Página UM 92

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Grafite dá nova cor à paisagem cinza das cidades

Projeto põe poesia

no caminho do mogiano

“É como ter um filho”. Assim o grafiteiro Pedrox descreve a sensação de pintar a cidade. A arte se popularizou, mas ainda enfrenta desafios. Página 13

elizeu silva

Dalila Araújo

Dalila Araújo, estudante de Publicidade da UMC, é a criadora do Projeto Lamb, que leva para a rua o talento de quem escreve mas tem vergonha de publicar. Página 12.

CDPs do Alto Tietê estão superlotados

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, em Mogi e Suzano a população carcerária está 148% acima da capacidade das instalações. Página 7

Verdura a preço de remédio Nas feiras livres do Alto Tietê, as placas escritas à mão indicam que a crise hídrica afetou a produção agrícola, penalizando ainda mais a população. Página 14

Idosos reclamam de desrespeito em Mogi

Principais problemas estão no atendimento à saúde e no transporte público. Após 12 anos, Estatuto do Idoso ainda não é cumprido. Página 8

Nicholas Modesto

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes ||| Produzido pelos alunos do 3º período ANO XVI ||| NÚMERO 92 ||| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ||| paginaum@umc.br


Ano XVI / N 92 || 2015

02 || opinião artigo

editorial

Reportagem: um teste para as verdadeiras vocações Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes

ANO XVI – Nº 92 Fechamento: 8/10/2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Avenida Doutor Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 – CEP: 08780911 – Mogi das Cruzes – SP Tel.: (11) 4798-7000 E-mail: paginaum@umc.com.br * * * O jornal-laboratório Página UM é uma produção de alunos do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), em conformidade com o Projeto Pedagógico do curso. Esta edição foi produzida pelos alunos do 3º período. Professores orientadores: Prof. Elizeu Silva – MTb 21.072-SP (Edição e Planejamento Gráfico); Profa. Agnes Arruda (Textos); Prof. Sérsi Bardari (Textos). Projeto gráfico: (Alunos do curso de Design Gráfico da UMC): Felipe Magno, Fernanda Roberti, Rafael Santana, Gabriel Aparecido e Rian Martins. Orientador: Prof. Fábio Bortolotto * * * UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES – UMC Chanceler: Prof. Manoel Bezerra de Melo Reitora: Profª. Regina Coeli Bezerra de Melo Vice-Reitora: Profª. Roseli dos Santos Ferraz Veras Pró-Reitor de Campus (sede): Prof. Claudio José Alves Brito Pró-Reitor de Campus (fora da sede): Prof. Antonio de Olival Fernandes Diretor Administrativo: Luiz Carlos Jorge de Oliveira Leite Coordenadora dos Cursos de Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda: Prof. Ms. Agnes Arruda

O Jornalismo talvez seja a mais controversa das profissões. Alguns sequer assim a consideram, fazendo coro ao desabafo do unificador da Alemanha, Otto von Bismarck, que ante as críticas frequentes ao seu governo vociferou: “Jornalismo é coisa de quem errou a vocação”. Triste engano de uma mente autoritária, pois o Jornalismo é, sobretudo, vocação. Somente por vocação alguém se propõe observar a realidade social em busca do diferente, do contraditório, do inusitado, do ignorado, daquilo que alguns desejam manter oculto, de fatos e histórias que de outra forma jamais viriam à luz. Não há outra explicação para a fibra exigida do Jornalista na busca pela versão dos fatos mais condizente com a realidade. Poucas fontes recebem de bom grado as perguntas do jornalista, precavidas que são pela noção amplamente generalizada de que “esse sujeito pode acabar me complicando”. Por outro lado, cabe ao jornalista manter reserva em relação às fontes voluntariosas, cioso da inexistência de revelações desvinculadas de interesses. Só mesmo tendo vocação para escolher um campo profissional tão espinhoso. Contudo, as vocações não se constroem sem treinamento e sem a prática reiterada que testa a tenacidade do indivíduo, sua disposição para suportar reveses e sua serenidade nas conquistas. Neste sentido, o jornal-laboratório Página UM é um importante instrumento de descoberta e de confirmação da vocação de quem pretende seguir esta profissão. Nas próximas páginas o leitor terá oportunidade de observar o teste máximo para Jornalistas em treinamento que é a prática da reportagem. É na busca da informação, nas relações que constrói com as fontes e na maneira como apresenta ao leitor o produto final de seu empenho, que o estudante revela se foi ou não escolhido pelo Jornalismo. As reportagens desta edição versam sobre Direitos Humanos no Alto Tietê. (Seu feedback é muito importante para nós. Envie suas impressões a respeito desta edição para o e-mail paginaum@umc.br). Boa leitura.

•DA COORDENAÇÃO•

Se não agora, quando? Se não na Universidade, onde? Agnes Arruda* Nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico da UMC, acreditamos que a experiência universitária deve ser a mais libertadora possível. Quebrar barreiras, livrar-se de preconceitos, entrar em contato com novas ideias, experimentos... Enfim, tudo o que uma época inesquecível da vida da gente pode proporcionar. Este é o tempo. Esta é a hora. Por isso, além da sala de aula, os alunos são levados a exercitar o pensamento plural inerente às áreas da Comunicação Social e da Comunicação Visual das mais diversas formas. Recentemente, a mesa redonda que discutiu a redução da maioridade penal com a presença de representantes de diversos setores da sociedade promoveu tal reflexão. Nesse, e em todos os outros eventos e atividades promovidos pelos cursos, a ideia é fazer o aluno conhecer as variáveis das histórias e, a partir do conhecimento desse espectro, formar suas próprias opiniões. Preza-se a formação aprofundada, não com base no “porque sim” ou no “porque não”, mas sim em fatos, dados, argumentos, que dão ao estudante condições de afirmar sua posição como profissional no mercado e como cidadão na sociedade, como deve ser. * Professora-coordenadora dos cursos de Comunicação e Design da UMC. E-mail: agness@umc.br

CAPA: Feirante Sussumo Sasajima, 75 anos, na feira livre de Braz Cubas


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Programa une Cultura e Educação em Guararema Alunos de escolas da rede municipal de ensino visitam atrações culturais da cidade Maria Nascimento

Maria Nascimento As Secretarias de Cultura e de Educação do município firmaram parceria para que alunos das escolas da rede municipal de ensino conheçam os espaços culturais da cidade. A ideia é que as visitas atuem como extensão dos conteúdos abordados em sala de aula. Na Estação Literária Professora Maria de Lourdes Évora Camargo, o programa já ocorre há dois anos. Para a bibliotecária Beatriz Ávila, a parceria é fundamental para as novas gerações que têm como principais referências culturais a televisão e a internet. “Não se deve esperar que essas crianças se contentem em ficar sentadas numa cadeira durante 5 horas e copiando tudo da lousa. Para elas, apenas a aula é pouco”, afirma Ávila. Segundo a bibliotecária, as crianças de hoje são dinâmicas e famintas por interação, e os métodos tradicionais de ensino carecem de recursos alternativos. Novas linguagens, como audiovisual em conjunto com o incentivo à leitura, à música e à poesia, são formas de instruir, educar e expor a realidade através da arte.

