ENS - Carta Mensal 1956-5 - Agosto

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Secretariado

KERSAL

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S.Paulo, Agosto de 1956 •

.!}TO IV- n2 5

DEVEMOS NO'S PROCURAR A FELICIDADE ? E. de V. E'trad.icional entre ·os cristãos do Oriente, no dia da Páscoa, saudarem-se cheios de entusiasmo, com e;:;tas simples palavras: "Cristo ressuscitou. Sin,reosueo1tou verdadeiramente!"· E' um grito de alegria incontida. Um grito de felicidade.Al<::- · gria e felicidade de que, aliás, toda a liturgia da Páscoa esta impregnada, 56 se encontram nela palavras de doçura, de ebriedade, de alegria, de transportes de felicid,! de... Cristo venceu a morte e com ela, a tristeza e. as lágrimas. Uma esperança imensa nos ~ dada e com ela, o penhor da .felicidade, A própria criação, nos diz São Paulo, espera com impaci~ncia ser glorificada conosco. O mist~rio pascal atinge o mais profundo de nosso ser. Responde ~ ~cia incoercivel de felicidade entranhada em nossos corações. E' a aurora que dissipa a noite ••• e sabemos bem, pela pr6pria experi~ncia 9 que os grandes momentos de alegria de nossa vida, revestiram precisamente este aspeto de luz fulgurante em meio ~s trevas, do expandir de todo o nosso íntimo sob um s61 de glória. Estas reflexões, feitas a mim mesmo no alvorecer do dia de ?áscoa, me sugeriram a indagação que 3ncabeQa estas linhas: Devemos n6s procurar a felicidade? Como duvidar? Sim, somos feitos para a felicidade, A certeza da Ressurreição do Cristo, é também a certeza da alegria que nos espera, a certeza de que devemos abrir-lhe largamente os nossos corações quando ela se apodera de n6se E' o maior dom que Deus possa nos fazer e não há atitude menos cristã do que a de certos espiritos melancólicos que p~recem entristecer-se quando a felicidade se lhes apresenta. E no entanto, não posso . negar que, mesmo nessa manhã de Páscoa, tive a tentação de abrir este editorial com as palavras de um escritor contempor~eo 1 não susp ~ ~to de heresia e nem infenso à felicidade: 11 Nada há para que o homem tenha sido menos feito do que a felicidade". Verdadeiro paradoxo, esta fraze. Paradoxo entretanto que pod.J3mos interpra ... t •,r c 0 mo segue: O OBJ~TIVO DE NOSSA VIDA NÃO E' A PROCURA DA FELICID~,i EMBORA PARA Ciu\ S&i.AMOS FEITOS. Não se trata de uma distinção escolástica, mas de uma verdade que a experiencia confirma. Passemos em revis~a todas as nossas recordações à luz deste pensamento afim de melhor compreendê-lo. Cada vez que·fazemos esforços; que nos vencemos, em outras palavras, cada vez que nos esquecemos de nos mesmos, que ultrapassamos os estreitos limites de nosso pequenino eu, saboreamos a alegria, ou, pelo menos, a sua anteci ·Jação na terra: a paz do coração.


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