Conexão 2.0 - Educação Física

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Caravaggio: entenda a linguagem de luz e sombra do gênio italiano

Jul-Set 2012 – Ano 6 no 23

Exemplar: 6,30 – Assinatura: 20,00

Entenda. Experimente. Julho-SetembroMude 2012 Exemplar: 6,30 – Assinatura: 20,00

Não é só correr atrás de uma bola. Existem 127 opções de atividades.

Chegou a hora de levar a disciplina e a sua saúde à sério

Imagine se ninguém mentisse

Aprenda inglês, de uma vez por todas

Aborto: três pontos de vista


Da redação

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Editor Wendel Lima

Entenda. Experimente. Mude William de Moraes

Deu gosto fazer esta revista! Da criação das seções até as ideias de ilustração, ela é resultado da transpiração da equipe (Diogo, Éfeso e Marquinhos). Procuramos referência no que há de melhor no mercado, sem abrir mão de nosso diferencial: olhamos o mundo do ponto de vista cristão e criacionista. E é através dessas lentes que desejamos ajudar você a entender a realidade, a experimentar o que vale a pena e a mudar sua comunidade e a si mesmo. Por isso, entenda como a Conexão 2.0 funciona (veja também a pág. 9). São três blocos com ênfases diferentes: informar, explicar e inspirar. Na primeira seção, temos: Globosfera, espaço para tendências, curiosidades e dicas culturais; Entenda, infográfico que torna interessante coisas que você precisa saber; e Ao ponto, batepapo sem enrolação com um especialista. No segundo bloco, vêm: as reportagens de capa e a secundária, sempre com um contraponto daquilo que você está acostumado a ler; a subseção Perguntas, com questões sobre comportamento, crenças e curiosidades; e Imagine, texto que brinca com a ficção para levar você a pensar numa realidade diferente e melhor que a atual. Na última seção, você vai ler: Mude seu mundo, relatos de pessoas que cresceram pessoalmente e ajudaram outros através do voluntariado; Lição de vida, histórias reais que merecem ser imitadas; e Aprenda, nossa dica para você desenvolver habilidades para o sucesso. Não esquecendo do Conectado, espaço para os resultados de nossa interação nas mídias sociais. Enfim, a revista está cheia de novidades. É até um pecado você não conferir! A começar pela mudança do nome – de Conexão JA (de jovens adventistas) para Conexão 2.0 (de upgrade) – apostamos num modelo que atenda melhor nossos antigos e novos leitores. Por aqui, a gente só se vê a cada três meses, mas nas mídias sociais e no blog (conexao20.com.br), estamos online. Então, vá em frente! Entenda. Experimente. Mude.

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5 Conectado

opinião de quem segue A e curte a gente

6 Globosfera

irgindade, reciclagem V e curso de sobrevivência

9 Entenda 22 Perguntas

A nova cara da revista

borto, origem de Deus A e a pré-história da cruz

30 Aprenda

Inglês, de uma vez por todas

18 Reportagem

xposição joga luz no E sombrio Caravaggio


24 Imagine

... se ninguém mentisse

8 Ao ponto

A partícula de Deus

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Capa

Não é só correr atrás da bola. Aproveite ao máximo a aula de Educação Física

Revista trimestral – ISSN 2238-7900 Julho-Setembro 2012 Ano 6, no 23 Capa: Marcos Santos Ilustrações de capa: Fotolia e Rogério Chimello

CASA PUBLICADORA BRASILEIRA

Editora dos Adventistas do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br Serviço de Atendimento ao Cliente Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 Domingo,das 8h30 às 14h Editor: Wendel Lima Editor Associado: Diogo Cavalcanti Projeto Gráfico: Marcos Santos e Éfeso Granieri Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Rubens S. Lessa Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Chefe de Expedição: Eduardo G. da Luz Colaboradores: Edgard Leonel Luz, Orlando Mário Ritter, Ivan Góes, Antônio Marcos Alves, Marco Antonio Leal Góes, Enildo do Nascimento, Almir Augusto de Oliveira, Douglas Jeferson Menslin, Areli Barbosa, Aquino Bastos, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Ivay Araújo, Ronaldo Arco, Donato Azevedo Filho e Carlos Campitelli

26 Mude seu mundo

professora e a criança A que escreveram um novo roteiro

Assinatura: R$ 20,00 Avulso: R$ 6,30 www.conexao20.com.br Tiragem: 29.500

28 Lição de vida

Três vencedores do esporte adaptado

9116/26351

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.

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Carlos Souza / Imagem: Shutterstock

Portal

da Educação

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Conexão com o conhecimento. Compromisso com o futuro.

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Informação Conectado & Opinião Globosfera

Texto Wendel Lima Design Marcos Santos

Ao ponto Entenda

conexao20@cpb.com.br

Desabafos, sugestões, interação e dúvidas para a seção Perguntas? É por aqui aqui mesmo! Tenho muitos amigos que estão enfrentando essa grande luta contra o alcoolismo precoce. Agradeço a Deus e a vocês por terem abordado esse tema tão comum na sociedade, mas que é difícil de combater.

Discutir sobre o alcoolismo é necessário. Na minha faculdade, o uso abusivo do álcool é muito comum e motivo de piadas, em vez de preocupação. Precisamos lutar para mudar essa visão.

Vanderlei Alves

Ricardo Coelho

conexao20.com.br

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No blog, você tem os bastidores da revista, o complemento das matérias e acesso às edições anteriores.

@KawBorges: Esse é o tipo de revista que deveríamos ter em bancas de jornais, pois atenta para a realidade dos jovens de hoje.

© Fotolia e Divulgação

Saiba o que vai ser publicado, opine sobre os conteúdos que já saíram e compartilhe com os amigos que não têm a revista.

@gioeugenia: Abrir a nova revista, devorar cada matéria incrível, cheia de cristianismo e atualidades, e ainda ver meu comentário publicado #nãotempreço

twitter.com/conexao_20

Temos 7.400 seguidores. Acompanhe a gente lá! @GleidysAngel: Sou fanática por essa revista! Mais uma vez ela me ajudou, e muito, nos meus estudos universitários! Thanks!

@tacimeireles: A revista me deixou com vontade de ver a exposição no Masp sobre Roma. Isso não se faz com uma historiadora que mora no RS! jul-set

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Quem apoia, levanta a mão

Emo? Geek? Que nada! O que não para de crescer é o número de jovens que apoiam ou se comprometem com a campanha pró-virgindade (euescolhiesperar.com). São mais de meio milhão no Facebook e 115 mil seguidores no Twitter. A cada evento da MOB, ONG evangélica liderada pelo pastor Nelson Jr., milhares de adolescentes fazem um pacto de pureza sexual: é mais do que não transar no namoro! Como símbolo dessa aliança, a galera tem usado um anel ou simplesmente artigos promocionais da campanha, como camisetas. O que vale mesmo é decidir esperar por todas as vantagens de experimentar o sexo apenas no casamento, conforme o plano de Deus. Mobilizações desse tipo ganharam força nos anos 90 nos Estados Unidos e se espalharam pelo mundo. O movimento True Love Waits, por exemplo, já tem mais de 3 milhões de simpatizantes. Curtiu?

Darwin

em baixa

Quase metade dos americanos (46%) rejeita a teoria da evolução. É o que mostrou uma pesquisa do Instituto Gallup divulgada no início de junho. A visão de que Deus usou o processo evolutivo (32%) e de que a vida evoluiu sem intervenção divina (15%) vêm logo em seguida. A massiva propaganda evolucionista parece não estar fazendo tanto efeito por lá. Há 30 anos, quando foi feita a primeira pesquisa do Gallup sobre o tema nos Estados Unidos, 44% disseram ser criacionistas. Fonte: veja.com.br

© Wikipedia

© Fotolia e Divulgação

Texto Wendel Lima Design Marcos Santos

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Joseilton Gomes

Clique verde

Que tal suas ideias sustentáveis bombarem na web? Agora, os projetos ecológicos da sua e das demais escolas adventistas do Brasil podem estar em destaque no hotsite Esperança para o Planeta (educacaoadventista.org.br/esperanca-planeta). Lá, você encontra informações sobre os grandes problemas ambientais da atualidade e como mudar esse quadro com pequenas ações na sua comunidade. Converse com os professores, mobilize sua classe e mãos ao lixo!


© Fotolia

Novo ritmo

do hip-hop atidas as b e seu irmão car s, ele tro ela eles descobriram iu str id s E o que negro da força . na as o lado de astros e fãs M m ação . co cor no

Divulgação

sem tédio O nome do site não tem nada a ver com você (confissoespastorais. com.br), mas a linguagem e o conteúdo têm a sua cara. Dois pastores adventistas traduziram as mensagens fantásticas e sempre atuais da Bíblia em podcasts bemhumorados. No começo eram conversas informais gravadas ao telefone, mas a brincadeira virou um ministério sério. O trabalho já tem camisetas, mascotes e um DVD com todos os programas. No site foram criadas seções adicionais com tirinhas e vídeos curtos que falam de religião numa linguagem que não dá sono. O Biblecast da dupla Diego Barreto e José Flores Júnior é baixado semanalmante por 10 mil pessoas. Para quem não sai da web e está cansado de ouvir apenas sermão, fica a dica!

e Boogie Monster a Th e longa data d s, Ivo M d n as a y sd a b ja. Fã cos nos palcos érie G ers i : d e t m Y u s r o í co a ig s art bridades mais da e err ec m me s cele itual send se pa Jed a r o tr no da espir ava ece i. da do erra u

Quando ganhava din h pela pregação no eiro púl e f vo , S o e n a n, as pit am mais o o tempo, é q sumi de a ue com r u a eram que h o m m áu rceb Pe ma un g

Religião

Ve 17 ja p ina ropag anda na pág

© Fotolia

“Pede pra sair!”

