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Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes | Produzido pelos alunos do 5º período | Ano XVII | Número 96 | Distribuição Gratuita | paginaum@umc.br

ESPECIAL ESPORTES

Mais rápido, mais alto, mais forte

O espírito olímpico está no ar. No mês em que o Rio de Janeiro se torna a capital mundial do esporte e o mundo olha para o Brasil com curiosidade e perplexidade, o Página UM apresenta uma edição inteira dedicada ao tema.


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2016 | Ano XVII | Nº 96

editorial

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC)

Ano XVII – Nº 96 Fechamento: 3 de agosto/2016

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Avenida Doutor Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 – CEP: 08780-911 – Mogi das Cruzes – SP Tel.: (11) 4798-7000 E-mail: paginaum@umc.br * * * O jornal-laboratório Página UM é uma produção de alunos do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), em conformidade com o Projeto Pedagógico do curso. Esta edição foi produzida pelos alunos do 5º período. Professores orientadores: Prof. Elizeu Silva – MTb 21.072-SP (Orientação geral, Edição, Textos e Planejamento Gráfico); Prof. Guillermo Gomuci (Textos); Prof. Fábio Aguiar (Fotografias); Projeto gráfico: Andre Eiji Nihiduma; Guilherme Mendonça de Oliveira; Luis Felipe Candido Gregorutti (Alunos do curso de DG da UMC): Orientador: Prof. Fábio Bortolotto Fotografias da capa: Bruna Ferreira, Lyamara Alves, Maria Francisca, Tamiris de Andrade, Auro Tatsuya Sakai, Nicholas Modesto, Magda Nathia, Vitória Fiel, Lucas Almeida e Lucas Castro * * *

Jornalismo se aprende na sala de aula e fora dela Para o jornalista espanhol Rafael Mainar, atuante em Barcelona na virada do século XIX para o XX, os papéis centrais do jornalista são comentar a atualidade, explicar o mundo e registrar – nas palavras dele – “a história que passa”. Mainar defendia, também, que jornalismo é uma arte que não se aprende em escola. Opinião tão peculiar se devia, possivelmente, ao fato de não existir, à época, escolas de jornalismo na Espanha. Sendo o jornalismo o registro da história que passa, o Página UM, na condição de jornal-laboratório, não poderia deixar passar em branco evento tão relevante como os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, entre a próxima sexta-feira, dia 5, e o dia 21 deste mês; e, na sequência, os Jogos Paralímpicos, de 7 a 18 de setembro, também no Rio. Não teremos correspondentes

do Página UM na cidade olímpica. Mas preparamos uma edição especial totalmente voltada para os esportes – alguns praticados na nossa região, outros pouco conhecidos por aqui –, e para informações relacionadas aos grandes eventos que pela primeira vez serão realizados no Brasil. Produzido no contexto de um jornal-laboratório, isso sinaliza o compromisso do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) com a experimentação como recurso pedagógico. Se vivesse na era atual, talvez Rafael Mainar se visse forçado a corrigir suas impressões acerca do aprendizado do jornalismo, a�irmando que não se aprende a pro�issão apenas na sala de aula, mas também em atividades práticas. E este é justamente o papel do jornal-laboratório Página UM. Boa leitura.

da coordenação

O Página UM e as Olimpíadas

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES Chanceler: Prof. Manoel Bezerra de Melo Reitora: Profª. Regina Coeli Bezerra de Melo Pró-Reitor de Graduação do Campus (sede): Prof. Claudio José Alves Brito Pró-Reitor de Graduação de Campus Fora de Sede: Prof. Ariovaldo Folino Junior Pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão Prof. Miguel Luiz Batista Júnior Diretor Administrativo: Luiz Carlos Jorge de Oliveira Leite Gestora dos Cursos de Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda: Prof. Ma. Agnes Arruda

A���� A�����* Durante o exercício de Jornalismo proporcionado pela experiência do jornal-laboratório, os alunos devem experimentar, de todas as formas possíveis, as situações práticas dessa atividade pro�issional tão peculiar. Dessa forma, o jornalismo local e regional, com conteúdo de relevância para a comunidade universitária e de todo o Alto Tietê, dá lugar nesta edição para um tema de relevância nacional, as Olimpíadas 2016. Isso porque o Jornalismo Esportivo é uma das mais procuradas segmentações da pro�issão – tanto pelo público, quanto pelos

próprios jornalistas. Dessa forma, é função da escola em seu jornal-laboratório oferecer ao estudante treinar a cobertura na área, bem como desenvolver um olhar crítico sobre suas temáticas. Com isso, acredita-se que, ao entender e dominar o básico, o futuro pro�issional terá condições de, se necessário, propor e praticar novas formas de se fazer comunicação. Esta é uma premissa dos nossos cursos, posta em prática das mais diferentes formas. Uma delas, o Página UM. *Professora-coordenadora dos cursos de Design Grá�ico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda da UMC. E-mail: agness@umc.br.

As Olimpíadas do caos L������ R�����* O Brasil passou por anos de preparação para sediar as Olimpíadas 2016. Desde 2009 foi muito planejamento, construções, treinos, discussões, en�im, toda a carga de preparação necessária para a realização de um evento tão grandioso. Mas não se tinha ideia do que viria pela frente: crise econômica, crise política e crise de saúde pública. Segundo o último dado levantado pelo Instituto Brasileiro de Geogra�ia e Estatística (IBGE), 10,9% dos brasileiros estão desempregados. Sinal de crise, claro. A economia está em retração no país. A população encontra di�iculdades até para pagar a conta de luz do mês. Preços altos, taxa de juros exorbitante, novos impostos em vias de serem criados. Dilma Rousseff, reeleita em 2014, pode perder o cargo a qualquer momento por conta do processo de impeachment. Presenciou-se a votação na Câmara dos Deputados para que o pedido, que chegou a ser encaminhado 37 vezes, fosse para o Senado. Jornais e emissoras de televisão no mundo todo estamparam o espetáculo, quase que cômico, que foi a decisão. Já entramos no ano dos Jogos com o pé esquerdo, quando o Ministério da Saúde divulgou aumento de 48% nos casos de dengue em relação a 2015. Há também alta incidência de Zika Vírus, Chicungunya, Microcefalia e agora a tão abominada H1N1. Mas estamos falando do Brasil, terra do samba, do carnaval, lugar que recebe o mundo com um sorriso enorme no rosto. Vem aí o espetáculo que nos custou mais de R$ 39 bilhões. Bem vindo às Olimpíadas do caos. * Aluna do 5º A de Jornalismo.


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Mogi das Cruzes incentiva esportes adaptados Projeto Mogi Paraolímpico visa melhoria na qualidade de vida, além de promover inclusão pelo esporte DIVULGAÇÃO: RIO-2016 JOGOS PARALÍMPICOS

A����� M�������� L������ S������� O esporte para portadores de de�iciência conquistou um espaço em Mogi das Cruzes. Desde 2010 a cidade conta com o Projeto Mogi Paraolímpico, que já virou referência nacional para treinamentos das seleções brasileiras. O projeto incentiva a prática esportiva, promovendo a inclusão social e melhorando a qualidade de vida. Ao todo são oferecidas oito modalidades esportivas: bocha paraolímpica, goalball (criada para a reabilitação de veteranos de guerra, a modalidade é disputada por atletas com de�iciências visuais, que jogam vendados), tênis de mesa, futebol, iniciação esportiva e atividades para crianças, além de atendimento especializado nas clínicas para de�icientes múltiplos. Os treinos são realizados no ginásio Cid Torquato, localizado no bairro do Rodeio, e no ginásio Professor Hugo

Ramos, na Vila Mogilar. Segundo o secretário municipal de Esporte e Lazer, Nilo Guimarães, as atividades são acompanhadas por duas �isioterapeutas e uma psicóloga. “A expectativa é muito grande, pois os campeões Maciel de Souza Santos, Guilherme Germano e o coordenador do Projeto Mogi Paraolímpico, Dirceu Pinto, podem ser convocados para os Jogos Paraolímpicos Rio 2016”, explica. A prática esportiva melhora a condição �ísica e inibe o aparecimento de doenças como a hipertensão e diabetes. De acordo com o professor de Educação Física, Ronaldo Pazini, as atividades esportivas ajudam quem possui limitação �ísica a romper barreiras. “Elas aumentam o convívio social, diminuindo o isolamento e a possibilidade de depressão". O professor alerta que para começar qualquer atividade �ísica é necessário obter orientação médica. "Além disso, os exercícios devem ser elaborados por algum educador �ísico” destaca. “É recomendável fazer avaliação �ísica antes de iniciar qualquer atividade, visando analisar as condições de saúde, propor metas e objetivos em conjunto”, pontua Ronaldo. Segundo o secretário Nilo Guimarães, para se inscrever no projeto o candidato precisa apresentar laudo médico que ateste a de�iciência, atestado médico liberando o candidato para atividades �ísicas e documentos pessoais.