UNEafro Brasil: educando para incluir divulgação

GEOVANNA GARCELLAN

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“Na parceria entre Cultura e Educação, quem mais ganha são os alunos”

Ainda segundo Ávila, a migração dos conteúdos da sala de aula para espaços alternativos gera outra forma de absorção do conhecimento. “Este é o ponto chave da educação de hoje: fazer com que a criança perceba o conteúdo das apostilas em outros lugares do cotidiano”, explica. Alcançar a imaginação e aguçar a criatividade das crianças por meio da exibição de filmes, de oficinas e de jogos, reafirma o compromisso da Estação Literária em construir valores e alternativas voltadas para melhor qualidade de vida. A responsabilidade social deve ser maior do que as amarras concei-

tuais. Nesse contexto, a cultura e todos seus equipamentos são vitais. “Quando os educadores entendem o poder da parceria Cultura-Educação, quem mais ganha são os alunos”, afirma Beatriz Ávila. As visitas monitoradas ocorrem todas as terças-feiras às 9h e às 14h. A Estação Literária fica na rua 19 de Setembro, 233, centro de Guararema, e funciona das 9h às 20h nas terças, quintas e sextas-feiras; até as 22h às quartas-feiras; aos sábados e feriados, das 10h às 18h. Interessados em mais informações ou agendamento de visitas, devem ligar para (11) 4695-3871.

Há 13 anos em Poá, a UNEafro auxilia jovens e adultos, de classe média e baixa, a ingressarem nas universidades públicas por meio de cursinho aos sábados, oferecido por professores voluntários da região. O movimento luta contra as opressões e pelos direitos da classe trabalhadora, de modo a combater diversas formas de preconceito. “A nossa maior luta é contra o classicismo e o racismo, e, por isso, existe o projeto de cursinho, para a inclusão de negros e pobres em universidades públicas”, diz Barbara Olivier, uma das coordenadoras do projeto em Poá. Ao todo, a UNEafro conta com 40 núcleos espalhados pelo Estado de São Paulo, os quais se organizam para protestar a favor dos direitos das mulheres, da diversidade cultural, étnica, sexual e religiosa. Defendem também a educação pública de qualidade, o combate à violência urbana e a qualquer tipo de opressão, discriminação e preconceito. Em Poá, o projeto é administrado por três

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Coletivo oferece aulas, palestras, rodas de conversa e saraus a candidatos ao vestibular

coordenadoras: Nathalia Martins, Tamillis Gabriele e Barbara Olivier, que auxiliam os alunos e professores envolvidos. “Hoje o cursinho totaliza 30 alunos matriculados e cada um colabora com R$ 20 por mês, para comprar café da manhã e materiais básicos necessários”, conta a coordenadora Barbara. Além de aulas aos sábados, o coletivo ministra palestras, rodas de conversa, voltadas para despertar o senso crítico dos estudantes, e saraus musicais e literários, para que os alunos possam apresentar suas obras e se expressarem por meio delas. Barbara ainda conta que o projeto é realizado de forma independente e voluntária por 12 professores anuais, na Escola

Estadual Ivone da Silva Oliveira, em Poá, cedida aos sábados. As apostilas de estudo utilizadas são doadas e, segundo ela, já estão ficando ultrapassadas. “Dependemos das doações de apostilas para as aulas. Há três anos não recebemos mais nenhuma doação. As apostilas são antigas, o que dificulta um pouco o trabalho”, explica. De acordo com a coordenadora Tamillis, a UNEafro de Poá está à procura de professores voluntários. Para participar e colaborar com o movimento, é só ligar para 94760-4635 e falar com Vanessa. O coletivo encontra-se todos os sábados na Travessa Pasteur, 70 – Vila Júlia, Poá, das 8h às 17h.


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direitos humanos: educação

Mayara e os desafios do magistério na rede pública Professora mostra horizontes e luta contra o desinteresse e a falta de motivação dos alunos Gustavo Silva

Gustavo Silva Mayara Aparecida Rosel, 25 anos, é professora de Língua Portuguesa e Inglesa nas escolas estaduais Profª Dra. Giovanni Battista Raffo, e Prof. José Papaiz, ambas em Suzano. Formada em 2009, exerce a profissão há seis anos. Pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura, ela é apaixonada pela área, e assumiu o desafio de conduzir um projeto de leitura em sala de aula na escola Giovanni, na qual dá aulas de português. A missão não é nada fácil. “A concorrência com os celulares se tornou uma batalha”, explica. Quando o sinal da escola toca às 7 horas da manhã, os portões de ferro são fechados com cadeados grossos e ninguém mais entra ou sai. Mayara caminha lentamente em direção à sala do 1º ano B. No programa do dia consta a conclusão do livro “O menino do pijama listrado”, best-seller de John Boyne. Filha de pai comerciante e mãe professora, Rosel jamais imaginou seguir os passos da mãe. “Eu trabalhava no mercado do meu pai e nem imaginava que seria professora. Só sabia que eu trabalharia com pessoas”, afirma.

Redução da maioridade penal fere a Constituição Gustavo Rocha

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Rotina da professora Mayara Rosel inclui projeto de incentivo à leitura entre alunos

As duas escolas tomam todo o tempo da professora durante a semana. São muitas turmas nos períodos matutino e noturno. “Esse é um dos maiores problemas que enfrento. Preciso encher a agenda de classes para sobreviver. Gostaria de ter mais tempo para preparar as aulas”, lamenta. A aula acaba. Os alunos terminam de ler o livro. A leitura realizada uma vez por semana durou três meses. Mayara não fica presa ao método tradicional de ensino. Ela busca ir além das leis da gramática, desenvolvendo atividades diferentes na sala. “Apresento letras de música popular brasileira para eles interpretarem e aprimorarem o olhar crítico. Procuro ajudá-los a enxergar a realidade a partir de olhares que eles

não estão acostumados”, relata. Com aparência de menina e responsabilidade de gente grande, Rosel é falante e extrovertida. A professora conversa com todos que passam por ela. “Se tem algo que me chateia é dizerem que sou metida. Gosto de brincar com todos, sejam as funcionárias da limpeza, os alunos, ou a diretora da escola”, diz Mayara. Ela fala dos alunos como se fossem irmãos mais novos, sempre com um ar de preocupação. Perguntada se alguma vez se desiludiu com a educação, ela responde que sim. “Sempre que me deparo com o desinteresse deles pelas minhas aulas, penso em desistir. Mas a possibilidade de ajudar pelo menos um deles me faz continuar”, afirma.

Para o advogado RoGustavo Rocha Kauê Gomes Felix gério Rodrigues da Silva, “não há possibilidade de Em março, a Comis- aprovação do referido são de Constituição e texto, sob grave afronta à Justiça (CCJ) considerou Constituição e a princípios constitucional o projeto da dignidade da pessoa que reduz a maioridade humana”. penal de 18 para 16 anos, De acordo com o Espor 42 votos a favor e tatuto da Criança e do 17 contra. Entretanto Adolescente, os adolesa Proposta de Emen- centes vivem em uma da Constitucional (PEC) fase especial do desen171/93 contraria artigo volvimento humano e, da Constituição Federal por isso, o Estado tem o que não pode ser alterado dever de lhes assegurar (Cláusula Pétrea),além de proteção integral. Para desrespeitar o pacto de o advogado, o cresciSão José da Costa Rica, do mento da criminalidade qual o Brasil é signatário. deve ser combatido com O projeto deverá passar educação de qualidade por outras comissões e programas sociais de antes de ser aprovado. inclusão, capazes de re-

tirar jovens infratores do crime organizado. “A corrupção em nosso país é tão grave que afeta todos os setores, tornando completamente ineficientes a prestação de serviços como educação, conselhos tutelares e da Fundação Casa”, explica Rodrigues. “Muitos adolescentes acabam por praticar pequenos delitos por influên­ cia de uma sociedade que deixou de valorizar a moral e lhes nega direitos fundamentais. A redução da capacidade de responder pelos crimes não refletirá em nada, se o sistema não funcionar corretamente”, conclui.


