ENS - Carta Mensal 1966-3 - Março

Page 1

Editorial

"Sufoca -se

o

o

o "

Leitura Movimento supranacional O Dever de Sentar-se Reflexões de um Assistente Nem só de pão vive o homem Para viver melhor os Estatutos Diálogo Oração para a próxima reunião


Publicação mensal dos Equipes de Nossa Senhora Casal Responsável: Nancy e Pe<!ro Meneou Jr. RedoçÕo e expedição: Ruo 13 de Maio, 1263 - Tel. 34-7869 São Paulo 3 - SP Co m aprovação ec!ésiásti co


E D I T O R 1-A ·L

"SUFOCA-SE.

,,

"Sufoca-se nas famílias cristãs! E, quanto mais cristãs, mais irrespirável é o ambiente!" Quantas vê:z:es tenho ouvido estas palavras, vindas àe pessoas que não crêem ou que crêem pouco. A quem o di:z:eis!. , . Repliquei certa ve:z:. Olharam para mim admirados, pois julgavam que me iam escandalizar. Mas, não acrescentem: "quanto mais cristãos ... " Tantas famílias, com efeito, julgam ser autênticamente cristãs, quando na realidade vivem apenas um cristianismo mutilado. A sua religião tôda, limita-se à prática das virtudes. Os próprios sacramentos nada mais são para êles do que um meio para o conseguir. Quanta energia dispendida para adquirir e salvaguardar suas virtudes! São dedicados, imperturbavelmente dedicados. Mas, acima de tudo, é bem verdade, são tremendamente enfadonhos. E se é certo que ninguém deixa de admirá-los - pois há grandeza nessas vidas - ninguém, contudo, tem vontade de os imitar. Em sua presença, vem irresistivelmente à minha mente a palavra de Peguy: "A moral foi inventada pelos fracos. A vida cristã foi inventada por Jesus Cristo". Tôda· vida religiosa, com efeito, se não se tomar cuidado, sofre a lei da degradação, Dentro em pouco, da viela cristã só resta a moral. E a própria moral cristã não tarda em se degradar numa o3spécie de moral natural que só fa:z: puritanos austeros e inflexíveis. Nessa atmosfera de moralismo, sufocase, literalmente. Mas o cristianismo não é primeiramente uma moral; não é o culto do deus Dever, esta divindade sem rosto, mas sim uma religião. Não uma religião qualquer, o simples serviço de um Deus distante, mas uma vida com Deus, uma comunidade de amor com ~le. "Estou à porta e bato. Se alguém ouve a minha vo:z: e a·bre, entrarei em sua casa: cearei com ile e êle comigo".

1


Mais ainda, a viela cristã é comunhâo. !tela fé - uma fê viva. bêm entendido - o cristão entra em comunhão com o pensament~ divino; p·a rticipa, dizem os teólogos, no conhecimento que Deus tem de sí mesmo. E, pela caridade, ama Deus com o próprio Coração de Deus, associa-se vitalmente ao ato pelo qual Deus se ama. Estamos longe do moralismo espartano de uns ou do burguesismo de o.utros. Mas estamos de tal modo "habituados" a tadas estas fórmula~ aprendidas no catecismo. . . que as grandes realidades que encerram não mais nos maravilham. No entanto, há cristãos que levam a sério estas realidades sobrenaturais e delas vivem. Sua fé é ardente aspiração de conhecer Deus e seus pensamentos. Esforçam-se por mantê-la viva e progressiva, já pela meditação da Palavra divina, já pela atenção ao que Deus lhes quer dizer através dos eventos cotidianos. Jovem , dispoda, p·e netra cada vez mais nas "inexgotáveis riquezas de Cristo". Sua alegria revela-se nestas palavras de São João que be·m traduzem o seu pensamento: "Quanto a nós, conhecemos o amor que Deus tem por nós, e acreditamos nêle". Esforçam-se por amar a Deus - todo amor é labor antes d · ser posse. Este amor toma-se pouco a pouco a fonte de todos os seus atos, a razão de ser de sua vida. "Quem ·nos poderá separar do amor de Cristo, escrevia São Paulo: a tribulação, a angústia., a persegu ição, a fome, a nud e-z , o perigo? . . . Em tudo isto somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou". A moral destes cristãos - porquanto êles têm uma. moral, mas não a dos "fracos" - é a irradi3jão da yjda divina ... "Sede misericordiosos como vosso Pat e mrserrcordioso". São Paulo definiu-a nestas p•a lavras: "Sede os imitadores do Pai, como filhos muito amados!" Em casa dêstes cristãos, não há o risco de sufocar. Não são prisioneiros de um moralismo, de um legalismo. São livres, livres da liberdade dos filhos de Deus. Ali respiramos o ar de alto mar, o ar puro de Deus. Ele~ nos fazem aspirar a Deus. HENRI CAFFAREL 2


LEITURA A FAMILIA, T'ESTEMUNHA DE

CRI~>TO

"Estejamos atentos a que a nossa união não absorva a caridade devida aos outros. A união dos' espôsos, quando é autênticamente cristã, abre-lhes o coração para o chamamento dos outros. E' mesmo um crit.ér1o que nos permite saber se o amor não está deslizando insensivelmente para o egofsmo a dois.' "Virão a nossa casa amigos e visitantes à procura da vida espiritual. ll: preciso que em:ontren. nesta cas a, onde { ;l!:le é senhor, o amor, a indulgência e a dedicação de Jesus Cristo. Como se sentirão reanimados no calor do nosso lar aquêles que fora morreriam de frio. Não nos esqueçamos que é na fanúlia que os cristãos casados devem ser as testemunhas de Cristo, que dirige também ao nosso amor o seu apêlo: "Dá testemunho de Min( .

