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“Café com Pedal” reúne

Atenção: seus pais   estão no Facebook!

Chova ou faça sol, um grupo de amigos se reúne quinzenalmente em Guararema para pedalar pelas trilhas da cidade. O encontro arquivo pessoal batizado de “Café com Pedal” permite atividade física em grupo e explorar lugares interessantes. Página 9

Sabe aquele orgulho de pai e mãe que causa constrangimento nos filhos? Pois bem, agora que eles também têm Facebook, a distribuição de mimos e broncas é mais pública que nunca. Haja vergonha! Página 8

ciclistas amantes da natureza

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes ||| Produzido pelos alunos do 5º período ANO XV ||| NÚMERO 87 ||| MAIO-JUNHO de 2014 ||| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ||| paginaum@umc.br

Governo promete limpar o rio Tietê A promessa do governo do Estado de investir R$ 46 mi no desassoreamento do rio Tietê foi recebido com expectativa­ e desconfiança pelos moradores de Itaquaquecetuba. Quem, como Jandira dos Santos, 74 anos, teve a casa inundada 10 vezes, espera providências definitivas. “Tomara que os serviços sejam realmente executados”, afirma. Leia na página 4.

Ônibus e caminhões são queimados em protestos maria máximo

Escola do MST em Guararema oferece cursos profissionalizantes e formação humanista Dá para imaginar uma escola em que os professores lecionam voluntariamente, que os alunos limpam a escola depois das aulas e que os alimentos são cultivados no próprio local? Esta é a realidade da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), fundada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem

Liliane Ferreira

Terra (MST) e localizada em Guararema. Não há mensalidades e nem verbas públicas. Para sobreviver, a escola aceita doações de pessoas e entidades amigas. São três salas para até 200 estudantes, biblioteca com 40 mil títulos, anfiteatros, alojamentos e refeitórios. Leia na página­ 3.

Lixo reciclável vira renda para Secretaria de Saúde inaugura trabalhadores de Cooperativas UPA no distrito de Braz Cubas rubia teles

Manifestações ocorridas no bairro Miguel Badra, em Suzano, mostram que a disposição para os protestos continua em alta. Embora quase todos considerem legítimo protestar, nem todos concordam com métodos violentos. Leia na página 5.

Em Poá e Suzano, mais de 100 toneladas de materiais recicláveis descartados pela população são coletas por catadores. Além de reduzir o im-

pacto ambiental causado pelo descarte, a atividade melhora a renda mensal de 18 famílias, que atuam em regime de cooperativa. Leia na página 4.

Braz Cubas ganhará mais uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O centro de atendimento será ligado ao novo hospital do bairro, inaugurado em maio. Atualmente o bairro conta com 10 unidades públicas de saúde. A expectativa dos moradores é de ainda mais melhorias no atendimento à saúde da população. Página 8

marcelo souza

Mogi ganha nail bar Esqueça o antigo salão de manicure. A tendência agora é frequentar as nails bar da cidade. A ideia importada da Europa tem tudo para fazer sucesso aqui, pois o Brasil ocupa o 3º lugar no ranking de cuidados de beleza femininos. Página 9

Crescimento do Alto Tietê piora mobilidade urbana Série de quatro ensaios apresenta diferentes olhares sobre a questão da mobilidade urbana. O crescimento econômico da região expõe a precariedade dos sistemas de transporte público no Alto Tietê e a ineficiência dos governos municipais para lidar com o problema. Leia nas páginas 6 e 7.


MAIO-JUNHO || 2014

02 || opinião

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da Universidade de Mogi das Cruzes

ANO XV – Nº 87 MAIO-JUNHO | 2014 Fechamento: 4/06/2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Avenida Doutor Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 – CEP: 08780911 – Mogi das Cruzes – SP Tel.: (11) 4798-7000 E-mail: paginaum@umc.com.br * * * O jornal-laboratório Página UM é uma produção de alunos do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), no contexto do Projeto Superação (Patamar Exercer), em conformidade com o Projeto Pedagógico do curso. Esta edição foi produzida pelos alunos do 5º período. Professores orientadores: Prof. Elizeu Silva – MTb 21.072-SP (Edição e planejamento gráfico); Prof. Sérsi Bardari – MTb 20.256 (Textos); Prof. Fábio Aguiar (Fotografias); Profa. Solange Bazzon (Revisão). Projeto gráfico: (Alunos do curso de Design da UMC) Felipe Magno, Fernanda Roberti, Rafael Santana, Gabriel Aparecido e Rian Martins. Orientador: Prof. Fábio Bortolotto * * * UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES – UMC Chanceler: Prof. Manoel Bezerra de Melo Reitora: Profª. Regina Coeli Bezerra de Melo Vice-Reitora: Roseli dos Santos Ferraz Veras Pró-Reitor de Campus (sede): Prof. Claudio José Alves Brito Pró-Reitor de Campus (fora da sede): Prof. Antonio de Olival Fernandes Diretor Administrativo: Luiz Carlos Jorge de Oliveira Leite Coordenadora do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, Publicidade e Propaganda: Prof. Ms. Agnes Arruda

editorial

artigo

15 anos

•FÔLEGO RENOVADO•

O Página UM está completando 15 anos de existência! Com 87 edições ininterruptas, o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) se consolida como importante instrumento pedagógico para a formação dos futuros jornalistas. Desde 1999, quando foi lançado, sucederam-se desafios e conquistas. Em páginas semelhantes às que o leitor tem em mãos, centenas de estudantes venceram a insegurança própria de quem dá os primeiros passos no Jornalismo. Difícil descrever a alegria de ver impresso e circulando o resultado alcançado com tanto esforço. Os alunos titulares do desafio em 2014 revelam sintonia com as principais demandas da sociedade ao abordar temas como a mobilidade e a infraestrutura urbanas, o cooperativismo, e iniciativas como a da Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, que aposta na democratização do ensino e na formação social dos estudantes. A periodicidade elástica do Página UM inviabiliza a cobertura factual. Apesar disso, os alunos-repórteres acompanham atentamente os principais acontecimentos da região do Alto Tietê e relatam os que mais impactam a sociedade. É o caso da reportagem sobre os protestos ocorridos no começo do ano no bairro Miguel Badra, em Suzano, e que somente nesta edição ganha espaço. Diferentemente do que podem pensar os mais desavisados, não é “notícia velha”. Ao contrário, pois os acontecimentos em Suzano espelham uma sociedade cansada do descaso público e da violência e que soube reelaborar o uso das redes sociais, transformando-as em instrumentos de articulação política e de organização de protestos – tendência que transborda das metrópoles para as periferias e cidades interioranas. Isso é atualidade e, acontecendo tão perto de nós, não podíamos ignorar. Confirmando o olhar curioso dos alunos-repórteres sobre a sociedade, o Página UM traz também matéria sobre as relações entre pais e filhos mediadas pelo Facebook, e sobre a chegada a Mogi das Cruzes da primeira “esmalteria”, ou nail bar, estabelecimento que oferece cuidados estéticos e espaço de descontração para mulheres. São 15 anos de história, mas com o privilégio de recomeçar do zero e lançar novos olhares sobre a sociedade a cada ano e a cada edição. Afinal, essa é a essência do Jornalismo. Boa leitura.

