TAMIRIS NEVES
BIRITIBA-MIRIM
PROJETO COLOCA CRIANÇAS EM CONTATO COM REALIDADE AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO 10 Ano XX | Número 103 Distribuição Gratuita
Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes paginaum@umc.br Fale conosco: /paginaumc CÁSSIA MEDEIROS
ITAQUAQUECETUBA
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IDH ALTO BENEFICIA POUCOS Porta de entrada do Alto Tietê, Itaquá registra aumento de moradias irregulares e atualmente é a cidade com mais favelas na região. Embora apresente IDH 0,714, considerado alto, faltam políticas públicas para garantir cidadania plena a todos.
SUZANO
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RIO CONTAMINADO PÕE POPULAÇÃO EM RISCO Apesar da falta de infraestrutura como calçamento das ruas e saneamento básico, localidades como a Favela do Buraco (foto) recebem cada vez mais moradores
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POÁ
Moradores do bairro Miguel Badra se sentem abandonados pelo poder público. 9
FALTA DE RECURSOS OBRIGA HOSPITAL A DISPENSAR PACIENTES MOZART CIRINO
MOGI DAS CRUZES
PROBLEMAS VIÁRIOS COMPROMETEM DESENVOLVIMENTO DO ALTO TIETÊ MOZART CIRINO
Hospital Dr. Guido Guida tem leitos suficientes, mas não dispõe de recursos para atendimentos complexos.
Assunto foi tema de reunião do Condemat, em Mogi. Falhas no sistema viário dificultam circulação de pessoas e escoamento da produção.
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OPINIÃO
2018 | Ano XX | Nº 103
editorial
da coordenação
Renovar é preciso Esta edição do jornal Página UM chega aos seus leitores com novidades. A primeira: o jornal ganhou novo projeto gráfico. Afinal, renovar o layout, de tempos em tempos, é um imperativo no jornalismo impresso, que, assim, acompanha a dinâmica do mundo da comunicação. As inovações foram planejadas para valorizar ainda mais a produção dos estudantes de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Para dar conta deste desafio, foram escalados alunos do curso de Design Gráfico, que, em grupos, estudaram tendências e estilos. Depois, apresentaram várias propostas criativas e entre elas foi escolhida a que o jornal coloca em prática a partir desta edição. Aos docentes e estudantes de DG, o nosso muito obrigado! Outra novidade: alunos de Jornalismo participaram ativamente não apenas da produção das reportagens, mas do processo de edição – da seleção à revisão e diagramação das páginas –, como numa redação real, num exercício extremamente rico para a formação de cada um. Afinal, hoje, o mercado de trabalho que exige, cada vez mais, que se saiba fazer de tudo, da pauta ao “fechamento”. Estas são as novidades que se somam ao compromisso de sempre do Página UM: formação de jornalistas mais críticos, com olhar diferenciado para o outro, responsáveis, éticos, plurais e multiprofissionais, em meio a tantos desafios do mundo contemporâneo.
POR KALEBENECTAR
Jornalismo e emancipação: os desafios do ofício Agnes Arruda* Por mais que doa dizer isso, afinal o idealismo romântico é um dos principais motivos que nos leva ao Jornalismo, as raízes progressistas da profissão a fazem, de muitas formas, ser grande parte das vezes cúmplice do sistema capitalista, endossando o discurso do desenvolvimento a qualquer custo. O pulo do gato está em se dar conta que, justamente, nem tudo que progride é bom. Dessa forma, três questionamentos importantes pautaram os estudantes de Jornalismo da UMC ao produzirem seus conteúdos para a atual edição do Página UM, cujo tema gira em torno dos desafios para o desenvolvimento do Alto Tietê. São eles: - Desenvolvimento para quê? - Desenvolvimento para quem? - Quais os custos do desenvolvimento? Essa discussão é importante considerando que o Brasil é um dos países campeões em má distribuição de renda e desigualdade social. Os números chocam: 889 mil é o número de pessoas que integram o 1% mais rico da população nacional, com renda mensal de aproximadamente R$ 27 mil. Já 44,4 milhões de pessoas integram os 50% com a menor renda; essas pessoas receberam mensalmente em 2016 uma média de R$ 700, valor inferior ao salário mínimo.** Na prática, isso significa que, ao abrir os olhos para essas questões e as temáticas que as permeiam, os alunos foram levados a se perguntar, a todo momento, se as iniciativas e problemáticas discutidas de fato estavam integradas com os interesses sociais e geravam benefícios concretos aos que mais precisam deles. Jornalismo responsável e compromissado começa a ser feito assim. *Professora-coordenadora dos cursos de Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda da UMC. E-mail: agness@umc.br. **Fonte: IBGE, 2017.
PRODUÇÃO
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) Ano XX – Nº 103 Fechamento: 3/maio/2018
O jornal-laboratório Página UM é uma produção de alunos do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), em conformidade com o Projeto Pedagógico do curso. Esta edição foi produzida por alunos do 5º e 6º períodos. *Conteúdos refletem tão somente a opinião dos autores que os assinam, não correspondendo necessariamente à opinião da Universidade ou do Curso de Jornalismo.
Professores Orientadores: Prof. Elizeu Silva – MTb 21.072-SP (Orientação geral, Edição e Planejamento Gráfico) | Profª. Simone Leone – MTb 399.971-SP (Pautas e Edição de Textos) | Prof. Sérsi Bardari - MTb 20.256-SP (Pautas e Edição de Textos) | Prof. Fábio Aguiar (Fotografias) Equipe de Fechamento: 5ºA: Cássia Medeiros | Mirély Teles | Tamiris Neves 5ºB: Alessandra Diógenes | Daniela Souza | Evelin Oliveira | Fábio Palodette | Felipe Antonelli | Helen Santos | Isabelle Correa | Larissa Batalha | Melissa Roberta | Pamela Silva | Tauane Barbosa 6ºA: Erick Santana | Nayara Francesco Projeto Gráfico: Alunos do curso de Design Gráfico da UMC, sob orientação do Prof. Fábio Bortoloto: Rafael Alves de Oliveira | Gilmar Amaral Lamberti Rafael Marques dos Santos | Daniel Miranda Ribeiro
Chanceler: Prof. Manoel Bezerra de Melo Reitora: Profª. Regina Coeli Bezerra de Melo Pró-Reitor de Graduação do Campus (sede): Prof. Cláudio José Freixeiro Alves de Brito Pró-Reitor Acadêmico – Campus Fora de Sede – Villa Lobos/Lapa: Prof. Ariovaldo Folino Júnior Diretor de EaD: Prof. Ariovaldo Folino Junior Diretor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Prof. Cláudio José Freixeiro Alves de Brito Diretor Administrativo: Luiz Carlos Jorge de Oliveira Leite Gestora dos Cursos de Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda: Prof. Ma. Agnes Arruda
Avenida Doutor Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 – CEP: 08780-911 – Mogi das Cruzes – SP | Tel.: (11) 4798-7000 E-mail: paginaum@umc.br
ECONOMIA
Nº 103 | Ano XX | 2018
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Startups do AT geram expectativa de emprego Região conta com 51 empresas de inovação. No país, setor é responsável por 60% dos novos empregos NAYARA FRANCESCO
Startups e Marketing Digital na região Startups...................... 43 Coworking..................... 3 Investors....................... 1 Consulting..................... 4 FONTE: ALTO TIETÊ VALLEY
Polo Digital de Mogi das Cruzes oferece treinamento gratuito e espaço para desenvolvimentos de projetos
Nayara Francesco
C
om o baixo custo que o meio digital proporciona, é possível pensar, criar e lucrar com diversos produtos que propõem soluções para o dia a dia, na palma da mão. Muitos desses
produtos são desenvolvidos por meio de um novo modelo de negócio chamado startup. O modelo de negócio em sua fase mais madura, representa 1% do total das empresas brasileiras, segundo o IBGE. O percentual, aparentemente baixo, é responsá-
vel por cerca de 60% dos novos empregos gerados nos últimos anos. Embora o termo seja associado a tecnologia, vai muito além do ‘tech’. Segundo Rodrigo Garzi, coordenador do Polo Digital em Mogi das Cruzes, espaço desen-
volvido pela Coordenadoria de Comunicação e Departamento de TI da prefeitura, para ser um bom desenvolvedor é preciso tornar a experiência do cliente agradável. “Envolve muitas outras coisas além da tecnologia, envolve marketing, comunicação, design e interface”, abrange o coordenador. E quando soma desenvolvimento e qualidade de vida, o desafio está garantido para os novos empreendedores. Garzi diz que para empreender em uma startup é preciso encontrar um problema real. Foi o que Roberto Pereira, de Mogi das Cruzes, pensou. O estu-
dante de análise e desenvolvimento de sistemas idealizou um aplicativo para smartphones que muda a maneira de realizar compras de supermercado por meio de uma assistente virtual. Algo simples, mas que para muitos, segundo o desenvolvedor, será uma solução agradável: “O aplicativo é principalmente para aqueles que buscam a facilidade da compra online, seja pela economia de tempo ou pela comodidade; e para pessoas que buscam controlar seus gastos e fazer economia nas compras de supermercado” explica Roberto. Pensar em soluções criativas e com baixo custo será um dos negócios do futuro e ao mesmo tempo um grande desafio. Rodrigo Garzi ratifica que a linguagem do futuro é a programação, mas que “não será o suficiente para garantir um bom profissional” no ramo. “Hoje você usa um aplicativo não necessariamente pela tecnologia, mas pela solução que é gostosa de usar, fácil e que faz sentido na sua vida”, conclui.