MOVIMENTO SUPRANACIONAL

A Fratewnlidade 'do Padre de Foucauld (/01"1nada plY1' aquêles a quem habitualmentlf!l chamamos de Irmãozinhos e Irmãzilnhas do Padre de Foucauld) nasceu no .SaáJra, fundada por um francês, e espalhou-se por todo o mundo. O superior e os primei-ros trmãos foram fran3


ceses. O Pe. Voillawms, numa das 8'Ua8 ((Lettres O!IUX: Fraterwités", estUda um tato qu.e é comum a t6das as ordens religiosas espalhatias para além do seu paí.s de origem: são universais e ao mesmo tempo wecessàriamente marcadas pelo pals onde to1·am fundaxJJc'.,a, sobretvAlo nos primeiros tempos. · O Pe. Voillawme não se limita a pedir aos irmãozinhos de todos os pa!ses piJJra aceitarem êsse fato, mas vai estudá-lo àí luz da Bíblia e da história da Ig1·eja, para daí tirar tôda;s as suas consequéncias. Estas págfm.as ainda nos impressionàram mais porque as Equipes, tal como as FTaternitiades, são de origem francesa e estão também se espalhando po1' todo o 'mundo. Plensámos que franceses e não-tramceses lucrariam muito em as meditar. Não somos religiosos oom01 os Irmãoz·i nhos, e é evidente que se impõem numerosas adaptações, mas iSIS'O não impede que estas páginas tra_, duzam, bem melhor do que nos seria possível fr&Zer; -o que queríamos dliZer -lhes s6b1'e o caráter supranacional do nosso Movimento. (1)_

" .. . Mas porque se hão-de acumul::tr assim dificuldades, dispersando as Fraternidades por tanto países e reunindo Irmií os de •iacionalidades tão dife1·entes? Não seria mais simples deixar que a Igreja criasse, em cada pais, Congregações religiosas locais, que, por isso mesmo, estariam mais aptas a conduzir os seus religiosos para a perfeição, segundo uma espirltualidade mais· adaptada e mais bem compre.::ndida ? Uma congregação r-:lligio~;a está necessàriamente marcada no seu espírito, regra e estilo de vida, pela mentalidade e hábitos do pais em que foi fundada ... ( 1)

4

Cf r. Co rto de Suo Mensal N.o 12.

Em!n.

o Cardeal Feltin , públlcodo na

Corto


A história da Revelação e da Igreja ensina-nos que o próprio Deus teve necessidade da diversidade das culturas e, portanto, dos pafses e das linguas, para exprimir plenamente a Sua mensagem eterna aos homens da Terra. Sem certa variedade de expressão, Deus não teria podido traduzir em linguagem humana a riqueza das verdades divinas. . . Cada profeta, cada mens:a.geiro enviado por Deus é um homem profunrl11ment.e marcado pelo seu torrão natal e pela sua cultura. O Seu próprio Filho feito homem terá também a sua pát.ria terrestre, a Sua aldeia, a Sua familia, o Seu sotaque galileu. Não foi acaso mas realidade. Era preci-so Que Deus P.scolhesse um lugar onde Jesus nascesse. Jesus, não é, neste aspeto, um homem universal e sem pátria terrestre, mas U1l1 israelita. A Igreja, ao nascer e durante o seu d esenvolvimento, não escapará a esta lei constante. Surgiu na Palestina e formou-se na bacia dQ Mediterrâneo, começou por falar gr.ego e depois latim; a sua liturgia foi marcada pel() espirito grego, romano, sirio e egípcio; o seu centro eterno está dora'V'ante ligado geogrAficamente a Roma e a sua legislação sofreu influência do 'direito romano, assim como o s:eu p ensamento teológico se exprime pela linguagem da filosofia grega. I Contudo a Igreja não seria humana, nem adaptada e compreens.ivel para os homens, sem estas raizes em pátrias terrenas. A escolha é dirig-ida por Deus e nada é indiferente. Seria erro querer dissociar completamente a Igreja destas sucessivas conexões, proveni-entes de diferentes culturas humanas absolutamente válidas, para recomeçar, em função de um conceito abstrato de universalidade, a construir uma igrej':l ct>mpletamente dissociada das civilizações existentes sob pretexto de a tornar universal. Seria confessar que não foi universal até aqui, quando a marca do poder divino está precisamente em se ter cons... truido uma Igreja universal com valores de civiliZações humanas que provêm de uma época e de uma pá.tria det~rmi5


nadas. Para Deu_s, não foi indiferente que Simão· Pedro fosse pescador da Galiléia, Agostinho, Bérbere da .Aftica, João da Cruz e Inácio de Loiola espanhóis, Francisco de Assis italiano, S. Vicente de Paulo camponês das Landes e Sta. Teresa do Menino Jesus jovem francesa da província. Era pr eciso que fosse assim mesmo, para estarem aptos a exprimir dentr o da Igreja a sua mensa gem providencial, da maneira que Deus tinha previsto. A Igreja viva , no seu esfôrço constant.e de renovação, sabe escolher e utilizar -em todos os paises o~ valores humanos mais próprios para pôr em relêvo um aspeto da sua mensagem. Isto acontece especialmente quando se trata dessa expressão de vida que é uma nova ;forma de santidade, de caridade ou de apostolado, ou da fundação de uma congregação religiosa. Qualquer fundação da Igreja está deste modo marcada por uma dupla caracteristica - está inicialmente enraizada numa pátria terrestre e estende-se depois, pela lei interna do Corpo Mfstico, a todos os m embros desse Oorpo universal, s em atender a fronteiras. Colaborar nesta obra é muito ~ ai s dificil do que a compreensão. no plano das relações individuais ent.re homens de nacionalidad e~ diferentes, porque se trat~. de universalizar uma espiritualidade e uma fundação que foram c·o ncebidas num pais e na Ungua desse pais. Uma con. gregação tem de nascer em algum lugar! Or a a Fraternidade nasceu no Saára. o Irmão Car los de Jesus, o seu fundador, era de raça, cultura e educação francesa..c;; a sua espiritualidade foi pensada e exprimida primeiramente na lingua francesa ; os primeiros Irmãozinhos foram quase todos franceses e o tipo de vida das primeiraR frater. nidades foi marcado naturalmente pelos hábitos da vida saariana ou francesa. Foi assim, e se a fraternida de não tivesse surgido no Saára teria de aparecer noutro sítio e mantinha-se o problema! Os homens. ao tornarem-se cristãos ou religiosos, continuam a ser os mesmos . . . Os fundadores não escapam a esta lei. Sobretudo no inicio das suas obras exprimem-se 6