Alan Fonteles, atleta paraolimpico brasileiro. A prática esportiva melhora a condição �ísica geral e rompe com o isolamento do portador de de�iciência

Brasil isenta estrangeiros de visto durante Rio-2016 B���� F������� Em novembro de 2015, a presidente Dilma Rousseff aprovou a lei 13193/15 que dispensa a necessidade de visto para entrada de estrangeiros no país no período olímpico. A medida se aplica a cidadãos da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão e terá vigência de 1º de junho a 18 de setembro de 2016. Na Copa do Mundo em 2014 esta isenção era válida apenas para os torcedores que estivessem com ingressos dos

jogos. Dessa vez não haverá essa condição. Dessa vez não haverá essa condição. A permanência será de no máximo 90 dias a parir da data de entrada. A estimativa segundo o então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, é que os jogos tragam de 350 a 500 mil turistas ao país, e que o turismo cresça 20% durante o período Olímpico. Segundo Thiago Paluma, professor de Direto Internacional, o �luxo de estrangeiros visitando o Brasil irá permitir um maior in-

tercâmbio cultual e econômico estreitando ainda mais as relações diplomáticas entre o Brasil e os países dos turistas. “A legislação penal brasileira, e demais regras, aplicam-se a todos os estrangeiros em território brasileiro, independente de terem ou não visto. A única exceção é para o indivíduo portador de visto diplomático. A legislação adotada pelo Brasil é uma opção do governo brasileiro, e não obriga o país estrangeiro a adotar qualquer reciprocidade”, diz o professor.

BRUNA FERREIRA

“Passaporte Olímpico” , válido entre 1 de junho e 18 de setembro, deve facilitar entrada de estrangeiros no Brasil durante Olimpíadas e Paralimpíadas


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Projeto do Sesi incentiva formação de atletas Serviço Social da Industria apóia desenvolvimento esportivo de crianças e adolescentes em todo o Brasil YASMIN CASTRO

D����� A����� � Y����� C�����

IPPS

A unidade do Serviço Social da Indústria (Sesi) localizada em Mogi das Cruzes está entre as instituições que através de projetos gratuitos fomentam o desenvolvimento esportivo de crianças e adolescentes. O Sesi conta com 14 equipes de alto rendimento em todo o país, além de mais 60 colaboradores e técnicos que devem atuar nas olimpíadas. Diz o orientador esportivo Felipe Ávila, que há dois anos atua na unidade mogiana: “Os dois programas mantidos na unidade, o Atleta do Futuro e o Treinamento Esportivo, atendem a comunidade de forma gratuita. O primeiro é de formação esportiva, e atende jovens de 6 a 17 anos de idade. Já o segundo fomenta o treinamento em competições, podendo gerar atletas para esporte de alto rendimento.” Ele explica que o programa ‘Atleta do Futuro’ estimula a inclusão esportiva e social dos pequenos esportistas, além de desenvolver crianças-cidadãs. Posteriormente, aqueles que se destacam são selecionados para compor o ‘Treinamento Esportivo’ que pode ajudar na formação de equipes pro�issionais nacionais e até internacionais em ocasiões futuras. Felipe ressalta que lidar com a expectativa dos pais é um desa�io. “Tentamos conscientizar os pais de que o caminho é longo e árduo, mas não impossível". A unidade lançou o atleta Vitor Casali, do hóquei sobra grama, eleito o melhor jogador do Campeonato Paulista Adulto da modalidade com apenas 17 anos. Ávila diz que exemplos como este estimulam outros jovens, e que cabe aos professores e treinadores incentivá-los a seguir a carreira, além de acreditar na possibilidade de chegar a grandes campeonatos, como os jogos olímpicos. “Todas as crianças que começam a praticar um esporte têm o sonho de se tornarem atletas. Elas se espelham em destaques do nosso país, e o papel do professor não é privá-las, mas sim incentivá-las cada vez mais intensamente.”

O projeto "Atleta do Futuro" tem como público-alvo jovens entre 6 e 17 anos. Já o "Treinamento Esportivo" visa formar atletas de alto rendimento. Ambos são gratuitos

FOTO

: TIM H

Tiro Esportivo, uma modalidade diferente R������ K���� K�������

Vincent Hancock nas �inais do skeet masculino nos jogos olímpicos de verão

O tiro esportivo brasileiro estará representado no Rio-2016 com equipes masculinas e femininas. Por enquanto, já estão con�irmados no time brasileiro os atletas Renato Araújo Portela, Robert Schmits e Felipe Wu, no masculino, e as atletas Daniela Matarazzo Carraro, Janice Gil Teixeira e Rosane Budag, no feminino. Ao todo, o tirou brasileiro conquistou apenas três medalhas para o país, sendo uma de ouro, uma de prata e uma de bronze, todas nos jogos olímpicos da Antuérpia em 1920. O tiro esportivo surgiu com os militares, que o pra-

ticavam utilizando linhas de tiro foram dos campos de batalha. O esporte participa das Olimpíadas desde a primeira edição dos tempos modernos, em 1896, na Grécia. Contudo, as mulheres só foram aceitas a partir de 1968, nos jogos da Cidade do México. Nessa época elas tinham que competir junto com os homens. Somente em Los Angeles em 1984 foram organizadas provas especí�icas para mulheres. Este é um dos poucos esportes em que a idade do atleta não compromete o desempenho. No tiro esportivo, ao contrário, os atletas melhoram com o tempo, ganhando experiência.


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Rio-2016 adota plano de sustentabilidade A organização implementou ações para reduzir impactos negativos sobre o meio ambiente DIVULGAÇÃO: COMITÊ ORGANIZADOR RIO-2016

O que esperar das Olimpíadas? Obras pela cidade e interdições de trânsito causam transtornos para moradores do Rio de Janeiro C������� G����� C����

Maquete do Parque Olímpico: plano prevê uso consciente de recursos, redução de emissão de carbono e gestão do lixo

G������� G�������� O Comitê Rio-2016, responsável pela organização dos Jogos Olímpicos, desenvolveu um plano de sustentabilidade para reduzir o impacto negativo do evento sobre o meio ambiente. O programa propõe atuações nas três esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal – para atender às ações planejadas, que estão divididas em três frentes centrais de trabalho: uso de recursos de forma consciente, redução de emissão de carbono e gestão do lixo. Além da criação de uma sede olímpica sustentável, o Comitê assumiu o compromisso de analisar o ciclo de vida dos materiais utilizados para divulgação dos Jogos, e de comprar madeira apenas de fontes com certi�icação ambiental. Quanto ao gerenciamento das emissões de carbono, a organização garantiu que será usado biodiesel de óleo de cozinha reciclado para as frotas de ônibus e caminhões. E, para a gestão de resíduos, foi lançado um guia de embalagens, no qual o Comitê apresenta os requerimentos de sustentabilidade para o consumo deste material.

