a revista do jovem que pensa
www.conexaoja.com.br
janeiro-março 2012
ideias do bem os empreendedores sociais que organizaram oNGs e transformaram comunidades, oferecendo acesso à saúde, arte e ao ensino da Bíblia
EXPRESSÃO:
Presidente de comissão da oaB fala sobre intolerância e liberdade religiosa
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Denilson shikako, diretor da fábrica de Criatividade, em são Paulo
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a revista do jovem que pensa
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janeiro-fevereiro 2012
ideias do bem Os empreendedores sociais que organizaram ONGs e transformaram comunidades, oferecendo acesso à saúde, arte e ao ensino da Bíblia Denilson Shikako, diretor da Fábrica de Criatividade, em São Paulo
EXPRESSÃO:
Presidente de comissão da OAB fala sobre intolerância e liberdade religiosa
jan-mar 2012
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Ano 6, no 21 • jan-mar/2012 ISSN 1981-1470 www.conexaoja.com.br Capa: Ilustração de Rogério Chimello e Thiago Lobo sobre fotos de Daniel Oliveira e Danúbia França
Mais que modismo Q
uem já não desejou participar de ações solidárias, mas não sabia como fazer isso? Essa é, muitas vezes, a realidade de quem pensa em fazer a diferença na vida de outros. Muitos imaginam que essa experiência é limitada a grandes empresas, ONGs, ADRA ou exclusiva de uma elite formada por “especialistas”. Felizmente, essa situação tem mudado. Um número maior de pessoas percebe que o trabalho voluntário é aberto a todos. O que conta é a motivação, o desejo de ajudar, o prazer de se sentir útil. E, com isso, grupos de vizinhos, de
amigos, de estudantes, de colegas de trabalho entram em ação. Para alguns, o voluntariado é apenas uma tendência do momento e que logo irá desaparecer. Para o cristão, é um estilo de vida, é parte de seu ser. Não é possível ser cristão sem servir. As palavras de Jesus continuam válidas: “Com isso todos saberão que vocês são Meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo 13:35, NVI). Nesta edição, você irá conhecer as experiências de pessoas que decidiram tomar a iniciativa e praticar seu cristianismo. Matheus Cardoso
Editor associado
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Propósito para a vida
A
fantástico! Tojudar pessoas e salvar vidas é um ato tir diariamente dos deveriam se dedicar a isso, e refle inspiração para amar e nessa responsabilidade. A suprema deixado por Cristo, salvar vidas, sem dúvida, é o exemplo to e morreu em favor que ajudou pessoas, aliviou o sofrimen da humanidade numa cruz. ar, envolve peO compromisso diário pessoal de ajud des resultados. Uma quenas atitudes que podem dar gran eza de uma praça púsimples doação de alimentos ou limp pessoas e transformar blica pode dar o colorido para outras ar os carentes, mas vidas. É certo que devemos não só ajud fios. os ensinar a vencer seus próprios desa
imo como Jesus certa vez falou: “Ame ao próx princípio, não é a ti mesmo” (Mt 22:39). Sem esse do. Além dispossível ter uma visão correta do mun do cristianismo so, o amor altruísta é um dos valores ortante desenporque retrata a lei de Deus. E é imp a maneira pela volvê-lo por duas razões: demonstra sentimento de qual Jesus viveu e cria em nós um m o pratica. gratidão, porque sempre beneficia que social, você alho Com o envolvimento num trab suas preocupapode eliminar a ansiedade e deixar s alheios. ções ao se importar com os problema ubra Reserve um tempo para ajudar e desc propósito numa vida de serviço. Areli Barbosa
os Líder dos jovens adventistas sul-american
Foto: cortesia da DSA
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Nota do editor: Pisamos na bola na última edição ao esquecer de dar o crédito da reportagem de capa, “Missão sem fronteiras”, ao nosso editor associado, Diogo Cavalcanti. A matéria foi muito elogiada pelos leitores e deu um panorama inspirador das missões adventistas além-mar. Parabéns Diogo, seu trabalho tem motivado outros a experimentar a missão!
Rod Cai Fon Site
SER Lig
Seg Sext
Histórias e projetos de adventistas que mudaram comunidades
19 Esporte
Foto: cortesia Comunitá-Rio
Conheça o stand up paddle, a nova mania das praias e lagoas no verão
15 Infográfico
5 Expressão
Os números que contam a história de 20 anos do CD Jovem
14 Mercado de Trabalho
Por que os Manuscritos do Mar Morto são a maior descoberta arqueológica do século 20?
Colunista da Conexão JA lança livro sobre realização profissional
18 Nota na pauta
DVD Salmos une mensagem milenar e linguagem contemporânea
28 Vida cristã
Descubra os pontos fortes e fracos de seu estilo de espiritualidade e desenvolva sua fé
23 Link
A macmania e o culto aos bytes
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Editora dos Adventistas do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
27 Conexão Direta
A queda e a oração do rei Davi
Editor: Wendel Lima Editores Associados: Diogo Cavalcanti e Matheus Cardoso Designer Gráfico: Marcos S. Santos Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Rubens S. Lessa Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Chefe de Expedição: Eduardo G. da Luz
Colaboradores: Areli Barbosa, Aquino Bastos, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Ivay Araújo, Ronaldo Arco, Donato Azevedo Filho e Carlos Campitelli
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Assinatura: R$ 20,00 Avulso: R$ 6,30 Tiragem: 10.000
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24 Arqueologia
Foto: Victor Schwaner
Advogada fala sobre liberdade religiosa e a formação da cultura de paz
Imagem: Fotolia
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8 Empreendedorismo social
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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.
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Envie um e-mail pra gente: conexaoja@cpb.com.br – As mensagens publicadas não representam necessariamente o pensamento da revista.
A Elizabeth foi uma das voluntárias na missão que o Iasp organizou para Moçambique, África, em agosto de 2011. Ao ler nossa reportagem de capa, em que citamos o trabalho desses profissionais voluntários, ela comentou: “É uma lembrança que eu vou guardar para sempre! A reportagem falou exatamente o que eu quero compartilhar com outras pessoas. Em palavras não dá para expressar o que foi viver uma experiência tão grandiosa! Deus me deu um presente que marcou minha vida, mudou minha história e minhas perspectivas. Essa viagem foi rápida, mas não foi a última. Acho que todo mundo deveria sentir e fazer missão. Não dá para ficar calado quando se ama a Jesus. Obrigado a vocês por tornarem esse testemunho realidade!” Elizabeth Moraes de Paula, 30 anos, Hortolândia, SP betinha99@hotmail.com Help no Enem
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A Kézia agradeceu pelos dois últimos textos da seção Link, assinada pelo professor Tales Tomaz. Os temas discutidos ajudaram a Kézia no seu bom desempenho na redação do Enem. Seu plano é cursar Pedagogia ou Matemática. Empolgada com a revista, ela ainda escreveu:
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“Não sei mais o que dizer da Conexão JA. A seção Mercado de Trabalho bombou na última edição! Parabéns ao Cristiano também pelo seu livro! Também gostei da matéria ‘Na rota dos pioneiros’, porque amo nossa história e sou fascinada com nossas instituições. Ser adventista é maravilhoso! Além disso, todas as matérias sobre missões (evangelismo e projetos sociais) fizeram meu sangue ferver. Participo da Missão Calebe há três anos e pretendo participar até a volta de Cristo! Sinceramente, a Conexão JA é simplesmente completa. Kézia Ferreira Campos, 23 anos, Santo Antônio dos Lopes, MA kezia.campos@hotmail.com
tem trabalhado com os jovens em diversas partes do mundo. Parabéns a todos da revista, e expresso meu enorme desejo de ver a Conexão JA se tornar uma revista mensal. Tainara Matos, 17 anos, Cabo Frio, RJ ta.inaramatos@hotmail.com.br
@tacimeireles: li a Conexão JA e fiquei ainda mais interessada em participar da Missão Calebe. O texto sobre os 144 mil também é uma excelente leitura.
Foi interessante conhecer projetos missionários realizados por jovens do Brasil. Já é tempo de acordarmos para a responsabilidade de levar a mensagem a todo o mundo, e a revista fez renascer em mim o desejo de participar desse movimento. Parabéns e obrigado pela qualidade da Conexão JA. Ricardo Lima Coelho, 21 anos, Maringá, PR suamonline@gmail.com
@pauloliveira7: A Conexão JA simplesmente é incrível. Recebi minha revista e está cada vez melhor. Vamos juntos pedir que seja mensal.
Conexão JA e universidades
@pyonman: tem certo romantismo em pregar o evangelho longe de casa, e pouco interesse ou ânimo para falar para alguém que está na porta ao lado.
Nos últimos meses, a Conexão JA participou de programações em dois internatos adventistas. Em setembro, estivemos no Unasp, campus Hortolândia, no programa Paradigma (novoparadigma.blog.com). O bate-papo com essa galera sobre os desafios e possibilidades da pós-modernidade foi muito bom. Eles realmente estão dispostos a deixar a superficialidade espiritual. Outro encontro que valeu a pena foi o primeiro congresso universitário do IAP (iap.org.br), perto de Maringá, PR. Lá, discutimos a relação do cristão com a cultura. Batismo! Mas a melhor notícia dos últimos meses veio de Itapiranga, interior do Amazonas. As irmãs Deisiane (18) e Daiane Alves (16) foram batizadas em 26 de outubro, por influência da Conexão JA. Elas já haviam estudado a Bíblia e frequentavam a igreja, mas a decisão foi tomada depois de terem lido as duas últimas edições da revista e compreenderem que a vida do jovem cristão é marcada por alegrias e conquistas, ao invés de proibições. Quem emprestou a revista para as garotas, foi o irmão delas, Vanderlei.
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@gioeugenia: finalmente chegou minha Conexão JA! Maravilhosa como sempre! @lullyana2003: que maravilha, minha Conexão JA chegou e fiquei muito feliz por ver meu nome. E as matérias estão ótimas!
@DavidBarbos4: a revista está ótima, principalmente sobre a atitude inovadora do @minymaadv e sobre a utilização da internet. @MakelJA: a Conexão JA está simplesmente incrível! Eu estou encantado com o poder do voluntariado missionário. Eu também quero! @felipelemos29: legal a nova edição da revista Conexão JA. Destaque para a matéria sobre missionários. @maanu_rod: li minha Conexão JA toda de uma vez. Eu já era fascinada pelo trabalho missionário em lugares desconhecidos (Missão Calebe), e agora então... @sem_santos: minha Conexão JA chegou com uma linda matéria sobre missionários. Deu vontade de ser um missionário depois da faculdade! @ktiacco: minha revista chegou no sábado. Comecei a ler e não consegui mais parar. Está maravilhosa! #ConexãoJAMensal @caiquebezerra1: a revista está o máximo e que os brasileiros continuem levando a mensagem de salvação sem fronteiras para todo o mundo.
A Conexão JA de outubro-dezembro abordou temas muito interessantes, mas o que mais se destacou foi a matéria “Na rota dos pioneiros”. Foi interessante conhecer a primeira Igreja Adventista do mundo. Essas curiosidades me despertam mais para estudar a história da Igreja. Parabéns pela revista e que ela possa ser mensal! Vanessa Almeida Silva, 24 anos, Itaporã, MS vanessaalmeida.silva@hotmail.com O conteúdo da revista do último trimestre está muito bom. Li e me encantei. Um dos assuntos que mais me chamou a atenção foi sobre as missões de curta duração. É muito bom saber que nossa Igreja
@minymaadv: Conexão JA, obrigado pela divulgação na revista. Ficou show!
@MayaraMah: a Conexão JA está maravilhosa! Precisamos cumprir a missão que o Senhor nos confiou. #salvacaoeservico @mvaladares7: Conexão JA, revista para jovens pensantes, modernos e que seguem a Cristo.
Pelo Twitter @MardenMota: parabéns, excelente matéria sobre serviço voluntário.
@conexaoja conexaoja@cpb.com.br blog: www.conexaoja.com.br
Foto: cortesia da entrevistada
Missionária para sempre
Wendel lima
Em defesa da liberdade
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la sentiu a intolerância na pele quando estudava Direito em Minas Gerais e, por causa de sua fé, atrasou em dois anos a conclusão de seu curso de Letras. Até aí, a história de Damaris Moura Kuo, 39 anos, é semelhante à de muitos. No entanto, essas experiências despertaram nela a vocação para a defesa da liberdade religiosa. Causa que ela promove hoje, sem remuneração e por idealismo, ajudando pessoas de todos os matizes religiosos. Além de presidir a Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB-SP, Damaris é membro do comitê gestor do Fórum Inter-religioso da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, vice-presidente da Associação Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania (Ablirc) e presidente do conselho consultivo do Instituto Mahatma Gandhi. Ela falou sobre intolerância, sectarismo e como lidar com a guarda do sábado na faculdade e no trabalho.