Pesquisa revela que jovens querem empreender FOTOS: TAUANE BARBOSA
“Ingressar jovem no mercado é uma vantagem”, afirma Júnior
“Criar uma marca de camisetas, sempre foi um sonho”, revela Jean
]éssica recebeu ajuda dos pais para abrir a própria empresa
Tauane Barbosa
leiro. Por conta do crescimento o setor de marketing e propaganda aumentou 8,7%, em 2017, segundo a Receita Federal. Junior Souza, 25, não deixou a oportunidade passar, cursou MBA em Gestão Educacional e há um ano deixou o emprego na empresa dos pais e abriu uma agência de mídia. Hoje ele atende uma
clientela variada de pequenas e grandes empresas, como o “Café Brasileiro”. Ele afirma que não se arrepende de ter investido em um ramo diferente da sua área de formação. De acordo com o antropólogo Alexandre Quadros, a sociedade ainda responde de maneira preconceituosa quando vê um jovem
Investir no mercado brasileiro voltou a ser uma boa ideia. Em 2017, Mogi das Cruzes ficou em 16º lugar no ranking de São Paulo com maior quantidade de micro e pequenas empresas, de acordo com dados do Empresômetro - Perfil Empresarial Brasi-
se arriscar a empreender algo fora de sua formação acadêmica. O antropólogo revela que vivenciou dificuldades quando jovem, pois também já teve empresas que não tinham a ver com seu campo de formação. Ele comenta que a geração atual não tem o mesmo pensamento de seus avós, que prezavam ter uma carteira assinada e estabilidade dentro de uma grande empresa. Após 10 anos de atuação no ramo de engenharia metalúrgica, Jean Reis, 33 anos, passou para o setor comercial e, em novembro de 2017, resolveu tirar a ideia de uma marca de roupa do papel e torná-la realidade. Ele, que vem de uma família com tradição na área de metalurgia, afirma que, no começo, seus pais ficaram preocu-
pados com a sua ideia, porém, conforme viram que na informalidade ele obteve sucesso na venda dos primeiros modelos, hoje apoiam Jean no processo de abertura de sua empresa. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) apontam que 81,4% dos jovens empreendedores no Brasil montaram empresas do zero. É o caso de Jéssica Lopes, 25 anos, jornalista por formação, que abriu uma loja de calçados na cidade de Poá. A loja completa um ano no final do mês de abril e já é sucesso na cidade. Jssica afirma que a internet foi uma ferramenta imprescindível para alavancar seu negócio.
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ECONOMIA
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Alto Tietê se destaca na geração de emprego
FOTOS: BIANCA GODOI
Três municípios da região estão entre as melhores colocações do país na oferta de vagas Bianca Godoi
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taquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano ganharam destaque na geração de empregos em 2017. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) confirmam que os municípios do Alto Tietê estão entre as 50 cidades do país que mais criaram vagas. Poá, Ferraz de Vasconcelos e Biritiba Mirim terminaram o ano com saldo negativo. Para o economista Jefferson Mariano, o primeiro desafio para os municípios é a gestão das políticas públicas. “No Alto Tietê temos municípios dinâmicos, mas também cidades pequenas, com arrecadação reduzida e capacidade de gestão limitada”. Segundo a professora Luci Bonini, do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas da Universidade
de Mogi das Cruzes (UMC), investimentos em infraestrutura urbana abrem espaço para a contratação de mão-de-obra, solucionam problemas da comunidade e criam postos de trabalho. Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba têm feito isso. Segundo a diretora do Departamento de Comércio de Itaquá, Neirylene Sena, a cidade buscou parcerias com a iniciativa privada que resultaram bem benefícios. “Foi o caso do recém-inaugurado shopping, cuja parceria garantiu maioria de contratações destinadas aos munícipes”. Tanto Mogi quanto Itaquaquecetuba possuem ótima localização e programas de incentivo ao mercado de trabalho. Ainda assim, a moradora de Itaquaquecetuba Gabriela Nascimento (23) acredita que deveriam ser criados mais estágios e treinamentos.
Luci destaca a importância das políticas públicas
Aumento de vagas em Mogi das Cruzes melhora o comércio e causa movimentação nas ruas
Biritiba Mirim: a lanterninha em postos de trabalho Biritiba Mirim é considerada uma pequena cidade com ares de interior e economia baseada na atividade agropecuária, setor que no cenário nacional, obteve desempenho positivo e contribuiu com 5% do PIB. Mas, o município terminou o ano de 2017 com saldo negativo na oferta de empregos. O Secretário de Desenvolvimento Econômico de Biritiba
Mirim, Jeferson Gomes, disse que o munícipio tem como prioridade o Plano Diretor de Turismo. Ele explica que o número de desempregados pode se justificar no aumento considerável de microempreendedores individuais e enfatiza a necessidade do apoio a esses empreendedores, à agricultura e aos cursos profissionalizantes. A moradora de Biritiba,
Vanessa Miranda, destaca: “Aqui na cidade não tem oportunidade de trabalho, na área rural até tem alguns famosos “bicos”, mas quem tem estudo vai para fora”. Desta forma, o agronegócio e turismo são os caminhos para que Biritiba dê um salto econômico. Em janeiro deste ano Biritiba se recupera na geração de empregos e alcança índices satisfatórios. (BG)
Taxa de ocupação aumenta na região, mas falta capacitação Larissa Batalha O emprego no setor industrial do Alto Tietê registrou alta de 4,49% nos primeiros meses de 2018. Esse percentual representa 2.560 vagas, segundo pesquisas do Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP). A pesquisa também indica que este é o maior crescimento dos últimos dois anos e o melhor fevereiro desde 2006. Vale ressaltar que boa parte das oportunidades são para profissionais com capacitação. A qualificação do profissional é um importante diferencial para a conquista e garantia do emprego. Jefferson Mariano, analista socioeconômico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica que por qualifica-
ALESSANDRA DIÓGENES
FOTOS: LARISSA BATALHA
Ana Maria: “Procura por cursos técnicos segue oferta de emprego”
Elaine Rangel: “Profissional precisa se especializar sempre”
Dificuldades para ingressar em Desenho Industrial fizeram Ítalo Sanches mudar de área
ção entende-se a formação adequada para a atividade econômica instalada na região. “Até um tempo atrás falávamos em apagão de talentos. Hoje, o cenário mudou um pouco”, afirma Kátia Bonani, especialista em desenvolvimento e gestão de pessoas. Mas essas possibilidades requerem profissionais atualizados quanto à real
necessidade do mercado. O Alto Tietê conta com cerca de 30 escolas técnicas voltadas para a capacitação profissional. Os cursos que têm tido maior procura neste primeiro semestre de 2018 são Administração, Enfermagem, Mecânica, Mecatrônica e Eletrotécnica, informa a diretora da UMCtec, Ana Maria Baptista Alves. Segundo a professora, a
procura por determinadas áreas é sazonal. Foi o que ocorreu anos atrás com o curso Técnico de Segurança do Trabalho, que tinha as maiores turmas devido às oportunidades no mercado. Elane Abreu, analista de crédito, viu que o curso estava disponível em Mogi das Cruzes e pensou em aproveitar a oportunidade para entrar nesse mercado
de trabalho. Porém, ela não chegou a concluir o curso. Muitos profissionais procuram esses cursos com a motivação de entrar rapidamente no mercado de trabalho, principalmente na àrea indústrial. Contudo, alguns se frustram. Ítalo Sanches, analista de planejamento e interface N2, começou o curso de desenho industrial mas mudou quando percebeu as dificuldades para ingressar na àrea. Engana-se quem pensa que apenas curso técnico ou graduação garantem colocação. O profissional tem que se especializar continuadamente. Foi o que observou Elaine Rangel, coordenadora de marketing, quando fez o curso de edificações. “Havia muitos pedreiro interessados em virar mestre de obras”, exemplifica.
