Conexão 2.0 - CRISTÃOS VS CULTURA

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EDUCAÇÃO: quatro valores espirituais que valem a pena aprender

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Out-Dez 2017 – Ano 10 no 44

Exemplar: 8,75 – Assinatura: 27,80

ENTENDA. EXPERIMENTE. MUDE

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A TENSÃO ENTRE SE ISOLAR DO MUNDO E ENGAJAR-SE NELE ENTENDA AS DIFERENÇAS POLÍTICAS ENTRE ESQUERDA E DIREITA

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IMAGINE SE NOSSO PAÍS AINDA FOSSE UMA MONARQUIA

LIÇÃO DE VIDA: O JOVEM EMPREENDEDOR QUE SUPEROU A POBREZA E O LUTO

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________ Editor ________ Ger. Didáticos ________ C.Qualidade ________ Depto. Arte


Da redação

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Editor Wendel Lima

REFLEXÃO INEVITÁVEL

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William de Moraes

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O GUARDACHUVA DA cultura abrange o modo de falar, vestir, comer, aprender, relacionar-se, socializar-se e adorar. Entendemos a cultura como esse conjunto de ritos, símbolos, crenças e práticas. Assim, é possível afirmar que não existe um ser humano que não tenha vivido numa cultura sem ter sido influenciado por ela. Somos seres culturais, pois herdamos parâmetros e estabelecemos critérios a partir de nossas relações com as pessoas e a natureza. Com base nessas referências, avaliamos a nós mesmos, os outros e a realidade que nos cerca. Portanto, a cultura na qual fomos criados não está apenas ao nossso redor, mas também dentro de nós, e é uma expressão coletiva e historicamente consolidada de uma visão de mundo (cosmovisão) que interiorizamos e com a qual interagimos. E por que a humanidade, ao longo do tempo, tem formado culturas? Simplesmente porque precisamos encontrar sentido para a existência. Logo, toda cultura tem a pretensão de oferecer um sistema coerente de interpretação da realidade e, do ponto de vista da missão cristã, é esse sistema aparentemente coerente que sustenta a cultura que deve ser individualmente confrontado, avaliado e transformado pela cosmovisão bíblica. Essa introdução conceitual reforça a importância da matéria de capa desta edição. O educador Humberto Rasi, fundador e ex-editor da revista Diálogo Universitário, nos introduz a uma discussão permanente no cristianismo: os cristãos devem assimilar, rejeitar ou dar novo significado para os elementos de sua própria cultura? Trabalhando com as posturas descritas por H. Richard Niebuhr, em seu livro que se tornou um clássico, Cristo e a Cultura (1951), Rasi sugere alguns princípios que podem ser úteis ao você lidar com áreas cinzentas do cotidiano. Se você se interessar por essa temática e quiser saber como ela se aplica especificamente ao consumo dos produtos da cultura pop, no fim da matéria há uma sugestão de conteúdo em vídeo e texto. Por fim, vale lembrar que Deus Se revelou de forma especial por meio da Bíblia e de Jesus (Hb 1:1-3; 2Tm 3:16; Jo 17:17), mas também de forma geral por meio da natureza (Sl 19:1-3; Rm 1:18-20), da história (Js 2:8-13) e da consciência humana (Rm 2:14-16). Assim, da mesma forma que existem digitais do Criador na natureza, certamente também há informações sobre Deus na cultura. Cabe a nós identificar Suas ações, usando as lentes da cosmovisão bíblica. A Conexão 2.0 tem a missão de ajudar você a trilhar essa caminhada de modo mais consciente. Boa leitura!

5 CONECTADO

A OPINIÃO DE QUEM SEGUE E CURTE A REVISTA

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GLOBOSFERA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, PLATAFORMA DE VÍDEOS, CULINÁRIA SAUDÁVEL E DESIGN INTELIGENTE

10 ENTENDA

AS DIFERENÇAS POLÍTICAS ENTRE ESQUERDA E DIREITA

22 PERGUNTAS

O MUNDO DOS MORTOS, LÍNGUAS BÍBLICAS, BEBIDAS ALCOÓLICAS E REFORMA PROTESTANTE

30 APRENDA

CONHEÇA QUATRO VALORES QUE SÃO LIÇÕES PARA TODA A VIDA

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O EX PAS

A IDENTIFICAR NOTÍCIAS FALSAS

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24 IMAGINE

... SE NOSSO PAÍS AINDA FOSSE UMA MONARQUIA

GUE

CAS REITA

S, BIDAS MA

O EX-CRIMINOSO QUE VIROU PASTOR E EMBAIXADOR DA ONU

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Revista trimestral – ISSN 2238-7900 Out-Dez 2017 Ano 10, no 44

CAPA

SAIBA COMO OS CRISTÃOS TÊM LIDADO COM A TENSÃO HISTÓRICA ENTRE RELIGIÃO E CULTURA

Ilustração da capa: Rogério Chimello

CASA PUBLICADORA BRASILEIRA

Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br Serviço de Atendimento ao Cliente Ligue grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 8h às 15h45 Domingo,das 8h30 às 14h

LORES A

Editor: Wendel Lima Editor Associado: Fernando Dias Projeto Gráfico: Marcos Santos e Éfeso Granieri Designer Gráfico: Renan Martin Diretor-Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Uilson Garcia Redator-Chefe: Marcos De Benedicto

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A, S, E

8 AO PONTO

Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Colaboradores: Alexander Dutra, Antonio Marcos da Silva Alves, Almir Afonso Pires, Almir Augusto de Oliveira, Eder Fernandes Leal, Edgard Luz, Marco Antônio Leal Góes, Pedro Renato Frozza, Raquel de Oliveira Xavier Ricarte, Rérison Vasques e Rubens Paulo Silva

26 MUDE SEU MUNDO

O PROJETO QUE RESGATA DEPENDENTES QUÍMICOS QUE MORAM NA RUA

Assinatura: R$ 27,80 Avulso: R$ 8,75 www.conexao20.com.br Tiragem: 30.000

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LIÇÃO DE VIDA

O JOVEM EMPREENDEDOR QUE SUPEROU A INFÂNCIA POBRE E A MORTE DOS PAIS

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da editora.

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Pense no se u futur profis sional o !

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Redação

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0800-9790606 | CPB livraria |

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Informação Conectado & Opinião Globosfera Ao ponto Entenda

Desabafos, sugestões, interação e dúvidas para a seção Perguntas? É aqui mesmo!

Bianca Milioransa Jacareí (SP)

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Perdeu alguma edição ou deseja reler uma matéria de que gostou muito? Acesse nosso arquivo e folheie todas as edições da Conexão 2.0

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COMPORTAMENTO: os riscos e as frustrações de uma sexualidade sem limites

O PARAÍSO DAS ESPÉCIES Nas ilhas exóticas que inspiraram Darwin, pesquisadores enxergam evidências de que tudo foi criado

MUDE SEU MUNDO: NOVA VIDA PARA QUEM VENDE O CORPO

LIÇÃO DE VIDA: DESMOND DOSS, O SOLDADO DESARMADO

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AO PONTO: O PASTOR QUE PERDEU E JAN-MAR A 2017 REDESCOBRIU FÉ| 1

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35256 – CONEXÃO 01/2017

Jan-Mar 2017 – Ano 10 no 41

Exemplar:8,05 – Assinatura: 25,60

ENTENDA. EXPERIMENTE. MUDE

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facebook.com/conexao20 Redação

Saiba o que vai ser publicado, opine sobre os conteúdos que já saíram e compartilhe com os amigos que não têm a revista.

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O voluntariado, tema da reportagem de capa da última edição, tem sido um assunto amCQ plamente discutido e pouco a pouco praticado com mais lucidez. Há uns que levam isso a sério enquanto outros se envolvem apenas por Marketing “modinha”. Como apresentadora do programa Conexão Jovem da TV Novo Tempo, tenho conversado com voluntários que não querem nada material em troca do serviço humanitário, apenas experiências transformadoras e um sentimento de dever cumprido. Sensacional © Michael Brown | Fotolia

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Neste mundo em que a tendência predominante define que o mais importante é pensar em si mesmo, é reconfortante saber que há jovens que dedicam seu tempo e talento para servir como voluntários. Por isso, a matéria de capa da última Conexão 2.0 é como um sopro de ar fresco em meio ao egoísmo asfixiante que reina na sociedade. Louvado seja Deus por esses exemplos que motivam a mudança e a superação! E, como sempre, os demais artigos e seções estão excelentes também. Gosto em especial da seção Entenda. Pablo Ale Buenos Aires (Argentina)

Achei interessante a matéria sobre os voluntários, porque foi bom saber que, em meio a tanta desigualdade e dificuldades, o amor ao próximo tem aumentado. A salvação não vem pelas obras, mas fazer o bem fica implícito na vida de quem recebeu a graça de Cristo. Júlio César Maciejewski Porto Feliz (SP)

Gostei muito da reportagem sobre educação musical na última edição. Quando eu tinha nove anos, e passei a visitar a igreja adventista com minha mãe, foi o envolvimento no coral infantil que me fez vencer a timidez. Depois disso, já cantei em duetos, trios, coral e grupo. A música também me ajudou a aprender biologia no colégio, a fazer amigos, celebrar conquistas, adorar a Deus, consolar e ser consolada. Mais do que um instrumento de interação social

e aprendizagem, a música tem poder! E tem poder porque é um presente de Deus. Excelentes matéria e revista. Estou ansiosa pela próxima edição! Giovanna Eugênia Petrolina (PE)

A revista tratou de assuntos que me interessam muito, como o estilo musical diferenciado da dupla Os Arrais e a onda de voluntariado que está crescendo no Brasil. Na seção “Ponto de vista” aprendi uma palavra nova, “solteirismo”, e descobri também que existe o Dia dos Solteiros. Porém, foi o infográfico “No que a Bíblia se antecipou à ciência” que mais chamou minha atenção. Eu já sabia que algumas passagens bíblicas indicavam antecipações científicas, mas a Conexão 2.0 apresentou mais versos. Fico muito feliz por poder confirmar que a Bíblia é um livro historicamente correto e com um toque científico. Thayse Lima Tatuí (SP)

Destaco o que Wendel Lima disse sobre a posição bíblica a respeito do suicídio na edição de janeiro-março (p. 22). Talvez por ter nascido num lar adventista, sempre ouvi as palavras “suicídio” e “pecado” na mesma frase. Entretanto, nunca havia compreendido o porquê dessa associação. Achei o argumento desenvolvido no terceiro parágrafo muito pertinente e, portanto, concordo plenamente com ele. Acho que essa reflexão foi ainda mais importante no contexto da polêmica em torno da série 13 Reasons Why. Beatriz Stockler Engenheiro Coelho (SP)