segundo a sua inentaiicíade prÓpria e na sua Íingua máterna. A linguagem da verdadeira santidade é sempre universalmente entendida, m2.s a passagem da individualidade do fundador à universalidade da sua obra ou mensagem espiritual não se faz sem dificuldades, sem etapas intermediárias, nem sem o espirito de renúncia e a colaboração generosa de muitos homens. Quando verificamos o caráter universal e verdadeiramente supranacional das grandes ordens, como a dos Beneditinos, a dos Franciscanos, dos Dominicanos, dos Jesuítas, esquecemo-nos do que devem ter sido as etapas intermédias. Não nos podemos admirar por encontrar dificuldades que devem ser encaradas com lealdade, sendo preciso aceitar o Psfôrcn ne r.e~~ário n<> rR 111tr:>nl'""Fl.,. r"ny;rt" " r1,.. nue damos assim uma colaboração providencial à vida da Igreja e ao Seu apost.olano. Qnalquer instituição da Igreja deve ser fiel às o;;u11.s oiigens. embora se adapte e se torne universal, e i.sso exige muita renúncia, humildade e amor pela verdade, dos que são chamados a colaborar nela! Quem quer que se1amos, se ouvimos o chamamento de Jesus para sermos Irmãozinhos., devemos aceitar esta deCisão rlo Renhor, que qui.s que a Frat•ernidade nascesse "em francês-". Não podemos alterar isto E' preciso nií.n só aue r.ceitemos esta origP.m. maso que a amemos, sob pena de não ser.. mos cA.pazes ne colaborar na vontadE' do Senhor para tornar a Fratern1dade cada vez mais universal a partir desta origem. Quantas vezes senti o sofrimento de não poder exprimir com facilidade o meu pensamento noutras linguas além da francesa, com o meu temperamento, e numa maneira d'e r•~ns.a.r franr.esa! Tenho pl Pn~ consciência das consequências penosas que estas Iimitaçõ~s trazem p'\ra o'l ontrns mas não posso fazer nada quanto a isso! Desesperar-me? Essa atitude, além de ser completamente inútil, seria também falsa e contrária à ordem estabelecida pela Providncia. E' 7


evidente que em nolne de nossa missão universal e em nom~:. da caddade devemos fazer tudo o que depender de nós para em rigir os nossos J.P.feitoa e alargar o nosso espi'rito e o nosso coraçiio às dimensões da Igr.:>ja. Contudo fic'Olremos S(:n1Pl'e. m:J.is ou menos marcados pelo noss:o país natal. 1TI seria injusto que os irmãos nos façam, por vezes, censu ra . mais ou menos velada, por terem sofrido com as nossas incompreensões ou limitações. Ora, na medida em que Deus quer que as Fraternidades se estendam a todos os paises, e para dar um exemplo dfl unidade entre irmãos de tôdas as origens, é preciso que se faça est.a transição de uma fundação p ensada em França '(>ara um conjunto de fraternidades espalhadas pelo mundo. Na fase atual da evolução das fraternidades, a expressão fran~esa continua a ser, ainda por algum tempo, uma condição necess.ária de fidelidade ã. ,graça de fundação. Mas, com o tempo e o aumento no número de irmãos de diferentes origens, a Fraternidade acabará por perder esta dominante, sem que possamos ainda saber como se fará então a unidade da Fraternidade. Mas o esfôrço que c·a da um de nós deve fazer. para t.or.nar a Fraternidade cada vez mais universal surge desde já como indispensável, embora mais dificil de provocar ou manter do que o esfôrço de adaptação individual no pais em que se vive, esfôrço constantemente solicitado pelo.s contatos e exigências da vida de todos os dias. Trabalhemos todos. pois, unidos à volta de Jesus, na nua Ig!'eia. rlecididos a ser uns para os outros irmãos e amigos, a pôr t.udo em comum. os esfôrços, as alegrias. as penas, a perseverança na oração e na caridade. para realizar passo a passo através das diferentes fundações, um.a fraternidade Z..ealm'ente universal em espirito e sentimentos. Sejamos afáveis uns para os outroR e perdoemos os dsegos!os qü ) nos damos mutuamente apesar 'd a nossa boa vontade. Há pois um duplo esfôrço a fazer. Os irmãos franceses têm de se despojar de tudo o que possa impedir que a mensagem da l<'raternidade seja ouvida e compreendida univer8


salmente e, pelo seu lado, há o esfôrço dos irmãos vindos de outros paises, a quem incumbe a tarefa, talvez ainda mais ingrata, de assimilarem generosamente um ldeal de vida r eligiosa a.inda não vivido por homens do seu pais. Quando Jesus dá a um jovem o desejo de ser Irmãozinho, não havendo ainda nenhuma fraternidade no seu pais, destina-o a traba. lhar para a criação da Fraternid~tde na. sua terra, o que pressupõe muita humildadie, renúncia, e p~ciência para, esperar o momento em que, depois de ter assimilado completamente os valores universais do ideal dos Irmãozinhos. será capaz de viver ê:lt.e idea.I segundo o espfrito próprio da sua pátria c de o transmitir aos seus conterrâneos, sem ter diminuído nenhuma das exigências dêle. A tentação mais subtil, e em certa medida a mais grave, sem dúvida, recusar a total submissão de espírito e negar-se à obediência confiante, a pretexto de poder atuar por si próprio desde o principio, fazendo uma seleção entre RR maneiras de pensar ou de agir, aceita.ndo umas l)orqw~ se consideram universais ou adequadas ao espirito nacional, e pondo outras de parte, ou pelo menos criticando-as a pretexto de estarem demasiado marcadas pelo temperamento francês. s ~rá,

Sob o pretexto de adaptação a um pais ou a um meio, tudo pode ser discuttdo. Pode argumentar-se que isso é necessário, a principio, para que: nos aceitem; que não se deve ir depressa demais; que não há necessidade de chocar as pessoas com uma forma de vida religiosa muito diferente. Nós temoR rte ter a coragem de levar até ~ suas últimaS' consequências o nosso ideal de Irmãozinhos, sem nos preo. cuparmos com os múltiplos reparos de pessoas que não têm autoridade para nos aconselhar; esses reparos serão, na maior par1Je das vezes, referentes a uma atenuação do que pode parecer excessivo na nossa vida contemplativa ou na maneira como compartilhamos as condições de vida dos pobres. A assimilação far-se-á pouco a pouco e naturalmente, na medida em que certo número de Irmãos pertencentes a 9


