Conexão 2.0 - Se as pedras falassem

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www.conexao20.com.br

Depois da fantasia, a realidade. Conheça o fenômeno literário sick-lit

sE as pEDRas FaLassEM Interpretar o que o Grand Canyon revela é entender a catástrofe que devastou o planeta. Saiba o que o criacionismo diz sobre esse lugar incomum

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Jan-Mar 2015 – Ano 8 no 33

Exemplar:7,40 – Assinatura: 23,50

entenda. experimente. mude

________ Designer ________ Editor ________ Ger. Didáticos

IMAGINE SE O BRASILEIRO TROCASSE O BIFE PELA ALFACE

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ENTENDA COMO É FEITA A DOAÇÃO DE SANGUE

AO PONTO: POR QUE NA UNIVERSIDADE MUITOS - A2015 ABANDONAM FÉ?| 1 jan mar

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Da redação

menu

Editor Wendel Lima

5 COneCtadO

EnTEnDa. EXpERiMEnTE. MuDE

A OPINIÃO DE QUEM SEGUE E CURTE A REVISTA

6

glObOsfera

MBA, ATEÍSMO, AIDS, VOLUNTARIADO, ORIGEM DA VIDA

10 entenda

O PASSO A PASSO DA DOAÇÃO DE SANGUE

22 perguntas

________ Designer ________ Editor

ENVELHECIMENTO, VIDA APÓS A MORTE, MACONHA

sE As PEDrAs falassem, a matéria de capa desta edição seria desnecessária. Afinal, bastaria ouvir o que as rochas teriam para dizer. Porém, para entender o que as camadas geológicas revelam sobre nosso passado é preciso muito estudo. Alguns pesquisadores, evolucionistas e criacionistas, fazem isso com muita seriedade, dedicando a vida a observar vulcões, crateras e canyons. Tive a oportunidade de conhecer alguns desses pesquisadores em agosto, no sul de utah, Estados unidos. reunidos numa conferência internacional sobre ciência e Bíblia, eles tiveram dupla atuação: apresentaram palestras para um auditório com mais de 400 educadores e pesquisadores, e serviram de guia em três visitas a sítios geológicos da região, incluindo a borda norte do Grand Canyon. o Dr. Leonard Brand é alguém que desde 1970 estuda o abismo de 1.600 metros de profundidade e 450 km de extensão. Questionado sobre como se sentia ao visitar o canyon recentemente, ele brincou: “cansado”. Não é para menos. Apesar de ser um dos lugares mais espetaculares para a pesquisa geológica, o acesso é difícil. Para descer ao leito do rio Colorado, por exemplo, é preciso um dia de caminhada sob sol escaldante ou frio congelante. Porém, ao falar sério, Brand disse que ainda se deslumbra diante do abismo e que não consegue ver evidências de milhões de anos de história geológica naquele desfiladeiro. Para ele, tudo aquilo foi formado há cerca de 5 mil anos, por uma castástrofe global com água, movimentação brusca das placas tectônicas e rápido soterramento. É sobre essa visão alternativa que trata a matéria de capa. segundo o próprio Brand, renderia um livro explicar as diferenças da interpretação evolucionista e criacionista sobre as evidências fornecidas pelo Grand Canyon. Nossa reportagem é mais modesta. Pretende fornecer alguns insights e um vislumbre do que é estar à beira daquele abismo.

30 aprenda

COMO ANALISAR UM FILME

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CONHEÇA A SICK-LIT, A LITERATURA QUE NÃO TEM FINAL FELIZ

Boa viagem ao nosso passado! Mudanças: Ano novo, novo designer. Damos as boasvindas ao Renan Martin, que agora vai dedicar seu talento para tornar a revista cada vez mais bonita e visualmente funcional. E agradecemos a dedicação do Marcos santos, responsável pelo projeto gráfico inicial de 2007 e pela reformulação em 2012. sucesso para o Marquinhos agora com a revista Nosso Amiguinho!

26 m

C D A

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CAP A FÉ UNI

18 repOrtagem

William de Moraes

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William de Moraes

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EM

OAÇÃO

A APÓS

LME

SE O BRASILEIRO FOSSE VEGETARIANO

8 aO pOntO

CAPELÃO EXPLICA COMO MANTER A FÉ E TESTEMUNHAR NA UNIVERSIDADE SECULAR

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Capa

SAIBA O QUE A BELEZA INTRIGANTE DO GRAND CANYON DIZ SOBRE NOSSO PASSADO

Revista trimestral – ISSN 2238-7900 Janeiro-Março 2015 Ano 8, no 33 Ilustração da capa: Thiago Lobo

Casa publiCadOra brasileira

Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br Serviço de Atendimento ao Cliente Ligue grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 Domingo,das 8h30 às 14h

O TEM

Editor: Wendel Lima Editores Associados: Eduardo Rueda e Wellington Barbosa Projeto Gráfico: Marcos Santos e Éfeso Granieri Designer Gráfico: Renan Martin Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Marcos De Benedicto Redator-Chefe Associado: Vanderlei Dorneles

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GUE

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Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Colaboradores: Edgard Leonel Luz, Almir Afonso Pires, Almir Augusto de Oliveira, Antônio Marcos Alves, Douglas Jeferson Menslin, Eder Leal, Marco Antonio Leal Góes, Orlando Mário Ritter, Pedro Renato Frozza, Raquel Xavier Ricarte, Alexander dos Santos Dutra e Rérison Alfer Vasques.

26 mude seu mundO

CONHEÇA O TRABALHO DA ADRA BRASIL COM ADOLESCENTES GRÁVIDAS

Assinatura: R$ 23,50 Avulso: R$ 7,40 www.conexao20.com.br Tiragem: ??????

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liçãO de vida

A PARATLETA FERNANDA LIMA FALA SOBRE DEUS, PESSOAS E OPORTUNIDADES

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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.

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Nós temos

boas dicas pra voce

Descubra a história do menino pobre que se tornou a neurocirurgião de fam mundial.

tolia agem: Fo ajá / Im

vem de

[Livro Jo

Pricila C

Tá difícil de escolher o que ler?

v

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Este é o livro que irá desafiá-lo a se conectar ito com um Deus que é mu maior do que você.

tipo evela o r o r v li Este eus e que D lhos t n e g e d sfi que seu hoje. espera dias de s o n m seja 2015]

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N a p a q

A Natureza está ao nosso redor e nós somos parte dela. Descubra o maravilhoso mundo que Deus criou. [Livro Univers

itário de 2015

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Para adquirir, ligue 0800-9790606, acesse www.cpb.com.br, dirija-se ao SELS de sua Associação ou visite uma de nossas livrarias.

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Informação Conectado & Opinião Globosfera Ao ponto Entenda

conexao20@cpb.com.br

Sou estudante de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e acompanhei um debate recente sobre feminismo que gerou muito burburinho no campus. Gostaria de ler uma matéria sobre esse tema, que mostrasse o posicionamento das denominações cristãs e o da Igreja Adventista sobre o feminismo.

agem: Fo ajá / Im

tolia

Desabafos, sugestões, interação e dúvidas para a seção Perguntas? É aqui mesmo!

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Pricila C

editor: Cínthia, obrigado pela sugestão de pauta. Esse tema sempre vem à tona, inclusive nas igrejas cristãs. Nos últimos anos, muitas denominações têm discutido, por exemplo, o papel das mulheres na liderança e se elas deveriam ser ordenadas ao ministério pastoral. Creio que em algum momento poderemos analisar a questão do feminismo, seja na seção Ponto de Vista ou numa reportagem.

conexao20.com.br

No novo site da revista você tem acesso ao complemento das matérias, vídeos, podcasts e tirinhas de ministérios parceiros, além das colunas de um time de especialistas que falam sobre comportamento, ciência e religião.

Aqui no Colégio Adventista de Sorocaba, a Conexão 2.0 é muito mais que uma revista. É também um material didático. Nossa proposta de trabalho com cases inclui produções de textos sobre assuntos atuais nas áreas de saúde, política, religião, sociedade e economia. Nesse contexto, a revista é o suporte para leitura e pesquisa, servindo de ponto de partida para a argumentação, reflexão e intervenção do aluno na proposta do case. rose santos

facebook.com/conexao20

Saiba o que vai ser publicado, opine sobre os conteúdos que já saíram e compartilhe com os amigos que não têm a revista.

luan da silva: Temas atuais, abordados de forma equilibrada e coerente, são características desta revista feita na medida certa para os jovens.

israel benhur: Desde a primeira edição com o novo nome da revista [julho de 2012], que falava sobre exercício físico – uma prévia de que os conteúdos seguintes seriam maravilhosos e edificantes – minha Igreja do Conjunto Aracapé, em Fortaleza, tem crescido com os conteúdos sobre eutanásia, aborto, sexo, criacionismo, drogas, suicídio e política. Costumo usar as matérias para preparar sermões – porque alguns têm preguiça de ler a revista (risos) – em debates nos pequenos grupos e vigílias. Pesquiso em vários dos

links indicados pela revista como o da campanha Imagine na Copa, que oferece boas sugestões de projetos para os jovens. bruno façanha: Uma revista excelente, mostrando aos jovens temas importantes sob um olhar cristão. Já renovei minha assinatura por mais um ano! giovanna eugênia: Demorou mas chegou (rsrs). E valeu a pena esperar! A edição 32 da Conexão 2.0 tá incrível! Tanta matéria boa que nem sei por onde começo. Quero ler tudo de uma vez. Parabéns à equipe! Vocês arrasaram de novo! Deus seja louvado!

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á ao mos bra o que riou.

Cínthia santos

gladys angélica: Contando os dias para receber a minha!

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twitter.com/conexao_20

________ Editor

@c_cinthia1307: a @conexao_20 tem conteúdo de qualidade para jovens cristãos que querem brilhar no mundo imerso em trevas.

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© Michael Brown | Fotolia

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Texto Wendel Lima

O FIM dO mba

Divulgação

O futuro das pós-graduações focadas no mercado, principalmente na área de tecnologia, é valorizar o aprendizado de habilidades, o desenvolvimento de projetos reais e a redução de tempo do curso. Os chamados nanodegrees já são oferecidos por instituições como a udacity. Em vez de passar dois ou três anos num MBA em que o aluno aprende coisas úteis e inúteis para sua carreira, o nanodegree promete ensinar, em seis meses, habilidades altamente valorizadas por empresas como a AT & T, que já contrata os melhores estudantes da Udacity. Os cursos são online e já atraíram 160 mil alunos de 190 países. Revista Adventista ( abril de 2014)

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Fonte: Folha.com (16/09/2014)

“ A te s li ta d A s

Movimento mundial

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Divulgação / YouTube

© Natalia Merzlyakova | Fotolia e Divulgação

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Divulgação

No dia 21 de março, pelo terceiro ano consecutivo, centenas de milhares de jovens vão trocar o sermão na igreja por ações de compaixão na comunidade. Eles vão participar do global Youth day, iniciativa da sede mundial da Igreja Adventista. Em 2013, na Namíbia e Noruega houve visita a asilos; em Londres, um tradicional ônibus de dois andares foi transformado em ambulatório móvel; na Cidade do México, voluntários serviram centenas de refeições para pacientes e familiares em hospitais; enquanto nas Filipinas, milhares de jovens oraram pela comunidade e marcharam pela compaixão. No Brasil, muita gente se uniu para doar sangue. Veja o vídeo promocional do projeto (http://adv.st/11Phnsa) e marque essa data na sua agenda de solidariedade do ano.