Sobre a matéria “A razão da dor”, de outubro-dezembro de 2016 (p. 19), saliento o que o Fernando Dias escreveu sobre as explicações insatisfatórias para o problema do sofrimento: o mal atinge todos independentemente do que tenhamos feito. Em boa parte concordo com isso, porque nenhum ser humano está imune à dor, merecendo ou não. Bárbara Yasmin Zatarin Engenheiro Coelho (SP)

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também foi a entrevista com Tiago Arrais, que tocou em pontos importantíssimos sobre nosso papel como discípulos de Cristo. Resumindo: amei essa edição.

conexao20@cpb.com.br

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Colaboradores: Aline do Valle, Carolina Perez, Felipe Lemos, Mairon Hothon, Márcio Tonetti, Michelson Borges, Nathan Brown, Paulo Ribeiro e Schermen Dias

Divulgação

O C A n q n e o n “ n C n s e a

DESIGN INTELIGENTE NA UNIVERSIDADE

O Núcleo Discovery-Mackenzie foi inaugurado em maio numa das mais tradicionais universidades privadas do país. Sob a coordenação do químico doutor Marcos Eberlin (Unicamp), o centro de estudos da Universidade Presbiteriana Mackenzie vai promover a pesquisa e divulgação sobre o design inteligente, teoria que se contrapõe ao evolucionismo.

origememrevista.com.br

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lineagejourney.com

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Estudos provaram que, quanto mais nos conectamos, mais felizes e saudáveis somos e mais saudáveis seremos. As pessoas que vão à igreja são mais propensas a se envolver com a comunidade e contribuir com a caridade, não apenas porque são religiosas, mas também porque são parte de um grupo.”

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Wikipedia

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A série inglesa Lineage (Linhagem) conta a história do cristianismo desde o 4o século até o 16o, quando ocorreu a Reforma Protestante, movimento religioso que mudou a cultura ocidental e que completa 500 anos em 2017. Os episódios têm duração de cinco minutos e apresentam os temas numa linguagem acessível aos jovens. No site (lineagejourney.com) você encontra em inglês os episódios, a biografia dos reformadores e uma galeria de imagens em 360 graus.

Gratuita, atualizada e didática, a revista eletrônica Origem em Revista (origememrevista.com.br) é mais uma fonte de informação sobre a visão criacionista. O site apresenta artigos, notas e vídeos numa linguagem acessível, mas séria, a fim de popularizar o debate sobre a relação entre ciência e religião. A revista, que tem uma versão impressa por semestre, está vinculada ao núcleo de Maringá (PR) da Sociedade Criacionista Brasileira.

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PASSEIO PELA HISTÓRIA

Divulgação

CRIACIONISMO EM REVISTA

Você conhece o website Feliz 7 Play (feliz7play.com)? Lançado em julho, ele é a plataforma que reúne filmes, clipes, documentários, séries e vídeos motivacionais adventistas. A cada sexta-feira, às 19h, um novo conteúdo é lançado nesse portal.

Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, durante palestra em Chicago (EUA), quando celebrou a marca de 2 bilhões de usuários de sua rede social 6 |

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Marketing Unasp

Wikipedia

TUDO NUM SÓ LUGAR

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A Faculdade Adventista Paranaense está entre as melhores do Brasil numa avaliação feita pelo MEC em 2015 e divulgada este ano. Das 2.109 instituições pesquisadas, somente 375 atingiram boas notas. De uma escala de 0 a 5, a faculdade adventista obteve o conceito 4 no chamado Índice Geral de Cursos (IGC), ocupando o 4o lugar no Paraná e o 1o na região de Maringá (PR).

GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA

Como artista, devo ficar em segundo plano, porque a mensagem da música como determinada pelo compositor, fica obscurecida se muita atenção estiver concentrada no artista.”

Wikimedia

Herbert Blomstedt, maestro adventista americano que ganhou o prêmio Brahms 2017, em junho, na Alemanha. Aos 90 anos, ele sonha completar 90 concertos na Ásia e Europa (veja uma performance de Blomstedt no link http://bit.ly/2u9hSz3)

NÚMEROS

7 milhões de empregos deverão ser eliminados em todo o mundo até 2020. A “quarta revolução industrial” vai impactar principalmente as áreas administrativa e de produção e criar oportunidades em finanças, gestão, computação, engenharias, vendas e educação.

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dos jovens brasileiros de 14 a 17 anos estão fora do mercado de trabalho, o dobro do que em 2014 (22%).

Marketing Unasp

lineagejourney.com

das crianças que hoje estão na pré-escola realizarão trabalhos que ainda não existem.

Desde setembro deste ano, o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) está oferecendo o ingresso em cinco cursos em nível de graduação a distância: Administração, Ciências Contábeis, Letras,Tecnólogo em Processos Gerenciais e Tecnólogo em Recursos Humanos. As primeiras turmas começam no início de 2018 com o apoio de 20 polos espalhados pelo Brasil. O Unasp também oferece outros cursos online de extensão e pós-graduação, além de graduações presenciais. Saiba mais em unasp.edu.br.

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dos jovens de 21 a 25 anos entrevistados numa pesquisa da Unifesp em baladas de São Paulo abusaram do consumo de álcool, bem mais do que os 18% da média nacional.

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Fontes: relatório The Future of Jobs (2016), do Fórum Econômico Mundial; IBGE; reportagem “Geração freelancer”, disponível em tab.uol.com.br; e pesquisa da Unifesp “Balada com ciência” (baladacomciencia.com.br). OUT-DEZ

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Divulgação

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O livro Food As Medicine: Cooking for Your Best Health (Os Alimentos como Remédio: Cozinhando para Sua Melhor Saúde), que já havia recebido um prêmio na Austrália, onde foi publicado, entrou em maio para a lista dos oito melhores títulos do mundo na área de nutrição. O prêmio do “Oscar” da literatura sobre culinária foi entregue em Yantai, na China. A obra de Sue Radd, uma nutricionista adventista, apresenta 150 receitas vegetarianas e vários estudos científicos sobre alimentação saudável.

Sings Publishing Company

NO TOPO DA LISTA

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Ao ponto

Texto Loriza Kettle Ilustração Lívia Haydée

SEGUNDA CHANCE

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O que levou você ao mundo do crime? Tive uma boa criação e uma infância feliz, embora vivêssemos num terreno invadido e cheio de barracos. Mesmo meus pais sendo adventistas, me deixei influenciar pelo meio em que vivíamos. Jamais poderei culpá-los por ter entrado na criminalidade. O problema é que o crime financia nossos sonhos e depois cobra um preço alto por isso. E como você deixou essa vida? Muitas coisas colaboraram para isso. Primeiro, Deus fez um milagre em mim, quando ouvi um pregador numa unidade de socioeducação. Eu tinha 18 anos, estava no regime semiaberto e com a mente destruída pela convivência com o crime e a dependência das drogas. Outro fator importante foi que, durante uma saída de fim de semana, conheci minha esposa, Stephany, numa igreja 8 |

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adventista. Ela lutou por mim e enxergou um ser humano por trás da ficha criminal. Minha mãe também orou, jejuou e nunca desistiu de mim. O exemplo de trabalho do meu pai também me inspirou. Parece que um professor universitário também foi importante nesse processo. Sim. Laurentiu Ionescu foi um dos meus professores de Teologia na Universidad Adventista del Plata, na Argentina. Mesmo sendo doutor, ele era humilde e se aproximava dos alunos. Laurentiu se tornou um grande amigo e me influenciou culturalmente a seguir a Cristo de perto. Os melhores livros que li foram recomendados por ele. Como foi sua indicação para embaixador da ONU? A Pollyana Moreira de Assis, uma servidora da Secretaria de Estado de Políticas para Crianças

(Secria), me indicou para o processo seletivo lançado pela sede da ONU. Os candidatos deveriam ter até 25 anos, nível superior, dominar inglês ou espanhol e ter realizado projetos sociais. De 2012 a 2016, dediquei minhas férias da universidade para fazer palestras sobre violência, drogas, criminalidade e direitos humanos em escolas e universidades do Distrito Federal. Resultado: fui selecionado pela ONU junto com outros 24 jovens de todo o Brasil. Quais são suas atividades como embaixador? Debatemos em encontros como implementar no país os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Considero um privilégio um cristão atuar como protagonista de mudanças sociais. No que consiste seu trabalho com detentos? Estou trabalhando para a Igreja

Adventista na formação de um ministério carcerário no Distrito Federal. Já colaboramos para que 15 mil detentos tenham acesso à TV Novo Tempo nas unidades prisionais e que 150 familiares dos internos sejam apoiados por igrejas adventistas da região. Sua história pode inspirar outros jovens a mudar de vida? Eu gostaria muito de ter outra história para contar. O testemunho mais louvável é daquele que nunca se desviou do caminho certo. Minha história é o exemplo de que não há felicidade longe de Deus, porque todo prazer ilícito é um castelo de areia. Entrar nesse submundo é ser escravo do diabo. Apesar da minha triste trajetória, Deus me fez vencedor. Por isso, pretendo seguir o exemplo de Cristo, servindo as pessoas, independentemente de quem sejam ou de onde estejam.

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Imagens: William de Moraes | Arte: Rafael Rigoli

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APESAR DA POUCA idade, ele tem muita história para contar. Embora fosse de uma família religiosa, aos 11 anos ele se envolveu com o mundo do crime. Mais tarde, quando estava no fundo do poço, a mensagem de um pregador o resgatou. Hoje Jeconias Vieira Lopes Neto, 25 anos, é pastor e, em julho, foi escolhido como um embaixador da juventude da ONU, por ajudar na ressocialização de jovens detentos no Distrito Federal. Jeconias é casado e tem duas filhas. Sua história é de alguém que aproveitou a segunda chance.

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Imagens: William de Moraes | Arte: Rafael Rigoli

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REVISTA ESCOLA ADVENTISTA out-dez 2017 | 9

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Entenda

Texto Fernando Dias e Thadeu de Jesus e Silva Filho

As diferenças políticas en ESQUERDISTAS

MUITO SE FALA sobre a polarização política entre as ideologias de esquerda e de direita. Mas, afinal, o que defendem essas correntes de pensamento? O debate “direita × esquerda” começou na Revolução Francesa, no século 18. Na Assembleia Constituinte de 1789, os favoráveis à manutenção do poder do rei sentaram-se do lado direito do presidente para não se misturarem aos adeptos da revolução. Portanto, naquela época, os que defendiam a causa dos menos favorecidos e esperavam melhor atendimento do Estado passaram a ocupar o lado esquerdo do parlamento, enquanto os que eram favoráveis à manutenção do poder sentaram-se do lado direito. Desde então, direita e esquerda têm sido associadas com algumas pautas de ordem moral e econômica. Conheça algumas.

