ENS - Carta Mensal 1963-11 - Novembro

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Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora NOVEMBRO 1963 Editorial Aos murmuradores O Espírito Santo na vida do Cristão Estrutura do Movimento no Brasil Cursos de PreP'aração ao Casamento Preparando a reunião de balanço Oração para a próxima reunião

O que vai pelas Equipes - Através do mundo; França - Vida do Movimento Deus chamou a si Calendário- Instalação do Setor R Reunião de Assistentes. Publicação mensal dos Equipes de Nossa Senhora Coso I Responsável: Grocinho e Antonio D'Eiboux Redação e expedlç&: Rua Poroguoçó, 258 - 52-1338 São Paulo lO - SP Com aprovação eclésióstico


EDITORIAL

AOS MURMURADORES

Sob o violento impacto dos Bárbaros, desmoronava-se o impeno romano. Um homem que vivia solitário numa gruta, é procurado por alguns moços, ávidos de sabedoria e de santidade cristã. Sentiu-se êle nn dever de lhes dar uma regra. Redigiu-a calcada na sua experiência espiritual e naquilo que se pode chamar seu genro. E êsse texto , que impresso tem apenas uma centena de páginas, não cessou, há 1 6 séculos, de inspirar e animar a vida religiosa de inúmeros mosteiros que nêle se basearam , em todas as partes do mundo. Relí-o ultimamente. Uma ve:a: mais fiquei impressionado pela sua sabedoria e moderação , mas, de modo particular, chamou-me a atenção o vigor com que São Bento, estigmati:a:a um defeito que, à primeira vista , parece benigno: a murmuração. Pode acontecer que no mosteiro falte o vinho; que os monges "bendigam a Deus e se guardem de murmurar, lhes p·ede Bento, porque, acima de tudo , nás os advertimos para que se abstenham da murmuração". O monge conhecerá a tentação de resistir à disciplina e às ordens dos superio res; que êles se precavenham contra isto porque "Deus me disse: Quem vos ouve a mim ouve! e é P'reciso que os discípulos obedeçam de coração, porque Deus ama aquêles que dá alegremente. Mas se o discípulo se submete de má vontade, ~e êle murmura , mesmo que não seja com palavras, mas apenas no

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seu coração, ainda que êle cumpra a ordem recebida, não será agradável a Deus, que vê nêle a murmuração. gar de alcançar alguma graça, por uma tal conduta, êle na pena dos murmuradores, se não se corrigir e se não paração".

sua obra E em luincorreró fizer re-

fste não é um defeito insignificante. São Bento o qualifica de vício: "Antes de tudo, que nunca se veja surgir o vício da murmuração, sobre qualquer assunto que seja, nem mesmo através da menor palavra, ou do menor sinal. E se alguém nêle fôr surpreendido, que seja submetido a uma severa correção". Para se proteger dêste vício, a comunidade e os superiores devem mostrar-se vigilantes e, se necessário , rigorc.sos: "E se houver algum religioso obstinado, ou desobediente, ou soberbo, ou murmurador, ou transgressor habitual da Santa Regra em qualquer !)Onto, ou menos prezador das ordens dos mais velhos, que êstes o admoestem em particular numa primeira e uma segunda vex, se!jundo o preceito de Nosso Senhor. Se não se emendar, que seja repreendido publicamente diante de todos os irmãos. Se, apesar disto, não se corrigir, que seja submetido à excomunhão, uma vex que êle comP'reenda a gravidade desta pena. Mas se êle fôr de coração empedernido que lhe inflinjam castigo corporal". Não usa de meias medidas, o nosso santo! fode-se indagar o que levou São Bento a dar p·rovas de uma tal severidade para com êste defeito! Sem dúvida foi a consideração da causa e dos efeitos da murmuração. Ela é o fruto venenoso de uma enfermidade da alma, na qual se mesclam o orgulho, a recusa, a negação do amor. E se não é ràpidamente extirpado, cantaminará infalivelmente a comunidade, solapando esta união de corações e de almas que, aos olhos de Bento é o mais precioso dos bens. Quantas comunidades, agrupamentos, movimentos cristãos, tem sido destruidos interiormente, ao longo do tempo , P'ela murmuração. Na medida em que dela souberem se proteger é que as Equipes de Nossa Senhora poderão se desenvolver e assumir fielmente sua missão espiritual. Eis aí porque emP'enho-me em alertá-los. E' preciso que entre equipistas haja amizade e simplicidade suficien2


tes para prevenir aquêle no qual se discernem os primeiros sintomas do mal. E' preciso que em todos os escalões se ajude o escalão superior a desempenhar-se bem de seus cargos e não o condu:nm a um afrouxamento na sua missão de incentivador de um progresso espiritual. Creio que o desencorajamento dos chefes é um dos piores efeitos da murmuração. Observa-se isto na cristandade, em tôda parte. Para não perder a simpatia e para preservar sua tranquiiidade, aquêles cujo amor deveria ter como primeira qualidade a exigência, a fim de estimular o esfôrço e o progresso dos seres que lhe estão confiados, abdicam diante da murmuração e se faxem cúmplices da mediocridade. Eventualmente êles nõo hesitam em diminuir as exigências do Cristo e a esfumar as verdades incômodas. Certamente a falta é em primeiro lugar dos chefes, mas dela participam aquêles que, murmurando, foram pouco a pouco debilitando sua atuação e sua autoridade.

Henri Caffarel

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O ESPIRITO SA NTO NA VIDA DO CRISTAO

Conferência pTonunciada pelo Revmo. Mons. RobeTto MascaTenhas Roxo, no Encontro àos Responsáveis àe Setor e Coordenações, no dia 7 de set embTO último.

O divino e o humana, o eterno e o temporal, Deus que se dá e o homem que o recebe; Deus no h omem e o h omem em D eus. Eis o mistério da graça, "participação humana nos bens próprios de Deus" (I cone. Vat.) Mi.Etério com dimensões divinas e humanas, é eternidade no t empo e é tempo na eternidade. Coma mistério de eternidade, transcende a h istória; como m istério no t empo, possui uma história: a história do Espírito Santo, operante entre os homens, encarnando a santidade na hist-ória dos homens. A história da graça e do Espínto Santo des :::nrola-se entre o drama d a pecado, com a promessa do Redentor, descrita no Gênesis, e a visão do esplendor celeste dos que foram escritos no livro da vida tAp. 21,27) e levam gravada na fronte o sinal do Cordeiro·red entor (Ap. 7,3) . Ao iníc:o , o Espírito Santo agiu pou co e houve pouca santidade; foi o 1·egime da promessa feita a Abraão, r egime san tidade- espera, concentrada por primeiro na