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MADE IN CHINA

Filmado numa remota vila do nordeste da China, o curta my father (http://adv.st/1seXz8D), de 11 minutos, ficou em terceiro lugar numa premiação da Christian Tribune Foundation, em Taiwan. A produção fala sobre o amor de um pai por seu filho rebelde. O curta foi produzido por adventistas que trabalham com evangelismo online no sul da China. 6 |

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O N s v E v v p D fa


AIDS ainda mata

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No Brasil, aumentaram em 50% os casos de contaminação com o HIV entre os jovens de 15 a 24 anos, nos últimos seis anos. A razão é o comportamento promíscuo e irresponsável da juventude que, por causa dos avanços no tratamento da doença, não enxerga mais a AIDS como mortal. Os números de alerta foram destacados pela imprensa em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a AIDS

Revista Adventista ( abril de 2014)

deus NA UNIVERSIDADE

© Sherry Young | Fotolia

“Eu gosto da evidência intelectual, mas quero experimentar Deus”, disse Andrew, 22 anos, aluno da universidade de newcastle, na austrália, e tesoureiro de uma sociedade ateísta. Depois de assistir a um dos filmes da série the big Questions, exibido no campus, ele decidiu ir para casa e ler o livro do profeta Daniel. O evento-piloto foi dirigido por estudantes adventistas em setembro e contou com as palestras do dr. grenville Kent, produtor do seriado que apresenta argumentos racionais a favor do cristianismo. Assim como Andrew, muitos universitários mostraram interesse em refletir sobre religião. Prova de que Deus não está morto, nem na universidade. Fonte: record.net.au

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Cerco ao CigarrO

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até lOgO O vídeo já teve mais de 16 milhões de visualizações no YouTube. Não era para menos: a história é tocante. Chris picco, um músico profissional adventista teve que se despedir, de uma única vez, da sua esposa e filho. Ashley, 30 anos, morreu dormindo. E o prematuro Lennon James, que foi tirado às pressas do ventre dela, resistiu apenas quatro dias. O vídeo que se tornou viral mostra o pai cantando para o filho, no dia 11 de novembro, poucas horas antes da morte do bebê. O músico agradeceu a Deus por ter conhecido o pequeno Lennon e espera rever sua família quando Cristo voltar.

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© Brian Jackson| Fotolia

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Divulgação / YouTube

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No dia 3 de dezembro, entrou em vigor a lei antifumo (12.546/2011) que acaba com os fumódromos e proíbe fumar em locais fechados ou parcialmente fechados, sejam públicos ou privados, de todo o país. A lei também proíbe a propaganda de cigarro, mesmo nos pontos de venda. O cerco ao produto tem diminuído o número de fumantes no Brasil, que ainda é alto: cerca de 20 milhões. Será que se o mesmo fosse feito com a cerveja, diminuiria o número de alcoólatras e acidentes de trânsito?

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Ao ponto

Texto Wendel Lima Ilustração Rogério Chimello

Missão no caMpus

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ELE NAsCEu NA Coreia do sul, estudou nas Filipinas e pastoreou igrejas multiculturais nos Estados unidos e Canadá. É casado com uma canadense, filha de portugueses, com quem tem três filhas. Esse histórico fez de Jiwan Moon um cidadão global e facilita seu trabalho hoje. Desde que o conheci num congresso sobre ciência e religião, em utah, no mês de agosto, tenho acompanhado suas selfies com estudantes ao redor do mundo. Ele foi escolhido para mentorear milhares de universitários adventistas que estudam em campi seculares. Com um doutorado em Ministério pela Andrews university (EuA), Moon tem ajudado muita gente a testemunhar na universidade. Esse bate-papo pode ajudar você também.

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O que você tem visto sobre a realidade dos universitários cristãos ao redor do mundo? Em instituições adventistas, há um esforço intencional para criar um ambiente espiritual. Nesses campi, o estilo de vida liberal de drogas e sexo livre é desencorajado, mas ainda há tentações e influências negativas. Até porque nas maiores universidades adventistas do mundo cerca de 10% apenas dos alunos são adventistas. É verdade que nas universidades seculares, o cristão tem mais oportunidades de ceder a um estilo de vida liberal, mas tenho visto que a diferença não está tanto no ambiente, mas na intenção do estudante de defender sua identidade e viver sua fé. Alguns universitários se tornam menos religiosos estudando em instituições cristãs, enquanto outros se fortalecem frequentando um campus secular porque são obrigados a tomar uma posição sobre se vão influenciar ou ser influenciados. Não há dúvida de que a educação adventista tem muitas vantagens. No entanto, sem a presença de mentores, 8 |

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os estudantes estão em desvantagem, dentro ou fora das instituições da igreja.

ao chegar à universidade, por que muitos jovens abandonam a fé? Ao começar a universidade, muitos cristãos são expostos diretamente a visões de mundo contrárias à suas crenças sem o suporte de uma comunidade religiosa que serve de camada protetora. O fato é que, em geral, até aquele momento, eles foram à igreja, devolveram o dízimo e guardaram o sábado (no caso dos adventistas) porque seus pais escolheram isso por eles. Muitos não tiveram a oportunidade de experimentar o estágio reflexivo da fé, no qual o cristão se pergunta sobre a razão de sua prática religiosa. Vale lembrar que existem cinco fases no desenvolvimento espiritual: passiva, reativa, reflexiva, ativa e proativa. O ideal é que esse processo de amadurecimento espiritual seja experimentado antes de ir para a universidade. Na igreja ou escola, apoiado por mentores, os jovens deveriam

ser desafiados a viver sua fé de modo proativo. Seria como um mergulhador que, antes de ser colocado nas profundezas do mar, é jogado em uma piscina. Esse ambiente não é igual à hostilidade do mar, mas serve para desenvolver algumas habilidades básicas.

falta desse espírito, o cristianismo torna-se irrelevante. Por outro lado, ao viajar pelo mundo, tenho testemunhado uma insurreição de jovens que estão se comprometendo em ser missionários aonde vivem, tornando o cristianismo muito relevante para eles.

Qual é a importância da igreja num tempo em que os jovens estão desconfiados das instituições, inclusive das religiosas? A igreja se tornará irrelevante se houver falta de orientação e discipulado. Ela é o corpo de Cristo e sua finalidade é proporcionar um ambiente de carinho e mentoreamento, uma comunidade em que cada membro apoia e edifica o outro (1Ts 5:11). Só fazendo isso ela poderá influenciar a vida dos jovens. Se você conversar com aqueles que se consideram sem religião, vai descobrir que, na maioria das vezes, eles não têm um mentor espiritual a quem recorrer. Mentoreamento e discipulado são o processo de seguir Jesus, o que exige um nível de sacrifício e serviço. Sempre que há

O que a igreja tem feito pelos 500 mil universitários adventistas que estudam em campi seculares? Em 1992, a sede mundial organizou um ministério para universitários conhecido em inglês pela sigla AMiCUS. É esse ministério que há mais de 20 anos tem publicado a revista Diálogo Universitário (dialogue.adventist.org). Porém, em abril de 2014, fui escolhido como o primeiro diretor com dedicação integral para esse trabalho. Minha função é formar líderes regionais para que desenvolvam um processo de discipulado e formação de missionários (followmeadventist.org). Queremos levar os jovens a experimentar no campus a lei da vida ensinada por Cristo: a abnegação e autorrenúncia.

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Douglas Assunção / Imagens: Fotolia e William de Moraes

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Entenda

Texto Wendel Lima Ilustração Thiago Lobo

COMO É FEITA A DoaÇão DE

sanGuE

ForMADo NA MEDuLA óssea, ele é o tecido vivo responsável pelo transporte de nutrientes e oxigênio para todo o corpo. Apesar dos avanços da medicina, ainda não foi encontrado um substituto para o sangue. Porém, já faz algumas décadas que a ciência tem garantido a segurança de sua transfusão. representando 7% do nosso peso, cada adulto tem de 5 a 7 litros de sangue e pode doar 450 ml por vez. Quantidade que não faz falta para o doador, mas que pode salvar quatro vidas. se mais brasileiros de 16 a 69 anos entenderem a importância desse gesto poderão se unir aos 4 milhões que já doam sangue anualmente, número que parece grande, mas que está abaixo do ideal: 3% a 5% da população. o infográfico a seguir pode ajudar você a encarar o medo da agulha.

impaCtO nO COrpO

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medula: localizada nos ossos chatos (vértebras, costelas, quadril, crânio e esterno) é onde o sangue é produzido.

reposição: os 450 ml doados representam menos de 10% dos 5 a 7 litros de sangue que circulam em um adulto. O tempo de reposição desse tecido varia. O plasma é reposto em até 72 horas, enquanto as hemácias e o estoque de ferro, em três meses. mitos: a doação não engrossa nem afina o sangue; não faz perder nem ganhar peso e pode ser feita durante o período menstrual.

passO a passO 3 min

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5 min

7 min

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recepção: o candidato informa os dados pessoais para cadastro no sistema e envio da carterinha de doador. 10 |

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sinais vitais: verificação da pressão arterial, batimentos cardíacos e peso. Com uma gota de sangue o exame acusa se o doador está anêmico ou não.

entrevista: é confidencial e trata de possíveis comportamentos de risco, como o sexo sem proteção. Na sequência, o doador responde “sim” ou “não” ao voto de autoexclusão.

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fracionamento: após a coleta, a bolsa é encaminhada para a centrifugação, processo que separa os componentes do sangue: hemácias, plasma e plaquetas:

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hemácias: conhecidas como glóbulos vermelhos, dão a coloração ao sangue e transportam oxigênio e gás carbônico. Conservadas em 4 graus, têm validade de até 42 dias. São utilizadas em casos de anemia, acidentes, cirurgias, transplantes e doenças crônicas. plasma: é a parte líquida do sangue e corresponde a 55% dele. Congelado a 30 graus negativos tem validade de um ano. É utilizado em casos de trombose e problemas de coagulação.

o. m a e z s o e,

s

plaquetas: são pequenos fragmentos celulares que ajudam na coagulação do sangue. Conservadas a 22 graus, em constante agitação para não grudarem, têm validade de apenas cinco dias. Úteis para pacientes transplantados, com hemorragia e em tratamento anticâncer.

dOs brasileirOs Que arregaçam as mangas...