Cursos de Comunicação da UMC iniciam 2014 com tudo Agnes Arruda*

A

primeira edição de 2014 do Página UM reflete o espírito dos cursos de Comunicação da UMC: trabalho, dedicação e envolvimento, de professores e alunos, garantem não só um produto editorial de qualidade, com conteúdo jornalístico relevante para todo o Alto Tietê, mas dão o tom do perfil das faculdades de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo da Casa, que cada dia mais está de olho no mercado de trabalho e na empregabilidade de seus estudantes. Neste ano os cursos se iniciaram com fôlego redobrado. Quatro novas turmas ingressaram na Universidade, duas delas, inclusive, no período da manhã, dando oportunidade para quem trabalha à noite, ou tem outros afazeres, de cursarem o ensino superior na área. Os cerca de 500 alunos da Instituição, além de contar com o suporte de um corpo docente extremamente estruturado, composto por especialistas, mestres e doutores, e de um corpo técnico competente em seus laboratórios específicos, ainda participam de uma porção

de atividades prático-teóricas que fazem toda a diferença na formação acadêmica. São visitas técnicas, workshops, palestras, seminários, concursos, entre outras ações, que aproximam o discente do mercado e o faz perceber o tamanho do universo que, fora dos portões da UMC, poderão encontrar. Dois exemplos bacanas que aconteceram nos meses que se passaram foram as visitas técnicas aos estúdios da Globo São Paulo e à agência DM9. A primeira, voltada aos estudantes de Jornalismo, colocou a turma cara a cara com a produção da maior empresa de telecomunicações do País. Já a segunda, que levou os concluintes e terceiranistas de Publicidade e Propaganda a uma das principais agências do mercado nacional e internacional, ainda rendeu a contratação de um de nossos estudantes. #OrgulhoDefine. Daqui para frente, mais e mais ações nesse sentido estarão nas páginas do Página UM. Afinal, ainda tem a parceria com a TV Diário, o Festival de Talentos, o prêmio Jovem Talento Acadêmico, o Intercom, a Semana Estado de Jornalismo... * Prof. Ms. Agnes Arruda é gestora dos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da UMC

Alunos de Jornalismo (embaixo) em visita aos estúdios da Rede Globo São Paulo. Ao lado, Manolo Prieto, aluno de PP, estagiário da agência DM9 labcom/umc

selfie manolo prieto


2014 || MAIO-JUNHO

educação || 03 Escola Florestan Fernandes capacita trabalhadores Instituição do MST situada em Guararema se diferencia pela socialização do conhecimento Liliane Ferreira

Liliane Ferreira Fundada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Escola Nacional Florestan Fernandes, localizada em Guararema, é um centro de educação e formação da militância do movimento sem terra. Inaugurada em janeiro de 2005, a escola oferece cursos formais e informais voltados para a indústria e o comércio, e também de gestão de acampamentos e assentamentos. Construída graças ao trabalho voluntário de 1.115 militantes, as obras para a construção da escola começaram em 2000, com ajuda financeira de personalidades como Sebastião Salgado, José Saramago e Chico Buarque, além do apoio de ONG’s internacionais. A estrutura conta com três salas de aula com capacidade para até 200 alunos, uma biblioteca com 40 mil títulos obtidos por meio de doações, dois anfiteatros, alojamentos, refeitórios e uma horta para consumo próprio. Os cursos oferecidos são ministrados por mais de 500 professores voluntários, de importantes universidades do país, que lecionam disciplinas nas áreas de Filosofia, Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, além de

Prefeitura de Guararema adota Sistema de Ensino Poliedro damente”, afirma. Com a transferência, Júnior As escolas da rede passou a economizar R$ municipal de Guararema 765,00 por mês. passaram a contar a partir deste ano o com o Sistema Nota do editor: Os pagamentos da de Ensino Poliedro (SPE). Segundo informações prefeitura ao Poliedro, disponíveis no site da ocorridos em 19 de marprefeitura, o investimento ço de 2014, somaram visa melhorar a qualidade R$ 121.361,86. Em 7 de do ensino oferecido aos abril ocorreram novos estudantes, desde a edu- pagamentos da mesma cação infantil até o 5º ano quantia, que somados do ensino fundamental. aos anteriores totalizam Júnior Alves aprova R$ 242.723,72 em dois a iniciativa da prefeitura meses de aplicação do e transferiu o filho da Sistema. (Informações escola particular para a disponíveis no Portal da pública. “Não duvido da Transparência do município­). capacidade das escolas O salário de professor na municipais, mas acho rede municipal é de R$ que o Poliedro fará meu 2.302,29 para jornada filho aprender mais rapi- de 30 horas semanais. Arisly Franco

» cursos de alfabetização, administração cooperativista, pedagogia da terra, saúde comunitária e outros cursos de nível médio. Os alunos têm aula durante a manhã e na parte da tarde trabalham cuidando da horta, organizando e limpando os espaços,

Os recursos para a construção da escola foram obtidos por meio da venda de fotos da série “Terra”, do fotógrafo Sebastião Salgado

desenvolvendo, dessa maneira, a consciência social proposta pela escola. A instituição é sustentada com recursos doados por entidades e pessoas simpatizantes do movimento, o que garante a autonomia do projeto pedagógico.

Todos os espaços visam à conservação do meio ambiente. Desde a construção feita com tijolos ecológicos, produzidos na própria escola, até a energia solar captada por painéis, tudo foi projetado para reduzir ao mínimo o impacto ambiental.

Recicla Mogi

Programa de coleta seletiva chega à quarta fase Gabriela oliveira Mogi das Cruzes é uma das cidades do Alto Tietê que mais produz lixo. Entre 35 e 45 toneladas de lixo são recolhidas das ruas diariamente, ao custo de R$ 2,4 milhões por mês.