observância externa da lei mosaica, com a promessa divina de recompensa t~mporal e coletiva; um farisaísmo autêntico, mas sempre farisaísmo, comportamento pautado por uma lei minucicsa e completa, mas vazia de graça; endereçada a Deus, mas incapaz de santificar. O Espírito Santc agiu, certo, mas a título de exceção. Era o Ruah-Pneuma, o Espírito de Deus, não conhecido ainda como pessoa divina, mas celebrado como uma dimensão extraordinária da ação divina, restrita a gestos raros e grandiloquentes Então, a Bíblia atribui ac Espírito de Deus a fecundidade da primeira criação: "o espírito pairava sôbre as águas"; o zêlo excepcional dos grandes homens: juizes, reis e profetas Mas sempre, um Espírito reservado e sóbrio, transcendente e inatingível pelo comum dos filhos de Abraão. Uma nova prcmessa vem alegrar Israel: a aproximação do reino messiânico, anunciada per Deus nos profetas. Para prepará-lo, Deus promete a santidade interior, profunda, reservada ao "pequeno resto de Israel", quer dizer, pobres e humildes, considerados sempre como o refugo da nação. :10: com êles, diz o Senhor, que vai formar o novo reino. E para mostrá-lo, Ezequiel descreve a ressurreição dos esqueletos, ao sôpro da vento, que é o Espírito (Ez. 37). Sucedem-se então os oráculos proféticos anunciando a vinda da era nova, do Espírito santificador. JO:le será como a chuva que fecunda o deserto (Is. 32, 15; 44,3); como o vento que forma um novo paraíso (Is. 32, 16); porque, diz o Senhor, eu difundirei o meu Espírito sôbre a casa de Israel" (Ez. 39,29) ; "eu vos darei um coração nôvo, em lugar do vosso coração de pedra; colocarei dentro de vós o meu Espírito" (Ez. 36,26); vê-se logo, uma santidade interior, endereçada ao Mes3ias que, dentro de 70 semanas, anuncia Daniel, há de chegar (Dn 9 24) ; Messias santificador, porque "Deus enviará sôbre êle o seu Espírito" (Is, 42,1; 61, lss) E êste espírito passará para as nações, a ensinar-lhes a verdadeira sabedoria. O Nôvo Testamento abre-se sob o signo do Espírito Santo. :10: o sinal dado à Maria na encarnação do Verbo: "o Espírito Santo descerá sôbre ti". Cristo que nasce é rodeado 5


pelas pobres e humildes, representantes do pequeno resto de Israel, santificado pelo Espirito Santo. Sua Mãe, tôda ela santidade interior, co·nsagrada pelo Espírito Santo na Imaculada Conceição, marca o termo de um processo histórico de interiorizaçãc da graça, iniciado em Abraão. Abraão, santificado de fora para dentro; Maria, santificada de dentro para fora. Abraão, pai de um povo; Maria mãe da graça; Abraão chamado a uma vocação histórica; Maria, predestinada a uma vocação de interioridade Abrão, santidade de promessa; Maria, santidade de realização. Porque o Espírito Santo, quis levar séculos para chegar da periferia, ao coração do homem; e alcançou o coração da Mãe de Deus. É no Espírito Santo que ela canta o Magnificat, celebrando a promessa de Abraão, agora realizada nela. Por isso, é no Espirito Santo que Simeão e Ana, velhos, diz a Escritura, como símbolos do velho Testamento da promessa, acorrem ao Templo para receberem Cristo e pedem a Deus a próp1ia morte: porque viram o Salvador de Israel, a realização da promessa que perde então sua razão de sEr. Abraão, com seus gestos grandiloquentes, fôra a maior heroi nac:onal de Israel; José, c: m gestos de humildade, ditados pelo E!pirito Santo, esconde-se nas entrelinhas da Escritura ; home:m do silêncio·, protótipo da santidade interior. É guiado pelo Espírito Santo, que João Batista se recolhe ao deserto a preparar o·s caminhos do Senhor; e é no Espírito Santo que dá s ::us testemunhos: eu vos batizo com âgua . .. mas aquêle que virá depois, vos bat:zará no Espírito Santo e no fôgo" IMt. 3,11). É o Espírito Santo que lhe revela Jesus: "eu não o conhecia ... mas aquêle que me enviau a batizar, me disse: sôbre quem vires descer e repousar o Espírito Santo, é êle quem batiza no Espírito Santo; e eu vi e atesto que êle é o filho de Deus" (Jo. 1 33-34). Cristo recebe no bat!smo, o Espírito Santo e é por elê conduzido ao deserto. Nem é de admirar, que em seu primeiro sermão, escolhe como auàitório, os "ana:win", o pequeno r.esto de Israel: bemaventurados os pobres ... " - Cristo Jesus, em sua vida terrena, concentrou-se em preparar e adquirir a sua espôsa a Igreja; entrega-se ao Pai 6


na redenção, antes de entregar-se aos homens no mistério de sua graça. Mas promete a cada instante enviar o Espírito Santo para a consumação da santidade nos homens e na Igreja: "eu vos darei o Espírito Santa; é bom para vós que eu vá porque recebereis o Espírito Santo" (Jo. 7,39; 16,7); o Espírito é o Paráclito, advogado, que dará nos discípulos testemunho de Cristo (Me. 13,9; Jo. 15,27); é o revelador dos mistérios escondidos de Cristo (Jo. 14, 26); êle conduzirá a Igreja para a vitória sôbre o pecado e sôbre Satã (Jo. 16, 8,11). Enviado pelo Pai e pelo Filho, a partir da glorificação da humanidade de Cristo, o Espír:to Santo santificador vai inaugurar na Igreja o dilúvio de graças de Cristo, Cabeça da Igreja. A partir àe Pentecostes, Cristo dará a cs homens redimidas, o Espírito Sant:J, para o Espírito dar Cristo aos homens, no mistério da graça. Revelada por Cristo a natureza verdadeira da Espírito Santo, pessoa divina que tudo rEcebe do Pai e do Filho, Deus amor que procede do amor do Pai e do Filho, a Igreja toma consciénc'a de que tudo o que se passa nela de s:brenatural, é obra dêste Deus-Amor que se difunde e comunica, realizando a eficácia na Igreja da Redenção infinita de Cristo. E o Pentecostes inaugura a idade da graça, a era do Espírito Santo, que vem instaurar Cristo na Igreja, realizar o matrimôn'o do mais rico dos esposos com a mais bela das esposas: Cristo e sua Igreja. Os Atos dos Apóstolos são o evangelho do Espírito Santo, alma da Igreja, que nela repete o evangelho de Cristo, o mistério· de Cristo, a encarnação de Cristo; mas oo repete vivificados agora, porque Cristo glorificado se tornou o Cristo vivif·cante. quer dizer, o Cristo que dá o seu Espú·lto; para santificar os membros de seu corpo mística. 1!: o Espírito Santa quem transfigura a Igreja, de herança histórica, em Corpo Místico de Cristo; de filosofia de vida, em vivência interior de Cristo presente; de soci: dade externa, em realidade interior de santidade; êle lhe dá o conteúdo ôntico de vida, êle a identifica internamente c:m Cristo; êle lhe dá o mistério da graça.

