palavra famosa de apenas duas letras, cujo conceito é fundamental para o cristianismo. No Antigo Testamento, esse termo é a tradução do hebraico ’emunah (Hb 2:4). Na maior parte das ocorrências dessa expressão, encontramos o sentido de fidelidade, firmeza, confiança e responsabilidade. Em outras palavras, no texto bíblico, fé não é um conceito abstrato, mas uma decisão acompanhada por atitudes coerentes com essa escolha. O verbo “crer” é a tradução do hebraico ’aman, que tem a mesma raiz de ’emunah. De modo semelhante, esse verbo expressa a atitude concreta de se firmar em algo e de agir com base em uma convicção profunda. Logo, fé é algo integral, que envolve razão e emoção; mente, coração e corpo (Dt 6:5). Portanto, crer em Deus é amá-Lo, confiar Nele e agir com base em Suas promessas. No Novo Testamento, fé é a tradução da palavra grega pistis, que é usada também com o sentido de fidelidade e compromisso (Rm 3:3; Gl 5:22; 1Tm 5:12). Em toda a Bíblia, os conceitos de fé e fidelidade andam de mãos dadas, sendo faces de uma mesma moeda. O apóstolo Paulo reforça essa ideia ao usar de modo intercambiável os conceitos de “fé” e “obediência” à lei de Deus (Gl 5:6 e 1Co 7:19). Esse ensino está em harmonia com o apóstolo Tiago (2:18), ao ele mencionar que as ações são evidências da fé verdadeira. Ellen G. White, pioneira adventista, vai na mesma direção ao escrever que a fé que salva é aquela que age por meio do amor e transforma quem crê (Fé e Obras, p. 48, 49). A Bíblia tem tesouros inestimáveis. Quem crê nela não fica de braços cruzados; agarra-se a suas promessas e vive com base nelas.

Curiosa

Texto Ágatha Lemos Imagem © mast3r | Adobe Stock

SETE BENEFÍCIOS DA LUZ SOLAR

A importância da vitamina D para a saúde humana já não é segredo para a ciência há um bom tempo. E cada vez mais, novas pesquisas vêm definindo a maneira como podemos e devemos nos beneficiar desse remédio natural e gratuito, que é produzido por nosso corpo, com a ajuda do sol. Conheça algumas curiosidades: 24 |

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1 Não é possível, somente pela dieta, alcançar os níveis necessários de vitamina D recomendados para a saúde. É preciso que a luz solar incida sobre a pele. 2 O uso constante de protetor solar limita a radiação ultravioleta sobre a pele e pode causar deficiência de vitamina D. 3 O corpo regula o excesso de vitamina D para a quantidade necessária. 4 Negros podem precisar de 20 a 30 vezes mais de exposição à luz solar do que pessoas brancas. Obesos precisam de duas vezes mais do que quem está no peso ideal.

5 A vitamina D evita depressão, osteoporose, câncer da próstata e de mama, diabetes, obesidade, psoríase, além de fortalecer o sistema imunológico. 6 Bebês que recebem suplementação de vitamina D apresentam um risco menor de desenvolver diabetes tipo 1 até os 20 anos de vida. 7 A exposição ao sol, de duas a três vezes por semana, reduz de 50% a 80% a possibilidade de desenvolver doenças graves, como diabetes e câncer.

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Fonte: Vitamina D – Como um Tratamento tão Simples Pode Reverter Doenças tão Importantes (Fundamento, 2015), de Michael Holick

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Ponto de vista

Texto Glauber Araújo Imagem © MicroOne | Adobe Stock

Tudo ligado Texto Nádia Teixeira

DA FÉ AO CHULÉ Fé

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

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Muitos já leram ou ouviram falar das aventuras de Charles Darwin a bordo do H. M. S. Beagle, no século 19. Ao atracar nas ilhas Galápagos, no Equador, Darwin catalogou várias espécies desconhecidas, e desenvolveu uma teoria sobre a variedade que observou. O famoso livro com suas conclusões, A Origem das Espécies, foi lançado apenas 24 anos mais tarde, em 1859. A repercussão de suas ideias ainda pode ser percebida 160 anos depois, gerando divisões em um dos redutos ainda mais resistentes à sua teoria: as igrejas cristãs.

Sim

Embora Darwin fosse religioso e até tivesse estudado Teologia, sua teoria serviu de base para que muitas pessoas abraçassem o ateísmo. Para Richard Dawkins, um dos mais famosos militantes contra a religião, Charles Darwin teria tido “a ideia mais poderosa já concebida”. Apesar de os estudos de Darwin terem se tornado um paradigma para vários campos da pesquisa científica, essa explicação não é unanimidade. Há um grupo minoritário de pesquisadores, mas crescente, que enxerga na chamada Teoria do Design Inteligente (TDI) um modelo mais coerente com os dados encontrados na natureza.

Não

Por entenderem essa teoria como uma afronta ao relato bíblico e à crença em Deus como Criador, outros rejeitaram essa novidade de imediato. Conhecidos como criacionistas, esse grupo tem sido formado principalmente por religiosos de várias tradições. Porém, uma das poucas denominações cristãs que assumem oficialmente uma postura criacionista é a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Embora parte dos criacionistas aceite a microevolução como um mecanismo que explica mutações em menor escala, que podem ser observadas nas espécies não extintas, a macroevolução é rechaçada por eles em função da falta de evidências.