Ante este quadro, a prefeitura criou em junho de 2013 o Programa Recicla Mogi, implantado à época em alguns bairros da cidade. Segundo a Secretaria de Verde e Meio Ambiente, antes apenas 0,6% de todo o lixo reciclável era reaproveitado

Dividido em etapas, o Recicla Mogi chegou à quarta fase com a instalação de ecopontos em Biritiba-Ussu, Quatinga, Taiaçupeba e Sabaúna, além de um ecoponto itinerante na região central. O estudante de Publicidade e Propaganda

Diego Franco, 20, mora no Alto do Ipiranga, onde a coleta é feita desde a segunda fase. Ele acredita que o programa é um incentivo a mais para os moradores separarem o lixo reciclável. “Acho que é uma boa iniciativa, que ajuda a manter a cidade mais limpa”, opina. Maria do Carmo, 60, moradora do bairro Jardim Aracy – onde o programa

foi implantado na primeira fase –, orienta a família a separar o lixo. “É importante para a cidade e para o meio ambiente”, diz. A Secretaria informa que a expectativa é de alcançar 90% dos bairros até julho de 2014, e que, até 2016, 10% dos resíduos produzidos na cidade sejam recolhidos de forma seletiva.


MAIO-JUNHO || 2014

04 || meio ambiente Lixo reciclável vira fonte de renda no AT

Moradores de Itaquá aguardam desassoreamento de rios e córregos Glaydston Dias

Todo mês são coletadas mais de 100 toneladas de materiais rubia teles

Fernanda Fernandes Todo mês mais de 100 toneladas de resíduos descartados na região do Alto Tietê são coletadas por cooperativas de reciclagem de materiais. Em duas cooperativas visitadas pelo Página UM, localizadas em Poá e Suzano, os catadores obedecem um cronograma que indica os dias e os bairros onde a coleta será realizada. O material é transportado em um caminhão gaiola e na etapa seguinte ocorre a triagem e encaminhamento para o destino adequado. É a primeira etapa da reciclagem. A catadora Elza Maria Rodrigues, colaboradora da Cooperativa de Reciclagem Unidos pelo Meio Ambiente (CRUMA), no bairro Calmon Viana, em Poá, explica o processo: “Quando o material chega aqui, vai para a esteira, onde nós começamos a separar papel, metal, vidro e plástico, além de outros materiais. Depois de separados, esses produtos seguem para a máquina de prensar e são embalados. Aí estão prontos para a venda”. De acordo com Elza, o papelão é o material que chega em maior quantidade na cooperativa. Em Poá, os catadores saem às ruas gritando

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Trabalhadores cooperados fazem triagem dos materiais coletados. Diariamente, 100 toneladas de lixo ganham nova destinação

“coleta seletiva”. Segundo eles, a população já está consciente sobre a separação do lixo. “Em alguns locais, os moradores já deixam o lixo separado para que a gente possa levar”, conta. Segundo o administrador da Cruma, Robert Secário, cerca de 100 toneladas são coletadas por mês. A população suzanense também conta com a Cooperativa de Catadores Unidos Venceremos (Universe), na qual atu-

am 18 cooperados. O galpão está localizado no Jardim Colorado. A Universe recebe cerca de 40 toneladas de materiais recicláveis mensalmente. “Trabalhamos há mais de cinco anos com a cooperativa e notamos que de uns tempos para cá, as pessoas estão mais conscientes. A própria população ajuda a gente na coleta seletiva”, conta a presidente da Universe, Denise Leandra dos Santos.

Os trabalhos são contínuos e quando chega o período de festas, principalmente, o fim de ano, o volume de materiais aumenta. “Trabalhamos de segunda a sábado”, afirma o catador Flávio Alves Fernandes. O dinheiro arrecadado com a venda dos materiais é somado e divido entre os 18 catadores quinzenalmente. O galpão foi cedido pela prefeitura de Suzano, que custeia a água, luz e o telefone do prédio.

Córrego Três Pontes, em Itaquaquecetuba, que também terá obras de desassoreamento

Stefany Leandro realidade que há muitos Glaydston Dias anos castiga moradores como a aposentada Moradores de Itaqua- Jandira dos Santos, 74 quecetuba, com residên- anos, que há mais de cias nas margens do rio três décadas reside do Tietê e de córregos da bairro Jardim Fiorello, região, estão na expecta- em Itaquá. “Tive minha tiva de um investimento casa inundada 10 vezes. de R$ 46 milhões a ser Sempre que chove fico feito pelo governo do com muito medo de Estado em serviços de perder tudo novamente”, desassoreamento do rio revela. Tietê, no trecho entre o A mesma realidade córrego Três Pontes, na é vivenciada pelo gari divisa de São Paulo com Aloísio Batista, 43 anos. Itaquaquecetuba, e o “A maior preocupação ribeirão Botujuru, em da gente são as doenças Mogi das Cruzes. graves, como leptospirose, Segundo o Departamento que podem até matar de Águas e Energia Elétrica alguém”, alerta. (DAEE), do governo do O governo do Estado Estado, a previsão é que promete intervir em 115 cerca de 446 mil metros quilômetros do rio Tietê cúbicos de argila, lixo e e desta forma reduzir o outros materiais, sejam risco de inundações em removidos. 10 municípios, entre Mogi A ação contribuirá das Cruzes e Santana de para evitar inundações, Parnaíba.


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cidades || 05 Violência motiva protestos Caminhões e ônibus foram queimados no bairro Miguel Badra, em Suzano Maria Máximo

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Bairro faz parte de rota industrial, com intensa movimentação de caminhões e ônibus. Manifestações pioraram o tráfego ainda mais

Maria Máximo Desde junho de 2013, os brasileiros redescobriram a eficácia dos protestos de rua e em Suzano não foi diferente. Em 19 de fevereiro deste ano, devido ao assassinato de dois jovens e à demora de atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), os moradores organizaram uma manifestação em quatro locais diferentes do bairro Miguel Badra. Houve conflito com a Polícia Militar, veículos foram queimados, armaram-se barricadas de pneus e o tráfego intenso da região foi prejudicado. Para o morador Die-

go Henrique de Oliveira Almeida, 22, os atos violentos prejudicam as manifestações. “Infelizmente a maioria das pessoas protesta sem ao menos saber o que motivou a manifestação. Foi o que notei aqui no bairro. Acho válido lutar por direitos, desde que outros não saiam feridos e que o patrimônio alheio não seja destruído.” A recepcionista Camila Benedeck, 23, também considera a violência o grande mal das manifestações. “Acho que os protestos do ano passado incentivaram os brasileiros a lutar por causas justas, mas a forma como alguns lutam é lamentá-

vel.” Camila questiona as manifestações do Miguel Badra: “Há muitas coisas por trás do assassinato dos jovens e nada justifica sair queimando ônibus e caminhões.” Segundo o vereador Marsal Lopes Rosa (PR), os protestos podem provocar mudanças no município. “O que vemos aqui é um reflexo do resto do país. O povo percebeu que, indo às ruas, ganha força e isso obriga os políticos a prestar mais atenção à população”. Desde então não ocorreram novas manifestações no bairro. O policiamento segue reforçado, com maior número de viaturas e policiais.