Qual é o papel da OAB e dessa comissão específica? A maior vocação da OAB é a defesa dos direitos humanos, e é nessa perspectiva que foi criada a Comissão de Direito e Liberdade Religiosa. Portanto, a comissão acolhe, oficia, encaminha, analisa e elabora pareceres sobre questões de intolerância religiosa. Além disso, há um papel educativo em favor da cultura da paz e de respeito à escolha religiosa, através de congressos, palestras e distribuição de cartilhas. Qual é a diferença entre preconceito, discriminação e intolerância? Os três são absolutamente devastadores. O preconceito é subjetivo, a pessoa guarda para si. Não deixa de ser maléfico, porque quando eu alimento um preconceito, estou a um passo de manifestar jan-mar 2012
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Presidente de comissão especial da OAB-SP fala sobre liberdade religiosa e o desafio da formação de uma cultura de respeito e de paz
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esse sentimento em forma de discriminação. Portanto, discriminar seria a exteriorização do preconceito. O mesmo se dá com a intolerância, só que geralmente de maneira mais contundente, até violenta e odiosa. Para se ter uma ideia, segundo a ONU, 75% dos conflitos em curso no mundo têm como motivação a intolerância religiosa, cultural ou étnica. O preconceito não é passível de sanção, por ser difícil de mensurar, mas a discriminação e intolerância sim.
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Uma das discussões mais polêmicas hoje é a questão da homofobia. Que implicações o PL 122 teria para a liberdade religiosa? O Projeto de Lei 122, no meu entendimento, é um retrocesso. Não no que diz respeito à proteção de grupos sociais minoritários, porque temos muitas leis neste País que resguardam os direitos de grupos específicos, como dos idosos, portadores de necessidades especiais e dos adolescentes e crianças. Isso não é um retrocesso. O retrocesso é a criação de leis que interfiram no direito já adquirido por outro grupo ou pela sociedade em geral. O PL 122 busca defender os direitos dos homossexuais, mas cria um sério problema para a liberdade de expressão, e consequentemente para a liberdade religiosa. É importante ressaltar que o limite de todos os direitos é a dignidade da pessoa humana. Portanto, desde que a liberdade religiosa e de expressão não fira a dignidade do outro, ela tem que ser exercida plenamente, e isso inclui falar sobre crenças. Com a aprovação do PL 122, os religiosos estariam impedidos de falar algumas coisas que creem, inclusive dentro dos próprios templos. O projeto é legítimo, desde que o direito de um não sufoque o direito do outro. Temos um envolvimento histórico com a defesa da liberdade religiosa. Como a IASD é vista nos meios jurídicos e governamentais nesse aspecto? 6
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Eu tenho a impressão de que há absoluta confiança no conceito que a Igreja Adventista tem sobre a promoção e defesa da liberdade religiosa, porque fala com legitimidade. Quando a Igreja fala é ouvida por causa de sua coerência histórica. Nós promovemos essa liberdade para todos e em todos os lugares. Por isso, hoje temos ocupado importantes espaços nessa causa. É necessária uma legislação específica, como há no Peru? A Constituição Federal já nos traz essa garantia no artigo 5º, incisos 6º e 8º, mas as interpretações equivocadas que têm sido dadas a esses dispositivos legais, mostra que é necessária uma lei que regulamente definitivamente o que é liberdade religiosa para todos, principalmente quanto à prestação alternativa quando um cidadão alega escusa de consciência.
com a compensação de horas durante a semana e no domingo. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê que o descanso semanal remunerado seja preferencialmente, mas não obrigatoriamente, aos domingos. Portanto, existe uma abertura na lei. O que a Corte Europeia de Diretos Humanos tem orientado é que em matéria de religião, todos devem buscar a cooperação e harmonização de interesses.
A experiência de vários anos mostra que antes de reivindicar direitos, é preciso estar disposto a dar seu melhor.
Que tipo de respaldo os adventistas têm para o exercício de sua fé, principalmente quanto à guarda do sábado? A Constituição prevê que ninguém será privado de direitos por motivos de crença religiosa, bem como impõe que seja oferecida a possibilidade de prestação alternativa. Por isso, o Estado tem a obrigação de tornar isso prático, porque a religião envolve práticas. As instituições de ensino e empresas sempre alegam a dificuldade de promover a prestação alternativa, mas na maioria das vezes não há prejuízo para elas. Vale lembrar, por exemplo, que a prestação alternativa em ambientes escolares não precisa ser presencial. A Lei 12.142/2005, uma legislação paulista, prevê como isso pode acontecer: através de pesquisas, tarefas e seminários fora da sala de aula, que serão igualmente aproveitáveis academicamente. E no caso do trabalho? A prestação alternativa pode ser feita
Apesar de ter o apoio da legislação, você tem dito que o caminho mais sábio sempre é o diálogo. No contexto de liberdade religiosa, o que menos desejamos é nos indispor com pessoas ou instituições. Portanto, o primeiríssimo passo é o esgotamento de todas as possibilidades de resolver a questão amigavelmente, dando testemunho positivo de nossa fé. A experiência de vários anos mostra que antes de reivindicar direitos, é preciso estar disposto a dar seu melhor e fazer compensações. O caminho é primeiro oferecer o melhor para depois pedir. Na sua vida de estudante, como sua fé foi testada? Enfrentei dificuldades com a guarda do sábado em duas oportunidades. Na faculdade de Letras, optei por trancar a matéria que era oferecida somente aos sábados e por essa razão atrasei em dois anos a conclusão do curso. Aprendi que há situações em que é preciso pagar o preço da nossa fé. Já quando estudava Direito, fiz a inscrição para um concurso de estágio no Ministério Público de Minas Gerais. Eu desejava muito aquela vaga, por isso, mesmo a prova estando marcada para sexta-feira, às 16 horas, entendi que daria tempo de terminála antes do pôr do sol. Porém, no dia,
E como terminou essa história? Passado isso, eu fui ganhando espaço e acabei me tornando presidente da comissão de formatura. Mas eu sabia que tradicionalmente a cerimônia era realizada às sextas-feiras à noite. De qualquer maneira, eu me dediquei para que tudo ocorresse da melhor forma, ainda que soubesse do risco de não participar da formatura. Perto da data, eu pedi que a cerimônia fosse transferida para o sábado à noite. Alguns ficaram do meu lado, mas a turma se dividiu. Foi formado um conselho com o diretor da faculdade, mas não chegaram a um consenso. Até que ele optou por um sorteio, com dois papéis e duas possibilidades. Advinha o que deu? Sábado à noite! A partir disso,
creio que recebi um chamado para lutar pela liberdade religiosa! Em 2011, calcula-se que 33 mil sabatistas prestaram o Enem em horário alternativo. Essa conquista cria um precedente importante? Sim, importantíssimo. Todos os precedentes fortalecem a defesa da liberdade religiosa. Essa conquista é uma homenagem ao princípio da igualdade e justiça. Para que todos sejam iguais, é preciso que sejamos tratados na medida de nossas desigualdades. Aliás, Aristóteles já dizia que a pior forma de desigualdade é tentar tornar iguais coisas que são desiguais.
Corremos o enorme perigo de nos fechar em guetos, ao invés de sair para servir a comunidade. Criada num lar adventista, em sua atuação você se viu desafiada a vencer seus preconceitos em relação a outras religiões? Infelizmente, nós adventistas, por crermos que temos a verdade, corremos o risco de assumir posturas exclusivistas, de superioridade em relação a outras religiões. Isso pode nos levar ao preconceito, e eu já fui preconceituosa. Sendo assim, corremos o enorme perigo de nos fechar em guetos, ao invés de sair para servir a comunidade. No meu caso, tive que transpor meus preconceitos, para dialogar com outras religiões, o que é muito gratificante. Porém, a postura de respeito e aceitação não significa compartilhar crenças e participar de rituais, mas promover e defender para o outro, o mesmo direito que defendo para mim. Imagino que essa postura abre portas para o testemunho. Sim, as pessoas ficam impressionadas com essa postura. Eu já ouvi de um amigo de matriz africana, que ele não acei-
ta que falem mal dos adventistas lá no terreiro dele. Outra pessoa que conheci recentemente num evento, que mora fora do Brasil, disse que comprou os livros O Grande Conflito e O Lar Adventista, por causa da minha indicação. Através desse trabalho, as portas se abrem para a Igreja em alguns lugares que de outra maneira seria difícil o acesso. Além disso, é um dever proteger a liberdade religiosa pelo máximo de tempo que pudermos, porque essa é a maneira de conservar o direito de pregação do evangelho. Qual tem sido o trabalho da Ablirc? A Ablirc (Associação Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania) é filiada à Irla (International Religious Liberty Association) e nasceu para oferecer suporte à promoção e defesa da liberdade religiosa. Seu presidente, professor Samuel Luz, também tem percorrido o Estado falando sobre o tema nas igrejas e nos fóruns em câmaras de vereadores. A Ablirc chama a atenção das autoridades para o assunto. O trabalho é expressivo e legítimo, porque não é uma igreja que está fazendo, mas sim uma entidade da sociedade civil que tem representatividade de várias religiões. E o que fazer para popularizar essa discussão nas igrejas locais? Nós temos feito um trabalho interessante com o apoio impressionante da sede administrativa da Igreja Adventista para o Estado de São Paulo, através do pastor Domingos de Souza e do Dr. Alcides Coimbra. Aqui no Estado, temos percorrido as regiões fazendo simpósios, palestras e abrindo espaço para relatos de experiências e perguntas dos jovens.
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ostra eciso or.
houve atraso e eu consegui fazer apenas a primeira parte da avaliação. Entreguei meu exame para a fiscal da prova, expliquei que era adventista e pedi permissão para fazer a segunda parte num dia e horário alternativos. Surpresa e sem saber direito o que fazer, ela me disse para entrar com um recurso. Eu saí dali feliz, porque sabia que tinha feito a escolha certa. Na segunda-feira, eu protocolei meu pedido. No dia seguinte, recebi uma ligação do próprio chefe do Ministério Público estadual avisando que meu pedido havia sido aprovado e que no dia posterior eu deveria realizar o restante da prova na sala dele. Para a honra e glória de Deus, apesar de a minha versão da prova ser mais difícil, eu tirei dez e passei no concurso. Estava muito feliz, mas às vésperas de começar o estágio, fui alvo de tremenda intolerância dos meus colegas de classe. Os que não haviam passado na prova, recolheram um abaixo-assinado em todas as turmas de Direito da faculdade e fizeram um recurso para anular minha prova, alegando que eu tinha sido beneficiada pelo horário alternativo. Eu sofri muito com essa forma de intolerância religiosa, porém, o Ministério Público indeferiu o pedido e minha vaga foi mantida.
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Para saber + ablirc.wordpress.com liberdadereligiosa.org.br irla.org oabsp.org.br jan-mar 2012
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EMPREENDEDORISMO SOCIAL
uem visita as comunidades do Capão Redondo, periferia de São Paulo, imagina que o futuro de quem cresceu naquelas vielas é um beco sem saída. Fruto de famílias desestruturadas, e tendo o crime como modelo de subsistência e sucesso na vida, milhares de crianças e jovens vivem em guetos de probreza, sem muita perspectiva, na cidade ironicamente conhecida como terra de oportunidades. Mas é nesse contexto também que se colecionam histórias de pessoas e organizações que romperam com a lógica da marginalização. Lucas Nascimento (18),
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Imagens: Daniel Oliveira e Danúbia França (Denílson)
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Fernando Gomes (19) e Eldo Santos (20) são típicos exemplos. Eles encontraram na música sentido e sustento, e tiraram da sucata e do próprio corpo o ritmo de uma nova vida. Os três jovens – que de tão amigos se consideram mais do que irmãos – formam com mais três rapazes – Júnior, Rafael e Jorge – o grupo de percussão corporal Tucboys. Esses garotos usam estalos e palmas sincronizadas ao som de tubos de PVC, aquafones, chocalhos, violão e flauta, para interpretar músicas que vão de Asa Branca à 9ª Sinfonia de Beethoven, além de composições próprias. Com o tempo, essa diversão virou profissão e deu visibilidade ao trabalho deles, que hoje ganham dinheiro com apresentações em multinacionais e eventos, e já participaram de programas como TV Xuxa e Ação, da Rede Globo. A virada dos Tucboys é fruto do trabalho de duas ONGs do bairro, cujos nomes representam bem a trajetória dos garotos: Vida Nova e Fábrica de Criatividade. Ambas as instituições foram idealizadas e são dirigidas por Denilson Shikako,
Ilustração de Thiago Lobo sobre foto de Danúbia França
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Os adventistas que investiram em projetos sociais permanentes, organizaram ONGs e transformaram vidas
Fernando, Eldo e lucas, três dos seis ido e músicos dos Tucboys. a arte deu sent ndo redo o Capã do tos sustento para os garo
vidos no projeto Vida Nova convenceram Denilson a dar a volta por cima, fazendo algo que não traria seu pai de volta, mas que daria inspiração e ferramentas para a transformação da vida de muitos jovens, possíveis candidatos ao crime.