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ECONOMIA
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Crise aumenta informalidade entre universitários Falta de oportunidades profissionais obriga estudantes a procurarem formas alternativas de renda FO TOS: DANIELA GOMES
Daniela Gomes
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pós perder o emprego a estudante de Relações Internacionais, Beatriz Avelino, optou pela informalidade. Ela vende chocolates. “Foi a necessidade que me levou às vendas. Eu tinha muitas contas para pagar, e precisei encontrar uma saída.”. Beatriz faz bombons e ovos de Páscoa e vende aos amigos. “Eles gostam, e eu jogo todo o meu amor nisso”, conta a universitária. Para ela, o segredo para boas vendas é a simpatia e não ter vergonha de oferecer os produtos. Em 2016, a economia informal movimentou no Brasil R$ 983 bilhões, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas. O valor corresponde a 16,3% do PIB de 2016. Nos últimos três anos, o faturamento da informalidade aumentou R$ 120 milhões. Para o economista e pesquisador da Empresa Júnior UMC, William Retamiro, a crise econômica e política que o país enfrenta faz com
Heitor Herruso concilia estudos, estágio e a venda de doces
Débora Harada, 19 anos, vende bolos de pote que ela mesma produz
que a renda da população diminua. Em meio à falta de oportunidades de trabalho formal e à baixa remuneração, alguns estudantes optaram pelo comércio informal. Outra estudante que atua de
Brasil tem 34 milhões de trabalhadores sem carteira assinada, revela IBGE Amanda Paulo Com a crise que se instalou no Brasil nos últimos anos, a alta do desemprego deu espaço ao trabalho informal. Quem atua na informalidade não conta com os mesmos direitos do trabalhador formal garantidos pela CLT, com isso a qualidade do emprego cai e o cidadão se sujeita a condições precárias para garantir seu sustento, que compromete a sua qualidade de
vida. “No geral, tais condições são extremamente prejudiciais à economia do país, pois afetam diretamente a condição de vida das famílias, que passam a viver em ambiente de maior tensão, menor orçamento, menor quantidade de necessidades de suas famílias atendidas com dignidade”. É o que explica o professor universitário, Roberto Soares, bacharel em Ciências Econômicas e mestre em Administração e Planejamento.
modo informal é Débora Harada, aluna de Publicidade e Propaganda. Ela vende bolos de pote. Há 7 meses, deixou o emprego formal para dedicar todo seu tempo à fabricação e ao comércio de bolos e No Brasil, a taxa de desemprego atingiu 14,2 milhões de pessoas no início de 2018. No Alto Tietê a taxa de dezembro fechou em 2017 com 19,6% da população sem emprego formal, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego, da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A suzanense Rosemeire Alves, 38 anos, vende balas no semáforo para garantir o sustento da família, pois não tem emprego fixo. “Eu enviei currículos, mas ninguém chama, então o meio que tenho de sustento é trabalhar por conta”, relata. Com a reforma trabalhista aprovada recentemente, a informalidade pode aumentar nos próximos anos, segundo o professor Roberto Soares. “São medidas que reduzem os custos e as obrigações das empresas, elevando suas margens de lucro, em prejuízo do
doces. Ela aproveita os períodos sazonais para vender produtos específicos e faturar mais. Com o aumento das vendas, Débora criou uma marca. “O segredo para dar certo é força de vontade e diferencial. Tudo isso conta. Eu gosto dessa dinâmica, gosto da correria”. Hoje, ela consegue custear a maioria de suas despesas, mas precisa da ajuda do pai para pagar a mensalidade da faculdade.
Heitor Herruso, aluno de Jornalismo, tem trabalho formal, faz estágio na área em que estuda e, ainda, encontra tempo para vender bolos de pote e brigadeiros aos colegas. “Conciliar todas as minhas ocupações é algo bem complicado”, diz Heitor. “Se a economia vai mal, a tendência é que a informalidade aumente”, afirma o economista Willam Retamiro. AMANDA PAULO
Rosimeire Alves, desempregada, sobrevive com a venda de balas
orçamento da família dos trabalhadores, que sem as garantias existentes anteriormente à reforma, agora são obrigados a recorrer à informalidade com a venda de
produtos ou com prestação de serviços. Outros, menos capacitados, ficam sem renda e sofrem ainda mais drama do desemprego”, conclui.
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ECONOMIA
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Isabelenses buscam soluções para o desemprego FOTOS: MELISSA ROBERTA
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento, cidade tem dois mil moradores desempregados
Empreender é uma das saídas para trabalhar na cidade
Melissa Roberta
U
m dos maiores desafios para muitos dos 54 mil habitantes de Santa Isabel é encontrar emprego na cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, cerca de dois mil isabelenses engrossam as estatísticas de desemprego na Região Metropolit ana de São Paulo que, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) feita pelo Dieese/ Seade, chega a 16,2% da população economicamente ativa. Millena Prado, 20 anos, está desempregada há quase um ano. Ela procura emprego todos os dias, mas as respostas são sempre negativas. “Tenho um filho de um ano e cuido dele sozinha. Não posso trabalhar fora de Santa Isabel. Meu filho fica na creche das 7h às 17h, e, após esse horário, preciso cuidar dele”, relata. Segundo as informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Millena Prado, 20, (acima) mãe do pequeno Conrado, e Lucas Henrique, 20, estão sem emprego a cerca um ano. Para o economista João Simão (lado), saída pode ser empreendedorismo
(IPEA), um em cada quatro jovens está desempregado no Brasil. Entre os que estão na faixa de 14 a 24 anos, a taxa trimestral de desemprego subiu de 20%, em 2015, para 27,2%, em 2016. Os dados revelam que está cada vez mais difícil inserir-se no mercado de trabalho. Com o jovem isabelense não é diferente.
Lucas Henrique, 20 anos, procura emprego há mais de um ano. “Tenho procurado até em outros municípios as aí a distância se torna uma importante dificuldades Surgem oportunidades para estágios com carga horária de 5 ou 6 horas diárias, mas, para chegar ao local e depois voltar para casa, eu gastaria de 2 a 3 horas. Se assu-
Em 2017, o número de empresas em Santa Isabel aumentou em 57,5%. Enquanto em 2016, foram registradas 247 empresas no Cadastro de Contribuintes Municipais (CCM), em 2017, surgiram 389 novas unidades empresariais. Os dados são da Prefeitura Municipal de Santa Isabel. “Este número nos empolga, considerando o cenário de crise. São novos empreendimentos que podem gerar 700 novos postos de trabalho”, afirma José Cardoso, diretor de Desenvolvimento Econômico da cidade. Wilker Leonidas, 29 anos, desistiu da carreira na área do mir o trabalho, não consigo tempo para estudar, por exemplo”. José Carlos Cardoso, diretor de Desenvolvimento Econômico da cidade, afirma que a Prefeitura de Santa Isabel tem buscado formas de inserir a população isabelense no mercado de trabalho local. “Nossos esforços também passam pela capacitação da
Direito e se juntou a Clayton Ferreira, 33 anos, para abrir a The Lords Barbershop, espaço que funciona como barbearia durante o dia e, à noite, transforma-se em bar. “Atingimos todas as nossas expectativas, a barbearia está indo bem e estamos satisfeitos”, relata Wilker. Para o economista João Simão, novas empresas contribuem grandemente para a economia municipal. “Uma pessoa que abre um negócio na cidade, pagará impostos e contribuirá para a geração de empregos, bem como para o desenvolvimento econômico”, explica. mão-de-obra, em parceria com o SEBRAE. A carreta do Via Rápida Emprego acaba de formar 55 novos profissionais de Confecção Industrial, por exemplo. Em breve haverá novos cursos”, informa. Em 2017, o Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) ofereceu 763 vagas de emprego no município.
Falta de divulgação limita acesso ao programa Banco do Povo Vitoria Mikaelli
O
Banco do Povo Paulista de Mogi das Cruzes disponibilizou R$ 3 milhões em 2017 para empreendedores da região, mas metade dos recursos não foram utilizados porque não houve procura. Neste ano o Banco tem em caixa R$ 3,5 milhões e até o momento fez apenas 8 contratos no valor total de R$ 60.087,61. O programa existe há 17 anos e oferece microcréditos a empreendedores formais ou informais. É desenvolvido pela prefeitura de Mogi das Cruzes em convênio com o governo do esta-
do e visa melhorar e alavancar pequenos empreendimentos. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social de Mogi das Cruzes, em 2017 foram firmados 185 contratos que totalizaram R$ 1.049.201,00 em empréstimos. O Banco atende a diversos segmentos, sendo a maior parte dos contratos voltados para o setores alimentício, comércio em geral e prestação de serviço. O gestor do programa, Claudio Debussi Silva, explica que em 2018 o sistema do Banco passou por algumas alterações, o que acabou interferindo no número de adesões. “Estamos trabalhando
VITORIA MIKAELLI
Sheyla Reis utilizou recursos do Banco do Povo para montar um café
com a perspectiva de emprestar o dobro do que foi emprestado no ano passado”, afirma. Os beneficiados consideram o programa viável, mas observam que há falha na divulgação do
mesmo. Esta é a opinião da Microempreendedora Individual (MEI), Sheyla Christina Santos Reis, 45, que conheceu o programa em 2012 mas só fez o primeiro empréstimo em 2016. Ela usou
o dinheiro para montar um café. “Quando conheci, me explicaram como funcionava, o que fazer e que o juros era bem mais baixo do que se eu fosse fazer em outro banco. E isso realmente é verdadeiro, não é história. Para quem está começando é tudo na vida, mas as pessoas precisam conhecer o programa”, afirma. O secretário de Desenvolvimento reconhece que o maior desafio do programa é a divulgação. “Pretendemos fazer uma mostra de casos de sucesso para tirar o banco das quatro paredes da prefeitura, ir até os comerciantes, e colocar o dinheiro para movimentar o comércio e gerar empregos”, afirma.