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c u d e r m E n d r c O t m o O c e s in e d E

se opõem à classe dominante. Defendem o controle estatal da economia, a fim de impedir que alguns se enriqueçam empobrecendo outros. Para eles, o governo pode interferir na vida privada de modo a alcançar o ideal de igualdade. O esquerdista é inconformado e disposto à revolução. Para o pessoal da esquerda, o ser humano só pode ser libertado de condições indignas pela interferência do Estado.

MAIS políticas públicas MAIS saúde e educação

Ilustração: Renan Martin e © macrovector | Fotolia

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Abaixo o capitalismo!

Mais impostos para os ricos — mais proteção para os pobres ________ Designer ________ Editor

PELA REFORMA AGRÁRIA!

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EU SOU

PROGRESSISTA

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as entre esquerda e direita DIREITISTAS

creem na existência de uma ordem moral que deve ser respeitada, pois está acima de qualquer reforma. Defendem uma menor interferência do Estado na economia e na cultura, dando liberdade ao empreendedorismo e ao conteúdo dos currículos escolares. O governo não deve interferir na vida privada, mas precisa preservar os direitos individuais. O direitista conforma-se com a realidade. Para ele, o ser humano deve se libertar de condições indignas por seu próprio esforço, sem depender do assistencialismo do Estado.

O ideal das esquerdas é acabar com as injustiças sociais e emancipar as pessoas da exploração do capitalismo. O objetivo da direita é valorizar o empreendedorismo e a liberdade. No entanto, nenhum dos dois lados representa integralmente os valores bíblicos, que ensinam a dar “a César o que é de César” (Mt 22:21), se sujeitar “às autoridades superiores” (Rm 13:1) e honrar “o rei” (1Pe 2:17), ou seja, não combater o governo e orar pelos governantes, independentemente da orientação ideológica ou partidária deles. Além disso, o dever de promover a justiça social é do indivíduo, e não necessariamente do Estado (Mt 25:34-46; Gl 2:10).

Por causa disso e de setores da esquerda defenderem algumas pautas que confrontam valores bíblicos, como a legalização do aborto e do uso recreativo de drogas, muitos cristãos preferem votar na direita. Mas a direita aceita situações que na Bíblia somos chamados a combater, como o favorecimento das elites (Tg 2:1-7), a cobiça (Êx 20:17) e o acúmulo egoísta de bens (Mt 6:19-21). Portanto, não espere que uma ideologia política resolva todos os problemas sociais e pessoais do mundo. O governo perfeito será o de Cristo (Dn 2:44). Enquanto isso, trate as pessoas como Ele ensinou, sendo um bom cidadão, defendendo a liberdade e combatendo as injustiças.

PELO Estado mínimo

Ilustração: Renan Martin e © macrovector | Fotolia

MAIS SEGURANÇA

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Contra o comunismo!

Menos impostos para todos! ________ Designer

EU SOU

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E AD RD E B LI

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CONSERVADOR ________ C.Qualidade OUT-DEZ

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Interpretação Capa & Reflexão Reportagem

Texto Humberto Rasi Ilustração Rogério Chimello

Perguntas Imagine

CONTRACULTURA

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O dilema de estar no mundo e não ser do mundo

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devemos cuidar para não nos apegarmos a ele de tal forma a rejeitar a Deus. E como é possível isso? Onde traçar a linha divisória entre as exigências da cultura e as do reino de Deus? Uma reflexão sobre princípios bíblicos e o modo como os cristãos trataram desse problema no passado poderá ajudar você a (1) definir alguns conceitos básicos, (2) esboçar respostas fundamentais ao problema e (3) desenvolver uma posição mais alinhada com a Bíblia. CONCEITOS BÁSICOS Para começar, é preciso definir duas palavras: “cultura” e “mundo”. Num sentido amplo, segundo Oliver R. Barclay, cultura pode ser definida como as crenças, os valores e as prioridades de uma comunidade expressos em suas instituições, práticas e manifestações criativas (The Intellect and Beyond, p. 123). Podemos avançar na compreensão, a partir de uma perspectiva bíblica, se voltarmos aos textos que nos informam sobre o mandato cultural dado por Deus aos nossos primeiros pais (Gn 1:26; 2:15). Depois de criar Adão e Eva à Sua imagem e semelhança e conceder-lhes o domínio sobre as coisas e os seres criados, Deus colocou o homem no jardim do Éden para o cultivar e guardar. Esse mandato deu à humanidade o governo da Terra. Governo que inclui não somente poder e domínio, mas o exercício de criatividade e a atitude de preocupação e cuidado pela criação. Vale notar que o verbo “cultivar” corresponde ao latim colere, termo do qual se derivou a palavra “cultura”. Do ponto de vista bíblico, portanto, cultura pode ser compreendida como o resultado da interação criativa e empreendedora da humanidade com o restante da criação.

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A IGREJA ADVENTISTA é uma das denominações mais globalizadas do cristianismo. Organizada há pouco mais de 150 anos, seus mais de 20 milhões de membros estão espalhados por 215 países dos 237 territórios reconhecidos pela ONU. Nesse processo de expansão, evidentemente os adventistas têm se deparado com inúmeros dilemas sobre seu engajamento na cultura, seja no campo das artes, educação, saúde, política, comunicação ou desenvolvimento socioeconômico. De certo modo, os questionamentos com os quais os adventistas se deparam, em maior ou menor grau, têm que ver com as perguntas que muitos cristãos se fazem ou se fizeram. Afinal, devemos nos isolar do mundo ou nos engajar nele (cultura do nosso tempo)? Essa tensão entre rejeição e assimilação da cultura parece que já estava presente naquela que é chamada de a “oração sacerdotal” de Jesus, proferida um pouco antes de Sua morte. “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo como também Eu não sou. Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17:15-18). Uma leitura mais atenta de outros dois trechos escritos pelo apóstolo João também indica essa aparente contradição. O texto de João 3:16 diz que Deus amou o mundo de tal maneira que enviou Jesus para Se sacrificar pela humanidade. Por sua vez, a passagem de 1 João 2:15 nos adverte que não devemos amar o mundo e as coisas mundanas, pois essa postura é incompatível com aqueles que professam servir a Deus. Para conciliar esses três textos, uma mensagem é clara: estamos no mundo, um mundo que Deus ama e no qual temos uma missão. Contudo, não somos do mundo e

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destituído de esperança (Ef 2:12) e cuja sabedoria não passa de loucura (1Co 1:20)? Assim, a Bíblia apresenta uma dupla compreensão acerca do mundo: de um lado, um que evidencia a criação original de Deus e Sua missão de restauração; de outro, um mundo controlado por Satanás, em rebelião contra o Criador, que promove uma vida de independência Dele. Segundo as Escrituras, os cristãos devem viver em harmonia com o primeiro e fugir do segundo. Mais do que isso, vivendo de acordo com o sistema de valores do reino, eles têm uma missão para com o mundo rebelde. Não precisam temer as forças demoníacas que atuam no mundo, porque elas já foram derrotadas na cruz e estão destinadas à aniquilação final (Ml 4:1; Ap 20:7-10).

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Por sua vez, no Novo Testamento, o termo grego cosmos (mundo) é usado para definir os resultados da atividade e criatividade humanas. O termo tem dois sentidos. O primeiro é neutro ou positivo. O mundo é visto como a ordem criada, incluindo a Terra no seu aspecto físico (Mt 24:21), as pessoas que nela vivem (Mt 4:8; Jo 12:19), a esfera da vida humana (1Tm 6:7) e o alvo da missão da igreja (Mt 5:14). Embora afetados pela queda moral de Adão e Eva (Gn 3:1-5), o mundo e seus habitantes são vistos como a criação de Deus. O segundo uso do termo cosmos (mundo) tem conotação negativa. O mundo consiste de agências humanas controladas por Satanás, em rebelião declarada contra Deus. A Terra e seus habitantes são vistos como envolvidos numa luta cósmica entre as forças espirituais comandadas por Jesus e Satanás (Ef 6:12). Nessa batalha pela lealdade da humanidade, o mundo rebelde não reconheceu Jesus como Deus quando Ele veio à Terra (Jo 1:10) e se Lhe opôs durante todo Seu ministério (Jo 16:33). É por isso que João adverte aos que seguem a Cristo a não amar este mundo ou qualquer coisa nele (1Jo 2:15, 16). Tiago acrescenta que a amizade com essa dimensão pecaminosa do mundo é equivalente a odiar a Deus (Tg 4:4). Afinal de contas, por que um cristão deveria amar um mundo (sistema de valores) que é

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TRÊS RESPOSTAS POSSÍVEIS Porém, até que esse fim dramático chegue, como devemos viver? Parte da resposta passa pela compreensão de como cristãos do passado enfrentaram esse problema. O trabalho do teólogo norte-americano H. Richard Niebuhr, no seu clássico livro Cristo e a Cultura (1951), pode nos ajudar a formular três posicionamentos. (1) Oposição e separação. A ideia de que o mundo presente é mau e que os cristãos são “peregrinos e forasteiros” é típica dessa postura (1Pe 2:11). Os que assim pensam, defendem que os cristãos não deviam ter nada a fazer com o mundo. E a história do cristianismo está repleta de exemplos dessa resposta. Os cristãos primitivos rejeitaram a cultura greco-romana, declarando-a idólatra e corrupta. O movimento monástico da Idade Média refletia o desejo de afastamento completo do mundo. Mais recentemente, muitos movimentos sectários protestantes, como os menonitas, anabatistas, quacres e os mileritas (precursores dos adventistas), também adotaram essa postura. Como deveríamos avaliar tal atitude? Aqueles que escolheram esse caminho o fizeram com a crença sincera de que estavam fielmente aplicando o senhorio de Cristo à vida. Sua sinceridade devia ser respeitada, e sua coragem de sofrer perseguição e martírio também deveria ser admirada. O caminho que eles escolheram não foi um “mar de rosas”; porém, o comprometimento total deles com o evangelho e a natureza radical de seu cristianismo frequentemente resultaram em reavivamento e reforma na história da igreja. Contudo, a Bíblia não ordena uma completa separação e isolamento do mundo. Ao mesmo tempo em que nos adverte a não nos identificarmos