êsse pais forem generosamente fiéis à sua regra, numa atitude de total abandono, sem quererem erigir-se em juizes demasiado seguros daquilo que lhes é transmitidq. Haverá, sem dúvida. adaptações a fazer, mas não concessões. Além disso não é forçoso que, a qualquer preço, se adapte a Fraternidade a tôdas as situações e a todos os meios, com risco de destruir a fôrça de uma mensagem ou de um t estemunho de vida, que talvez não <eSteja destinado a ser compreendido, adaptado e igualme!J.te eficaz em tôda a parte. Suplico a todos os Irmãozinhos que confiem na Ig reja c, logo, na Fraternidade oe nos seus responsáveis, mesmo se êsteR tiverem muitos defeitos, se não falarem a vossa Ungua, ou se cometerem involuntàriamente qualquer oerro de compreensão! Isso não vos deve impedir de se. entregartem completamente e de, através deles, se abandonarem a Jesus; não p ermitam que a critica nasça no vosso coração, antes renunciem a ela. Sobretudo, não a deixem exprimir-se entre vós e, a fortiori, diante doutras pessoas, a revelia dos que são respon::oá.vels pela Fraternidade. .Tes.us pede-nos um coração humilde e pobre. Pede-nos form almente que r en unclemos a julgar, ~ que aceitemos o Reino de Deus e a Igreja como crtancinhas. Qualquer atitude contrária a êstes conselhos do Senhor destrói a Fraternidade por dentro, como um verme ataca o melhor fruto. Que ficará da Fraternidade se, a pi'Eltextu de a adapta r , se destruir o seu valor religioso e evan. gélico? Ora, nós estamos sempre cheios de ilusões quanto a 1sto. Vale mais, mil vezes mais, uma fraternida de que con :.nme 3. ser um pr uco "fr a ncêsu" demais por falta de :J.daptação ou ignorâ ncia dos irmãos, apesar da s~a boa vontade, mas qu~ continue ""erdadeira m ente fiel l'l. sua vocação interior, do que uma fraternidade perfei~amente adaptada ~;xte­ riormente, em que tudo foi r epensado em função de um país, mas que perdeu nesta adaptação a sua alma, a sua humildade. a sua ohP.rliência . a sua verdadei.ra união a Cristo e, logo, a sua missão na Igreja".

10


O dever de sentar-se Temos recebido numerosos ecos âizendo que vocês, ou pelo menos alguns de vor.ês, tê-m muita dlificuldade em faze·r o "dever de sentar-se". Já falamos nãsso naa cartas N.•s 3 e 6. Não deixem de as ler quando precu:.., swrem, e:,-pecilalmente :no dia em que vão fazer o "dever, de sentar-se". Vão ler a seguir uma resposta a um inqt~erito sôbre êste ponto, q1~e é ao mesmo tempo wn1. testemunho. Pareceu-nos ea;celente. E' de um casal que foi muito tempo Casal de Ligação e que viu muit~ 'das dificuldades a êste respeito. Dá a ajuda que vem da sua convicção c da sua experiência. àqueles que àekd têm necssiàrtdR. Este texto, com ligeiras modificações, foi pub'Uca• do no ntímero especial. da Carta Mensal sôbre "0 deve11 de sentar-se,.. "Ao menos uma vez. respondo com alegria a um inqué-. ri1·.o. Alegria de poder dizer por escrito, aquilo que não me foi possivel falar aos amigos que eu quizera convencer. O que 'VOU dizer é apenas o testemunho de minha experiência, mas escolho os aspectos que mais de perto tocam ou parecem tocar nas dificuldades dos outros. A FALTA DE ESPONTANEIDADE

O grande argumento contra o dever de sentar-se é a falta de naturalidade de um encontro que somos obrigados a fazer, Na reunião da equipe ouvir-se-á por vêzes: "Ah, o dever d'! sentar-se? Mas nós o fazemos a todo momento, c'ada vez que nos sobra um instante de tranquilidade, para uma conversa despreocupada". . . Ou então: "Não fazemos, não fizemos o dever de sentar-se, porque a coacção nos cons-

11


trange; nada de bom pode resultar de um encontro artüicial"... - ! Parece-me necessário esclarecer que êste aspecto um tanto solene do dever de sentar-se é bem característico. Nada de extraordinário que nos sintamos um pouco emocionados e até mesmo apreensivos. O clima do dever de sentar-se é o dos noivos ao pé do altar, isto é, na presença de Deus, no dia de seu casamento. Para julgar as dificuldades, os problemas familiares, ou p essoais, é preciso partir da idéia de que "nossa união é santa". Nossos esforços de compreensão, nossa diplomacia, nossas decisões, tudo será vão se não apelarmos primeiram ent,e para o Senhor, se não sentirmos que somos três, dos quais dois decididos a obedecer. No dever de sentar-se não se trata de duas pessoas que s e defrontam, mas sim, de dois filhos que interrogam s.::u -p•a i. E' pois uma atitude humilde, séria, que nada tem de comum. com a desenvoltura de dois jogadores de tenis atirando bolas um contra o outro. O dever de sentar-se é um gesto eminentemente religioso. Disse mais acima que tinha um caráter solene; não quer isto dizer que haja necessidade de poltronas e de um salão . . . Mas há sim, necessidade de uma prepaTação de alma. Sem. esquecer que o ambiente t em também a sua importância. Não vejo bem como seria possível fazer o dever de sentar-se na. plataforma de um trem de subúrbio super-lotado ... Fica bem claro:, portanto, que no dever de sentar-se iremos renunciar à espontaneidade. àquele sossêgo que faz o entcanto de tantas horas agradáveis' entre espo-.;oa. E' preciso insistir neste ponto, para evitar malentendidos e decepções no correr dos anos. O que perdemos em espontaneidade, g!:l.nhamô-lo em fôrça, a fôrça oe ·oeus. Onde é que encontramos, nc mundo, grandes criações da espontaneidade? As artes, as ciências, a.o;: virtudes, exigem violência, a mobilização da vontade, a serviço do coração e da inteligênct,n.,

12

/

'


SUPLEMENTO à Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora MARÇO, 1966

A' MANEIRA DE PREAMBULO Ao reitviciarmos o nosso contato, através da. Carta M8iil1Sul, qnere'l'nos levar a cada casal, a cada equipe, os nossos votos pwra que êste ano marqwe ma48 um passo à frente na maroh<t para o nosso objetivo de vida integralmente cristã. Três grandes linhas diretri:<~es devem merecer a nossa rJ.nrticUla.r atenção, no dPCoTrer do ano qtte ora se inicia: - Esforços conc1"etos ?«:~ sentido de viver ccnn protumdida>:le e verdade, o a.mor fraterno de que a grande Pere,qrinação a Lourde.<t foi novo ponto de partida. -- Esforçott para pôT em prática, naquilo que compete a nós, leigos as grandes orie·,1tações traçadas pelo Go?lcílic:> Vaticano 11, a começar pela 1eitura e meditação dos documentos conciliares.