66% são homens 49% têm entre 18 e 29 anos 43% são da classe C que a última 72% disseram doação foi espontânea

36%

acham que o medo é a principal razão para as pessoas não doarem doam para ajudar o

36% próximo, parente ou amigo 53%

nO brasil... da população são AB+

3% (receptores universais)

9% teste: as bolsas ficam de quarentena por 18 horas para conferir a tipagem do sangue e se ele possui doenças infecciosas.

distribuição: hemocentros como a Fundação Pró-Sangue, reponsável pela coleta de 12 mil bolsas-mês em São Paulo, atendem dezenas de hospitais. O transporte é feito em caixas climatizadas.

utilização: separados para aumentar a durabilidade do sangue e atender pacientes que precisam de apenas um hemoderivado, os componentes podem ser misturados novamente.

25 min

Coleta: são retirados 450 ml de sangue. Mulheres podem doar a cada quatro meses e homens a cada três.

restante do dia

pós-doação: o doador recebe um lanche, recomendação para tomar bastante líquido e pode pedir a dispensa do trabalho naquele dia.

já doaram cinco vezes ou mais

da população são O(doadores universais)

50%

do estoque dos hemocentros precisam ter sangue O+

população estão nos sanguíneos A ou O 87% dagrupos

o grande desafio dos hemocentros é manter a regularidade das doações ao longo do ano. Especialistas indicam que algumas ações ajudariam a mudar esse quadro: ampliar os horários de atendimento, oferecer coleta externa em empresas e universidades e conscientizar os jovens sobre o papel do voluntariado. Desde 2005, a Igreja Adventista tem dado uma contribuição para a causa, promovendo a campanha Vida por Vidas (vidasporvidas.com), que já mobilizou mais de 300 mil doadores e foi premiada pela oMs. Agora, é com você. fontes: Dra. Adriana Polachini do Valle, professora da Faculdade de Medicina da Unesp (Botucatu); entrevista cedida pela hemoterapeuta Cyntia Arrais e o infectologista Caio Rosenthal ao programa Bem-Estar, em 17/10/2011; Dr. Hélio Moraes, vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, em entrevista à Rádio Agência Nacional, em 14/06/2014; canais do YouTube do Hospital Israelita Albert Einstein e do videorrepórter Rodrigo Leitão; sites prosangue. sp.gov.br, einstein.br e hemoam.am.gov.br; pesquisa Perfil do Doador de Sangue Brasileiro (Anvisa, 2004); e artigo 473 da CLT. jan-mar

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dO dOadOr para O reCeptOr

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Interpretação Capa & Reflexão Reportagem

Texto Wendel Lima Ilustração Thiago Lobo sobre fotos do Fotolia

Perguntas Imagine

DEPOIS

ÁGUas BaIXaram AS

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QUE

Formações como o Grand Canyon são as melhores testemunhas de uma catástrofe global que mudou nossa história. Saiba o que uma visão alternativa das evidências científicas diz sobre esse fenômeno*

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VISITADO ANUALMENTE POR quase 5 milhões de turistas, o Grand Canyon é considerado a paisagem mais famosa dos Estados Unidos e uma das sete maravilhas naturais do mundo. Atraídas pela beleza incomum e a grandiosidade do lugar, pessoas de todo o planeta vão conferir de perto imagens que estão disponíveis na internet na velocidade de um clique, mas que são indescritíveis quando vistas pessoalmente. Ao chegar lá, o visitante pode explorar as formações rochosas de vários ângulos. Tudo depende da disponibilidade de tempo, esforço e dinheiro. É possível, por exemplo, sobrevoar de helicóptero a garganta do canyon, que varia de 6 a 29 km de largura. Há quem prefira olhar os paredões de baixo, descendo o Rio Colorado de bote. Outros optam por um passeio de bicicleta e quadricíclo, e os mais animados exploram a pé as trilhas que recortam o desfiladeiro. O deslumbramento diante de uma cordilheira cuja extensão se perde no horizonte e a profundidade parece não ter fim atrai não apenas mochileiros, famílias e praticantes de esportes radicais. Encanta e intriga, sobretudo, cientistas do mundo todo. Afinal, como explicar a formação de um abismo de 1.600 metros de profundidade que se estende por quase 450 km?

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Diante dessa cena, é inevitável pensar na pequenez humana e no audacioso empenho do homem em tentar entender, por meio do método científico, como tudo aquilo surgiu. Na verdade, a impressão que o observador tem à beira do precipício é que um fenômeno natural sem precedentes aconteceu ali, num tempo longínquo em que não existem testemunhas oculares, apenas vestígios nas rochas. Desde a primeira expedição científica ao Grand Canyon, no fim da década de 1870, pelo major John Wesley Powell, o lugar tem sido descrito como “páginas de um belo livro de histórias”. Livro que, para os evolucionistas, o rio Colorado demorou 6 milhões de anos para cavar, trazendo à tona 2 bilhões de anos de história geológica. Outra expliCaçãO Porém, essa não é a única explicação para a formação desse monumento da natureza. Nas mesmas rochas, os criacionistas enxergam uma catástrofe global com muita água, movimentação brusca das placas tectônicas, rápido soterramento e fossilização de animais. ou seja, o dilúvio bíblico (veja o quadro “Visão alternativa”). E foi para abalizar esse ponto de vista diferente que 443 líderes, educadores e acadêmicos de todo o mundo foram escolhidos para conhecer in loco esses dados em três sítios geológicos americanos: Virgin river Goger e Zion National Park, em utah; e a borda norte do Grand Canyon, no Arizona. Em agosto, a Conexão 2.0 passou dez dias nas cidades de Las Vegas (Nevada) e saint George (utah) numa intensa imersão acadêmica sobre

o tema das origens. A Conferência Internacional sobre Bíblia e Ciência “Afirmando a Criação”, realizada pela sede mundial da Igreja Adventista nos dias 15 a 24 de agosto, reuniu os maiores pesquisadores do criacionismo nas áreas de teologia, arqueologia e ciências naturais. inCertezas Ao contrário da Bíblia, que apresenta certezas, a ciência, como qualquer tipo de conhecimento humano, é falível e marcada por mudanças. Essa distinção básica ajuda a entender que o mais importante na interpretação dos dados científicos são os pressupostos do pesquisador. Logo, criacionistas e evolucionistas podem interpretar os mesmos dados de maneira diferente. Além disso, os dois grupos devem ser honestos em admitir que existem evidências e lacunas nos dois modelos. os criacionistas precisam entender também que a crença na Bíblia não pode depender de evidências científicas, porque nem tudo pode ser provado e a convivência com perguntas sem respostas é parte do exercício da fé. Essa foi a tônica dos módulos destinados às ciências da natureza. um dos pontos altos do evento foi que muitas palestras apresentadas estavam baseadas em pesquisas de campo. um exemplo é o estudo de fósseis de baleias feito no Peru pelo paleontólogo espanhol raul Esperante. segundo ele, estudos em geociências não confirmam longos períodos de tempo para a formação de fósseis. “os vestígios de baleias parecem não se encaixar com os dados tradicionais das camadas geológicas em que são encontrados”, constatou Esperante, que estudou uma área de 3 km2 em que haviam 500 fósseis. “se a sedimentação desses vestígios fosse vagarosa, os esqueletos deveriam estar incompletos e com diferentes níveis de degradação”, ele questiona a explicação evolucionista. “Por que não foram encontrados bebês de baleia naquela área?”, ele pergunta. Esperante enxerga nesses dados indícios de uma catástrofe e de rápido soterramento. “Apesar de não poder comprovar, há forte evidência do dilúvio bíblico.” outra pesquisa que aponta para a incompatibilidade entre a datação dos fósseis e das camadas em que os vestígios foram encontrados é o

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O Grand Canyon e as formações próximas a ele formam uma grande escadaria, que revela quase a coluna geológica completa, do período mais antigo ao mais recente. Interpretar essas camadas, que se estendem por Utah e Arizona, é recontar a história da Terra.

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Grand Canyon (paleozóico)

Ilustração: Thiago Lobo

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estudo do Dr. Keith snyder, PhD em Zoologia pela universidade Estadual de Washington. sua equipe trabalha com tecnologia de GPs para localizar os fósseis de dinossauros no Estado do Wyoming (EuA). “os fósseis sugerem morte por afogamento. Eles estão espalhados em várias direções e não estão quebrados”, descreveu snyder. se a explicação evolucionista estivesse certa, os ossos deveriam ser encontrados em várias camadas. Deveria também haver marca de deterioração, de oxidação. Mas eles estão bem preservados. “Alguns deles foram abertos e ainda apresentavam colágeno”, revela. Deveria haver também restos de flora e fauna do ambiente em que esses animais viviam, concluiu ele (para saber mais, acesse http://dinosaurproject.swau.edu). O testemunhO das pedras No campo da geologia, um dos maiores desafios para os criacionistas é conciliar a datação antiga de camadas de rochas com o relato bíblico. Mas os pesquisadores mostraram também que as pedras têm algo a dizer a favor da Bíblia. Kurt Wise, por exemplo, PhD em Geologia pela universidade Harvard, não acha “irrazoável pensar que a Terra é nova e a vida humana é recente”. Assim como outros criacionistas evangélicos, ele acredita que o universo e a Terra foram criados no mesmo período, há poucos milhares de anos. “Eu acredito que a medição radiológica tem sido mal interpretada”, disse. Ele explicou que existe variação nos resultados quando são usadas substâncias químicas diferentes nos testes e que os evolucionistas também admitem que existem certas inconsistências com as datações. o Dr. Leonard Brand, paleontólogo adventista, com PhD pela universidade de Cornell, também acredita que os pressupostos do pesquisador influenciam na interpretação dos dados. “Do jeito que é feito hoje, o método de datação é consistente. o ponto é que a pressuposição precisa ser verdadeira para não comprometer a interpretação dos dados”, opina. Ele explica que a estimativa da idade das rochas é realizada com base na análise de elementos que mudam com a ação do tempo, como o carbono 14, utilizado nas camadas mais recentes em que há matéria

orgânica; e substâncias como o potássio e argônio nos níveis mais antigos da coluna geológica. Brand acredita que os criacionistas são mais flexíveis e menos dogmáticos na estimativa da idade dessas camadas. “Algumas evidências contrariam a datação de milhões de anos”, pontua. “Na verdade, existem evidências para os dois lados, mas a visão de mundo do cientista é que vai determinar a interpretação”, reforça. Apesar de concordar nesses pontos com Kurt Wise, assim como a maioria dos pesquisadores adventistas, Brand não acredita que a Terra seja jovem. Ele enxerga no relato de Gênesis a criação em dois momentos. Há muito tempo atrás (“no princípio”), Deus criou o universo e a Terra inorgânica e, há poucos milhares de anos, Ele teria criado a vida na planeta, transformando o estado caótico inicial em apenas uma semana literal. Arthur Chadwick, PhD pela universidade de Miami, já estuda o Grand Canyon há 30 anos. Além da beleza incomum do lugar, a razão de tanta gente se interessar pelo desfiladeiro é que nenhum lugar do mundo tem tantas camadas expostas na sequência. É como se quase toda coluna geológica pudesse ser observada a céu aberto. Chadwick explicou que os parques do Grand Canyon, Zion e Bryce Canyon formam uma grande escadaria, que vai do período mais antigo, paleozóico, passando pelo mesozóico, até o mais recente: cenozóico. o pesquisador estudou o platô do Colorado, onde encontrou pouca erosão entre as camadas que, supostamente, foram formadas num intervalo de milhões de anos. “observei algumas camadas