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completamente com a cultura do nosso tempo, a Palavra de Deus nos exorta a divulgar o evangelho a um mundo carente. Os cristãos não podem escapar da cultura. Fomos criados para viver em sociedade, e é dentro de uma cultura que vivemos, trabalhamos, adoramos e testemunhamos. Na melhor das hipóteses, aqueles que se isolam do mundo simplesmente desenvolvem uma subcultura diferente. Outro problema é que essa postura enfatiza o pecado como uma influência de contaminação externa, ao passo que a Bíblia ensina que o pecado começa na mente. Além disso, a ênfase excessiva na separação do mundo torna a religião irrelevante e dificulta a comunicação do evangelho. (2) Tensão. Essa resposta reconhece neste mundo evidências tanto da bondade da criação original quanto da maldade do estado humano caído. Logo, o mundo é um espaço de inevitável confronto entre o reino de Cristo e o do diabo. A partir desse ponto de vista de tensão, os cristãos têm assumido três posturas. (a) O cristianismo como superior à cultura. Tal ponto de vista considera a cultura basicamente boa, mas deficiente e, portanto, carecendo de melhoria. Os cristãos deveriam se envolver em todas atividades culturais legítimas, mas viver segundo uma norma mais nobre, motivada pelo amor de Deus. De acordo com essa postura, o intelecto humano só pode alcançar conhecimento e felicidade incompletos; sabedoria superior e verdadeira realização são recebidas somente por meio da fé em Cristo. Temos aqui uma base racional para a cooperação entre cristãos e não cristãos para a melhoria da vida neste planeta, ao mesmo tempo deixando espaço para o caráter distinto do evangelho. Religiosos que abraçaram essa postura tiveram uma influência positiva sobre as artes, a educação, o governo e as ciências. Contudo, essa postura não atenta para o fato de que o mal está presente em todo o empreendimento humano, e que, ao engajar-se na cultura, os cristãos correm o risco de ocupar-se tanto com o desenvolvimento da sociedade a ponto de esquecer-se da proclamação do reino de Deus e do preparo para o estabelecimento final dele. (b) O cristianismo em justaposição com a cultura. Essa posição dualista reconhece que o resultado da atividade humana neste mundo é geralmente mau, mas necessário. Há um conflito inevitável entre a justiça de Deus e a pecaminosidade humana. A razão é manchada com o egoísmo, e a cultura é infectada com a impiedade. Embora conscientes dessa situação, os cristãos não podem escapar dela.

O apóstolo Paulo viu que os esforços da sociedade no aspecto moral tendem mais a impedir que o mal se torne destrutivo em vez de prover um bem positivo (Rm 13:4). De igual modo, Martinho Lutero (1483-1546) entendia a vida do cristão neste planeta como trágica e prazerosa ao mesmo tempo, um dilema sem resolução nesta existência. Todavia, os dualistas cristãos têm de confrontar a tensão entre os ideais divinos e a realidade humana, entre graça e pecado. Assim, aos religiosos se envolverem no mundo, fazem isso sem ilusões. Enfatizam a conversão individual e, como Paulo, veem as instituições sociais como meros freios à anarquia, e não como forças construtivas que provêm plena liberdade e justiça. (c) O cristianismo como transformador da cultura. Tal posicionamento enxerga a cultura como pecaminosa, mas com possibilidade de ser redimida. Para os defensores desse ponto de vista, o mundo presente ainda reflete a criação de Deus, embora imperfeitamente. Eles enfatizam mais o fato de que a cultura representa as coisas boas que foram pervertidas do que uma maldade essencial. Por isso, os cristãos deveriam transformar a cultura, não descartá-la, ajudando assim a redirecionar o mundo para a glória de Deus. Pensadores e líderes cristãos como Agostinho (354-430) e João Calvino (1509-1564) são representantes desse ponto de vista cheio de esperança. O envolvimento dos cristãos nos “negócios

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do mundo” – comércio, educação, saúde e ciência, por exemplo – tem resultado em melhoria admirável de várias sociedades. No entanto, a própria natureza da participação sociopolítica requer duas precauções do cristão. Primeiro, com o tempo, a participação social pode facilmente enfraquecer o ímpeto de pregação do evangelho. Segundo, há a suposição de que a solução final dos desafios humanos está na mudança das estruturas sociais e não no ensino bíblico de que Deus vai intervir e estabelecer Seu reino eterno. (3) Assimilação. Essa posição assume que a cultura é essencialmente boa. Enfatiza as evidências da presença e atividade de Deus na história e na cultura, e argumenta que, ao longo do tempo, o cristianismo tem mostrado íntima ligação com diversos contextos ideológicos e históricos, como o catolicismo medieval, o capitalismo no período do Iluminismo ou mesmo o socialismo cristão. Ao ressaltar a cooperação e comunicação que existe entre cristianismo e cultura, essa abordagem favorece que o evangelho seja interpretado, compreendido e diluído em diferentes moldes culturais. O problema é que, nesse processo, a tendência é que

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a essência do evangelho seja sacrificada e Cristo seja enxergado como um grande mestre moral, mas não como Senhor da vida e único Salvador do mundo. Assim, o cristianismo se torna mera filantropia ou humanitarismo, postura que ofusca a clara distinção que a Bíblia faz entre os reinos de Deus e de Satanás e acaba apoiando a ideia equivocada de que toda a humanidade será salva, independentemente de sua escolha (universalismo). POSICIONAMENTO ADVENTISTA Qual das abordagens apresentadas acima seria mais coerente com a mensagem bíblica e a postura adotada pelos adventistas nos últimos 150 anos? Na minha visão, essa resposta precisa reunir duas características básicas: ser coerente com a revelação bíblica e aplicável aos inúmeros contextos em que os adventistas vivem. Proponho, junto com John M. Fowler, que tal postura inclua pelo menos três princípios: (1) Considere a narrativa do grande conflito. Essa narrativa abarcante é o quadro no qual os adventistas enxergam a história da salvação. E ela consiste basicamente de sete grandes elementos: (a) a afirmação da existência de Deus como um ser pessoal; (b) a criação de um Universo e planeta perfeitos, onde foram colocados nossos primeiros pais; (c) a existência e atuação de Satanás, o anjo Lúcifer que se revoltou contra Deus e foi expulso do Céu com seus seguidores; (d) a queda moral de Adão e Eva e suas destrutivas implicações para toda a humanidade; (e) a redenção oferecida por Jesus por meio de Sua morte, ressureição e intercessão no Céu; (f) a segunda vinda de Cristo à Terra para conceder imortalidade aos que viveram para Ele; e (g) o juízo final contra os rebeldes, que serão eliminados para sempre junto com o mal, a fim de que o estado original da Terra e a estabilidade do Universo sejam restauradas. Perceber a existência desse grande conflito pode nos levar a duas visões conflitantes sobre o caráter de Deus: enxergá-Lo como amoroso e justo ou autoritário e injusto. É essa guerra a respeito de quem é Deus, se Suas leis são justas e se somos livres, que se trava dentro e fora de nós. (2) Procure um engajamento crítico com a cultura. Para fazer isso é preciso equilibrar quatro perspectivas bíblicas em relação ao mundo: (a) separação de tudo o que é abertamente contrário à vontade revelada de Deus (1Pe 2:9; 1Ts 5:22; Mt 6:24; 12:30); (b) utilização de todos os aspectos aceitáveis da cultura para efetivar a grande comissão de pregar o evangelho a toda criatura (Mt 28:18-20; 1Co 9:22, 23; At 17:19-34); (c) transformação dos indivíduos como

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prioridade para a mudança social e investimento no ensino, cura e desenvolvimento socioeconômico como atividades complementares na transformação da humanidade (Mt 6:10; 1Co 10:31; Cl 3:17); e (d) contribuição à cultura mediante ações que beneficiem a humanidade e promovam a vida. Jesus inaugurou Seu ministério na Terra enfatizando as dimensões espirituais e sociais de Sua missão (Lc 4:18, 19). E, ao longo da história, especialmente ocidental, a cultura tem sido enriquecida pelas contribuições de artistas, filantropos, legisladores, missionários, cientistas e outros profissionais cristãos. Não tem como negar, por exemplo, a influência dos cristãos na defesa da liberdade religiosa e no desenvolvimento da ciência moderna, na facilitação do acesso à educação aos menos favorecidos, na luta contra a escravatura e na produção de obras de arte de grande qualidade. (3) Estudo da Bíblia, oração e conselho. Em nosso envolvimento inevitável com o mundo, devemos buscar sabedoria do Espírito Santo. Juntamente com outros cristãos, também precisamos indagar como o conselho da Bíblia se aplica à nossa relação com a cultura hoje. E, caso seja necessário, não precisamos temer assumir uma postura contracultural. A função do Espírito seria nos ajudar em nossas escolhas (Jo 16:13), sejam elas relacionadas à profissão, lazer, uso do dinheiro ou exercício da cidadania. Deus espera que façamos Sua vontade onde estamos. O evangelho de Marcos (5:1-20) relata que depois de libertar um endemoninhado das garras do mal, Jesus e Seus discípulos estavam se preparando para ir ao outro lado do lago. O homem que agora estava livre queria se juntar ao grupo e seguir o Mestre também. Porém, Cristo disse que ele deveria voltar para sua casa, sua própria cultura, a fim de compartilhar as boas-novas do que tinha experimentado. O conselho de Jesus continua ainda valendo: seja um discípulo onde você se encontra e testifique das maravilhas do reino de Deus num mundo em convulsão. Como Niebuhr observou: “A crença Nele [em Cristo] e a lealdade à Sua causa envolvem homens no duplo movimento do mundo para Deus e de Deus para o mundo. [...] os cristãos [...] estão sempre sendo desafiados a abandonar todas as coisas por amor a Deus; e estão sempre sendo enviados de volta ao mundo para ensinar e praticar todas as coisas que lhe têm sido ordenadas” (H. Richard Niebuhr, Cristo e Cultura, Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 51).

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*Essa matéria foi originalmente publicada na revista Diálogo Universitário, disponível em: dialogue.adventist.org/pt.

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Educação

Texto Rebbeca Ricarte Ilustração Alexandre Gabriel

Conheça quatro princípios que são lições para a vida

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HISTÓRIAS DE VALOR

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para os moradores de uma comunidade carente que vive perto do caminho que ela percorre até a escola. Miguel tem 16 anos e passou por seis cirurgias nos últimos dois anos. Internado em estado grave, o jovem recebe uma notícia: será operado às pressas, pois acabou de receber a doação de um fígado. Um mês após o transplante, já restabelecido, ele descobriu quem foi o doador do órgão: Maurício, 32 anos, advogado, casado, pai de gêmeas, que sofreu um acidente fatal. Miguel comprou flores e foi com os pais encontrar a família enlutada. Quatro histórias. Quatro inícios. Quatro desfechos. Mais do que isso: quatro valores em jogo. Esses relatos e personagens são fictícios, mas representam a essência transformadora da liberdade, alegria, solidariedade e gratidão. As histórias a seguir, porém, falam desses mesmos princípios, só que possuem personagens, enredo e locações reais. Todas elas foram vivenciadas neste ano na rede educacional adventista, que escolheu quatro valores como ênfases do seu Plano Mestre de Desenvolvimento Espiritual (PMDE). Vamos a elas.