Cidades do Alto Tietê investem em projetos de educação ambiental Ítalo guedes

Ítalo Guedes Marcus Alexander Os municípios da região banhados pelo rio Tietê são considerados estratégicos nas políticas de conservação do meio ambiente e de garantia de abastecimento de água para milhões de moradores da Grande São Paulo. Por esta razão, as iniciativas destas cidades voltadas para a educação ambiental ganham importância. Em Itaquaquecetuba, duas iniciativas merecem destaque. Uma é a que pretende transformar o parque ecológico da cidade numa das principais áreas de preservação ambiental e cultural da região. A outra é a escola ambiental. Pelo projeto da prefeitura, o parque receberá obras e eventos que visam atrair mais público e demonstrar para os frequentadores que o uso bem planejado e responsável do ambiente garante espaços de lazer agradáveis e acessíveis a todos. O parque localizado próximo à estação central de trem foi criado em 2005, com área equivalente a cem campos de futebol. No local, há duas quadras de futsal, academia de ginástica ao ar livre, pista

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Itaquaquecetuba e Mogi contam com escolas ambientais, onde crianças e jovens aprendem sobre a preservação da natureza

de caminhada, área de lazer com brinquedos entre outras atrações. A educação ambiental fica por conta de uma escola equipada com dois viveiros, onde crianças e jovens podem aprender sobre a preservação da natureza. Leonardo Amaral da Silva, 19, reserva as manhãs de sábado para caminhar no parque. “Aqui é ótimo. Me sinto muito bem próximo à natureza”, afirma. Mogi das Cruzes Em Mogi, alunos e profissionais da rede municipal de ensino contam com educação sobre meio ambiente oferecida na Escola Ambiental localizada no bairro Jundiapeba. A responsável pelo projeto é a professora Lucimeyre Gonçalves que, em parceria com a

educadora Stela Sorgon e a equipe da Escola Ambiental, propõe ações para sensibilizar a população sobre a necessidade de preservar os recursos naturais. São abordados temas relacionados a resíduos sólidos, cultivo de horta, preparação ecológica do solo, compostagem, uso racional da água, energia e biodiversidade. As aulas ocorrem no laboratório, no viveiro-estufa, na biblioteca, no pátio da escola e na sala de estudo. Como importante instrumento pedagógico, o trabalho educacional visa à preservação e à melhoria da qualidade de vida, para além dos muros escolares, de modo a atingir circunvizinhanças e, sucessivamente, a cidade, a região, o país, o continente e o planeta.


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06 || ensaios

Bicicletas podem reduzir problema de mobilidade Unir mobilidade e sustentabilidade é um dos maiores desafios das cidades contemporâneas Josuel silva

Daniela Pereira e Marina Alencar

A frota de Mogi das Cruzes, cidade com pouco mais de 400 mil habitantes, é composta por mais de 166 mil veículos, sem contar ônibus e caminhões. São 139.125 automóveis e caminhonetes, que dividem espaço nas ruas com mais de 27 mil motocicletas. Os dados são do IBGE. Estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2002, aponta que o transporte coletivo As sete ciclovias existentes em Mogi é considerado um meio são insuficientes para as necessidades de mais sustentável que os mobilidade urbana do município automóveis, por reduzir o número de carros nas ruas. No entanto, para de transporte ofereça continuam preferindo que esta seja uma alter- serviços de qualidade. o automóvel para ir ao nativa eficaz, é necessário Enquanto a qualidade trabalho, à escola, aos que o sistema público não chega, os cidadãos locais de lazer etc. Em

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decorrência dessa opção­ faltam espaços para estacionamento e sobra poluição. A bicicleta é um meio alternativo que poderia reduzir os problemas de mobilidade urbana. Seu uso é considerado ecologicamente limpo. Mas a maioria das cidades­brasileiras não está preparada para receber ciclistas. Faltam sinalização adequada nas vias e respeito por parte dos motoristas. O ajudante geral Jonathan do Amaral Montinhes, 18, morador da Vila Jundiaí, em Mogi das Cruzes, utiliza a bicicleta todos os dias para ir ao trabalho. “É mais rápido, sem contar a economia. Além disso, é uma atividade física. O transporte coletivo é muito lotado,

não tem lugar para sentar”, relata. Ele trabalha no Jardim Universo, bairro que não é servido por ciclovia. “Uma vez vi um carro atropelando um ciclista. Os motoristas não respeitam quem está de bicicleta”, afirma. Marcelo Cássio Lopes Andrade, 37, morador de Bráz Cubas, também não dispensa o uso da bicicleta. “Consigo unir o útil ao agradável. Além de não gastar com condução acabo praticando exercício físico. Se houvesse mais ciclofaixas, o trânsito seria mais organizado”. O trecho mais crítico no percurso de Andrade fica entre Bráz Cubas e a entrada da rotatória de Jundiapeba. A prefeitura promete ampliar as opções para

os ciclistas. Em nota, a Assessoria de Comunicação anunciou planos para a implantação de ciclovias e ciclofaixas na avenida João XXIII, que serão ligadas à ciclofaixa na rua Júlio Perotti, em Cesar de Souza. “Além disso, está prevista a construção de ciclovias em todas as novas avenidas que forem construídas pela prefeitura”. De fato, as bicicletas parecem oferecer uma resposta viável para o problema da mobilidade urbana. Tanto que cidades como Copenhague, Amsterdã, Paris, Bogotá e Boston, entre outras, dispõem de bicicletas de uso público. Em Mogi, poderiam contribuir para a elevação da qualidade de vida na cidade.

Crescimento desordenado dificulta ainda mais locomoção de deficientes JOSUEL SILVA CAIO ROCHA Nos últimos 15 anos, a frota de veículos de Mogi das Cruzes cresceu 145%, sem que houvesse aumento correspondente de ruas e avenidas. Toda a população sofre com a dificuldade de locomoção, mas para os deficientes físicos o desafio é ainda maior.

Segundo Hadassa Machado, 19 anos, portadora de distrofia muscular, as calçadas do entorno do shopping não oferecem acesso adequado para cadeirantes. “As guias rebaixadas não conduzem a lugar algum”, afirma. Embora resida em Arujá, Hadassa vem a Mogi diariamente para frequentar o curso de Direito da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).