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Ensino público: triste espetáculo de um circo sem graça Condições inadequadas afetam o interesse nas aulas e reduzem chances dos estudantes Henrique Moreira

Conselho Tutelar garante direitos de crianças e adolescentes Leticia Riente

Jennifer Oliveira Letícia Riente Ruiz

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Condições inadequadas dificultam atuação dos professores e aprendizado dos alunos

Henrique Moreira e discussões sem relação com o tema da aula são As manifestações dos constantes. Há também professores da rede pú- muita brincadeira entre os blica estadual ocorridas alunos, que tiram o foco no começo do ano tem de quem quer estudar. É difícil identificar algum gerado muita polêmica, mesmo sem receber a aluno usando o uniforme devida atenção da mídia. escolar. As moças se vesLevando em consideração tem como se fossem para a situação do ensino nas alguma festa, e abusam escolas públicas, seria de da maquiagem. Já os ótimo proveito se as auto- rapazes usam tênis de ridades acompanhassem marca, camisas e bonés pelo menos uma aula, com grandes etiquetas, para tirar conclusões e como se precisassem encontrar uma solução provar algo a alguém. A professora pergunta melhor do que enviar apostilas não utilizadas se alguém fez a lição de casa e, como resposta, em sala de aula. Em regra, mesas e ca- obtém um “Pra quê?”. Há exceções, claro! deiras estão em péssimo estado. A confusão é geral Alguns alunos procuram e a professora grita pela se sentar nas primeiras atenção dos alunos, que carteiras, tentam prestar pouco se importam com atenção na aula e fazer a o que é dito. Xingamentos lição que está na lousa.

É a minoria, porém. No horário noturno o problema parece mais complicado, com casos que vão do desinteresse nas aulas até o consumo de drogas. Os agentes escolares são obrigados a se preparar para lidar com os mais variados tipos de problema. Para Rosângela Oliveira, professora de Língua Portuguesa, o futuro dos alunos depende apenas deles mesmos, pois geralmente os professores que lecionam na rede pública são os mesmos das escolas particulares. Contudo, ela reconhece que o Estado tem sua parcela de culpa, pois na sua opinião o investimento em infraestrutura escolar ainda é muito limitado.

Criados em 1990 juntamente com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os Conselhos representam os direitos da criança e do adolescente, protegendo-os e zelando por eles. O órgão atende denúncias de maus tratos feitas pela população, além de demandas enviadas pelas secretarias de Educação e de Saúde. Em Mogi das Cruzes, a reclamação mais comum é a dificuldade para conseguir vaga em creches. Nesses casos, o Conselho entra em contato com a Secretaria Municipal de Educação para solucionar o problema, pois as crianças maiores de 4 anos têm vagas em creches garantidas por lei. Larissa Pinheiro, 25, só conseguiu matricular o filho na creche com ajuda do Conselho Tutelar. “Não posso ficar com meu filho no período da manhã por causa do meu trabalho. Precisei colocá-lo na creche e isso só foi possível com o apoio do Conselho Tutelar. Agora vou conseguir

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“Se todos soubessem seus direitos tudo seria mais fácil” – Rita de Cássia Oliveira

me organizar e trabalhar tranquilamente”, relata. O Conselho também interfere em situações mais complexas, como maus tratos e abandono de crianças. As denúncias são apuradas e os responsáveis enviados para a delegacia – onde o caso é tratado como crime. A criança fica aos cuidados do Conselho, e se o ambiente familiar não melhorar, podem ser encaminhadas para abrigos também fiscalizados pelo Conselho. A conselheira Rita de Cássia Oliveira, com sete anos de atuação, destaca a importância do Conselho Tutelar na sociedade como um todo, mostrando que o desempenho do órgão é maior do que as pessoas

pensam. “Se todos soubessem de seus direitos tudo seria mais fácil. As mães ficam desesperadas à procura de vaga para os filhos nas creches e escolas, ou esperando meses por uma consulta médica, sem saber que o Conselho Tutelar pode ajudá-las. Nossa função é dar um tratamento diferenciado à criança e ao adolescente, com total assistência a eles”, afirma. Em Mogi das Cruzes, o Conselho Tutelar está organizado em duas sedes: uma na rua Astrogildo Faria, 33, Praça Rotary, Centro; e outra na rua Henrique Peres, 64, em Braz Cubas. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas.


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direitos humanos: segurança

Tribunal registra aumento da violência doméstica Problema afeta principalmente mulheres e preocupa no AT. Parceiros são principais agressores Carolina Kiuchi e Regiane Barros

Carolina Kiuchi Regiane Barros Levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP) em 2014 mostrou que Mogi das Cruzes se tornou a cidade com maior incidência de crimes do Alto Tietê, com um total de 9.734 casos registrados no ano. Houve um aumento de quase 5% na taxa de criminalidade da cidade. No mesmo período cresceu também os casos de violência contra as mulheres, sendo a violência doméstica e sexual as mais registradas. Dados do Tribunal de Justiça de São Paulo Justiça instalou na cida- as vítimas. Trata-se do a Mulher, junto ao Fórum revelam que houve um de, em março de 2015, Anexo de Violência Do- da cidade.­Segundo o aumento de aproxima- um local para atender méstica e Familiar contra delegado titular Eduar­ damente 17% ações na Justiça motivadas por violência doméstica. A agressão inclui uma grande variedade de eventos envolvendo os cônjuges ou Gustavo Rocha de ação para evitar novos algo ou alguém”. Ao cocompanheiros, tais como Kauê Gomes Felix assaltos. Outros três disse- mentar sobre o sistema ram que não têm medo, de segurança pública em maus tratos físicos ou psíNão é novidade que por estarem envolvidos Itaquaquecetuba, o poliquicos e violência sexual. a segurança pública está com a criminalidade ou cial Odinei Cristovam diz: “As mulheres devem tomar deficitária e o município de por possuir algum familiar “nós prendemos muitos muito cuidado, pois os Itaquaquecetuba também envolvido. bandidos, em especial principais agressores estão passa por suas dificuldades. A moradora Patrícia de menores de idade, mas dentro de casa. Quem tiver Em uma pesquisa, foram Santana criticou o serviço o problema é que eles esse tipo de problema entrevistados 20 moradores da Policia Militar. Segundo estão protegidos pela deve procurar a polícia do município. Desses, 17 ela, quando acionada, “a lei e são soltos em seimediatamente”, alerta a dizem ter medo de sair à polícia demora a chegar guida, ou não cumprem delegada Valene Bezerra. noite. Segundo eles, os e quando chega não faz a pena que deveriam”. Visando a redução assaltos são frequentes nada. Os policiais falam Para ele,a segurança da violência doméstie não há, por parte das que vão fazer ronda, mas pública deveria tratar ca contra mulheres em autoridades, nenhum tipo até hoje não vi acharem os menores infratores. Suzano, o Tribunal de