A realização do plano sustentável deverá contar também com a conscientização do público envolvido. Suely Mitie Kusano, diretora da UNILIVRE (Universidade Livre do Meio Ambiente), vinculada à Secretaria Municipal de Verde e Meio Ambiente de Mogi das Cruzes, explica que os brasileiros ainda não estão familiarizados com medidas sustentáveis e que isso pode implicar nos planos do Comitê. “Com a vinda de turistas, que muitas vezes praticam a sustentabilidade, pode ser que o Comitê consiga seguir com o plano. Mas, do ponto de vista da cultura brasileira, que não está habituada com

o descarte correto de lixo, por exemplo, pode ser que haja resistência e o projeto acabe falhando”, diz. Segundo a diretora, seria necessário que o país trabalhasse conceitos sustentáveis gradativamente para que, ao sediar um evento desse porte, o programa de redução de danos ao meio ambiente durasse a longo prazo. “O ideal seria que o plano fosse implantado, para que a longo prazo surgissem resultados positivos, mas como ele será retirado após os Jogos e não haverá mais a �iscalização intensi�icada, é bem provável que caia no esquecimento”, a�irma. GEOVANNA GARCELLAN

Para Suely Kusano, diretora da Unilivre, brasileiros não estão habituados com medidas de sustentabilidade. "Isso pode comprometer os planos do Comitê"

A cidade do Rio de Janeiro está se preparando para os jogos olímpicos e paraolímpicos, e para que tudo dê certo, a cidade passa por diversas obras ao longo de suas avenidas e rodovias. Para muitos motoristas se tornou um transtorno porém para outros serão melhorias que somarão ao legado dos jogos. As obras espalhadas por diferentes pontos da cidade, continuam a todo vapor, mas nem tudo esta saindo como o esperado, as obras do centro de Tênis na Barra da Tijuca, o Hipismo em Deodoro, o Velódromo e o Estádio de Remo da Lagoa estão gerando preocupações, já que as obras encontram-se paradas por problemas entre o governo estadual e as construtoras envolvidas. Ambos não responderam à solicitação de contato da equipe. Para Priscila Niedhart moradora da Barra da Tijuca, se tornou um transtorno tentar cruzar a cidade devido essas obras: “Existem obras de norte a sul, cruzar a cidade se tornou um horror ! O trânsito está caótico, você não consegue mais andar no centro, se precisar fazer uma ligação do aeroporto para a rodoviária é quase impossível”. Mas nem tudo está perdido, enquanto alguns cariocas criticam as obras outros dão total apoio às modi�icações que estão acon-

tecendo na cidade, e aguardam ansiosamente o início das olimpíadas “Este é um marco histórico para o nosso país, essas obras são passageiras e vão trazer muitos bene�ícios para nossa cidade. Existem locais que serão reaproveitados, como por exemplo o Parque Olímpico que será destinado para a população, depois de acabar toda essa festa” completa a moradora de Copacabana Ingrid Narchi. Para os setores hoteleiros, segundo o Ministério do Turismo, foram investidos cerca 1 bilhão de reais, sendo construído 75 novos hotéis na cidade do Rio de Janeiro. Para Camila Miesa, gerente de uma rede de hotéis, os Jogos Olímpicos serão uma grande oportunidade: “Estamos na espera de cerca de 2 milhões de pessoas, entre atletas, turistas e a imprensa. Sabemos que hoje grandes redes hoteleiras aproveitaram a oportunidade para construírem novos empreendimentos aqui no Rio, mas isso não nos assusta. Estamos na expectativa da chegada destes visitantes, mas contamos também com o turismo local”. Mas a�inal, o que se pode esperar das Olimpíadas ? Alguns criticam, outros apoiam. Mas o que se pode esperar mesmo é a nação brasileira unida, recebendo todas as etnias de braços aberto, torcendo e vibrando por esse Brasil verde e amarelo.


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“A deficiência não me torna menos capaz” Daniel Dias fala sobre a superação do preconceito na infância e como uma escolha mudou sua vida

Página UM: Você nasceu com má formação congênita nos braços e na perna direita. Como foi a sua infância? Daniel Dias: Foi como a de qualquer outra criança. Eu �icava de castigo, apanhava, porque aprontava como qualquer criança. Mas teve o lado da de�iciência. No início não foi fácil, inclusive para meus pais. Foi um desa�io grande

para eles, mas, com muita sabedoria, eles me criaram sem limitações. Isso me ajudou a descobrir meus próprios limites. PAGUM: Algum tipo de preconceito ou bullying na escola? DD: Na minha época não existia essa coisa de bullying, mas o preconceito sempre existiu e vai existir. Fui chamado de coisas que me �izeram chorar algumas vezes, mas as conversas com meus pais me ajudaram a entender muita coisa. Decidi, então, ser feliz. A de�iciência não me torna menos capaz que qualquer pessoa. Precisei primeiro superar o preconceito dentro de mim e só então consegui ser feliz. A de�iciência não diz quem eu sou, é apenas uma característica.

PAGUM: Como surgiu seu interesse pelo esporte adaptado? DD: Eu sempre gostei de esportes. Nas aulas de Educação Física eu fazia de tudo. Adorava jogar futebol na rua com meus amigos. Mas foi assistindo as Olímpiadas que conheci o esporte adaptado e me apaixonei por ele. PA G U M : Qual a importância do esporte na sua vida? DD: Ele agrega muito à minha vida. O esporte me ajuda a olhar as coisas com outros olhos. Aprendi que a vida não é fácil, mas temos que

ULG AÇ ÃO

CAUÊ MARTINELLI

encarar as di�iculdades. Não podemos desistir, temos que ir até o �im. PAGUM: É comum as pessoas fazerem distinção entre atletas e paratletas. Isso é necessário? DD: Olha, o termo paratleta é muito usado, mas não gosto dele e acho desnecessário. Quem representa o Brasil nas Olímpiadas e nas Paraolimpíadas são atletas. Esse é mais um obstáculo a ser superado no esporte adaptado e acredito que estamos em um processo bom. Ainda existe muito dessa coisa de “coitadinho” e algumas pessoas vão assistir por “dó”, mas para eu nadar, por exemplo, eu me esforço muito, treino muito,

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O Rio de Janeiro irá sediar os Jogos Paralímpicos de 2016, e Daniel Dias, principal nome brasileiro na competição, com 16 medalhas (11 de ouro; quatro de prata e uma de bronze), vibra com a possibilidade de disputar os Jogos em casa. O atleta concedeu entrevista exclusiva ao Página UM via e-mail

tanto quanto um atleta que não tem de�iciência �ísica. PAGUM: O que passa na cabeça do atleta quando está na água, durante a competição? DD: Parece uma eternidade. Quando termina a prova, a primeira coisa que você vira e olha é o seu nome e a posição. De qualquer forma, a alegria é imensa de poder representar o nosso país, de vencer, e claro, de melhorar a minha marca. A minha motivação é de melhorar a cada dia. PAGUM: Você sente o peso de ser o maior paratleta medalhista do Brasil? DD: Eu �ico muito feliz, são muitas conquistas. Mas minha felicidade não é só pessoal, mas principalmente por somar ao esporte adaptado. Quando conquistamos uma medalha carregamos com a gente mais do que a bandeira do país, levamos a bandeira do atleta paralímpico, mostramos o valor do atleta com de�iciência. PAGUM: Qual a sensação de competir nos Jogos Paralímpicos do Rio? DD: É muito emocionante imaginar aquele complexo aquático lotado, com a torcida gritando seu nome, o nome do país, isso assusta os adversários. PAGUM: Você se considera uma inspiração para as novas gerações de atletas? DD: Eu acredito que com minhas conquistas posso ajudar crianças, com ou sem de�iciência, a olharem para si mesmas e se sentirem motivada a vencer. Eu batalho para que através do meu exemplo as pessoas possam entender que podem vencer na vida.


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Gastos com Olimpíadas passam de R$ 39 bilhões Em 2009, quando o Rio de Janeiro se candidatou para sediar os Jogos, estimava-se gastar R$ 28,8 bilhões INFOGRÁGICO : EVELIN KAMIMURA. FONTE: PLANO DE POLÍTICAS PÚBLICAS RIO 2016

E����� K������� Segundo a Autoridade Pública Olímpica (APO), os custos com as Olimpíadas estão sendo R$ 400 milhões mais caros que o previsto no último semestre de 2015. Segundo o plano de políticas públicas do Rio-2016, R$ 24,6 bilhões foram gastos em obras que continuarão bene�iciando a população carioca após as Olimpíadas. Investimentos em mobilidade urbana, como os VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), realizado pela prefeitura com recursos do Governo Federal, totalizaram R$ 1,18 bilhão. A ampliação do elevado do Joá exigiu invetimento de R$ 457,9 milhões, enquanto a implantação dos BRTs Transolímpica e Transoeste custaram R$ 2,2 bilhões. A linha 4 do Metrô exigiu investimento de R$ 8,79 bilhões. Os investimentos em infraestrutura, como o Porto Maravilha, obras contra enchentes e a urbanização do Engenhão somaram R$ 9,18 bilhões. Na área esportiva, o legado é composto pela Arena do Futuro, que custou R$ 146,8 milhões, pelo Estádio Aquático, ao custo de R$ 225,3 milhões, o Complexo Esportivo de Deodoro, com investimento de R$ 825,4 milhões, o Laboratório de Dopagem, ao custo de R$ 188,36 milhões, o International Broadcast Center, centro internacional de imprensa, ao custo de R$ 1,67 bilhão, e o campo de golfe na reserva Marapendi, que exigiu investimento de R$ 60 milhões. Na área ambiental, foram investidos R$ 848 milhões no projeto Baía Viva. e no esgotamento Eixo Olímpica, na Zona Oeste. Na visão do economista e professor da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) Luiz Edmundo, os dados causam apreensão. “Estou apreensivo, mas espero que haja retorno positivo".