Depende

Um terceiro grupo, formado também por pessoas de quase todo o espectro de igrejas cristãs, aceita o evolucionismo com algumas adaptações: são os evolucionistas teístas. Para esse grupo, evolucionismo não é um processo cego e sem propósito. É uma forma escolhida por Deus para criar novidades e conceder liberdade ao Universo para seguir seu próprio rumo. Segundo eles, alguns trechos da Bíblia, como os primeiros 11 capítulos de Gênesis, não devem ser lidos de forma literal, mas metaforicamente.

Atitude Postura corporal, expressão facial e relacionamento social conduzido por disposição interior. Relaciona-se com maneira e conduta; com uma posição assumida, intenção, propósito e manifestação. Indica até certo ponto um pouco da identidade humana. O problema é que em situações de discordância e pouca reflexão, essa atitude pode tentar se impor com o uso do

Pé para agredir. Extremidade do membro inferior que serve de apoio para o corpo, o pé está localizado abaixo da articulação do tornozelo e terminado pelos artelhos. Espalmado por completo no solo, ele permite que o ser humano ande verticalmente. Apesar de passar boa parte do dia esquecido dentro de um calçado, essa parte do corpo exige cuidados diários, para se evitar o desgradável e persistente

Chulé Mau cheiro característico do suor, ele contamina tênis e sapatos, e impregnado entre os dedos causa certo desconforto. A palavra também é usada para identificar aquilo que é de má qualidade, barato e ordinário. Se você deseja desenvolver sua fé em Deus, é preciso ter atitude e posicionarse ao lado Dele, firmando o pé no bom caminho e cuidando para que o chulé da mediocridade seja eliminado.

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Fontes: Stanley Gundry, Criação e Evolução: 3 Pontos de Vista (Vida, 2006); Bryan Ball, No Princípio (CPB, 2018); Alister Mcgrath, Deus e Darwin (Ultimato, 2016); Wellington Santos Silva, “Como a evolução substituiu a criação para explicar a origem da vida”, em revista Parousia, 1o semestre de 2010, p. 47-55; “Why Darwin Matters”, jornal The Guardian, 9 de fevereiro de 2008 (theguardian.com).

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Substantivo feminino que remete a um conjunto de crenças, religiosas ou não. No catolicismo, é a primeira das três virtudes teologais. Tem que ver com confiança, com algo que se aceita como verdade. No campo jurídico, expressa a credibilidade que se dá a um documento, confirmando sua veracidade, pois a ele é atribuído fé. Em sua etimologia, a palavra tem raízes no termo grego pistis (acreditar) e no latim fides, que se refere à fidelidade na forma de

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Imagine

Texto Jessica Manfrim Design Renan Martin

... se não existissem

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utopias

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UTOPIA, NO GREGO “lugar nenhum”, é o nome da ilha imaginária de Thomas Morus, escritor inglês do século 16. A palavra se tornou sinônimo de sonho, fantasia e projeto irrealizável. Porém, o conceito de utopia está relacionado também a um elemento fundamental para a sobrevivência da humanidade: a esperança. A utopia nasce da combinação de uma realidade imperfeita e decepcionante em contraste com a convicção e o impulso de que essa realidade social pode ser alterada, ainda que num futuro distante. Essa capacidade de imaginar o que ainda não se tem é chamada de imaginação utópica. Por meio dela é possível projetar, a partir das condições do presente, um futuro de transformações para melhor. É a imaginação utópica que produz as descobertas e as invenções, assim como as revoluções. No fim do século 20, depois de a humanidade depositar fé e se frustrar com o capitalismo, socialismo, comunismo, fascismo e nazismo, alguns pensadores declararam a morte das utopias. E como seria esse futuro sem perspectiva de mudança para algo melhor?

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Id p “ ç r p A s e T id d r p r o te a v a J p m im e to d jo h o o in e r p e p fi fa E e a id li o d c te n tr r id a r m


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Ideias têm força. Elas podem ficar séculos apenas “incubadas” na imaginação até ganharem forma na realidade. Dois livros famosos pelo seu conteúdo utópico são A República, de Platão, filósofo grego do 5o século a.C., e Utopia, do já mencionado Thomas Morus. Na cidade ideal de Platão, existe igualdade entre homens e mulheres; educação para todos; a população não é dividida por renda, mas por ocupação; os governantes não podem ter propriedade privada, pois assim se dedicariam exclusivamente a administrar bem a cidade. Já na ilha utópica projetada por Thomas Morus, claramente inspirada na cidade imaginária de Platão, não existe propriedade privada; todos trabalham para que todos trabalhem menos: a jornada de trabalho é de seis horas; existe uma troca de ocupações e funções entre os moradores da ilha; há um incentivo contra o desperdício e o consumo exagerado (uma roupa deve durar dois anos, por exemplo); não há dinheiro em Utopia, e o ouro serve para funções muito específicas e pouco nobres, como fazer penicos. Escritas há tanto tempo, essas duas obras continuam atuais. Algumas de suas ideias já ganharam materialidade histórica, enquanto outras ainda estão no nível da discussão. Porém, de fato, é a capacidade de imaginar que tem possibilitado a humanidade propor e executar transformações. Sem utopias regadas por esperança, as ideias perdem seu poder e alcance, podendo desaparecer num eterno presente, muitas vezes, egoísta.