Elcinho kazulle

SE-PA-RE

Caminhar 26 quilômetros com uma mochila nas costas. Andar 8 horas por dia no meio da mata. Acampar sem barraca, dormindo em redes ou no chão. Acender uma fogueira com galhos molhados. Atravessar um rio pendurado numa corda. E fazer tudo isso sem smartphone, com muita chuva e – 2º de sensação térmica. Esse foi o programa de índio, ou melhor, curso de sobrevivência, encarado por cem líderes do Clube de Desbravadores (desbravadores.org.br), no feriadão de junho, em Guarapuava, PR. A razão? Preparo para enfrentar situações de risco e viver de forma harmoniosa com o meio ambiente – natureza que recompensou os corajosos com a vista do salto de São Francisco, a maior cachoeira do Sul do Brasil, com 196 metros. Apesar do cansaço e do frio, o grupo teve uma experiência única de superação física e espiritualidade. No sábado, os líderes foram divididos em grupos menores para estudar as profecias bíblicas. E aí, vai “pedir pra entrar?”

O discurso está na ponta da língua (86%), mas reciclar o lixo só é hábito de 26% dos brasileiros. A pesquisa mostrou que o reuso de materiais, a utilização de sacolas retornáveis durante as compras e a rejeição de produtos com muita embalagem, também são pouco praticados. A reciclagem é mais frequente em Curitiba (45%) e menos em Brasília (3%). A maioria considera importante o cuidado com o meio ambiente (71%), mas poucos têm conhecimento específico sobre o tema. Porém, quando se trata de economizar água, gás e eletricidade, 73% estão ligados. A pesquisa foi feita pelo Ibope Media com 10.368 pessoas de nove capitais. jul-set

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Ao ponto

Texto Diogo Cavalcanti Ilustração Rogério Chimello

A partícula de Deus

Um túnel circular de aproximadamente 30 km foi construído entre a França e a Suíça, para fazer constituintes atômicos conhecidos por hádrons (prótons, por exemplo) se chocarem, e assim possibilitar um estudo direto dos principais fenômenos do Universo. Entre os mistérios a serem estudados nesse túnel, chamado de LHC (Large Hadron Collider), está a existência ou não do bóson de Higgs. Segundo a teoria quântica, essa é a partícula subatômica que, entre outras coisas, permite a transformação de energia em matéria – por isso chamada de “a partícula de Deus”. Em ano sabático, colaborando com pesquisas na Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), Alfredo Takashi Suzuki, livre-docente, pesquisador da Unesp e coautor de livros didáticos de Física, tirou uma partícula de seu tempo para falar sobre o assunto com a Conexão 2.0.

Quais são as possibilidades mais animadoras das pesquisas no LHC? Para mim, são: primeiro, entender melhor a natureza que nos rodeia, ou seja, a criação de Deus; segundo, o desenvolvimento simultâneo de várias áreas do conhecimento humano que colaboram no planejamento, construção, operação e análise dos dados resultantes do projeto. E se não encontrarem o bóson de Higgs? Se não encontrarmos o bóson de Higgs, as teorias construídas para as interações entre as partículas elementares [subatômicas] terão que ser revistas. Por outro lado, mesmo que encontremos esse bóson, isso não vai significar necessariamente 8 |

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que a teoria construída para as interações elementares esteja completa ou mesmo correta. Conhecemos os efeitos da força gravitacional e da “matéria escura”, mas não a natureza delas. Finalmente temos chances de alcançar essas respostas? Conhecer a essência das coisas não é o mesmo que descobrir como as coisas funcionam. A ciência não pode alcançar esse âmago da questão – o porquê das coisas –, mas apenas como elas operam. A verdadeira natureza das coisas está além da ciência como empreendimento humano. No LHC, descobriram num primeiro momento que neutrinos voaram bem mais rápido

do que a velocidade da luz, o que era impossível segundo a teoria de Einstein. Muitas teorias da Física podem sofrer correções ou mesmo cair por terra, com as descobertas do LHC? Esses neutrinos não voaram mais rápido que a velocidade da luz, porque uma análise mais detalhada do experimento mostrou que houve um erro sutil não percebido pelos experimentadores. A velocidade da luz continua como o limite das velocidades, e a teoria de Einstein ainda está em pé e bem. As descobertas do LHC certamente lançarão nova luz sobre os fenômenos da natureza, e muitas descobertas poderão ser vistas, sim, confirmando, aprimorando, ou mesmo reformulando as teorias atuais.

Alguns estudiosos têm relacionado as teorias da Física à espiritualidade. Os mistérios do Universo levam os acadêmicos a pensar em Deus? Não há como negar que os mistérios do Universo constituem um forte apelo à espiritualidade do ser humano, cuja característica foi implantada pelo Criador e faz parte de nossa natureza. Mas a maneira como lido com a espiritualidade é uma questão pessoal. Assim, embora muitos vejam inequívocas evidências de um Deus criador, há aqueles que abafam esse sentimento do eterno em racionalismos lógicos, chegando a negar até as mais claras evidências em contrário. É a velha questão do “pior cego é aquele que não quer ver”.


Entenda

Texto Wendel Lima Design Éfeso Granieri

A nova cara da revista Reportagem

Seções: O conteúdo está dividido em três blocos, conforme os objetivos: informar, explicar e inspirar

Interpretação & Reflexão

Subseções: São dez. De como se virar em situações do cotidiano até respostas às questões filosóficas.

Capa Texto Diogo Cavalcanti Design Éfeso Granieri Ilustração Vandir Dorta Reportagem Perguntas Imagine Sunt ideles quidunte pliquiatus que cum ut dit essed eos endipsa nis et que pos ipsam idebis disquas adipsandi del et rehendam solo te ni nest ditetur? Ate que moluptis de non cum rerfera tection por mollupiet inusdam, officidem. Mus et eum iumque omnihic tatque dolore sam cus aut enectibus, occatur solorep tatament. Ictatia spient quunda dolent, simaximpe vitibusAborporem qui blab inullesse vendandio tem excerovide exerian dandae con etur sequia niendes torenda nimolor aruptat entotatium ium inullantium culluptaquae digentiae. Erchiti quassim illabo. Rovid moluptatur? Qui sequis ant et, vellatum quunt ipsam qui iunt, id qui iustia imod ut verferatem aditibus doluptateces eos autemporibus re laboritia voluptae di conectint, nosam eum explita alibusdae voluptas magnate volupta dus utem laboreptate libus dolorerisque as rerae sitatur, occae voluptae aliquam, ipit doles miliquam que qui qui coreict otatur sunt eumquatat as et pa non repe nullupt atibusciasit rerio blantemquod ut accus si vendam quisqui to blaceaquia conseditint quam, suntore perspis ut quam labor saperum quaspe sitaepra sit as ma duciund elenimo luptatis soluptatemo blaudig nataque es es es sam ratus nonsentore eum qui ipsant volorepudi corumque endem fugita dusam estibusam non eum ilitius et alita corat. Dolorat enimolo reptatempori ilicips anihicaeEst as sum ea qui omnimusaecae voluptaqui

Imagem: Para nossa alegria, ela tem prioridade sobre o texto. Destaque para as ilustrações e fotos produzidas em estúdio.

Texto: Reduzimos o volume de texto em 35%. Temos a meta de dizer mais com menos. A fonte foi condensada, porque a gente conta com a saúde da sua visão.

Conheça os projetos de extensão do Unasp, campus São Paulo

C+: Ícone que informa sobre o conteúdo adicional do blog.

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Interpretação Capa & Reflexão Reportagem

Texto Diogo Cavalcanti Design Éfeso Granieri Ilustração Vandir Dorta Jr.

Perguntas Imagine

Colaboração Daniel Cruz, Dina Karla Miranda, Márcio Tonetti, Murilo Pereira e Wendel Lima

A aula que pode mudar essa equação Suar é preciso. Seu professor de Educação Física sabe disso e pode ajudar você a tornar o exercício físico um hábito divertido e saúdável 10 |

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No filme Click (2006), Adam Sandler vive Michael Newman, um arquiteto e pai de família que recebe um controle remoto com o poder de acelerar sua vida. Newman abusa do controle para “pular” momentos ruins e chegar logo ao sucesso. De repente, ele se vê bem-sucedido e rico, porém, divorciado, distante dos filhos, angustiado e terrivelmente obeso. A história de Newman é mais do que uma ficção. É a parábola de uma sociedade que sacrifica os valores mais importantes, como saúde e família, em troca de dinheiro e fama. Newman é um retrato da situação de muita gente hoje e do que você pode se tornar amanhã.