-Esforços para respo:1tder aos apêlos do episcopado brasileiro que, em Rcmu:J,, estudot~ exat~tivamente a Pastoral de C!onjttnto que irá agora ser posta e1n execução IJ'm nossaJ país. Estas metas se enqua!lram tâdas naquilo que é a conclusão prática do Concílio: a renovação interior iLe cada um de nós, e qt~ 8'6 será consegttida se fôr apoiada, fortemente apoiada na oração. O "Bilhete do Centro Diretor'', dê.&te Suplem,ento, no.~ 'fafla do p>l'imeiro objetivo. O arti.go do Cônego Ca!farel ori;em,:ta .sôbre o segundo. Qt~nto ao terceiro, cabe a caldla um de nós. estar atento à voo de nossos bispos, nas diocéses a que pertencemos, particularmente no qt~ diz respeito à "Pastoral Familiar". Que êstes três objetivos estejam bem presentes na nossa prece e na nossa vida: vida pessoal, vida familiar e profissional, vida de req1~ipe, 'Vida. na Igreja. Há qtwm alegue por vêzes, que falta assunto na co- par_, 'bicipação de nossa reunião de equitpe ou, ainda, no dever de ,sentar-se, ·. Eis aí três t61Jicos que podercio ltlinwntar uma e ou,tro, e alimentar a nossa ·u fda iLe ori-stãos, ol"istãos arlultos da éra do Concilio Vaticano 11. li

·~

;~


Queridos amigos. Eis-nos no limiar de um novo ano de equipe, em que não estaremos, como no ano passado, inteiramente voltados para um fim concreto como era a peregrinação a Lourdes, mas durante o qual teremos de recolher os ensinamento~ recebidos para os aprofundarmos e os pormos em prót1ca. Hoje voltaremos a falar sôbre a orientação fundamental que deve inspirar os nossos esforços, a caridade fraterna, ensinada e vivida em Lourdes. A maior parte dos peregrinos viveram em Lourdes uma experiência de intensa caridade fraterna. Muitos disseram-nos que o~ assuntos das trocas de idéias durante as reuniões, foram ocasião para porém em prática essa caridade, porque os obrigava a comunic<tr uns aos outros alguma coisa da própria experiência espiritual. É sem dúvida nenhuma mais fácil, se nos dermos de todo o coração, realizar um tal "pôr em comum" durante três dias e com desconhecidos, do que ao longo de anos e com os membros habituais de nossa equipe. Um certo respeito humano, que conhecemos até bem demais, paralisa-nos frequentemente perante os nossos amigos e parentes mais chegados. Além disto, estávamos scb a influência do clima de graça que é próprio de Lourdes. Mas a palavra de Cristo é a mesma em todos os dias da nossa vida: "Amai-vos uns aos outros. . O que eu vos mando, é que vos ameis uns aos outros". É preciso que vivamos êste amor mútuo.

O ensinamento que os peregrinos receberam em Lourdes, poIIT


deremos todcs recebê-lo e meditá-lo, pois que os textos das conferências ai í pronunciadas serão dentro em breve publicados. Para compreendermos e vivermos melhor o mandamento n:J'IO no seio de nossos lares e nas nossas equipes, seria necessário revermos, à luz dêste ensinamento, ao memo tempo tão simples e tõfJ fundamental , todos os nossos métodos: as diferentes partes da reunião de equipe, as diferentes obrigações. Como iremos viver no nosso "dever de sentar-se", aquilo que aprendemos e compreendemos sôbre o amor mútuo . . Que influência irá isso ter sôbre a nossa oração familiar ... O que irá receber de novo a nossa vida de equipe e as relações fraternas entre nós e no exterior? Gcstaríamos que nos enviassem reflexões e experiências que não fossem, entretanto, teorias sôbre a caridade fraterna. Dos nossas métodos, o que passaram a compreender e a viver melhor, gracas ao ensinamento sôbre o "mandame111to novo"? O que é que se ~edificou, entre marido e mulher, pais e filhos, no seio da equipe? Ajudemo-nos uns aos outros, ao longo do ano, para que cada um de nossos casais, cada uma das nossas equipes e todo o noss0 Movimento, seja um "êxito de caridade" que possa testemunhar que Deus é amor. Creiam , queridos amigos, na no~a amizade fraterna e na alegria que temos de nos encontrarmos com vocês, todas as noites . aos pés da Virgem , na recitação da antífona. O CENTRO DIRETOR

IV


O CONCILIO VATICANO li DISCURSO DE PAULO VI (extratos) por ocasião do encerramento do Concílio, em 7 -12-19'65

EM HONRA A DEUS É num tempo que todos reconhecem como sendo orientado mais para a conquista do reino terrestre do que para o Reino dos Céus; num tempo em que o esquecimento de Deus se torna comum e, erradamente, parece sugerido pelo progresso científico; num tempo em que a pessoa humana, que tomou mais nítida consciência de sí mesma e de sua liberdade, tende essencialmente a se afirmar numa autonomia absoluta e se libertar de tôda lei que a ultrapasse .

É num tempo em que o laicismo parece decorrer normalmente do pensamento moderno e representar a sabedoria última da ordem social temporal; num tempo também em que as expressões do pensamEnto atingem ao cúmulo do irracional e do desespêro, em que se pode finalmente observar, mesmo nas grandes religiões que se repartem pelos povos da terra, sinais de perturbação e de regressão; é neste tempo que o Concílio teve lugar, em honra de Deus, em nome de Cristo, e sob o impulso do Espírito Santo.

SôBRE O SOLO ÁRIDO DE NOSSA TERRA A Igreja recolheu-se para reencontrar em sí mesma a Palavra de Cristo, viva e operante, no Espírito Santo, para perscrutor mais a fundo o mistério, isto é o desígnio e a presença de Deus acima e dentro de sí, e para reviver em sí esta idéia, que é o segrêdo da

v


segurança e da sabedoria dêste amor que a obriga a cantar inces santemente os louvores de Deus: "Cantar é a característica daquêle que ama" , diz Santo Agost inho. Os documentos conciliares, principalmente os que tratam da Revelação divina, da liturgia, da Igreja, dos sacerdotes, dos rel igosos, deixam claramente transparecer esta intenção religiosa , direta e primordial, e mostram quanto é límpida e fresca e rica a vida espiritual que o contato vital com o Deus vivo, faz brotar no seio da Igreja, e, da Igreja , expandir-se sôb re o solo á rido de nossa terra . A ETERNA DUPLA FACE DO HOMEM . . . A Igreja do Concilio, é verdade, não se contentou em refletir sôbre a sua própria natureza e sôbre as relações que a unem a Deus : êla se ocupou também e muito do homem, tal qual na real idade êle se apresenta em nossa época: o homem vivo, o homem inteiramente oc.upado de sí mesmo, o homem que se faz não só o centro de tudo o que o interessa, mas que ousa pretender ser o princípio e a razão última de tôda realidade. Tôdo o homem fenomenal, isto é, revestido de suas inúmeras aparências, como que se levantou perante a Assembléia dos Padres Conciliares, homens também êles, e de vós , pastores e fiéis atentos e amorosos: o homem trágico em consequência de seus próprios dramas, o homem de Cfl1tem e de hoje, e, por isso mesmo, sempre frágil e falso, egoísta e feroz; o homem, ainda, insatisfeito de sí, que rí ou que chora; o homem versátil, pronto a representar qualquer papel, e o homem rígido que só crê na realidade científica , e o homem tal qual é, que pensa, que ama , que trabalha, que espera sempre algo, "a criança que cresce" (Gen . 49, 22) ; e o homem sagrado pela inocência de sua infância, pelo mistério de sua pobreza, por sua lamentável dô r; o homem individualista e o homem social; o homem "que louva o tempo passado" e homem que sonha com o futuro; o homem pecador e o homem santo . .. . . . E, na humanidade , o que êste augusto Senado cons·derc u, ~.