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Bryce Canyon (cenozóico)

Zion National Park (mesozóico)

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argumentOs e COmpaixãO Houve espaço também para testemunhos no encontro. Muitos falaram sobre o desafio de tratar com respeito e compaixão quem pensa diferente. o exemplo mais emocionante dessa postura foi dado pelo Dr. Kurt Wise, que, na universidade Harvard, conviveu de perto com stephen Jay Gould, paleontólogo amplamente lido e historiador da ciência. Kurt falou sobre seus medos e lutas em ser aceito no prestigiado doutorado da universidade mesmo sendo um criacionista. Ele relatou que desenvolveu uma boa amizade com stephen Jay Gould, seu orientador de tese, e que sempre procurou uma oportunidade de testemunhar sobre Cristo para o famoso ateu. Kurt teria a chance quando, em 2002, foi a primeira pessoa a saber do diagnóstico de câncer do seu professor. Vulnerável, stephen contou para seu aluno que tinha poucos meses de vida. Kurt ouviu o amigo e orou silenciosamente por ele. o problema é que, poucos dias depois, stephen recebeu a carta de um criacionista que dizia: “Eu queria orar para que você parasse de ensinar a evolução, mas eu sei que você não vai. Então, pedi a Deus para dar-lhe um câncer, assim você vai morrer e irá para o inferno.” Com voz embargada e lágrimas nos olhos, Kurt disse para os congressistas em utah: “stephen Jay Gould era meu amigo. E essa carta fechou seu coração. os evolucionistas são pessoas por quem Cristo morreu. Nunca nos esqueçamos disso. Devemos amá-los.” o testemunho dele mudou o clima no auditório. No fim daquela tarde, os dados, argumentos e a retórica deram lugar para a emoção. os participantes foram lembrados de que, no debate sobre as origens, a defesa da fé tem que ser movida pela compaixão. COerênCia e exCelênCia Num painel sobre como testemunhar no campus secular, vários alunos e professores falaram. o Dr. raul Esperante, por exemplo, disse que nem sempre comenta sobre sua fé num primeiro momento, porque prefere

que as pessoas perguntem sobre seus valores. Nesse sentido, ele acredita que o estilo de vida cristão pode despertar a curiosidade. Por causa desse comportamento, ele influenciou um cientista que fazia trabalhos de campo com ele a não tirar a própria vida. se a coerência é importante, a excelência acadêmica é imprescindível para um criacionista que deseja sobreviver e testemunhar no meio acadêmico. Esse é o caso do Dr. Marcus ross, um batista que se tornou o primeiro criacionista a conseguir o doutorado em Paleontologia na universidade de rhode Island. Na faculdade, ross aprendeu a “linguagem” do evolucionismo e percebeu que sua base científica sobre o criacionismo era superficial. No mestrado, ele foi hostilizado por acreditar na criação; mas, no doutorado, trabalhou com um orientador mais tolerante. o profissionalismo de ross lhe rendeu não só o título de doutor, mas visibilidade em grandes jornais como o the New York times e Washington Post. ross tem publicado vários artigos em revistas científicas sobre os mosassauros e escrito numa linguagem mais popular em blogs. Procurando oferecer alguma lição para o grupo, ele compartilhou: “Para fazer criacionismo, é preciso conhecimento e experiência. Deus honra a fidelidade, mas nem sempre poderemos escolher o caminho mais fácil.”

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Outras lentes Ventos favoráveis não é o que cristão deve esperar. o debate sobre a questão das origens se tornará cada vez mais polarizado. “será que quase 500 mil cientistas evolucionistas estão errados, e apenas um punhado de criacionistas têm razão?”, instigou o Dr. Ariel roth. “É possível”, respondeu ele. “Desde a antiguidade, a humanidade já mudou várias vezes sua maneira de olhar o mundo; no entanto, a revelação de Deus permanece”, justificou o professor, que há 67 anos pesquisa a relação entre ciência e religião, e que no encontro foi homenageado e aplaudido em pé. Com sabedoria, ele disse que não podemos confiar no pensamento humano.

59% dos brasileiros acreditam que Deus guiou o processo evolutivo.

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25% creem que o homem e a Terra foram criados há menos de 10 mil anos.

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8% acreditam que a humanidade evoluiu liderada pelo acaso.

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fonte: Folha de S. Paulo (2/4/2010)

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ao longo de 100 km e notei que elas têm um contato regular. Isso aponta para boa preservação”, afirmou Chadwick. A constatação dele é um dos principais argumentos criacionistas para defender a teoria de que essas camadas foram sobrepostas rapidamente. outro nome de peso do congresso foi o Dr. John Baumgardner, PhD em Geofísica pela universidade da Califórnia. Em sua tese doutoral, ele desenvolveu um software que simula a separação das placas tectônicas num intervalo de poucos meses, uma sugestão ao dilúvio bíblico. Para o cientista, nessa catástrofe, os continentes teriam migrado por milhares de quilômetros em pouco tempo. Baumgardner discorreu também sobre as formações rochosas do Arizona e utah e disse que as cross beds (textura das rochas) do Zion National Park teriam sido formadas por tsunamis. “Essas formações são assinaturas de uma grande catástrofe”, assinalou.

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*Essa reportagem é uma adaptação da matéria de capa da edição especial de 2014 da revista Adventista. evOluçãO em xeQue Não são apenas os criacionistas, como os que se reuniram em Utah, que questionam a teoria evolucionista e seus desdobramentos sobre as várias áreas da ciência. No Brasil, em novembro, 350 cientistas, e boa parte deles de peso, se associaram à recém-criada Sociedade Brasileira do Design Inteligente (TDI Brasil). O movimento liderado pelo prestigiado químico Dr. Marcos Eberlin, professor da Unicamp, mostra que a teoria que enxerga planejamento na natureza, sem entrar no mérito de quem é o designer, também tem muitos adeptos no país. Eles assinaram um manifesto em que defendem a discussão e popularização da TDI.

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Cem milhões de anos não seriam suficientes para o Rio Colorado cavar o Grande Canyon. Nenhum fenômeno de erosão observável se compara a essas proporções. as gargantas laterais

A maioria das gargantas laterais do canyon não tem uma fonte de água para causar sua erosão. Os criacionistas acreditam que o escoamento da água do dilúvio é que formou o canyon. O enigma dO arenitO

Para os evolucionistas, as camadas do canyon representam milhões de anos da história da Terra, e a evidência de que um deserto cobriu a área é a presença de uma camada de arenito, vestígios de dunas sopradas pelo vento. O ponto é que essa faixa de rocha apresenta fósseis de animais, cujas pegadas parecem ter sido formada debaixo d’água, não sobre a areia.

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visãO alternativa Como uma vala gigantesca rasgada a 1.600 metros de profundidade entre São Paulo e o Rio de Janeiro, o Grand Canyon intriga os cientistas por suas proporções incomuns. Para os criacionistas, ele é resultado de uma inundação que devastou a Terra há cerca de 5 mil anos. A explicação alternativa foi dada pelo Dr. Leonard Brand, PhD pela Universidade Cornell e professor de paleontologia por 40 anos.

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“Desde a Antiguidade, já formulamos e descartamos várias cosmovisões”, exemplificou. roth fez ciência a partir da perspectiva bíblica, que vê em Deus a fonte de todo o conhecimento. Para ele, a verdade começa em Deus e não no homem; ela não é construída, mas descoberta à medida que Ele a revela. “A ciência está sempre a descobrir novas maravilhas; mas nada traz de suas pesquisas que, corretamente compreendido, esteja em conflito com a revelação divina. o livro da natureza e a palavra escrita lançam luz um sobre o outro”, escreveu Ellen G. White, pioneira adventista, harmonizando ciência e religião (Educação, p. 128). sem as lentes dadas pela Bíblia, a natureza é um compêndio de maldade e desperdício. De volta ao Grand Canyon, tenho minha visão ampliada. É inevitável pensar na pequenez humana e no audacioso empenho do homem de tentar entender, por meio do método científico, como tudo aquilo foi parar ali. Método que é limitado e mutável. À beira do precipício, tenho a convicção de que um fenômeno natural sem precedentes aconteceu ali, num tempo longínquo em que não existem testemunhas oculares, apenas vestígios nas rochas e o confiável relato bíblico. Evidências deixadas pelo Deus gigantescamente poderoso, que escolheu se revelar para salvar.

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Camadas unifOrmes

As camadas rochosas que se estendem por milhares de quilômetros quadrados apresentam poucos sinais de erosão, algo incompatível com um processo de sobreposição que teria durado milhões de anos. jan-mar

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Reportagem

Texto Fernando Torres Ilustração Leblu

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ra jovens deixa a pa s ro liv de da on a ov N ordar temas bem fantasia de lado para ab exia e depressão. reais como câncer, anor ck-lit Entenda a chamada si

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enina, mão de m ando te segur n e c s e l ado encia ipo refer is e o livro t né a não ter enviada. rido o alte col nem esm

na literatura. ão mais com a bola toda est o nã os pir vam e s it sumindo Bruxos, hobb adolescentes, que está con s ore leit de ra saf va no a s Pelo menos não para renaturais, os protagonista ora, em vez de poderes sob Ag is. rea cri es, nte tar sta ba en os alim red en ornos doenças terminais, transt com s lta vo io. às m cíd sui vee se de s da iva da mo smo tentat , gravidez precoce e até me ses de depressão, bullying ra “literatura enferma”, a pa ção de sick-lit, tradu te en vam ati jor pe da da nos últimos dois Apeli nsformou em um tsunami tra se e u sce cre ros liv s já ouviu falar de onda desse leitor voraz, com certeza um a sej o nã cê vo e qu o Brasil atualmente, anos. Mesm , a ficção mais vendida no ca) nse trí (In as rel Est s g de 38 editoA Culpa é da , de acordo com o rankin 14 20 em só es lar mp ance entre a com 623 mil exe boa”, o livro narra o rom “de e o” eir an “m mo co tireoide ras. Com termos anos, vítima de câncer de 16 de , ace Gr zel Ha va em adolescente depressi s Water, de 17, que está bonitão otimista Augustu o e o, ra ad pa nç – os ava o oss ad os est ta em que afe ssarcoma, tipo de câncer eo ost r po ão iss rem de o estad a Wikipédia. n Green, nome que spoilers, favor consultar ritor norte-americano Joh esc o é ia tór his a rra na Quem livros como Cidade asa-quarteirão editorial, com arr em ou orm nsf tra se os publicados pela também O Teorema Katherine, tod e ? sca Ala cê, Vo é em o é o único a fade Papel, Qu a bem realista. Mas ele nã gad pe com os tod a, sec Nicholas Sparks, editora Intrín dinho é o estadunidense eri qu tro Ou . era gal a Amor Para zer sucesso com nos idos de 1999 com Um it k-l sic la mu fór a u avo on Carter e veterano que desbr lvimento do bad boy Land vo en o re sob – o) eit nc pra Recordar (Novo Co re de leucemia – e, de lá e, Jamie Sullivan, que sof ad cid s da r tro ou sto pa de s do ulo a Tít filh l. da o editoria s leitores a partir desse filã vo no as de rot ião Ga leg r, a rre um Mo fez cá, o Antes de esteira da tendência, com autores ainda fazem eco na el. isív Inv e As Vantagens de Ser de Vidro, Extraordinário