PRESENTE CONTÍNUO

Sem a imaginação utópica, diminui a expectativa de transformação, não existindo mais espaço para profundas mudanças sociais e políticas. Desse quadro, surgem duas opções: uma visão pessimista do presente e do futuro (distopia) ou um eterno presente (as mudanças só acontecem agora, sem projeções para o futuro). Foi a visão distópica que decretou o fim das utopias no século 20, como protesto às grandes tentativas de mudanças prometidas pelo Iluminismo (a crença na razão e na ciência para resolver todos os problemas) e o socialismo (tentativa de diminuir as diferenças sociais e de renda), mas que não atingiram satisfatoriamente seu objetivo. A distopia foi retratada na literatura em livros como Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley, 1984 (1949), de George Orwell, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury (1953), que mostram as pessoas sendo controladas por um governo totalitário, sem esperança de modificar a ordem em que vivem. A visão do eterno presente, por sua vez, é mais otimista: o tempo presente contém todas as ferramentas necessárias para a mudança, mas isso ocorre por meio de pequenas intervenções, de microrrevoluções. Já não se esperam grandes movimentos revolucionários, mas transformações pontuais e rápidas nas cidades, na economia, no meio ambiente e nas sociedades. Com isso, assim como na distopia, as grandes projeções para o futuro também estão descartadas.

“SUAVE” DESESPERANÇA

Existe uma persistência humana em procurar formas mais justas de estrutura social, política, econômica e religiosa. E o inconformismo, muitas vezes, acha na esperança da religião um novo caminho. Os movimentos messiânicos e milenaristas, nos quais um líder salvador, um messias, viria para trazer paz e prosperidade, são exemplos práticos da busca por melhores condições: o sebastianismo em Portugal (a partir de 1578), os movimentos da Serra do Rodeador em Pernambuco (1817-1820) e de Canudos no sertão baiano (1896-1897). Nos casos citados, D. Sebastião nunca voltou para reinar em Portugal e restaurar a glória passada; o mesmo D. Sebastião dos portugueses nunca saiu da “pedra encantada” da Serra do Rodeador para livrar a comunidade do exército que a atacava; e a comunidade de Canudos foi destruída. Expectativas frustradas e acumuladas. A partir do fim do século 20, a frustração com as grandes tentativas de mudança social, econômica, política e religiosa; a ausência de projeções para o futuro; o desencanto acentuado com o cristianismo ocidental, com o próprio ser humano e a ciência/ tecnologia resultaram num conformismo, numa desesperança que incomoda, mas nem tanto: usamos nossa capacidade de nos adaptar para conviver com aquilo que é ruim, em vez de recomeçar as buscas por novas soluções.

A esperança pode ser frustrada, mas ela tem o poder de se renovar, de transformar o desencanto em nova perspectiva, de conferir sentido a novos objetivos. A cosmovisão bíblica contempla esse tipo de esperança. Apesar de dizer que existirão tempos muito dif íceis, ela evita uma visão fatalista do futuro e aconselha a esperança como base para uma vida plena, tanto hoje como amanhã. Na passagem bíblica sobre o cativeiro babilônico, a mensagem dada para o povo de Israel, que estava humilhado e abatido por causa do exílio, foi: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29:7). Não vivemos no melhor dos mundos, mas o conselho bíblico é claro: façam o melhor pelo mundo em que vivem, até que Cristo volte. Equilíbrio e esperança são atitudes importantes em tempos de polarização, mudanças e descontentamentos. 38769 – Conexão 01/2019

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IDEIAS DESNUTRIDAS

Fontes: O que é utopia, de Teixeira Coelho (Brasiliense, 1981); Utopia para realistas: como construir um mundo melhor, de Rutger Bregman (Sextante, 2018); Sociologia da esperança, de Henri Desroche (Paulinas, 1985); Revoltas, motins, revoluções, de Mônica Duarte Dantas (org.) (Alameda, 2011); “Cristianismo profético”, artigo de Rogério Pamponet Rodrigues, em Estudos de Religião, v. 27, n. 2 (2013), p. 249-269; “Depois das utopias”, artigo de Vladimir Safatle, em Carta Capital de 3 de setembro de 2015 (cartacapital.com.br). jan-mar

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Ação Mude seu mundo

Texto Gustavo Cidral Imagem Jan Engel | Adobe Stock

Lição de vida Aprenda Na cabeceira Guia de profissões

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Na linha de frente Núcleos criacionistas espalhados pelo Brasil ajudam a levar o debate sobre a origem da vida para escolas e igrejas