VI t

,,

.


pois, ao procurar estudá-la sob a luz de divindade? Considerou, uma vez ainda, a eterna dupla face do homem: sua miséria e sua grandeza, seu mal profundo, inegável, incurável por sí mesmo, e aquila que êle conserva de bem, sempre marcado de beleza misteriosa, ~ de !:Oberania invencível. Mas é preciso reconhecer que êste Concílio, uma vêz que se pôs a julgar o homem, deteve-se muito mais neste aspeto feliz, do que no seu aspeto infeliz . Sua atitude foi nítida e voluntàriamente otimista . Uma onda de afeto e admiração transbordou do Concílio sôbr<' c mundo humano moderno. Erros foram denunciados. Sim, pois que é a exigência da caridade, como da verdade; mas em relação às pessoas, só houve chamamento, respeito e amor. Em lugar de diagnósticos deprimentes, remédios encorajadores ;em lugar de fu nestos presságios, mensagens de confiança partiram do Concílio para o mundo contemporâneo: seus valores foram não só respeitados, mas honrados; seus esforços estimulados, suas aspirações purificadas e abençoadas . ..

"TERMINOU A DISCUSSÃO, COMEÇA A COMPREENSÃO"

r

Soou a hora de meditar longamente os grandes textos que foram promulgados pelo Concílio Vaticano li e de cooperar com tôdas as nossas fêrças na renovação, em profundidade, da vida da Igreja . "Terminou a discussão ,começa a compreensão", declarou o Papa . Duas tentações vão agora ameaçar os cristãos. A primeira, a de desinteressar-se pelo Condito, à medtda que o tempo irá passando. A segurnda, a de considerar, candidamente, ter compreendido as grandes orientações do Concílio, pelo fato de ter lido um livro de vulgarização ou porque, durante dois ou três anos tenhamos estudado na equipe alguns temas sôbre o Concíli o VJI


Para compreender estas orientações, impõe-se um esfôrço de: reflexão metódico e paciente . Reflexão, aliás, que levará muitos a compreenderem que, para assimilar os ensinamentos de VaticanJ 11, é preciso antes de tudo estudar os fundamentos da nossa fé, tão pouco conhecidos, mesmo pelos cristãos que se julgam c~ltos.

'

Um dos grandes benefícios de Vaticano 11 será o de suscitar nos leigos um sé rio esfôrço de cultura religiosa, sem o qual permaneceriam eternamente infantis no seio de Povo de Deus, a despeito dos grandes textos sôbre o lugar que lhes cabe dentro da lgrejil

I

Mais importante ainda, talvez, o apêlo à santificação pessoal efetiva e a difusão da mensagem evangélica entre os homens de nosso tempo. Para que esta era da Igreja na qual entramos, corresponda às intenções divinas e veja iniciar-se o agg iornamento tão desejado, Paulo VI proclamou um "jubileu especial" iniciado no enceramentú do Concílio e que se estenderá até o dia de Pentecostes 1966. ~ste jubileu, período de penitência e de oração, deve ser, segundo o pensamento do Santo Padre, a inauguração de uma vida nova, o aprofundamento da "mensagem de verdade e caridade" que emana do Concílio, a ocasião de estreita mento da comunidade dos fiéis, ao redor de seus .pastores.

Nas Equipes de Nossa Senhora empenhar-nos-emas para entrar deliberadamente, generosa e alegremente dentro das perspectivas de Paulo VI, tanto mais que êle nos disse, em Roma, q..Je confiava em nós e contava conosco. Estou certo, ao lhes falar deste modo, que vou ao encontro do desejo de todos. Mas não ignoro que as mais firmes resoluções não tardam em perder o seu vigor se não nos mantemos alertas. ~ por isso que eu lhes peço; em cada reunião de equi.pe, até Pentecostes, interroguem-se, por ocasião da "partilha", sôbre o que estão fazendo para corresponder ao insistente apêlo que Paulo VI dirige a tôda a Igreja, ao proclamar êste jubileu. HENRI CAFFAREL VIII


OS TEXTOS PROMULGADOS POR VATICANO 11 Damos a seguir a lista completa de todos os textos emanados do Concílio, lista esta de incontestável importância que bem mostra o trabalho de reflexão realizado no coração da Igreja, no de correr dêstes quatro anos. I.

Quatro constituições

Constituições dogmáticas Constituição dogmática sôbre a Igreja I "Lumen Gentium" ) 121 nov. 64) Const ituição dogmática sôbre a Revelação I 18 maio 65 ) Constituições pastorais Constituição sôbre a Liturgia I 4 dez. 63) Constituição sôbre a Igreja no mundo de hoje I 7 dez. 65) 11.