O medo como ingrediente da vida

do Peretti Guimarães, a demanda na área é alta. A dona de casa Juliana Soares, residente em Suzano, aprovou a iniciativa que incentiva a maior integração das mulheres. "É bom saber que se eu passar por uma situação de violência, posso contar com uma delegacia só para mulheres, pois acho bem melhor falar sobre isso com uma mulher do que com um homem”, afirma. Apesar das campanhas que incentivam a denúncia e até da diminuição dos índices de abuso, muitas mulheres ainda não se sentem seguras para expor os atentados que sofrem dentro de casa,

principalmente por medo. “Para ter a coragem de denunciar, tive que ter a cabeça aberta. Foram 2 estupros e agressões física, moral e financeiras”, desabafou A.S., vítima de violência doméstica por 8 anos. “Eu consegui que ele fosse preso em flagrante por seis vezes, e em todas, ele saiu e voltou para minha casa. Nunca me avisaram da soltura e eu sempre fui pega de surpresa e todas as solturas foram assinadas pela mesma juíza”. Casos assim não são incomuns. As vítimas precisam reunir muita coragem para denunciar os abusos. “A maioria dos femicídios ocorre porque a lei incentiva as mulheres a denunciarem, mas não dão a devida segurança” afirmou A.S. Inúmeras tentativas foram e ainda estão sendo feitas pelos sistemas de segurança locais, no entanto eles ainda carecem na sensação de segurança que é oferecida às mulheres. Como no caso citado, as vítimas ainda desconfiam do sistema de proteção. Pelo medo psicológico causado caso o companheiro acusado seja solto e volte a fazer atrocidades, muitas mulheres preferem ficar em silêncio.


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Detentos dos CDPs do AT sofrem com superlotação Mais de 3 mil pessoas vivem em situação precária nas CDPs de Mogi das Cruzes e Suzano Carolina Crica Pouco espaço para muiMarina Doi ta gente em acarreta A superlotação em centros de detenção é cada vez mais perceptível. Segundo balanço do Ministério da Justiça feito em 2013, há 1,69 homem por vaga, contabilizando aproximadamente 537,7 mil presos para 317,7 mil vagas. O cenário no Alto Tietê não é diferente. Os dois Centros de Detenção Provisória (CDP), em Mogi das Cruzes e Suzano, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, estão cerca de 148% acima da capacidade permitida de detentos. As duas instalações possuem estrutura para até 844 pessoas, porém a CDP suzanense abriga 2 mil presos e a mogiana, 1,3 mil. Resultado desta superlotação é a transgressão dos direitos humanos.

diversos problemas de higiene, fora a falta de estrutura. “Visitei meu irmão durante dois anos na CDP de Mogi. A situação lá é precária. Os principais problemas são na hora de dormir e a comida. Pelo menos uma vez por semana a comida vinha azeda e cortavam a água. O banho é gelado. Dormem duas pessoas num colchão fino, dentro de um valete”, relata uma mogiana que preferiu não se identificar. Para o advogado criminalista, Paulo Ricardo Benevides, essa situação gera um conflito maior e causa um efeito contrário ao objetivo da detenção. “A pena de prisão busca a ressocialização do indivíduo, para que se encontre em condições de ser reinserido

Entenda a superlotação

Alternativas Perante os problemas de excesso de detidos, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardo-

Segunda chance para os egressos Um dos principais desafios dos ex-presidiários é conseguir alguém quer lhes dê um voto de confiança para retomar a vida após o cumprimento da pena. Com o intuito de reintegrar os egressos, o Governo do Estado de São Paulo desen-

volveu o programa de Inserção de Egressos do Sistema Penitenciário (PRÓ-EGRESSO). Segundo Neemias Vitolo, supervisor do órgão SERT, no Poupatempo de Mogi das Cruzes, os interessados em se cadastrar no programa poderão ir até as unidades da Coordenadoria

na sociedade. Para isso, é necessário que sua detenção seja adequada a esta reabilitação. As prisões superlotadas só aumentam a tensão, elevando a violência entre os presos”, enfatiza. Como forma de garantir que os detentos não sejam jogados a esmo, a Lei de Execução Penal (LEP) decreta que o preso continua tendo todos seus direitos que não lhes foram retirados pela pena ou pela lei. A Constituição do Brasil assegura um tratamento humano. Ambos garantem que toda violação aos direitos pode ser feita a um juiz, que tem o dever de decidir sobre a reclamação.

de Reintegração Social e Cidadania (CRSC), nas Centrais de Atenção ao Egresso e Família (CAEF), ambos pertencentes á Secretaria de Administração penitenciária ( SAP), nos Postos de Atendimento ao Trabalhador (PAT’s) e no Poupatempo para efetuar o preenchimento de cur-

rículo, com os dados do interessado, experiências e pretensão profissional. Para participar do programa é necessário ser egresso dos sistemas fechado, semiaberto, aberto, egressos e condenados com penas restritivas de direito e apresentar RG, CPF, comprovante de endereço, telefone, CTPS e PIS (caso possua). (CC e MD)

zo, e o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ricardo Lewandowski, assinaram, em abril, acordos de cooperação técnica para a implantação do projeto “Audiência de Custódia”. Este propõe a prática de penas alternativas e da política de monitoração eletrônica aos presos, buscando estimular o potencial desencarcerador. “Precisamos aplicar as sanções penais devidas e efetivas. Ainda há a ideia que apenas a pena restritiva de liberdade é eficaz, mas há medidas cautelares, como a monitoração eletrônica, que precisam ser aplicadas”, defendeu Cardozo. As medidas alternativas estão em processo e, se realizadas com êxito, poderão funcionar como alternativa para apaziguar a superlotação. Carolina Crica

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Milena Marques e Neemias Vitolo, atendentes do Programa Pró-Egresso


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direitos humanos: dignidade

Desrespeito a direitos dos idosos gera reclamações Descaso no atendimento à saúde e no transporte público mogiano são principais queixas fotos: Jéssica Gidorini

Jéssica Gidorini Os direitos das pessoas com mais de 60 anos não se resumem a filas preferenciais, meias-entradas e andar de ônibus de graça. Porém, infelizmente, a maior parte da população não conhece o Estatuto do Idoso e só sabe desses direitos básicos. Em outubro de 2003, tornou-se Lei Federal o Estatuto do Idoso que regulariza os direitos da terceira idade, com a intenção de garantir a qualidade de vida, que além de ser um direito básico de qualquer ser humano, também compreende a necessidade do idoso à integração social, atendimento preferencial, saúde, lazer, educação e principalmente, dignidade e respeito. Na prática, nem tudo é cumprido. A aposentada Neide Quintino de Freitas, 78 anos, diz que sofre com a falta de respeito regularmente, principalmente nos ônibus e hospitais. “Além dos motoristas não esperarem a gente subir nos ônibus, muita gente nos trata mal. Já me falaram que velha deveria ficar em casa ou no asilo, que velha só atrasa a viagem”, afirma. Sobre os hospitais, Dona Neide diz que em outubro do

Serviço Delegacia de Proteção ao Idoso de Mogi das Cruzes: Av. Prefeito Carlos Ferreira Lopes, 540 – Vila Mogilar, Mogi das Cruzes, SP. CEP 08773-490. Telefone (11) 4790-2818 Conselho Municipal do Idoso (CMI) E-mail: cmasmogidascruzes@gmail.com Rua Francisco Franco, 123, Centro. Mogi das Cruzes, SP. Telefone: (11) 4798-4716.