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UM ESTUDANTE DE engenharia elétrica foi condenado a seis anos de prisão após um incidente envolvendo drogas. Após quatro anos na cadeia, a Justiça reviu o caso, descobriu um mal-entendido e encontrou o verdadeiro culpado. O réu recebeu imediatamente a notificação de soltura. Lucas tem 17 anos e uma origem humilde. Ele nunca conheceu seu pai e sempre viu a mãe se desdobrar em dois empregos para garantir aos três filhos o mínimo para viver. Embora tivesse motivos de sobra para ser triste, Lucas encontrou uma companhia quando, aos 11 anos de idade, conheceu a biblioteca municipal da sua cidade. Desde então, ele criou o hábito de passar as tardes por lá, e fez dos livros seus melhores amigos. Lucas tinha o grande sonho de ser médico e, hoje, recebeu a notícia de que foi aprovado em um dos vestibulares mais concorridos do país. Camila é filha única, e todos os anos seus pais comemoram seu aniversário com um bom presente. Ela está prestes a completar 15 anos e pediu a eles que, em vez da tradicional festa, preparem uma ceia

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AFINAL, O QUE É LIBERDADE? “Liberdade não é uma coisa, é uma Pessoa, Jesus!” A conclusão é de Carlos Martins, capelão do Colégio Adventista de Sorocaba, no interior de São Paulo. Ele lembra que Deus criou Adão e Eva, os primeiros seres humanos, livres para fazer escolhas. Infelizmente, o casal decidiu desobedecer a Deus e perdeu a liberdade. A partir de então todo ser humano nasce escravizado pelo pecado e suas consequências são: doença, sofrimento e morte. Deus, no entanto, oferece novamente a liberdade. Cristo, Deus feito homem sem mácula, morreu na cruz para nos possibilitar a libertação do pecado e da morte. “Somos libertos em Cristo, desde que O aceitemos”, resume Martins. Liberdade não é necessariamente fazer tudo o que se deseja, mas não ser condicionado a ter atitudes irresponsáveis e que impedem a realização plena.

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A TURMA DO RISO É inevitável: uma boa risada contagia! Os alunos do Colégio Adventista de Assunção, no Paraguai, usam o riso para conquistar novos amigos. A ideia é original. A escola tem muitos alunos estrangeiros, principalmente brasileiros e descendentes de famílias japonesas, que chegam ao país sem conhecer ninguém e demoram para se enturmar. Para integrá-los, a turma do riso entra em ação. A estratégia é se unirem três alunos veteranos. Na hora dos esportes, o primeiro oferece uma bola ao novato para que joguem juntos. Como ainda não são amigos, o novo aluno frequentemente dispensa o convite. Se mesmo assim ele permanece por perto observando, então os três vão juntos e lhe propõem um desafio: “Se fizermos você rir, você joga conosco?” A aluna Leila Aguilera conta o passo seguinte: “Fizemos uma sequência de mímicas que acabaram em risos, nossos e do novo colega, que começou a se enturmar com a gente.”

SOLIDARIEDADE: O ATO DE COMPARTILHAR Assim como a liberdade e a alegria, a solidariedade é um valor que muda nossa vida e a das pessoas que nos cercam. Porém, praticá-la é entrar num barco que precisa remar contra a correnteza. E, apesar de haver certa preocupação de governos e agências humanitárias para viabilizar a melhoria de vida de milhões de pessoas, as iniciativas pessoais e locais são as mais significativas.

Rir é o melhor remédio

“O coração alegre embeleza o rosto” (Pv 15:13). A máxima bíblica é comprovada pela ciência. Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA), rir fortalece o sistema imunológico, combate o estresse e elimina as rugas. Nessa pesquisa científica foram observados dois grupos de vítimas de ataques cardíacos sob cuidados médicos. Um dos grupos assistia diariamente a vídeos de humor durante 20 minutos. O outro não. Após um ano, quem recebia a dose diária de humor apresentou uma queda média de 66% dos níveis de proteína C-reativa, um marcador de inflamação e de risco de problemas cardiovasculares. No grupo dos que não viam os vídeos, a queda foi de apenas 26%. Conclusão: as pessoas que riram mais tiveram maior redução dos riscos cardíacos.

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Liberdade com responsabilidade

Ana Clara Lollobrígida aprendeu na prática essa definição. A adolescente de 16 anos sonhava com a liberdade, a ponto de convencer os pais a matriculá-la num internato adventista, o Unasp, campus Hortolândia (SP). O que Ana Clara não esperava era ter que cumprir regras de convivência e horários rígidos. A adolescente ressalta as responsabilidades que teve que assumir por conta dessa nova rotina: “Aqui, se quero o quarto limpo, preciso limpá-lo.” Ela também revela que, mesmo sem a cobrança presencial dos pais, estuda mais do que em casa. Segundo Ana Clara, a liberdade ensina que a conquista depende da iniciativa. “Aprendi a buscar a Deus porque preciso Dele, e não porque me obrigam”, compartilha outra lição aprendida.

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Sete horas de uma manhã de inverno em La Paz, Bolívia. O termômetro marcava 5°C, e os alunos do 3o ano do Ensino Médio chegaram agasalhados à escola. Rapidamente eles se dividiram em grupos e distribuíram as atividades. Um grupo de meninas se dirigiu à cozinha, outros foram à sala dos instrumentos musicais, e alguns prepararam pacotes e cartazes. Pontualmente às 8 horas todos saíram da escola. O destino não era distante: a cinco quadras estava um dos hospitais mais importantes do país, um dos poucos que atendem pessoas sem plano de saúde (na Bolívia não existe um sistema de saúde pública amplo). Os estudantes chegaram ao local com cartazes, cestos grandes e os instrumentos musicais. Chamaram a atenção por estarem uniformizados e alegres numa manhã fria em um hospital lotado. Após ter visitado cada um dos setores do hospital levando alimentos e música, Uriel Castillo não conteve a emoção: “Conversei com pessoas que estão aqui solitárias, e elas descobriram Cristo por meio de nosso carinho.” Para ele, solidariedade não é simplesmente ajudar, “é olhar para o próximo e enxergar no outro alguém que precisa das mesmas coisas que eu e as merece”.

GRATIDÃO EM TODO O TEMPO “Pessoas que entendem e vivem a verdadeira liberdade são as que desfrutam as alegrias da vida e, entendendo o sentido da felicidade, a compartilham por meio da solidariedade. Quando quem doa e quem recebe entendem isso, surge um novo sentimento: a gratidão, que completa o ciclo.” Assim o pastor Jael Eneas, diretor-geral espiritual adjunto do Unasp, resume o último valor enfatizado pela rede educacional adventista neste ano: a gratidão. Mas, por que ser grato é importante? Segundo o dicionário, gratidão é “reconhecimento”. A gratidão genuína, no entanto, não se restringe ao que se esperava receber. A Bíblia indica que tudo é motivo para ser grato “porque esta é a vontade de Deus em Cristo” (1Ts 5:18).

Uma boa ação leva a outra

Imagine um pedreiro trabalhando em uma obra. Passa um menino de esqueite e tropeça nas pedras. O pedreiro para e ajuda o garoto a se levantar. O menino agradece e segue seu caminho. Na hora de atravessar a rua, o esqueitista vê uma senhora cheia de sacolas e se oferece para ajudar na travessia. Eles cruzam a rua, ela agradece, e cada um toma um novo rumo. Aquela mulher embarca no ônibus e, ao perceber que a moça à frente está sem o dinheiro suficiente para a passagem, lhe dá as moedas que faltam. A jovem, agradecida, pode seguir viagem. Ao descer do ônibus, ela percebe que o rapaz que desembarcou primeiro esqueceu o telefone celular no banco do veículo. A moça corre até alcançá-lo e lhe entrega o aparelho, deixando o jovem extremamente agradecido. No meio do caminho, esse rapaz compra um lanche e percebe que um senhor pede comida na esquina. Ele compra um lanche e leva até lá, o que deixa o mendigo extremamente feliz. Esse, por sua vez, pega sua trouxinha de roupa e sai caminhando pelo bairro, até que vê uma menina e lhe avisa que a mochila dela está aberta. Ela agradece e segue seu caminho até a floricultura, onde compra flores para a mãe dela. No caminho para casa, encontra uma vendedora ambulante de água mineral exausta após um dia de trabalho. A menina rapidamente tira uma flor do buquê e dá para a senhora, que fica maravilhada com o gesto. Ainda sorrindo pelo presente da garota, a mulher decide pegar uma garrafinha de água mineral que sobrou e a oferece a um pedreiro que trabalha ao lado de sua casa. Esse roteiro saiu da mente de crianças de 12 anos de idade, alunas da Escola Adventista de Canelones, próxima a Montevidéu, no Uruguai. A história relata como boas ações retornam a quem teve a iniciativa de praticá-las.

Você sabia?

O Plano Mestre de Desenvolvimento Espiritual (PMDE) nasceu como projeto-piloto em 2016 em algumas escolas adventistas brasileiras. Só que neste ano o programa foi adotado por toda a rede educacional adventista na América do Sul. Na prática, isso significa que anualmente quatro valores serão trabalhados em sala de aula e em projetos extraclasse. Em 2017, os temas bimestrais foram liberdade, alegria, solidariedade e gratidão. Você pode ter mais informações sobre a proposta do programa no site educacaoadventista.com/pmde e conhecer outras histórias interessantes procurando nas redes sociais pela hashtag #PMDE. out-dez

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Ao outro que é igual a mim

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Textos Fernando Dias

Básica

O MUNDO DOS MORTOS

Imagem © fergregory | Fotolia

De acordo com a Bíblia, alma morre

Enquanto escrevo estas palavras, estou chocado com a notícia da morte repentina de um colega de trabalho de meia-idade. Ele andava a poucos metros da minha sala, quando teve um mal súbito e veio a falecer poucas horas depois. Infelizmente, o que a esposa e as três filhas dele estão sentindo agora, todos vamos sentir algum dia, se é que já não passamos pela mesma experiência. Mas a realidade da morte suscita inúmeras perguntas: será que os mortos têm consciência? Eles continuam a “viver” em espírito numa outra dimensão? A Bíblia tem as respostas. Quando Deus criou o ser humano, fez primeiro o corpo inerte e insuflou nele “o fôlego de vida”, tornando-se assim uma unidade que na Bíblia é chamada de “alma vivente” (Gn 2:7). Logo, ao contrário do que muita gente pensa, pessoas não têm alma, pessoas são almas. Por ocasião da morte, essa unidade é desfeita: o corpo desintegra-se e a centelha da existência, que mantém as funções vitais, retorna para Deus, o doador da vida (Ec 12:7). Mesmo sabendo que a “alma” é desfeita com a morte, será que algo da pessoa continua a existir conscientemente além do cadáver inerte? Não, segundo a Bíblia (Jó 14:10-14). Um morto não tem consciência de nada (Sl 146:4), não sofre (Jó 3:17), não tem memória, não expressa sentimentos (Ec 9:5, 6) nem adora a Deus (Sl 6:5; 115:17). Assim, não pode acompanhar o que acontece com quem ficou vivo (Jó 14:21). As pessoas boas que morreram não foram para o Céu? Não (ver At 2:34), pelo menos não ainda. Quando Cristo vier pela segunda vez, trará de volta os mortos à vida (Jó 19:25, 26; Sl 17:15; Is 26:19; Dn 12:2; Os 6:2; 13:14; Lc 14:14; 20:37, 38; Jo 5:28, 29; At 24:15; Rm 4:17; 1Co 6:14; 15:12-57; 2Co 4:14; Ap 20:4, 5). Por isso, na Bíblia a morte é comparada ao sono, um estado transitório de inconsciência (Jo 11:11-14). Felizmente, Jesus Cristo vai fazer tocar um potente despertador, Sua trombeta, e os mortos vão acordar para a vida (1Ts 4:16). Ao ver as pessoas indo ao cemitério no Dia de Finados, lembre-se de que em breve os que morreram em Cristo “ressuscitarão para a vida eterna” (Jo 3:16: Dn 12:2)..