Fábrica de sonhos
Imagens: Daniel Oliveira e Danúbia França (Denílson)
Ilustração de Thiago Lobo sobre foto de Danúbia França
Oportunidade Ainda crianças, os meninos aprenderam no projeto Vida Nova que a vida pode ser melhor do que a realidade da comunidade. Lá, através das aulas de instrumentos musicais, canto coral, informática e produção visual, e das refeições temperadas com carinho e precedidas de oração, eles foram despertados para a fé que move as ações voluntárias. Para os garotos, esses dois projetos também representaram transformação espiritual. Dos seis Tucboys, hoje cinco são adventistas. É por isso que no Jardim Amália, bairro em que moram, os rapazes são conhecidos pelos sons que fazem com o corpo, mas também pelo trabalho evangelístico. Eles participaram ativamente da campanha que estabeleceu a igreja que lideram, e onde congregam 70 pessoas. Eldo, o mais velho do grupo, quer se dedicar ao ministério de pregação em tempo integral, e por isso sonha em cursar Teologia.
Visão empreendedora Assim como a trajetória dos garotos do Capão, a superação do Denilson é digna de aplausos. Seu engajamento social nasceu da insatisfação dele e de outros amigos em relação à própria espiritualidade. Seu grupo semanal de estudo da Bíblia chegou à conclusão de que precisava colocar a mensagem bíblica em prática. “Para mim, a mensagem passou a ter um real valor quando houve a experimentação. Alías, é como em tudo. Você não consegue falar do gosto do chocolate sem prová-lo, a mesma coisa em relação à emoção de uma partida de basquete. A prática nos leva à completude”, explica, resumindo sua motivação. Os amigos e familiares de Denilson se uniram para contar histórias e ensinar música para crianças do Jardim Amália, comunidade que fica em frente ao Unasp. Em 1999, nascia o projeto Vida Nova. Mas a grande virada dessa história ainda estava por vir. Em 2000, o pai de Denilson foi morto ao reagir a um assalto, num semáforo do bairro. Era mais uma vítima nas estatísticas assustadoras de violência, que colocavam o Capão Redondo entre as regiões mais violentas do mundo. Abalada pela tragédia, a família de Denilson chegou a vender seus bens e a arrumar as malas a fim de mudar para os Estados Unidos. Até que os amigos envol-
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35 anos, especialista em inovação e graduado em computação e música, que descobriu no empreendedorismo social um ministério. Além deles, nesta matéria você vai conferir histórias e projetos de adventistas que investiram tempo e recursos no terceiro setor, organizaram ONGs, minimizando as injustiças sociais enquanto Jesus não vem.
Foi nesse contexto que surgiu um trabalho que ousaria em tudo: da arquitetura ao projeto político-pedagógico. Para fazer jus ao nome Fábrica de Criatividade, foram gastos cerca de 1,5 milhão de reais no prédio da ONG, valor captado com amigos e familiares, empresas, e doado pelo próprio Denilson, que terminará de pagar alguns empréstimos bancários este ano. Como proposta educacional, a ONG trabalharia com inovação, criatividade, sustentabilidade e empreendedorismo. As artes corporais, musicais e gráficas, além do ensino de idiomas e robótica, seriam as ferramentas para intervir na realidade do bairro. “Deus nos criou para produzir arte; por isso ela é uma linguagem universal, que nos alcança de forma integral”, explica Denilson, justificando o apelo holístico da abordagem.
Denilson Shikako, 35 anos. ousadia na arquitetura e no projeto políticopedagógico fizeram da Fábrica de Criatividade objeto de estudo de 20 trabalhos acadêmicos e pauta certa na grande imprensa jan-mar 2012
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Apesar de a Fábrica chamar a atenção por sua proposta inovadora, Denilson lembra que o trabalho de base, feito com os menores, é realizado no projeto Vida Nova. Lá, 180 crianças são atendidas com reforço escolar, refeições, aulas de informática e produção visual, oficinas de reciclagem e trabalhos manuais. A entidade, coordenada por Celina Monteiro, conta com estagiários do Unasp, dos cursos de Pedagogia, Psicologia, Enfermagem e Nutrição. Aos sábados à tarde, 40 famílias recebem orientação psicológica e nutricional, além de cestas básicas e estudos bíblicos. Uma amostra do aprendizado da garotada é o curta-metragem produzido em três meses pelos alunos da oficina de cinema. Com o título Forgiveness: o poder do perdão (http://migre.me/6gJbz), os estudantes aplicam o princípio da paCoral Jovem do rio atua na rocinha há dez anos. agora, com o financiamento do ministério da Cultura, oNG vai formar uma orquestra de cordas com 70 adolescentes
rábola de Mateus 18:21-34 ao contexto da comunidade.
Rocinha Mas não é só a preferia de São Paulo que recebe projetos sérios de transformação social dirigidos por adventistas. Na Rocinha, comunidade com 70 mil habitantes e recentemente pacificada pelo projeto das UPPs, o Coral Jovem do Rio realiza há dez anos um trabalho de musicalização que tem inspirado crianças e outras iniciativas. O Coral Infantil da Rocinha atende cem crianças, o Clube de Desbravadores Céu e Mar trabalha com 25 adolescentes, e o sistema de apadrinhamento escolar adotado pelos coristas já beneficiou dezenas de alunos com bolsas de estudo nos colégios adventistas (esse trabalho já foi capa da Conexão JA de julho-setembro de 2009). Além disso,
Foto: cortesia Comunitá-Rio
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Hoje, a Fábrica acumula números de respeito. Trinta mil pessoas já foram beneficiadas pelo projeto, incluindo as que assistiram às apresentações culturais oferecidas gratuitamente pela ONG a cada fim de semana. Cerca de 250 alunos estudam de graça com professores qualificados. Alguns docentes possuem mestrado e experiência internacional. Outra evidência do crescimento do projeto é a autonomia dos grupos artísticos criados na ONG, que já participam de concursos e cobram por suas apresentações. Os resultados concretos do trabalho da entidade têm gerado interesse espontâneo da mídia e da academia. A Fábrica já foi objeto de estudo de 20 trabalhos de conclusão de curso. Na imprensa, veículos como a Folha de S.Paulo e Estadão, revista Você S/A e Rede Globo destacaram o currículo centralizado na arte e cultura e a arquitetura do prédio, que mistura criatividade e sustentabilidade. Na entrada da sede, bolinhas de gude na porta de chapa de metal e garrafas enterradas no concreto dão o ar lúdico para quem chega. No banheiro, a água que desce por canos transparentes do teto, as paredes feitas de materiais de lousa e os gizes espalhados por todo o mictório são um convite para “filosofar”. Na parte superior, a chaminé serve de mirante, o terraço pintado retrata uma praia e a quadra é usada para jogos de basquete e “guerra” de pistola d’água. Na fachada, um paredão de vidro, as janelas em formas irregulares, as paredes vazadas por círculos e as cores fortes destacam a ONG no contexto cinzento do bairro. Mas, para manter tudo isso, é preciso desembolsar 18 mil reais mensais. É aí que entram as doações, parcerias com empresas e 30% do lucro obtido com as apresentações dos grupos da Fábrica e da consultoria na área de inovação e criatividade realizada pelo Denilson em grandes empresas, como Itaú, Petrobras, Natura, Pão de Açúcar e Basf.
Fotos: Daniel Oliveira (Projeto Vida Nova) e cortesia Coral Jovem do Rio
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Resultados
Celina monteiro, coordenadora do projeto Vida Nova, onde são atendidas 180 crianças. oficina de cinema com a garotada resultou num curta-metragem sobre o perdão
Foto: cortesia Comunitá-Rio
são poucas: 90 mil reais por ano. Além disso, é preciso que declarações de visão e missão sejam discutidas, definidas e assimiladas pelo grupo, a fim de que independentemente de mudanças de lideranças ou coristas, o foco social e missionário sejam mantidos.
Futuras ONGs Na Rocinha, o envolvimento social também tem formado uma grande corrente do bem. A empresária Gabriela Marques, é um exemplo. Nos últimos dez anos, ela participou intensamente dos projetos do coral na comunidade. Mas, desde 2010, tem tocado projetos complementares, com o esposo Harrison. Além do casal, mais 12 voluntários oferecem para 45 adolescentes curso de Libras, música e artes cênicas, com enfoque em interpretações bíblicas e de fundo moral. A iniciativa, conhecida como Comunitá-RIO, também atua no bairro da Mangueira, com um coral infantil, e com musicalização de adultos no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho. Um elo dessa corrente é Giulia Geovana Januário da Silva, 20 anos. Voluntária há um ano no Comunitá-RIO, ela desistiu do curso de Engenharia Eletrônica para estudar Serviço Social. Giulia mudou de carreira depois de perceber o quanto o trabalho social beneficiou a comunidade: “Para as crianças da Roci-
nha, o projeto é fudamental. Porque se eles dependessem apenas da influência da comunidade, estariam perdidos.” Agora, o plano dos voluntários é formalizar o projeto como ONG. “Essa formalização é importante, para conseguirmos captar mais recursos e mais espaço para outras oficinas, porque ninguém quer doar para pessoa física”, explica Gabriela, que se apaixonou de tal forma pelo trabalho na comunidade que deixou de frequentar a Igreja Central do Rio, para liderar o ministério infantil da Igreja da Rocinha.
Formalização Quem também está em processo de estabelecer uma ONG, é a enfermeira Elizângela Márcia Fernandes da Silva, 32 anos, idealizadora do projeto Vidas em Ação. Ela conta que os maiores desafios para a formalização são burocráticos e financeiros, como a elaboração e registro de um estatuto. “As empresas não doam materiais, por exemplo, sem o número do CNPJ. Uma ONG bem organizada, que demonstre seriedade e amor no que faz, traz respeito. Isso facilita muito o crescimento do projeto”, pontua. No caso de Elizângela, e de muitos outros, a formalização é o caminho inevitável para quem precisa captar mais recursos para servir melhor o próximo. E olha que essa turma já fez muita coisa. Em cinco anos, os 250 profissionais que doaram
Gabriela marques quer transformar o Comunitá-rIo em oNG. Formalização vai ajudar a ampliar o trabalho jan-mar 2012
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Fotos: Daniel Oliveira (Projeto Vida Nova) e cortesia Coral Jovem do Rio
uma igreja foi fundada na comunidade, onde congregam 35 pessoas. Porém, talvez a iniciativa mais ousada do Coral Jovem do Rio é a formação de uma orquestra de cordas para 70 adolescentes, em parceria com o Ministério da Cultura. Para ganhar o investimento de 60 mil reais por ano, até 2013, o projeto do coral foi elaborado por um consultor especializado e contou com o bom histórico da ONG. As aulas semanais de teoria musical e flauta doce, com a direção de um maestro contratado e o apoio de 20 voluntários, já começaram. Segundo Benivaldo Ferreira Jr., 47 anos, empresário e conselheiro do coral, outro sonho dos voluntários é a construção de um núcleo cultural na comunidade. De acordo com ele, o plano é atender 200 crianças nessa futura sede, oferecendo duas refeições diárias, reforço escolar, atividades manuais e esportivas. O projeto do prédio, com três andares e 800 m2, já foi aprovado pela prefeitura e, o terreno, com 240 m2, já foi doado pela associação de moradores do bairro. O desafio agora é estruturar melhor o projeto para correr atrás de financiamento público e privado. Beni, como é conhecido, destaca que as iniciativas pontuais e assistencialistas são importantes, mas os adventistas podem fazer muito também como empreendedores sociais. “Se quisermos realmente transformar vidas, temos que ter projetos de continuidade, que beneficiem de forma permanente a comunidade. Nossa igreja, institucionalmente, mas principalmente pela iniciativa leiga, tem muito a desenvolver nesse espaço. Existem inúmeros recursos do governo e de empresas disponíveis para projetos sérios”, incentiva. Segundo Beni, é essa seriedade e propósitos bem definidos que devem nortear corais ou ministérios das igrejas que desejem se organizar como ONGs. Por exigência legal, por exemplo, o Coral Jovem do Rio tem um contador que organiza as contas da entidade, que não
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Parceria com a igreja
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Em Manuas, a parceria entre a ADRA e uma ONG liderada por profissionais de saúde adventistas é fundamental para
asvam (am) atividade: atendimento médico e odontológico para os ribeirinhos, ensino da Bíblia, escolas cristãs de férias e construção de igrejas. organização como oNG: 2007. Colaboradores: quatro funcionários e 200 voluntários. recursos: ADRA Brasil e doações de empresários brasileiros e norte-americanos. Custos: 100 mil reais por ano. Pessoas beneficiadas: 14 mil por ano. Site: salvavidasamazonia.org 12
que a ajuda humanitária seja expressiva numa região caraterizada por grandes distâncias e difícil acesso. A Ação Social Voluntária Amazônia (Asvam), é responsável pelo Projeto Salva-Vidas Amazônia, que realiza anualmente 14 mil atendimentos aos ribeirinhos. O projeto, inspirado no trabalho dos missionários Jessie e Leo Halliwell, conta com 200 voluntários, quatro funcionários, três barcos de médio porte, três lanchas de alumínio de pequeno porte e atua em bases nos três principais rios da região: Negro, Solimões e Amazonas. A parceria com a ADRA aumenta a cobertura de atendimento de ambas as instituições, porque a Agência também recruta voluntários e provê sua capacidade de mobilização através da lancha Luzeiro 26 e de outros barcos.