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- Porque, diz a Escritura, o Espírito Santo é a fonte da unidade entre os cr;stão.:; (At. 2,42; 4,32); da expansão missionária da Igreja. (At. 1,8) ; da rmovação interior dos novos membros (At. 2,17); do crescimento e fecundidade da Palavra (At. 6,7; 12, 24); do dinamismo que floresce em testemunhos, carismas, martírios, heroismos. Todos os gestos cristãos de transcendência sobrenatural têm uma só explicação: •·os cristãos receb zram o Espírito Santo". Antes de Pentecostes comp:;rtamentos e atitudes pouco cristãs dOJ discípulos à primeira vista inexplicáveis, foTam explicado<S por Cristo e pela Escritura: não tinham recebido ainda o Espírito Santo"; a gora, a vida cristã, inexplicável pela transcendência de sua puteição sobrenai.u.::al, recebe uma nova explicação: "êles receberam o Espírito Santo". Igreja e &pír_to Santo são inseparáveis, ccmo corpo e alma, na frase célebre de S. Paulo: "um só corpo e um só Espírito" (Ef. 4, 4 ss) ; por ::ll:le consagrada, como Templo de Deus vivo (1 Co<. 3,16) , a Igreja torna-se mãe fecunda que dá vida, presença entre os hom ;,ns de Cristo, Cabeça de sua Igreja. A vida cristã c:Jmeça no bat:smo "banho de r:generação e de renovação n o Espírito Santo" (Tit. 3,5); nascimento da água e do E~pírito (Jo. 3,5); a mist ~ riosa páscoa, passagem das trevas do pecado para a luz de Cristo ressuscitado (Ef. 5, 8-14). O cristão transforma-se em templo viva do Espírito Santo (1 Cor. 6,11), ungido pelo Espírito Santo como Filho do Pai e irmão coherdeiro de Cristo (Rom. 8,2 ss). Tudo porque rec obeu a "novidade do. E :;pírito" (Rom. 7,6) ; a aliança do Espírit" que vivifica (2 Cor. 3,6). Seu comportamento ~ pautado pela lei do Espírito CRom. 7, 18. 25), para dar "frutos do Espírito" (Gal. 5, 19-23) ; o mêdo, a angúst'a, a cólera divina são substituídos pela paz e alegria do Espírito (1 Tes. 1,6; Gal. 5,22) . O Espírito Santo forma no cristão o homem interior de santidade que se opõe ao hom ~ m exterior do pecado (Et. 3,16) ; o homem novo de Cristo que se opõe ao homem velho de Adão (Ef. 4,22); o homem espiritual, aberto ao sobrenatural, em op::sição ao homem carne, material, voltado para os


bens dêste mundo. Ele acende a luz que se opõe às trevas; êle grava no cristão o sêlo, com a imagem de Cristo. ~le incorpora a Cristo. Por ser o mesmo na humanidade glorificada de Cristo e nos irmãos homens de Cristo que vivem na tempo, o Espírito Santo, comunica aos cristãos os mistérios vividos e vivificadores de Cristo a vida de Cristo a identificação com Cristo; de cada cristão faz novo Crist~ (Rom. 8, 9-11; Ef. 3, 16-17). São Paulo usa as célebres fórmulas: o cristão vive em Cristo, é de Cristo; tem um ser com Cristo; é um com Crísto. Salientando sempre: por obra do Espírito Santo (Rom. 13,14; 14, 7-9; Jo. 4, 7-10; Gal. 2,20; R r-m. 6 5). Seria m inimismo racionalista reduzir a incorporação dos cristãcs em Cristo a simples relações históricas e exteriores. O que há de grande no mistério da santidade cristã é a vivência interior de Cristo glorificado na carne do criEtão; a encarnação do mistér·o de Cristo que vem assumir, divinizar, Cl'istificar o próprio ser dO cristão. ~ pois, no coração dos cristãos que é inserida, fecundada, alimentada e realizada a Igreja; como escreve S. Pedra: pedras vivas, por obra do Espírito Santo, os cristãos constituem o templo vivo da Igreja; hóstias santificadas pelo Espírito· Santo, fazem o sacerdócio santo dn Igrzja (1 Pdr. 2, 4-5) . ~le insere na vida trinitária, divinizando o cristão; faz participantes da natureza div:na, p ela graça santificante; cria o diálogo permanente c:m Deus, pela caridade; enxerta no mistério da vida dt> Deus, pela fé ; impulsiona para a posse de Deus, na casa paterna, pela esperança. ~le murmura no mais íntimo do cristão o dôce nome de Abba, Pai (Gal. 5, 17-241); êle chora noo cristíios as saudades da casa do Pai, com gemidos inexprimíveis. Por isso mesm:>, S. Gregório Nazianzeno tem a belíssima oração: "6 Trindade santa; eu falarei com ousadia. Que me seja perdoada a temeridade; mas a salvação está em perigo. Eu não posso crer que minha salvação me seja dada por um igual a mim. E pois, se o Espírito Santo não é Deus, que se faça Deus primeiro e venha depois div'nizar-me" (MG. 36,252). O Espír:to S:J.nto é o formado1· da conaturalidade sobrenatural. Cristo, no evangelho de S. João, apresentando-se como a Palavra, a vida, a luz, vinda do Pai ao meio dos ho9