INFRAESTRUTURA
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Itaquá tem IDH alto, mas faltam políticas públicas Infraestrutura inadequada e desemprego são alguns dos problemas enfrentados pelos moradores Cássia Medeiros
S
egundo censo de 2010, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de Itaquaquecetuba é 0,714, considerado alto pela pesquisa. Porém a percepção dos moradores mostra outra realidade. Localizada no Alto Tietê, Itaquaquecetuba é a porta de entradada da região e faz divisa com Itaim Paulista, último distrito a Leste de São Paulo. É considerada cidade dormitório, pois grande parte da população trabalha em outras regiões e só volta para casa à noite. Nos últimos anos, houve um aumento de moradias irregulares, o que levou Itaquaquecetuba a ser considerado o município do Alto Tietê com mais favelas. Os dados são de 2013. A aposentada Francisca de Souza, 67, vendeu o apar-
tamento onde morava, no CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), para comprar uma casa na Viela da Alegria, favela localizada no bairro Marengo. Francisca preferiu mudar porque não tinha condições de pagar o condomínio. “Juntei dinheiro e vendi meu apartamento para comprar uma casa aqui. Eu não gosto de morar nesse lugar, mas é o único jeito”. Estudo feito em 2015 por Marina de Moraes, mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), confirma que Itaquá sofre com a escassez de iniciativas voltadas para população. “O município de Itaquaquecetuba vem suportando ao longo dos anos um vertiginoso crescimento demográfico, com falta de moradia adequada, problemas de regularização fundiária e saturação da infraestrutura urbana, tendo em vista a ausência de recursos financeiros para tamanha demanda.
CÁSSIA MEDEIROS
Em localidades como Viela da Alegria e Favela do Buraco (foto), faltam calçamento e saneamento básico
Está fortemente vinculado à capital paulista, devido à acessibilidade, oferta e demanda de produtos, serviços e emprego”. A especialista conclui que, para minimizar os problemas, não basta criar leis sobre o acesso das pessoas às políticas públicas, mas é necessário que haja vontade política para garantir a efetividade dessas leis.
Desemprego agrava problemas da cidade Embora em Itaquaquecetuba haja várias indústrias instaladas, há escassez de vagas para o trabalhador comum. Marcos Nascimento,
23, desempregado há um ano, afirma que a dificuldade é causada pela exigência de qualificação. “Já entreguei vários currículos e até o momento não consegui emprego. Em São Paulo é mais fácil e o salário é melhor, mas eu prefiro aqui perto de casa. Se não conseguir, vou recorrer a outras regiões”.
Esgoto contamina rio e coloca saúde de moradores em risco
MIRÉLY TELES
Falta de cuidado com rios e córregos ameaça a saúde dos moradores e prejudica o meio ambiente
Mirély Teles Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a falta de tratamento e coleta de esgoto afeta 27% da população. O percentual equivale a 56 milhões de brasileiros. Em Suzano, esse tipo de problema é menor que a média nacional, mas ainda assim 11,3% da população, ou seja, cerca de 30 mil pessoas, não tem coleta de esgoto adequada.
O bairro Miguel Badra encaixa-se nessa realidade, com ruas em que o esgoto corre a céu aberto e com rios contaminados. Jandiel Silva, morador da rua Benedito Salomé da Anunciação, revela como essa situação afeta quem mora próximo ao rio Jaguari. “As infestações de ratos e baratas são frequentes e o mau cheiro é intenso”. O Jaguari desagua no Tietê, de modo que sua poluição causa transtornos ambientais e sociais também em outros municípios.
Para Sandra Santana, moradora do bairro há 11 anos, a região foi esquecida. “A gente tem medo desse esgoto exposto, porque vem rato, barata e até cobra para dentro de casa. As crianças ficam brincando com a água e tem gente que até entra dentro desse rio. A minha casa e a maioria dessas casas já foram alagadas, perdi tudo. Os agentes costumam dedetizar a redondeza, mas não chegam aqui”. O arquiteto e urbanista Fer-
nando Claret, especialista em meio ambiente, explica como esse problema impacta o ecossistema. “O lançamento de esgoto nos corpos de água, de imediato causa um impacto às vezes irreversível no ambiente aquático. O esgoto é rico em matéria orgânica, que fornece nutrientes para os líquens e planctos. Ao injetar comida no sistema, aquela população de microrganismos vê aquele tanto de comida e começa a procriar e, aumenta a popula-
ção. Assim, as águas ficam repletas de matéria orgânica mas não têm oxigênio, causando a morte de peixes e um consequente desequilíbrio ambiental”. Segundo Claret, a recuperação do Jaguari depende da implantação de saneamento básico na região. “Cada município e bairro deveria ter seu próprio tratamento. A maior parte da incidência de mortes de crianças de 0 a 4 anos ocorre por falta de saneamento”.
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INFRAESTRUTURA
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Suzano tem medidores de velocidade irregulares Norma do CONTRAN determina aferição anual; alguns equipamentos não são verificados desde 2013 Patrícia Schafer
C
erca de 68, dos 155 medidores de velocidade fixos de Suzano, estão em desacordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Desses, 42 sob responsabilidade da prefeitura, não atendem os parâmetros determinados pelo CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) que estabelece que a aferição dos instrumentos seja feita com periodicidade máxima de 12 meses. A aferição determina a exatidão da infração, já que o aparelho muitas vezes perde calibragem e anualmente precisa ser regulado e aprovado pelo IPEM (Instituto de Pesos e Medidas). Caso a aferição esteja desatualizada, o equipamento pode gerar multas infundadas e arbitrárias, passíveis de recurso.
Flávio dos Santos, 28, trabalha como entregador de pizza no centro da cidade. Após ser autuado por um radar localizado na rua Prudente de Morais, próximo à Companhia Suzano de Papel e Celulose, Flávio entrou com recurso solicitando anulação da multa. “Perdi e tive que pagar, recorri em segunda instância e perdi novamente. Por isso procurei o Juizado Especial (Pequenas Causas), onde obtive ganho de causa e após sete meses fui ressarcido”. O radar que gerou a multa estava com a aferição vencida. Vias importantes, como a avenida Major Pinheiro Froes, rua Doutor Prudente de Morais, avenida Mário Covas, Estrada dos Fernandes e rodovia Índio Tibiriça estão repletas de radares com aferição vencida há anos. No bairro Miguel Badra há dois medidores
de velocidade reprovados e todos os outros estão com a aferição em desacordo. Próximo ao trevo, sentido Poá, a aferição do radar está vencida desde março de 2013. Consultada, a Secretaria de Trânsito de Suzano respondeu, por meio do secretário de Trânsito e Mobilidade Urbana, José Alves Pinheiro Neto, que não descarta a hipótese de as informações fornecidas pelo site do INMETRO estarem desatualizadas. Contudo, o secretário se mostrou disposto a verificar o caso. “Não entendo como uma crítica, mas como um auxílio, pois me dá a oportunidade de sempre buscar melhorias”. A página do INMETRO para consulta dos medidores de velocidade pode ser acessada pelo endereço https://servicos.rbmlq.gov. br/Instrumento. Basta informar estado, município e nome da via.
PATRÍCIA SCHAFER
Avenida Major Pinheiro Froes tem radares em situação irregular
Excesso de veículos e escassez de vias prejudicam moradores de Arujá HELEN SANTOS
Congestionamentos frequentes na avenida Expedicionários prejudica a livre circulação de moradores e demais usuários
Helen Santos A população da cidade de Arujá teve um crescimento de 15,39%. nos ultimos 7 anos, o que acarreta superlotação das vias, causando prejuízo ao desenvolvimento da cidade. Exemplo disso, na região do Alto Tietê, ocorre na cidade de Arujá, no pequeno trecho da Avenida Ex-
pedicionários, embaixo do viaduto da Rodovia Presidente Dutra. Trata-se de uma via de mão simples, pela qual passam moradores da cidade, usuários da Estrada de Santa Isabel, paralela à avenida, e motoristas a caminho da alça de acesso à Dutra. A infraestrutura urbana é um direito assegurado pela Lei 10.257 de 10 de Julho de 2001, à todos os
brasileiros e estrangeiros residentes em território , nacional. No entanto, o que se nota nas cidades brasileiras é que o ritmo de crescimento da população não é acompanhado pela remodelação e adaptação da infraestrutura urbana. O engenheiro civil Felipe Cardoso Brasil de Souza que integrou a equipe técnica do Plano Diretor, Lei de Ordenamento do Uso e
Ocupação do Solo, da Prefeitura de Guararema, ressalta as consequências da superlotação das vias urbanas: “Podemos citar, por exemplo, o carro que ao decorrer do tempo sofre degradações com o uso. O mesmo acontece com a via urbana, cujo uso diário somado ao aumento de usuários fazem com que ela se degrade aos poucos. Sem reforma adequada, a carga transportada
acarreta desgaste, o que causa fissuras. Isso prejudica a todos que utilizam a via e até mesmo a beleza visual da cidade”. Contatadas por e-mail e por telefone para prestar informações sobre possíveis obras de manutenção e adequação das vias, a Secretaria Municipal de Obras não se manifestou até o fechamento dessa reportagem.