Coral Jovem do rio (rJ) atividade: educação musical com a formação de um coral infantil, clube de desbravadores e orquestra de cordas para adolescentes. organização como oNG: 1998. Colaboradores: três funcionários e 120 voluntários. recursos: Ministério da Cultura, doações de pessoas físicas, vendas de CDs e DVDs e mensalidade dos coristas. Custos: 90 mil reais por ano. Pessoas beneficiadas: 200. Site: coraljovemdorio.org.br
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Comunitá-rIo (rJ) atividade: educação musical e cênica, aulas de Libras e reforço escolar. organização como oNG: em processo. Colaboradores: 12 voluntários. recursos: doações de pessoas físicas e apadrinhamento de crianças. Custos: 40 mil reais por ano. Pessoas beneficiadas: 150. Site: comunita-rio.blogspot.com
Vida Nova (SP) atividade: reforço escolar, refeições e oficinas de reciclagem, produção visual, informática e artes manuais. organização como oNG: 2004. Colaboradores: três funcionários e 40 voluntários. recursos: doações de pessoas físicas. Custos: 4 mil reais por mês. Pessoas beneficiadas: 180. Site: vidanovapravoce.com.br
Foto: cortesia Asvam
suas férias e feriados para 14 mutirões de atendimento à saúde e pregação bíblica, beneficiaram 12 mil pessoas. O projeto, que começou no Brasil, já ganhou extensões no Paraguai e Bolívia, onde é liderado pelo dentista Moacir Xiscatti. A iniciativa, que já foi capa da Conexão JA de abril-junho de 2008, tem levado atendimento de saúde em geral para rincões do Brasil, especialmente cidades sem presença adventista. A cada edição, as ações voluntárias ficam mais integradas com os projetos da Igreja Adventista, como os programas da ADRA e as expedições da Missão Calebe.
Mas os voluntários planejam ir muito mais longe. Uma das ideias mais ousadas é a construção de uma escola de formação de médicos-missionários na sede da ONG e a implantação do atendimento com aviões anfíbios. Porém, antes disso, a Asvam pretende alcançar metas mais urgentes, como o término da construção de três igrejas e de um posto de saúde, a implantação de uma base operacional em Pimenta Bueno, RO, e a reconstrução de uma de suas embarcações, seriamente danificada num recente naufrágio. Para se manter, a Asvam tem o apoio financeiro da Federação dos Empreendedores Adventistas do Brasil (FE), da entidade correlata a essa nos Estados Unidos (ASI) e da OCI (Outposters Centers International), uma ONG ligada à sede mundial da Igreja Adventista. Em breve, a Asvam talvez possa contar com recursos governamentais, quando receber o título de Utilidade Pública Estadual, como nos municípios em que atua, onde a ONG já conta com doações de medicamentos e insumos laboratoriais. “Sabemos que Ellen G. White afirma que os leigos terão papel decisivo no avanço e finalização da pregação do evangelho. E eu acredito que isso começa com os ministérios de apoio que trabalham em completa harmonia com a liderança da Igreja Adventista, potencializando assim a evangelização em áreas não alcançadas”, assegura o médico Ricardo dos Santos Faria, diretor da Asvam.
Foto: cortesia Projeto Vidas em Ação
o projeto Vidas em ação ainda não é oNG, mas já tem extensão no Paraguai e Bolívia
Assim como as iniciativas dos leigos, o braço social da Igreja Adventista no Brasil tem buscado reestruturar sua atuação. Criada em 1984, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), que está presente em 125 países, deu um dos passos mais importantes de sua história no País, em maio, ao votar a formalização da entidade como uma ONG. Com essa decisão, a ADRA confirma sua inclinação para o desenvolvimento social, dedicando-se principalmente aos convênios com o governo, fundações, empresas e doadores internacionais. A Agência não deixará de participar de ações pontuais e assistenciais, também tão necessárias, especialmente no que se refere à preparação e resposta às emergências. Além disso, para essa atuação, a ADRA conta com a ajuda fundamental dos membros, que se organizam nas igrejas locais para servir a comunidade por meio da Ação Solidária Adventista (ASA). “Os projetos da ADRA terão um enfoque no desenvolvimento comunitário – saúde, educação básica e alfabetização de adultos, combate à desnutrição e geração de renda e emprego – além da resposta às emergências e desastres naturais em todo o Brasil”, explica Paulo Lopes, diretor da ADRA Brasil. Paulo fala com a experiência de quem já soma quase
Fábrica de Criatividade (SP) atividade: cursos de artes corporais, musicais e gráficas, além de idiomas; consultoria em inovação e criatividade. organização como oNG: 2006. Colaboradores: 13 funcionários e 20 voluntários. recursos: doações de pessoas físicas e jurídicas, apresentações dos grupos da ONG e consultoria para empresas. Custos: 18 mil reais por mês. Pessoas beneficiadas: 250. Site: fabricadecriatividade.com.br
20 anos de serviço à entidade em países como Angola, Moçambique, Armênia, Rússia e Índia. Na África, ele atuou em projetos de segurança alimentar em meio à guerra civil e migrações de refugiados e, na Ásia, com os sobreviventes do tsunami de 2004. Ao analisar o contexto do terceiro setor brasileiro, Paulo acredita que o número de ONGs continuará a crescer, mas com esse boom, será intensificada a competição por doações. Por isso, ele defende a profissionalização da gestão, a diversificação de fontes de recursos (não depender apenas de convênios com o governo, por exemplo) e o uso da inovação nos projetos sociais. Ele ainda vê que é preciso popularizar as doações sistemáticas de pessoas físicas no Brasil, algo que é mais comum em outros países ocidentais. E um bom caminho para isso pode ser as redes sociais. Enquanto a reestruturação acontece, a ADRA já contabiliza números expressivos. Apenas em 2010, a Agência realizou 124 projetos que beneficiaram mais de 400 mil pessoas.
Wendel Lima
Editor
Sua parte Apesar de todos os desafios financeiros e de tempo que envolvem a manutenção de uma ONG, os voluntários e empreendedores sociais aqui entrevistados foram unânimes em dizer que o
Vidas em ação (SP) atividade: mutirões de saúde em cidades pobres e sem presença adventista. organização como oNG: em processo. Colaboradores: 250 voluntários. recursos: parceria com a Igreja Adventista e doações de pessoas físicas. Custos: 52 mil reais por ano. Pessoas beneficiadas: 4.500 por ano.
serviço ao próximo foi o que deu mais sentido a sua vida e espiritualidade. Longe de defender a ideia de que pessoas caridosas acumulam mais pontos para entrar no Céu, o estímulo ao cristianismo prático é o que pode fazer toda uma geração a questionar a autenticidade de sua fé e a ter uma experiência contínua e real com Deus. Para quem se interessou pelas iniciativas, sentiu uma coceira nas mãos e pensou em que tipo de projeto pode se envolver para minimizar o sofrimento alheio, fica a dica do Denilson: “Quando eu vou tomar uma decisão realmente importante, procuro responder três perguntas: Primeiro, isso me dá prazer? Segundo, eu vou querer verdadeiramente gastar meu tempo nisso? E terceiro, será que isso vai criar um real significado para outras pessoas, além de mim? Quando eu penso na Fábrica, eu digo sim a essas três perguntas.” E você? – Com reportagem de Luciana Santana e Felipe Lemos.
Para saber + n O evangelho que socorre: breve história da assistência social adventista no Brasil, TCC de Wellington Barbosa, PDF disponível no link http://bit.ly/rwPFRB n adra.org.br
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Foto: cortesia Asvam
Foto: cortesia Projeto Vidas em Ação
ADRA
a asvam atua em parceria com a aDra Brasil nas comunidades ribeirinhas da amazônia. o médico ricardo dos Santos Faria, diretor da oNG, na lancha luzeiro 26
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Mais que
salário
ção profissional a liz a re re b so ro xão Ja lança liv Colunista da Cone
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Qual é a proposta do seu novo livro, Gestão de Carreira? Pesquisas mostram que mais de 80% das pessoas estão infelizes no seu emprego, ou seja, trabalham apenas para sobreviver. Meu novo livro tem o objetivo de ajudar esse grupo. Se no livro Profissional de Sucesso (2007) dei dicas sobre maneiras de agir no início da vida profissional (escolha da carreira, currículo, entrevista, estágio, etc.), essa nova obra se destina aos que já estão no mercado e buscam realização. Abordei alguns temas como: Por que existem grandes talentosos desempregados? O que fazer quando falta motivação para trabalhar? Qual é o melhor momento para mudar de empresa? Como alguém com mais de 40 anos de idade pode voltar ao mercado? Posso ser bemsucedido tendo meu próprio negócio? Como a Bíblia pode me ajudar a tomar decisões sábias para minha carreira? Entre outros. Atualmente, nova ênfase tem sido conferida à espiritualidade, inclusive no ambiente corporativo. No que sua obra se diferencia do que há publicado? Hoje, a maioria dos livros sobre carreira procura induzir o leitor a buscar forças em si mesmo para resolver seus conflitos profissionais. Então, a pessoa segue todas aquelas regras, as 14
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coisas dão errado e ela fica pior do que antes. Penso de maneira diferente. Existe um momento em que nem você, nem psicólogo, igreja, família, muito menos seu chefe e colegas de trabalho poderão ajudá-lo. Apenas Deus poderá fazê-lo. O plano de Deus é que Seu povo se destaque em tudo o que faz (Dt 28: 13), inclusive no trabalho. Porém, uma visão distorcida sobre fé pode atrapalhar nossa profissão? As pessoas confundem, por exemplo, humildade com passividade, ambição com ganância, e amor divino com favor divino. No mercado de trabalho, o humilde respeita o concorrente, mas não aceita ser desrespeitado e luta por isso. Já o passivo, aceita qualquer coisa, mesmo que isso não o faça feliz. Ambição é o desejo de vencer, de ir além da mesmice. Já a ganância leva ao egoísmo, a passar por cima de tudo e de todos para atingir seus objetivos. O amor divino nos é oferecido gratuitamente. Porém, há os que abusam desse amor e acham que, pelo fato de guardar o sábado e dar o dízimo, Deus deve favores a eles, como ajudá-los na profissão. Isso demonstra fé nas obras e não em Cristo. Como você tem testemunhado no seu trabalho? Graças a Deus tive várias oportunidades. Certa vez, eu estava com um grupo de jornalistas e eles resolveram fumar maconha. “Não vamos te oferecer porque você é diferente”, disse um deles para mim, sem me conhecer. Durante um encontro com gestores do jornal, um colega de quarto acordou de madrugada e me “flagrou” orando e lendo a Bíblia. Aquilo mexeu tanto com ele, que durante o restante do evento, quis saber mais sobre o amor de Jesus. Depois de terminar minha palestra em Niterói, RJ, um jovem me pediu um abraço. Era de agradecimento. Após ter passado no vestibular para Medicina, ele havia deixado a igreja. Um dia ele foi ao culto jovem e ganhou meu livro de presente. Após lê-lo, decidiu voltar para Deus. Enfim, esse espaço seria pequeno demais para agradecer a Deus tantas bênçãos.
Ilustração: Carlos Seribelli
C
ristiano Stefenoni escreve para a Conexão JA, desde nossa primeira edição. A cada número, ele procura orientar sobre um tema pouco falado na igreja, mas que tem a ver com o cotidiano e a felicidade de muitos: a carreira. Suas dicas têm por base mais de dez anos de jornalismo, boa parte deles dedicada às editorias de economia e emprego. Cristiano trabalhou nos jornais A Gazeta e Notícia Agora, os mais importantes do Espírito Santo, e na rádio CBN Vitória. Atualmente, ele é comentarista da TV Vitória (Rede Record) e gerencia o blog Empregos e Concursos, do jornal online Folha Vitória, e as redes sociais da empresa. É autor de dois livros publicados pela CPB, Profissional de Sucesso (2007) e Gestão de Carreira (2011). Nesta entrevista, ele fala sobre seu último lançamento.