mens, salienta ser impossível ao homem ouvir e entender a Palavra, sentir e viver a vida, ver e irradiar a luz, sem um nasciment:> novo do Espírito Santo; sem a atuação constante, eficaz e divinizadora dêste Espírito. Porque, diz Jesus, "vós EOis cá de baixo e eu sou lá de cima; vós sois dêste mundo e eu não sou dêste mundo" (Jo. 8,23); ou seja: quem nasce da terra, pertence à terra, fala conforme à terra" (Jo. 3, 31-34); ainda: "quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espír:to é espírito" (Ib). Por isso recomenda: é preciso nascer d:> Espírit:> Santo (!b), quer dizer, ter uma natureza própria de Deus para sentir, viver, agir cama Deus. E isto é obra do Espírito Santo, princípio desta viva sobrenatural, conaturalizador do homem a Deus. Por isso êle dá aos cristãos os ouvidos da fé, que abrem o c:>ração à Palavra, fazem sentir sua eficácia, seu sentido mister:oso e oculto. Porque, diz o Apóstolo: "ninguém conhece as coisas de Deus, a não t:er o Espírito de Deus" (1 Cor. 2,11). E então, o Espírito Santo é quem no cristão "dá o testemunho: Cristo é a vel'dade" n Jo. 5,6). :l!:le cria os ouvidos da fé, pelos quais a cvelha conhece a voz do Pastor; pelos quais a Palavra penetra no íntimo, viva e autêntica, luminosa e ef· caz para tornar-se vida. Diversamente dos apóstolos que antes do Pe•1tecostes não podiam compreender porque não receberam o Espírito Santo (Lc. 9,45), o evangelho toma, no cristão, seu sentido verdadeiro: "porque a letra mata, mas o Espírito vivifica". O Espú·ito Santo dá os olhos da fé. Jesus lamenta-se na Escritura: "tendo olhos, não vêdes?" (Me. 8,18). E quando Pedro professa solenemente a fé: "tu és o Cristo, Filho de D-us vivo, Jesus reconhece logo: "não foram a carne e o sangue que t'o revelaram, mas o meu Pai que está nos céus" (Mt. 16, 13-17). Mas isto vale de todos: "graças a vós, Pai, porque revelaste aos pequenos". A Felipe afirma: "quem me vê, vê meu Pai". :l!:stes olhos são prometidos como dons do Espírito Sant:>: "quando vier o Paráclito conhecereis que cu estou no Pai, o Pai está em mim e eu em vós (Jo. 14,20). Numa palavra, é o Espírito Santo quem faz a diferença dos discípulos de Emaús: "primeiro, seus olhos estavam impedidos de 10


reconhecê-lo"; depois, "abriram-se os seus olhos e o reconheceram" (Lc . 24, 30-31). o cristão passa a reconhecer os verdadeiros vaiares, a Igreja pc.r dentro, em seu mistério de santidade, os acont ecimentos da história sob a luz da Pl·ovidência; a profundeza dos mistérios contidos na Palavra, ganha o sentido novo e divino das coisas; contempla o temporal, com olhos de eternidade; vê o humano com critérios de :Oeus. O Espírito Santo dá o testemunho interior de sua presença, p or experiências sobrenaturais, isto é, derivações nos sentidos interiores, da ação sobrenatural da graça divina. Experiências p equ!"nas, mas de valor imenso, porque são bilhetes vindos do mundo própr;o de Deus: a alegria de uma oração mais profunda, a paz de consciência depois de uma c:nfissão, a tranquilidade de um recolhimento, a grandeza de uma vitória sôbre o pecado, um sentimento de compunção e humildade, uma impressão mais viva causada por um bom exemplo, a convicçãO' de estar com Deus, que D Eus lhe fala, que Deus o quer para uma voc3.ção. Conaturalidade que em todJ o cristã::> autênt·co é inicie· de v;da mística, mergulho no mundo de Deus, abraço do Pai r : cabido pelo filho que não o vê; sinais da alvorada do verdadeiro mundo do cristão, para o qual p 2regrina : c· céu, a casa d J· Pai, o fac 2 a face do d' álogo eterno c_m Deus. Esta conaturalidade é de tal sorte, que, o esquEma do concílio diz que a Palavra viva do CristoR ~ vdação, p:>de ser encontrada na Escritura, na Tradição, no magistério da Igreja e no "sent:do comum dos fieis", convErgindo r,·s quatro canais para formar o evangelho presente e vivo na Igreja, por obra e graça do Espírito Santo·. Inspira o apostolado, mantendo a Palavra na Igreja, suscitando o testemunh?, os sinais da autentic:dad e cristã. ~le dá fôrça aos apêlos de D aus contidos no ap ostolado dos cristãos. Faz a Palavra pronunc;ada no apostolado, ser vida para quem a recebe; por êle, diz o Apó~tolo, o evangelho se to·r na fôrça, luz, eficácia (Rom, 1,16; At. 19 20). ~le conserva a virgindade da Palavra, isto é, o sentido que lhe comunicou Crist::> quando a trouxe do Pai: "nós falamos, diz São Paulo, numa linguagem que nos foi ensinada pelo Espírito" (1 Cor. 2, 13-14>. 11


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:ll:le é quem realiza no Apóstolo cristão diante do mundo, o que aconteceu com Cristo diante de Felipe: "quem me vê, vê meu Pai". Eis o mistério do Espírito Santo, tirado da Escritura. Pessoa divina que procede do amor do Pai e do Filho, êle é amor subsistente e pessoal na Trindade. TUdo o que é, êle o recebe do Pai e do Filho; mas êle recebe tudo o que são Pai e Filho; é pois, soberanamente Deus, com o Pai e o Filho. Mas é Deus oomo termo e não como princípio, porque dêle não procede outra pessoa divina: eis então, porque dêle procedem os homens, filhos de Deus: porque termo e não princíp'o na Trindade, êle é o p•rincípio e não o termo d= tôda a expansão temporal da vida divina n os homens. Tudo recebendo do Pai e do Filho como termo, êle dá tudo aos homens, como princíp:o; é enviado pelo Pai e p ela Filho para expandir entre os homens a vida eterna de Deus; para ser alma da Igreja, princípio de vida div:na n os cristão\S. Hoje também êle está na Igreja. O concílio o mostra, escondido mas evidente; invisível mas atuante; eloquente mas silencioso. E hoje, mais do que nunca é preciso cumprir o que Crista ensinou : nascer do E spírito, estar no vento, sentir o vento, entregar-se ao vento; o vento é o Espírito, que sopra de onde e pJ.ra onde quer. Aqui, uma palavra de advertência. Po:s, no esquema conciliar do aposto-lado dos lei5os está escrito que é necessário dinamizar entidades, associações e movimentos, em função do apostolado, para serem missionários. E no esquema dos Bispos está escrito que êles devem dispor das riquezas da Igreja, como pastores legítimos e responsáveis pela salvação de todos. As equipes são movimento da Igreja, são riqueza na Igreja. Desejo, pois, d e coração, que as equipes de Nossa Senh:Jra, sejam como fôlhas sêcas de outono, entregues sem resistência ao sôpro do Espírito Santo; êle as fará primavera; mesmo que seja precisa modificar nos estatutos uma letra que 1bata ... pJrque o Espírito é quem vivifica. Por isso•, ao meu ver, as equ'pes nunca necessitaram tanto de Nossa Senhora, espôsa do Espírito Santo, como necessitam agora: para dizer ao Espírito Santo: faça-se em mim segundo a tua palavra. Amém. 12


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que vai pelas equipes NOVEMBRO 1%3