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Curiosa

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EM QUE LÍNGUAS A BÍBLIA FOI ESCRITA? A Bíblia é a Palavra de Deus registrada na linguagem humana. Com 66 livros, ela começou a ser escrita há 3,5 mil anos e foi concluída há quase 2 mil. Mais de 40 homens e mulheres contribuíram com textos inspirados pelo Espírito Santo para compor essa coleção de livros. Eles escreveram na África, Ásia e Europa, em três diferentes idiomas que vamos conhecer um pouco. Hebraico: língua semita derivada do acádio, é o idioma

oficial do Estado de Israel. Escrito da direita para a esquerda, tem um alfabeto próprio com 22 consoantes, algumas pronunciadas com a garganta. Suas 14 vogais não são letras, mas acentos. É uma língua que mudou bem pouco com o tempo. Uma palavra hebraica é shalom, que significa “paz”. Aramaico: muito parecido com o hebraico. Deixou extensa literatura e é falado hoje em alguns vilarejos da Síria e do Irã. Os poucos textos do Antigo

Testamento escritos em aramaico (Ed 4:8 – 6:18; 7:12-26; Jr 10:11 e Dn 2:4b – 7:28) estão grafados com o alfabeto hebraico, e não com as letras aramaicas. Várias palavras do Novo Testamento estão nesse idioma, o que evidencia que Cristo e os apóstolos o falavam. Uma palavra aramaica é maranata, “nosso Senhor vem!” Grego: do mesmo tronco linguístico que o português, possui 24 letras. Língua de grandes clássicos da literatura,

A d b b r C c E p

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C u n to C q

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é ainda falada na Grécia. O Novo Testamento foi todo escrito no grego coiné, uma variante popular do idioma. Jesus provavelmente falava o grego, pois Ele conversou com pessoas que se comunicavam nesse idioma (Mc 7:26; Jo 12:20-23). Uma palavra grega é ágape, “amor”.

O g á p b

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M n q r ta a e s d

Como vimos, a Bíblia foi escrita em idiomas antigos que ainda existem e que deixaram muitos registros, permitindo o resgate do significado preciso de sua mensagem inspirada.

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DE PROTESTANTE A TRIUNFANTE Protestante

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BEBIDAS ALCOÓLICAS A revista Adventist World de junho publicou a história de uma família que cruzava de carro a fronteira entre dois países. O policial da alfândega perguntou se traziam bebidas no veículo. O pai respondeu com segurança: “Não, nós não bebemos.” No banco de trás, a filha dele de quatro anos, que tomava uma mamadeira com água, retrucou: “Mas nós bebemos sim!” Claro que todos nós ingerimos líquidos, mas esse hábito vai além de questões como saúde e sobrevivência. Ele tem que ver com moralidade e espiritualidade. Enquanto em certas religiões a ingestão de álcool faz parte do culto, em outras prega-se a abstinência de bebidas. Conheça algumas posições.

Sim

Católicos não vêm problema em consumir bebidas alcoólicas. O vinho é, inclusive, um componente da missa, embora só o sacerdote o beba. Luteranos e anglicanos também usam o vinho na Santa Ceia, com a diferença de que todos os fiéis o tomam na cerimônia. As testemunhas de Jeová e os membros da Congregação Cristã no Brasil estão também liberados para consumir bebidas alcoólicas, desde que evitem a embriaguez.

Não

Os membros de igrejas como Adventista do Sétimo Dia, Assembleia de Deus, Congregacional e dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) optam por nunca ingerir álcool. Eles usam suco de uva não fermentado na Santa Ceia, costumam apoiar programas de recuperação de alcoólatras e disciplinam seus irmãos de fé que bebem álcool. Os muçulmanos também proíbem o consumo de bebidas.

Depende

Muitas igrejas cristãs veem o alcoolismo como um grande mal, mas não são unânimes quanto à proibição. Há comunidades metodistas, presbiterianas e batistas que restringem o consumo e outras que o permitem. Quando há permissão, a recomendação é que se evite a embriaguez e se use somente as bebidas fermentadas, que têm menor teor alcoólico do que as destiladas. Tendo em vista que, apesar de legalizadas no Brasil, as bebidas alcoólicas são drogas psicoativas de efeito depressor, o melhor mesmo é a abstenção total. Na Bíblia, o cuidado com a saúde tem que ver com submissão a Deus (1Co 10:31). Além disso, consumo de álcool e sensibilidade à direção do Espírito parecem não combinar (Ef 5:18).

É o cristão que segue o legado espiritual da Reforma. Movimento religioso que teve seu marco histórico em 31 de outubro de 1517, há 500 anos, quando o padre e professor de Teologia Martinho Lutero afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg, na Alemanha, um cartaz com 95 razões pelas quais não se devia comprar o perdão dos pecados, mas confiar na salvação gratuita acessível somente pela fé em Jesus. A repercussão dos argumentos de Lutero levou a igreja medieval à

Divisão Uma das quatro operações matemáticas básicas, junto com a adição, subtração e multiplicação. A divisão é inversa à multiplicação. Os elementos dessa operação são o dividendo, o divisor, o resultado e o

Resto Sinônimo da palavra “remanescente” e “restante”. No Apocalipse, a expressão se refere àqueles que, ao longo da história, foram perseguidos e marginalizados por causa de sua fidelidade à Palavra (Ap 1:9). O remanescente final é identificado pela obediência aos mandamentos de Deus, a fé em Cristo e a manifestação do dom de profecia (Ap 12:17; 14:12; 19:10). Quando Cristo vier, esses fiéis remanescentes farão parte da igreja

Triunfante O termo é diferente de triunfense, o natural das cidades gaúcha, paraibana, pernambucana, baiana, paranaense e potiguar com o nome Triunfo. Aquele que pratica os ideais bíblicos da Reforma Protestante e evita causar divisão desnecessária, pertencerá ao remanescente (resto), grupo sobrevivente que participará da vitória triunfante de Cristo sobre o mal, quando Ele voltar à Terra.

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Fonte: Samuele Bacchiocchi, Wine in the Bible (Biblical Perspectives, 1989) out-dez

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Tudo ligado

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Imagine

Texto Jessica Manfrim Infográfico Flávio Oak Ilustração Lívia Haydée

... se nosso país ainda fosse uma monarquia EM MEIO ÀS denúncias de corrupção, delações premiadas e foros privilegiados, os brasileiros estão se questionando se a democracia, exatamente como funciona em nosso país, é a melhor forma de governo. Por isso, há aqueles que pedem a saída do presidente e outros que dizem ter saudade da ditadura militar. Mas o Brasil teria “ordem e progresso” com outro tipo de governo, como a monarquia, por exemplo? De 7 de setembro de 1822 a 15 de novembro de 1889, nosso país foi uma monarquia constitucional. Com base na análise desse período, como estaria o Brasil se não tivesse ocorrido a Proclamação da República?

VOSSA EXCELÊNCIA Enganam-se os que pensam que numa monarquia não existem instituições como o Senado e a Câmara. Com o fim dos governos absolutistas na virada do século 18 para o 19, as monarquias que centravam o poder na figura do rei passaram a ser regidas por constituições que dividiam os poderes entre o monarca e o parlamento.

1 No Brasil imperial, as vagas para essas duas casas legislativas eram disputadas via eleições indiretas

Senador eleito

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2 Os votantes de cada província escolhiam os eleitores

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Províncias

No Senado, as vagas eram preenchidas por candidatos selecionados pelo imperador a partir de uma lista tríplice formada pelos candidatos mais votados pelos eleitores.

Os eleitores escolhiam os deputados e os candidatos a senador

Deputado eleito

Possivelmente, nada disso mudaria se o regime republicano não tivesse sido implementado. Naquela época, as duas casas não se entendiam, porque o Senado era mais conservador e a Câmara, mais liberal. Projetos que beneficiavam a maior parte da população demoravam muito para ser aprovados. Qualquer semelhança com hoje é mera coincidência... 24 |

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*Para participar das eleições ou candidatar-se a um cargo eletivo era necessário comprovar renda mínima (voto censitário).

DISTINTOS E PRIVILEGIADOS

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Apesar de a Constituição de 1824 prever o fim dos privilégios e valorizar o mérito, na prática, as regalias ganharam outros nomes. Senadores e deputados, por exemplo, não podiam ser presos enquanto estivessem no cargo. Caso fossem a julgamento, cabia à Câmara ou ao Senado dizer se eles seriam afastados das funções. Os parlamentares tinham as despesas de transporte pagas pelos cofres públicos e trabalhavam somente quatro meses por ano. As vantagens deles eram maiores do que as da nobreza brasileira: os títulos de barão, visconde, conde, marquês ou duque representavam apenas status social e o reconhecimento do imperador por serviços prestados ao Estado ou à humanidade. Os nobres não tinham mais dinheiro ou terras dados pelo governo, nem isenção de impostos e foro privilegiado. Mas tudo tem exceção em terras tupiniquins: Dom Pedro I agraciou com títulos de nobreza vários de seus ministros e senadores, além de oferecer-lhes terras e dinheiro.

E o e a M a p ç v n

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Em uma monarquia absolutista, o rei detinha todos os poderes: ele legislava, julgava e executava as leis. Alguns pensadores, como Montesquieu, no século 18, viam o acúmulo de poder como fonte dos problemas políticos e da corrupção e argumentavam a favor da divisão de poderes, o que aconteceu nas monarquias constitucionais.