Já a estudante de Publicidade e Propaganda Evelyn Oliveira, 26 anos, também portadora de distrofia muscular, revela dificuldade para se deslocar de Suzano até a universidade, em Mogi. “Tentei os fretados, inclusive pagando um adicional, mas nenhum aceitou me transportar”. Para que Evelyn pudesse frequentar as aulas, a mãe deixou o emprego de

auxiliar de enfermagem e passou a acompanhá-la diariamente no trajeto. “Lá em Suzano tive que lutar muito para conseguir meus direitos. Conversei com vereadores e com o prefeito, porque não havia transporte adequado”, afirma. Segundo ela, os deficientes precisam colocar a cara para fora, utilizar as ruas e os transportes públicos, para que as pessoas

vejam as dificuldades que enfrentam. Para a professora Cristina Ragaini, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UMC, o crescimento urbano desordenado é uma realidade das grandes cidades. Para ela, em Mogi isso é evidenciado por ser uma cidade antiga, com ruas estreitas e poucas avenidas. “A

solução seria a construção de vias perimetrais em torno da cidade, com um planejamento bem ordenado”, afirma. A realidade é que as cidades brasileiras ainda engatinham na gestão dos espaços públicos. Toda a população sofre, mas os deficientes físicos enfrentam uma dose a mais de dificuldade para se locomover.


2014 || MAIO-JUNHO

ensaios || 07 Desafios da mobilidade urbana No Alto Tietê, prevalece a falta de planejamento Júlia Figueiredo O termo mobilidade urbana define o conjunto de preocupações, desafios e soluções relacionadas à locomoção nas grandes cidades. Os desafios são causados pelo inchaço urbano, pela ocupação desordenada do espaço, pela falta de planejamento do transporte público, entre outros fatores, e fazem parte da realidade da maioria das cidades do Alto Tietê. O problema atinge ricos e pobres, donos de automóveis ou usuários do transporte coletivo. Mogi das Cruzes, Suzano, Poá e Ferraz de Vasconcelos são exemplos da desordem. Ônibus e trens que não cumprem horário, infraestrutura precária, motoristas mal treinados, tudo leva a um círculo vicioso que faz muitas pessoas preferirem o transporte individual, o que aumenta o trânsito de automóveis nas ruas e resulta em estresse, falta de tolerância para com o próximo e desentendimento social. Reflita: qual foi a última vez que você perdeu a paciência com alguém por causa de atrasos, ou pela falta de tempo para “esperar”? Quem vive em localidade caótica tende a

acreditar que todos os lugares são iguais. Cheguei a crer que não havia solução, mas tempos atrás, conversando com uma colega de Maringá (PR), a respeito da mobilidade urbana, descobri que existem, sim, soluções viáveis. Minha amiga Aline Moraes, representante comercial do Jornal Paraná, em Maringá, afirma que naquela cidade o transporte público funciona. “Dou nota 20. Os coletivos são pontuais. Se o horário do ônibus é às 9 horas e você chega 9h05, perde a condução. Aqui também há várias ciclovias. Várias pessoas se unem para pedalar, pois a cidade é plana e muito agradável”. Maringá é quase tão populosa quanto Mogi das Cruzes. São 385.753 habitantes na cidade paranaense, contra os 414.907 mogianos. Segundo dados das prefeituras, o orçamento anual global de Maringá para 2014 é de R$ 1,02 bilhão, enquanto o de Mogi é de R$ 1,25 bilhão. Os resultados sugerem que, apesar de ambas as cidades se equipararem em relação aos números, os recursos são aplicados de maneira diferente. O professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi

das Cruzes (UMC), Mario Yoshinaga, é enfático ao dizer que “o transporte de passageiros precisa ter as pessoas como prioridade e a área ocupada pelos carros deve ser reduzida”. Ele aponta a necessidade de um transporte público de qualidade e acessível à população em geral. “O ideal seria implantar bondes tipo VLT (veículo leve sobre trilhos) em toda a cidade e calçadões no centro velho”, opina. Fica a pergunta: sociedade e governantes estão dispostos a repensar os modelos de mobilidade urbana adotados no Alto Tietê?

Entre fatias ROGÉRIO JOÃO Adoro noites de sábado regadas a pizza, e para essa farra gastronômica, comumente eu e minha esposa Dayane costumamos nos reunir com um casal de amigos, Alan e Dalila. Ora na nossa casa, ora no recanto deles, apreciamos as coisas simples da vida, as surpresas e descobertas do cotidiano, que aparecem e ganham corpo a cada fatia que abandona o repouso da caixa do típico prato italiano. Como somos jovens casais, tanto em idade quanto em formação, e ainda desfrutamos da

tranquilidade de recém-casados, com o lar ainda em silêncio, sem filhos, ficamos nos cobrando e “pilhando” uns aos outros para ver quem convida primeiro a presença da cegonha. Como Alan e Dalila casaram primeiro, tiro o corpo fora, tendo como argumento que seria uma deselegância privá-los do direito de primogenitura, pois estão reunidos há mais tempo. Mas independentemente da casa onde se precise anexar fraldas e chocalhos aos itens de compra do mês, o bebê que vier será de fato um cidadão mogiano, e por um bom tempo terá seus primeiros passos restritos ao limite geográfico de

uma residência. Daí, o tempo vai passar, a criança vai crescer e aparecer, e quando estiver pronta para se locomover onde apontar o seu nariz, terá um ‘problemaço’: como chegar lá! Com uma população estimada em 414 mil moradores, segundo dados do IBGE, Mogi das Cruzes vive um surto desenvolvimentista. Um estudo aponta que apenas o bairro Rodeio receberá 50 mil novos moradores nos próximos 30 anos. Crescer sem parar. Mogi das Cruzes e o Alto Tietê comportam? Josuel silva

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Estação da CPTM em Suzano passa por reforma: o modelo de mobilidade urbana adotado nas cidades do Alto Tietê dá sinais claros de esgotamento. Vale a pena continuar investindo na conservação do modelo?