» ano passado foi pedido um exame no hospital Dr. Arnaldo Pezzuti, porém, apenas agora em maio de 2015 o exame foi marcado. “Como precisava do exame com urgência, fui obrigada a pagar um laboratório particular”. Quem também sofre com a demora nos hospitais públicos é a aposentada Rosalina de Campos, 65 anos. Ela está há dois anos na fila de espera para uma consulta no hospital São Paulo. Rosalina também reclama que o valor da pensão por aposentadoria não é

Fila na Santa Casa de Mogi das Cruzes: necessidade faz idosos procurarem serviço público, mas atendimento é precário

condizente com a realidade, já que muitas vezes precisa deixar de comprar comida para comprar remédios. “Penso que nossos direitos tinham que ser assegurados”, diz. A população idosa aumenta a cada dia, o que impõe a necessidade de cumprimento dos direitos do idoso. No Alto Tietê, nos últimos anos foram tomadas algumas medidas voltadas para os mais velhos. Uma delas é a implantação das ATIs (Academias da Terceira Idade) em Mogi das Cruzes. Atualmente

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Iniciativa bem sucedida: ATIs com professores de Edução Física

a cidade conta com 47 delas e 14 ainda serão instaladas. Além disso, existem os projetos que oferecem aulas de ginástica, musculação,

entre outras atividades, oferecidas nos centros esportivos e recreativos, no ginásio de esportes e no Pró-Hiper, localizado no Mogilar.

De acordo com Carlos Frederico Abib, secretário adjunto de Esporte e Lazer da Prefeitura de Mogi das Cruzes, todas as ATIs contam com um professor de educação física em horários específicos, para ministrar aulas monitoradas visando a segurança e o bem-estar dos idosos. Abib afirma que existe um projeto em fase avançada para a implantação de um centro esportivo do idoso no bairro Ponte Grande, em Mogi. As denúncias de maus tratos e desamparo de idosos devem ser encaminhados ao Conselho Municipal do Idoso ou à Delegacia de Proteção ao Idoso.


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Deficiente visual suzanense anda com “GPS mental” Acessibilidade precária compromete o direito de ir e vir de deficientes visuais na cidade Lanna Mesquita

Lanna Mesquita No dia 19 de maio, uma terça-feira nublada, resolvi sentir na pele aquilo que, de acordo com o IBGE, 24% da população sente. Fechei os olhos e continuei andando durante alguns minutos em sentido contrário à multidão que saía da estação de Suzano. Foi perturbador não enxergar nada. Desesperador! Danilo Beltrão convive com essa sensação diariamente. Além de pessoas passando por ele a todo instante, também há empecilhos que ele precisa enfrentar. Calçadas desniveladas e esburacadas, postes e orelhões em lugares incorretos e até vendedores ambulantes que insistem atrapalhar a passagem. “Uma vez passei por um vendedor. Sem querer, derrubei o que parecia ser uma placa, e ele reclamou comigo como se eu tivesse cometido algum crime”, relata Beltrão. Aos 29 anos, Danilo Beltrão tem retinose pigmentar, doença degenerativa que resulta em perda da visão com o passar dos anos. Por conta disso, sua vida escolar foi muito prejudicada. Antes de conseguir uma escola para cursar o Ensino Médio, passou por várias outras que o

Bastidores da reportagem Para sentir na pele parte dos desafios diários enfrentados por deficientes visuais e testar a solidariedade dos suzanenses, a aluna-repórter Lanna Mesquita se posiciona próximo à faixa de pedestres, numa esquina movimentada do centro, usando óculos escuros e bengala. fotos: amanda barreto

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Danilo Beltrão, 29 anos, utiliza “mapa mental” para andar pela cidade. “Infelizmente só funciona nas rotas habituais”, lamenta

rejeitaram alegando não ter funcionários e nem estrutura adequada para atender deficientes visuais. “Uma coisa é você estar na escola só para dizer que está lá, outra é você aprender de fato, como os outros”, opina. Beltrão acabou aprendendo muito mais sozinho do que na escola. O perfil autodidata resultou de seus estudos em casa com o auxílio de familiares, além da curiosidade e da

força de vontade. Em casa é possível vê-lo andando sozinho de um cômodo a outro, sem bengala ou alguém para guiá-lo. Para andar nas ruas da cidade, ele utiliza um “mapa mental” que, infelizmente, só funciona nos caminhos conhecidos. “Fora da minha rota habitual, é difícil andar sem um guia humano”, afirma. Beltrão deixa clara sua opinião sobre a maneira como a sociedade se rela-

ciona com os deficientes visuais. Na opinião dele, em Suzano, as leis referentes à acessibilidade para deficientes físicos não são cumpridas. “Nem nos órgãos públicos existe sinalização adequada. Pisos táteis e de alerta são raros de serem encontrados pelas calçadas, ou então são instalados de maneira incorreta. Semáforo sonoro nunca vi por aqui”, relata em tom irônico.

Logo surgiu um voluntário: o homem de boné branco e camisa listrada parou um instante, observou a cena e se ofereceu para ajudar nossa aluna-repórter atravessar a rua. Infelizmente não é sempre assim. Na maioria das vezes os deficientes visuais só pode contar com a boa audição e com a sorte.

Ao atravessar a rua, Danilo se vale da audição aguçada para perceber o som dos veículos freando. Na minha experiência de olhos fechados, me senti perdida e certamente seria atropelada por não conseguir diferenciar a

mistura de sons produzidos por carros e pessoas ao meu redor. Talvez, se houvesse um semáforo sonoro, a situação fosse menos desesperadora. Vivi isso durante 29 minutos, enquanto Danilo Beltrão vive o mesmo há 29 anos.


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direitos humanos: saúde

Profissionais do Mais Médicos atuam na região do AT A presença dos médicos estrangeiros nas UBS’s de Arujá foi aprovada pela população THAÍS SERPA

Mogi tem dificuldades para cumprir objetivos do milênio na área da saúde Prefeitura de Mogi das Cruzes

Letícia Santiago

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UBS do Parque Rodrigo Barreto: ao todo, são 10 profissionais atuando na cidade, sendo 3 cubanos, um mauritânio e 3 brasileiros formados no exterior

THAÍS SERPA Moradores de Arujá podem contar com o atendimento de médicos estrangeiros participantes do programa Mais Médicos. A chegada dos estrangeiros é muito positiva, pois a região do Alto Tietê tem um histórico ruim no atendimento público de saúde. Postos de saúde lotados, poucos médicos e demora para conseguir marcar consulta, são os problemas mais comuns. Segundo Clarinda Carneiro, secretária de Saúde do município de Arujá, foram enviados pelo Mais Médicos 10 profissionais para atender a população, sendo seis cubanos, um mauritânio e três brasileiros formados no exterior. A população demonstra satisfação com os novos médicos. A estudante Maria de Jesus, que utiliza a

Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Parque Rodrigo Barreto, afirma que atualmente a demora entre o agendamento e a consulta é de uma a três semana, no máximo. “Antes era muito difícil, porque tínhamos que esperar de 3 a 4 meses. Além do prazo mais curto, os médicos estrangeiros são muito atenciosos”, declara. O Programa Mais Médicos foi criado pelo Governo Federal em 2013 para ampliar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde das periferias das grandes cidades e no interior, localidades onde há grande carência de médicos. Segundo informações oficiais disponíveis no site da presidência, o programa prioriza a contratação de médicos brasileiros, mas as vagas não preen­chidas são oferecidas aos profissionais estrangeiros.