ATRAVÉS DO MUNDO

FRANÇA SITUAÇÃO GERAL A França ocupa uma superfície de 551 .208 Km2. Sua população era, em janeiro de 1958, de 44.289.000 habitantes, ou seja 80 por Km2. As cidades principais são: Paris 4.823.252, Marseille (661 492), Lyon (649.509), Bordeaux, Lille, Toulouse (dados d~ 195-<t, hoje largamente ultrapassados). SITUAÇÃO RELIGIOSA Os recenseamentos dão uma proporção de 94% de catól ices, 2% de protestantes, 100.000 ortodoxos. O número de católigos não deve nos induzir a um erro: Se foi possível dar a um livro o título de "França", um país de missão" é porque a prática religiosa e mesmo a fé cristã são fracas ou nulas em grande número de ba • tiz~,dos, não só nas grandes cidades, como em várias zonas rurais. Em certas regiões: Bretagne, Vendée, Alsace, Jura ... , a fé católica conservou-se mais viva. No entanto, os movimentos e as obras são numerosos e atrativos: escctismo e movimentos de ação católica especializada para JOvens Para adultos, ação católica geral e especializada, numeres, s obras de candade em desenvo vimento. Movimentos e revistas de esp•ritualidade despertam verdadeiro interêssc e correspondem a uma necessidade real dos cristãos militantes. I


A França possui 88 diocéses, 55.000 padres, dos quais 11 .000 (30% em países de missão) 130.000 religiosas (das quais 1 O.COO em missão). 60% do clero ocupa-se do serviço pa -roquial e 1 5% do ensino. religioso~.

AS EQUIPES 884 equipes admitidas até 1 .0 de abril. Falar de seu início na Françõ é falar do próprio início do Movimento, o que já foi feito. Uma primeira equipe formou-se em 1939 ao redor do Pe. Catfarel. A guerra dispersou os casais que a compunham e foi preci · so esperar 1941 para ver 2 equipes, depois outras ~e formarem. O Est:Jtuto não existia mas a procura ardente dos primeiros equipistas e de seus Assistentes indicava a orientação que era reciso seguir. O dever df' sentar-se, a reunião de equipe, as obrigações, o espírito cio Mcvimento existiam antes de serem codificados num Estatuto que só apareceu em 194 7. Depois de Paris foram Nantes e Vendôme que viram surgir as prirr.eiras equipes no interior, depois Rouen, Amiens, etc. As Equipes estão agora implantadas em tôdas as cidades de mais de .... 1 00.000 habitantes. No entanto várias diocéses, e inúmeras c idades de menor importância, 30 a 80.000 habitantes, estão ainda sem equipes. Se desejamos que o Movimento cresça em número é porque estamos certos de que muitos casais dele necessitam para o seu progresso. Os Setores são atualmente em número de 58 a 12 casais Regionais supervisionam as equipes em tôda a França. 25 % das equipes acham-se na região parisiense. Não podemos dizer que as equipes francesas apresentam características particulares ou problemas especiais. Setores e Regiões são bastantes diversificados. O problema principal é o de Paris. Estando no coração do Movimento, as equipes da região parisiense, têm uma responsabilidade particular, a de fornecer quadros para as equipes do mundo inteiro. Além do seu próprio enquadramento, ela~. atualmente fornecem ao Movimento 3 casais do Centro Diretor, 5 Super-Regionais, 8 Regionais, 1O casais de ligação para equipes distantes, 3 responsáveis de Comissões. II


Uma cl..tra responsabilidade cabe ainda aos casais de Paris c dos arredare~. a de acolher casais e sacerdotes de cidades e países diversos. Acontece muitas vezes pedirmo-lhes que recebam para a reunião de equipe um hospede de passagem. Por ocasião dos Dias de Estudo dos Responsáveis, de Responsáveis de Setor, de Conselheiros Espirituais de Setores os casais são convid.Jdos a abrirem as portas de seus lares. Façamo-lhes justiça, reconhecendo que êles o fa· zem sempre com boa vontade, amizade e simplicidade. Desta maneira aliás, adquirem numerosos amigos e não é raro que, por ccasião das férias haja retribuição de visitas e permutas de filhos entre casais acolhedores e acolhidos.

VIDA DO MOVIMENTO COMPROMISSOS Foram as seguintes as equipes que fizeram o seu compromisso: Alemanha: Euskirchen 1 -Bélgica: Gand 4, Hasseldt 2, Liége 8 - Estados Unidos: Alexandria 1 - França: Beaune 2, Besançon 1, Les Mureaux 1, Li li e 7, 1O, Mourenx 1, Nantes 11, Paris 74, Sucy-en-Brie 1, Tours 4, Saint-Ciaude (Guadalupe) 1 Luxemburgo: Pétange 1 Portugal: Lisboa 15 Suiça: Lausanne 2.

ADMISSõES Foi aprovado o pedido de admissão das seguintes equipes: Bélgica: Alost 1, Anvers 18, Bruxelas 78, 84, 85, 87, Herve 4 Brasil: Curitiba 6, Guaxupé 2 França: Ambert 1, CelleBelle 1, Calais 1, Coulommiers 1, Caen 6, Fécamp 3, Grenoble 18, 19, Lyon 21, louviers 3, Lisieux 1, Orléans 4, Paris 88, 89, 90, Péronne 1, Sainte-Foy-La-Grande 1, Souppes/Loing 1, Strasbourg 5, Tulle 1 Inglaterra: Londres 3, North Shields 1, 2 - Madagascar: Tananarive 1 - Suíça: Morges 1. As equipes brasileiras que se filiaram, foram as seguintes· Curitiba 6 Assistente: Pe. Francisco Casal Resp .. Dulce e Joel Alves Pires Michaud

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Guaxupé 2 -

Eq. N. S. do Coração de Jesus

Assistente: Pe. Olavo Amadeu de Assis Casal Resp. : Agueda e Armando Fernandes

DWS CHAMOU A Si

Rvmo. P. Boissiére, Assistente da Equipe de Nevers 1 no

di~

29 de junho Menino João Carlos, filho do casal Stella e Edward V. Rom6o,

da Equipe Jahu 2 .

CALENDÁRIO

Novembro

1-3

Encontro de Dirigentes Em Valinhos Pregador: Frei Luiz Maria Sartori

1-3

Em Flcrianópolis - Retiro na Vila Fátima (Morro das Pedras).

8-1 O

Em Campinas Retiro na Chácara São Joaquim. Pregador: Pe. Benedito Pessoto.

14-17 -

Em São Paulo Retiro de 3 dias, E:m Valinhos, pela equipe de sacerdotes do Mundo Melhor.

15 22-24 Dezembro

VI

15 -

Em Campinas Peregrinação equipes do Setor. Em São Paulo -

das

Retiro em Barueri.

Em Jahu Dia de Recolhimento, no Colégio São Norberto.