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” ra Medicina, a adolescente “Prefiro a realidade Enem e do vestibular pa do vas pro as tórias fantre en alo No interv “Não gosto muito de his . ero gên do fãs s ora leit se a das que, curiosamente, quer Daniela Coelho, 17, é um a realidade”, diz a moça, firo Pre een lo. Gr n scu Joh epú s, Cr tasiosas como livros de Nicholas Spark ia. Na estante, todos os triste. Romeu e Julieta especializar em Oncolog nesses romances é o fim ai atr me e qu “O . ho nic e outros autores do ma trágica”, compara. se não terminasse de for tem e qu a que tenha chorado fam a ia ter o nã discorda, embora admita la nie Da te? cen les ado a não mascara a vida, Meio deprê para um que esse tipo de história ho “Ac as. rel Est s da é mas. Quando ao ler e assistir A Culpa encarar os próprios proble a da aju e , pre sem ra pa e, mesmo como se tudo fosse bom vivesse aquilo. Entendo qu se ria agi o com e a vid a nh a forma de ser feliz.” fecho o livro, penso na mi ve, é possível encontrar um gra ma ble pro ou ça en do ura adolescente. “Eles relacom uma bem os best-sellers da literat ce he con bém tam 17, ia, s com anorexia e bulimia Ingrid Ma adolescência. Já tive amiga na s ida viv es açõ situ as e rid, a propósito, começou tam exatament daram muito”, diz ela. Ing aju me os livr Os . cer cân má-la de alguma forma. e outra que teve dessa amiga, buscando ani sa cau r po as, rel Est s da é blemas, qualquer coisa a leitura de A Culpa xa em vários tipos de pro cai en se e ção era sup de os terem sido adap“É uma história sta do fato de muitos livr go o nã só Ela ” . xo bai ra ta disso, Ingrid que deixe a pessoa pa um pouco a graça.” Por con rde pe aí e ha din mo ira (Bertrand Brasil), tados para o cinema. “V Vermelha Como Sangue te, Lei mo Co nca Bra ler ou filme, sim, está prestes a começar a is cult, digamos assim: vir ma it k-l sic a um de -se ata Tr que ganhou de presente. Europa. na só to, an qu en mas por

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al atural para um extremo tão Da fantasia à vida re o da obsessão pelo sobren foc de ça dan mu a r lica a Larissa Helena acredita Mas como exp Jovens Leitores, a jornalist cco Ro a ioc car o sel do s jovens foi ampliado. Serealista? Editora mas o mercado de leitore u, do mu e qu or leit do várias preferências. que não foi o gosto são, o que gera demanda de en asc na ple em á est nto it – ultrapassam o gundo ela, esse segme res odeiam o termo sick-l ito ed os – ea rân po tem leitores a comPara Larissa, a ficção con mas do cotidiano ajuda os ble pro os ela rev e qu ura vas maneiras entretenimento. “A literat o mundo e a encontrar no com es açõ rel s sua os, sm preender melhor a si me de. en def ade com a ”, ios saf de r de supera k-lit tem alguma familiarid sic ia nc dê ten a a, list rea nota isso Porém, mesmo enquanto inência da morte. Quem im a r: tte Po rry Ha e lo epúscu anças e adolescentes. “Em fantasia de séries como Cr coach e terapeuta de cri to, Pin o lho ma Ra ia Júl ta diferença é que o vampir é a psicanalis itude, o corte do tempo. A fin de ia ser ide a gem ste na exi rso ias ambas as histór realistas é o fato de o pe choca nas histórias mais undo a psicóloga, é é um morto-vivo e o que serva. Forte, né?! Mas, seg ob te”, en rep de r rre mo que liga o leitor de um jovem que pode dos motivos de interesse um ite im o-l açã situ de a. “A literatura justamente o contexto ao questionamento da vid do an lev as, rel Est s da é tivacional, mas Crepúsculo e de A Culpa ente do ponto de vista mo tam exa o nã o, açã lim oferece uma forma de sub superação.” ntos da fantasia, a ideia da de criar, a partir dos eleme

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no corpo, a separação simbólica dos pais, os encontros amorosos... Quer dizer, tudo isso não se inscreve numa ordem da fantasia, mas da mais pura experiência do real. É natural buscar leituras que acompanhem esses acontecimentos, justamente para encontrar no simbólico o caminho para tratar os próprios dilemas”, opina a escritora e psicanalista Janaina de Paula. É aí que mora a polêmica da sick-lit. Nos Estados Unidos, As Vantagens de Ser Invisível (Rocco), de Stephen Chbosky, chegou a ser proibido em algumas escolas devido a temas como abuso de álcool e drogas e pelo fato de um dos personagens se envolver com suicídio. A Culpa é das Estrelas repetiu a proibição, devido aos temas morte e sexo. O temor de pais e educadores é que a temática possa sugerir comportamentos ou, em menor hipótese, suscitar uma tendência. “Não só a literatura, mas a mídia, de forma geral, pode pautar ações, transformando em espetáculo algo que era solitário. Dificilmente, ela irá fabricar algo para o qual já não exista uma tendência. Mas, em estruturas mais fragilizadas, pode ser uma fresta para deflagrar uma história, seja pela identificação ou pela tentação de transformar a própria vida em um drama”, observa a psicanalista Júlia Ramalho Pinto. Trocando em miúdos, é o caso clássico das reportagens sobre determinadas doenças, como transtorno bipolar e transtorno obsessivo compulsivo, que, ao serem noticiadas, “criam” uma legião de falsos doentes. “O que vemos em consultório é o paciente mais imaturo chegar e dizer: acho que tenho isso”, conta Júlia.

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Questão de princípio Para os cristãos, a questão se torna mais preocupante, pois, além da saúde emocional, mexe também com valores morais. “O risco é que os adolescentes, mais suscetíveis às influências, sejam expostos a conceitos equivocados que poderão não apenas afetar sua maneira de encarar a vida, mas também prejudicar a formação de princípios”, alerta Neila de Oliveira, editora do segmento literário infantojuvenil da Casa Publicadora Brasileira, a mesma que publica a revista Conexão 2.0. O problema é que nem sempre a “orientação” para resolver os problemas vem de fontes confiáveis. Neila dá como exemplo a leitura crítica do controverso As Vantagens de Ser Invisível. “Como o relacionamento com sua família é bastante conturbado, o personagem principal é introduzido a práticas imorais por influência de amigos. Fica perceptível a apologia ao sexo casual, à homossexualidade, ao aborto, à violência e ao uso de drogas. E o personagem tem apenas 15 anos!”, analisa ela. E questiona: “A partir do momento em que abre um livro e avança na leitura, o leitor não tem mais o controle total da mente. Será que esse tipo de história promove bons princípios e valores corretos? Ou está promovendo a falta deles?” Leitor humanizado Em contrapartida, a sick-lit também pode promover empatia e sensibilizar o leitor para o sentimento alheio. “Embora pessoas imaturas possam ter dificuldade de separar a ficção da realidade, doenças graves, depressão, anorexia e tentativas de

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suicídio fazem parte da vida real, a literatura é uma manifestação genuína das preocupações e anseios humanos”, opina o teólogo Milton Torres, coordenador do curso de Tradutor e Intérprete do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Essa também é a opinião do leitor Raphael Cortez, 20. “Minha prima teve anorexia na adolescência e a leitura desses livros me ajudou a encarar o problema de forma mais humana”, conta. Ele faz parte da minoria masculina fã de literatura sick-lit – o termo, aliás, deriva de chick-lit, ficção voltada para meninas. “Li o livro pela primeira vez por indicação de amigas, mas reparei que o sofrimento do romance entre os personagens era o que mais as atraía. Não encarei a história a partir do ‘ah, como o amor é lindo!’, mas sim pela força de superação dos personagens e como ela podia fortalecer o meu dia a a dia. Em compensação, um amigo não teve paciência para terminar, disse que era muito sofrimento para um livro só”, diz ele. De fato, em geral, o que se vê na sick-lit é um esforço para que realidades pouco agradáveis façam sentido a leitores despreparados para enfrentá-los. Alguns dos textos do gênero têm o poder de instigar a busca de respostas para situações muito possíveis e a transpor o limite dos questionamentos tradicionais. “A Culpa é das Estrelas, por exemplo, tem uma mensagem especialmente significativa: o amor pode ser forte, mesmo quando a vida é injusta e as pessoas têm defeitos insuperáveis. Não creio, portanto, que, se fizermos uma análise desapaixonada do tema, esse tipo de literatura se encaixe na definição de ficção frívola e imprópria. Pelo contrário, conduz à reflexão sobre importantes problemas humanos”, diz o teólogo Milton Torres. Cada caso é um caso O fato é que não é apenas a classificação editorial que deve pautar a escolha do leitor. “A ficção deve ser julgada caso por caso, como as obras de outros gêneros”, opina o escritor Scott Moncrieff, professor de Literatura na Universidade Andrews (Michigan, EUA), em artigo da revista Diálogo Universitário. Em outras palavras, há boa sick-lit e má sick-lit, tanto do ponto de vista moral, quanto literário, e isso deve ser analisado individualmente. A supervisão de pais e professores é uma ajuda e tanto para a seleção acertada – não hesite em pedir ajuda. “Livros, filmes e até músicas com essas temáticas não terão qualquer alcance substancial negativo se o jovem for bem conduzido pelos adultos”, garante a professora Valéria Abreu, especialista em Linguística Aplicada. Embora acredite que alguns títulos recorram a clichês e tenham uma percepção estereotipada da adolescência, Valéria lembra que a escola deve perceber o alcance irreversível que o gênero tem sobre o leitor jovem e assumir a responsabilidade de suprir as reflexões. “Os professores, especialmente os de literatura, devem conduzir as leituras e questionar as temáticas envolvidas nessas narrativas, como forma de criar uma aproximação e expandir a capacidade leitora do aluno, além da percepção crítica.” O ideal seria que os pais também soubessem mais acerca desses livros, que, sim, podem ser muito estruturantes. “Bons livros podem se tornar um grande aliado na relação do jovem consigo e com o mundo”, afirma a professora.