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“O evento abriu minha mente de forma irreversível. Antes eu pensava que sabia de tudo sobre sítio paleontológico a criação, até me mostraEmerson Lubitz no (CE) em Juazeiro do Norte rem evidências científicas. Tenho continuado a pesquisar sobre o assunto, porque todo aquele conhecimento que recebi nas palestras me fascinou. Vou levar essa orientação para minha carreira acadêmica e para o resto da vida”, avalia Kaio. Os estudantes assistiram às palestras sobre a teoria da criação, a formação do Universo e como evidências do Primeiro encontro de núcleos dilúvio relatado na Bíblia podem ser da SCB da região Sul do Brasil encontradas, por exemplo, na Chapada do Araripe. Eles também participaram de uma excursão para uma aula de campo na Paraíba, onde visitaram um sítio arqueológico. “O encontro foi muito importante para que os alunos tivessem acesso a um conhecimento mais profundo sobre arqueologia e paleontologia à luz da teoria criacionista”, afirma Guilherme José Ferreira de Araújo, professor de Geografia do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernamringá (PR), Inauguração do núcleo de Ma buco e um dos organizadores do evento. em junho de 2017

Foto: Gustavo Castilho

DESCENTRALIZAR E IMPULSIONAR a divulgação e o estudo do criacionismo nas escolas, igrejas e entre os universitários cristãos. Se em 1972, quando a Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) foi criada pelo doutor Ruy Carlos de Camargo Vieira, o primeiro passo para isso foi ter materiais em língua portuguesa e publicações periódicas, hoje, isso inclui ter uma rede de núcleos e grupos regionais espalhados pelo Brasil. Segundo o engenheiro civil Rui Corrêa Vieira, que é filho do fundador da SCB e diretor executivo da entidade, a sociedade criacionista “tem apoiado integralmente todas as iniciativas que têm surgido, além de oferecer orientação e enviar publicações e materiais para os núcleos. Sempre que possível, também temos participado presencialmente ou a distância das atividades dos núcleos”. Essa estratégia tem despertado o interesse de jovens pelo estudo da origem da vida a partir da perspectiva bíblica. O adolescente Kaio César Batista da Silva é um exemplo. Aos 16 anos, o aluno do 2o ano do ensino médio participou em setembro do ano passado do 1o Congresso Criacionista realizado no Colégio Adventista do Arruda, em Recife (PE), pelo Núcleo Recifense (Nurec) da SCB.

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MULTIPLICAÇÃO A meta da SCB para os próximos dois anos é ter pelo menos um núcleo ou grupo em cada estado brasileiro. Isso significa praticamente dobrar o número de filiais estabelecidas nos últimos três anos (veja o quadro “Expansão da SCB”). A diferença básica entre grupo e núcleo é o nível de institucionalização. O núcleo é uma pessoa jurídica, com CNPJ próprio e mais autonomia em relação à SCB do que os grupos. Até aqui somente o grupo de Maringá (PR), que foi o pioneiro da iniciativa e se tornou referência para os demais, tem o status de núcleo. O Núcleo Maringaense (Numar-SCB) teve a primeira reunião em outubro de 2015. Inicialmente, a ideia era apenas formar um grupo de amigos interessados no tema e estudiosos no assunto. Boa parte deles era composta por estudantes e docentes adventistas da Universidade Estadual de Maringá (UEM). A iniciativa logo teve o apoio de pastores, da rádio Novo Tempo local e da sede administrativa regional da Igreja Adventista. O núcleo recebeu também a importante parceria do Instituto Adventista Paranaense (IAP), faculdade adventista a 30 km de Maringá que sedia um curso de Teologia. Desde então, o Numar-SCB passou a realizar feiras e palestras em universidades, escolas e igrejas. Os voluntários divulgam materiais impressos e disponibilizam aulas em vídeo nas mídias sociais. Os integrantes também formaram um

clube de astronomia, escrevem livros, oferecem cursos a distância e apoiam outros grupos de estudos. DIÁLOGO ENTRE IGREJAS “Essas ações têm impactado a espiritualidade dos participantes, pois toda atividade é realizada com a intenção de refletir sobre a existência do Deus Criador”, afirma Agrinaldo do Nascimento. A formação dos grupos e núcleos também é uma oportunidade de diálogo interdenominacional e cooperação mútua das igrejas em torno de uma crença que compartilham: a fé no Criador. O vice de Agrinaldo no departamento de expansão, por exemplo, é o administrador de empresas e pós-graduado em Engenharia de Produção, Alexandre Kretzschmar, que também é pastor da Igreja ABA (Aliança Bíblica de Avivamento) em Blumenau (SC). No núcleo do município catarinense ocorre a interação entre membros de diferentes denominações. O grupo foi formado há cerca de um ano e meio por influência do jornalista e pastor Michelson Borges (leia o perfil sobre ele nas p. 30 e 31). Durante uma palestra na cidade, um dos principais divulgadores do criacionismo no Brasil desafiou a comunidade local a ter um núcleo da SCB. Ali, um ciclo de três dias de palestras chegou a envolver mil pessoas de várias denominações cristãs para aprender sobre o criacionismo. “Atingir esse público foi possível mediante a abertura ao diálogo interdenominacional, uma das prerrogativas da própria SCB”, explica o empresário e mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), onde