Ilustração: Carlos Seribelli
os números que contam a história das coletâneas que marcaram os congressos e cultos jovens
Não é de hoje que os jovens desejam cantar músicas que retratem melhor o momento histórico em que vivem e a experiência religiosa de uma geração. Por isso, produzir materiais que sejam referência para a liturgia contemporânea tem sido encarado como um desafio pela Igreja Adventista. De certa maneira, essa necessidade começou a ser atendida há 20 anos, quando foi lançada uma coletânea para jovens com o título Brilha Jesus. Na época, várias regiões do Brasil, além de São Paulo, também produziram álbuns que começaram a dar o tom das reuniões dos jovens. Até que em 1995, o Ministério Jovem da Igreja Adventista sul-americana decidiu supervisionar a produção do material que, apesar de ser feito em São Paulo, passaria a ter distribuição nacional. As boas iniciativas regionais contribuíram para que o material se tornasse oficial para toda a América do Sul. Nascia o CD Jovem, que completa 20 anos em 2012, e para cuja festa de aniversário são esperadas 40 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, jan-mar no dia 24 de março. 2012
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CD Jovem comemora 20 anos
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K7
CDs Produção em massa (cópias) Brilha em Mim (1992) – 2 mil Amigos da Esperança (2011) – 73 mil
Modo de fazer Seleção Músicas são indicadas por pastores de jovens de toda a América do Sul. Uma comissão seleciona, procurando escolher hinos de várias regiões e mesclando com canções conhecidas e encomendadas para o CD. Em seguida, o produtor escolhe de 10 a 12 músicas.
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Pós-produção Mixagem: união das três gravações em um único canal estéreo. Masterização: união de todas as músicas equalizadas numa única matriz, que será reproduzida.
arte Criação e produção dos encartes, apresentações e vídeos que irão compor o kit com CD, DVD e faixas multimídias.
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Nossa em ve A pesq Rodrig são d
Produção Gravação em três fases: (1) da base instrumental, com piano, guitarra e violão; (2) da orquestração, geralmente nos Estados Unidos; (3) do vocal, geralmente com alunos do Unasp, campus Engenheiro Coelho, e integrantes do grupo Novo Tom.
Pré-produção São feitos os arranjos das melodias e/ou composições e a revisão das letras e partituras.
________ Designer
2002
2001
2000
Lançamento da coletânea especial As 16 Mais do Ministério Jovem
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
Do K7 ao DVD
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Escatológica: enfatizam o futuro, a esperança na volta de Jesus. Elas contrastam a maldade do mundo de hoje, com a justiça da Terra restaurada. Exemplos: Quase no Lar (2001) e Geração Esperança (2010) Soteriológica – missiológica: enfatizam que o prazer da vida eterna já pode ser desfrutado hoje, pela certeza da salvação e alegria na pregação do evangelho. Exemplos: Senhor, Somos Tua Voz (2004) e Sou de Jesus (2006).
14% E S C A T O L Ó G I C A
29% M I S S I O L Ó G I C A
36% E X I S T E N C I A L
Soteriológica – existencial: enfatizam a salvação e libertação e descrevem o prazer da vida no mundo presente e no encontro com Deus hoje. Exemplos: A Única Saída (1996) e Nasce em mim (2010). litúrgica: enfatizam a adoração a Deus e agradecimento pela salvação recebida. Exemplo: Unidos em Cristo (1995). Fraternal: enfatizam a amizade, sentimentos e relacionamentos. Exemplos: Momentos (2001) e Despedida (2000).
Fonte: Rodrigo de Galiza Barbosa. TCC disponível na revista eletrônica Kerygma (unasp-ec.com/revistas) ou no link http://migre.me/5QaJo.
14% L I T Ú R G I C A
7% F R A T E R N A L
mú Ele pro a class e porc ao lado
O playback passa a ser enviado para o Chile, onde é feita a versão em espanhol.
Tempo 24min é a duração do CD A Diferença é Cristo II (1996), o mais curto. 1h01min é a duração do DVD/CD Brilha em Mim (2009), o mais longo.
2011
Os recordistas
Top 17
Composições 1º Jader Santos (15) 2º Lineu Soares (15) dupla dinâmica: dez 3º Valdecir Lima (14) músicas em parceria 4º Ariney Oliveira (13) 5º Silmar Correia (9)
No dia 24 de março, o Vale do Anhangabaú vai se tornar num grande estúdio para a gravação do CD e DVD comemorativos dos 20 anos. Com a participação de 40 mil vozes, a produção terá no repertório 17 músicas escolhidas pelos líderes do Ministério Jovem do Estado de São Paulo. Segundo a comissão organizadora, elas são as mais cantadas nos eventos de jovens e marcaram época.
Versões 1º Ereli Prates (16) 2º Alessandra Samadello (14) 3º Leonardo Gonçalves (7) 4º Eli Prates, Cleiton Schaefer e Susye Coimbra (4) 5º Ricardo e Lisley Viana (3) Produção 1º Lineu Soares (10) 2º Ariney Oliveira (5) 3º Eli Prates e Jader Santos (2) Direção executiva 1º Udolcy Zukowski (8) 2º Acílio Alves (4) 3º Ronaldo de Oliveira e Ronaldo Arco (3)
1. Teu Poder 2. Brilhar por Ti 3. Descansar 4. Poder do Amor 5. Mensageiro 6. O Melhor Lugar do Mundo 7. Falar com Deus 8. Pés na Terra, Olhos no Céu 9. Nasce em Mim 10. A Minha Esperança 11. Jovens de Valor 12. Eu Só Quero Estar 13. Inteiramente Fiel 14. Renova-me 15. Amigos Pra Sempre 16. Vamos Dar a Mensagem ao Mundo 17. Unidos Pela Palavra
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Na linguagem de hoje Sete músicas do Hinário Adventista do Sétimo Dia receberam nova versão nos CDs Jovens jan-mar 2012
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O CD é integrado ao programa evangelístico geral da Igreja, atendendo assim outros ministérios
DVD kit com CD
Nossa fé em versos e rima A pesquisa realizada pelo pastor Rodrigo de Galiza, para a conclusão de seu curso de Jornalismo no Unasp, pode nos ajudar a entender quais aspectos da fé foram mais ou menos enfatizados nas letras das coletâneas jovens. Na monografia, ele avaliou o período de 1997 a 2005, mas, atendendo ao pedido da Conexão JA, Galiza concluiu o levantamento de 20 anos e 201 músicas para esse infográfico. Ele propôs cinco categorias para a classificação, cujas definições e porcentagens você confere ao lado.
2010 Inclusão de faixa multimídia
2009
2008
2007
2006
2005
2004
As composições brasileiras passam a predominar
Lançamento da coletânea especial Cânticos Jovens Para Quartetos, com kit para ensaio.
2003 Inclusão de faixa multimídia
2002
2001
Edição: Wendel Lima Texto: Liana Feitosa Pesquisa: Allan Novaes, Liana Feitosa, Ronaldo Arco, Willian Vieira e Zênia Moura Ícones e Design: Carlos Seribelli e Marcos Santos
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Novo cântico
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a diversidade temática, como nos salmos, merece ser buscada pelo letrista cristão. (3) Dupla dimensão teológica. Os salmos revelam uma dimensão teológica objetiva, que proclama a Criação, a lei de Deus, o perdão e a salvação, descrevendo o modo divino de agir; e uma dimensão teológica subjetiva, que representa os sentimentos humanos de alegria e reverência, de angústia e esperança. O DVD Salmos respeita essa bidimensionalidade da teologia da coletânea bíblica. Seu padrão de apresentação musical também denota uma dupla perspectiva: enquanto as canções são uma modernização de melodia e arranjo, as letras celebram antigas e eternas verdades bíblicas. Enquanto há uma atualização do modelo de adoração coletiva, há serenidade no cantar e reverência no falar. (4) Renovação musical. O livro de Salmos foi escrito num período de 900 anos, desde Moisés (que escreveu o salmo 90) até os cânticos compostos depois do exílio na Babilônia, como o 137. Novos salmos iam sendo acrescentados com o tempo, cada capítulo da história do povo de Israel se traduzia em produção de um novo repertório. Isso nos diz que a inovação musical anda ao lado das canções mais antigas, que nos conectam às nossas raízes, unificando, mas não uniformizando a Igreja mundial. Diante disso, fica fácil entender por que Paulo disse que uma das características de uma igreja cheia do Espírito, é falar e cantar sobre os salmos, “cantando e salmodiando” a Deus no coração (Ef 5:19, ARC). Joêzer Mendonça
Doutorando em Musicologia na Unesp e regente de coral em Curitiba joezer.7@gmail.com
Fotos: Victor Schwaner
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O
maior livro da Bíblia é um hinário com 150 canções: Salmos. Não restou a melodia original de um salmo sequer, mas seus versos ainda inspiram compositores, como o pastor e músico Daniel Lüdtke, autor das 11 músicas do DVD Salmos, lançado em agosto pela gravadora Novo Tempo. Na hora da composição, os versos bíblicos habitualmente sofrem uma alteração na sua métrica. No DVD Salmos, Daniel Lüdtke se viu obrigado a reduzir trechos, modificar palavras e simplificar a poética original. Mesmo assim, ele manteve o sentido espiritual do texto e, ao mesmo tempo, sugeriu uma maneira teológica e musical de ensinar a igreja sobre adoração. Mas os salmos teriam algo a dizer aos compositores de música cristã em nossos dias? Vejamos quatro argumentos que podem orientar os músicos contemporâneos: (1) Criatividade poética. A sugestão de imagens nos Salmos é bastante rica: “O meu corpo Te almeja como terra árida” (63:1, 2); “Tirou-me de um poço de perdição, salvou-me da lama e meus pés firmou na rocha; Ele me pôs nos lábios nova canção” (40:2, 3); “E se tomar as asas da alva e habitar no extremo do mar, até ali a Tua mão me guiará, Tua destra me susterá” (139:9, 10), na clássica adaptação do grupo Prisma. Em tempos de chavões cansados e refrões multirrepetidos, o compositor cristão encontra originalidade, beleza poética e riqueza vocabular nos antigos salmos. (2) Variação temática. Os salmos convidam ao louvor alegre (100) e à exaltação reverente do nome de Deus (46:10). Deus é apontado como Criador e Mantenedor do mundo (24) e também como Aquele que guia os humildes e ensina os mansos (25:9). Há salmos de súplica e de esperança (91), de confissão (32) e de declaração de amor à lei (119). O hinário protestante tradicional apresenta grande amplitude temática, incluindo hinos de louvor e adoração, músicas sobre a experiência cristã, as verdades bíblicas e a esperança do cristão. No entanto, atualmente, um certo repertório de “louvor & adoração” tem reduzido os temas a uma música alegre sobre a soberania do Pai, a uma canção apaixonada pelo Filho e ao pedido choroso pelo derramamento do Espírito. Por isso,
Imagem: Divulgação
O desafio de unir mensagem milenar e linguagem contemporânea
em onda nova no verão brasileiro. A marola veio do Havaí, une surfe e canoagem e atende pelo nome de stand up paddle, ou SUP, se preferir. Não entendeu nada? Então, lá vai uma explicação em menos de 140 caracteres: o SUP é uma atividade esportiva recém-chegada ao Brasil que consiste em remar em pé sobre a prancha de surfe. Curtiu? Para quem tem vontade de surfar, mas falta coragem ou disponibilidade, a pegada do SUP é perfeita. A atividade exige o mínimo de condicionamento físico e não tem restrição de idade ou sexo. Outra vantagem é que o esporte pode ser praticado não apenas no mar, mas também em lagoas e barragens, pois não precisa de ondas e vento. jan-mar 2012
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Fotos: Victor Schwaner
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Mistura de canoagem e surfe, o stand up paddle é a nova mania das praias e lagoas. A Conexão subiu na prancha e testou a novidade
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remos: deve ter entre 10 cm a 15 cm acima da sua altura. Se forem mais curtos que isso, você vai ficar curvado e ter sobrecarga lombar por excesso de rotação.
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Prancha: é mais alongada que a de surfe. O mínimo são nove pés para o stand up surf e 12 para o stand up travessia. Quanto mais pesado você for, maior deve ser sua prancha.