A Constituição de 1824 previa a existência de quatro poderes:

2 Legislativo Era responsabilidade dos senadores e deputados

4 Judicial Era atribuído aos juízes

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3 Executivo Era exercido pelo imperador com o apoio dos ministros

Moderador Era exercido apenas pelo imperador e servia para fiscalizar e regular os outros poderes

Se a monarquia continuasse no Brasil, seria difícil pensar num quadro menos corrupto tendo um imperador que pode destituir ministros, dissolver a câmara, nomear senadores, convocar novas eleições e afastar juízes. Nos 67 anos de monarquia constitucional, não tivemos nenhum primeiro-ministro, apenas presidente do Conselho de Ministros, o que acabou emperrando a governabilidade do país. Dom Pedro I usou bastante seus privilégios de imperador para favorecer seus aliados e amigos, enquanto Dom Pedro II teve uma gestão mais responsável. Resultado: a corrupção do governo dependeria em grande medida do perfil do herdeiro do trono.

Fontes: Imperador Cidadão (Unesp, 2012), de Roderick Barman; O Pacto Imperial (Globo, 2005), de Miriam Dolhnikoff; verbete “eleições”, em Dicionário do Brasil Imperial (Objetiva, 2002), de Ronaldo Vainfas (org); “Oito lições de combate à corrupção que a Dinamarca pode dar ao Brasil”, artigo de Flávia Milhorance no site da BBC Brasil (disponível em http://bbc. in/23sQsy4); “O segredo da Suécia para combater a corrupção”, entrevista de Gunnar Stetler concedida para Claudia Wallin (disponível em http://bit.ly/2v5WKKF); “10 ideias para combater a corrupção”, artigo de André Gonçalves e Euclides Lucas Garcia no jornal A Gazeta do Povo (disponível em http://bit.ly/2v5TYVR). out-dez

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ADEUS, CORRUPÇÃO?

O plebiscito de 1993 foi convocado para decidir se o Brasil mudaria sua forma e sistema de governo. Nesse ano, o país vivia as consequências políticas e econômicas do impeachment do presidente Fernando Collor: a inflação chegou a 2.500%, fazendo com que a remarcação de preços no supermercado fosse diária. Como você sabe, nosso modelo de governo de república (66,26%) presidencialista (55,67%) foi confirmado naquela ocasião com a maioria dos votos. Apesar de as urnas terem mostrado que os brasileiros ainda acreditavam na democracia, é inegável que temos muito ainda o que avançar. E podemos aprender muito sobre o uso do bem público, olhando para os mecanismos implementados pelos países menos corruptos do mundo, como a Dinamarca e a Suécia. Lá existe livre acesso aos dados e documentos oficiais, menos privilégios para políticos, uma ouvidoria parlamentar para receber denúncias e reclamações e foram reduzidos os cargos públicos por indicação. Além disso, investiuse no aumento da escolaridade da população, na redução das desigualdades sociais e na punição exemplar de corruptos. Talvez, tão importante quanto refletir sobre o melhor modelo de governo para o país, seja fazer uma autocrítica em relação a um dos principais traços culturais do nosso povo, que revela o melhor e o pior de nós: o “jeitinho brasileiro”.

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Ação Mude seu mundo

Texto Isadora Schmitt

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Lição de vida Aprenda

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VITÓRIA CONTRA O

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Ex-usuário de drogas cria projeto que resgata dependentes químicos e moradores de rua

WILLIAM SANTOS, 37 anos, mora no bairro Jardim Casa Grande, em Diadema, região metropolitana de São Paulo. Além de já ter usado todos os tipos de drogas, ele sobreviveu por dois anos nas ruas e hoje está construindo uma história de superação. Atualmente trabalha como técnico em manutenção e simultaneamente ajuda pessoas a sair das ruas e do vício que tanto o escravizou. Apesar de ter crescido num lar cristão, aos 12 anos William passou a frequentar precocemente rodas de samba e casas noturnas, onde teve contato com o álcool. Aos 20 anos já usava cocaína, conheceu o tráfico de drogas e passou a consumir crack. Precisando de dinheiro para sustentar o vício, ele começou a realizar pequenos furtos em casa, o que incomodava a família. Em 2012, aos 33 anos, foi batizado na Igreja Adventista, mas dois anos depois deixou sua comunidade de fé, afundou-se ainda mais nas drogas e voltou a vender entorpecentes. Pelo fato de seu consumo ser alto, William foi expulso do local em que traficava. Chegou a se envolver com agenciamento de prostituição feminina, mas pela gravidade do seu vício, também não se adaptou e foi retirado da função pelas pessoas que “trabalhavam” com ele. Por não ter renda, seu consumo excessivo o deixou sem alternativa: teve que sair da casa da mãe. “Fui morar numa espécie de ‘cracolândia’ perto da minha casa em Diadema. Passei por momentos terríveis e, por meio da pregação de um pastor evangélico que visitou aquele local, passei a refletir nos ensinamentos que eu havia aprendido”, conta. Foi quando William decidiu sair das ruas, recomeçar e fazer algo por aqueles que enfrentam o que ele passou.

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Foto: Thiago Spalato

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VOLUNTÁRIOS William ressalta que a maioria dos voluntários do projeto é jovem, o que na visão dele é positivo porque esse grupo tem energia e disponibilidade para dedicar à causa. Lucas Santos, de 15 anos, por exemplo, ajuda na preparação dos alimentos. “Desde que comecei a ajudar, passei a ver os usuários e moradores de rua de uma forma diferente. Comecei a encará-los com mais amor e carinho. Não mais sou mais aquele que passa por eles, olha de lado e os acha estranhos”, afirma.

William Santos costuma voltar para a “cracolândia” onde ele viveu e usou drogas por dois anos em Diadema (SP). Agora, ele tem o apoio de 250 voluntários para ajudar quem ainda está preso ao vício

O consumo de drogas é um problema global de saúde pública

250 milhões

de pessoas usam drogas

29,5 milhões

são dependentes químicos

190 mil

mortes precoces por ano estão relacionadas ao consumo de drogas

Fonte: relatório anual da ONU sobre o consumo de drogas (2017)

O projeto tem voluntários adventistas, cristãos de outras denominações e pessoas sem religião. “Muitas vezes acabamos pregando para essas pessoas que nos ajudam. A nutricionista que nos auxilia com o cardápio é uma delas. Ela e a filha aceitaram Cristo como Salvador e foram batizadas”, exemplifica William. A perseverança desses voluntários faz toda a diferença para pessoas como Vagner Conceição e Giseli dos Santos. O casal não mora na rua, mas recebe sistematicamente doação de comida e roupa. Eles esperam uma vaga para a internação e tratamento do vício. De acordo com Giseli, a empatia de gente como o William os ajuda a prosseguir. Em lágrimas, ela disse que espera encontrar libertação do vício com o apoio dos voluntários. RECUPERANDO O AUTOCONTROLE “Não existe teoricamente uma cura, mas controle e tratamento. Sempre digo para os pacientes que o vício é como se fosse um leão. Você não o mata, só o coloca para dormir. Ele pode hibernar por muito tempo e fazer com que o dependente tenha uma vida normal, desde que mantenha o foco no tratamento. Se a pessoa passa por uma crise, a tendência é consumir a droga para acalmar. Por mais que o indivíduo viva anos sem usar a droga, essa é a alternativa que lhe virá à mente”, explica a psicóloga Gláucia Dias. William não sofre de abstinência das substâncias, mas garante que lida com as consequências de ter sido usuário. “Hoje estou bem, mas não é uma vida fácil. Tenho consciência de que preciso me apegar a Deus para não ter recaídas. Apesar das memórias ficarem gravadas, me sinto muito feliz. No passado nem poderia andar com dinheiro no bolso, mas convivo agora com essas questões de forma tranquila e responsável. Hoje dou muito valor para as coisas que tenho”, afirma o líder do ministério. Apesar de estar realizado com o projeto e de ter disposição para liderá-lo, William ainda enfrenta muitos desafios. Os principais são a falta de verba e estrutura para oferecer melhor atendimento. “Os usuários precisam de um tratamento muito especializado. O ideal é que possamos criar um local próprio para recebê-los. Esse é meu sonho”, compartilha. Nada é impossível para quem já esteve do outro lado da rua, à margem da sociedade. out-dez

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A IGREJA QUE VAI ATÉ ELES “Nosso projeto começou com a distribuição de café da manhã para moradores de rua. Aproveitando a intimidade que já tinha com eles por ter vivido o mesmo drama, comecei a me aproximar dessas pessoas. Eu pegava o endereço da família deles para tentar uma reconciliação e criava estratégias para levá-los para uma clínica de recuperação. Assim começou o projeto RUA”, explica. A sigla quer dizer Resgate Urbano Adventista. William hoje leva uma vida normal. Sempre que possível, ele visita o local em que morava e usava drogas. A equipe que auxilia William ajuda a entregar marmitas e roupas, além de tentar levar os dependentes químicos de volta para casa. Segundo eles, a dificuldade para conseguir clínicas especializadas é muito grande, principalmente para as mulheres. “Nosso trabalho principal é com a família. O objetivo é que os familiares deem um novo voto de confiança para os usuários. Nós fazemos um acompanhamento e auxiliamos no que precisam”, relata William. O projeto foi criado há cerca de dois anos e distribui pelo menos 150 refeições por semana. Para atender a demanda existe uma equipe de 250 voluntários que faz a arrecadação dos alimentos, prepara e entrega as marmitas. “Levamos a comida, estabelecemos uma relação de confiança e prosseguimos com a ajuda, caso o dependente aceite tratar a doença. Até hoje conseguimos ajudar 20 dependentes químicos”, diz o idealizador do projeto. Logo que começou o trabalho, líderes da Igreja Adventista sugeriram que ele pensasse na construção de um templo para os moradores de rua. “Expliquei para eles que os moradores de rua não vão à igreja, mas a igreja precisa ir até eles. Costumo dizer que marmita qualquer um pode entregar, mas levar uma mensagem de esperança e mudança de vida é o mais importante”, contrapõe.