também leciona no curso de Engenharia Civil, Emerson Lubitz, presidente do núcleo de Blumenau. Ele acredita que a divulgação do criacionismo seja de interesse de toda a comunidade cristã, tendo em vista que muitos dos que professam a fé em Cristo têm aderido ao evolucionismo teísta, proposta filosófica que tenta unir a teoria evolucionista e a Bíblia (veja a p. 25). CRESCER E MULTIPLICAR Junto com a necessidade de crescimento e multiplicação dos núcleos, aumenta a demanda por voluntários apaixonados pela causa criacionista, que estejam dispostos a liderar as atividades dos grupos. “Para tanto, dependemos de pessoas capacitadas para elaborar e ministrar cursos e palestras fundamentadas nas várias áreas do conhecimento que se relacionam com o criacionismo. Além disso, precisamos ter pessoas dispostas a formalizar esses grupos e ajudálos a ter autonomia em relação à SCB”, detalha Agrinaldo Nascimento. Por isso, ele procura recrutar voluntários que tenham fortes convicções e que estejam disponíveis para servir. Para saber mais

Quer organizar um grupo/núcleo da SCB no seu colégio, universidade ou igreja? Mande um e-mail para scb@scb.org.br.

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tzschmar Foto: Alexandre Kre Foto: Alexandre Kretzschmar

Foto: Gustavo Castilho

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O diretor de expansão da SCB para todo o território nacional, Agrinaldo Jacinto do Nascimento Júnior, esclarece que “os núcleos têm identidade própria, com características locais, e isso é muito importante para o desenvolvimento deles. Cada núcleo tem também seu próprio estatuto e regulamento interno. A exigência mínima é que eles não firam os princípios do estatuto da SCB”. Nascimento, que é doutor em Química pela UFPE e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, é um dos fundadores do primeiro núcleo da SCB, em Maringá (PR).

Expansão da SCB

Existem 14 “filiais” da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) funcionando em dez estados brasileiros. A meta é chegar a todas as unidades da federação nos próximos dois anos. • Porto Velho (RO) • Manaus (AM) • São Luís (MA) • Cariri (CE) • Recife (PE)

• Goiânia (GO) • Engenheiro Coelho (SP) • Cascavel (PR) • Maringá (PR)

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• Londrina (PR) • Curitiba (PR) • Blumenau (SC) • Criciúma (SC) • Porto Alegre (RS)

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Lição de vida

Texto Márcio Tonetti Ilustração Kaleb

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O CÉTICO

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O jornalista que na adolescência abandonou a fé no evolucionismo para se tornar um dos principais divulgadores do criacionismo no Brasil

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SE VOCÊ DER uma “gugada” usando a palavra “criacionismo”, certamente vai se deparar com algum conteúdo produzido por Michelson Borges. Esse catarinense de Criciúma, hoje com 46 anos, ainda cursava a graduação em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) quando percebeu que a internet, na época não tão popular quanto hoje, poderia ser uma importante ferramenta na divulgação da causa criacionista. Alguns anos depois, ele criou o blog criacionismo.com.br, que hoje registra, em média, 4 mil acessos diários, mas já teve picos de 100 mil visitas. O site, projeto totalmente voluntário e que é alimentado nas horas vagas, foi a ferramenta que acabou lhe dando visibilidade. Parte de seu sucesso se explica pelo pioneirismo. Ele acredita ter sido o primeiro adventista no Brasil a usar um blog com finalidade apologética. Por meio dessa plataforma, o jornalista alcança pessoas interessadas em ciência e religião. “Universitários buscam muitos conteúdos ali, até porque recentemente convidei um time muito especial de pesquisadores voluntários para me ajudar na produção de conteúdo”, ele relata. Nos últimos anos, Michelson se tornou também um influenciador em outros canais digitais, alcançando 120 mil inscritos no YouTube e 38 mil seguidores no Twitter. Mesmo não sendo um acadêmico, ele passou a receber convites para realizar 30 |

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PERGUNTAS NA ADOLESCÊNCIA Apesar de não ter sido um ateu declarado, como Strobel, na adolescência Michelson também já foi um darwinista de carteirinha. Ao abrir a “caixa preta” onde guarda parte do seu passado, ele mostra uma das principais evidências de que já esteve do outro lado. “Cheguei a escrever, com 15 anos de idade, um romance de ficção científica com pano de fundo evolucionista”, relata. O livro, que nunca chegou a ser publicado (nem deve ser), era intitulado Projeto Alfa. Como a maioria das pessoas nessa faixa etária, Michelson se deparou com as perguntas mais cruciais da existência humana: Quem eu sou? De onde vim? Para onde vou? Apesar de ter sido educado na fé católica e de ter visto a mãe fazer a promessa de que ele se tornaria padre caso Deus o curasse de uma enfermidade, o jovem não encontrava as respostas que procurava em sua tradição. Na década de 1980, ele se tornou simpatizante da teologia da libertação, corrente teológica com viés marxista, mas se frustrou. Apesar de a ciência não lhe preencher o vazio da alma, o estudo sobre o mundo natural sempre o encantou. Na infância, seu sonho era ser cientista ou jornalista científico. Mesmo antes de ser alfabetizado, o passatempo do garoto era folhear uma enciclopédia que o pai