INFRAESTRUTURA
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9 FOTOS: TAÍS MORENO
Falhas na mobilidade urbana travam avanço econômico do AT Ausência de planejamento, falta de integração entre os municípios e mau estado de conservação das vias, como no trecho da Rodovia Pedro Eroles (foto), em Arujá, estão entre os problemas Taís Moreno
O
Alto Tietê tem grande potencial de desenvolvimento social e econômico, seja pelas características geográficas – extensa área vegetal e importantes mananciais de água –, seja por integrar o Cinturão Verde, municípios produtores de hortifrutigranjeiros que abastecem a capital. A região, que conta com localização favorável, setor educacional forte e atividade econômica diversificada, é atrativa para investimentos. Apesar disso, o prefeito de Suzano e atual presidente do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), Rodrigo Ashiuchi, em artigo publicado no site do Diário Comércio, Indústria e Serviços (DCI), afirma que as principais dificulda-
des para o desenvolvimento econômico da região são insuficiência do atendimento público na área da saúde, problemas na área da segurança e falhas na infraestrutura, sobretudo pela malha viária deteriorada. De acordo com a edição 2016 do Plano de Mobilidade Urbana de Mogi das Cruzes, a cidade, que é centro da região do Alto Tietê, não conta com contrapartida viária e de planejamento urbano à expansão acentuada da área urbana. Mogi das Cruzes é só um exemplo de uma realidade que atinge todas as cidades da região. A previsão é de piora, tanto para o setor econômico, no que se refere ao escoamento da produção agrícola, quanto para o fluxo de pessoas. O Condemat apresentou essas demandas ao Estado, com solicitação de investimentos na malha
viária. “Cobramos novamente a alça do Rodoanel, que será importante para atrair empresas e melhorar o desenvolvimento da região”, afirma o presidente do Consórcio. Consuelo Gallego, professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e coordenadora da Diretoria de Planejamento e Habitação da prefeitura de Suzano, fala da relevância de hierarquizar o sistema viário, para estabelecer os eixos de mobilidade de carga e determinar onde a mercadoria tem escoamento mais rápido. “Assim como existe o rodoanel, podemos ter também ferroanel e até hidroanel. Dessa forma seriam criadas outras possibilidades para escoamento de carga e também para o deslocamento de pessoas”, afirma.
Sistema viário foi pauta de reunião do Condemat em Mogi das Cruzes
CIDADANIA
Entidades que atendem pessoas em situação de rua pedem ajuda Mariana Gregório Dia após dia, pessoas reviram lixeiras, dormem nas ruas e vielas procurando sobreviver. Em Mogi das Cruzes cerca 700 pessoas não têm moradia fixa e acabam nas ruas. O atendimento à população em situação de rua é feito por três entidades: Abomoras, que busca reintegrar o morador de rua à sociedade; CRAS, que auxilia no fornecimento de víveres; e POP, que
ajuda na identificação das pessoas. Adriana Cavaleiro, assistente social da Abomoras, que acolhe cerca de 150 pessoas, afirma que a ajuda da prefeitura é insuficiente. "Ela deu a sede da Abomoras, do CRAS e do POP, e isso foi ótimo mas não é suficiente. Precisamos de mais apoio para ajudar essas pessoas que nem sabem de seus direitos como cidadãos”. Adriana conta como é feita a assistência e as dificuldades para inserir os moradores de rua no
mercado de trabalho. “São lutas diárias para conseguir convencer os empregadores de que eles também estão aptos para o trabalho. Quando eles fazem os currículos, instruo a não colocarem o endereço da Abomoras, porque do contrário já saberemos a resposta”. Para a assistente social, a ajuda da prefeitura, das empresas e da sociedade em geral são imprescindíveis para cidadãos que precisam de apoio tanto financeiro como psicológico.
MARIANA GREGÓRIO
Preconceito e descrédito por parte população e desconhecimento dos direitos tornam ainda mais difícil a vida de quem vive nas ruas
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EDUCAÇÃO
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Creche de Biritiba promove consciência ambiental Projeto “Brotos que Semeiam” coloca crianças em contato com a realidade agrícola do município FOTOS: TAMIRIS NEVES
Tamiris Neves
E
m Biritiba Mirim, cidade essencialmente agrícola, a busca por uma educação que caminhe lado a lado com a realidade dos alunos é exceção, e não regra. O currículo escolar não dialoga com as necessidades locais de mão-de-obra. O problema contribui para que o município ocupe as últimas posições no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da região. Biritiba também ficou nos últimos lugares em geração de emprego. Além disso, segundo levantamento divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), entre os anos de 2015 e 2017, apresentou queda nos indicadores de qualidade da gestão municipal. A esperança por dias melhores vem de iniciativas individuais. Na creche municipal Irio Taino, localizada no bairro Hiroy, as crianças aprendem a cultivar legumes e verduras. “É um projeto suado, que tentei desenvolver no ano passado, mas a prefeitura não ajudou”, afirma a diretora Miriam Chida. Na falta de apoio oficial,
Por iniciativa da diretora Miriam Chida, alunos da creche Irio Taino aprendem a cultivar legumes e verduras
Miriam conta com a ajuda de produtores locais para colocar o projeto “Brotos que Semeiam” em prática. A novidade se espalhou e tem agradado. “É ótimo que as crianças ponham a mão na terra, isso é preciso, pois as aproxima da agricultura, que é o trabalho da maioria dos pais”, afirma Elaine Oliveira, funcionária de uma estufa de cultivo hidropônico. Ela relata que
só tinha visto hortas em escolas há muitos anos, na Escola Estadual Angélica de Jesus Ferreira, que desenvolveu um projeto semelhante.“Quando o professor responsável foi embora, o projeto foi interrompido”, lamenta. Na opinião do especialista em meio ambiente, professor Fernando Claret, existem muitas barreiras para que essa forma de educar possa ocorrer com eficiência.
“Pelo fato da cidade ser muito pequena e não haver interesse das políticas públicas por esses assuntos, projetos como esses enfrentam muitas dificuldades”. Para trabalhadores rurais como Fábio Oliveira, a atitude da diretora representa avanço, pois prepara as crianças para a realidade econômica do município e desenvolve nelas uma consciência ambiental.
Projetos educacionais ajudam jovens a desenvolver a área rural ERICK SANTANA
Erick Santana Em Mogi das Cruzes, o projeto Jovem Agricultor do Futuro, mantido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), é umas das ferramentas usadas para diminuir o êxodo rural, principalmente entre jovens. Diante de uma grade curricular convencional nos ensinos Fundamental e Médio que não supre as necessidades técnicas, os jovens se sentem cada vez mais desestimulados a dar continuidade à atividade rural. Esse é um dos principais problemas apontado pelo coordenador da unidade do Senar em Mogi das Cruzes, Alexandre da Silva Gomes. Para o coordena-
Além das aulas teóricas, alunos participam de atividades no campo
dor, a identidade do “caipira” ainda está muito presente na mentalidade dos jovens. Nos últimos 30 anos, país viu
sua população rural diminuir em cerca de 10 milhões de pessoas, segundo o IBGE. Uma das formas de incentivar os jovens a permane-
cerem em áreas rurais é a oferta de cursos do setor agrícola. “A mudança do estigma de produtor rural para empresário do agronegócio já promove mudanças na mentalidade dos jovens”, afirma Aline Camila Severino, uma das instrutoras técnicas do programa. “As mudanças tecnológicas na vida rural têm dimensões diferentes quando comparadas às da vida urbana, mas contribuem de modo significativo a ponto de chamarem a atenção dos jovens”, afirma. O programa está atualmente na segunda turma e conta com jovens com idades entre 14 e 17 anos. De acordo com os organizadores, o cenário de êxodo rural de
jovens deve mudar em médio e longo prazos. Em Mogi já há alunos envolvidos em projetos de melhoramento da produção rural. Um deles, Moisés Rodrigues da Silva, 17, afirma que o curso deu a ele novas perspectivas sobre a vida no campo. “Nós só plantávamos hortaliças, agora com o curso estou aprendendo outros tipos de cultivo e ferramentas para gerenciar os negócios do sítio com meus pais”. O projeto incentiva também a busca do conhecimento em outras áreas. “Aprendemos a conviver melhor com os outros e ver que na roça não é só plantar e colher, tem muito mais coisas do que isso”, diz Juliana Peixoto, 14.
EDUCAÇÃO
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Sobra cobrança e faltam recursos para o ensino público Estado cobra nota máxima no ENEM mas salas de aula superlotadas comprometem a aprendizagem FOTOS: ALESSANDRA DIÓGENES
Alessandra Diógenes
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superlotação das salas de aula são um exemplo da precarização do sistema educacional, que tem reflexos no baixo nível de aprendizado dos alunos e na desvalorização dos professores.A educação básica é um direito previsto em lei, porém falta investimento em infraestrutura e capacitação dos profissionais da área, gera uma série problemas para a formação desses indivíduos. A proposta do governo de reorganizar os alunos por ciclo, gerou várias manifestações e ocupações de escolas públicas em 2016. Essa reorganização incluia separar os alunos em ensino fundamental e médio em diferentes unidades de ensino público. A psicopedagoga Tatiana Platzer do Amaral vê aquestão da superlotação como uma reorganização “O aumento de alunos por sala não revela que tenha mais alunos na rede, revela aquilo que se ten-
Elena Mineko, diretora de escola LARISSA BATALHA
Infraestrutura inadequada dificulta o desempenho escolar
Tatiana Amaral, psicopedagoga
tou a três anos atrás, impedir o fechamento das salas, o remanejamento de professor. Isso conseguiu ser feito na surdina e revela uma reorganização em que a questão pedagógica não foi considerada. Como opina Tatiana. Os alunos sentem na pele quando a escola deixa de cumprir o seu papel de formar cidadãos qualificados para o mercado de trabalho. Maria Fernanda (16),
(TETRIS). Segundo as alunas a existência desse tipo de cursinho é um atestado de fracasso do ensino público. O antropólogo Alexandre Henrique Quadros fala sobre o que se tornaram as escolas: “O objetivo da escola é a formação do individuo para a vida, para a sociedade, contudo nosso sistema educacional é um depósito de gente e não é um sistema format-
Helen (16), Telma (16) e Rebeca (17), por exemplo, foram para a ETEC – Escola Tecnica em Suzano, em busca de melhor qualificação. Para elas a superlotação das salas de aula só é maléficaca porque os professores não têm recursos e infraestrutura para lecionar. Como forma de atenuar a má qualidade do ensino, elas também fazem um cursinho pré-vestibular gratuito aos sábados
vo,apenas, informa, gera um conteúdo de informação que ele tem que aprender. ” Indíces mostram que o Brasil está em 53º lugar no ranking mundial de investimentos em educação, no inicio de 2018 foram mais de 30 mil professres desempregados. A professora Solange Souza da Silva conta que a maior dificuldade para lecionar em uma sala superlotada é dar atenção a todos os alunos, uma vez que cada um tem seu ritmo de aprendizagem. Já para a diretora Elena Mineko Matsudo, em seus 35 anos de carreira como professora, o maior desafio sempre foi o de atrair os alunos. Ela afirmou que um professor tem que ter amplo e profundo conhecimento para manter a atenção dos alunos, e que é preciso esforço do profissional para se manter atualizado, para desenvolver uma linguagem atual, de modo que consiga compreender o aluno e se fazer compreendido.