A realidade é que, no Brasil e no mundo ocidental, o estilo de vida sedentário e antinatural faz com que a população se torne cada vez mais suscetível a doenças crônicas. Segundo o Relatório Vigitel 2011, do Ministério da Saúde, o percentual de pessoas acima do peso subiu de 43% para 49%, entre 2006 e 2011. A pesquisa também aponta que 52,6% dos homens e 44,7% das mulheres estão acima do peso. E com a explosão do sobrepeso entre crianças, adolescentes e jovens, o negócio vai de mal a pior. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em apenas sete anos, a obesidade entre jul-set

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Educação Física

é mais do que jogar bola, isso é recreação, e você pode fazer com os amigos. Nas aulas, é preciso pensar na sua saúde: trabalhar flexibilidade e resistência, por exemplo, e combater as doenças crônicas. Para tornar isso ainda mais divertido, sua turma pode explorar 127 modalidades reconhecidas pelo Ministério dos Esportes.

os adolescentes aumentou mais de três vezes, saltando de 3,7% em 2004 para 12,6% em 2011. A matemática óbvia desse quadro é muito junkfood (alimento de má qualidade) multiplicado pelo tempo perdido com os gadgets (mídias móveis) e elevado ao sedentarismo. Prevenir é melhor que... É nesse ponto que entram as atividades f ísicas. Além de fortalecer e alongar os músculos, entre outros benefícios físicos, “a prática regular de exercícios estimula as habilidades cognitivas, o autocontrole e até o desenvolvimento espiritual, além de prevenir as doenças crônicas. Estudos comprovam que jovens que praticam atividades físicas regulares são menos propensos ao uso de drogas. Também já foi demonstrado bioquimicamente que os exercícios geram prazer e um senso de conquista”, afirma Leonardo Martins, doutor em Educação Física pela Unicamp e diretor da Pós-Graduação, Ensino e Extensão do Unasp, campus São Paulo. Nesse sentido, especialmente as aulas de Educação Física podem mudar a condição atual do corpo e ajudar a reescrever o futuro, estimulando as pessoas, desde a infância, a adquirir o hábito de praticar exercícios físicos e se manterem saudáveis. Segundo pesquisa doutoral da Unesp, realizada por Rômulo Araújo Fernandes, com 2.720 pessoas do interior paulista, exercícios praticados apenas na idade adulta não previnem os desequilíbrios de colesterol, que afetam 16% da população brasileira. A conclusão é que, quanto mais cedo começamos a fazer exercícios, temos mais saúde. Nem só de bola Se, por um lado a Educação Física é ótima para a saúde e para a formação de bons hábitos, por outro, 12 |

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a prática está bem longe do ideal. Para começar, a maioria dos alunos enxerga as aulas como o genérico “jogar bola” na quadra. Isso se deve a uma histórica crise de identidade, segundo o professor Martins. Somente a partir dos anos 1980 é que se passou a discutir o verdadeiro objetivo da disciplina. Uma parte das escolas pratica esportes coletivos organizados, com regras, tudo bonitinho. Mas poucos alunos imaginam que outras atividades podem ser desenvolvidas, como exercícios físicos individuais, atletismo e ginástica artística. Ao todo, são 127 modalidades reconhecidas pelo Ministério do Esporte, mas as aulas costumam utilizar apenas quatro. Além de também fazer parte do currículo da disciplina, aulas diferenciadas poderiam incluir até os alunos que não se envolvem nos esportes coletivos, e com o benefício extra de desenvolver novas habilidades. Nesse sentido, um dos valores que deve ser trabalhado é a cooperação, mais do que a competição. “A educação adventista deve estar pautada em valores que respeitem a individualidade, que assegurem um viver saudável, a cooperação e o serviço”, lembra o professor Leonardo Martins. Corrida contra o tempo Outro problema é o tempo de aula propriamente dito – que também é uma dificuldade nas demais disciplinas. Numa pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas, RS, constatou-se que as aulas de Educação Física duram em média apenas 35 minutos. Nesse curto período, a maioria dos alunos não chega nem perto de alcançar benefícios à saúde. E isso foi comprovado no estudo: acelerômetros fixados na cintura dos alunos indicaram que apenas 32,7% dos estudantes chegaram a praticar “atividades


f ísicas moderadas ou vigorosas”, nível que traz benef ício ao organismo. Os demais 72,3% dos alunos tiveram pouco ou nenhum proveito nas aulas. Para José Alberto Aguilar Cortez, professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP e consultor de esporte e saúde da rádio Jovem Pan AM, “as aulas são prejudicadas porque muitas escolas não oferecem instalações satisfatórias e o material esportivo disponibilizado não é suficiente. As aulas deveriam ser ministradas em horários não coincidentes com as outras disciplinas e, no mínimo, três vezes por semana”. Francisco Carvalho, aluno do 2° ano do Ensino Médio do Colégio Adventista do Rio de Janeiro, gostaria de mais tempo nas aulas: “Quando pratico esporte, me sinto melhor e mais disposto para as demais atividades. Só acho que o tempo dessa disciplina poderia ser maior”. Wagner Machado, aluno do 1° ano do Ensino Médio, gostaria que houvesse mais aulas na semana. “Nas aulas de Educação Física tenho a oportunidade de desfrutar de novas amizades. Queria que tivessem mais aulas durante a semana”, afirma. Reeducação física A Educação Física nas escolas pode ir além do genérico jogo de bola. As aulas são mais do que recreação, devem gerar impacto na saúde dos alunos. Para mudar, só é preciso vontade, e o professor Fernando César Camargo Braga é uma prova disso. Além de organizar os esportes coletivos com seus alunos no Colégio Adventista Marechal Rondon, em Porto Alegre, a cada aula, ele acompanha o rendimento individual dos estudantes. Para isso, Fernando os ensina a contar suas pulsações ao longo das atividades e a anotá-las numa ficha. Com os números em mãos, ele avalia se os objetivos da aula estão sendo alcançados. “O objetivo é desenvolver as capacidades físicas relacionadas à saúde, a exemplo da força, flexibilidade e resistência aeróbica. Os estudos mostram que se o aluno desenvolve esses aspectos é muito provável que ele saia do grupo de risco das doenças crônicas”, explica Fernando. Omar Silveira, um de seus alunos do jul-set

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35 minutos

é o tempo médio de duração das aulas de Educação Física. Tempo geralmente insuficiente para gerar benefícios para a saúde. O ideal é que essas aulas fossem no contraturno e no mínimo três vezes por semana. Por isso, aproveite ao máximo o tempo na escola e complemente com atividades regulares nas horas livres.

Ensino Médio, entendeu bem a mensagem do professor: “Você soltar uma bola para os alunos jogarem não é Educação Física. Isso é recreação.” Mestre em Educação Física pela UFRGS, em sua dissertação, Fernando propôs e avaliou os resultados de um programa de treinamento de 12 semanas. Ele constatou que os alunos incluídos no treinamento cresceram em estatura, mas não engordaram, ao contrário dos que fizeram as aulas tradicionais. Em vista desses resultados e da necessidade cultural de uma reeducação física da sociedade, o professor Fernando acredita que é preciso “repensar a organização das aulas de Educação Física, como tempo e frequência das aulas e a intensidade do conteúdo proposto”. Somos um todo Antes de qualquer mudança prática, é preciso definir o objetivo não só da Educação Física, mas da educação como um todo. Não são apenas as disciplinas teóricas, como português e matemática, que fazem a diferença no seu futuro, mas o desenvolvimento equilibrado de todas suas capacidades (físicas, mentais, emocionais, sociais e espirituais). É isso que habilita você a ser uma pessoa mais completa. Ana Beatriz Alexandre, aluna do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Adventista do campus da Faculdade Adventista da Bahia, em Cachoeira, BA, já entendeu isso: “Eu acho que essas aulas são importantes porque a escola não ajuda a desenvolver apenas a mente. A Educação Física ajuda você a se manter bem.” Jhonnathas Rubens Marinho, colega de sala de Ana Beatriz, vai além: “Estudos comprovam que se a gente somente exercitar o cérebro, há prejuízos. Precisamos também praticar esportes para colocar para fora as emoções e descarregar as energias. Tudo isso contribui para nossas sinapses.” 14 |