MAIO-JUNHO || 2014

08 || saúde Depois de hospital em maio, Braz Cubas ganhará UPA Unidade complementará atendimento de saúde numa das regiões mais populosas da cidade Marcelo souza

Marcelo Souza A Secretaria Municipal de Saúde de Mogi das Cruzes abriu licitação no mês de abril, para a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na região do Oropó. A unidade responderá diretamente ao Hospital Municipal de Braz Cubas. O hospital tem previsão para iniciar atendimento no mês de maio. Segundo dados da Secretaria, foram investidos R$ 33,5 milhões na construção do prédio, sendo R$ 18 milhões do governo do Estado e os outros R$ 17,5 milhões de recursos próprios da prefeitura. A unidade de saúde será implantada em três etapas. A primeira iniciará atendimento ambulatorial, com consultas e exames em diversas especialidades, com vistas a priorizar as de maior demanda. Na sequência, deverão entrar em operação os setores de cirurgia e internação e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na terceira e última etapa, será implantado o Pronto Atendimento. Atualmente, o distrito de Braz Cubas conta com dez unidades de saúde, distribuídas entre postos, unidades especiais e unidades do Programa Saúde da Família (PSF), que prio-

Tendências

“Minha mãe tem Facebook” Gabriela de Paula

MARCELA VILELLA

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O Hospital de Braz Cubas e a UPA Oropó devem começar atendimento no mês de maio

riza ações de promoção, proteção e recuperação da saúde das pessoas de qualquer idade. Faz parte do programa visitas de agentes comunitários de saúde às residências de famílias cadastradas. Médicos e enfermeiros também participam do atendimento domiciliar. Cada unidade tem capacidade para atender cerca de mil famílias. Esperança Os moradores do bairro estão esperançosos pelas facilidades que a inauguração do hospital trará. “Tínhamos que sair

daqui e ir até a Santa Casa ou o SUS [Hospital Luzia de Pinho Melo, no bairro Mogilar]. Agora, com o hospital de Braz Cubas, vamos ter mais opção, além de desafogar os outros hospitais da cidade”, afirma a operadora de loja Gorete Carvalho de Souza, 42. Atualmente a cidade dispõe de 736 leitos, sendo 561 administrados SUS. O Hospital de Braz Cubas acrescentará outros 91 leitos, sendo 69 de internação, dez de UTI e doze de observação no Pronto Atendimento Infantil.

Não é exagero dizer que quase todo mundo tem Facebook. Mais de 76 milhões de brasileiros têm perfil cadastrado na plataforma social, segundo pesquisa da Socialbakers. 54% deles são mulheres, e entre elas, nossas mães! Na tentativa de não ficar de fora da tecnologia e dos novos círculos sociais, lá foram elas se aventurar na internet. Curtir, comentar, compartilhar, postar fotos dos filhos em situa­ções constrangedoras, apelidar e dar broncas, são algumas das ações que tornam a presença das mães na rede um pesadelo para os filhos. As gafes maternas são tantas que no Tumblr até existe uma página dedicada a “printar” e divulgar todos esses “mimos” e broncas. Quem vê as postagens acha engraçado, mas os filhos, nem tanto. Pesquisa da AOL revela que 39% dos adolescentes recusariam a solicitação dos pais na

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Claudia de Paula acompanha tudo que as filhas postam: “Não invado a privacidade”

rede, se pudessem. “É meio chato ela publicar essas fotos de paisagem com frases clichês na minha timeline”, afirma Alice de Melo, de 24 anos. Claudia de Paula, vice-diretora de ensino, 53 anos, é mãe de duas garotas. Ela curte, compartilha e comenta quase tudo que as filhas postam. Segundo pesquisa da Companha Digital Diaries, a maioria dos pais de adolescentes costuma vigiar os filhos nas redes sociais, pois consideram a internet um campo minado e perigoso. “Temos que evitar problemas”, argumenta Vitor Miki, jornalista e pai de duas crianças. Enquanto para alguns

a proteção justifica tudo, outros, como Rosa Lorca, 48 anos, defendem que o respeito é fundamental. “Eu só comento nas fotos em que eles me marcam ou falam comigo.” Rosa é mãe de Ananda, 23 anos, Andréia, 22, e Fernando, 20. Ela diz que foram os filhos que a incentivaram criar um perfil na plataforma social, o que, na opinião dela, ajudou muito na interação com eles. O mesmo aconteceu com o estudante Lucas Fontelles, 18, e a mãe, Ana Teresa, 45. “Eu tinha medo de postar qualquer coisa e ela comentar, brigar, mas depois percebi que ela sabia respeitar o meu espaço!”, diz o rapaz.


2014 || MAIO-JUNHO

comportamento || 09 DIVULGAÇÃO

Guararema em duas rodas

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Grupo Bike Box pedala, explora paisagens e aposta em transformação interior

Evento “Café com Pedal” reúne ciclistas dispostos a transformar o mundo Jéssica almeida Fernanda Nascimento A chuva não deu trégua. Alguns até apelaram para São Pedro, mas o santo não se comoveu. O Café com Pedal não aconteceria naquela manhã. Quinzenalmente, aos sábados, a cerca de 10 meses, a rotina do grupo de ciclistas Bike Box é reunir-se na Rua Bela Vista, 255, Centro de Guararema, a partir das 7 horas, tomar café da manhã e sair pontualmente às 8 horas para explorar a cidade. O evento é conhecido pelos ciclistas como “Café com Pedal”. Pablo Henrique Benitiz Hard, fotógrafo e organizador do evento, é quem explica como funciona: “Temos uma estrutura mínima, com café da

manhã básico, carro de apoio para abastecimento com água, barrinha de cereais e frutas. Na sede há uma garagem com ferramentas e cavalete para manutenção das bikes, rede wi-fi, TV a cabo com canais de esporte de aventura e uma geladeira para tomarmos uma cervejinha na volta, porque ninguém é de ferro”. Quais os benefícios desse tipo de atividade? O psicólogo José Luiz Branco considera importante, pois permite enxergar o inusitado em espaços já conhecidos. A opinião do especialista é confirmada por Felipe Franco de Almeida, 34, administrador de empresas e membro do Bike Box há 4 meses. “Logo no primeiro passeio conheci uma trilha  para a cachoeira do Putim, que

embora tendo morado em Guararema por anos, nunca tinha visto.” Apesar do objetivo declarado do grupo de proporcionar atividades físicas e contato com a natureza, o alcance é muito maior. É a opinião de Pablo: “Acredito que a bicicleta também é uma ótima alternativa para melhorar o trânsito e o meio ambiente, pois não emite poluentes e melhora a qualidade de vida das pessoas. Mas a verdadeira transformação é a que ocorre dentro de nós mesmos ao pedalar. Essa mudança interior pode transformar o mundo.” Como diz Branco, “em uma rota compartilhada, existe sempre a oportunidade de perceber aquilo que é essencial e faz ‘sentido’ para cada um”.