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Descobri o stand up meio por acaso, fuçando na web. Fiz alguns contatos e acabei conhecendo o Johnny Costa, praticante há dez anos. Mineiro de nascimento, mas com o pé na areia, o cara tá se empenhando em levar os fluidos do mar ao interior do Brasil, mais especificamente a Minas Gerais. Além de carregar os mineiros em trips para o litoral, há alguns meses ele reúne semanalmente uma galerinha animada na Lagoa dos Ingleses, na cidade de Nova Lima, para praticar o SUP. Ao telefone, o Johnny me convidou pra testar a prancha e o remo na modalidade travessia (veja o quadro “Para todos os gostos”). Aventura? Tô dentro. Chamei um camarada, o fotógrafo Victor Schwaner, e marcamos a data de “batismo” na agenda. Chegando lá, conhecemos o Bruno Marinho. Ele só tem 24 anos, mas já trampa como advogado e não vê a hora do fim de semana chegar para se livrar do terno e da gravata e cair na água. “Conheci o stand up no verão de 2010, em Búzios, no Rio de Janeiro. Achei legal, mas só fui experimentar em Minas mesmo, em pleno inverno”, conta. Bruno encara o SUP como uma atividade para acabar com o estresse. “Não é um esporte que vai me dar músculos, mas sim, qualidade de vida.” Também advogada, Renata Castro faz coro ao relax que o SUP traz. “Consigo aliar atividade física ao relaxamento e o contato com a natureza. É uma atividade muito prazerosa”, garante.
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Segurança: se você não souber nadar, use coletes salvavidas específicos, que não prejudicam o movimento.
Evite: remar sozinho ou cansado.
Fitness sobre a prancha Ok, mas que fique bem claro que o SUP tem efeito de fitness, sim. Equilibrar-se na superfície instável da prancha ajuda a fortalecer o abdômen, as coxas, as costas e os glúteos. Enquanto que as remadas exercitam os braços e o peitoral, além de estimular a queima calórica. “Pratico o stand up há cinco meses e percebo os benefícios que o esporte proporciona na minha musculatura e na minha postura”, afirma a universitária Liege Souza, 23. A stand up girl descobriu a modalidade pelas bandas de Balneário Camboriú (SC), sua terra natal, mas, como agora mora em Minas, o jeito foi trocar o mar pela lagoa. A mesma coisa aconteceu com o engenheiro Vitor Machado, 24, que conheceu o SUP durante os sete meses em que morou no Havaí. Vivendo distante do mar e também praticante do surfe tradicional, o jeito foi ele praticar na lagoa. Mas bem que o Vitor gostou da adaptação e não se contentou em remar na Lagoa dos Ingleses. “Já dei minhas remadas no Lago de Furnas, que abrange 34 municípios do sul de Minas. Quando saio para remar, gosto de estabelecer metas, como remar de um extremo a outro”, conta.
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acompanhamento: inicie a prática com instrutor capacitado, de preferência, em águas calmas.
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Água: beba bastante e use filtro solar. Fonte: Marco Túlio Saldanha, fisioterapeuta especialista em esportes.
Foto: Victor Schwaner – Mapa: Fotolia
Bolso: o custo total do equipamento do SUP vai de 2,5 mil a 5 mil reais. Mas para alugar, você pode desembolsar de 80 a 120 reais.
Nada de estresse
Arte sobre fotos de Victor Schwaner
Para iniciantes
Primeiras remadas
As primeiras remadas do Fernando
“Batismo” E foi em uma dessas curvas que este destemido repórter fez seu mergulho de batismo. Tchibum! Lá fui eu para a água, com remo e tudo. O Victor, claro aproveita para caçoar e fotografar – só porque, minutos antes, ele fez bonito em cima da prancha. “É assim mesmo”, diz o Johnny. “Normalmente, o cara pega o jeito no segundo treino”, ele completa. Pois foi justamente para provar a tese que eu voltei a subir na prancha. Dessa vez, consegui dar remadas mais longas e permanecer fora da água. Está comprovado: o stand up é um esporte fascinante. E rola demais remar de primeira. Só não pense que irá escapar do “batismo”. Mas, não esquente, não. Ficar molhado faz parte da vibe de todo surfista. Fernando Torres
Do Havaí para o Brasil
Foto: Victor Schwaner – Mapa: Fotolia
Arte sobre fotos de Victor Schwaner
ESTADOS UNIDOS
A mania de remar em cima da prancha remonta às tradições do Havaí. Dizem que os nativos aproveitavam a técnica para transitar entre as ilhas. Quando o arquipélago explodiu como destino turístico, as praias de Waikiki, na capital Honolulu, foram invadidas por surfistas-remadores. Em meados da década passada, o astro norte-americano do surfe, Laird Hamilton, deu ar pop ao velho costume havaiano. Estava lançado o stand up paddle. Por aqui, o SUP chegou nas praias do Rio de Janeiro em 2008, pelas remadas dos surfistas Jorge Parcelli e Haroldo Ambrósio e do salva-vidas Vitor Marçal. De lá para cá, ganhou adeptos nos litorais de São Paulo, BRASIL Santa Catarina e Fernando de Noronha, além de fazer sucesso no Lago Paranoá, em Brasília (DF), na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima (MG), e na raia da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.
Jornalista fmt_news@yahoo.com.br
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Chega de papo. Estou a fim mesmo é de ver se dou conta do recado. O Johnny me dá algumas orientações básicas e logo entro na água. Pra começar, ajoelho em cima da prancha vermelha. Só depois pego o remo de aproximadamente 1,85 m de comprimento, feito de fibra de carbono, parecido com os usados no caiaque. “Posicione uma das mãos na parte superior e a outra no centro. Para trocar de lado, é só inverter a posição das mãos”, ensina o Johnny. Dou as primeiras remadas ajoelhado, para me acostumar com a superfície instável do shape. Depois de algumas voltas, é hora de levantar. “Suba primeiro com o pé direito, depois com o esquerdo e alinhe o remo no centro do abdômen. Foque o olhar no bico da prancha e mantenha as pernas levemente flexionadas e o tronco ereto. Cuidado com a postura!”, ele me orienta. Pronto. Agora é só remar. Mas isso também tem seus truques, já que os movimentos garantem a estabilidade do corpo. “Foque naquela boia adiante, tente manter o braço rígido e procure remar duas vezes de cada lado.”Ah, então é mole. É dois pra lá, dois pra cá”, pensei. Difícil não é. Mas cada remada tem forte poder de locomoção e, às vezes, a linguagem do bolero não funciona: uma só remada às vezes me conduz para fora do foco e, o jeito, é remar três pra cá, um pra lá. Quando cheguei à boia, a métrica também saiu do comando, pois tive que remar umas cinco vezes do lado esquerdo para fazer a curva.
Para todos os gostos
Se você só quer relaxar do estresse da faculdade ou do trabalho, o stand up travessia é perfeito: basta remar tranquilamente em cima da prancha e entrar em contato com a natureza. Agora, se o seu negócio é pegar onda, vá de supsurf. Já com o stand up race, espécie de regata com pranchas adaptadas, a ideia é competir, tanto no mar, como em lagoas. E aí, decidiu qual modalidade combina mais com você? jan-mar 2012
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Quer ter uma fé viva e intensa comunhão
Quer ter recursos
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faculdade?
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Quer emoções reais e experiência de vida?
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Sara Campos/ Foto William de Moraes
com Deus?
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projeto Sonhando Alto é realizado em toda a América do Sul e oferece preparo, suporte e motivação para quem deseja cursar uma faculdade com os ganhos da colportagem – venda de livros e revistas com uma mensagem especial. Só no Brasil, mais de 1.500 jovens participam
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A despedida de Jobs fala sobre a fé na tecnologia
o seu fundador par ia e morte d ecem la agon esta e p s ã f r re s o d lac a sti ion ú g n a ad ea os e l p c p aA d o s ces su
o çã ra
Os ant ac. Mas quando Steve o notado: enad Job pouc r do M o o o d s n s, o já sa ria c me o pa b d ô i a r m e c d n n â o c pa o homem se sente inseguro por não ter controle sobre as fe da m u ge circunstâncias da existência. | Durante as eras, as soluções para esse dilema m o têm sido várias. A que mais predominou foi a confiança de que Deus guiaria a vida na Terra e no Céu proveria uma vida eterna livre de preocupações. Mas, nos últimos séculos, a sociedade optou por um caminho diferente. Decepcionado com a opressão feita em nome de Deus e descobrindo as maravilhas da razão e da ciência, o próprio homem acreditou que poderia assumir as rédeas da história, da natureza, das circunstâncias e de tudo o que acontece ao seu redor. Ele tomou os poderes de Deus para si. É a época que chamamos de modernidade. | Esse modelo de sociedade fez sucesso. Trouxe o fim da escravidão, o advento de governos democráticos, mais riqueza, melhoras na saúde e novas experiências estéticas. Isso gerou muita confiança na capacidade humana de superar todas as mazelas do presente. | Se não fosse a pobreza crônica, os governos totalitários e a persistência das guerras, a maioria das pessoas ainda seria “crente” na modernidade. Só que esses problemas, que continuaram ao longo do século 20, deram uma esfriada no ânimo. Ficou claro que a humanidade não tem todo o domínio da situação. A mesma lógica pode ser constatada na vida pessoal. Não conseguimos, por exemplo, controlar uma grave crise financeira nem evitar a morte de um familiar. | Mas é interessante notar uma coisa: precisamente no auge de tudo aquilo que o homem criou, em especial a ciência e a tecnologia, ele se tornou um “descrente” em si mesmo. Por isso, muitos pensadores do mundo tecnológico notaram que o fim da crença no poder do homem tem que ver justamente com a percepção de que as tecnologias são muito mais potentes do que ele. | Ainda acreditamos que vamos resolver os problemas. an do Mas desta vez não achamos que a solução esteja na política (a administração do homem), e sim nas tecnologias. da Ap É como se ainda acreditássemos que vamos fazer o Céu aqui na Terra, mas por novos meios. | Assim, o vazio que ple ,a ficou por causa da nossa decepção com Deus e com a sociedade é preenchido pela confiança no mundo tecnológico. Não é o mesmo tipo de confiança em um mundo melhor, como era antigamente. É mais uma crença decorrente da falta de alternativas e que, querendo ou não, faz com que o homem se volte para aquilo que restou: desenvolver infinitamente a ciência e a tecnologia. | O que mais poderia explicar a compulsão pelo novo iPad, pela próxima geração de um processador e pelo carro mais cheio de apetrechos tecnológicos? O que poderia explicar a desolação de milhões de pessoas com a aposentadoria e morte precoce de um “mito” como Steve Jobs? Somente o fato de que estamos decepcionados com Deus e com o próprio homem. Portanto, agora só nos resta endeusar a tecnologia, que curiosamente é nossa criação. Pelo jeito, não mudou tanta coisa assim. Depois de 2.700 anos, a ironia do profeta Isaías ainda se mostra válida: o marceneiro que esculpiu um ídolo com sua habilidade, acabou adorando sua própria criação (Is 44:13-17).
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Tales Tomaz
É professor de Comunicação Social do Unasp e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. talestomaz@gmail.com
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A Bíblia está viva
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Revolução Nos últimos 60 anos, muito já foi dito e escrito sobre esses manuscritos. Os rolos foram produzidos entre 200 a.C. e 60 d.C. por uma seita judaica, provavelmente os essênios, que vivia em Qumran, no deserto da Jordânia. Além de uma infinidade de manuscritos bíblicos, foram também encontrados alguns comentários desses livros, sendo o mais
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ronia. Essa palavra pode muito bem descrever o que aconteceu na vida de Muhammed ed-Dhib, em 1947. Se alguém lhe dissesse que ao perder uma de suas cabras ele seria responsável pelo início da descoberta de centenas de manuscritos com mais de 2 mil anos, de extrema importância para judeus e cristãos, provavelmente ele não acreditaria. Não é sempre que se descobre algo que deixa um acadêmico ocupado por até 50 anos! Como diz o ditado popular, a melhor forma de se encontrar
uma coisa é procurando outra. Sessenta e quatro anos depois da descoberta do jovem beduíno, os famosos rolos do Mar Morto ganharam sua versão digital (dss.collections.imj.org.il), uma boa oportunidade de você treinar sua fluência em hebraico e inglês. Quem sabe seria muito fácil escrevê-los hoje, com nossa tecnologia, do que em peles de animais. Mas é exatamente isso que desperta nosso interesse a respeito desses textos: como escribas foram capazes de produzir com tamanha precisão cópias dos livros mais importantes para judeus e cristãos, numa época em que
pergaminhos eram a melhor mídia? Nesta matéria, você terá um breve histórico desses documentos, bem como a contribuição deles para a compreensão da Bíblia e confirmação da nossa fé.