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“Eu gosto sempre de dizer que a Educação Física não é a educação do físico, mas do homem”, resume o professor Admilson Gonçalves de Almeida, mestre na área pela Unimep, e coordenador do curso de Educação Física do Unasp, campus Hortolândia. Ele complementa que as aulas não servem apenas para cumprir um currículo escolar, mas para formar hábitos por toda vida, que trarão felicidade e longevidade aos alunos. O desenvolvimento completo do ser humano tem sido o diferencial da filosofia de educação adventista, desde seus primórdios no século 19, nos Estados Unidos. Ellen G. White, uma de suas pioneiras, já naquela época combatia o mito de que o exercício físico não tem utilidade para a formação dos alunos. “Os que se dedicam a hábitos sedentários e literários deviam fazer exercícios f ísicos. A saúde deve ser suficiente incentivo para levá-los a unir o trabalho físico com o mental”, escreveu ela em Conselhos sobre Educação, página 178. Essa visão holística sobre o ser humano influencia todo o modelo educacional, incluindo o ensino integrado das matérias. “Se as aulas de Ciências, por exemplo, associassem o estudo do corpo humano com as adaptações promovidas pelo treinamento sobre o sistema neuromuscular, o interesse pela disciplina seria maior”, ressalta Cortez. Nesse aspecto, não apenas as demais matérias podem interagir com a Educação Física, mas também setores da escola, como a cantina, podem contribuir, oferecendo alimentos menos calóricos, mais nutritivos e com algo a ensinar. Correr é contagioso A comunidade é outro círculo a ser considerado. Se a escola atua para fazer a diferença no bairro,


realizando, por exemplo, passeatas antitabagistas e ações ambientais, o mesmo pode ser feito em relação à atividade f ísica. Um exemplo disso foi a participação de 160 alunos, professores e pais na 9ª Corrida de Aniversário de Porto Alegre, em março. A atividade foi coordenada pelo professor de Educação Física do Colégio Adventista de Porto Alegre, Luís Veleda. É a terceira vez que o professor incentiva a comunidade escolar a participar da prova. E tudo começou com apenas quatro alunos! Luís conta que, por causa da dificuldade de agendar treinos coletivos, os atletas amadores foram orientados a se preparar individualmente, cuidando da alimentação, descanso e condicionamento físico. De acordo com o professor, o maior desafio “foi convencer a gurizada a levantar cedo no domingo para participar da corrida”. Mas, depois que Matheus Santana Assumpção, 15, voltou da prova para o colégio com o troféu de terceiro lugar na categoria infantil (3 km), o discurso do professor ganhou mais força. É verdade que o biotipo do Matheus ajuda: 1,82 m e 74 kg. Mas é o condicionamento físico desenvolvido nas aulas semanais de natação e Educação Física que ajudaram Matheus a chegar ao pódio. Agora, outros alunos também querem correr. Atletas em potencial No Capão Redondo, uma das regiões mais carentes de São Paulo, 35 adolescentes de 10 a 18 anos, abraçaram uma oportunidade de ouro. Os alunos da rede pública treinam atletismo de graça no Unasp, campus universitário que tem o curso de Educação Física com nota máxima no MEC. O Unasp entra com o espaço, equipamentos e os monitores (alunos do curso), e a Federação Paulista de Atletismo cede um professor para dar três horas de aula por dia, de segunda a quinta. Realizado há cinco anos, o projeto tem dado resultados animadores. O primeiro diz respeito à saúde dos alunos. “Têm crianças aqui com bronquite e asma que melhoraram 90%“, afirma o treinador da garotada, Carlos Alberto Gamboa. jul-set

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Aplicativos

para celular podem ajudar você a monitorar seus exercícios e índices corporais, além de orientá-lo sobre a alimentação e atividade física mais adequadas para seu biotipo. Os games de interatividade, como do Wii, também podem transformar sua casa numa academia digital.

Segundo ele, a dedicação do grupo na escola também melhorou. Natanael Silva Conceição, 14, participa do projeto desde seu início. “Eu sou o menor daqui, mas talvez seja o mais experiente”, conta. O garoto que perdeu o pai há pouco tempo e tem o apoio da mãe que trabalha cuidando de crianças em casa, sonha chegar longe. “Eu quero ser um professor de Educação Física. Pretendo estudar aqui [no Unasp] ou na USP”, projeta. Quem já está na faculdade é Gisele Teixeira da Silva, 18. Por causa do seu desempenho no esporte, Gisele é aluna bolsista de Fisioterapia na Unip. “Meu objetivo com a fisioterapia é trabalhar com crianças deficientes, mas por que não tentar na área esportiva? É bastante válido também”, planeja. Ela considera o atletismo sua profissão e treina para participar de uma Olimpíada. Desde 2010, Gisele tem participado de campeonatos estaduais e nacionais e, no ano passado, foi contratada pela equipe da cidade de São José dos Campos, SP. Academia digital Quando se trata de exercícios f ísicos, uma das principais barreiras a ser superadas é a cultural – e isso depende muito de você. Numa época em que os músculos carecem de estímulos e a magreza extrema é obrigatória, nossa geração precisa aprender a trocar, regularmente, a passividade do universo digital pela participação no mundo “analógico”. Por isso, vale sempre lembrar: suar é bom e faz bem! Nesse campo, uma das maiores novidades no mercado foi o surgimento de games interativos, que podem tirar você do sofá. Jogos como o EA Sports Active 2, do Wii, oferecem uma plataforma digital que estimula a pessoa 16 |

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a praticar alongamentos e exercícios variados com orientação (em inglês e espanhol), ambientados em diferentes contextos. Sensores afixados no braço e na perna controlam o movimento na tela e ao mesmo tempo monitoram os batimentos cardíacos e a queima de calorias. Trata-se de um novo conceito de exercícios físicos, que podem ser praticados fora de uma academia e que servem como uma boa lição de casa. Outra novidade são os aplicativos (apps) para celular, que dão ainda mais mobilidade ao acompanhamento eletrônico dos exercícios físicos e podem ser uma motivação a mais para quem é ligado em tecnologia. Com o app Nike + GPS, a pessoa estabelece metas de treinos, monitora percursos de corridas e compartilha informações até mesmo enquanto caminha. Outro aplicativo é o All-in Fitness, com mais de 700 exercícios. Ele ajuda a organizar um treinamento e medir o índice de massa corporal, entre outras funções. O app BemStar é mais voltado para quem deseja trabalhar todo o estilo de vida. Ele indica a alimentação e a atividade f ísica adequadas, entre outros recursos. Além desses aplicativos, programas como o Endomodo Sports Tracker e o Cyclemeter GPS Bike Computer for Road & Mountain Biking também são úteis. A única dificuldade com a maioria deles é o fato de estarem disponíveis apenas em inglês. Mas isso pode ser um estímulo para você aprender mais essa língua (veja a página 30). O mais importante é que você use bem o controle; do videogame, da TV, dos gadgets, mas principalmente da vida. Ao contrário do filme com Adam Sandler, nosso futuro não é determinado por um simples clique, mas por inúmeros passos na direção certa. Que tal dar o primeiro?


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epois de passar anos se apresentando nas ruas, os integrantes da banda de hip-hop The Boogie Monsters finalmente conseguiram chegar ao estrelato e assinar um contrato lucrativo com uma conceituada gravadora. A vida parecia boa. F„ s da sÈrie Guerra nas Estrelas, Ivor e seu irmão mais novo, Sean, adotaram os nomes artísticos de Yoda e Jedi. Mas as forças que tentavam destruir os membros do grupo eram reais. Providencialmente, Deus enviou pessoas para ajudá-los a perceber os efeitos perigosos do “buraco negro” que a indústria do entretenimento produz sobre seus astros e fãs.

Ivor Myers, ex-astro da banda The Boogie Monsters, hoje se dedica ao ministério em tempo integral. É orador e diretor do programa Power of the Lamb, e apresenta, com sua esposa, Atonte, a série Battles of Faith, no canal 3ABN.

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21146 - Novo Ritmo

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Descubra como esses irmãos, que chegaram a viver como celebridades, foram levados a renunciar à fama e à fortuna em troca de um relacionamento com Cristo e da vida ministerial. Você se surpreenderá com a maneira pela qual o Pai celeste respondeu às suas orações e os tornou mais que vencedores.

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Reportagem

Texto Fernando Torres Design Éfeso Granieri

Sombra e luz

Exposição inédita no Brasil joga luz sobre a obra do sombrio Caravaggio, mestre da arte barroca. Entenda a linguagem do gênio italiano

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© Collezione Privata

Medusa Murtola (1597) Inspirado na lenda grega do herói Perseu, Caravaggio teria pintado o rosto da Medusa (possível espécie de autorretrato) para se proteger de mau-olhados. Dizem que ele carregava a peça envolvida sob um cobertor, como se fosse um amuleto. Pelo visto, não funcionou muito

São Jerônimo que Escreve (1605-1606) O briguento Caravaggio recompensava seus protetores com obras de arte. Esta, por exemplo, foi um presente ao cardeal Scipione Borghese, que livrou o pintor de um processo por agressão. O religioso saiu no lucro, já que a tela é considerada uma das melhores experiências do artista – observe o corte cênico, o raio de luz que incide no crânio do personagem e a tensão dramática da caveira

© Soprintendenza PSAE e per il PM della città di Roma

Para saber +

“Caravaggio e Seus Seguidores”, até 15 de julho na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (casafiatdecultura.com.br) e; a partir de agosto, no Masp, em São Paulo (masp.art.br).