A médica cubana Madelayne Basterrechea López, que trabalha na UBS do bairro Jardim Real a um ano e meio, relata que teve ótima acolhida por parte dos pacientes. “O início foi mais difícil por causa do idioma, mas como tivemos uma preparação prévia, conseguimos superar essa barreira. Vejo que os pacientes parecem estar agradecidos”. Um estudo feito em 2014 pelo Ministério da Saúde em parceria com Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), revela que 93% dos profissionais participantes do Mais Médicos estão satisfeitos. O Ministério informa, também, que 100% das vagas ofertadas a brasileiros formados no exterior foram preenchidas.

Estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro de 2000 e assinados pelo Brasil e outras 189 nações, os Objetivos do Milênio são um conjunto de oito metas a serem alcançadas mundialmente: acabar com a fome e a miséria; oferecer educação básica e de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar o atendimento à saúde das gestantes; combater a AIDS, a malária e outras doenças; promover a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente; unir todo o mundo pelo desenvolvimento. Os objetivos deveriam ser alcançados até 2015. Houve avanço em alguns pontos. No Alto Tietê há algumas metas a serem atingidas. No campo da saúde, os objetivos são reduzir a taxa de mortalidade materna, promover campanhas sobre a gravidez de risco, ressaltar a importância

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Apesar das ações do governo, atendimento pré-natal é limitado e mortalidade infantil é alta

do exame pré-natal, da nutrição da mãe e do aleitamento materno, entre outras. O secretário de Saúde de Mogi, Marcello Delascio Cusatis, afirma que a maior preocupação da Secretaria é garantir acesso a todas as gestantes ao pré-natal. “Começamos com o programa Mãe Mogiana, em parceria com a Santa Casa de Misericórdia”, revela. Implantado em 2009, o programa é considerado o maior plano de atenção à saúde das gestantes da cidade, com atendimento na Santa Casa de Mogi, a partir da 29ª semana de gestação. No entanto, o verea­dor e médico Chico Bezerra, destaca que a cidade necessita de mais investi-

mentos do Ministério da Saúde e da administração municipal para novas vagas em UTI Neonatal, berçário e para atendimento às gestantes. "O atendimento pré-natal está muito limitado. A Santa Casa realiza em média 400 partos por mês, mas a unidade não comporta esse número e as equipes médicas improvisam, colocando gestantes em locais inadequados", revela. O médico afirma ainda que a mortalidade infantil na cidade está acima do limite previsto em estatísticas mundiais, porém faz a ressalva de que “isso ocorre porque muitas mães não fazem pré-natal e não seguem as orientações médicas”.


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Dengue preocupa população e autoridades em Mogi Agentes de saúde da prefeitura têm realizado vistorias em imóveis para evitar proliferação Isabela Carolina

Thiago Caetano Os registros de dengue têm crescido de forma assustadora em Mogi das Cruzes. O último levantamento apontou mais de 170 casos, com uma morte já confirmada. O distrito de Jundiapeba é o mais afetado pela doença, seguido de Vila Natal e Mogi Moderno. Agentes de saúde realizam vistorias, com o objetivo de evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. No entanto, para que isso aconteça, a população também precisa fazer sua parte e não esperar que o pior aconteça, antes de agir. Em abril a prefeitura anunciou um plano de contingência, depois de uma visita do Núcleo de Controle e Prevenção à Dengue a mais de sete mil imóveis. Em algumas regiões, foi encontrada enorme quantidade de larvas do mosquito transmissor. Também foi constatado que as pessoas têm armazenado água de maneira incorreta, em recipientes com frestas e até mesmo abertos. Lucimara da Cruz, 37 anos, segue à risca as recomendações para evitar o contágio. “Nenhuma pessoa próxima foi contaminada. Sei o quanto a doença é perigosa. Por

Cidadania e lazer caminham juntos Pablo Januário

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Pneus velhos abandonados retêm água da chuva e se transformam em criadouros para o mosquito da dengue

isso, sempre olho os pneus jogados para evitar água parada. Também vejo se a caixa d’água está bem fechada”, conta. A fêmea do mosquito se reproduz em água parada, como por exemplo em vasos, calhas, pneus e latas. É necessário manter a caixa d’água bem fechada, não cultivar plantas em vasos com água (de preferência com terra

ou areia), manter calhas limpas e desentupidas e tratar piscinas com cloros e mantê-las cobertas. Caso exista alguma situação de risco deve-se chamar o agente de saúde. Não existe tratamento específico para a dengue. É recomendado que o doente fique em repouso, alimentando-se de frutas, legumes e que beba muito liquido.

Alto Tietê O último levantamento apontou casos nas demais cidades do Alto Tietê. Ferraz de Vasconcelos, com 201 casos confirmados, e Itaquaquecetuba, com 215, foram as que se destacaram negativamente. Apesar do elevado número de contágios, não há registro de casos fatais nesses municípios.

Mogi das Cruzes conta com dez Centros Esportivos (CER) e quarenta e três Academias da Terceira Idade (ATI) instaladas em diversas regiões da cidade. A promessa da prefeitura é de que até 2016 mais 18 ATIs serão construídas. Todas as unidades integram o programa Viva Mais Esporte Mogi, da prefeitura municipal. Segundo informações oficiais da prefeitura, o programa foi desenvolvido para promover a prática esportiva entre a população da cidade. São oferecidas aulas de iniciação esportiva em diversas modalidades, voltadas crianças e jovens. Há também programação específica para adultos e idosos. Realizadas nos centros esportivos, ginásios poliesportivos, parques e ATIs, todas as atividades são oferecidas gratuitamente. O programa visa, além de promover a atividade física, retirar das ruas crianças e adolescentes. No Centro Esportivo do bairro Socorro, por exemplo, são oferecidas aulas gratruitas de natação, hidroginástica e judô. A professora de Edu-

cação Física Elaine Cristina Alves Ferreira de Souza, administradora do Centro Esportivo de César de Souza, se sente responsável pelos jovens e adolescentes que frequentam o espaço. “A partir do momento que o aluno entra no portão, ele passa a ser minha responsabilidade. Quando termina o treino, digo a todos: direto para casa!” De acordo com a professora, por serem gratuitas, a demanda pelas atividades é bem elevada. As condições nem sempre são adequadas. “As bolas de futsal e de vôlei já estão bem gastas. Para a ginástica dos idosos, tivemos que fazer uma uma ‘vaquinha’ para comprar alguns estepes. A quadra de futsal não é pintada há mais ou menos 10 anos”, afirma. Contudo, a professora afirma que a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL) já se comprometeu a fazer melhorias no local. Informações constantes no site oficial da prefeitura dão conta de que a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL) tem realizado melhorias e revitalização dos locais públicos, como os centros esportivos e ATIs.


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direitos humanos: cultura

Cidade tem opções culturais, mas poucos aproveitam População ignora alternativas culturais da cidade. Artistas questionam aplicação das verbas Cauê Martinelli

Cauê Martinelli Tamires Vichi A Agenda Cultural de Mogi das Cruzes esteve completa durante quase todos os dias do mês de maio. Houve exposições de arte, peças teatrais, palestras e apresentações musicais. No último dia do mês, foram 52 atrações em 40 pontos diferentes da cidade devido à 7ª edição da Virada Cultural Paulista. O evento ocorre por iniciativa do governo do estado de São Paulo com a prefeitura de Mogi das Cruzes. No entanto, mesmo com tanta opção, apenas uma pequena parte da população mogiana participa da programação cultural da cidade. Os próprios grupos culturais não se identificam com a maneira como os órgãos públicos conduzem a cultura. O município possui alguns casarões históricos e museus nos quais são oferecidas oficinas culturais, filmes são exibidos e ocorrem exposições de arte e de objetos históricos. Segundo uma das monitoras do Casarão do Carmo, Sandra Gomes, o local abriga diversas atividades, incluindo oficinas culturais. “Esse prédio é exatamente para isso”, afirma.