Excelência no paradesporto não aparece na imprensa T������ V���� Se no país do futebol não se vê muita animação com a chegada das Olimpíadas, imagina quando o assunto é Paralimpíada. Em 2015 o Brasil �icou em primeiro lugar no quadro de medalhas no Parapan realizado em Toronto, mas todos só se lembram do 7x1 contra a Alemanha. A quantidade de ouros conquistados pelo Brasil foi maior que a soma do 2º (Canadá) e 3º

(EUA) colocados! É a terceira vez consecutiva que o país �ica com a primeira posição. A divulgação da imprensa é negligente. Nos jogos de 2012, em Londres, o país �icou em 7º lugar, a melhor colocação até agora. Porém, foi em Pequim-2008 que o Brasil surgiu como potência no paradesporto. Esses resultados representam (ou deveriam representar) muito para o país. Revelam os investimentos no esporte brasileiro,

como a Lei Agnelo/Piva, sancionada em 2001, que facilita a captação de recursos para os esportes. Bem sabemos a importância do esporte como forma de inclusão e de estímulo à tolerância, igualdade e oportunidades sociais, especialmente para os jovens e talvez ainda mais para os portadores de alguma de�iciência. Era de se fazer festa tanto quanto ao vencer uma Copa. O Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, em resposta a essa situação

disse que nesse ano as expectativas são alcançar a quinta posição no quadro geral de medalhas, mas principalmente "o legado é aquele que esperamos que se torne ainda mais impactante com os Jogos, a mudança de percepção em relação à capacidade das pessoas com de�iciência. Esperamos que a imprensa cubra os Jogos Paralímpicos do Rio da mesma forma que vão cobrir os Jogos Olímpicos. Nossos atletas representam o país e têm grande chance de medalha".


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Atleta troca terra natal pelo sonho Olímpico Reginaldo Melo integra a equipe mogiana de atletismo. Em 2014, obteve ouro no lançamento de disco G������ S���� G������ P������ Em busca de melhores condições para treinar e alcançar maiores patamares na carreira, o atleta potiguar Reginaldo Melo dos Santos, 32 anos, em 2012 deixou Natal, RN, e embarcou para São Paulo trazendo o sonho de participar das Olimpíadas. A opção pelo atletismo ocorreu somente aos 15 anos, mas isso não impediu que ele conseguisse bons resultados. Sua especialidade é o lançamento do disco.

GUSTAVO PEREIRA

Em 2007, Reginaldo �icou em primeiro lugar nos Jogos Universitários do Rio Grande do Norte, representando a Universidade Potiguar (UNP). Na época, estabeleceu o novo recorde da prova, com 43,84 metros. Já em São Paulo, representando Mogi das Cruzes nos Jogos Abertos de 2014, disputados em Bauru, o potiguar estabeleceu outro recorde, lançando o disco a 49,39 metros. Embora tenha garantido muitos títulos e marcas na carreira, Reginaldo lamenta a escassa estrutura de competição. “Fui campeão estadual várias vezes no Rio Grande do Norte. Fui campeão

brasileiro universitário, sempre �igurando entre os dez melhores do País. Mas por falta de patrocínios, não pude melhorar meus resultados”, lamenta. Convidado pelo atual técnico da equipe mogiana de atletismo, Ailton Angelo, 66 anos, o potiguar embarcou para a cidade com o objetivo de competir em alto nível e se quali�icar para os Jogos Olímpicos. Seu desejo se concretizou de outra forma. Pré-selecionado para participar do revezamento da tocha olímpica, Reginaldo a�irma que, mesmo não podendo representar o país nas Olimpíadas, participar do revezamento da tocha olímpica já o faz se sentir recompensado. “Acho que isso vem como recompensa por eu não ter conseguido participar como atleta”, a�irma.

Os Voluntários Rio-2016 já estão se preparando ARQUIVO PESSOAL

A médica paulista Myrian Camargo aguarda o início das atividades

V������ F��� Cerca de 45 mil voluntários irão participar ativamente dos jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016. Faltando pouco menos de três meses para o início da 36ª Olímpiada, entre 5 de agosto e 18 de setembro, eu e os demais voluntários selecionados já estamos nos preparando. Diferentemente do que alguns pensam, não são apenas jovens que participam do programa de voluntários. A médica aposentada Myrian Camargo, 60 anos, moradora de Mococa, interior de São Paulo, foi selecionada para atuar no Rio-2016. “Fui atleta na adolescência e claro, sempre sonhei em estar nas Olimpíadas. Então resolvi participar dessa forma”, a�irma. 80 mil candidatos participaram do processo seletivo, dos quais cerca de 45 mil foram chamados para os treinamentos no Programa de Voluntários encerrado em 30 de abril. O treinamento do Programa de Voluntários consiste em seis

etapas e precede a escalação para os jogos. Consiste de entrevista e cursos rápidos relacionados à área de atuação. Vencida estas fases, o candidato recebe por e-mail informações relativas ao cargo, lugar de atuação, escala de trabalho e credenciamento. A partir daí, está pronto para atuar. Para alguns cargos é imprescindível conhecimentos de Inglês. Nesse caso, a organização disponibiliza um treinamento online da língua estrangeira. Os voluntários podem ser escalados para atuar em outros estados participantes dos jogos, além do Rio. Os cargos disponíveis são nas áreas esportiva, tecnológica, produção, saúde, imprensa e comunicação, entre outras. A organização das Olimpíadas oferece 15% de desconto nas passagens numa companhia aérea nacional. Durante os eventos são oferecidos alimentação e uniforme completo. Ao �inal, o voluntário recebe um certi�icado, mas o bene�ício mais importante, sem dúvida, é a múltipla bagagem cultural e a experiência.


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Rugby volta aos Jogos Olímpicos após 92 anos Na Rio-2016 será disputada a modalidade sevens; a escolha foi feita pelo Comitê Olímpico Internacional JOSÉ NETO/FOTOJUMP

Os jogos ocorrerão no estádio de Deodoro, zona norte da cidade; haverá torneios masculino e feminino

FOTOS: JENNIFER OLIVEIRA

JENNIFER OLIVEIRA

JENNIFER OLIVEIRA

RAFAEL SILVA

NATALIE BEHRING

J������� O������� O rugby voltará às Olimpíadas Rio 2016 depois de �icar 92 anos fora do maior evento esportivo do planeta. Entre a estreia em 1900 e a última participação em 1924, ambas em Paris, o rugby participou de quatro edições dos Jogos. Nas primeiras participações, o esporte foi disputado com 15 jogadores, porém em 2016 o Comitê Olímpico Internacional (COI) optou pela modalidade “Rugby Sevens”, em que cada time compete com apenas sete jogadores. Os jogos ocorrerão no estádio de Deodoro, zona norte do Rio. O torneio contará com provas masculinas e femininas. O “Rugby Sevens” é jogado com uma bola oval, que deve ser conduzida pelo time na direção do campo adversário, dando passes sempre para trás, até alcançar a meta. Os atletas não usam proteção.