Cuidado para não ser petrificado. Esse pode ser o destino de quem se detém diante do retrato da lendária Medusa, personagem da mitologia grega, na exposição “Caravaggio e Seus Seguidores”. Em cartaz na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte e, a partir de agosto, no Masp, em São Paulo, a mostra inédita exibe seis obras de Michelangelo Caravaggio (1571-1610), o revolucionário gênio do barroco italiano. Na sequência, traz ainda 14 telas de seus discípulos – os caravaggistas ou caravaggescos –, demonstrando o impacto do pintor nos rumos da arte europeia. Retratada a óleo em um escudo de madeira, Medusa Murtola (1597) se destaca não apenas pelos cabelos de serpente ou pelo sangue respingando no pescoço degolado. Sua presença no Brasil é um marco: só em fevereiro deste ano, ela foi oficialmente reconhecida como um legítimo Caravaggio. “Por meio de radiografias e estudos infravermelhos, encontramos vários traçados preparatórios do artista debaixo das camadas de tinta, uma espécie de rascunho do desenho definitivo”, conta a arquiteta italiana Samanta Angelone, que acompanhou pessoalmente a análise. Até então, Medusa Murtola era considerada uma cópia de Medusa (1598), exposta na Galeria Uffizi, em Florença. “Na verdade, descobrimos que é exatamente o contrário. Caravaggio usou a Medusa Murtola como modelo para a obra posterior”, afirma Samanta. A descoberta mostra que ainda há muito a investigar sobre o sombrio Caravaggio. Morto aos 39 anos, o artista deixou 62 obras para a posteridade, mas a autoria de algumas ainda é considerada “problemática”. É o caso de São Francisco em Meditação: há quatro telas iguais no mundo. Duas delas estão na mostra brasileira, mas apenas uma, datada de 1606, tem autoria totalmente comprovada. “A oportunidade de vê-las juntas é rara. Até hoje, apenas uma exposição em Roma, em comemoração aos 400 anos de Caravaggio, teve esse privilégio”, comemora José Eduardo de Lima Pereira, presidente da Casa Fiat de Cultura. jul-set

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São Francisco em Meditação (1605-1606) Nem Caravaggio poderia imaginar o quanto a reflexão mística e fúnebre dessa obra seria copiada. O quadro legítimo, descoberto nos anos 1960, é apenas um de outros quatro. No Brasil, está exposto ao lado de outra tela idêntica, encontrada em Malta, mas cuja autoria ainda é questionada

exemplo das cabeças de esqueleto representadas em São Jerônimo que Escreve (1605-1606). “As caveiras simbolizam a reflexão sobre a precariedade da vida e a melancolia do fim”, aponta Magalhães. Ainda mais representativa é a mórbida São Januário Degolado (1610). Encontrada em Palestra, província romana, a tela foi produzida enquanto o artista fugia da prisão. Conflitos, aliás, não faltaram em sua vida, fruto de bebedeiras, dívidas e até um homicídio. Enfim, era o típico cara-problema. Arte sacra A vida, digamos, mundana não impediu que Caravaggio pintasse telas sacras. Os séculos 16 e 17 eram férteis para o gênero, já que a Igreja Católica apostava na força das imagens para se aproximar dos fiéis, uma das estratégias da Contrarreforma. Mas, mesmo produzindo sob encomenda religiosa, o artista não evitou a polêmica. Obcecado em retratar

Timeline Caravaggio Caravaggio morre em Porto Ecole, Itália, vítima de malária 18 de julho de 1610

Atividade Recente Caravaggio volta a fazer check-in em Nápoles1609 Caravaggio Setembro de 1608

Caravaggio, na prisão, produz uma de suas mais famosas obras, Degolação de São João Batista (1 foto)

© Wikipedia

Escuridão iluminada Repleta de dramas e emoções contidas, a obra de Caravaggio deixa como legado a técnica chiaroscuro, que contrasta luz e sombra. “A tela neutra e escura é organizada pela luz, como se fosse um palco iluminado. Isso cria um efeito de mistério sobre os personagens, representados em primeiro plano”, descreve o museólogo brasileiro Fabio Magalhães, que assina a curadoria da exposição ao lado do italiano Giorgio Leone. Outra particularidade do artista é a ausência de esboços em papel. “Como naturalista, Caravaggio costumava desenhar o corpo humano diretamente na tela. Para isso, utilizava um sistema de projeção, uma espécie de câmara escura que reproduzia a imagem do modelo no quadro”, conta Magalhães. Impulsivo, farrista e briguento, Caravaggio se confunde com a escuridão de seus quadros. Não por acaso, o tema da morte está sempre presente, a

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Atividade Recente Caravaggio se envolve em briga violenta, é preso e indiciado 18 de agosto de 1608 Caravaggio compartilhou uma foto “Festa da posse do título de Cavaliere diGrazia, da Ordem de Malta” 14 de julho de 1608 Comentar

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Caravaggio faz check-in em Nápoles1607

Folha Romana compartilha um link no seu mural

© Fondo Edifici di Culto (FEC)

28 de maio de 1606

Pintor Caravaggio mata homem e foge de Roma Comentários 19

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Além da pintura, Caravaggio influenciou a fotografia. Confira o bate-papo com um dos seus seguidores, William de Moraes, fotógrafo da revista

Lugares 28 de agosto de 1603

© maps.google

William de Moraes

Esteve com Giovanni Baglione em uma briga na rua

Comentários 19

Atividade Recente Caravaggio pinta A Morte da Virgem 1601 Comentários 57

Caravaggio começa a pintar quadros sob encomenda para a Igreja Católica 1599-1601 Comentar

Caravaggio é preso pela primeira vez 1598 Comentários 12

Amigos 1595 Caravaggio começou a amizade com o cardeal Francesco Maria del Monte e passa a morar em sua casa

Atividade Recente Caravaggio se transfere para Roma e passa a viver de pequenas encomendas 1594 Caravaggio começa a trabalhar no ateliê de Bergamasco Simone Peterzano 6 de abril de 1584 Caravaggio nasceu em Milão, Itália em 29 de setembro de 1571

a realidade, em vez de idealizá-la, ele buscou inspiração nas ruas, entre o povo: retratou mendigos, viciados e ladrões. O ápice da provocação veio com A Morte da Virgem (1606), em que o sujeito elege uma prostituta encontrada morta no rio Tibre como modelo para Maria, mãe de Jesus. Nem é preciso dizer que a tela (hoje exposta no Museu do Louvre, em Paris) foi recusada assim que os cardeais souberam da história. Imerso em dificuldades financeiras, Caravaggio também aceitou encomendas particulares de figurões da época. No início da carreira, chegou a produzir três retratos em um dia nos pequenos ateliês (bottega, em italiano) de Roma. A produção em massa do período inclui Retrato do Cardeal (1599-1600), que, assim como Medusa Murtola, sai da Itália pela primeira vez. Seguidores O impacto revolucionário da arte de Caravaggio gerou seguidores ainda em seu tempo. Primeiro, na Itália, como o amigo pessoal Orazio Gentileschi e sua filha, Artemisia, conhecida pelas fortes cenas femininas. O desafeto Giovanni Baglione, com quem Caravaggio protagonizou várias brigas nas vielas de Roma, também marca presença, com Cristo Escarnecido ou Homem das Dores (1606). Outro discípulo italiano notório foi Leonello Spada, que se apropriou do jogo de luzes, mas de dentro

para fora, a exemplo da tela Coração de Espinhos (1614-1616). Fora da Itália, a dicotomia entre o claro e o escuro não passou despercebida. A partir de sua cultura local, vários artistas reinterpretaram a essência de Caravaggio, a exemplo do francês Simon Vouet, com o óleo Herodíades com a Cabeça de Batista (1609-1615) e do holandês Hendrick van Somer, autor da tela São Jerônimo (1652). Vale citar ainda o espanhol Mattia Pretti, considerado o último caravaggista, falecido em 1699. Sob holofotes A história, porém, não foi justa. Ainda no século 17, a arte retoma a estética idealista, a exemplo do classicismo do francês Nicolas Poussin (1594-1665), e o barroco cavaraggista fica em segundo plano. A retratação só veio em 1951, quando o historiador italiano Roberto Longhi organizou uma célebre exposição sobre Caravaggio no Palácio Real de Milão. Foi o impulso para o gênio sair das sombras para a luz e, finalmente, ocupar o lugar na galeria de honra de um dos mais célebres artistas plásticos do mundo. Na pós-modernidade, seu legado é indiscutível. “Caravaggio se transformou em um fenômeno entre os críticos de arte, que enxergaram em suas obras muito dos anseios e do desequilíbrio do nosso tempo”, conclui Magalhães. Só assim, fora do seu tempo e da sua gente, Caravaggio finalmente encontra a redenção. jul-set

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Design Marcos Santos

Básica

Texto Wendel Lima Imagem nasa.gov

Deus ou o Universo não tiveram início

Qual é a origem de Deus? Essa inquietação é fruto do princípio da causalidade, ou seja, “tudo o que veio a existir precisa de uma causa”. Logo, você pensa: qual é a origem de tudo? Os gregos já filosofaram sobre isso, sugerindo explicações como a “protocoisa”, números, átomos (no grego, indivisível) e os elementos básicos: água, ar, terra e fogo. Hoje, porém, basicamente duas alternativas são defendidas. Deus ou o Universo não tiveram começo. Os cristãos creem na primeira, os céticos, na segunda. Para resolver esse dilema, é preciso unir ciência, razão e fé. O esquema que procura tirar Deus da jogada defende que o Universo é infinito, seja ele múltiplo ou único. Porém, desde Einsten, tem sido mais difícil sustentar que ele é estático e eterno. Os estudos têm mostrado que o Universo está em expansão e perdendo energia utilizável. Portanto, ele teria sido muito menor e começado com carga total. O Universo teve um “start”, uma causa. Até a famosa ideia do Big Bang já sugeria um início. O fato é que a origem de tudo não pode ser confiavelmente verificada: não estivemos lá e ela não pode ser reproduzida com precisão. O que nos resta é assumir um postulado, uma afirmação lógica, que faz sentido, mas que não pode ser demonstrada. Nesse caso, se o Universo teve um começo, sua origem está ligada a algo ou alguém maior e anterior a ele. Diante da improbabilidade quase absurda da complexidade de tudo ter surgido do acaso, é mais lógico pensar num Criador inteligente, que está além do tempo, do espaço e da matéria. E, afinal, como o princípio da causalidade se aplica a Deus? Não se aplica, porque o princípio se refere ao que “veio a existir” e não a quem “sempre existiu”. A Bíblia começa dizendo que “no princípio” de tudo, Deus já existia (Gn 1:1). Ele não tem origem, porque é a origem (Cl 1:16,17). Os anjos são imortais, e o homem um dia terá também a imortalidade (1Co 15:53,54), mas ambos tiveram começo. Somente Deus não tem início nem fim, é o “Pai da Eternidade” (Is 9:6). Fontes: Luiz Carlos Gondim, formado em Filosofia e Teologia e autor de livro didático da CPB; Rodrigo Silva, graduado em Filosofia e doutor em Teologia; e Não tenho fé suficiente para ser ateu, de Norman Geisler e Frank Turek (Vida: 2004).