Esmalterias chegam a Mogi das Cruzes Thayana Alvarenga

Caroline Xavier Thayana Alvarenga Presentes há pouco mais de dois anos na capital paulista, a novidade mistura salão de beleza com drinques refinados. Chamada popularmente de “nails bar” (bar de unhas), a tendência que faz sucesso na Europa acaba de chegar também a Mogi das Cruzes. As nails bar são descontraídas, confortáveis, aconchegantes e modernas. Não há barulho de secador ou cheiro de produtos químicos. O trabalho das manicures vai da esmaltação simples a técnicas mais sofisticadas, com variedade de produtos nacionais e importados. Mas o grande diferencial é o bar em que as clientes podem fazer um happy hour regado a champanhe, cerveja ou sucos. Em Mogi, os serviços de nail bar chegaram com a Esmalteria Nacional, localizada no centro da cidade. As proprietárias Janayna Lima e Priscila Araújo, contam que decidiram investir no segmento por se identificarem com o ramo, que está em ascensão. “Notamos a carência de um espaço desse tipo na cidade”. Janayna ressalta que o maior desafio foi encontrar profissionais qualificados, que aceitassem trabalhar segundo os requisitos da

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Nas nails bar dá até para programar um happy hour regado a champanhe, cerveja ou sucos. A empreendedora Janayna Lima (abaixo) trouxe a novidade para Mogi Caroline Xavier

empresa. “É necessário saber tirar muito bem a cutícula e fazer uma boa esmaltação. Já o treinamento de nail art (arte nas unhas) é fornecido pela franquia”, conta ela. Atualmente a esmaltação tornou-se um acessório indispensável para as mulheres. São poucas as que não gostam de estar com as mãos bonitas. Giovana Paiva, 24 anos, é uma das adeptas da nova

tendência de valorização das unhas. A estudante de odontologia é cliente da nail bar mogiana. “Gosto bastante, principalmente pela variedade de esmaltes que elas têm. Sempre guardo um dinheiro para o cuidado das minhas unhas, já que não consigo ficar sem vê-las coloridas”, afirma. De acordo com dados da Euromonitor, agência internacional de pesquisa e análise de mercado, o setor de produtos de beleza tem crescimento anual de 10%, empregando cerca de 5,7 milhões de profissionais. Esse número deixa o Brasil em terceiro lugar no ranking mundial, atrás dos Estados Unidos e Japão. A nail bar tem potencial para revolucionar o mercado da beleza, pois a procura de clientes por pessoas capacitadas na área aumenta cada dia mais.


MAIO-JUNHO || 2014

10 || cultura A história e a alma de um poeta Maria Jaislane Foi em Araripina, alto sertão pernambucano, que o escritor Deocleciano José nasceu. Embora tenha estudado somente até a 3ª série do Ensino Fundamental, o amor à literatura surgiu ainda na infância. Deocleciano conta que não conheceu o pai e que fugiu de casa aos 9 anos porque a mãe o espancava. Na rua, adquiriu conhecimentos valiosos para a vida toda. Em 1992 tornou-se radialista e repórter de campo da Rádio Grande Serra, na

época filiada à Rede Globo. Depois trocou Pernambuco pelo litoral paulista, fixando-se na praia de Juquehy, em São Sebastião. Atualmente faz serviços gerais em um condomínio residencial. A carreira literária começou a deslanchar em 1996. Ao primeiro livro independente, deu o título “Rosto Triste”. Querendo ir além, matriculou-se no programa de Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Além das poesias, Deocleciano apresenta palestras nas quais conta sua história e inspira pessoas a acreditar que tudo é possível.

Em qual momento da vida você se descobriu poeta? Deocleciano José: Quando Carlos Drummond de Andrade morreu eu não o conhecia. Jamais tinha ouvido falar dele. Assisti na TV sobre a morte dele, me interessei pela reportagem e então começou a brotar dentro de mim o desejo de fazer uma homenagem àquele escritor. Comecei a pensar no título “Uma homenagem à estrela da poesia”, mas não tinha ideia de como escrever. No dia seguinte pedi ajuda a uma amiga: fui ditando e ela escrevendo. Foi assim que nasceu a minha primeira obra. Como surgiu o interesse por poesia? DJ: Depois da primeira poesia continuei produzindo­, apesar de escrever tão errado que ninguém entendia. Quando vim para São Paulo decidi me filiar a um movimento poético, através do qual participei de dois livros. Isso aumentou ainda mais a vontade de escrever um livro independente, que veio a ser o “Rosto Triste”. Alguém te apoiou nesse projeto? DJ: Sem apoio teria sido bem mais difícil, porque no começo você não sabe por onde andar, em que porta bater, ou qual rumo tomar. Uma das pessoas que me ajudou muito foi o famoso dramaturgo Laerte Morrone, que acreditou em mim desde o

Maria Jaislane

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Poeta Deocleciano José: “Sempre gostei de tudo relacionado às artes”

primeiro instante. Infelizmente ele não está mais entre nós. Ele me apresentou ao publicitário Maver Assumpção, que também me ajudou bastante. Seus livros já foram expostos na Bienal do Livro de São Paulo. Como foi a experiência? DJ: Foi muito emocionante, porque eu queria ser escritor mas nunca sonhei ir tão longe. A primeira participação na Bienal foi em 2008, com o meu primeiro livro “Rosto Triste”. Participei novamente em 2010, mas a última participação, em 2012, foi a mais especial, pois tive a honra de expor ao lado de nomes como Maurício de Souza e Ziraldo. Foi emocionante estar junto de pessoas tão importantes do mundo da literatura, de igual para igual. Qual o tema do próximo livro? DJ: Farei dois lançamentos em breve. Um está na editora e se chama “Meu Grito de Alerta”. Falo sobre a natureza de modo geral, natureza viva e morta. Quero dizer ao leitor que a natureza merece respeito. O outro livro, ainda sem título, é sobre o amor. São 150 poemas e poesias. Você escreve muito sobre o amor. Há alguma musa inspiradora? DJ: Todas as mulheres são, para mim, musas inspiradoras.