“É um esporte novo para mim e acredito que para muitas outras pessoas”, a�irma Samuel da Silva

“O rugby geralmente é apresentado a alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio”, explica Milton Júnior

O Brasil entra no torneio com chance remota de medalha, pois o esporte não tem muita tradição aqui. O site da Rio-2016 mostra que os maiores medalhistas são a França, os EUA e a Inglaterra. Apesar disso, os brasileiros praticantes do esporte estão con�iantes. Para Vandão Miranda, entrevistado via internet, capitão do Alto Tietê Rugby (ATR), de Mogi das Cruzes, a Confederação Brasileira

de Rugby criou as condições para que jogadores possam focar no torneio e aproveitar a vantagem de jogar em casa. “Acredito que o maior objetivo seja provar que nosso país pode ter um nível bem competitivo e que independentemente de ser o país sede, o time está à altura dos Jogos”, destaca. De acordo com Vandão Miranda, a volta da modalidade aos jogos olímpicos é importante para o

Seleção feminina de rugby do Brasil

Time paralímpico estará na Rio-2016

avanço do esporte no Brasil. “Apesar de aqui ainda ser disputado de forma amadora, alguns jogadores de alto rendimento estão recebendo uma ajuda �inanceira, o Bolsa Atleta, e em alguns pontos do país foram criados centros de treinamentos especí�icos. Com isso, o interesse pelo rugby tem aumentado”, a�irma. Samuel da Silva, 43 anos, nunca assistiu uma partida de rugby. “É um esporte novo para mim e acredito que para muitas outras pessoas. Em agosto vou poder ver nas Olimpíadas e será muito bom conhecer o funcionamento, as táti-

cas e o desempenho dos jogadores. O mais legal é que tudo isso acontecerá aqui no Brasil, pela primeira vez na América do Sul, o que será realmente inesquecível”, destaca. Em algumas escolas, o rugby é praticado como atividade �ísica complementar. Nesses casos, é feita uma adaptação nas regras, por tratar-se de um esporte com muito contato �ísico e alto risco de lesões. Segundo Milton Júnior, professor de Educação Física, “o rugby geralmente é apresentado a alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, como forma de conhecimento lúdico”.


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Fluência em inglês leva voluntários à Rio-2016 Conhecimento de segundo idioma é diferencial entre o voluntásios do evento. Inglês é o mais procurado J������ G������� � M����� D�� Em agosto, a competição mundial mais aguardada pelos amantes de esportes terá início no Brasil. Serão 14 mil atletas representando 206 países. Para facilitar a interação entre tantas etnias e idiomas, voluntários que atuarão nos jogos terão que utilizar outros idiomas, principalmente o inglês. De acordo com a assessoria dos Jogos Olímpicos 2016, o comitê organizador é composto por 87 mil pessoas e, dessas, 50 mil são voluntárias vindas de 156 países. Para integrar esse grupo, cada voluntário passou por uma série de entrevistas com pro�issionais do Programa de Voluntários dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O critério para seleção era ser maior de 18 anos, mas alguns dos 502 cargos exigem �luência na língua inglesa.

tirá que pratique outros idiomas. “Decidi me voluntariar porque achei que era uma boa ocasião para treinar meu conhecimento nas línguas que já havia estudado, além de ser uma experiência que acrescentará muito ao meu currículo”, diz. Fazer parte do grupo de voluntários possibilita que pessoas de diferentes lugares façam parte da história do maior evento esportivo. A �luência em outras línguas, principalmente o inglês, ajuda a garantir essa oportunidade. “Falar outro idioma é sempre bem-vindo”, garante a organização. Há dois anos ministrando aulas de inglês em uma escola de idiomas de Mogi das Cruzes, a bióloga e professora Paula Carvalhal percebe que a necessidade de �luência em inglês é percebida cada vez mais cedo pelos pais e, inclusive, pelos �ilhos. “As crian-

“(...) o inglês acaba se tornando essencial, uma vez que se torna um facilitador na socialização” Paula Carvalhal, professora de inglês

Carolina Kiuchi é estudante de jornalismo na Universidade de Mogi das Cruzes e atuará como voluntária nas Olimpíadas. Além da �luência em inglês, a estudante também fala japonês, espanhol e alemão e, por isso, escolheu atuar na área de protocolos e idiomas, recepcionando atletas e comissões brasileiras e estrangeiras no aeroporto de São Paulo. Para Carolina, participar do evento é uma ótima oportunidade tanto pro�issional quanto acadêmica, pois permi-

ças têm contato constante com o idioma, o que faz com que tenham interesse em aprender”, conta. “Além disso, o cenário atual exige conhecimento em uma segunda língua, assim, o inglês acaba se tornando essencial, uma vez que se torna um facilitador na socialização, como visto em eventos mundiais”, completa. Desde 1988, a organização dos Jogos Olímpicos oferece cursos de capacitação em inglês aos voluntários dos Jogos Olímpicos através

JÉSSICA GIDORINI

A universitária Carolina Kiuchi atuará na área de Protocolo e Idiomas, recepcionando delegações e atletas em São Paulo

da Education First (EF). Neste ano, um milhão de pessoas receberam o treinamento que dura cerca de um ano. Segundo a assessoria do evento, o curso visa também atender o público variado que os Jogos atraem.

Áreas de atuação Os 50 mil voluntários estão distribuídos entre 502 cargos que envolvem diferentes competências, como o conhecimento em saúde, computadores, administração e logística. Também há espaço para quem tem a�inidade com esportes, comunicação e diferentes

idiomas. Os cargos estão subordinados a nove áreas de atuação: – Serviços de saúde: – Esportes; – Imprensa e Comunicação; – Apoio Operacional; – Protocolo e Idiomas; – Transportes; – Atendimento ao público; – Tecnologia; – Produção de cerimônias.

Lista de Espera Quem quer trabalhar como voluntário no evento, mas perdeu o prazo de inscrição, pode se cadastrar na lista de espera. As exigências são as mesmas e os voluntários �icam à disposição caso haja alguma desistência ou imprevisto. O cadastro pode ser realizado pelo site o�icial dos Jogos Rio 2016, ou pelo telefone 3004-2016.


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Peripécias olímpicas de um repórter curioso

Presente em cinco Olimpíadas, o jornalista Marcelo Duarte relata curiosas experiências e boas histórias Autor da série de sucesso “Guia dos Curiosos”, que resgatou o gênero almanaque no país, Marcelo Duarte, 51, cobriu cinco Olimpíadas ao longo da carreira. Formado em 1985, pela Escola de Comunicação e Artes da USP, começou a trabalhar na revista Placar, um ano antes. Também passou por veículos como Veja São Paulo e Playboy. Até a Copa de 2014, trabalhou na ESPN Brasil, onde comandou o programa “Loucos por Futebol”. Atualmente apresenta programas nas rádios Bandeirantes e Band News FM. Ele recebeu o Página UM na sede da sua editora, a Panda Books, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. JOÃO RENATO AMORIM

J��� R����� A����� Página UM: O que é o “Guia dos Curiosos”? Quantas edições foram publicadas? Marcelo Duarte: O guia nasceu em maio de 1995. É uma reedição dos almanaques, que foram grande referência nos anos 50, 60 e 70, muitos de laboratórios farmacêuticos. O primeiro tinha temas escolhidos para contar curiosidades que as pessoas pudessem usar em trabalhos escolares, redações de jornal ou mesmo nas discussões de domingo, na hora do almoço. O guia virou uma série, hoje são nove volumes. O segundo foi de Esportes, que é uma coisa que sempre gostei e acabou gerando mais dois: o de Copas e o de Olimpíadas. PAGUM: Qual foi a primeira Olimpíada que você cobriu? E o fato mais marcante? MD: Meu primeiro emprego foi na revista Placar. Isso foi em 1984. E ela queria falar de todos os esportes. Eu era estagiário e por isso me mandaram cobrir esportes menos importantes. Acabei adquirindo esse conhecimento, que foi muito útil nos Jogos de 1988, em Seul (Coreia do Sul). Foi incrível, mas desgastante. O mais marcante foi o Ben Johnson, eu estava no estádio e a vitória dele foi um espanto. Naquela mesma noite circulou a