Lamb Lamb põe arte no caminho do mogiano Lethicia de Souza CAMPOS

Tatiana Ostroswky

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Para artistas independentes, a gestão da Cultura obedece a critérios políticos

O estudante de Letras, Júlio Cesar dos Santos, 24, ao contrário, acha que o poder público não dá a devida atenção à cultura na cidade. Colaborador do Casarão Mariquinha, projeto independente, que busca identificar a cultura regional através de oficinas e revelar artistas do Alto Tietê, Santos afirma que a prefeitura não oferece apoio para iniciativas independentes e cita como exemplo a luta pelo reconhecimentodo casarão como patrimônio histórico da cidade. “O dono do prédio, filho da Mariquinha, tentou por diversos meios, mas Mogi não tem uma política para isso”. Já a aluna de Direito, atriz e professora de teatro e artes, Tamara Pinheiro, 23, pontua a desvalorização dos artistas regionais e também como a verba

destinada para a cultura é distribuída de forma indevida. “Atualmente, a politicagem tomou conta da cidade e adotou-se, novamente, a política de ‘pão e circo’. Fazem o mínimo do mínimo para dizer que fazem. Existem verba, mas são direcionadas a projetos absolutamente específicas, como a Virada Cultural. Se o dinheiro fosse destinado também a outros projetos, os benefícios para a cidade seriam duradouros”, afirma. Tamara defende um melhor planejamento e a realização de reuniões públicas nas quais as autoridades ouvissem a classe artística para ouvir suas necessidades. Para a artista, a população deveria se mobilizar pela valorização de seus direitos, tendo mais contato com as artes e a produção cultural local.

Desde janeiro deste ano o projeto Lamb Lamb tem levado arte para as ruas de Mogi das Cruzes. Dalila do Carmo, criadora do projeto, conta que, ao perceber o talento de muita gente que escrevia mas não tinha coragem de expor, teve a ideia de fazer um grupo no Facebook a fim de reunir pessoas interessadas em mostrar suas produção. Depois, passou a contar com Lethicia de Souza Campos, que abraçou a causa e passou a ajudar na coordenação do projeto. Tudo deu tão certo que, em pouco tempo o projeto saiu da internet e foi para as ruas. Hoje, o pessoal do Lamb Lamb, coordenados por Dalila e Lethicia, reúnem-se e saem colando cartazes com frases de seus próprios poemas. As colagens são feitas em locais privados e com a autorização dos proprietários que aceitam colaborar com a divulgação. O projeto não conta com o apoio da prefeitura do município, pois existem leis que proíbem a colagem de lambs. Dalila explica que a cola utilizada por eles

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Artistas propõem visão mais poética da vida e procuram mudar o dia das pessoas

é feita com polvilho e água fervente e os poucos gastos que têm para expor a arte são divididos entre eles. O projeto vem sendo muito bem aceito na cidade. Mogi só tem a ganhar com iniciativas como essa, que traz aos mogianos a oportunidade de se depararem com a arte por todos os cantos da cidade. Como os artistas do Lamb Lamb

mesmo falam, é uma forma de fazer com que vejam a vida a partir de uma perspectiva poética e mais bonita. Com algo tão simples esses poetas conseguem mudar o dia das pessoas. Além disso, o projeto permite que o pessoal do Lamb Lamb exerça seus direitos de liberdade de expressão, de modo a fazer das ruas um lugar mais agradável.


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Grafite: traços, cores e ilustrações na paisagem cinza Grafiteiros ainda lutam contra olhares preconceituosos, apesar dos espaços conquistados LEONARDO CARLOS

LEONARDO CARLOS O grafite é uma arte que vem crescendo e colorindo cada vez mais as ruas não só do Alto Tietê, mas de todo o Brasil. Porém, mesmo com essa expansão e maior aceitação da população em geral, os artistas ainda sofrem com o preconceito de pessoas que consideram esses desenhos apenas mais um tipo de poluição visual. Criado na década de 1970 nos Estados Unidos, o grafite surgiu como modo de manifestação do pensamento. É o que conta “Pedrox” Luis, 42, um dos principais nomes dessa área na região do Alto Tietê, “Grafitar é como ter um filho, é colocar todos os meus sentimentos no muro”, diz o artista que, desde 2000, vive exclusivamente dos desenhos. A arte de Pedrox pode ser vista em Itaquaquecetuba, Suzano, Poá e Mogi das Cruzes. Ligado a movimentos culturais como o hip-hop, o grafite foi aos poucos ganhando um toque brasileiro e hoje o país possui um estilo reconhecido como um dos melhores do mundo. Em Mogi das Cruzes, o muro da Estação Terminal Estudantes foi transformado em um

Grafiteiro Raça oferece cursos para novos artistas da região Lucas Almeida

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Para o artista, o grafite está ganhando força na região e tem superado preconceitos

Lucas Almeida

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Arte ligada ao movimento hip-hop chegou ao país nos anos 1980 e desenvolveu características locais reconhecidas no mundo inteiro

grande mural de grafites em evento realizado em janeiro deste ano. Cerca de 100 grafiteiros transformaram as paredes antes vazias em local colorido que chama a atenção de quem passa. O grande problema enfrentado pelo grafite é

ser visto por parte da população como poluição visual, pichação e vandalismo. O problema está no fato de muitos confundirem o grafite com a pichação. Diferentemente do grafite, que é realizado com autorização e por isso não gera punição, a

pichação é feita de forma clandestina e causa dano ao bem de terceiros. O infrator pode ter que pagar multa no valor mínimo de R$ 2.014,00. Em caso de reincidência o valor é dobrado e o infrator fica impedido de prestar concursos públicos.

José Carlos de Lima, mais conhecido pelo apelido “Raça”, é um dos grafiteiros mais conhecidos do Alto Tietê. Atualmente com 35 anos, Raça veio de Pernambuco para São Paulo quando ainda era criança. O gosto pela arte surgiu na infância, quando passava horas desenhando. O primeiro contato com o grafite ocorreu em 1999, quando viu essa forma de arte nas ruas de São Paulo. Decidiu então pesquisar o grafite. Diferentemente da pichação, que são rabiscos e assinaturas em muros, fachadas, monumentos e em outros lugares proibidos, o grafite é considerado uma manifestação artística, por meio da qual o pintor interfere

no espaço urbano. Raça começou a trabalhar com o grafite e não parou mais, apesar do preconceito que enfrentou no início. O artista acabou chamando a atenção da prefeitura de Suzano, que o contratou em 2008 para dar aula de grafite, no Casarão das Artes. Através do curso incentivou muitos jovens, que acabaram se tornando também grafiteiros reconhecidos. Paralelamente às aulas, Raça deu continuidade ao trabalho em praças e parques públicos. Segundo ele, a arte vem ganhando grande força na região e sendo aceita cada vez mais pela sociedade. “As pessoas passam e sempre admiram minha arte e ficam interessadas no meu trabalho”, conta o artista.