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xícara com chá e sachê pendurado - chá claro tipo camila ou erva doce jan-mar

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Básica

Texto Eduardo Rueda Imagem © djtaylor | Fotolia

Não per turb e!

vida após a mOrte Desde as pirâmides do Egito, construídas para servir de túmulo aos antigos faraós, até os atuais esforços da ciência para prolongar a vida, a morte sempre intrigou o ser humano. É um tema recorrente e envolto em mistério. Por isso, as explicações sobre como ocorre e o que vem depois dela são as mais variadas. Mas o que a Bíblia diz sobre a morte? Para compreender o fim da vida, é necessário entender seu início. No relato da criação, é dito que Deus fez o homem a partir da terra e soprou nele o “fôlego de vida” (Gn 2:7). A combinação matéria + fôlego/energia de vida é o que forma o ser humano vivo – também chamado de “alma vivente” (Gn 2:7). Quando alguém morre, o processo é exatamente o inverso: a energia vital (fôlego) volta para Deus, enquanto o corpo (matéria) se decompõe, voltando para a terra, de onde veio (Ec 12:7). E o que acontece depois? Diferentemente de como ensina a maioria das religiões e denominações cristãs, a Bíblia não apoia a ideia de espíritos desencarnados ou “alma penada” (esse conceito vem da filosofia grega, principalmente das ideias de Platão). Segundo o livro sagrado, a alma é o ser humano como um todo e, portanto, é mortal (Ez 18:4). Só Deus tem imortalidade em Si mesmo (1Tm 6:16), e os fiéis só terão acesso a ela na volta de Cristo (1Co 15:51-54). Sem Céu nem inferno imediatos – muito menos purgatório –, a condição dos mortos é comparada ao sono: um estado de profunda inconsciência e alienação (Jo 11:11-14; Ec 9:5,6). Conforme a Bíblia, esse “sono” existencial será interrompido na ressurreição – quando bons e maus, cada grupo por sua vez, voltarão à vida para receber sua recompensa (Dn 12:2; Jo 5:28, 29): os perdidos com a morte eterna (Rm 6:23; Ap 20:14, 15), e os salvos com a vida e o reino eternos (Mt 25:34). fontes: Oscar Cullmann, Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos? (UCB, 2002); Nisto Cremos (CPB, 2008), p. 428-443; História das Religiões, série de documentários (Europa Filmes, 1999)

Curiosa 31613 – CONEXÃO 01/2015

Texto Eduardo Rueda Imagem © macrovector | Fotolia

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pOr Que envelheCemOs?

Cabelos brancos, rugas, ossos fracos, memória falha e um monte de outros problemas de saúde. Se você acha que é jovem demais para se preocupar com a velhice, é melhor repensar. Segundo especialistas, começamos a envelhecer bem mais cedo do que se imagina: por volta dos 25 anos! Apesar de nosso organismo ter a capacidade de se renovar continuamente (cerca de 25 milhões de novas células a cada segundo!), chega um 22 |

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momento em que o corpo deixa de funcionar como antes e entra num processo irreversível de declínio que culmina com a morte. Embora o envelhecimento ainda seja um mistério, até mesmo para a ciência, sabe-se que ele é causado basicamente por dois tipos de fatores: internos e externos. Parte dos cientistas defende que nascemos geneticamente “programados” para morrer, com um tempo de vida definido. Já outros entendem que o organismo envelhece à medida que acumula danos causados, principalmente, pelos chamados radicais livres – moléculas que prejudicam as células. É comum, no meio científico, combinar as duas explicações. Externamente, os fatores que nos

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levam à velhice têm que ver com o ambiente e o estilo de vida. Má alimentação, obesidade, sedentarismo, estresse, exposição exagerada ao sol, vícios, entre outras coisas, podem ser responsáveis por até 70% da degeneração do corpo, reduzindo a longevidade. Isso significa que, embora não possamos evitar o envelhecimento, é possível retardá-lo por meio de hábitos saudáveis.

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O ja d te a le e c

fontes: Wilson Jacob Filho e Elina Lika Kikuchi, Geriatria e Gerontologia Básicas (Elsevier, 2012); “Why do we age?”, senescence.info; “Como e por que as pessoas envelhecem?”, mundoestranho. abril.com.br; “Why do we grow old?”, Watchtower Online Library (wol.jw.org); Lisias Castilho, “Quando começa o envelhecimento?”, momentosaude.com.br

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Tudo ligado Texto Eduardo Rueda

Do telefone ao ciclone Telefone

Uso da maconha como entorpecente Nos últimos anos, os debates sobre a legalização da maconha têm sido frequentes em várias partes do mundo. O uso da planta, principalmente como entorpecente, tem gerado polêmica, e as opiniões se dividem também no campo da religião.

Sim

Várias culturas, como os povos da África, e religiões, como o hinduísmo, o budismo e o taoísmo, fizeram ou ainda fazem uso do cânhamo para vários fins, inclusive em seus rituais. A relação entre maconha e religião ganhou destaque a partir de 1930, com o início do movimento rastafári, na Jamaica. Para os adeptos desse sistema filosófico-religioso, o consumo da cannabis – a “erva sagrada” – não é pecado e prepara o usuário para a experiência com o sobrenatural. Aqui, uma das representantes da filosofia rastafári é a Primeira Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil (popularmente, “Igreja da Maconha”).

Depende

Elizabeth Sholis, membro do Conselho de Igrejas da Califórnia – que defende a liberação da maconha –, afirma que, embora haja reservas quanto ao uso do psicotrópico, é preciso “consumir com prudência”. E para Mark Driscoll, fundador e ex-líder da Mars Hill Church, megaigreja evangélica sediada na cidade de Seattle, Washington, fumar maconha não é necessariamente algo pecaminoso: é apenas tolo. Segundo ele, o consumo da droga é mais uma questão de imaturidade por parte dos jovens.

Não

O catecismo católico considera falta grave o uso de entorpecentes, e as igrejas evangélicas, de forma geral, também se posicionam contra o consumo de drogas psicoativas, incluindo a maconha. O argumento básico é que o corpo é templo do Espírito Santo e não deve ser danificado (1Co 6:19, 20; 3:16, 17). Os adventistas do sétimo dia defendem a abstinência total de narcóticos, sejam legais ou ilegais, seguindo a mesma razão bíblica apresentada pelos evangélicos e acrescentando o conceito de que a mente é a via pela qual Deus Se comunica conosco e, portanto, deve ser mantida lúcida. Fontes: Rowan Robinson, O Grande Livro da Cannabis (Jorge Zahar, 1999); Catecismo da Igreja Católica (Loyola, 2000); Declarações da Igreja (CPB, 2012); Mark Driscoll, Puff or Pass: Should Christians Smoke Pot or Not? (marshill.com); Adventist World, set. 2014, p. 11; info.abril.com.br; r7.com

Seu verdadeiro criador foi o italiano Antonio Meucci, e não Alexander Graham Bell, como muitos imaginam. Tudo começou quando Meucci arranjou um jeito rápido de manter contato com a esposa, sem precisar sair do escritório. Ela sofria de reumatismo e ficava num quarto no andar de cima. Do “teletrofone”, nome dado ao invento, o telefone evoluiu até chegar ao celular. O ancestral dos atuais smartphones pesava cerca de 40 quilos e tinha que ser carregado no porta-malas do...

Carro O primeiro veículo autoimpulsionado foi construído em 1769 pelo engenheiro francês Nicolas-Joseph Cugnot. Era de madeira e movido a vapor, e atingia a velocidade de 3 a 4 km/h. Com o tempo, a invenção ganhou novas formas e um novo motor (a explosão) e se tornou popular a partir da ideia de Henry Ford, chamada produção em série ou “fordismo”. O primeiro carro a rodar no Brasil foi importado pela família de Alberto Santos Dumont, considerado o principal inventor do...

Avião Os irmãos norte-americanos Wilbur e Orville Wright foram os primeiros a voar a bordo de uma aeronave motorizada, em 1903. Para decolar, o “Flyer” precisava do auxílio de trilhos e de um lançador (catapulta). Mas, em 1906, Santos Dumont voou pelo céu de Paris com seu 14-Bis, sem nenhuma “mãozinha”, e recebeu o título de “pai da aviação”. Hoje existem aviões de vários tipos e para finalidades distintas. É o caso das aeronaves utilizadas pelos Hurricane Hunters (“Caçadores de Furacão”), da Força Aérea Norte-Americana, que, para obter dados meteorológicos, são capazes de voar até mesmo dentro de um...

Ciclone É um fenômeno natural caracterizado, normalmente, por tempestades e ventos violentos que giram em alta velocidade. Ele se forma sobre as águas quentes do oceano e pode ser chamado também de furacão ou tufão, dependendo da região do planeta. Na categoria cinco, considerada catastrófica, um ciclone pode ultrapassar 250 km/h, o suficiente para fazer carros voarem como aviões. Não dá tempo nem de tirar uma selfie no celular: o negócio é se esconder! jan-mar

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Ponto de vista

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Imagine

Texto Leonardo Siqueira Ilustração M10 editorial

...se o brasileiro fosse vegetariano

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JÁ PENsou o que aconteceria se o Brasil, onde a média de consumo de carne por ano é de 40 kg por pessoa, trocasse o bife pela salada? Para 8% da população das principais regiões metropolitanas viver sem carne já é uma realidade. Em cidades como Fortaleza (14%) e Curitiba (11%) essa porcentagem é ainda maior. No país todo, os que abrem mão do churrasco, risoto de frango e moqueca são 15,2 milhões de pessoas. sobre os benefícios do vegetarianismo para a saúde você já deve ter ouvido, mas qual seria o impacto coletivo de uma mudança radical na dieta do brasileiro?

espagueti COlOCadOs e COm fiOs da massa fOrmandO Cifras $

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saÚde

Viveríamos mais e melhor. Os últimos estudos científicos apresentaram um grãOs em fOrma de novo enfoque COraçãO – Castanhas, sobre o vegetagrãO de biCO, ervilha... rianismo: quando a dieta é bem planejada, inclusive com suplementação sintética da vitamina B12, ela diminui o risco de doenças crônicas, como do coração, diabetes, hipertensão arterial, obesidade e câncer. Ou seja, mesmo um vegano, que não consome nem ovos e laticínios, pode ter mais saúde e longevidade.

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B a á d q a te u m 4

feiJOa

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risOtO

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eCOnOmia

O Brasil consolidaria sua liderança no mercado de grãos. Continuaria exportando boa parte das 188,2 milhões de toneladas para alimentar os rebanhos em países ricos, mas teria que aumentar sua produção para o consumo humano interno. Os orgânicos seriam a bola da vez. O aumento de 40% do faturamento desses produtos, registrado em 2011, seria pífio e a média anual de crescimento de áreas destinadas para o cultivo deles, hoje em 30%, não daria conta da demanda. Tudo isso baratearia o cardápio vegetariano, que tem a fama de ser mais caro do que o convencional. Haveria também um boom das franquias voltadas ao público vegano, esportista e defensor da sustentabilidade. Somente hoje, 19,7 mil marcas estão associadas ao ideal de vida equilibrada e o mercado de alimentos saudáveis deve lucrar 55 bilhões de reais em 2015.