tinha em casa. “Adorava especialmente o volume que mostrava dinossauros”, ele relembra, mostrando-me o desenho de um Tiranossauro rex que fez quando tinha cerca de cinco anos de idade. Porém, o fato mais marcante foi quando, com 15 anos, ele encontrou num sebo a coletânea Cosmos, do famoso astrônomo Carl Sagan. A leitura dessa obra foi determinante para que ele se apaixonasse por astronomia, biologia e paleontologia. Por ter uma “mente científica”, o adolescente nunca aceitou a astrologia e o misticismo. Mas, em sua busca por respostas, fez cursos de parapsicologia. Para ele, essa área parecia explicar fenômenos sobrenaturais. No entanto, foi no período que começou a cursar Química no ensino médio que ele conheceu “um espécime raro chamado criacionista”, como costuma dizer em tom de brincadeira. “O Vanderlei Ricken, jovem adventista, teve a coragem de desafiar minhas convicções e estudou a Bíblia comigo. Eu não tinha total convicção de que as Escrituras fossem a Palavra de Deus nem de que elas fornecessem informações com respeito à origem da vida”, ele afirma em um vídeo com mais de 46 mil visualizações no YouTube. A partir de então, começou a maior investigação jornalística de sua vida, que resultaria em três livros: A História da Vida (1999), Por Que Creio (2003) e A Descoberta (2013), todos publicados pela CPB. “Ao ir atrás de todas as fontes disponíveis e analisar diferentes argumentos, pude perceber que o evolucionismo darwinista não é uma teoria tão bem fundamentada. Havia e há insuficiências epistêmicas nesse modelo. Então, pela primeira vez, eu pude perceber que há maneiras sólidas, racionais, de questionar esse modelo. Algumas pessoas, embora se digam céticas, não o são totalmente porque elas não têm coragem de questionar o próprio ceticismo”, declara. CETICISMO ÀS AVESSAS Quem curte a nona arte, talvez se lembre da tirinha que circulou há alguns anos, chamada “O Cético”. O personagem principal era um jornalista que se

recusava a aceitar “verdades prontas” acerca da origem da vida. Nos diálogos com um filósofo ateu e um cientista agnóstico, ele questionava a teoria da evolução e apresentava evidências relacionadas à narrativa bíblica da criação. Esse é Michelson Borges na vida real não apenas na figura caricata inspirada no perfil dele. Embora hoje seja mais eclético nos temas sobre os quais escreve, ele ganhou projeção especialmente por criticar a cobertura tendenciosa da imprensa no que diz respeito às origens. Apesar dos confrontos, Michelson diz que mantém contato ocasional com ex-editores de periódicos importantes, como Scientific American e Folha de S. Paulo. De vez em quando, Michelson concede entrevistas para veículos seculares sobre a controvérsia entre criacionismo e evolucionismo. Ele também relata que recebe muitas mensagens de pessoas de outras religiões, agnósticos, ateus e estudantes, mas que fica frustrado por não dar conta de responder a todas. Como jornalista e editor de revistas e livros na editora da Igreja Adventista no Brasil, Michelson é o homem do texto. Contudo, desde criança ele também usou a arte para expressar suas ideias. Embora hoje tenha pouco tempo para exercitar o hobby, ele ainda produz a tirinha “Isaac & Charles”, na qual contrapõe a visão de Isaac Newton às ideias de Charles Darwin, além de escrever e ilustrar a coleção de seis volumes intitulada Grandes Impérios e Civilizações, também da CPB. Na realidade, bem antes de aprender a escrever, Michelson já demonstrava que tinha talento para desenhar, dom que foi herdado pelo seu filho mais novo, Mikhael, de oito anos. “Ver meu filho desenhando dinossauros realmente é como entrar em uma máquina do tempo. Só que ele desenha melhor que eu com a idade dele”, elogia. Se espelhando no pai, Mikhael gosta não apenas de desenhar, mas costuma assistir suas palestras, mesmo já tendo acompanhado algumas delas várias vezes. “Quem sabe ele seja em breve um grande defensor do criacionismo, assim como espero que minhas duas filhas adolescentes também sejam, cada qual na área que escolher estudar.” JAN-MAR

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palestras em universidades, congressos criacionistas e eventos promovidos por adeptos da teoria do Design Inteligente. “Talvez os convites derivem mais da visibilidade que dou ao criacionismo e aos esforços que empreendo no sentido de tornar os temas mais compreensíveis e atrativos”, ele acredita. “Você se tornou uma espécie de Lee Strobel brasileiro!”, eu afirmo em tom bem-humorado ao lembrar o jornalista norte-americano que deixou a militância ateísta para se tornar um dos mais conhecidos defensores do cristianismo nos Estados Unidos, com mais de 20 livros publicados em defesa da fé cristã. A história de Strobel foi contada no filme The Case for Christ (2017). “Quem me dera!”, Michelson sorri, ao ser comparado com o escritor do qual admite ser fã.

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Aprenda

Texto Bianca Oliveira Design Renan Martin

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COMECE AOS POUCOS

A vencer o sedentarismo

Iniciar com metas absurdas pode fazer você desistir em poucas semanas. Não force a barra. Comece pelo básico: troque o elevador pela escada e o trajeto curto de carro por ir a pé ou de bicicleta. O importante é escolher uma batalha que você possa vencer agora e celebrar!