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Você já pode consultar no Google parte dos Manuscritos do Mar Morto digitalizados. Mas antes de se aventurar no hebraico, é importante saber por que esses documentos são a descoberta arqueológica mais importante do século 20
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Quão idênticos? É comum ouvirmos que o texto do nosso Antigo Testamento é idêntico ao conteúdo desses documentos. Porém, uma séria e honesta comparação entre os documentos pode oferecer uma conclusão aparentemente chocante para alguns. Não há diferenças significativas entre a versão que dispomos do Texto Massorético, uma versão universal do texto hebraico do Antigo Testamento, e os Manuscritos do Mar Morto. O que temos são diferenças periféricas, aquelas que não afetam o conteúdo central dessa porção do Livro Sagrado. São aproximadamente 2.600 variações somente no grande rolo do profeta Isaías, um dos documentos mais importantes de toda a coleção
os manuscritos foram encontrados nas cavernas do Qumran, no deserto da Jordânia
de aproximadamente 950 manuscristos. dução do 4Q1Sam, um manuscrito que Mas vale ressaltar que a fé cristã não está contém o livro de Samuel, revelou esse verso adicional no fim de 1 Samuel 10. sob ameaça por causa disso. Algumas diferenças são fruto Siglas: os documentos por exemplo, que você leu de erros ortográficos (ver box foram catalogados de neste artigo significam: “Erros milenares”). Numa épouma forma padrão. As primeiro rolo de Isaías descoberto na caverna e siglas 1QIsaa e 4Q1Sam, ca em que não havia lâmpadas um manuscrito de 1 Samuel florescentes e a invenção dos 1 número da caverna descoberto na caverna 4, óculos estava séculos no futuQ de Qumran respectivamente. O Q é ro, é mais do que natural enuma referência a Qumran. Isaa livro contrarmos variações entre as Como se vê, existem diferenças entre cópias. Soma-se a isso, a semelhança entre algumas letras hebraicas. É o caso das le- nossa Bíblia e os Manuscritos do Mar tras ( רresh – r) e ( דdalet – d) e as formas Morto. Se por um instante deixarmos de finais das letras ( ףpê – p/f) e ( ןnun – n). lado o elemento sobrenatural que atriOutras diferenças refletem a ideologia buímos ao Livro Sagrado, estamos diandaquela comunidade. Em Isaías 2:2-4, te de uma obra com aproximadamente por exemplo, nossa versão do texto diz: 3.500 anos, cujas diferenças periféricas “para que Ele (o Senhor) nos ensine os do seu texto não afetaram significativaSeus caminhos”. Já no 1QIsaa, o rolo do mente seu corpo literário. Dificilmente profeta Isaías encontrado em Qumran, encontraremos na história da humanidalemos: “para que eles nos ensinem Seus de um documento tão bem preservado caminhos”. A diferença é sutil. Neste como a nossa Bíblia.1 A fé madura recomanuscrito, o Senhor não é Aquele que nhece que, apesar de ser a Palavra de ensina, pelo contrário, é o povo da co- Deus, as Escrituras foram preparadas por munidade de Qumran que ensina os ca- homens (2Pe 1:21), em outras palavras, minhos do Senhor para aqueles que se a Bíblia não caiu pronta do Céu! dirigem a Sião. Também existem pequenas porções Contexto do Novo Testamento adicionais em algumas passagens bíbliNosso horizonte sobre o ambiente cas. O texto de 1 Samuel 10:27 é um histórico e religioso do Novo Testamenbom exemplo. Esse verso não constava to também foi ampliado graças aos donas versões hebraicas que dispúnhamos cumentos de Qumran. Alguns dos ensiaté a descoberta dos manuscritos. A tra- namentos de Jesus2 e do apóstolo Paulo jan-mar 2012
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famoso o do profeta Habacuque, e alguns documentos da própria seita. O único livro bíblico não encontrado entre os rolos foi o de Ester, mas o fragmento de um comentário deste livro ali descoberto revela que ele era conhecido pela tal comunidade. Mas afinal, qual é a contribuição desses manuscritos para a melhor compreensão do texto bíblico? “Esses manuscritos têm revolucionado o estudo do texto da Bíblia Hebraica, bem como sua tradução para o grego, a Septuaginta. Num ambiente acadêmico, pode soar um pouco bombástico falar dos rolos como ‘revolucionando’ uma área de estudo, mas neste caso, esse termo é apropriado”, afirma Emanuel Tov, uma das maiores autoridades quando se fala no texto hebraico do Antigo Testamento. “As chamadas ‘grandes’ testemunhas do texto da Bíblia Hebraica – o Pentateuco Samaritano e a versão grega do Antigo Testamento [a Septuaginta], todas representadas por cópias medievais – podem agora ser melhor integradas na descrição do desenvolvimento das Escrituras Hebraicas”, justifica o professor do Departamento de Bíblia da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor de várias dezenas de obras sobre os documentos de Qumran.
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Em março de 2011, foi anunciada a descoberta de diversos livros de chumbo que poderiam “revolucionar” nossa compreensão do cristianismo como hoje o conhecemos. E mais, alguns sugeriram que eles poderiam ser tão importantes quanto os manuscritos de Qumran. Para Weston W. Fields, isso não passa de pu-
E o que isso importa?
Diante de tudo o que foi dito, é necessário respondermos a uma pergunta crucial: qual é a relevância disso tudo? Primeiro, entre a época em que os livros bíblicos foram escritos até nossos dias existe um abismo de três milênios e meio. Os Manuscritos do Mar Morto estão bem no meio Erros milenares Os erros cometidos pelos escribas da comunidade de desse período, revelando Qumran são muito parecidos com aqueles que cometemos quando estamos copiando algo que está sendo ditado. Abaixo você tem o nome técnico de cada um deles.
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Haplografia: omissões que ocorrem quando o escriba pula uma letra ou palavra e continua a partir de uma letra ou palavra idêntica esquecendo-se do que estava entre as duas. Exemplo: “o escriba escreveu o livro” se torna “o livro”.
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metátese: inversão de letras ou palavras. Exemplo: “sempre” vira “semper”.
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Ditografia: repetição de uma letra ou palavra. Exemplo: “parte das cópias foi foi perdida”. 26
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que o processo de transmissão do conteúdo da nossa Bíblia não pode ser atribuído ao acaso. Enquanto obras antigas se parecem mais com um quebra-cabeça com boa parte de suas peças perdida, as Escrituras surgem como o documento mais bem preservado de toda história. Segundo. Numa época marcada pelo ceticismo e irreverência para com a cosmovisão judaico-cristã, Deus espera dos Seus seguidores uma postura ativa neste confronto de ideias. Como o próprio apóstolo Pedro afirma, devemos estar “sempre preparados” para oferecer uma resposta racional sobre a esperança que afirmamos professar (1Pe 3:15). Essa é uma urgente necessidade nos dias em que vivemos. “A juventude precisa aprender tudo quanto lhe seja possível da verdade, caso não queira ser enganada pelo enredo de falsidades que Satanás inventará” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 364). Deus nos fornece as evidências, só é preciso apresentá-las àqueles que nos questionam. E os Manuscritos do Mar Morto, sem dúvida, são nossos aliados nessa missão. Referências 1 O mesmo pode ser dito sobre o Novo Testamento. Para uma introdução sobre o assunto, ver: Wilson Paroschi, Crítica Textual do Novo Testamento (São Paulo: Vida, 2007). 2 Para uma introdução ao assunto, ver James Charlesworth (ed.), Jesus and the Dead Sea Scrolls (New York: Doubleday, 1992). 3 Wilson Paroschi, Archaeology and the Interpretation of John’s Gospel: A Review Essay. JATS, v. 20, nº 1-2, 2009, p. 67-88. 4 Disponível no site: http://vimeo.com/23245404.
Luiz Gustavo Assis
É pastor em Caxias do Sul, RS lzgstv.assis@gmail.com
Tesouro perdido
Preço: na ocasião da descoberta, um cm2 era vendido por 1,75 dólar. Nas décadas seguintes, o preço subiu para 5 dólares. Hoje, se um dos manuscritos estivesse no Amazon, Ebay ou Mercado Livre, custaria até 10 milhões de dólares. manuscritos não catalogados: existe uma infinidade de documentos que ainda não foram estudados e catalogados por estarem em mãos de colecionadores. Existe um fragmento de Gênesis 37 em um cofre em Zurique, na Suíça, por exemplo, que custa 47 milhões de doláres.
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Livros de chumbo
ro sensacionalismo. E sua opinião não é sem importância. Ele é o diretor do Dead Sea Scrolls Foundation, em Jerusalém. Dois anos antes desta “descoberta” ser anunciada, ele já havia recebido um telefonema de alguém da Inglaterra falando sobre esses livros e pedindo sua ajuda para um estudo minucioso dos mesmos. Por motivos governamentais, Fields é consultado constantemente pelo Departamento de Antiguidades da Jordânia e não se envolve com o mercado ilegal de relíquias. Por isso, ele negou o pedido alegando não ser esse o caminho mais prudente. Dois anos depois, os livros de chumbo apareceram na mídia. “Não sabemos onde estes livros foram encontrados, isto é, não sabemos a procedência deles, nem temos uma data precisa – dizer que é do período romano é muito vago – e não sabemos muito sobre seu conteúdo. Até o momento, eles não têm valor nenhum”, afirmou Fields, numa palestra realizada na Lanier Theological Library, em Houston, Texas (EUA), em abril de 2011.4 “Dizer que eles são mais importantes que os Manuscritos do Mar Morto é algo praticamente insano”, completou.
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puderam ser melhor compreendidos após a tradução desses manuscritos. Um deles, o chamado Manual de Disciplina, foi de grande relevância para a compreensão do evangelho de João. Palavras como “mundo”, “verdade”, “falsidade”, “luz”, “escuridão”, “paz”, “eterno”, e expressões como “o Espírito da Verdade”, “Príncipe da Luz”, “filhos da luz”, “filhos das trevas”, “luz da vida”, “andar nas trevas”, e “as obras de Deus”, que são usadas várias vezes no quarto evangelho, levaram alguns a sugerir que o mesmo tivesse sido escrito por volta do 2º século d.C., por um segmento herético. Motivo? Esses termos só eram encontrados nessa época e na maioria das vezes em algum documento gnóstico, grupo que buscava unir a fé cristã com a filosofia grega. No entanto, essas palavras aparecem diversas vezes no Manual de Disciplina da comunidade de Qumran, demonstrando que o vocabulário do autor do evangelho era mais judeu e mais antigo do que se pensava.3
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as páginas da Bíblia, guardo com cuidado especial os capítulos protagonizados por Davi. Suas vitórias e quedas, sua coragem e suas fugas, seus amores e guerras, suas orações, suas canções – cada uma dá cor peculiar ao quadro mais amplo da vida daquele a quem o próprio Deus chama de “homem segundo o Meu coração” (At 13:22). Ele é um dos personagens principais do relato bíblico. O mais importante dos reis de Israel, aquele de cuja descendência viria o Messias do povo escolhido. Existem mais capítulos na Bíblia sobre Davi do que sobre o próprio Jesus. São 66 capítulos no Antigo Testamento, e mais 59 referências diretas a ele no Novo Testamento. Como sugerem alguns estudiosos, isso faz de Davi o personagem mais estudado da Bíblia. No entanto, diferentemente dos heróis que criamos, os heróis da Bíblia não tiveram guardados em sigilo seus medos, fraquezas e pecados. Eles também tinham suas segundas-feiras, seus traumas, suas vergonhas. O capítulo 11 de 2 Samuel rasga as cortinas da privacidade do rei, desmascara o pecado de Davi. Para mim, esse é o capítulo que não deveria existir na Bíblia. Mas o ponto em que Davi caiu mais fundo talvez seja o ponto em que ele mais se pareça comigo e com você. Pense bem: Davi já era rei. A promessa recebida com a unção, a promessa que tanto demorava a se concretizar, havia se cumprido. O menino-pastor se tornara rei de Israel. Davi não mais fogia de Saul. Ele tinha um trono. Havia ruas em Israel com seu nome. Ele era saudado pelos anciãos, abraçado pelas
crianças, aplaudido pelas mulheres. Davi era rei. Mas a Bíblia não escondeu o relato de uma tarde mal utilizada. Davi deixou de ir à guerra. Ficou em casa. Deixou de olhar para a frente, para as terras a conquistar, os inimigos a vencer. Deixou de olhar para a missão. Davi se esqueceu de olhar para os lados, para o povo que depositara nele toda a confiança. Mas, pior que isso, deixou também de olhar para o Deus da guerra e da missão. Davi deixou de olhar para cima. E sabe para onde seus olhos o levaram? “Do terraço viu uma mulher...” (v. 2). Davi olhou para baixo. Quando deixamos de olhar para frente, para nossa missão profética, quando deixamos de olhar para os lados, para as pessoas que precisam conhecer verdades proféticas, inevitavelmente deixamos de olhar para o Dono da missão, o centro da profecia. E olhamos para baixo… Olhamos para o que nos faz cair. Davi caiu. Então, numa das cenas mais escuras, num dos dias mais vazios, subiu ao Céu uma oração: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl 51:10). Um pedido angustiado, de quem pecou e simplesmente quer uma nova vida – um novo coração. Há nessas palavras uma força escondida. Davi pediu: “Cria em mim, ó Deus...” Mas o verbo “criar” usado aqui não é um verbo qualquer. É o hebraico barah – que indica um ato exclusivo de Deus, uma criação a partir do nada. O rei Davi toma emprestada a mesma expressão do Gênesis (Gn 1:1) para mencionarr a criação necessária em sua existência. Talvez hoje, ao olhar para sua vida, tudo o que você vê seja um emaranhado de escolhas erradas e consequências traumáticas. Talvez relacionamentos errados, decisões impensadas tenham roubado a luz e a forma de alguns sonhos seus. Talvez esses últimos dias estejam passando meio lentos, sem forma e vazios, sob o peso de uma culpa. Lembre-se de que uma única palavra de Deus pode transformar as coisas. A mesma palavra que trouxe à existência todas as formas e cores, todos os sons e sabores, pode criar uma nova experiência, pode dar novo sentido ao nada que somos. Que hoje você experimente a recriação em Cristo e sinta mais uma vez a alegria da salvação. Cândido Gomes
É pastor auxiliar da Igreja Central de Brasília, DF. candidogs@hotmail.com
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Maioridade espiritual A maneira como você se relaciona com Deus tem tudo a ver com sua personalidade. Mas é preciso que você saiba quais são os pontos fortes e fracos de seu estilo de espiritualidade, para que alcance a maturidade na fé
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ara tudo na vida possuímos uma preferência. As músicas, roupas, programas e séries de TV. Tudo é uma forma de demonstrar aquilo que somos. Mas o que pouco se fala é que a espiritualidade também possui estilos. Esse certo silêncio ou ignorância entre os cristãos sobre o assunto, talvez seja por causa da associação que se faz do termo com espiritualismo, auto-ajuda e misticismo oriental. Porém, o mínimo conhecimento sobre o que é e como se desenvolve a espiritualidade é importante para sua felicidade e salvação. Essa dimensão do ser humano é natural, universal e responsável por dar sentido para nossa existência. Sua base está fundamentada no saudável relacionamento com Deus, consigo mesmo e com o próximo (Mc 12:30, 31). A espiritualidade não pode ser analisada no microscópio ou pelo mais minucioso exame médico. Apesar de sua dinâmica ter paralelos com os aspectos físicos e psicológicos, sua lógica é diferente.