ECONOMIA
Urbanização reduz áreas de cultivo e população rural Isabela Macedo Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento de Mogi das Cruzes, em 1991 a população agrícola da cidade representava 8,98% do total de moradores. Em 2018, somavam 7,86% da população. Desse percentual, os que efetivamente sobrevivem da agricultura é ainda menor. Segundo a engenheira agrônoma Juliana Geseira, 30 anos, esse fato ocorre pela modernização dos processos. “Como resul-
tado da modernização, tem havido grande aumento da produção agrícola em áreas substancialmente menores, com número de trabalhadores cada vez mais reduzido”, constata. Quem decidiu continuar na produção agrícola teve que se adaptar às novas formas de plantio. É o caso do produtor rural Marcelo Kudo, 38 anos, que cultiva alface hidropônica na Chácara dos Baianos. Ele conta que a opção pela hidroponia foi influenciada pela necessidade de economi-
ISABELA MACEDO
Produção de alface em Mogi das Cruzes: área agricultável perde espaço para a expansão da área urbana
zar água e aumentar a rentabilidade da produção. “Para plantar na terra eu gastaria uns 200 mil litros de água por dia. Com a hidroponia, gasto 10 mil litros de água para 20 mil metros quadrados de produção”, conta. Esse método de produção, além de ser uma solução sustentável, reduz a utilização de
agrotóxicos, o que se torna um atrativo para consumidores preocupados com a qualidade da alimentação. Segundo Juliana, a solução para os produtores tem sido encontrar novos nichos de mercado. “As associações de produtores precisam mostrar mais sensibilida-
de para os novos problemas do mundo rural, entendido como algo mais amplo do que o local onde se desenvolvem as atividades agropecuárias” declara. Ela afirma ainda que a redução de população no campo é exponencial e que novas adaptações vão ser necessárias.
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EDUCAÇÃO
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Em Santa Isabel, Ensino Superior só à distância FOTOS: PAMELA SILVA
Isabelenses precisam se deslocar para cursar faculdade; na cidade, as opções se limitam aos polos de EaD Pamela Silva
T
alita Santilli, 19 anos, é estudante de Direito na Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. Desde que se matriculou, no ano passado, uma coisa a incomoda: a instituição em que ela estuda fica a 57 quilômetros de sua casa. São dois ônibus e um metrô para ir, outros tantos para voltar, e muitas vezes ela chega atrasada. Assim como Talita, muitos isabelenses precisam enfrentar viagens diárias para cursar o Ensino Superior, já que na cidade não existem cursos desse nível. Uma associação que organiza as linhas de ônibus fretados conta com mais de 700 pessoas. Os ônibus partem de Santa Isabel com destino a cidades como Mogi das Cruzes, Guarulhos e São Paulo. Além dos usuários dos fretados, há pessoas que usam passe livre para estudantes nas linhas convencionais, as que pagam passagem diariamente e alguns que utilizam carro próprio. Diego Souza, ex-gerente de Recursos Humanos numa rede de laboratórios de análises clínicas da região, afirma que o tempo que os estudantes gastam em viagens dificulta a contratação deles pelas empresas isabelenses, pois sobra muito pouco tempo para o trabalho. Liliene Paiva, secretária municipal de Educação, reconhece que a existência de ensino superior na cidade seria benéfica, mas pondera que o município não dispõe de espaços físicos adequados para esse fim. Segundo a secretária, em 2017, cinco instituições propuseram parcerias com o município para instalar-se na cidade, mas as conversas não avançaram. Questionada sobre a possibilidade de criação de uma faculdade pública municipal, a secretária afirma não haver previsão orçamentária para esse fim, e que os
Estudantes de Santa Isabel (acima) embarcam em ônibus fretado rumo à universidade. Talita Santili (à esquerda, no alto) viaja mais de uma hora para chegar à instituição de ensino. Segundo Liliene Paiva (à esquerda, embaixo), secretária de Educação do município, foco da gestão atual é a construção de creches
Poá ainda tem desafios a superar na educação inclusiva recursos disponíveis para a Educação têm como destino a construção de creches, foco da gestão atual. Contudo, ela comemora a conquista mais recente: a instalação de um polo da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) na cidade, em parceria com o governo do estado. A UNIVESP oferece cursos à distância, com aulas presenciais uma vez por mês. O projeto já conta com a adesão de 200 isabelenses matriculados nos cursos de Engenharia de Produção, Engenharia da Computação, Pedagogia e Gestão Pública. De acordo com Diego, no mercado de trabalho atual, um currículo com ensino superior passou a ser primordial e o ensino à distância pode ser uma alternativa. “Hoje a dificuldade de encontrar mão-de-obra existe, mas começa a diminuir por conta da disseminação dos polos de educação à distância”.
Cainan Cristine De acordo com dados do Portal da Transparência, em 2017 Poá empenhou R$ 152,2 milhões em Educação. Em 2018, o valor reservado para o primeiro quadrimestre é de R$ 41,1 milhões. Para a educação inclusiva, voltada para alunos com necessidades especiais, estão reservados R$ 60 mil para compra de móveis. Apesar do investimento, o município ainda tem desafios a superar nessa área. Na cidade há 289 alunos com deficiências matriculados, desde creches ao Ensino Fundamental II. Segundo a chefe do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (Napes), Quezia Lemos de Castro, a inclusão nunca consegue atender 100% das crianças que precisam, mas no município todos que procu-
“Educação inclusiva resulta em benefícios para a sociedade” Joana D’Arc Dias da Costa, economista
raram as unidades de educação foram atendidos. “Não há fila de espera”, garante. De acordo com Quezia, a Secretaria da Educação tem investido na formação de professores, coordenadores, cuidadores e outros funcionários. “No curto prazo pretendemos
proporcionar transporte mais adequado aos alunos”. A economista Joana D’Arc Dias da Costa diz que os municípios precisam oferecer educação pública para as pessoas com deficiência, o que, futuramente, pode resultar em benefícios. “Com investimento na área da educação, pessoas com deficiência podem estudar futuramente ingressar no mercado de trabalho”. Lúcia de Fátima Rosa, diretora da escola José Antônio Bortolozzo, de Poá, diz que na escola há 20 alunos. “Temos professores auxiliares, professora de Libras, rampas e elevador de acesso. Quando necessário, fazemos adaptações para receber melhor os alunos”. Contudo, Marinalva Gomes de Alencar, mãe de Lucas Gomes dos Santos, 11, portador de síndrome de Down e matriculado justamente na escola José Antônio Bortolozzo, afirma que na sala do filho não há professor auxiliar. “É uma das melhores escolas de Poá, mas meu filho sente muita dificuldade por não ter uma professora especializada para auxiliá-lo”, afirma.
SEGURANÇA
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Índice de estupros em Mogi dispara em 2017 Após salto de 79% no ano passado, 2018 já registra o dobro de ocorrências registradas no início do ano LUIS CARLOS RODRIGUES
ARTE: LUIS CARLOS RODRIGUES
Luis Carlos Rodrigues
M
ogi das Cruzes, no Alto Tietê, concentra o maior número de casos de estupros da região. Só em 2017, a ocorrência desse tipo de crime aumentou 79% no município Nos últimos dez anos, o índice de crimes sexuais na cidade oscilou bastante. Durante sete anos, foram registrados de 50 a 59 estupros por ano. Com índice já considerado alto, Mogi viu os números aumentarem de maneira preocupante em 2017 quando foram registradas 93 ocorrências, contra 52 em 2016. Esta não é a primeira vez que Mogi apresenta um salto significativo no índice de crimes sexuais. Em 2010, foram registrados 50 estupros, enquanto que no ano seguinte esse número passou para 102 o que revelou um aumento de 104% de ocorrências.