QUE EXERCÍCIO FÍSICO faz bem para a saúde e é indispensável para melhorar a disposição e concentração para o dia a dia, isso todo mundo sabe! O desafio é desenvolver a bendita disciplina. Para tanto, é preciso entender como se forma um hábito. Estudos científicos indicam que após algum período de repetição, o cérebro entra no “modo automático” para aquela atividade. Por isso, um dos maiores desafios da vida moderna é substituir maus hábitos pelos bons. Que tal começar trocando o sedentarismo pela atividade física? Veja algumas dicas.

Para quem não gosta de academia, corrida ou bike, existem modalidades de exercícios que podem ser praticados até em casa. E melhor, sem equipamentos e mensalidades! Exercícios funcionais, devidamente adequados à sua condição física, como HIIT (High-Intensity Interval Training), o protocolo Tabata e Crossfit são alternativas ao tradicional “puxar ferro”. Canais do YouTube podem ajudar você a começar.

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FAÇA VOCÊ MESMO

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ESTABELEÇA SEU OBJETIVO

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ORGANIZE-SE

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ANTES DE MELHORAR, PIORA

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DECIDA APENAS UMA VEZ

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O que vai fazer você levantar do sofá naquele dia frio e chuvoso ou depois de um expediente exaustivo de estudos ou trabalho? É preciso ter claro o que motivará você a uma atividade regular. Geralmente a razão vai além de ter um corpo escultural ou o “projeto verão”. Talvez, fazer isso para viver mais e melhor com as pessoas que você ama, seja uma motivação mais nobre e duradoura.

Não dê brechas para as desculpas. Separe sua roupa e tênis no dia anterior, planeje antecipadamente seu lanche e tenha um cronograma de exercícios. Deixar para decidir isso às pressas vai levar você a optar pelo menor esforço e a ficar jogado no sofá.

Fontes: livro O poder do hábito (Objetiva, 2012), de Charles Duhigg; podcast Awake, de Gerônimo Theml (soundcloud.com/geronimotheml); e sites Huffpost (bit.ly/2Ou1G27) e Dr. Consulta (bit.ly/2PdAAkX).

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Não repense aquilo que você já decidiu. Mudar sua decisão lhe roubará energia e o deixará frustrado. Do contrário, seguir o plano original lhe dará mais força para os passos seguintes.

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Até que o exercício se transforme em hábito, você terá que atravessar o “vale da preguiça”. Muitos desistem quando a empolgação simplesmente desaparece. Porém, persista, pois o cerébro só aprende com repetição.

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Na cabeceira

Texto Glauber Araújo Design Renan Martin

Para além da ciência

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Trechos

“Por que Deus criou a luz no primeiro dia, mas os luzeiros celestes apenas no quarto dia? Na verdade, isso não é nem um descuido nem um problema, porém uma declaração teológica: Deus é a fonte da luz. Os corpos celestes não são deuses, mas simplesmente os meios que Ele escolhe mais tarde para desempenhar certas funções” (p. 77).

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“Não pode, porém, haver dúvida de que Hitler assimilou ideias sociais darwinistas e que, quando elas foram combinadas com um virulento antissemitismo, o Holocausto foi o inominável resultado” (p. 284).

POR MUITO TEMPO, o debate entre criacionistas e evolucionistas se limitou às áreas da biologia, paleontologia, geologia, genética e química. Os argumentos normalmente empregados para defender uma das duas posições eram extraídos das descobertas científicas. Quem se interessava pela discussão e queria participar desse diálogo, precisava inevitavelmente ter algum tipo de conhecimento básico de ciências. Para muitos jovens que estão entrando na universidade e se deparando com o dilema sobre a explicação para a origem da vida, a defesa de sua fé e do relato bíblico passa a ser uma questão crucial. Quando confrontados por professores e colegas, os jovens cristãos são tentados a abandonar sua crença na criação e a aceitar o evolucionismo como fato científico. É por isso que, nessa fase da vida, alguns vão buscar respostas para suas inquietações. Em 2019, os universitários vão contar com mais uma ferramenta para lidar com esse dilema. Lançado no fim de 2018 para o clube de leitura da Igreja Adventista deste ano, o livro No Princípio: A Ciência e a Bíblia Confirmam a Criação (CPB, 319 p.), difere um pouco dos outros materiais sobre criacionismo publicados pela editora adventista. A obra discute a relação da teoria criacionista com áreas pouco exploradas, como a sociologia, interpretação bíblica e cosmologia. Organizado pelo teólogo britânico Bryan Ball, o livro reúne 17 capítulos escritos por especialistas de várias áreas. Eles discutem temas como a teologia de Gênesis, a relação da narrativa da criação com outros livros da Bíblia e os limites naturais da evolução.