ESTRUTURA DO MOVIMENTO DO BRASIL

O número sempre crescente das equipes do Brasil, levou o Movimento a cividí-las em três Regiões: São Paulo, Interior do Estado de São Paulo, Outros Estados. Apresentamos hoje a estruturação da Região São Paulo, que foi confiada ao casal Esther e Luiz Marcello de Azevedo. Auxiliado por vários casais, redistribuiram as equipes da Capital em 2 Setores e 4 Equipes de Coordenação. Procurou-se com esta redistribuição, agrupar num mesmo Setor ou Equipe de Coo•denação, !'S equipes cujos casais residem predominantemente em de terminado bairro. Setor A

Conselheiro Espiritual : Pe. José de Almeida Prado c.s.c . Casal Responsável: Gilda e Walter Conrado Adolfo Hormann Este Setor compreende as Equipes n .0 2, 4, 7 , 10, 12, 24, 3 1, 33, 34. 41, 46 e 47. Setor 8

Conselheiro Espiritual : Pe. José Mahon f.c . Casal Responsável : Cleyde e Ruy do Espírito Santo Pertencem a êste Setor as Equipes n .0 3, 14, 21, 22, 25, 2 7, 30, 38, 43, 51 e mais 2 equipes em formação.

13


Coordenação I Conselheiro Espiritual : Pe. Alcurno Derks a.a. Casal Responsável : Aparecida e José Figueiredo Abrange as equipes situadas nos bairros de Santana, Pari , Vil a Mari2 e Jardim Japão, isto é, as de n .0 26, 29, 36, 37, 42 Q

49.

Coodernação 2 Conselheiro Espiritual: Pe . Jairo Moura Casal Responsável : Maria Helena e Nicolau Zarif Reune as equipes de Santo Amaro, lndi anópolis, Vila Mariar. a, A : limação, ou seja, as de n .0 1, 16, 23, 35, 39 , 40 e 44 . Coordenação 3 Conselheiro Espiritual: Frei Pio Pelloux o.p. Casal Responsável: Myrian e Gastão A. Camargo Congrega as equipes de Perdizes, Lapa e Pinhe iros , a saber, as de n .0 5, 8, 11, 18, 19, 28 e 50.

ConsElheiro Espiritual : Mons. Roberto Mascaren has Roxo Casal Responsável: Stella e Maurillo G. Nogueira Foram reunidas nesta Coordenação, as equipes pertencentes ao.; chamados "jardins" isto é, as de n .0 13, 15, 17, 32, 45 , 4 ~ e 2 em formação.

INSTALAÇÃO DO SETOR B

Com uma tarde de estudos, iniciada às 14:30 e palestra do Revmo. Pe. José Mahon f.c., Conselheiro Espiritual do Setor, realizou-se no dia 6 de outubro, em ambiente de muita co rd ialidade, a instalação do Setor B de São Paulo.

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Antes da Missa, que encerrou os trabalhos, em cerimon1a muito simples, o casal Esther Luiz Marcello Moreira de Azevedo, responsávEis pela Região Capital, fizeram a instalação e deram posse ao seu Responsável e aos membros da Equipe de Setor, que ficou assim constituída: CONSELHEIRO ESPIRITUAL: Pe. José Mahon f.c. CASAL RESPONSÁVEL: Cleyde Ruy Cezar do E. Santo, auxiliados respectivamente pelos casais Stella Mário MaZélgão Filho e Marly Mário Parmigiani Jr.

REUNIÃO DE ASSISTENTE5 O Setor de Jahu reilllzou no dia 26 de agôsto umil reun1oo dos Assistentes das Equipes pertencentes à sua circunscrição. Estiveram presentes 13 Assistentes, além do Conselheiro Espiritual de Setor. A reunião tinha sido preparada com um questionário enviado aos equipistas, no qual se perguntava: "Que esperam vocês do Assistente?" Durante várias horas os Assistentes trocaram idéias, tomando por base f:~ respostas recebidas. Duas suoestões, surgidas na reunião, merecem destaque: Para intensificar o hábito da leitura da Bíblia e, ao 'Tiesmo tempo, melhorar o conteúdo da oração pessoill, sugeriu-se que os Assistentes indicassem, em cada reunião de equipe, uns dois capítulos do Novo Testamento, para serem lidos e pensados durante o mês pelos equipistas. As orações pessoais, na reunião seguinte, seriam baseadas nestes capítulos. A segunda sugestão teve por objeto os contatos pessoais do Assistente com os casais de sua equipe. Levando-se em conta a falta de tempo dos sacerdotes em ge1al, poder-se-ia aproveitar a reunião preparatória para uma visita mais prolongada do Assistente que seria convidado para jantar com a família do equipista. Haveria assim um contato com tôda a família, pais e filhos, no habitual ambiente do lar. Term:nado o jantar, o casal ficaria a sós com o Assistente, para uma con·· versa mais particular. Só depois é que chegaria o Casal Responsável, para a preparação da reunião.

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A

SERVI'CO

DA

IGREJA

CURSOS DE P·RE PARACÃO AO CASAMENTO

Os casais das Equipes de Nossa Senhora compreenderam desde o início do Mov;mente> a importância fundamental ue uma b oa preparação ao c~amento, para que a família se constituis3e sôbre basg.> mais sólidas do ponto de vista humano e cristão. Msim que o número de casais o p -rmitiu, foram organizados na França 0 3 primeiros cursos sob a orientação do Pe. Henri Caffarel e a c?laboração de equipistas. H oje o C .P . M. (Centre de Preparat·on au Mariage) estende-se por quase tódas as regiões da França, e tornou-se um organismo independente das Equipes, embora com a mesma orientação. No Brasil, for am in:ciados há 4 ancs, após um p eríodo de estudo e adaptação dos temas ao no~s:> meio. Crescendo devagar, mas com firmeza, o Curso de Preparação ao Casamento, apresEnta h oje, evtre nós, um apreciável campo de trabalho ap:·stólico e um meio mu!to imp:>rtante para a difusão da espiritualidade conjugal e fam:liar.

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ORIENTAÇÃO GERAL O Curso parte do princípio de que esta preparação não deve se constituir numa simples ínformação sôbre as realidadEs da vida conjugal, quer no plano sobrenatural, psicológico, sexual, material etc., e por iss·o emp~nha-se em assegurar uma formação em prMundidade, ajudando os noivos a refletir sôbre o seu amor e a v:vê-lo como Cl'-;tãos. O que o caracteriza e o distingue dos demais é o fato de ser r ealizado por casais que se esforçam em dar aos noivos. um testemunho vivo. Não se trata de um curso teórico sôbre o casamento nem de uma coleção de conse lhos, mas do própr·o testemunho daqueles que acreditam nas riquezas do sa cramento do matrimônio e se propõem a divulgá-las. Não se trata só de transmitir uma doutrina, como de mostrar que esta doutrina pode e está sendo vivida.