Circuito Cultural Paulista oferece atrações gratuitas Emanuela Santos novembro, em apenas 10 cidades. Em 2008 O Circuito Cultural o programa passou a Paulista é um programa ocorrer durante os meses da Secretaria do Estado de março e novembro, da Cultura em parceria em 49 municípios, com com a Associação Pau- o intuito de incrementar lista dos Amigos da Arte a agenda cultural dessas (APAA), que visa fomentar cidades. a cultura de qualidaSegundo o coordede para a população nador da APAA, Marco do interior e do litoral Prado, o principal intuito paulista. Neste ano, o do programa é ampliar Circuito leva mais de o acesso da população 840 atrações variadas, das cidades participantes como música, dança e à cultura de qualidateatro, para 102 cidades. de. É também premissa A APAA presta serviços do programa apoiar as desde 2004 à Secretaria de prefeituras locais no Estado da Cultura. Além sentido de terem uma do Circuito, a associação agenda fixa de cultura promove a Virada Cultural nos municípios. Paulista, entre outros Os principais benefícios eventos, que contam que o Circuito Cultural com a presença de novos e renomados artistas apresenta são progranacionais e internacio- mação de qualidade nais. O programa entra com grandes nomes do em sua sexta edição, cenário cultural, sempre trazendo uma apresen- intercalados com novos tação por mês, de março grupos, mostrando para a novembro, para cada a população a diversidacidade participante. Do de cultural das cidades, Alto Tietê, participam do dos estados e do país. programa as cidades de O público tem sempre Guararema, Mogi das acesso garantido, pois todas as atrações são Cruzes e Suzano. A iniciativa surgiu em gratuitas. Além desses 2007 como um projeto benefícios, os munícipes piloto chamado Curto têm o direito de assistir Circuito, realizado nos atrações que dificilmente meses de outubro e iriam para suas cidades.


2014 || MAIO-JUNHO

entrevista || 11 “O cinema brasileiro é melhor do que as pessoas imaginam” Franthiesco Ballerini é jornalista.

do mundo”, em novembro de 2013 foi

Trabalhou oito anos no grupo Estado,

a Chicago, EUA, lançar o segundo livro,

onde foi correspondente internacional.

“Cinema nacional no século 21”. Nesta

Atualmente é professor do curso de

entrevista ao Página UM, Ballerini fala

Comunicação Social da UMC. Também

sobre o processo de produção do livro,

é crítico de cinema e escritor. Autor do

o interesse por cinema e a condição do

livro “Diário de Bollywood: curiosidades

cinema nacional.

Jailson otoni

e segredos da maior indústria de cinema Cinthia Guedes Página UM: Como surgiu o interesse pelo cinema? Franthiesco Ballerini: Na época eu trabalhava no Estadão, como estagiário. Comecei a cobrir reportagem de televisão, quando estava no terceiro ano da faculdade. Um dia, o repórter de cinema faltou e me mandaram cobrir o lançamento de um filme. Fui e gostei. Aí, fui cavando isso dentro da redação, fui tentando espaços. Fiz especialização na área e nunca mais saí. PUM: Numa entrevista para rádio CBN, você afirma que o Brasil não é um país de cultura cinematográfica. Como você se especializou? FB: Dois anos depois de formado decidi fazer uma especialização em História do Cinema. Foi um curso extensivo, com duração de um ano, quatro horas por semana. O curso não abordava apenas história do cinema, mas também a linguagem dos filmes. Isso

foi fundamental para eu sair do patamar de fã, de expectador, para alguém que sabe analisar. Depois eu fiz mestrado na área de Comunicação Social, com ênfase em cinema. Tive que ler muita coisa sobre cultura de massa, o que equivaleu também a uma especialização na área. PUM: Quando você teve a ideia de escrever sobre o cinema nacional? FB: Depois de lançar o “Diário de Bollywood”, em 2009, que foi bastante falado na imprensa, falei para mim mesmo: ‘vou continuar escrevendo livros’. Eu não estava mais trabalhando em redação de jornal. Então pensei: ‘bom, vou me dividir entre a área acadêmica, de docência, e a de colaborador, como free lancer, para veículos, e vou escrever livros”. Eu acho que eu me senti na obrigação de dar a minha contribuição para discussão sobre o cinema nacional. Eu adoro o cine-

ma nacional, torço muito para o cinema nacional. Mas é uma obrigação, como cidadão, falar sobre um cinema que precisa melhorar, que precisa ter mais público, que é melhor do que as pessoas imaginam. Por isso decidi que meu segundo livro seria sobre cinema nacional. PUM: Como foi o processo de produção do livro? FB: Muito cansativo. Foram dois anos e meio, mais ou menos, de pesquisa. É um processo que envolve muitos livros e documentos. Muita coisa eu já tinha pesquisado para o mestrado, mas eu tinha que ler outras coisas específicas sobre cinema nacional e fazer entrevistas. Entrevistei por volta de 70 pessoas. Eu não queria dar só um caráter de pesquisa, porque as pesquisas são datadas. Como o livro se chama “Cinema Brasileiro no Século 21”, a ideia era falar do caráter do cine-

ma nacional atualmente. Tive de pesquisar quem estava fazendo cinema naquele momento. Isto é, os grandes diretores, roteiristas, legisladores, atores, produtores e quem dava aula de cinema. PUM: Como surgiu a ideia de lançar o livro em Chicago? FB: Um grupo estava organizando uma mostra de cinema brasileiro em Chicago, e eles precisavam de um mediador para falar criticamente sobre os filmes que seriam exibidos. Como queriam que eu lançasse o livro lá também, eles juntaram as duas coisas. Eles disseram: ‘a gente te chama, você vende seu livro, você lança seu livro em todo evento que a gente tiver sobre a mostra, mas você também fala sobre os filmes que estão sendo analisados aqui’. PUM: Como o seu livro foi recebido pela comunidade do cinema no Brasil e nos Estados Unidos?

FB: No Brasil foi ótimo, está vendendo muito bem. Acabou virando um livro de pesquisa mesmo, que as pessoas guardam, grifam, anotam e tal. Nos Estados Unidos, também, embora não tenha sido lançado em inglês. Mas a comunidade hispânica e portuguesa que mora lá, alunos inclusive, acharam importante, porque é uma maneira de conhecer a fundo um cinema que eles mal conseguem ver lá. Então foi muito bem recebido, vendeu muito bem lá também. PUM: Em seu livro você faz um comentário sobre a frase de Paulo Emílio Salles Gomes “[...] é preciso conhecer os erros do passado e

também seus acertos”. Quais foram os maiores erros que o cinema brasileiro cometeu, e quais acertos podem ser destacados? FB: O maior erro, na minha opinião, foi nunca ter feito, politicamente, uma associação estratégica com a televisão, não ter feito uma política de regulamentação do consumo do audiovisual.­ Já os acertos são dois: em termos de indústria, foi ter feito leis que fomentassem a produção a partir dos anos 80; em termos da arte, foi ter, por exemplo, nos anos 70, olhado para dentro do Brasil e discutido, de fato, pela primeira vez, os problemas nacionais, como o Cinema Novo fez.


MAIO-JUNHO || 2014

nina falsoni Aluna do 5ยบ Semestre de Publicidade e Propaganda da UMC


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