Culinária

Um cardápio natureba vai muito além da alface e do tomate. Existem versões sem carne de pratos típicos do Brasil, como feijoada com tofu e proteína vegetal; moqueca de legumes; risoto marguerita; hambúrguer de quinoa com tomate seco; e bobó com shitakes (cogumelos) refogados. Para os veganos, tem até pão de queijo sem queijo, feito com batata. Nos doces, uma opção é trocar o chocolate pela alfarroba, e o açúcar branco pelo mascavo. Além de gostoso, para tornar tudo isso mais barato, a dica é usar produtos da época.

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espiritualidade

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COmpOr COm salada pOr baixO Quem sabe

meiO ambiente

Basta fazer as contas para ver que o vegetarianismo não é apenas amigo do homem, mas da natureza. Dois terços das áreas rurais são destinadas à pecuária. Isso equivale a 30% de toda a terra disponível no mundo. A criação de gado é a quarta principal causa de emissões de metano, ou seja, o arroto das vaquinhas agrava o efeito estufa. E para piorar tem o gasto de água. Para produzir 1 kg de carne de boi são utilizados 15 mil litros de água; no caso do frango são 3,5 mil; enquanto que para uma fatia de pão são gastos apenas 40 litros. No Brasil, 45% da água doce vai para a pecuária.

migalhas de Carne COm gOrdura, O restO Que nãO

desperdíCiO

fOi COmidO. fazer na parte verde e deixar O espaçO

O desperdício de comidaaO e ladO vaziO, afinal sem disperdiCiO espaço seria menor, o que ajudaria a alimentar os possíveis 10 bilhões de habitantes da Terra, em 2100. Para se ter uma ideia, para produzir cada quilo de carne são gastos até 10 kg de vegetais. Se trocássemos o bife pela soja ou o milho, o espaço agrícola também seria melhor aproveitado. Por exemplo, uma propriedade rural com 100 hectares pode alimentar 2.500 pessoas produzindo milho; 1.100 com soja; e apenas oito se for destinada ao gado de corte.

feiJOada vegetariana – sem Carne. risOtO marguerita

Diante de todas essas informações, a causa vegetariana e vegana tem ganhado força. o restaurante da Faculdade de saúde Pública da usP, por exemplo, aderiu ao movimento da segunda sem Carne, que na Inglaterra é liderado pelo músico Paul McCartney. Em são Paulo e Curitiba, a carne e seus derivados já foram tirados da merenda das escolas municipais. Ao redor do mundo, milhões de pessoas não comem carne por razões religiosas, éticas, ambientais e de saúde. E você, o que faria mudar sua dieta e se engajar nesta causa? sua saúde, a natureza e os animais agradecem. fontes: “E se fôssemos vegetarianos?”, Superinteressante, outubro de 2003 (http:// goo.gl/YR32Ms); Sociedade Vegetariana Brasileira (http://bit.ly/1zRvl8A); Harvard Women’s Health Watch, outubro de 2009 (http://bit.ly/1hkEewU); Ellen G. White, em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 412; Pesquisa sobre vegetarianismo realizada pelo Ibope, em fevereiro de 2011 e 2012 (http://goo.gl/L9FNCT); Vida e Saúde, maio e setembro de 2012; release da feira NaturalTech (http://goo.gl/ yMAEeD); blog Planeta Sustentável (http://goo.gl/vem6WH). Embrapa (http://goo. gl/ugQpBx); Márcio Basso Gomes, jornalista especialista em saúde; Agricultural and Resource Economics Review 38/2 (October 2009) 109–124 (http://goo.gl/D5gQvd); entrevista do chef Daniel Biron à Agência de Notícias de Direitos Animais (http://goo.gl/UFms3m); entrevista do biólogo Edward Wilson à revista Época (http://glo.bo/1viWx02);

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bróCOlis e COuve-flOr representandO as árvOres.

A Bíblia parece apresentar três tipos de dietas: a COpO COm suCO de uva vegetariana como ideal dentrO (Gn 1:29); a permitida, com carnes limpas (Gn 9:3; Lv 11:3, 9); e a proibida, com carnes imundas, como porco e frutos do mar (Lv 11:4, 10, 13, 20). O livro sagrado também faz conexão entre alimentação e moralidade (1Co 10:31). Para os religiosos em geral, as restrições alimentares tem que ver com a responsabilidade de cuidar de um corpo que lhes é emprestado por Deus (1Co 3:16, 17). Por influência da escritora Ellen White, porém, os adventistas vão um pouco além: entendem que a dieta afeta a percepção espiritual do ser humano e sua comunicação com Deus.

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Ação Mude seu mundo

Texto Jéssica Fontella Ilustração Leblu

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Lição de vida Aprenda

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Quando uma barriga aparece no caminho

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Saiba como a ADRA Brasil tem restaurado a autoestima e a perspectiva de futuro de quem perdeu uma importante fase da vida: a adolescência

DANIELE VArGAs sE sentiu perdida e com vontade de se matar quando, aos 13 anos, descobriu que estava grávida de seu namorado, Victor Figueiredo, de 15 anos. Diferentemente de suas bonecas, em alguns meses Daniele terá um bebê em seu colo pelo qual será responsável por toda sua vida. “Eu não sabia que era tão fácil engravidar, não estava preparada”, reconhece. Assim como Daniele, esse enredo se repete com milhares de adolescentes que deixam seus estudos, afastam-se de seus amigos e se arriscam a fazer um aborto perdendo uma importante fase da vida: a adolescência. E a rotina não muda

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gravidez preCOCe Quase sempre a gravidez na adolescência não é planejada e resultante de um relacionamento sem estabilidade. No Brasil, segundo o IBGE, 17,7%, das crianças nascidas vivas são filhas de garotas de 15 a 19 anos. Na comparação de 2002 para 2012, esse índice teve queda de 3%, mas ainda se mostra alto, principalmente na região Norte (23,2%). Para o diretor executivo do Fundo de População das Nações unidas (uNFPA), Babatunde osotimehin, “a realidade é que a gravidez na adolescência não é resultado de escolhas, mas da ausência delas e também de circunstâncias que vão além do controle das meninas. É a consequência de pouco ou nenhum acesso à escola, emprego, informação e cuidados de saúde”, disse ele em entrevista ao Portal iG, em 30 de outubro de 2013. A gravidez na adolescência também implica riscos de saúde ao bebê e à gestante, entre eles, anemia, baixo peso da criança ao nascer, pressão alta durante a gravidez, descontrole emocional e dificuldade no trabalho de parto normal. Além dessas consequências, os adolescentes sofrem com o conflito interior pelas dificuldades financeiras e a falta de conhecimento para educar uma criança. Nestes momentos de dúvidas, é de suma importância a presença e apoio dos pais e conselheiros. ocorre também uma mudança radical nos planos e expectativa de vida. Principalmente as garotas tendem a interromper os estudos ou desistir da escola, o que acaba prejudicando a qualidade de vida delas e limitando suas futuras oportunidades profissionais. Esse contexto se vê ainda mais agravado pelo fator pobreza, realidade da maioria das garotas que engravidam cedo. supOrte QuandO nãO há apOiO Em um momento de rejeição, conflito e falta de apoio, se faz necessário carinho e orientação. É isso que o projeto Apoio a Mães Adolescentes (AMA) tem oferecido, desde 2010, para mais de 2.600 famílias paraenses. A iniciativa é da Agência Adventista de Desenvolvimento e recursos Assistenciais (ADrA Brasil), o braço humanitário da Igreja Adventista. Por meio de parcerias com as prefeituras, o projeto alcança escolas públicas e dá suporte para as alunas que estão afastadas dos estudos por causa da gravidez. o atendimento é realizado em domicílio,

onde são fornecidas as informações básicas sobre como cuidar do bebê, o que inclui o acompanhamento da vacinação e o encaminhamento para que os recém-nascidos sejam registrados, algo negligenciado por muitas famílias no Pará. “se eu tivesse tido apoio como as adolescentes estão tendo agora durante a gestação toda, seria melhor. Na minha primeira gravidez, eu sofri muito porque a gente fica com aquele medo de contar para os pais. Até porque a maioria dos adolescentes não conversam com os pais sobre gravidez e preservativo. os pais não falam sobre isso em casa”, lamenta Luceliane Ferreira Lobo, jovem atendida pelo projeto em sua segunda gravidez. saÚde, eduCaçãO e renda o projeto abrange diferentes frentes de atuação da agência humanitária. Na área da saúde, as adolescentes recebem acompanhamento durante o pré e pós-natal. Elas são orientadas, por exemplo, em relação à alimentação e aos cuidados básicos com o bebê. são realizadas também palestras sobre orientação sexual e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. “Comecei a participar das reuniões e graças a Deus me senti muito bem e segura”, destaca Marcilene de oliveira, uma das beneficiadas pelo projeto. No campo da eduçação também há muito o que fazer pelas futuras mamães porque uma das primeiras consequências da gravidez na adolescência é o abandono dos estudos. “A aluna sente vergonha de estar grávida e se afasta dos estudos, muitas vezes mesmo após a criança estar grande, elas não retornam à sala de aula”, explica Tiana Figueiredo, secretária de ação social de Paragominas, PA. E para ajudar as adolescentes a voltar para a escola, é preciso incentivo. Estímulo de pessoas como Maria roselene, conhecida como irmã rosa, uma das monitoras do AMA. segundo ela, o projeto não tem mudado somente a vida das adolescentes grávidas, mas a dela também. “Eu estava há vinte e poucos anos sem ir à escola, tinha parado na sexta série. Porém, quando descobri que tinha que incentivar as meninas a voltar para a escola, resolvi dar o exemplo e também voltei a estudar”, comemora rosa. outra iniciativa educacional, por meio de palestras e seminários, é a orientação dos pais, que costumam ficar confusos nesse contexto. Além de incentivar os estudos e os cuidados com a saúde, o projeto oferece atividades de geração de emprego e renda para que as alunas consigam o sustento para si e para seus bebês. Por isso, elas participam de aulas de pintura, crochê e manicure. grande família Atualmente, 714 adolescentes são atendidas pelo projeto da ADrA Brasil em oito cidades do Pará: Cametá, Jacundá, Paragominas, Parauapebas, Vitória do xingu, Belém, Ananindeua e santarém. As meninas assistidas têm de 12 a 19 anos e podem participar do projeto até o bebê completar dois anos de idade. Em Vitória do xingu, por exemplo, onde vivem apenas 14 mil pessoas, cerca de cem meninas são atendidas individualmente pelo projeto e outras 500 têm acesso à orientação dada na escola pelos agentes do AMA. “Para mim e minha esposa, o projeto AMA é como se tivéssemos 2 mil filhas e diversos netinhos. Pra gente é uma satisfação poder ajudar e ver para saber + que essas meninas vão ter um futuro adra.org.br/para/am melhor”, afirma Jones ross, diretor da ADrA Brasil regional Pará. jan-mar

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somente para as jovens mães. Victor, que sonhava em ser piloto de avião terá que, a partir de agora, conciliar seus estudos e amizades com o trabalho e o sustento de uma família.