COMO FUNCIONAM Cada curso consta de 6 reumoes e é confiado a um grupo de trabalho composto de 5 casais e um assistente, que têm a responsabilidade do curso e que repartem entre si a exposição dos assuntos, o acolhimento dos noivos e a animação dos debates . As r eun'ões sendo dirigidas por casais diferentes, além de se tornarem mais interessantes levam aos noivos o enriquecimento de um número maior d; t 3stemunhos. Atualmente o Curso de Preparação ao Casamento conta com a colaboração de 105 casais, todos equipistas (com exceção de um casal) que compõ ~ m 21 grupos de trabalho - 18 em funcionamento e 3 em organização, assim distribuídos: 9 grupos na Capital. 5 no interior do Estado - 2 em Ribeirão Preto, 1 em Santos, 1 em Campinas, 1 em Jahú e 3 em organização. 4 nos Estados - Curitiba, Florianopolis, Caxias do Sul e Rio de Janeiro.

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Cada grupo dá atualmente 2, 3 ou mais cursos, de acôrdo com a possibilidade dos casais e as solicitações do meio. Estes cursos atingem noivos de todos as níveis intelectuais. De julho a outubro foram reaEzados ou estão em andamento na capital de São Paulo, 14 cursos, nos seguintes locais: Federação Mariana Feminina Casa Maternal Leonor Mendes de Barros (2 cursos) Colégio Sion Faculdade Sedes Sapientiae Santa Cecilia Vila Prudente Vila Alpina Imaculada Conceição Jaguaré Moema Santo Amaro Agua Rasa Bela Vista Com exceção dos 5 primeiros que não são paroquiais, todos os outros cursos foram organizados por solicitação dos respectivos párocos. Salientamos aqui a importância da iniciativa do C.P. C. org·anizando dias de recolhimento especializados para noivos, com uma frequência que demonstra o interêsse que esta realização desperta, como também a sua oportunidade.

SEUS RESULTADOS Não basta ministrar um curso. O importante é que êle atinja seus objetivos . Os testemunhos que transcrevemos são para nós profundamente encorajadores. "Conseguimos, através do curso, um melhor entendimento entre nós, que jamais teríamos atingido por nós mesmos." "Apr"ndemos tanto, que cada aula, em verdade, constituiu uma experiência nova para nós." 18


Uma mãe nos escreve: "AgradEço de coração aos casais que dirigiram as reuniões do curso, todo o bem que fizeram à minha filha. Nas horas de düiculdades e de sacrificios, que vocês certamente sempre terão, nunca desanimem, pois não podem imaginar o alcance deste ap:;stolado e os benefícios que êle poderá trazer para os jovens casa;s." Mas há ainda um outro aspecto que devemos ressaltar: a sua influência sôbre os próprios equipistas, como se deduz do seguinte depoimento: "O C .P . C. trouxe para nós todos muitos benefícios . Foi uma forma de apostolado que entusiasmou a cada um em particular, por ser construtivo e por dar, fatalmente, frutos entre os noivos. o nosso entusiasmo crescia na medida em que podíamos perceber isso. Por outro lado, cada um de nós poude aprender bastante ao estudar os temas. Muitos de seus ensinamento e experiências serviram de orientação para nós e influenciaram muito mesmo nossa vida conjugal. Mas o que merece especial mensão foram os resultados que o Curso trouxe para a equipe. Estávamos caindo no problema das equipes velhas· o da rotina e suas consequências, e êste apostolado comum a todos, pois estávamos no mesmo grupo de preparação nos aproximou tanto que reavivou os nossos interêsses e nos fez dar em conjunto mais um passo à frente, na direção de um ideal comum: o bem do próximo."

Os Cursos de Preparação ao Casamento €Stão sob a responsabilidade do casal JOS~ EDUARDO E MARIA TEREZA MACEDO SOARES (Pça. Morungaba. 26 - fone: 80:3831), c contam com a orientação espiritual do Pe. Paul Eugênir> Charboneau, c.s.c. 19


PREPARANDO A REUNIÃO DE BALANÇO

Entre 15 de n ovembro e 15 de dezembro, tôdas as equipes devem fazer a chamada reunião de balanço, que se destina a um exame consciencioso da vida da equipe no decouer do an~. Seria muito bom prepará-la com uma leitura atenta da conf erênc:a do Cônego Caffarel - O ideal das Equipes de Nossa Senhora - publicada na Carta Mensal de junho dêste ano. Esta leitura ajudará a nos examinarmos, tomando como p.:mta de referência os Estatutos e, particularmente, a sua primeira parte. Além do exame pessoal de cada um de nós, confrontemos a vida da própria equipe com relação às grandes orientações do Movimento, e com relação ao objetivo que nos esforçamos por atingir. Focalizemos também os esforços c:mcretos que precisamos fazer em relação às obrigações, à prática da caridade fra t erna, etc .... Transcrevemos a seguir, uma "carta aberta" de um Ass:stente à sua equipe. Poderá ajudar alguns de nós - como ajudou os casais de sua própria equipe - a retomar consciência dos pontos essenciais. Mas, na reunião de balanço, uma p..lrte mais c:mcreta não pode ser esquecida: procurar juntos o que devemos fazer, pràticamente, no próximo ano, para que a vida de equipe, as suas r euniões, sejam cada vez melh -res e possam ser mais pro·veitosas para cada um de nós. Vários fatores devem ser aqui focalizados: a atuação a ser desenvolvida pelo Resp on-

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Eável, os contatos com o Assistente. a organização dos encontros, a escolha da tema de estud~, etc. CARTA ABERTA DE UM .l>iSSISTENTE À SUA EQUIPE

"Meus caros amigos . . . . Grãos de areia nas engrenagens? Vamos ser francos! Alguns de vocês estão saturados ... Aguns falam em retirar-se da equipe, outros chegam a pensar em dissolvê-la. A b::•ca pequena, fala-se em decepção. . . Mas a decepção vem do que c de quem? Seria preciso apurar. Vem da equipe? Do cônjuge? De todas as atividades que se opõem, como obstáculos, à vida de família, ou à vida de equipe, à vida que sonhávamos? Ou vem de mim mesmo? A história é velha, tão antiga quanto o pecado original. "Não fui eu, foi minha mulher"; e a mulher: "Não fui eu, foi a serpente". E ela se renova sempre: os garotos , na escola, acusam a visinho; os paroquianos culpam o próximo da falta apontada, ou o próprio vigário. Na equipe, a culpa é lançada sôbre o Assistente ou sôbre um dos equipistas. Mas eu? Certamente não. . . que fiz eu? O que vocês fiz 2ram ... é ant~s de tudo um a•sunto a resolver entre Deus e a própria c on~c ênoia. Mas de c erto modo, isto interesso. à equipe; sejamos então h :mestos e antes de tudo conosco mesmos. Vocês tinham dificuldades? Mas quem não as t :m? Quer se trate da pessoa, ou da família ou da profissão, da sociedade ou da Igreja, em tôda parte há complicações, grãos de areia nas engrenagens. Se vocês não· tivessem aborrecimentos, aí sim é que seria preciso inquietar-se. O trabalho do Demônio, é justamente semear a sizânia. Vocês cooperam com êle. Covardia ou traição? Cabe a vocês verificar. Quanto a mim, a minha covardia é talvez a de ter deixado passar cinco anos sem alertá-los, Se houve traição de minha parte, cabe a vocês dizê-lo. 21