Única delegacia de defesa e proteção da mulher em Mogi das Cruzes
Segundo a delegada Valene Bezerra, titular na Delegacia de Proteção às Mulheres, o índice precisa ser interpretado antes de concluir que houve aumento nos crimes de estupro. A delegada argumenta que a sanção da nova Lei de Estupro e Pedofilia, em 2009, ampliou o conceito de estupro o que explica parcialmente o au-
Atendimento a mulheres vítimas de violência é precário no Alto Tietê Yasmin Campos De todas as cidades do Alto Tietê, apenas três oferecem assistência a mulheres vítimas de violência: Suzano, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba. O atendimento especializado inclui delegacias, abrigos, centros de assistência social e monitoramento de medidas protetivas. Suzano é a única que disponibiliza todos os serviços. Mogi fica logo atrás por não dispor ainda da patrulha Maria da Penha. Além disso, a cidade está prestes a perder a única casa de abrigo. As ações ainda estão sendo estudadas em Poá, Santa Isabel e Ferraz de Vasconcelos, segundo as prefeituras. Biritiba Mirim, Guararema e Salesópolis não possuem serviços especializados e não têm previsão de quando serão implementados. Um estudo feito por alunos do
curso de Direito da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) aponta que entre 2013 e 2015 foram registradas 10.115 ocorrências na Delegacia da Mulher de Mogi das Cruzes. Em 2017, a Vigilância Epidemiológica da cidade recebeu mais de 1.000 notificações de violência, através das unidades de saúde e da Delegacia da Mulher. Foram 622 casos de violência física, 515 de violência psicológica ou moral e 32 casos de estupros. Segundo registros da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SP), os estupros na região do Alto Tietê aumentaram em 15,7%. Foram 412 denúncias, o que equivale a mais de um caso por dia. Os dados do “Mapa da Violência” da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, do Rio de Janeiro apontam que 151 mulheres foram mortas no Alto Tietê entre os anos de 2009 e 2013.
mento no número de registros , “Esses dados precisam ser bem esclarecidos para não gerar uma atmosfera de temor. O aumento no índice ocorre porque muito do que antes não seria considerado como estupro agora o é.” Valene também explica que o aumento do índice deve-se ao fato de mudanças na lei relacionada
aos crimes sexuais cometidos contra menores de 13 anos. Uma passada de mão indevida deve ser registrada como estupro de vulnerável, quando a vitima tiver menos que 13 anos. Segundo a
Roubo de cargas prejudica economia da região Caroline Cecin Dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), indicam que em 2017 o roubo de cargas no Alto Tietê aumento 43%. Em janeiro de 2018 foram registrados 39, com crescimento de 13,9% em relação ao mesmo período do ano passado, indicando tendência de alta para este ano. Arujá e Suzano são as cidades com mais registros. O problema afeta tanto as empresas de transporte como os consumidores. “Sou diabético e compro remédios pela internet”, conta o auxiliar de escritório Waldemir Domingos, 51 anos. “Fiz um pedido há seis meses e até hoje não foi entregue.” Os Correios, principal empresa de
logística do Brasil, estão restringindo a entrega em algumas regiões devido à elevada ocorrência de assaltos. Na opinião de Antonio Alberto, dono de uma transportadora com sede em Poá, falta à polícia uma atuação estratégica para evitar os roubos. “Temos, em média, um roubo a cada ano. Já lidei com prejuízo de mais de 200 mil reais e tive que investir em equipamentos de monitoramento e rastreamento de caminhões, o que é muito caro.” Como consequência, no ano passado as mercadorias ficaram 20% a 40% mais caras que o preço original, devido à Taxa de Emergência Excepcional (Emex), tarifa extra cobrada pelo setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) nas regiões onde os furtos são mais frequentes.
delegada, a maior parte dos crimes sexuais registrados ocorre em casa, cometidos por parentes ou pessoas próximas a família, e não nas ruas. Valene atenta também para o fato de que relações consentidas muitas vezes são denunciadas como estupro. “Os jovens iniciam-se precocemente na vida sexual e os pais veem na denúncia uma alternativa para tentar frear isso, mesmo quando o ato sexual é consentido. Por causa da baixa idade, o ato precisa ser registrado como estupro de vulnerável. Por isso, as estatísticas inflam.” Em 2018, nos meses de janeiro e fevereiro, já foram registrados 22 crimes sexuais. Trata-se de um aumento de 100% com relação ao ano passado, quando foram registraram 11 crimes nos dois primeiros meses. E expectativa é a de que o índice alcance marcas ainda maiores do que em 2017. CAROLINE CECIN
Roubos obrigam o empresário do transporte Antonio Alberto a investir em monitoramento da frota, o que encarece o frete
A pena para quem conscientemente compra, recebe ou transporta itens roubados vai de um a quatro anos de prisão, e, caso a remessa do produto tenha fim comercial ou industrial, pode chegar a oito anos.
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SAÚDE
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Falta de recursos limita atendimento em Poá Hospital municipal só oferece atendimento básico. Casos complexos são encaminhados para outras cidades FOTOS: MOZART CIRINO
Combate ao Aedes Aegypti em Mogi enfrenta dificuldades EVELIN LOPES
Cidade tem poucos agentes para o trabalho de visita ás residências
Evelin Lopes
Hospital municipal Dr. Guido Guida encaminha pacientes para outras unidades até para alguns exames. O pai de Vanessa Mendonça (foto), Valdir Mendonça, teve que ir a Ferraz de Vasconcelos fazer uma tomografia após sofrer atropelamento
Mozart Cirino de Melo
A
falta de recursos no hospital municipal de Poá, Dr. Guido Guida, obriga os moradores a se deslocarem para outras cidades quando precisam de atendimentos mais complexos. O poaense Valdir Mendonça, 64 anos, foi encaminhado ao hospital após ser atropelado na avenida Vital Brasil, centro da cidade. Ele precisava de uma tomografia, mas não foi possível fazer o exame no hospital porque era fim de semana e esse tipo de procedimento só é realizado de segunda a sextafeira. Valdir teve que ir até o hospital regional de Ferraz de Vasconcelos para realizar o exame. De volta ao hospital de Poá, ele foi avaliado pelo médico e dispensado, mas acabou passando mal e teve que receber um novo atendimento. Para os filhos Wagner Mendonça e Vanessa Mendonça, tudo
poderia ser diferente se o pai tivesse recebido atendimento adequado. “Meu pai estava com um corte na cabeça e ao invés dos exames, fizeram apenas um curativo. O médico receitou Dipirona e deu alta para ele”, afirma Vanessa Mendonça. “Havia até cadeiras sujas de sangue”, observa Wagner. Apesar dos problemas, alguns usuários consideram o atendimento satisfatório. Esta é a opinião de Hilda da Silva, moradora de Ferraz de Vasconcelos, que foi ao hospital por causa de uma pneumonia. “O atendimento é melhor e mais rápido que em Ferraz”, garante. Segundo a assessoria da prefeitura de Poá, o hospital tem
como prioridade a saúde dos munícipes e o orçamento da área para 2018 é de aproximadamente R$ 60 milhões. O hospital Dr. Guido Guida, dotado de 24 leitos, corresponde à recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) com relação ao número de leitos por habitante. Com pouco mais de 115 mil habitantes, Poa tem 4,8 leitos para cada mil moradores. A relação recomendada pela OMS é de 3 a 5 leitos para a cada mil habitantes. O problema é que pacientes de outras cidades também dependem do atendimento no Dr. Guido Guida. Devido à demanda adicional, o hospital chega a fazer 150 mil atendimentos por ano.
A fiscalização de focos do mosquito Aedes Aegypti, em Mogi das Cruzes, está prejudicada pelo baixo número de agentes no Núcleo de Controle e Prevenção de Arboviroses. Outro problema é a resistência dos moradores às visistas das equipes de fiscalização. O mosquito é o principal transmissor de doenças como febre amarela, dengue, zika e chikungunyia. Débora Murakami, veterinária do Núcleo, diz que muitos imóveis ficam fechados durante o dia porque as pessoas estão no trabalho. “Por incrível que pareça, há também casos em que as pessoas não deixam a gente entrar nas casas”. O Página UM acompanhou a visita dos agentes a seis imóveis. Na ocasião, os moradores não apresentaram resistência à vistoria; ao contrário, foram atenciosos e seguiram as recomendações passadas pelos agentes. O Núcleo de Controle conta com apenas 30 agentes para monitorar os cerca de 130 mil imóveis do município. Além de orientarem os moradores e combaterem focos de infestação, eles também são responsáveis pelo Levantamento Rápido de Índices
de Infestação pelo Aedes Aegypti (LIRAa), que permite ao município identificar com mais rapidez eventuais riscos de epidemia. Até março de 2018, a Secretaria de Saúde de Mogi das Cruzes recebeu oito notificações de suspeitas de febre amarela, doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Uma das notificações foi confirmada, outra segue em análise, e seis foram descartadas. Em nota publicada no portal da prefeitura, o secretário de Saúde, Téo Cusatis, destaca os esforços para vacinar a população contra a febre amarela. “O município vacinou 285 mil pessoas e já recebeu o quantitativo necessário para vacinar o restante da população”. Em boletim publicado em 21 de março, o Ministério da Saúde confirmou 451 casos de febre amarela no Estado de São Paulo, no período entre 1 de junho de 2017 e 20 de março de 2018. A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Saúde não informou orçamento do Núcleo de Controle, nem quanto é investido em campanhas de conscientização da população. A Secretaria informa apenas que a prefeitura mantém um trabalho contínuo de combate ao mosquito.