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Lição de vida

Texto e foto Isadora Stentzler

A RECORDISTA FIEL

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suBo Ao NoNo andar de um prédio próximo ao metrô santana, em são Paulo, para me encontrar com Fernanda. Bato à porta e logo ela me recebe com um sorriso, parecia até que me conhecia há tempos. “seja bem-vinda, pode passar”, recitou o bordão sempre repetido ao se receber alguém em casa. E assim que atravesso a porta, ela não se demora em mostrar-me o apartamento. “Fiz algumas adaptações”, diz. “Mas só algumas, tem gente que acha que cadeirante tem que mudar tudo... não é bem assim. A acessibilidade não é um bicho de sete cabeças.” Na casa da Fernanda mudanças mínimas e acréscimos mínimos: um saco de boxe na sala, um espelho inclinado no banheiro e um banco vermelho na cozinha – muito mais útil como porta vassouras. “Eu guardo tudo ali dentro. otimiza espaço.”

Sua principal marca não foram as 21 medalhas de ouro, mas lutar para cada dia valorizar Deus, as pessoas e as oportunidades

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frieza Fernanda Luíza de Azevedo Lima tem hoje 34 anos e há 16 se tornou paraplégica depois de sofrer um acidente na volta de um congresso de jovens adventistas, na serra que dá acesso a Campos do Jordão. Apesar de perder os movimentos dos membros inferiores na juventude, Fernanda aprendeu a lidar com a situação, sobretudo não porque o acidente lhe foi como um divisor de águas, mas sim pelo que amadureceu depois dele. “Algumas circunstâncias a gente pode plantar, mas outras estão totalmente fora do nosso controle. Agora, o que resolvemos fazer com as circunstâncias que vivemos é o que nos muda. Porque a

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aCidente “Ver as pessoas se emocionando, sendo tocadas [pelo Espírito santo]... isso não mexia comigo.” Por isso, na volta, sentada no meio do ônibus em um banco para o corredor, ela conversava. uma voz misturada aos cantos, risos e outras ponderações que vinham dos jovens dispostos entre os 44 assentos do veículo. Pela janela se viam paisagens correndo, dando a ilusão de que era a vegetação que andava enquanto o ônibus permanecia estagnado. Era aquilo um sinal de que se chegava cada vez mais perto de casa. Porém, o clima animado e acolhedor naquele ônibus só foi perturbado com o grito de um jovem que aos berros deixou a cabine do motorista: – o ônibus perdeu o freio. orem! Pânico. Como naqueles filmes em

que o veículo perde o controle e a vida dos passageiros é colocada sobre o fio de ouro, os jovens alegres que cantavam no ônibus perderam o tom das sinfonias e elevaram uma única voz na prece pela salvação do grupo. Fernanda, alheia a isso, permaneceu incrédula. “É só um problema mecânico e logo vai se resolver”, dizia a si. Porém, conforme as árvores corriam cada vez mais rápido pelo vidro, Fernanda sentiu que não era apenas um problema técnico. Na descida, o ônibus foi embalado pela inércia que tomou proporções incontroláveis. As rodas já giravam em força infreável enquanto que o motorista nada poderia fazer para conter um possível impacto. Dentro, temor. Pois sabia-se que sobreviver era somente por um milagre. Em questão de minutos, o ônibus se tornou um jato que decolava na pista rumo a um abismo que estava na rota do veículo. seria uma das piores tragédias com jovens adventistas, não fosse uma árvore no caminho. Já com tamanha velocidade, o ônibus se esguia para a esquerda, lado em que Fernanda estava, tombando. o impacto arrastou o veículo a um abismo, contido de cair devido a uma árvore que perfurou o latão do transporte. Cena que Fernanda nem chegou a assistir. “Dizem que fui uma das últimas a ser retirada, eu não sei, não vi, desmaiei quando o ônibus tombou.” Para ela, melhor. o que se viu naquele ônibus foram pedaços de gente envoltos em galhos, uma sangria que roubou a vida de 14 jovens. aprendizadO Quando soube, Fernanda queria desacreditar. Havia amigos ali. Havia colegas. Agora havia corpos. uma lembrança carregada por Fernanda nos pesos das pernas, que desde então não se moveram. Ao dar vida a essas memórias nenhuma lágrima cai dos olhos de Fernanda. Tampouco a testa se franze em sinal de constrangimento e dor, ou aparenta sentir algum remorso pelo passado que lhe deixou sob uma cadeira de rodas. Do contrário, a ex-professora de inglês se enche de sorrisos e se preocupa apenas em manter o fio da história, enriquecida com os detalhes.

“É que eu procuro tomar bastante cuidado para que as pessoas não pensem: ‘A Fernanda mudou por causa do acidente’. Não! Não! Não falem isso pelo amor de Deus”, e ri. “Porque o que muda a gente não são as circunstâncias. são os relacionamentos. Porque relacionamento tem que ver com escolha, em que só eu posso escolher o que faço com Deus e o que faço com as pessoas. Porque se eu me distanciar de Deus e das pessoas vou ser tão infeliz ou pior do que quando fui aos 18 anos.” Depois do acidente, ainda no hospital, Fernanda deparou-se com uma cena que considera a mais triste para um filho ver. Próximo à cama dela, sua mãe orava e chorava a Deus em intercessão pela filha. “E quem era eu se não uma menina mimada que não fazia nada? senti que não deveria ficar reclamando da minha situação, que deveria ir em frente independentemente de como ficasse.” A decisão que poderia ter golpeado a determinação de Fernanda ao saber que o caso era indiagnosticável, não morreu. Daquele dia para os outros quase 7.300 em que viveu, somou-se à rotina da cadeirante o hábito que na juventude era tão esquecido e que se tornou o prumo de Fernanda a partir daquele leito: a leitura e estudo da Bíblia sagrada. “Eu poderia ter me conformado com tudo o que passei, mas aprendi que não devemos desperdiçar nenhuma oportunidade e acho que essa foi uma das maiores lições que levei disso tudo.” Em 16 anos de cadeira de rodas, Fernanda se tornou recordista do nado borboleta ganhando 21 medalhas de ouro, uma de prata, uma de bronze, entrou para a seleção paraolímpica de natação brasileira – competindo inclusive na Argentina –, formou-se em Turismo, namorou, trabalhou numa multinacional farmacêutica, escreveu um livro, tirou carteira de motorista, comprou um apartamento, foi morar sozinha e hoje se divide em lutas de boxe, ciclismo e viagens para palestras motivacionais. “Agora começarei a trabalhar de novo, mas de novo, assim como nada do que me tornei tem que ver com planos que fiz, sei que daqui pra frente Deus também continuará cuidando.”

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para saber +

Um Passo a Mais (CPB, 2010) ________ C.Qualidade jan-mar

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felicidade, para mim, está baseada em três pilares: Deus, pessoas e oportunidades. uma vida que dá certo é a de quem se apega com Deus, ama as pessoas e aproveita as oportunidades. E isso não tem como dar errado, estando sentado ou de pé.” Fernanda, aos 18 anos, não era e nem possuía os sonhos da Fernanda sentada na cadeira de rodas com quem conversava naquela tarde. Era uma garota capaz apenas de servir a rotina nos seus grotescos detalhes. Trabalhava como professora de inglês em uma escola adventista de são Paulo no período da manhã. À tarde dormia e à noite jantava, ficando até a madrugada vendo TV. No outro dia refazia com a mesma fadiga os mesmos compromissos de hora marcada. Coisa que só mudava aos fins de semana, quando Fernanda dava aulas a uma classe da escola sabatina da igreja. “Mas era mais uma função a cumprir”, relembra. “Eu revisava tudo antes de dar a aula em vez de estudar dia a dia a Bíblia. Era um tempo em que espiritualmente falando, eu estava fria.” Até que uma amiga a convidou para um retiro espiritual na cidade de Campos do Jordão. Era sábado, 9 de maio de 1998, véspera do Dia das Mães. A ida de Fernanda ao encontro foi aleatória e se equivalia a um passeio no shopping. Algo mais que ver com reencontrar amigos do que com compromisso espiritual. E até o último minuto daquele evento foi assim.

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Aprenda

Texto Wellington Barbosa Ilustração Renan Martin

Como analisar um filme IMAGINE A CENA: o professor de filosofia indica como atividade a análise de um filme desconhecido. Você fica empolgado com a tarefa, mas depois de duas horas de exibição, algumas dúvidas pairam sobre sua cabeça: o que vou apresentar na próxima aula? Se você já assistiu a um filme e não entendeu nada, a Conexão 2.0 traz algumas dicas úteis para você se sair bem na próxima experiência.

explOre

Antes de começar a ver o filme, pesquise as informações básicas dele: título original, ano de lançamento, gênero, classificação etária e perfis do diretor e atores. Além disso, procure por resenhas críticas em sites especializados.

Observe

Ao assistir ao filme, busque compreender a estrutura: seu roteiro e narrativa são originais ou adaptados? Como a história é contada? Existem diversas formas de se narrar uma história: a mais tradicional (início, meio e fim); o flashback; utilizando-se de um narrador; ou o relato em primeira pessoa.

identifiQue

preste atençãO

Observe com muita atenção os personagens. Considere o significado de seus nomes, o perfil psicológico, os valores que defendem e sua participação na trama. Mantenha-se ligado nos diálogos, pois eles são fundamentais na compreensão da mensagem. Se você já assistiu ao filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989), sabe que a expressão carpe diem é significativa para se entender a lição que ele traz.

Procure compreender qual é a ideia dominante, a ideologia que sustenta a história. Observe quais são os símbolos, metáforas ou discursos que deixam clara a mensagem da obra. Tente definir em uma ou duas palavras o tema central do roteiro. Por exemplo, o filme A Queda (2004), poderia receber as seguintes tags: nazismo, biografia, guerra.

disCuta

Faça uma lista de pontos positivos e negativos do filme e compartilhe suas conclusões. Aproveite a oportunidade e confronte a ideologia do filme com sua própria forma de pensamento. Essas reflexões enriquecem a compreensão da obra e favorecem o amadurecimento de seu senso crítico.

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Mariane Baroni e Enio Scheffel / Imagem: William de Moraes

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A mensagem do filme é potencializada pelos seus efeitos especiais e sua trilha sonora. Em A Lista de Schindler (1993), exibido em preto e branco, há uma cena curiosa: uma garota aparece com um casaco vermelho. Certamente esse recurso quer dizer algo importante.

analise

fontes: Allan Novaes, jornalista e mestre em Comunicação (Umesp); Matheus Siqueira, jornalista e mestre em Cinema (Universitat Pompeu Fabra/Barcelona); Fernando Beier, pastor e mestre em Teologia (Unasp); site filmsite.org.

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Douglas Assunção / Imagens: Fotolia

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