Alguns de vocês, consideram-se indignos, e acham que não lhes cabe mais permanecer na equipe, porque têm falhas, porque não cumprem tôdas as obrigações dos Estatutos. Será isto mc.t!vo para ir embora? Honestamente, não poderia eu dizer o mesmo em relação ao meu ministério de sacerdote e de Assistente da equipe? Pensam talvez que eu estou pessoalmente satisfeito com a minha atuação em relação a vocês? Então, retifiquem o seu p ensamento. . . e estou certo, aliás, que vocês têm queixas a me apresentar. Será preciso então que eu parta, porque não faço tudo o que seria precisa, porque não mantenho todos os contates pessoais que deveria ter com cada um de vocês? Tenham crises de humildade, mas não de desânimo, de abdicação. A Igreja tem necessidade de tôdas as fôrças dos cristãos, mesmo se pouco po'dem dar. Se a equipe retempera as suas forças, tem então uma razão de ser para vocês. Com um sorriso. . . releiam o episódio da Samaritana e nele reflitam. Junto do poço de Jacob, o Cristo deteve-se porque estava cansada. Cansado em sua natureza humana, sim, mas certamente não na sua natureza divina. Quando se aproxima a Samitana, já não sente a fadiga. Que vocês estejam cansados em sua natureza humana, estou de acôrdo! Mas, por favor! Que o homem novo, que o filho, a filha de Deus retomem a iniciativa. Acredito que vocês não vãa censurar Deus por lhes ter feito conhecer as Equipes de Nossa Senhora?! Vocês encontraram nelas o próprio bem, durante algum tempo'. Depois, repentinamente, vocês irão queimar tudo o que apreciaram, tudo o que lhes deu tantos motivas de progressos? Vocês irão esquecer, num instante, todos os frutos de um longo trabalho em conjunto? Já falei bastante, mas eu cons:dero a situação muito séria. O que afirmei na última reunião de equipe eu o mantenho: O que Deus espera ãe nós, por intermédia da equipe, o que .ll:le quer ao mesmo tempo ncs dar: - ll: um novo surto de vida espiritual; - ll: uma visão mais clara da ajuda mútua que deve se ,e xercer entre nós;

22


- É uma consciência mais nítida de nossa missão dentro da Igreja. Que Deus nos perdoe se fraquejamos involuntàriamente e que nos ajude a ver claro e a querer com retidão."

ELEIÇÃO DO CASAL RESPONSÁVEL

Na reunião de balanço, procede-se também à eleição do Casal Responsável para o ano próximo. T1·ata-se, para cada um de nós, de votar, individualmente, naquele que, em consciência, nos parece dever ser o melhor para a equipe, no ano próximo. O melhor: Lembremo-nos que nem sempre o melhor casal

é o melhor para a equipe, na atual fase da sua existência. o melhor religiosa não é necessàriamente o melhor superior. Para a equipe: Não se trata de escolher aquêle que, segundo o meu gosto, deveria ser eleito. Nem tão-pouco o casal X., sob pretexto de que, arrastando-se na equipe, a sua eleição seria para êle um estímulo. Nem ainda os Y., que são merecedores de grande deferência. Trata-se de eleger o melhor para que a equipe progrida e seja uma vitória da caridade evangélica. No ano próximo: Não é por ter sido o melhor para o ano que finda, que o atual responsável será necessàriamente o melhor também para o ano que vem. Votaremos nele, se êle nos parecer o melhor também para o próximo exercício. Assim também, não. deveremos votar nos Z., mesmo se forem os únicos que nunca foram responsáveis, a não ser que nas pareça ser "o melhor para a equipe". Antes de proceder à eleição, façamos dois minutos de silêncio e reflexão, invocando particularmente a inspiração do Senhor. E quando o nossa Assistente, feita por êle a apuração, nos anunciar o nome do casal eleito, submetamo-nos alegremente à escolha da maioria e, todos juntos, confiemos ao Espírito Santo nosso novo Casal Responsável, pela recitação conjunta do Veni Sancte Spiritus. Lembramos amda que um casal não deve ser responsável por mais de 3 anos seguidos.

23


ORAÇÃO PARA A REUNIÃO DE NOVEMBRO

Ver a Carta Me nsa l de outu bro

ORAÇ ÃO PA'KA A REUNI ÃO DE DEZEMBRO

"No meio de vós está quem vós não con hece is" ( Evangelho do 3° Dom ingo do Advento). Sob as apa rências ma is humildes , vem a nós o Filho eterno do Pai .

Me ditação

Textn para a otação ( ls 42, 1-4 e Mat. 1 I, 28-30) "Eis o me u Se rvo que eu a m pa ro, meu e le ito, ao qua l dou tôda min ha afeição, f2ço repousar sôbre ê le me u espírito, p<~ra que espa lh e a justiça entre as naçôes. Ele não grita, jamais e leva a voz, não c lama nas ruas, não rompe o caniço envergado, não exti ng ue a mecha q ue ainda f umega . Fará justiça, co nforme a ve rdade". Vinde a mim, vós todos que esta is a flitos sob o fa rdo e eu vo~ a li viarei. T ornai sôb re vós o me u jugo e rece be i minha doutrina, po rque eu sou ma nso e humil de de co ração, e ac hareis o repouso para as vossas a lm2s. Po rque o me u jugo é suave e o me u pêso leve".

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Oração litúrgica

Acolhamos a Palavra de Deus ( Heb. 1, 1-6; Epístola da "Missa do dia de Natal") "Tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos profetas, Deus, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem criou também os séculos. Resplendor de sua glória e figura de sua substôncia, êste Filho mantém igualmente o universo pelo poder de sua palavra. Depois de ter realizzdo a purificação dos pecados, está sentado à direita da Magestade divina, no mais alto dos céus; feito tanto mais superior aos anjos, quanto mais excede o dêles o nome que herdou. Porque, a qual dos anjos jamais disse Deus: Tu és meu fi lho; eu hoje te gerei? E ainda: Eu serei para êle Pai e êle se rá para mim Filho? E novamente, ao introduzir o seu Primogênito na terra, diz: Todos os anjos de Deus o adorem".

Oremos !Versículo 3 do Ror ate Coe li) Cê ro -

Derramai, ó Céus, o vosso orvalho, e chovam as nuvens e justo; que se abra a terra e brote o Salvador.

Versículo - Vê, Senhor, o abatimento de teu povo, e envia aquele que deves enviar. Envia o Cordeiro Soberano do Universo, desde o rochedo do deserto até a montanha de Sião, que êle nos liberte do jugo de nosso pecado. Côro -

Derramai, ó Céus .. .


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