notícia de que ele tinha corrido dopado. PAGUM: Em quais outras Olimpíadas você atuou? MD: A de Atlanta (EUA) em 1996 eu cobri para a Placar. Em 2002 comecei a fazer alguns programas na ESPN-Brasil. E começaram a ver que esse meu lado curioso funcionava na hora de contar histórias do lugar. Em 2004 vi pouquíssimas competições. Meu trabalho consistia em contar histórias de Atenas. Trabalhei junto com a minha esposa, ela como câmera, eu como repórter, e nós não éramos casados no papel. A gente preparou uma reportagem para o casamento. Isso rendeu um especial na ESPN chamado “Casamento Grego 2”. Eu cobri mais duas Olimpíadas fazendo isso, que foi o “Pequim de A a Z”, em 2008 e “Londres de A a Z” em 2012. Aliás, este foi um trabalho muito bom. PAGUM: Você vai cobrir a Rio2016? MD: Recebi algumas propostas, mas tomei a decisão de apenas assistir com minha família. Achei que estava devendo. Comprei ingressos desde vôlei até luta livre. PAGUM: Qual o maior aperto que você já passou em Olimpíadas? MD: Na Olimpíada de Seul, lembro de estar no Centro de Imprensa e ter �icado tão cansado que dormi, e acabei batendo com a testa no teclado da máquina. Levantei e comecei a ver sangue, pois tinha cortado a testa. Eu tinha horário do voo para ir embora. Embarquei e não me lembro de nada, nem da conexão. Apaguei completamente. PAGUM: Voltando a falar do casamento em Atenas. Qual a sensação de ao mesmo tempo fazer algo que gosta e ter essa experiência pessoal? MD: O bacana é que achei uma

grande ideia. Todo dia a gente gravava alguma coisa. Tinha um coral de senhores cantando músicas gregas, o padre falando em inglês e outro traduzindo para o português. Os convidados eram basicamente a equipe da ESPN e a da TV Cultura. PAGUM: Quais os seus atletas favoritos, independentemente do esporte? MD: Eu gosto de boas histórias, de histórias curiosas e nas Olimpíadas têm muitas. Eu já cobri Copa e Olimpíada. A Copa tem um charme maravilhoso por ser o futebol o esporte que é, agora as Olimpíadas são uma coisa espetacular, porque ela acontece em apenas uma cidade. Você vê gente do mundo inteiro. Por isso que falei para minha família: “vamos lá”. Porque você nunca sabe se vai ter oportunidade de viver esse espírito olímpico em outro país. É uma chance que a gente nunca mais vai ter de uma Olimpíada perto de casa. PAGUM: E sobre os jogos do Rio? Acha que teremos um bom desempenho? MD: Na teoria acho que sim, o atleta se supera com essa coisa de estar disputando em casa. Agora, ao contrário da Copa, que você quer que seu país seja campeão, na Olimpíada você quer ver as grandes estrelas. Acho que a Olimpíada te permite curtir o esporte de outro jeito. PAGUM: Os jogos deixarão algum legado? MD: Muito menos do que se esperava. E mais, não �ica o legado esportivo, o Brasil não vai virar um país olímpico. Durante a competição, o país começa a se interessar por esportes que nunca acompanhou. Se ganhar alguma medalha, vai entrar para a história e se for mal, as pessoas param de acompanhar logo depois.


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Paralimpíada inspira superação Suzanense disputará Jogos Paralímpicos

Competição contará com 23 esportes adaptados CBCA/DIVULGAÇÃO

Atleta ficou de fora de Londres-2012, mas desta vez garantiu vaga para o Rio LUCAS DE ALMEIDA

Para chegar ao pódio nas Paralimpíadas, Gizele (centro) treina intensamente

L���� �� A������ Canoagem é uma das estreias nas paralímpiadas e Fernando Fernandes (foto) é uma das apostas principais no esporte

L����� P������ Logo após os Jogos Olimpícos Rio-2016 ocorrerão as Paralimpíadas. Atletas de 176 países estarão no Rio de Janeiro entre os dias 7 e 18 de setembro mostrando superação em 23 esportes adaptados. Apesar de ambos os jogos – olimpíadas e paralimpíadas – terem os mesmos esportes, há algumas diferenças. Na verdade, diferenças bem visíveis e necessárias. Tudo isso, para garantir o melhor rendimento do atleta paralímpico. Entre os 23 esportes das paralimpíadas, há os mais comuns e bem parecidos com os convencionais, como o atletismo, o basquete, o futebol, a natação, e outros, cada um com sua adaptação. Segundo o coordenador e professor do curso de Educação Física da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Luiz Peruchi, a atividade �ísica é essencial tanto para de�icientes quanto para não de�icientes. “Independentemente

de qual seja a de�iciência, a atividade �ísica é necessária, sendo que em alguns casos é ainda mais importante”, disse. O especialista alerta que, em alguns casos, a falta de exercícios pode piorar o condicionamento �ísico geral da pessoa. “É algo que acontece principalmente quando a de�iciência não é congênita”, a�irma. Evelyn Oliveira, aluna de Publicidade e Propaganda da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), pratica bocha adaptada desde 2010. Ela integra o time do SESI-SP e sonha em representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos. Há seis anos ela trabalha neste objetivo. “Tenho a esperança de que os jogos deixem um legado, e que a superação dos atletas passe uma mensagem positiva e de motivação através do esporte”, a�irma. Ela participa de competições em todo o país e no ano passado foi para o Canadá. Na bocha adaptada, os atletas se locomovem em cadeiras de rodas e podem lan-

çar as bolas usando as mãos, os pés, instrumentos auxiliares e até mesmo ajudantes.

Modalidades adaptadas A canoagem adaptada passará a integrar as Paralimpíadas no Rio de Janeiro. O esporte ainda é muito novo, mas conta com competidores em diversos países. As canoas são adaptadas conforme as necessidades dos atletas. O brasileiro Fernando Fernandes é uma das principais apostas para a Rio-2016. O futebol, esporte mais popular do planeta, será disputado nas modalidades Futebol de 5, para atletas com de�iciência visual, e Futebol de 7, para atletas com paralisia cerebral. O hipismo adaptado, como na versão convencional, envolve o uso de cavalos. A pista recebe adaptações, como sinalização sonora para orientar atletas com de�iciência visual e rampas de acesso para atletas com mobilidade reduzida.

A levantadora suzanense Gizele Maria da Costa Dias, 38 anos, disputará os Jogos Paraolímpicos 2016 pela modalidade vôlei sentado. A convocação ocorreu em maio, e essa será a primeira participação da atleta em Paralimpíadas. Em 2012 ela foi pré-convocada, mas acabou cortada. A jogadora tem altas expectativas e o retrospecto a favorece. Ela já venceu diversos torneios importantes com a Seleção Brasileira de volêi adaptado, entre os quais dois vice-campeonatos nos Jogos Parapan-Americanos (2011 em São Paulo e 2015 em Toronto) e o terceiro lugar no Torneio Intercontinental, realizado no início deste ano na China. Segundo Gizele, a emoção de defender o país é enorme. “É maravilhoso saber que vou jogar uma das principais competições do mundo. O nível será altíssimo. Pretendo fazer meu melhor para levar o grupo ao pódio e deixar toda nação brasileira feliz”, a�irma. Em 2007, a levantadora torceu o joelho esquerdo jogando o vôlei

tradicional, rompeu o ligamento e �icou um ano sem jogar. Na época, foi feito cirurgia para �ixação do ligamento, seguida de tratamento com �isioterápico. Porém, após seis meses de tratamento, descobriu que não poderia mais jogar porque, durante a operação, o nervo �ibular sofreu uma lesão traumática – impedindo a �lexão e a extensão do pé. A carreira no vôlei começou em fevereiro de 2010 pelo Sesi São Paulo. No mesmo ano, em outubro, foi chamada para atuar na Seleção. Gizele manda um recado para todos os cidadãos: “Conviver com pessoas amputadas e lesionadas foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Antes de sofrer o acidente, eu reclamava muito de tudo. Com eles, aprendi a valorizar as coisas simples da vida. Estar com eles todos os dias é uma alegria sem tamanho. Para aqueles que são de�icientes e estão perdidos sem saber o que podem fazer, aqui está um grande exemplo e tenho certeza de que o esporte pode lhes trazer muita alegria”.