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direitos humanos: segurança alimentar

No cinturão verde de SP, verduras a preço de remédio Preços das feiras livres de Mogi e região indicam claramente os efeitos da crise hídrica fotos: Nicholas Modesto

Nicholas Modesto Ao som dos anúncios dos feirantes e do cheiro de óleo fritando, em meio às incontáveis barracas cobertas por lonas verdes e brancas, o domingo amanhece altamente nublado na tradicional feira que ocorre semanalmente no bairro de Braz Cubas, em Mogi das Cruzes. As placas de preços escritas à mão, penduradas em varais, representam claramente os efeitos causados pela crise hídrica recente, que afeta o mercado agrícola local e faz com que alguns produtos apresentem

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Sussumo Sasajima na feira livre de Braz Cubas: elevação dos custos de produção obriga feirantes a cobrar “preço de remédio” por verduras

aumento de até 90% em curto intervalo de tempo. Os feirantes sentem essa mudança diariamente e sempre dão um jeito para se adequar às dificuldades. O massagista Sussumo Sasajima, 75, que há anos também é feirante, diz que o consumidor é o

maior afetado pela crise. Ele revela que alguns produtores são fiscalizados semanalmente para não se excederem no uso da água no cultivo. Segundo Sussumo, um maço grande de coentro sai por 30 reais para os feirantes. “Isso é preço de remédio!”, ironiza.

Para o feirante e produtor Paulo Cândido, 47, a falta d’água e a falta de regularidade das chuvas já duram mais tempo do que o esperado, e isso faz com que a qualidade e quantidade dos produtos diminua drasticamente. “Houve uma semana em que colhi 15 caixas de

abobrinha e na semana seguinte foram somente quatro caixas”, reclama. Cândido acredita que o problema começa quando as autoridades param de colocar o bem-estar da população como prioridade e se preocupam mais com o benefício pessoal. Ele acha, porém, que se a população economizasse os bens públicos não apenas em tempos de crise, mas continuamente, os perío­ dos críticos não seriam tão longos. “Salesópolis e Biritiba Mirim são duas imensas caixas d’água e foram justamente os primeiros municípios da região a serem vetados

e fiscalizados quanto ao uso da água. Parece que as autoridades não se importam com o bom andamento do sistema agrícola, mas querem se apoderar dos lugares que ainda resta possibilidade de produção”, reclama o comerciante. Ele não sabe quando isso acabará, mas não tem esperanças de resolução a curto prazo. Apesar das dificuldades, os produtores e feirantes não pensam em desistir. Todos continuam trabalhando arduamente, fazendo questão de oferecer uma amostra de seu produto, tudo sempre com um largo sorriso no rosto.


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Mogianos questionam qualidade do transporte público Lotação e atraso estão entre as principais queixas dos passageiros de ônibus na cidade YASMIN CASTRO

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SMT afirma que mantém fiscalização e projetos para melhoria dos serviços

Yasmin Castro As complicações no transporte realizado por ônibus já fazem parte da rotina dos mogianos. Atraso, lotação e ônibus quebrados lideram as queixas recebidas pela Secretaria de Transportes de Mogi das Cruzes desde o último levantamento, realizado em 2014. A estudante Laís Pereira que utiliza a linha E203 – Terminal Estudantes/ Conjunto Sto. Ângelo enfrenta algumas dessas dificuldades diariamente no percurso até a faculdade. Ela alega que a linha possui uma grande frota, no entanto, falha nos horários de maior fluxo. “É comum ver o Sto. Ângelo saindo a todo instante do terminal, mas na hora de sair do ponto

final e voltar ao Terminal Estudantes, eles atrasam”. Laís informa ainda que o atraso é a principal causa da lotação dos veículos. “Essa é a linha mais usada. Quando atrasa, os pontos ficam cheios, o que resulta na superlotação das conduções”. Já a auxiliar de limpeza Aparecida de Souza, que reside em Jundiapeba, e precisa se deslocar todas as manhãs até o bairro Mogilar onde trabalha, reclama sobre o tempo de integração do cartão SIM. “Uso a linha 104 para ir até o terminal Estudantes e, de lá, pego outro ônibus até o Mogilar. Mas o percurso é muito demorado, e ultrapassa o tempo de integração. Acabo pagando duas tarifas ao invés de uma só como deveria”, diz

Aparecida. O site oficial da Secretaria Municipal de Transportes (SMT) informa que o período de integração entre as conduções através do SIM é de 60 minutos. Ao ser questionado sobre as reclamações dos passageiros, o coordenador de comunicação da secretaria, Luiz Maritan, informa que a fiscalização sobre o cumprimento de horários do transporte coletivo é feita por meio de fiscais e de aparelhos de GPS instalados nos coletivos. “Quando são detectadas irregularidades, as empresas responsáveis são notificadas e autuadas, de acordo com o contrato de concessão”. Quanto à integração, a SMT contesta o que é informado no portal, alegando que o período para integração entre dois ônibus é de 1h30. Por fim, a secretaria informou que mantém constante trabalho de melhoria pela qualidade do sistema de transporte coletivo. “São ações de fiscalização no cumprimento de horários e comportamento dos operadores do sistema, de extensão de linhas, criação de novos trajetos, ampliação de atendimento, com novos carros, entre outras”, conclui Maritan.

Passageiros reclamam de insegurança nos ônibus intermunicipais da região

Rebeca Feitoza

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Estudantes de Mogi que moram em Jacareí e Guararema enfrentam sufoco em ônibus lotados entre as cidades

Rebeca Feitoza Quem estuda em Mogi das Cruzes e mora em Jacareí ou Guararema enfrenta ônibus intermunicipal lotado todos os dias. Nessas condições, sempre surgem questionamentos sobre a segurança de ser transportado dessa maneira e também sobre o porquê de a empresa responsável não disponibilizar mais veículos entre essas cidades. Com a exigência contínua do uso de cinto de segurança nos carros de passeio, torna-se intrigante pensar sobre a razão pela qual o equipamento ainda não é exigido nos ônibus. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estabelece no Artigo 2º inciso IV que o cinto de

segurança não se faz obrigatório para os veículos destinados ao transporte de passageiros, em percurso que seja permitido viajar em pé. Getúlio Aguiar Lima, responsável pelo departamento de operações da Viação Jacareí, empresa que faz o transporte intermunicipal entre as cidades de Mogi das Cruzes, Guararema, Jacareí, São José dos Campos e Caçapava, explica que “existem balaustres, colunas, corrimãos, pega mãos nos bancos e alças de apoio para quem viaja em pé, como acessórios de segurança”. Outra indagação dos passageiros é quanto à superlotação dos ônibus nos horários de entrada e saída das universidades. Apesar do incômoco para

os passageiros, pouco pode ser feito, pois os ônibus circulam com lotação abaixo da permitida. “A lotação dos ônibus, sobretudo nos horários de rush, está dentro do permitido pela legislação”, diz Lima. Segundo, o Conselho de Tráfego do DAER, Art. 2º, o número máximo de passageiros transportados em pé é de 5 (cinco) por metro quadrado da área livre disponível, entendida como a área do corredor entre as poltronas, excluindo-se as escadas e o espaço destinado ao motorista. Isso significa, portanto, que as condições do transporte público em todos os lugares, independentemente da empresa que disponibiliza o serviço, continuarão as mesmas até que a legislação seja alterada.


ARTE: LUCAS HENRIQUE DE BRITO ALUNO DO CURSO DE DESIGN GRテ:ICO (4ツコ A)


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