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Lição de vida

Texto Mariana Venturi Foto Michele Marques Ilustração Lívia Haydée

SALDO

Da infância pobre ao empreendedorismo no exterior, Felipe Benfenatti mudou de carreira e de vida

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ESCONDIDA NA ROÇA, no interior de Minas Gerais, havia uma casinha amarela, singela. Junto dela, uma pequena horta plantada pelos jovens pais garantia que não houvesse fome naquele lar. Longe dali, na única funerária de Divinópolis, um homem caminhava no fim de cada funeral para coletar as velas que sobravam. Com a sacola cheia de pedaços de parafina, ele entrava em seu carro e dirigia por estrada de chão até o urbano dar lugar ao campo, e o mato verde-oliva contrastar apenas com a imensidão azul do céu. Até avistar, quase escondida, a casinha amarela. Quando ele estaciona e a porta abre, duas crianças o recebem com entusiasmo o homem e a sacola. Ele sorri, abraça os sobrinhos, entra e entrega as velas ao casal, Itamar e Cidinha. Naquele lar não havia eletricidade. Mas não faltava luz. Felipe Benfenatti cresceu em uma casa na zona rural sem energia elétrica e sem água encanada. O tio, funcionário público que trabalhava na funerária e morava na cidade, trazia ajuda em forma de cera e pavio. Velas que antes iluminavam lamento e tristeza, acendiam ali a alegria das crianças e a chama da gratidão. Lá não havia nem mesmo vizinhos. A casa mais próxima ficava a dois quilômetros, e era onde a família tinha que ir caminhando buscar água gelada – para tomar e lavar. Para a igreja, o

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trajeto era ainda mais longo. E a volta era uma caminhada tão dura em meio ao breu do mato, que o garoto fingia dormir para ser carregado pelo pai. Aquele menino cresceu, e voou para longe. Hoje, Felipe Benfenatti continua a caminhar por trilhas que levam a águas geladas. Mas o faz por lazer, em passeios pela região florestal de lagos azuis do Canadá – país onde o palestrante, empreendedor e consultor financeiro se mudou há poucos meses com a esposa e o filho.

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CRIATIVIDADE E GERENCIAMENTO A infância na simplicidade é lembrada com carinho. O clima em família era bom. O pai, Itamar, estava sempre de bom humor e até andava com um kit de mágica no bolso para brincar com crianças que visse na rua. Tinha um coração grande. “Quando alguém elogiava uma camisa que ele estivesse vestindo, o pai a tirava na hora e dava de presente para a pessoa”, conta Felipe. Mais reflexiva, Cidinha controlava os gastos e era o lado administrador da família. Mesmo sem grandes possibilidades, o casal trabalhava com alegria e criatividade. Itamar sustentava a família vendendo “de tudo”: papelão, chinelo, picolé e até produtos

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SEMENTES GERMINAM A vida de Felipe sofreu uma reviravolta. “Era sonho dos meus pais que eu fizesse Teologia, e logo depois que eles faleceram entrei no seminário. No terceiro ano, porém, numa sessão com minha psicóloga, descobri que estava fazendo isso por eles, e que estava meio perdido nesse processo”, diz. Antes resistente à ideia de terapia, Felipe conseguiu superar a depressão e o luto com ajuda profissional. Foi então que decidiu protagonizar a mudança. “Os ensinamentos dos meus pais não haviam sido inúteis. Comecei a cuidar das minhas finanças como minha mãe e a empreender como meu pai”. E Felipe passou a se dedicar a isso. Começou a ler livros, fazer cursos, e a praticar as lições aprendidas desde o tempo em que sua mãe conversava sobre finanças familiares ao redor da mesa. Ele reconhece que os maiores ensinamentos que sua mãe deixou se revelaram no exemplo. “Essa sabedoria de pensar e planejar para o futuro fez com que uma sementinha fosse plantada em mim, mesmo quando eu não ligava para isso. Foi após o casamento e o falecimento de meus pais, que realmente passei a me preocupar com as finanças. Foi quando a sementinha floresceu”. Felipe compreendeu duas coisas que mudariam seu estilo de vida e carreira. “Coloquei na cabeça que precisava não somente poupar, mas elaborar um plano para que pudesse viver dos meus investimentos”, diz. E assim fez. “A concretização do plano me deu a liberdade de trabalhar naquilo que gosto e de escolher controlar minha agenda, possibilitando dedicar tempo para o que acredito ser prioridade”. Hoje, Felipe ensina as pessoas a estabelecer um plano de liberdade e investimento que vai além dos recursos materiais. “Ser rico de verdade é ser alguém completo. É ter não somente dinheiro, mas um relacionamento feliz, equilíbrio emocional, amigos, uma profissão empolgante, boa saúde e espiritualidade plena”.

Mudanças. A vida se constrói com elas. Mudança de hábitos, de foco, de prioridades. Mudança de profissão, de vida, mudança de país. No novo cotidiano no Canadá, Felipe estuda e trabalha pela manhã e à tarde tira o tempo para passear com o filho. Viver com mais segurança, menos poluição e rodeados de natureza exuberante foi o que atraiu a família. Para os jovens, a dica de Felipe é que todos podem – e devem – ser empreendedores. “Empreender dá para você mais liberdade e condições de fazer melhores escolhas.” Para tanto, segundo ele, é preciso estar aberto às oportunidades, pensar diferente da maioria e aprender a vender uma ideia. Sem se esquecer jamais do cuidado primordial com as finanças. “Quando aparecem oportunidades, você pode aproveitar melhor quando tem recursos”, justifica. A mãe de Felipe não pôde ver o filho colher o legado que ela plantou. E o pai não pôde vê-lo empreender. Não puderam assistir ao canal que Felipe mantém no YouTube, ler seus livros nem participar de seus cursos. Seus pais também não conheceram o neto bonito de rosto alegre, que sorri feliz como o avô. Mas Felipe sabe, pela fé, que estará ao lado deles quando descobrirem tudo isso. Como sua esposa, ele guarda a saudade e aguarda o dia em que a família será para sempre completa – em um lar de riquezas preparadas por Deus onde nem traça nem ferrugem corroem, e a morte não os deixará vazios. “Família é o melhor investimento”, conclui Felipe. Durante a trilha no parque ladeado de lagos canadenses, com a mão cheia de sementes, Felipe estende a palma aberta. Um passarinho selvagem pousa em seus dedos e timidamente se alimenta. Ele voa, e outro passarinho vem se nutrir em sua mão. “Nada temos a temer quanto ao futuro, a menos que nos esqueçamos como Deus tem nos conduzido no passado”, escreveu em seu perfil no Instagram. Para saber +

felipebenfenatti.com.br

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naturais que um dia eles mesmos passaram a fabricar. “As ideias e a criatividade do meu pai, junto com o controle financeiro da minha mãe, fizeram com que a gente conseguisse ter esse equilíbrio na família e crescer na vida”, avalia o consultor que hoje ajuda pessoas a sair do vermelho e a investir o próprio dinheiro. Felipe graduou-se em Música no Unasp e chegou a dar 40 aulas por semana em escolas adventistas de diferentes cidades. Some-se a isso aulas particulares à noite e corais que regia aos fins de semana, e pronto: não conseguia cuidar da saúde, física nem financeira. No fundo, sabia que podia contar com os pais. “Então eu comprava celular, computador, gastava tudo o que ganhava, nunca me preocupava em poupar para o futuro”, reconhece. Foi quando decidiu desacelerar e trabalhar em uma escola rural. Lá, ele conheceu Mara. A moça havia perdido os pais e Felipe quis apresentá-la ao Deus que prometeu o reencontro. Ele estudou a Bíblia com Mara, ela foi batizada na Igreja Adventista e então eles começaram a namorar. Os dois se casaram há seis anos e têm um filhinho de três. Quando haviam completado apenas oito meses de casados, Felipe recebeu um telefonema. No município mineiro de Carmo Cajuru, uma carreta havia descido desgovernada com mais de 25 toneladas de ferro, sem freio e sem motorista, e atingiu um casal que vendia livros na rua. Naquele 28 de agosto de 2011, o acidente fatal tirou a vida da mãe de Felipe e do pai, que morreu com a Bíblia nos braços. Do outro lado da linha telefônica, um amigo dava a notícia. “Naquele momento o mundo desabou para mim. Sofri muito e fiquei sem chão”. O processo de superar a perda levou três longos anos. “Tive depressão e fui buscar ajuda com uma terapeuta que me ajudou a sair dessa condição e a enxergar que nem tudo estava perdido.”

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Aprenda

Texto Wendel Lima Ilustração © Bobboz | Fotolia

A identificar

notícias falsas ELAS SEMPRE EXISTIRAM, mas com o excesso de informação e nossa negligência na confirmação, as notícias falsas se tornaram virais e, em alguns casos, mortais. Foi o caso da Fabiane Maria de Jesus, morta no Guarujá (SP), aos 33 anos, em 2014, depois de ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças que sacrificava os menores em rituais de magia negra. O retrato falado da suspeita foi divulgado no Facebook e Fabiane foi linchada por vizinhos, sem ter direito de defesa. Além de colocar vidas em risco, as notícias falsas ameaçam reputações e influenciam o resultado de eleições. Por isso, antes de curtir ou compartilhar algo, seria bom atentar para as dicas abaixo.

CONFIRA A URL

Postagens falsas geralmente usam endereços virtuais parecidos com o de grandes veículos de comunicação, como BBC, CNN, Rede Globo e Folha de S. Paulo.

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SEPARE HUMOR DE NOTÍCIA

Identifique se a postagem duvidosa não trata de um conteúdo de sites de humor, como Sensacionalista e The Piauí Herald. Eles vivem de fazer piada do vasto repertório que a vida pública brasileira oferece.

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LEIA MAIS

Verifique se o autor da informação existe e é confiável. Geralmente, notícias falsas não são assinadas. Em outros casos, a autoria do conteúdo é atribuída a celebridades. Em ambos os casos, é preciso ligar o desconfiômetro. Além disso, não se contente com o título chamativo, leia toda a história e clique nos links de apoio para ver se a informação pode ser confirmada.

FAÇA UMA AUTOANÁLISE

Avalie se você está acreditando naquilo só porque a notícia reforça seu posicionamento político, crença religiosa ou preconceitos.

ATENTE PARA A DATA

É comum na internet matérias antigas serem republicadas fora do seu contexto original, dando a impressão de que são atuais.

CONSULTE PLATAFORMAS DE CHECAGEM

Nos Estados Unidos desde o fim da década de 1990 e agora mais recentemente no Brasil, grandes veículos de comunicação têm investido em plataformas de checagem, como os jornais O Globo e Extra e os portais G1 e UOL. A agência Lupa, pioneira do fact-cheking no país, é uma das mais abrangentes plataformas do Brasil.

RECORRA ÀS FONTES TRADICIONAIS

Desconfie de notícias chocantes ou com “cara” de teoria da conspiração que “pipocam” no seu WhatsApp. Verifique se a grande imprensa está falando sobre isso. Caso não esteja, dificilmente você foi “sorteado” com um “furo” de reportagem.

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Fontes: International Federation of Library Associations and Institutions e jornalista Cristina Tardáguila, diretora da Agência Lupa

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