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Como esportes se tornam olímpicos? Atleta contorna obstáculos Golfe e rugby foram incluídos; beisebol e softbol saíram

e tem vitórias no atletismo

MAGDA NATHIA

EWELIN ALVES

Resultados do Opean Internacional podem colocar Jaqueline na Paralimpíada

EWELIN ALVES LARISSA NOBREGA Fátima dos Anjos, atleta do Kung Fu e integrante da Seleção Brasileira, sonha com o reconhecimento do esporte

M���� N����� Com a chegada dos Jogos Olímpicos Rio-2016, a ansiedade de quem espera acompanhar o desempenho de seus atletas favoritos e ver as disputas de esportes que nem sempre estão na mídia, só aumenta. Mas já percebeu que nem todo esporte faz parte dos Jogos Olímpicos? Se as Olímpiadas são o maior evento esportivo do mundo, por que nem todos os esportes estão representados? Ou ainda, porque alguns esportes que eram olímpicos deixaram de ser? Calma, parecem questionamentos demais, mas acredite, para cada um deles há uma resposta bastante plausível. O Comitê Olímpico Internacional (COI), é o órgão responsável pela admissão de novas modalidades nos Jogos. É ele que avalia quais esportes permanecem e quais devem sair. Para que uma modalidade seja aceita, ela precisa ser praticada nos quatro continentes. Se o esporte for

masculino, deve haver praticantes em no mínimo 75 países; caso seja feminino, o número cai para 40 países. Essa determinação assegura que os esportes olímpicos sejam populares, atraindo a atenção das pessoas, da mídia e dos patrocinadores. No entanto, para um esporte ser admitido, outro deve sair. A�inal, se houvesse apenas inclusões, o evento se tornaria excessivamente longo e exigiria a participação de muito mais gente na organização, di�icultando o desenvolvimento e a gestão deste que é o maior evento esportivo do mundo. No Rio-2016, foram incluídos golfe e rúgbi. Beisebol e softbol deixaram a competição. A entrada de um desporto nas Olímpiadas não signi�ica sua permanência. O tênis, por exemplo, já entrou e saiu algumas vezes. Ele fez parte dos Jogos de 1896 a 1924. Em 1968, reapareceu como um esporte de exibição, e desde 1988 se �ixou como esporte olímpico.

As decisões do COI são aguardadas com muita ansiedade pelos atletas que sonham em disputar as Olímpiadas, mas cujos esportes não são reconhecidos como modalidade Olímpica. É o caso de Fátima dos Anjos, praticante de Wushu (Kung Fu), indicado para as Olímpiadas de Tóquio-2020, mas recusado. O Comitê Organizador de Tóquio-2020 pediu reconsideração da decisão, mas ainda não obteve resposta. A expectativa é que o Wushu seja anunciado pelo COI em agosto deste ano como esporte de exibição. “São idas e vindas do Kung Fu na tentativa de se tornar um esporte olímpico. Quem sabe consigamos em 2020 a tão esperada participação olímpica, como esporte de demonstração”, a�irma a lutadora que atualmente treina com a Seleção Brasileira de Kung Fu. O Kung Fu promoveu um torneio alternativo em Pequim-2008, durante a realização dos Jogos Olímpicos na China.

A mogiana Jaqueline Gonçalves, 20 anos, é a primeira atleta da cidade a ser convidada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro para participar do Open Internacional Caixa-Loterias 2016, evento que serve como teste para os Jogos Paralímpicos. A competição que reuniu paratletas de 23 países ocorreu entre os dias 18 e 21 de maio. Jaqueline nasceu com paralisia cerebral e tem o lado direito do corpo comprometido. Contudo, há mais de 15 anos ela treina no Clube Náutico Mogiano. A relação com os esportes começou com �isioterapia e natação. Após apresentar bom rendimento nas piscinas e os treinadores perceberem o potencial dela como atleta, ela passou a treinar e as 100 e 200 metros rasos, além de salto à distância, lançamento de dardo e arremesso de peso. Os primeiros resultados surgiram em competições regionais e Jogos Abertos do interior de São Paulo. Em 2015 ela ganhou três medalhas de bronze, e em 2016 foram três medalhas de ouro nas

modalidades de 100 e 200 metros rasos e no salto à distância. Foi por esses resultados que recebeu o convite para participar do evento-teste no Rio de Janeiro. Por não contar com patrocínio, a viagem da atleta ao Rio de Janeiro só foi possível graças à ajuda da equipe e dos alunos da Faculdade Náutico. Para a treinadora Maria de Lourdes Rocha, a atleta tem muito potencial. “Ela é muito esforçada. Eu pego pesado nos treinos, que são necessários para que ela consiga obter bons resultados”. Participar do Open Internacional é uma grande conquista para qualquer atleta. Jaqueline obteve resultados excelentes no Rio de Janeiro, �icando em 4° lugar no arremesso de peso e ganhando a medalha de bronze no lançamento de dardo. “Estou muito emocionada. Sabemos que não é fácil chegar onde eu cheguei. Pensei em desistir várias vezes, mas tenho muito que brilhar. Minha carreira está só começando. ” Com a classi�icação obtida evento-teste, a atleta mogiana tem grande chance de representar o Brasil nas Paralímpiadas de 2020.


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Ginástica Rítmica: a dança como esporte A leveza dos movimentos das atletas esconde o rigor dos treinamentos e as dificuldades do esporte ALEXANDER KLEIN / AFP

M���� N��������� T���� S���� Com encantamento causado pelo �igurino, por �itas de cetim e pela elegância das atletas, um esporte promete se destacar na Rio-2016. Trata-se da ginástica rítmica, que une esporte e dança, e tem grande chance de conquistar medalha para o Brasil. Diferentemente da ginástica artística, a ginástica rítmica é praticada apenas por mulheres. Outras diferenças, segundo o professor de Educação Física Eduardo dos Santos, é que a ginástica rítmica é coreografada, usa bola, arco, �ita e maças como aparelhos, enquanto a ginástica artística gira em torno dos aparelhos: argolas, barras paralelas simétricas e assimétricas, traves, salto sobre a mesa e solo. “A prática da ginástica rítmica melhora a �lexibilidade, força, equilíbrio e coordenação motora”, a�irma o professor. Como todo esporte, a ginástica rítmica exige muita dedicação. Beatriz Fernandes, ginasta de 17 anos da cidade de Guararema, é prova disso. Ela pratica o esporte desde os 12 anos, já participou de sete competições, e conquistou medalha em duas como ginasta destaque. Assim como toda iniciante, Beatriz cultivava um belo sonho olímpico. “O sonho de toda menina que pratica um esporte e ama a modalidade é par-

A ginástica rítmica é a sincronia da arte da dança com o esporte. A polonesa Anna Czarniecka (foto) é um dos atuais destaques na modalidade

“A busca pelo movimento perfeito é nosso anseio” - Beatriz Fernandes

ticipar dos Jogos Olímpicos”, a�irma. Contudo, a falta de investimentos públicos no esporte e de patrocínio para atletas torna tudo muito di�ícil. Beatriz conta que sofreu uma lesão que prejudicou ainda mais sua carreira. "Para as meninas da Seleção Brasileira há uma boa estrutura, mas para quem está começando ou participando de competições pequenas, é bem complicado”, a�irma. Apesar das di�iculdades, o sonho olímpico não se extinguiu. “Hoje tenho outros interesses, e no momento meus sonhos não são mais para mim mesma, mas para quando eu tiver uma �ilha. Vou incentivá-la desde pequena, e sei que ela precisará, pois no Brasil é muito di�ícil viver do esporte". Beatriz está otimista sobre as chances da Seleção Brasileira no Rio: “As meninas estão muito bem, e têm grande chance de medalha em conjunto”.

Os deuses das Olimpíadas Rio-2016 YOUTUBE.COM

PT.WIKIPEDIA.ORG

V������ S������

Desde os antigos gregos que a cultura ocidental considera a perfeição dos corpos como algo desejável. Os padrões de beleza atuais são inspirados nessa tendência. O corpor escultural representa bem estar �ísico, saúde, sucesso, daí ser considerado belo. Passaram-se os séculos e a relação entre esportes e culto à perfeição dos corpos continua. Nos Jogos Olímpicos, enquanto alguns estarão concentrados no desempenho olímpico, outros vão �icar de olho na beleza dos atletas. Veja a seleção de musos e musas olímpicos que preparamos para você. Aprecie. :)

FLICKR/WORLDSERIESBOXING

Hugo Parisi representará o Brasil nos saltos ornamentais. Ele tem 31 anos, mede 1,73 m e pesa 68 kg.

COMMONS.WIKIMEDIA.ORG

Darya Klishina também é russa, tem 25 anos, mede 1,8 m e pesa 57 kg. Ela é atleta do salto em distância. YOUTUBE.COM

EN.WIKIPEDIA.ORG

Serena Williams é a preferida dos norte americanos no tênis. Ela tem 34 anos, mede 1,75 m e pesa 70 kg.