Curiosa

Texto Wendel Lima Ícones Vandir Dorta Jr.

A pré-história da cruz

Como um símbolo inicialmente ligado à pena de morte se tornou o ícone máximo da fé cristã? Até o 4º século d.C, a cruz não esteve em destaque. Nesse período, os cristãos usaram diversos emblemas: palma da vitória (cf. Ap 7:9); pavão (ressurreição); pastor de ovelhas; espiga de trigo; pomba (Dilúvio e o Espírito Santo); XP (qui rô), as iniciais de Cristo em grego; e o famoso peixe (do grego ichthus), acróstico da expressão Iesoûs (Jesus) Christòs (Cristo) Theoû (Deus) Huiòs (Filho) Soter (Salvador). Perseguidos pelo Império Romano, os cristãos conseguiram gravar seus ícones apenas nas 22 |

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tumbas, porque os romanos, por superstição, não violavam cemitérios. Instrumento de tortura, a cruz não era motivo de orgulho (1Co 1:23). Uma de suas primeiras imagens relacionadas aos cristãos é um grafito datado de 240 d.C: uma sátira com um asno crucificado. Porém, com o tempo, a fidelidade e o crescimento do número de cristãos mostraram que havia algo mais na cruz. Constantino também ajudou a popularizar o símbolo depois de sonhar com uma cruz iluminada e se converter ao cristianismo. O imperador também oficializou a religião e adaptou

a arquitetura das basílicas para o modelo cruciforme. Desde então, a cruz passou a ser usada nos estandartes e nunca mais saiu do imaginário ocidental. Na Bíblia, a cruz é símbolo da vitória de Deus sobre o pecado em favor do homem. Ao mesmo tempo, é o ícone supremo da maldade humana e da bondade divina. Por isso, ela continua a atrair milhões de pessoas para Aquele que foi pendurado nela (Jo 3:14-16). Fontes: Milton Torres, Ph.D em Arqueologia Clássica pela Universidade do Texas (EUA), e Wilson Paroschi, Ph.D em Novo Testamento pela Universidade Andrews (EUA).


Ponto de vista Texto Alex Machado Imagem Fotolia Design Éfeso Granieri

Tudo ligado Texto Diogo Cavalcanti

DA Ferrari ao ferro Ferrari

ABORTO

Fundada em 1929 por Enzo Ferrari, era uma empresa patrocinadora de pilotos que dirigiam carros da Alfa Romeo. Em 1938, Enzo foi contratado para dirigir o departamento esportivo dessa montadora, até que, em 1941, Mussolini a confiscou. Então, a Scuderia Ferrari, como era chamada, começou a produzir peças de avião e, mais tarde, seu primeiro carro. Nascia a montadora de carros de luxo iconizada pela força de um...

Cavalo

Crime, pecado ou necessidade? O aborto de crianças com má formação cerebral foi discutido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em abril. Por oito votos a dois, a decisão foi pela descriminalização. Na prática, agora caberá às grávidas resolver se interrompem ou não a gestação que trará ao mundo uma criança que sobreviverá apenas poucos minutos após o parto. Apesar da decisão do STF, a questão do aborto não deixou de ser delicada e polêmica, principalmente para os religiosos. Por isso, separamos três posições sobre o assunto.

Não

Para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o feto anencéfalo é um ser humano frágil e indefeso e, portanto, não pode ser descartado. Avessos a qualquer tipo de aborto, os católicos se apegam a uma interpretação específica sobre o sexto mandamento da Lei de Deus: “Não matarás” (Êx 20:13). A interrupção da gravidez é proibida até mesmo em situações extremas, como em caso de estupro ou de risco para a saúde da gestante. Segundo o catecismo, quem colabora para um aborto deve ser desligado da Igreja Católica.

Sim

Existem religiosos que se posicionam abertamente a favor do aborto, apesar de se opor à prática descontrolada dele. Eles defendem que a liberação poderia diminuir os índices de mortalidade feminina, o número de crianças pobres e de bebês abandonados no lixo. Usando textos fora do contexto (Ec 6:3 e Mt 26:24), esse grupo chega a afirmar que a Bíblia também defende o aborto. Entre os defensores dessa ideia está o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

Depende

Para esse grupo, o aborto não deve ser feito por conveniência, escolha de sexo ou controle de natalidade. É permitido apenas em casos que apresentam graves dilemas morais e médicos, como ameaça à vida da gestante, sérios defeitos congênitos cuidadosamente diagnosticados no feto e gravidez resultante de estupro ou incesto. Nessas situações, a gestante deve ter a decisão final quanto a interromper ou não a gravidez, e receber, se necessário, o apoio médico, psicológico e até financeiro da sua comunidade de fé. Esta é a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Fontes: Declarações da Igreja (CPB, 2003); O bispo: a história revelada de Edir Macedo (Larrousse, 2007); sites da CNBB (cnbb.org.br), Vaticano (vatican.va) e do bispo Edir Macedo (bispomacedo.com.br).

Esse animal (Equus Ferus Caballus) foi domesticado pelo homem entre 4.000 e 3.000 a.C. Atualmente, existem poucas espécies selvagens como os Przewalski, na Mongólia. Atinge a idade adulta aos cinco anos, pode dormir em pé ou agachado e é empregado até hoje em policiamento, agricultura, transporte, entretenimento, terapia e na obtenção de...

Soro antiofídico O veneno de cobras é injetado em pequenas e inofensivas doses no cavalo, o qual produz anticorpos. Quinze dias após a inoculação de veneno e alguns testes de laboratório, são retirados do animal aproximadamente 15 litros de sangue, que são centrifugados, liofilizados (sofre um processo de desidratação) e purificados para ser injetados em humanos, na...

Corrente sanguínea O sangue é um fluído produzido pela medula óssea e constituído em 34% por diferentes células (hemácias, leucócitos e plaquetas) mergulhadas num líquido chamado plasma, que circula pelo corpo. A corrente sanguínea tem a função de transportar gases, toxinas, nutrientes e minerais fundamentais à vida, entre eles o...

Ferro Quarto elemento mais comum na Terra, abundante no Universo, o ferro (Fe) foi decisivo no avanço da civilização e da industrialização. Representa 95% da produção mundial de metais e é utilizado na fabricação de carros (entre eles, Ferrari), ferraduras de cavalos, além de exercer uma função indispensável na troca de gases no sangue, pois seus íons se associam a proteínas para formar a hemoglobina. jul-set

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Imagine

Texto Robson Fonseca Design Marcos Santos Ilustração Rogério Chimello

... se ninguém mentisse Viver numa sociedade sem mentira poderia ser um grande caos. Para muitos especialistas, sem ela, seria impossível sobreviver. Espantado? Pois é, uma mentirinha pode, na verdade, evitar muitos conflitos. A resposta “Sim, amor, você está gorda” talvez acabaria com o namoro. E escrever na prova “Eu não sei essa porque não estudei”, não deixaria o professor muito feliz, por mais que ele saiba da preguiça dos seus alunos. O fato é que mentimos para nos proteger e também poupar os outros de uma dura realidade. Afinal, vamos combinar, a verdade dói! No entanto, a mentira, além das pernas curtas, tem consequências longas. Ela desperta, na maioria das vezes, o pior lado do ser humano. Por isso, que tal pensar numa sociedade em que todos dizem exatamente o que pensam, sentem ou desejam? Apenas imagine...

Relacionamentos

Os namoros começariam mais rapidamente, porque não haveria como esconder o interesse. Mas a maioria deles não aguentaria mais de uma semana com tanta verdade. Por outro lado, os relacionamentos que sobrevivessem à sinceridade, chegando ao casamento, tornariam-se mais sólidos, construídos na base da transparência. Ninguém duvidaria de um “eu te amo”. Aliás, nem existiria a palavra “desconfiança”.

Educação

Dentro de casa, todos os porquês seriam respondidos. Nada de historinhas sobre cegonhas, verduras são gostosas ou Papai Noel não visita quem desobedece. As crianças também não seriam poupadas dos problemas ou barbaridades da sociedade. Como resultado, isso faria com que todos aprendessem a lidar com a realidade desde pequenos.