MEIO AMBIENTE
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Estudo revela melhorias na água do Rio Tietê SOS Mata Atlântica apurou que em Salesópolis e Itaqua houve recuo na mancha de poluição do rio
Despoluição está longe de se tornar real
Felipe Antonelli
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s rios do Alto Tietê apresentam gradualmente avanços em relação a qualidade da água. No final do ano passado, estudo feito pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que houve redução de 7 km do trecho considerado morto no principal rio que corta o estado de São Paulo, o Rio Tietê. O pequeno, mas considerável recuo da mancha de poluição, deve-se ao aumento do trecho com qualidade de água boa entre Salesópolis e Itaquaquecetuba. Segundo a especialista em água da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, “o recuo da mancha de poluição está associado a vários fatores, como o aumento na coleta e tratamento de esgoto, a proteção de áreas de cabeceira com mata nativa, como é o caso do Parque Ecológico Tietê, além das leis de mananciais específicas para a bacia do Alto Tietê”. Para ela, essas ações integradas trazem segurança hídrica e são de extrema importância para a sociedade.
Isabella Grisaro
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Desperdício de dinheiro Foram mais de 8 bilhões de reais por ano jogado no lixo. Esse é o valor que as empresas nacionais deixam de ganhar e investir pela falta de tratamento e reutilização de seus resíduos, segundo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Iniciativas públicas e privadas para reduzir o impacto ambiental poderiam ser feitas na região, a fim de implantar a ideia do desenvolvimento sustentável, afirma Juliano Abe, vice-prefeito de Mogi das Cruzes e ex-presidente da Comissão do Meio Ambiente da cidade. “Aquilo que fazíamos ou tínhamos como verdade a 20 ou 30 anos atrás hoje mudou. E assim funciona com o princípio da valorização da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Nós não conseguimos nos desenvolver sem ter, obviamente, o poder econômico estruturando o desenvolvimento”. Apesar de o território brasileiro ser o mais rico em água, com 12% de todo recurso hídrico mundial, o que seria um ponto positivo em relação à países desenvolvidos a falta de consciência associada ao não tratamento ou descarte irregular de resíduos por parte de médias e grandes indústrias, coloca em xeque o futuro desses recursos e também do próprio desenvolvimento do país.
“Ações integradas entre o poder público e o setor privado em prol da conservação das matas nativas podem trazer a segurança hídrica que o Rio Tietê tanto precisa”
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo pretende concluir em junho deste ano o desassoreamento do rio Tietê no trecho que passa pelo Alto Tietê. O serviço foi iniciado em 2016, com investimento de R$ 37,7 milhões do Governo do Estado, e pretende evitar inundações nos municípios da região. Porém, outro problema crônico, a poluição das águas, está longe de ser resolvido. De acordo com o DAEE, cidades como Itaquaquecetuba, Poá, Suzano e Mogi das Cruzes serão beneficiadas com o desassoreamento, pois serão removidos sedimentos depositados no fundo do leito do rio, como areia, argila, lixo e materiais não inertes, o que proporcionará um aumento de até 33% na capacidade de vazão. O desassoreamento, porém, não resolve o problema da poluição das águas, como afirma Márcia Nakano, mestre em biologia. Ela comenta sobre as discussões que a coloração do rio tem causado nos últimos meses, após a constatação da presença de altos índices de manganês. “Essa substância pode alterar a turbidez ou mesmo conferir coloração amarelada, sabor amargo e adstringente à água”. A bióloga acredita que a limpeza do rio está longe de ocorrer, assim como o retorno de espécies da região, presentes antes do crescimento dos centros urbanos e aumento da poluição. “Seria um desafio gigantesco, já que a despoluição envolve iniciativas do poder público e da população, portanto, são necessários recursos, ações de saneamento e mudanças de atitudes”, explica a especialista. A prefeitura de Mogi das Cruzes informou que está buscando recursos no Ministério das Cidades e cadastrando os pleitos para ter melhoria no tratamento de esgoto como forma de reduzir a poluição. Segundo o prefeito Marcus Melo (PSDB), 65% da cidade é abastecida com a água do rio e por isso é necessário melhorar a qualidade. “Mogi foi construída de frente para o rio Tietê e, em determinado momento, a cidade virou as costas para ele”.
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CULTURA
2018 | Ano XX | Nº 103
Mogianos cobram descentralização da cultura Inexistência de iniciativas culturais nos bairros obriga moradores a se deslocarem para a região central Bianca Schmidt
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omente em março de 2018, a verba de R$200 mil destinada ao PROFAC (Programa de Fomento à Arte e Cultura), que visa à descentralização da cultura em Mogi das Cruzes, foi liberada para os projetos culturais habilitados em 2017. Apesar do investimento e dos diversos diálogos abertos promovidos pela Secretaria de Cultura o programa ainda deixa a desejar nas regiões periféricas e menos desenvolvidas da cidade. A estudante Julianne Simões, 18 anos, que mora na Vila Natal, se desloca até a região central da cidade para participar de eventos cultu-
rais e afirma que em seu bairro não há opções de cultura e lazer. “Não tem nada [de cultura] por aqui, como uma casa, um curso de teatro, um curso de canto ou de dança”. Na sua opinião, muita gente deixa de ir aos eventos por falta de dinheiro para a passagem ou alimentação, por exemplo. Luiz Rabicho, gestor cultural do Casarão da Mariquinha, acredita que muitos mogianos não aproveitam os espaços culturais centrais por conta do desemprego e até mesmo pelo medo de voltarem tarde para casa, já que os bairros mais afastados carecem de transporte público de qualidade. Ele concorda que a cultura necessita de descentralização.
“Eu acho que o termo ‘levar cultura para os bairros’ está errado. Os bairros têm muito mais cultura do que o centro, mas tem que descentralizar e atender a população”, afirma. Localizado na região central, o Casarão da Mariquinha depende de apoio da iniciativa privada, da bilheteria de seus eventos e até mesmo de doações, para que possa sobreviver oferecendo cultura, na maioria das vezes gratuita, para a população. A prefeitura não destina nenhuma verba ou divulgação para casas de cultura que não pertençam ao poder público, e afirma que não o faz, pois não pode haver privilégios.
Teatro Contadores de Mentira de Suzano corre risco de perder sede HANNAH MATIAS
Desde 2012 o espaço oferece espetáculos e oficinas para toda a região
Hannah Matias Quem utiliza a linha 11 da CPTM, que liga o Alto Tietê a São Paulo, certamente já viu a fachada do teatro Contadores de Mentira ao chegar em Suzano. Há cinco anos o grupo homônimo, fundado em 1995 por artistas da região, inaugurou o próprio espaço próximo à estação, na Rua Major Pinheiro Fróes,530, no Parque Maria Helena. Contu-
do, por falta de recursos, o espaço está previsto para fechar no mês de outubro. O grupo Contadores de Mentira realiza atividades de cultura e cidadania, promovendo trabalhos com uma média anual de 300 artistas da região e de outros países. “O que fazemos aqui é quase uma ação que deveria ser de poder público, é uma casa aberta”, conta Cleiton Pereira, artista do grupo. Conforme informado em seu site a
Prefeitura de Suzano realizou, aproximadamente um terço desse número em apresentações, de março a novembro de 2017. Ainda assim, o teatro encerrará suas atividades nos próximos meses. A manutenção ocorre de forma independente e o aluguel tornou-se um grande empecilho, já que todo o investimento sai do próprio salário dos artistas. “É um investimento alto, chegamos no limite como pessoas e como instituição”, afirma o artista Matheus Borges. O estudante Mariano Bastos, 18, afirma que o Contadores de Mentira é um centro de cultura extremamente importante para Suzano, uma vez que “é um espaço diversificado que potencializa a formação social do público, além de ser um ponto de acessibilidade financeira e cultural” A ausência de políticas públicas qualificadas também dificulta a circulação de pessoas, faltam estratégias que convidem novos visitantes para a cidade.
BIANCA SCHMIDT
Julianne Simões, de 18 anos, participa de diversas oficinas culturais, mas critiica o fato da maioria das opções esta na região central de Mogi
Cinema independente enfrenta desafios em Mogi das Cruzes Fábio Palodette Filmes independentes são aqueles produzidos com pouco ou nenhum apoio de grandes estúdios de cinema. Na maioria das vezes, contam com baixo orçamento, porém grande expressividade. Essa é uma forma de arte que tem-se expandido em Mogi das Cruzes. Grupos como a Friends Group e a Raciocinando atuam na área, já lançaram projetos cinematográficos e estão trabalhando em novos. Essa não é uma tarefa fácil, são muitas as dificuldades para se produzir um filme. O dinheiro investido não determina a qualidade, mas os custos em geral são altos, e a produção requer muita dedicação de todos os envolvidos. ‘Ser independente é um desafio por si só. Mesmo com apoio, nada cai do céu. É preciso arranjar recurso financeiro ne-
cessário, conseguir parcerias e pessoas que trabalhem por amor. Ninguém em Mogi ganha para fazer isso. Todos trabalham porque gostam e um produtor ajuda o outro. Essa união está fazendo as produções crescerem na cidade”, conta Dorival Martins Jr, 21, um dos membros da Friends Group. Segundo Danilo Santos de Miranda, sociólogo e perito em ação cultural, “os recursos aplicados à cultura, de quaisquer ordem que sejam, são investimentos, já que movimentam a economia, geram ocupação e renda, em suma, desenvolvimento”. “Tenho muitos roteiros que ainda não temos condições de produzir. Precisamos de cenários, figurinos etc, e não temos dinheiro. Colocamos em produção o que está em nossa realidade”, completa Dorival.