O boxista italiano Clemente Russo arrasa dentro e fora do ringue. Ele tem 33 anos, mede 1,81 m e pesa 91 kg.

A tenista russa Maria Sharapova, arrasa nas quadras de tênis do mundo inteiro. Ela tem 29 anos, mede 1,88 m e pesa 59 kg.

O judoca francês Teddy Riner tem 27 anos, mede 2,04 m e pesa 131 kg.


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Pugilista é uma grande promessa do Alto Tietê Graziele de Jesus começou no esporte por causa do seu irmão. Atleta disputou o Mundial no Cazaquistão G������� �� S���� T����� C������ P����

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Graziele de Jesus é pugilista há oito anos. Tudo começou por in�luência do irmão dela, que treinava boxe, e dos convites do treinador Anderson Firmino. Certo diz ela decidiu fazer uma aula teste e não parou mais. Graziele disputa pela categoria mosca (51 kg) e atualmente é a primeira colocada no ranking da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). Grazi treina todos os dias com a Seleção Brasileira. A dura rotina é seguida sistematicamente pela atleta há três anos, mas ela a encara com satisfação. ''Todo meu tempo é dedicado ao esporte. Hoje o boxe é minha pro�issão". Em março deste ano, Grazi disputou na Argentina o torneio Pré-Olímpico Continental, no qual foram disputadas duas vagas para os jogos Rio-2016. Grazi �icou em 3º lugar, após perder nas semi�inais para a canadense Mandy Bujold. No

mês passado, ela disputou o Mundial Feminino de Boxe, em Astana, no Cazaquistão, mas acabou perdendo na estreia. Uma boa classi�icação no campeonato valeria vaga para as Olimpíadas. A lutadora precisava que a canadense Mandy Bujold e a colombiana Ingrit Valencia chegassem ao pódio, porque ambas já têm vaga garantida. Infelizmente isso não ocorreu. O pai de Graziele, Roberto Osório de Sousa, se mostra muito empolgado com a �ilha: ''Grazi sempre foi uma garota dedicada e persistente. O ideal teria sido classi�icar no Continental, mas não foi dessa vez'‘. Perguntado sobre o que acha de ter uma �ilha pugilista, Roberto responde prontamente: “No começo não gostei muito da ideia de ver o pessoal batendo na minha �ilha, e �icava muito preocupado ao vê-la machucada. Mas ela ama o esporte, então tudo bem". Apesar da frustração de não ter conquistado uma vaga para os Jogos Olímpicos, Grazi não desanima: “Independentemente do resultado no mundial, os treinamentos não vão parar. Infelizmente não foi o resultado que eu esperava, mas vou trabalhar forte para as próximas competições”, garante.

"Meu tempo é dedicado totalmente ao esporte. O boxe é minha profissão".

Lutadora mogiana Graziele de Jesus disputou PréOlímpico na Argentina e o Mundial Feminino de Boxe no Cazaquistão

Fisiculturismo busca status de esporte LEONARDO CARLOS PABLO JANUÁRIO Praticantes e fãs de Fisiculturismo lutam pela inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos. Embora praticado no mundo todo e com presença garantida nos Jogos Pan-Americanos e Asiáticos, algumas pessoas sequer o consideram como esporte. A dúvida quanto ao status de esporte não impede a realização de competições para escolher quem tem os músculos mais desenvolvidos. Um dos eventos mais famosos é o Arnold Classic, idealizado e apadrinhado pelo ator e ex-�isiculturista austríaco Arnold Schwarzenegger. Em uma enquete realizada com alunos da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), 63% dos respondentes, do total de 50, disseram que não consideram a prática como esporte. Delso Júnior, 23 anos, �isiculturista, também respondeu à enquete, e para ele não há dúvida: é esporte sim. "As pessoas acham que o �isiculturista é viciado, dependente de esteroides anabolizantes. O que não sabem é que são sequidos procedimentos rígidos, que os atletas são acompanhados por nutricionistas, médicos e outros pro�issionais. Há todo um cuidado para que o atleta não seja prejudicado e não tenha a sua saúde dani�icada”, a�irma. Segundo Delso, para se tornar esporte olímpico o Fisiculturismo precisaria sofrer modi�icações para evitar o antidoping. "Isso mudaria muita coisa, e os atletas se apresentariam com menos massa muscular e corpo bem menor".


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Larry: “Amo o Brasil e não pretendo ir embora” Receptividade e gastronomia brasileira fizeram o estadunidense Larry Taylor sentir-se em casa

A

os 35 anos, Larry Taylor, armador do time de Mogi das Cruzes, é uma das principais estrelas do Novo Basquete Brasil (NBB), a liga o�icial do esporte no país. Em entrevista exclusiva ao Página UM, ele fala sobre a carreira esportiva e o processo de naturalização que o fez “ainda mais brasileiro”. FOTOS: NICHOLAS MODESTO

tados Unidos vê-los. Eles �icaram tristes, então eu expliquei que não seria assim. Tudo foi muito tranquilo, tanto que, hoje, muitas pessoas da minha família torcem para o Brasil, no basquete e em vários outros esportes. PAGUM: Tem algo que você goste no Brasil e gostaria de levar para os EUA? LT: Ah, feijoada (risos). Eu gosto da comida, gosto dos churrascos, das caipirinhas, da música também. Mas o que mais gostei

quando cheguei aqui foi das pessoas. Nos Estados Unidos elas são mais frias, no Brasil me tratam com muito carinho e eu �iquei apaixonado por isso. PAGUM: E algo dos EUA que você traria para o Brasil? LT: Também vou falar de alguma coisa de comer, porque sou “gordinho” (risos), e têm uns restaurantes de lá que eu gosto, como o Chipotle, de Chicago. Sou viciado nas comidas de lá e acho que deveria ter no Brasil.

Jogo rápido

Um filme? Um time? Uma comida? Uma pessoa?

Além da habilidade, o armador mogiano recém convocado para os jogos olímpicos ganha a torcida com seu carisma

HENRIQUE MOREIRA NICHOLAS MODESTO Página UM: Quem é Larry Taylor? Larry Taylor: Tenho 35 anos, e defendi o Brasil nas Olimpíadas de 2012. Joguei seis anos em Bauru, agora estou jogando pelo Mogi das Cruzes. Sou brasileiro naturalizado, mas nasci em Chicago, nos Estados Unidos. PAGUM: Como surgiu seu interesse pelo basquete? LT: Quando era criança comecei a assistir jogos do Chicago Bulls pela televisão. Vi o Michael Jordan jogar e virei fanático por basquete (risos). Desde aquela época, nunca mais larguei o esporte. Nos Estados Unidos, joguei no “High School” (equivalente ao ensino médio), na Liga Universitária

e depois saí do país. Fui para o México, para a Venezuela e depois vim para o Brasil. PAGUM: Por você saiu dos Estados Unidos, a “capital” do basquete, e veio jogar em outros países? LT: Nos Estados Unidos só tive ofertas de ligas inferiores à NBA. Tive propostas da “D League” (liga de base). Mas eu queria ter outra experiência, sair do país, e para mim tudo deu mais certo em outros países. PAGUM: Após México e Venezuela, por que vir para o Brasil? LT: Surgiu uma proposta em 2008 de jogar no Brasil e, como eu sempre quis conhecer o país, achei que deveria vir por um ano e depois ir para outro lugar. Mas acabei �icando apaixonado por aqui, e por isso estou até agora.

PAGUM: Como surgiu a oportunidade de se naturalizar e fazer parte do elenco da Seleção Brasileira? LT: Em 2011, o pessoal da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) veio me perguntar se eu gostaria de jogar pela Seleção Brasileira. Eu estava no Brasil há três anos, então pensei: “Estou amando o país e não pretendo ir embora”. Achei que era um jeito de mostrar o amor que eu tenho pelo país. Aceitei o convite, e �iz o processo de naturalização. Meus familiares me deram muito apoio. Meus irmãos não entenderam o signi�icado disso, acharam que me nacionalizando brasileiro eu não poderia mais ir para os Es-

“A Hora do Rush” Chicago Bulls Lasanha Josh, meu filho


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