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Propaganda

Produtos ruins quase não existiriam. Seria difícil demais vender algo dizendo: “Você não vai ficar mais jovem usando isso”. Os comerciais não falariam o que o consumidor quer ouvir, mas como os produtos realmente são, suas vantagens e desvantagens. Além disso, não existiria toda aquela pressão pelo imediatismo com um “é só até amanhã”. As propagandas serviriam apenas para mencionar as características do produto ou como um lembrete da existência de uma mercadoria.


#Des

Trabalho

Política

Políticos mal-intencionados não teriam lugar no Congresso. Com a honestidade dos candidatos na suas promessas de campanha, ficaria muito mais fácil escolher em quem votar. Nada de Ficha Limpa, CPI ou mensalão. Dessa maneira, todos os anos não escoariam 82 bilhões de reais (2,3% do nosso PIB) dos cofres públicos para o bolso dos corruptos.

O ambiente de trabalho seria um grande campo de batalha. Todos falariam mal do chefe, só que na frente dele! E aí, manter o emprego seria difícil. Por outro lado, as pessoas saberiam exatamente qual é a percepção que os outros têm do seu trabalho e até onde poderiam crescer na empresa.

Justiça

Pode esquecer os advogados e grandes julgamentos. Quem chegasse a cometer uma infração, confessaria imediatamente seu crime perante um juiz, que já lhe daria a sentença. Apesar dos olhos vendados, a justiça faria jus ao seu nome. Nenhum crime ficaria impune e nenhum inocente seria condenado.

afio Que tal ficar um dia inteiro sem diz er uma m e sequer ntirinha ? Tente e depois co nte como fo para nós i riência sua expe(conexa cpb.com o20@ .br).

Fronteiras

Sem guardar informações sigilosas, todos os países teriam suas intenções abertamente divulgadas. O Wikileaks, por exemplo, não faria o menor sucesso! Dessa forma, a política internacional teria novas regras e o modelo atual seria abalado. O vazamento de uma possível ameaça já poderia gerar uma nova guerra. No entanto, cada país saberia com quais aliados pode contar e quais países deve temer.

Apesar de algo nos dizer que isso é o ideal, imaginar uma sociedade assim parece mero exercício de criatividade. A razão? A mentira faz parte de nossa natureza, pós-pecado é claro, como diz a Bíblia (Rm 6:23). Por isso, é tão difícil ir contra uma cultura que defende o uso da mentira para a sobrevivência. Porém, a grande verdade, é que nosso ideal de honestidade e sinceridade vem de quem nos criou, o Deus que não muda e não mente (Êx 20:16). Uma de Suas promessas é que, um dia, a humanidade vai desaprender a mentir. E esse novo reino, começa agora, dentro de você, ao decidir falar e viver a verdade. Fontes: Gerson Schulz, professor de Filosofia; Márcio Barbosa Lima, doutorando em Sociologia; Martin Kuhn, doutor em Comunicação; Natanael Moraes, doutor em Teologia; Olga Tessari, psicóloga e consultora comportamental e; Renato Varotto, advogado.

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Ação Mude seu mundo

Texto Rosemeire Braga Design Marcos Santos Ilustração Rogério Chimello

Lição de vida Aprenda

A baiana Rosania Ribeiro, 27, não teve uma infância tranquila. Nascida em Santa Rita de Cássia, BA, desde um ano e meio de idade, sua mãe, que tinha cinco filhos e grande dificuldade financeira, oferecia a menina para adoção. Mas Rosania sempre retornava para casa. “Geralmente, as pessoas vinham me buscar de carroça e eu ia jogando discretamente pedaços de pau e folhas pelo caminho e, quando chegava na casa, voltava quilômetros seguindo as pistas”, relata. Após idas e vindas da casa de cinco famílias, aos cinco anos ela foi adotada por uma senhora conhecida como Mulherzinha. “Eu estava cansada de ir e voltar, e essa senhora me tratava bem. Ela foi a única pessoa que não me bateu, nem me tratou mal”, lembra com carinho. E foi na casa de Mulherzinha que Rosania morou até os 17 anos, quando terminou o Ensino Médio e decidiu fazer faculdade em São Paulo.

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Outra Abandonada quando pequena, uma futura professora ensina crianças carentes a escrever outro roteiro de vida


Rosania ia pegar um ônibus que passava na frente do Unasp, por isso, pensou que não custava nada conhecer a faculdade. O mundo de Rosania começaria a mudar naquele dia. Ela visitou a instituição, fez o vestibular, conseguiu um desconto na mensalidade e hoje cursa o terceiro ano de Pedagogia. Já no primeiro dia de aula, a professora Dra. Cristina Tavares, ao se apresentar à classe, falou que liderava um pequeno grupo de estudos da Bíblia e convidou os que tivessem interesse de participar. Em março de 2010, Rosania passou a frequentar as reuniões e abraçou uma nova fé. Foi batizada em dezembro de 2011.

infância

A mudança Na tarde do dia 18 de novembro de 2009, Rosania saiu do bairro Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, para procurar uma universidade. Ao chegar ao terminal de ônibus do Campo Limpo e buscar informações, sugeriram que procurasse uma faculdade que existe nas proximidades. Por não ter sido bem atendida no campus indicado, ela apenas pegou os panfletos da instituição e retornou ao ponto de ônibus. Uma moça vestida de branco perguntou se Rosania estudava na mesma faculdade indicada nos flyers que segurava. Ela disse que não, que estava à procura de uma universidade. Foi então que essa moça, estudante de enfermagem numa faculdade da região, disse: “Por quê você não estuda no Unasp?” A jovem explicou que o Unasp era um centro universitário que valia a pena Rosania conhecer. Ao ser questionada por que não estudava lá, a estudante de enfermagem respondeu que era apenas porque não tinha condições financeiras para isso naquele momento.

Ler e escrever O Unasp, campus São Paulo, possui vários projetos de extensão, entre eles o programa “Ler e Escrever”, do qual Rosania faz parte desde 2010. Ela atua na ONG Vida Nova (vidanovapravoce.com.br), que atende 120 crianças de uma das regiões mais pobres de São Paulo. P.D. tem 9 anos e é um dos menores que faz acompanhamento pedagógico com Rosania. Vindo de uma família desestruturada, ele sofreu agressões verbais e foi sequestrado pelo próprio pai quando tinha apenas três anos. P.D. entrou na ONG quando voltou a morar com a mãe. No início, não falava com ninguém. Quando desenhava, sempre quieto, não emprestava o pote com lápis, ainda que pedissem. Seus desenhos retratavam monstros e cenas de morte. Ao observar esse comportamento, Rosania começou a dar tarefas para P.D. se sentir mais útil e importante, além de dar atenção especial diariamente para o garoto. Novo desenho Desde então, seus desenhos e desempenho começaram a mudar. De monstros passou a pintar sóis, a colorir outros desenhos e a se relacionar com as demais crianças. “Antes ele não sorria. Hoje, não apenas sorri como já se desenvolveu muito e é uma criança diferenciada”, comenta Rosania. Ao perguntar sobre a influência que a estudante exerce na vida dele, P.D. me responde: “Ela me ajudou nas continhas de matemática, me ajudou a falar mais e interagir com as outras crianças, por isso, hoje eu falo, brinco com todos e sou mais feliz”. Rosania conheceu a ONG por causa de uma atividade da faculdade, mas se apaixonou pelo projeto. Além de ajudar no reforço escolar das crianças, ela colabora com o que for preciso: de lavar banheiro à preparar comida. Rosania sabe o que é ter uma infância difícil, por isso, se identificou rapidamente com o grupo e conquistou o carinho dos menores. Dessa forma, ela procura desde cedo semear sonhos no coração das crianças.

Conheça os projetos de extensão do Unasp, campus São Paulo

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Lição de vida

Texto Luciana Santana Design Marcos Santos Foto William de Moraes Ícones Vandir Dorta Jr.

Nova vida em jogo

No esporte adaptado, a melhor competição é superar as próprias limitações

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No camarim, eu contei os minutos enlouquecidamente como uma ampulheta humana. Estava ansiosa pela chegada dos convidados para o programa da noite. Naquele dia eu esperava um jovem cadeirante, mas me deparei com o Bruno, nome relativamente jovem, mas de um homem de 52 anos, que se deslocava perfeitamente em minha direção. Por alguns segundos pensei: “Gente, o esporte não é basquete sobre rodas? Onde está o cadeirante?” Apesar de não ter as pernas, Bruno se vira muito bem com as duas próteses. Para ele, a cadeira de rodas serve para entrar em quadra. O relógio marcava 22h28min. Faltavam dois minutinhos para entrarmos ao vivo. No roteiro, a proposta era falar sobre a história do esporte adaptado no Brasil e no mundo, os maiores desafios desses atletas e como a prática esportiva estava diretamente ligada ao bem-estar e autoestima do jogador. Ops..., cinco segundos! Quatro, três, dois, um...NO AR!