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Autoconhecimento
Fotos: Rômulo Prestes (Gabriel), cortesia Novo Tempo (Glauce) e Fotolia
O professor de Teologia do Unasp, Berndt Wolter, tem estudado esse tema, em busca de respostas à estagnação espiritual que percebe em muitos cristãos. “Você fica quatro anos em uma faculdade, desenvolvendo-se intelectualmente. Ou faz exercícios todos os dias para obter resultados físicos. Procura se alimentar corretamente e desenvolver sua capacidade mental através da leitura. Da mesma maneira, podemos desenvolver a espiritualidade’’, desafia. Um dos passos importantes para esse crescimento é o autoconhecimento. “É fácil nos esquecermos de que o autoconhecimento cresce junto com o conhecimento de Deus. [...] Por isso, devemos fazer perguntas Gabriel Iglesias: estudo da Bíblia de madrugada e inspiração para compor em meio à natureza
sobre nós mesmos, enquanto tentamos conhecer mais a Deus”, explica o teólogo Jon Dybdahl, no livro Satisfying the Longing Hunger of Your Soul (com publicação em português prevista para este ano, pela Casa Publicadora Brasileira). Para Dybdahl, há três fatores importantes nessa jornada de autoconhecimento espiritual: “O primeiro é o temperamento pessoal, estudando quais as disposições específicas de cada um. O segundo é o estilo da nossa igreja e suas tradições. Várias tradições religiosas têm maneiras diferentes de praticar a religião e a vida espiritual, o que nos afeta grandemente. O terceiro aspecto é nossa história cultural e psicológica, que afeta tudo o que pensamos e fazemos.” Wolter esclarece que antes de procurar descobrir suas tendências espirituais, é importante saber que não existe um estilo de espiritualidade ruim ou inferior aos demais. O segredo é partir da sua espiritualidade herdada ou formada rumo a uma espiritualidade madura e tipicamente adventista, mais racional, militante e bíblica. Essa maturidade faz parte da identidade do “povo do tempo do fim”. Outra questão é que você provavelmente possui características de vários ou de todos os perfis, mas sempre haverá um ou dois tipos predominantes em seu estilo natural.
Tempo para Deus
pastor e compositor Valdecir Lima, autor da música Falar com Deus. Tempo para Deus é o que tem procurado reservar o cantor e compositor Gabriel Iglesias. Sua preferência é pelas madrugadas. “É o momento que ninguém vai me atrapalhar ou ligar. Eu posso ficar sozinho em paz e sem barulho. É nesse momento que leio a Bíblia, mas procuro louvar a Deus em todas as coisas que faço”, conta. Gabriel também busca na contemplação da natureza, a inspiração para compor. “Eu leio uma coisa e gosto de ir para perto da natureza aonde tem poucas pessoas. É muito bom ficar a sós com Deus, ouvir os pássaros, sentir aquela paz, contemplando a criação. Esse silêncio facilita a conversa com Ele’’, relata. Já para Glauce Cunha, apresentadora do programa Caixa de Música, da TV Novo Tempo, a noite é o melhor momento para ler a Bíblia e meditar em sua mensagem. Ela relembra que os hábitos devocionais a acompanham desde a infância, como orar a Deus e ouvir Sua voz antes de dormir. “Eu acho que o fato de você se sentir confortável e ser sincero diante de Deus contribui para conhecer quem você é’’, Glauce confirma a relação entre comunhão com Deus e autoconhecimento.
Crescimento Wolter defende que além de o teste (ver quadro) nos ajudar a entender e aceitar o perfil da espiritualidade de outros cristãos, o autoconhecimento pode tornar mais fácil nossa jornada pela maturidade espiritual. “Não é aconselhável
Independentemente do estilo de espiritualidade natural de cada um, o fundamental é que se dedique tempo de qualidade para Glauce Cunha: todas o relacionamento com as noites, ela tem um Deus na busca de deencontro com Deus. Seus senvolver a espiritualihábitos devocionais foram aprendidos na infância dade necessária para o nosso tempo. No fundo, as pessoas estão dizendo: ‘não quero parar e refletir’. O que mais precisamos e menos temos, é tempo”, adverte o
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Isso fica claro em algumas conhecidas declarações de Jesus. Por exemplo, quando Ele disse que felizes são os que choram, os que têm fome e sede de justiça e os que são perseguidos (Mt 5: 4, 6, 10). Ou que é preciso perder a vida para ganhá-la (Mt 10:39), e ainda que Seus seguidores devem oferecer a outra face para um agressor (Lc 6:29) e orar por seus inimigos (Mt 5:44). Esses parodoxos e desafios mostram que a espiritualidade vai contra a natureza humana, porque segue outra lógica, a lógica do reino de Deus.
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estacionar onde está. Se você souber aonde quer chegar, pode usar as muitas ferramentas que estão à disposição – as disciplinas espirituais”, incentiva. Para o pastor Valdecir Lima, o desenvolvimento está atrelado essencialmente ao famoso tripé: leitura da Bíblia, oração e testemunho pessoal. Mas ele lembra que só podemos falar daquilo que vivemos, por isso estabelece uma relação de causa e efeito entre essas três práticas cristãs: “O jovem não tem como escapar do estudo da Bíblia e da oração. Só assim ele terá estrutura para testemunhar.”
Nesse aspecto, Wolter é mais incisivo e adverte: “Orar e ler a Bíblia é tão óbvio e básico, que não existe cristão que possa viver sem essas duas coisas. Nós estamos insistindo basicamente na infância da fé, no que já deveria estar tão claro para nós, a ponto de não viver sem’’. E quanto ao testemunho, ele acrescenta que seu efeito não é apenas sobre quem recebe o evangelho, mas especialmente para quem o compartilha: “Cada pessoa precisa aprender a servir, de acordo com o seu dom, para levar pessoas a Cristo, mas não é só para isso, é para que se
desenvolva espiritualmente também.” Por trás do seu interesse pelos estilos e desenvolvimento da espiritualidade, pode estar a decisão de sair da estagnação religiosa, que marca a vida de muitos cristãos e, consequentemente das igrejas que formam. Nossa geração precisa entender que para cada discípulo de Cristo, há uma jornada de fé surpreendente, transformadora e sem fim para ser explorada. Experimente! Murilo Bernardo e Rafael Brondani
jornalistas formados pelo Unasp e pelo programa de trainee da Casa Publicadora Brasileira.
Estilos de espiritualidade
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Apesar de a classificação dos perfis de espiritualidade não ser uma unanimidade entre os pesquisadores, os tipos básicos acabam convergindo. O teste que está disponível no site do Núcleo de Missões e Crescimento de Igreja (numci.org) tem como base os estudos de Christian Schwarz, que prevê nove perfis, divididos em três grandes áreas. O questionário tem apenas 72 questões e é autoexplicativo. Para deixar você mais curioso, abaixo está a descrição dos estilos, bem como seus pontos fortes e fracos. Estilos
Lema
Foco
Sensorial
aproveitar a criação de Deus
beleza e percepção
Racional
entender a essência e a natureza de Deus
lógica e ciência
Ortodoxo
pensar correto sobre Deus
verdade e doutrina
Bíblico
aplicar a Palavra de Deus
estudo da Bíblia e discipulado
Missionário
proclamar a graça de Deus
evangelização e serviço
Ascético
desenvolver disciplina para Deus
sacrifício e valores internos
Entusiástico
celebrar o poder de Deus
autoridade e entusiasmo
Místico
descansar na presença de Deus
mistério e adoração
Sacramental
expressar a encarnação de Deus
liturgia e simbolismo
Ponto Forte n
a precia a beleza da criação divina
b usca explicações n e xplora a ciência n
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e nsina equilibradamente e stabelece relações com as doutrinas
Perigos e scravidão da estética n d ependência da exterioridade o rgulho intelectual n r acionalismo n n
p reocupa-se com os não cristãos n e vangeliza
n
n n
n ão é atraído pelo mundanismo e stá disposto para sacrifícios
é aberto ao sobrenatural n e xperimenta o poder de Deus
c onfusão entre fé e doutrina a bstração árida
r eduz a revelação de Deus à Bíblia n s uperestimação do verbal n
n
o rientação excessiva ao exterior n m edir a fé pelos resultados (batismos) n n
n
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v isão negativa do mundo s ofrimento irracional v isão negativa do racional a bertura à filosofias duvidosas
d ependência do aspecto misterioso da fé n c onfusão entre fé e sentimentos n
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a berto ao misterioso n e stá focado no seu interior n
e xpressa exteriormente sua fé n g osta de tradições e ritos n
c ompreensão mágico-sacramental n f alta de sensibilidade n
Fonte: adaptação de Berndt Wolter do livro Die 3 Farben deiner Spiritualität (2009), de Christian A. Schwarz. ________ Depto. Arte
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é fiel à Bíblia n p roclama a Palavra n
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Prepare com antecedência! 1. Reavivamento e reforma – 10 de março Convoque seus líderes e membros a orar e jejuar em favor do Evangelismo Integrado e para um reavivamento e reforma. Organize uma vigília diurna nesse dia.
2. Impacto Esperança – 24 de março Crie projetos para que os exemplares do livro A Grande Esperança cheguem ao maior número possível de pessoas! Mapeie todo o seu território. Faça todos os preparativos para o Dia dos Amigos da Esperança. Incentive a igreja a levar seus amigos para uma refeição nos Lares de Esperança. Torne sua igreja mais receptiva.
4. Evangelismo na Semana Santa – 1º- a 8 de abril Organize o programa. No início da semana, preferencialmente nos lares em pequenos grupos, e de sexta a domingo, conclua o programa na igreja.
5. Evangelismo via satélite e web – 17 a 24 de novembro Transforme sua congregação em ambiente ideal para a transmissão de mensagens com o Pr. Alejandro Bullón.
6. Plantio de novas igrejas Coordene equipes que vão ajudar em diferentes áreas a estabelecer uma nova congregação em sua região. Envolva-se pessoalmente nesse projeto!
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3. Amigos da Esperança e Lares de Esperança – 31 de março
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Carlos Souza / Imagens e vetores: Shutterstock e Fotolia
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Promoção válida de 30/1 a 5/2 de 2012 ou enquanto durar o estoque. Somente para seguidores da CASA no Facebook e Twitter. (*) Exceto no sábado, dia 4 de fevereiro.
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