A obra também trata da participação de Cristo na criação, o efeito social das teorias de Darwin e o esforço duvidoso de alguns cristãos em tentar unir a cosmovisão bíblica com o evolucionismo. Entre os capítulos mais interessantes está a análise de Reinder Bruinsma sobre os efeitos sociais da teoria de Darwin. Ele acredita que o evolucionismo está diretamente ligado às tendências racistas que surgiram na Europa do século 20, ao capitalismo moderno e às atrocidades da Segunda Guerra Mundial. No entanto, a maior contribuição deste livro está na relação que é construída entre o relato da criação de Gênesis e a forma como o cristianismo deve interpretar o restante da Bíblia. A obra foi escrita para oferecer uma base bíblica, inteligente e racional para uma crença madura e sólida no ensino cristão de Deus como criador. jan-mar

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Guia de profissões

Texto Murilo Pereira Ilustração © Graphicroyalty | Adobe Stock

BIÓLOGO Carreira que estuda os seres vivos e suas relações está em alta por causa da crise ambiental

GRADE CURRICULAR

O curso oferece disciplinas como Botânica, Zoologia, Anatomia Humana, Microbiologia, Genética e Biodiversidade. Os assuntos de ponta, como genética, biologia marinha, biotecnologia e biologia molecular são os que costumam chamar mais a atenção dos alunos. No bacharelado, o estudante conta ainda com aulas práticas e atividades de campo, enquanto que na licenciatura, disciplinas como Didática e Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem são o diferencial. Se o aluno desejar, porém, no Unasp, campus São Paulo, o curso foi estruturado a fim de que bacharelado e licenciatura possam ser concluídos em apenas quatro anos.

PERFIL DO PROFISSIONAL

Ele precisa de competências técnicas e teóricas para atuar em campo, com pesquisas, no setor empresarial ou em sala de aula. No Brasil, com sua vasta biodiversidade e extensão territorial, são necessários profissionais que consigam planejar e executar projetos e propostas sustentáveis para os ambientes urbano, rural e florestal. Do ponto de vista ético, espera-se que o biólogo seja comprometido com a preservação da vida e o bem-estar de todos os seres vivos. Espera-se dele também certo autodidatismo para lidar com questões multidisciplinares.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

A BIOLOGIA É a área do conhecimento que estuda as diferentes formas de vida, sua origem, estrutura e funcionamento, além das relações entre os seres vivos, os organismos e o meio ambiente. Quem se interessa por essa área, geralmente teve uma infância marcada pelo contato com a natureza e interesse por animais que não poderiam ser considerados de estimação. O campo de atuação é vasto, de modo que o profissional pode se especializar naquilo que mais lhe interessa. Da pesquisa com células-tronco ao trabalho ambiental, a carreira é interessante e promissora, especialmente por causa da crescente preocupação com o meio ambiente. ONDE ESTUDAR

A preocupação com o meio ambiente, a evolução da biomedicina e a preferência pelo consumo sustentável são alguns exemplos da demanda crescente pelo profissional das ciências biológicas. O biólogo estuda os seres vivos, realiza manejo de recursos naturais e faz diagnósticos e análises clínicas. Na agricultura, por exemplo, eles podem atuar no controle de pragas na lavoura. Nos laboratórios, as pesquisas com células-tronco são a esperança de cura de muitas doenças. Isso sem contar os trabalhos em análises clínicas e de saúde pública. A assessoria na área ambiental para empresas e a docência no ensino médio e universitário são outras possibilidades de atuação.

REMUNERAÇÃO

O salário de um biólogo varia conforme a função, experiência, titulação e região do país. O Conselho Federal de Biologia recomenda uma remuneração por hora que varia de 40 a 150 reais, de acordo com a experiência profissional e titulação acadêmica. As melhores remunerações estão no setor público que, por meio de ingresso por concurso, podem variar de 6,5 mil a 14 mil reais mensais.

Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) São Paulo (SP) Nota 4 no MEC (reconhecido) R$ 675,00 (bacharelado); R$ 630,00 (licenciatura) e R$ 773,00 (bacharelado + licenciatura) Noturno, oito semestres (bacharelado) e seis semestres (licenciatura) unasp.br/sp

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Fontes: doutor Antenor Aguiar dos Santos, coordenador do curso de Ciências Biológicas do Unasp, campus São Paulo; Conselho Federal de Biologia (bit.ly/2oPPLig) e site guiadacarreira.com.br.

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Estudos científicos estão confirmando as palavras de Agostinho de que fomos feitos para Deus e inquieto estará nosso coração até repousar Nele. Além das dimensões biopsicossocial, o ser humano também é espiritual. E, ao conectar-se com Deus, ele volta à sua verdadeira origem, um ser criado à imagem divina, com vida plena.

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Você viveria de forma diferente se soubesse que a realidade que vemos não é tudo? E se tivesse certeza de que não está na jornada da vida por acaso, mas por uma razão especial, você viveria confiante ou se sentiria derrotado? Neste livro, Clifford Goldstein aborda alguns dos maiores dilemas humanos e oferece respostas que vão mudar a forma como você vê e experimenta a vida.

Um brilhante cientista ateu descobre que a ciência não pode resolver seus problemas pessoais. A tragédia familiar faz com que ele inicie uma jornada que mudaria completamente sua visão de mundo, curaria suas feridas e traria esperança para o futuro. Nesta ficção, a história do físico Carlos Biagioni é marcada por drama, amor e descobertas.

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Você sabia que a atitude de oração, gratidão e alegria, assim como o espírito de perdão podem influenciar tremendamente toda sua saúde? Com base em pesquisas científicas e relatos pessoais, o psicólogo Julián Melgosa revela os benefícios surpreendentes da fé cristã. Analise os fatos e encontre a comprovação em sua vida.

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