Pós-guerra O esporte adaptado surgiu após a 2ª Guerra Mundial, quando muitos soldados retornaram mutilados para casa. O intuito era fazer uma espécie de programa de reabilitação, para que os militares tivessem chance de reinserção social. No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro foram as primeiras cidades a oferecer esporte para pessoas com necessidades especiais. “A primeira partida do basquete sobre rodas foi no Maracanãzinho, com a vitória dos paulistas. Mas, depois, tivemos mais duas partidas e os cariocas levaram o primeiro título”, conta Stephane Rodrigo, técnico do time de basquete sobre rodas de São José dos Campos, SP. Porém, a guerra do Bruno não foi contra outro país ou povo, mas pela própria sobrevivência. “Eu fui fruto de um problema congênito, por isso lido com minha deficiência desde que nasci”, conta. Jogador de basquete há 15 anos, Bruno já fez parte dos times da cidades paulistas de Cubatão, Piracicaba e hoje está em São José dos Campos, onde serve de inspiração para jovens que estão iniciando a caminhada no esporte. “Minha tarefa também é incentivar jovens que chegam ao nosso time com suas deficiências. Eles muitas vezes chegam e nem sabem seu potencial e se descobrem aqui”, diz. O jogo Em quadra, as dez cadeiras que se deslocam em busca do maior número de cestas, torna a dinâmica do jogo diferente da convencional. “Imagine dez cadeiras juntas? O espaço é reduzido, então precisamos desenvolver o trabalho em cima dessa limitação que temos. E claro, há também a restrição de movimentos, mas o convívio dos próprios atletas supera esse empecilho, porque um ajuda o outro. Isso tudo, com certeza desenvolve disciplina e respeito pelo espaço e a desenvoltura do seu semelhante”, explica o técnico. Sair do anonimato da deficiência é o maior desafio e, ao mesmo tempo, o maior estímulo dos atletas do esporte adaptado. “Os jogadores adquirem autoestima e nova valorização pelo fato de que no esporte somos todos iguais. Os atletas entram como deficientes, mas no time não se veem assim. Passam a ter vontade de vencer e a ter seu exemplo no jogador mais experiente”, relata feliz Bruno. Da natação ao boxe Depois de sofrer um acidente automobilístico aos 18 anos e ter que se adaptar à vida de cadeirante, Fernanda Lima foi orientada pelo médico a praticar natação para buscar reabilitação. No esporte, foi

destaque! Participou de várias competições, conquistou inúmeras medalhas, manteve o melhor tempo do Brasil nos 50 metros borboleta e foi convocada para a seleção brasileira paraolímpica. De lá pra cá, Fernanda descobriu outros esportes. “Nadei por cinco anos. Em seguida, minha vida foi encaminhada mais para o lado acadêmico e profissional”, relembra. Por conta da faculdade e do trabalho, Fernanda deu uma pausa em suas competições de natação e passou a praticar boxe e musculação . “Deus criou o ser humano para se movimentar, esporte é vida!”, garante. Queda Otaviano Bueno, mais conhecido como Taiu, cresceu no litoral paulista e desde criança se identificou com o surf. Seu maior sonho foi realizado quando conseguiu pegar onda no Havaí. Participou de inúmeros campeonatos e sempre se destacou. Mas seus planos foram interrompidos pelo seu grande aliado, o mar. “Tudo aconteceu no Guarujá, SP. Eu não estava bem, peguei uma onda que não tinha nada demais. Entrei em um tubo e a única coisa que me recordo é de acordar embaixo d’água, sem movimento. O diagnóstico médico foi: fratura no pescoço, cervical quatro e lesão na medula nervosa”, relata. Na cabeça do atleta, a paralisia era temporária. Seu mundo desabou quando percebeu que a situação era irreversível. Mas, depois de tanto tempo parado, Otaviano decidiu assumir a cadeira. “Foi um avanço emocional para mim. Temos que nos acostumar com nossa realidade e tocar a vida”, descreve. Nova onda Como todos que passam por experiências drásticas, Taiu tinha duas opções: fechar-se no seu mundo ou fazer da sua limitação a mola propulsora para uma nova vida. Por meio do surf adaptado, sua autoestima foi resgatada. Ele era novamente o protagonista da sua história. Retomou o surf e criou uma ONG que ajuda pessoas que precisam superar dificuldades semelhantes. “Se redescobrir numa situação como essa é fundamental para seguir a vida, que é tão boa. Acordar e decidir viver com suas limitações é uma dádiva”, completa. Fica a lição! Conexão Jovem

TV Novo Tempo (canal 14 da Sky) De segunda à quinta, às 22h30 novotempo.com/conexaojovem jul-set

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Aprenda

Texto Diogo Cavalcanti Colaboração Ketlin Brito Ilustração Jean Monteiro

Inglês

A língua já não é ponto extra no currículo, mas uma exigência real na vida acadêmica, profissional e até particular. A Conexão 2.0 conversou com gente que entende do assunto para ajudar você a aprender inglês de uma vez por todas.

Descubra seu nível

Vários sites e escolas de inglês oferecem testes grátis (google “teste de nível de inglês”).

Assista de novo

Assista a filmes legendados em português; depois, com legendas em inglês e, por fim, sem legendas, para fixar a pronúncia e treinar o ouvido.

Ouça

Traduza e cante letras (lyrics) de músicas em inglês, nem que seja no banheiro. Escolha músicas com frases mais curtas e ritmo mais calmo, o que facilita a pronúncia.

Fale sem receio

Desde o começo, fale! Pessoalmente, em grupos de conversação, ou online, em redes sociais, como Livemocha, Paltalk e MyLanguage Exchange. Falar em inglês é como aprender patinação no gelo. Só é possível com os tombos.

Pago ou for free?

Você pretende fazer um curso presencial ou online? Quer estudar por conta própria? Poucos são autodidatas. A grande maioria precisa dos cursos e suas metodologias. Pesquise e decida-se pelo que for melhor para você.

Pratique

Leia o que gosta

Você gosta de carros, ciências ou religião? Comece a ler em inglês sobre aquilo que você curte. E não largue os dicionários: no começo, use um português-inglês, depois, o de inglês (nossa dica: Onelook.com).

Mergulhe

A imersão na língua, seja em viagem a um país de fala inglesa ou não, proporciona uma aprendizagem fundamental para se alcançar a fluência.

Fontes: Analigia Martins, gerente de marketing da Englishtown; Ariadne Quint, coordenadora do Instituto de Línguas do Unasp; Marcelo Barros, diretor de educação do CNA e autor de livros didáticos de inglês; Milton Torres, linguista e coordenador do curso de Tradutor e Intérprete do Unasp.

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Aprender inglês não é fácil. Sua gramática tem mais de cem preposições e suas vogais equivalem a mais de 60 sons. São necessárias pelo menos 200 horas de exposição à língua para se alcançar o nível intermediário, e muito mais para se chegar à fluência. Somente a prática pode fazer a nova língua partir da “memória de trabalho” do seu cérebro para a “memória de longo prazo”.


Sara Campos / Fotolia: © thebakehouse

me d o como construir uma carreira sólida: 1. recorte a linha tracejada 2. coloque o recorte antes da sílaba vermelha 3. pratique todos os dias

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Visite a livraria da CPB mais perto de você BRASÍLIA – SD/Sul | Bloco Q, Lj. 54; Térreo; Ed. Venâncio IV | Asa Sul | 70393-900 | Brasília, DF | (61) 3321-2021 | brasilia@cpb.com.br – CAMPO GRANDE – R. Quinze de Novembro, 575; Sl. 2 e 3 | Centro 79002-140 | Campo Grande, MS | (67) 3321-9463 | campo.grande@cpb.com.br – CURITIBA – R. Visconde do Rio Branco, 1.335 | Centro | 80420-210 | Curitiba, PR | (41) 3323-9023 | curitiba@cpb.com.br FORTALEZA – R. Pedro I, 1.120 | Centro | 60035-101 | Fortaleza, CE | (85) 3252-5779 | fortaleza@cpb.com.br – GOIÂNIA – Av. Goiás, 1.013; Lj. 1 | Centro | 74010-010 | Goiânia, GO | (62) 3229-3830 goiania@cpb.com.br – MOEMA – Av. Juriti, 573 | Moema | 04520-001 | São Paulo, SP | (11) 5051-1544 | moema@cpb.com.br – PRAÇA DA SÉ – Praça da Sé, 28; A1; Sl. 13 | 01001-000 | São Paulo, SP (11) 3106-2659 | se@cpb.com.br – RECIFE – R. Gervásio Pires, 631 | Sto. Amaro | 50050-070 | Recife, PE | (81) 3031-9941 | recife@cpb.com.br – RIO DE JANEIRO – R. Conde de Bonfim, 80; Lj. A | Tijuca | 20520-053 Rio de Janeiro, RJ | (21) 3872-7375 | rio@cpb.com.br – SALVADOR – Av. Joana Angélica, 747; Sl. 401 | Nazaré | 40050-000 | Salvador, BA | (71) 3322-0543 | salvador@cpb.com.br – TATUÍ – Rod. SP 127, km 106 | Guardinhas | 18270-970 | Tatuí, SP | (15) 3205-8910 | vendas@cpb.com.br – UNASP/EC – Rod. SP 332, km 160 | Faz. Lagoa Bonita | 13165-000 | Eng. Coelho, SP | (19) 3858-1398 | unasp@cpb.com.br VILA MATILDE – R. Gil de Oliveira, 153 | 03509-020 | São Paulo, SP | (11) 2289-2111 e (11) 2653-7010 | vila.matilde@cpb.com.br



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