Nove decretos

Sôbre o munus pastoral dos bispos 128 out. 65) O ministério e a vida dos sacerdotes 17 dez. 65) A formação sacerdota 1 I 28 out. 65) A renovação e a adaptação da vida religiosa I 28 out. 65 ) O apostolado dos leigos I 1 8 nov. 65) A atividade missionária da Igreja I 7 dez. 65) As Igrejas Orientais católicas 121 nov. 64) O ecumenismo (21 nov. 64) Os meios de comunicação social I 4 dez. 63 l

111. Três declarações A educação cristã ( 7 dez. 65) As relações da Igreja com as rei igiões não cristãs I 28 out. 65) A liberdade religiosa 17 dez. 651 JX


Já s.e cnc·o ntram traduz ;dos em poftuguês os seguintes textos :

Na s Edições Paulinas "Lumen Gentium" Constituição dogmática sóbre a lgrej 3 Ccnstituição sôbre a Liturgia Instruções para executar corretamente a Constituição sôbre <:: Liturgia. " Persoptae caritatis" A renovação e a adaptação da vida religiosa "Inter mirífica " Os meios de comunicação social Na Livra ria Vozes 149 "Lumen Gentium" - A Igreja 1 50 O ecumenismo 1 51 As Igrejas Orientais católicas 1 52 A Igreja à luz do Concílio Em preparação: Um volume com todos os documentos do ConC: Ii o Vaticano 11

DEUS CHAMOU A SI Todos os meses, a nossa Ca rta Mensal trás, no título "Vida do Movimento", uma relação dos nossos irmãos equipistas que, term inada a sua missão sôbre a terra, foram chamados ao seio do Pai. Por vêzes, são eq uipi stas ou assistentes 1nossos que ai São mencio nados . Lembremo-nos de colocar uma intenção espec ial por êl es ,


na nossa oração comun itária . Lembremo-nos oue um dia . . . também nós faremos certamente parte desta lista. Possamos então contar com as orações de nossos irmãos, e possamos principalmente dizer conscientemente SIM à vontade do Pai , como nô-lo ce1ntam as linhas abaixo, escritas pelo responsável do Setor de Lisboa . "Jea n Bonneville, membro da equipe Lisboa 23, faleceu a 12 àe junho. Ana Maria ficou só, com seus nove filhos . Jean e ela tin'"'am participado da peregrinação de Lourdes e êle recebeu de Nossa Senhora a graça de uma santa morte . Pouco antes da partida para Lourdes, apesar da gravidade de se u estado , Jean tinha plena confiança que Nossa Senhora lhe concederia a felicidade de poder participar da peregrinação. Assim aconteceu, mas em Lourdes seu estado agravou-se ainda mais. A viagem de volta, por estrada de ferro (muito longa) fot feita em condições duras e incertas para êle. A presença tão próxima de um de nossos "irmãos" que sofria, nos tomou ainda mais receptivos e conscientes das graças da peregrinação. Deus o chamou a Sí, quatro dias após sua volta a Lisboa; sua fé e serenidade marcaram profundamente os membros de sua família e seus amigos. Transmitimos um trecho da reunião do mês de junho, da equipe do casal Bonneville : "Ana Maria nos contou com extraordinária firmeza, os últi mcs momentos de Jean e a sua peregrinação a Lourdes; êste pôr em comum é muito difícil de exprimir. O assistente e os outros casais que também foram a Lourdes, contaram-nos os momentos vividos tão perto de Cristo, e fizeram com que compreendessemos a intensidade da caridade que unia todos os casais .peregrinos, caridade que levou Jean e Ana Maria a dizerem , com pleno conhecimento, um SIM à vontade do Pai". O APOSTOLADO DOS RETIROS

Se, ao sair de um retiro, estamos cheios de viqor, se a nossa fé se fortificou, se a caridade se alimentou com a Palavra de Deus e com c contato com Deus no silêncio e na oração, só podemos ter XI


um desejo : convidar outros casais e amigos para que façam també m essa mesma experiência . O apostolado dos retiros é um verdadeiro apostolado; todos podem dêle participar, quando mais não seja, in dicando aos seus responsáveis de Setor, ou aos responsáveis pelos retiros da sua Região, os nomes dos casais que seria conveniente informar e convidar. O responsável pelos retiros do Setor de Liêge (Bélgica ) , contanos como realiza a difusão dos retiros : " Há já alguns anos que fazemos grande esfô rço para acolhe r, nos retiros que organizamos, casais que não fazem parte do Movimento. Tal esfôrço começa a dar frutos, tanto assim que, no an o passado, recebemos 40 % de casais de fora . Eis como temos procedido : Primeiro, alertamos os casais da s equipes do Setor. Mpndaramnos os nomes e residências de algumas ce ntenas de casais a quem enviámos um convite pessoal. A seguir, mandámos a todos os vi gários da diocése, um grande 'cartaz com a indicação de todos os retiros do ano e pedimos-lhes que nos indicassem casais a quem pudéssemos enviar convites. Finalmente, o nosso programa de retiros é anunciado de 6 em 6 meses nos principais jornais católicos da região" . D·IAS DE ESTUDOS DE RESPONSÁVEIS DE SETOR E COORDENAÇÃO

A 1 2 e 1 3 de março, os Responsáveis de Setor e de Coordenação, irão se encontrar em São Paulo, no Colégio Assunção, juntamente com os seus Conselheiros Espirituais, para dois dias de es tudos e oração. Primeiro grande encontro do ano , êstes Dias de Estudos que rem reunir os .principais "quadros" do Movimento, para juntos pensarem , numa unidade de vistas e de esforços, as grandes diretrizes a serem dadas às equipes durante o ano que se inicia . ~ desejo do Movimento que êste encontro seja como que c prolongamento da Peregrinação a Lourdes, vale dizer, viver em profundidade o espírito do Mandamento Novo que norteou o Cc n XII

,


cílio Vaticano 11 e que constitui uma das grandes metas a serem :ocalizadas nas nessas equipes durante o ano. Se êste encontro se destina particularmente aos Responsávei< e Assistentes dos Setores e Coordenações, interessa no entanto a todos os equip:stas. O Movimento conta, portanto, com as suas orações, para que os trabalhos que se irão desenvolver no Colégio Assunção, contem com a luzes e as graças do Senhor.

OS DIAS DE ESTUDOS DOS RESPONSÁVEIS ... . . . a grande Assembléia anual de nosso Movimento, terá lugar êste ano, nos dias 23 e 24 de abril, no Colégio Assunção. Anotem os Responsáveis de Eouipe, nas suas agendas, esta data e tomem desde já as medidas necessárias para poderem comparecer a êste Encontro.

PREPARAIÇÃO PARA. O CASAMENTO A importância dos encontros de noivos, promovidos pelo Centro de Preparação para o Casamento em várias cidades, pode medirse pelas impressões que os próprios novos manifestam por vêzes. Damos a seguir alguns testemunhos de noivos que expontôneament:! se manifestaram aos dirigentes dos "Encontros" no Rio de Janeiro "A Vocês, a quem Deus usou como instrumento para mai:; uma vez demanstrar Seu amor, sua primeira turma de noivos". "Eram jovens que queriam buscar algo melhor; era ·n joven; que caminhavam juntos para a mesma direção. Pararam, entretanto, no decurso da viagem, para abastecer seus corações. . Nêste recanto calmo e tranquilo, encontraram verdadeiros guias para sua jornada, guias êstes que os ensinaram a compreender a beleza da vida, a grandeza do amor, a onipotência de Deus. Através dêstes ensõnamentos, puderam percorrer melhor seus caminhos, com os pés sempre na terra, mas com os olhos fixos no céu". "Tenho grande dívida de gratidão para com os orientadores dos encontros. Meu noivo passou a dar muito mais valor ao casamento, e principalmente a mim, idealizando-me como mãe " Xll!


espôsa. Sent i q ue as suas boas qualidades se expandiram, por terem sido expost as a pa lestras tão construt ivas e eclarecedoras". " ~ bom ver, sentir e crer q ue se pode "construi r" casa mentos felizes" . "Como podemos nós agra dece r-vos? É bem d ifícil, mas espe ra mos que s intam, com o nosso "muito ob riga do", de coraçã o , tu do o que te mos vontade de dizer . Elevamos nossa prece a Deus, pa ra que Êl e prote ja, a bençoe e derrame graças sô bre êstas fa m ílias fe lizes que não se satisfazem só em serem felizes, mc; s vão mais além : sã o felizes porque fazem os outros felize s. Pedi · mos t am bé m a De us qu e possamos um d ia mostrar tam bém , que é fácil ser fel iz no casamento, sempre aos o lhos de De us" .

EQUIPES ADMITIDAS Austrál ia Brisbane 1 . Bélgica Bruxe las 1 12, 1 13 . Canadá - Sherbrooke 5 . Barce lona 84 , Elche 2 , Jerez de la Frontera 3 , Val ê nc1 a Espanha 19, 20 . França A nge rs 14, Arg entên 2, Bar- le-Du c 3, Chevill y-la-Rue 1, Châtill on 2 , Coetquida n 1, Grenob le 22, Rague nau 3, Lyon 23 , 'Renn es 13 , Sa int- Gervais 1, Saint-Cioud 4, Tours 8 , Vendôme 5 . Itá lia ·- Fossano 1 . Portugal Alcobaça 1 , Lisboa 38 , 39 , Porto 26, 2 7 , 29. Suiça - Ge nebra 25 .

EQUIPES COMPROMISSADAS Bé lgica ·XIV

Bruxe las 4 2 .


Espanha Barcelona 27. França - Bordeus 15, Dinan 2, Saint-Dié 2 , Toulouse 6. Equipes por correspondência 25. DEUS CHAMOU A SI

Jean Bonneville, membro da Equipe Lisbca 23 , falecido a 12 de junho 65 . Pe. Félix-Jean Lusteau, Assistente de Vannes 5 ( França ), em julh::;. Pe. Colinet, Assistente de Anvers 5 (Bélgica ), em setembro. Amaud Jonas, membro de Douai 3 ( França ) , em 16 de setembro. Angele Ciet, membro de Bruxelas 15 ( Bélgica ) , em 22 de setembro. Bernard Vaudour, membro de Rouen 1 {França), em 25 de setembro. PROFISSÃO RELIGIOSA

Nossos amigos Maurice e Huguette Coursol, da Equipe Saint-Mandé 1 (França) , nos comunicaram a profissão perpétua de sua filha Marie-Thérese, religiosa da educação cristã. Esperam que todos aqueles que os conhecem, e mesmo os demai s, possam participar de sua alegria e rezar por sua filha.

RETIROS

DE

1 9 6 6

Região São Paulo

Março

25 - 27 -

Abril Maio Junho Agôsto

22 20 1O 5

- 24 - 22 - 12 - 7 -

Em Baruerí Pregador: Pe . lgnóc ic Agero S.J. Tema: A espiritualidade do cristão casado Em Valinhos Em Baruerí Em Valinhos Em Baruerí . XV


19 - 21

Agôsto Agôsto Setembro

26 - 28

Outubro Outubro Novembro Novembro

14 - 16 18 - 20

2 -

4

7 -

9

25 - 27

Em Valinhos Em Valinhos Em Baruerí Pregador: Pe. Ignácio Age ro S.J. Tema: O pl ano de Deus sôbre o mundo e a famíl ia Em Baruerí Em Valinhos Em Valinhos Em Baruerí

Temas dos Retiros do Rvmo. Pe. Ignácio Agero S.J.

Tema: A espiritual idade do cristão casado A vocação do cristão casado A realização dessa vocação no dia a dia As renúncias que o amor conjugal exige Perspectivas humanas e div inas da união sexual Planificação da família Educação do fruto do amor que são os filhos A família (pais e filhos) diante do mu1ndo A cruz de Cristo na vida co nju gal Tema: O plano de Deus sôbre o mundo e a família O plano de Deus sôbre o mundo O plano de Deus sôbre a família: os cônjuges O plano de Deus s6bre a família: pais e filhos A oração na família O cristão casado na Igreja A Fôrça para realizar o plano de Deus. As graças do Sacramento do Matrimônio

XVI


UM PROBLEMA DIFfCIL

Segundo no início nos :mais mal do Também

argumento contra o dever de sentar-se: "Logo des('ntendemos, discutimos; isto faz certamente aue bem; nenhuma vantagem nos traz". ai parece-me útil pôr em relevo que o dever

de sentar-se deve ter por objetivo, justamente os assuntos d'r!fceis que m-itamos nos encontros espontdneos! "Não vou

estragar êstes poucos momentos de intimidade, trazendo à bmla esta questão delicada, êste pomo de discórdia"·. O dever de sentar-se, pelo contrário, é feito justamente para abordar os problemas difíoeis. Há por exemplo, os conflitos e oposições entre esposos. E' certo que o dever de sentar-se não os suprimirá, mas permit.irá que os olhemos de frente, talvez com uma provação ou um exercicio da caridade mútua, e não mais como um combate no qual se tem pressa em ver proclamado o vencedor. Se se abordam as dificuldades entre esposos dentro de um espirito de reivindicação, com a ambição secreta de triunfar. o dever de sentar-se não resol'v1erá nada, muito pelo contrário. Se as abordamos pedindo o auxílio do Senhor, tornamse fecundas. E' preciso prinaipalmente que os esposos não dlesanimem, vendo-se por v ezes diferentes, quase e-m oposição. Deve-se reagir contra o mito de um acôrdo verbal, de uma lua de mel permanente. Dois espôsos que limitassem voluntàriariamente seu ca·rnpo 'de investigações aos pontos sôbre os quais têm certeza de u.ma união de vista.s, teriam uma união mais J:!ob-re do que a daquêles que sondaram os abismos que os separam, num espírito dJe confiança e de e,sperança cristãs,

Poderá acontecer que não avancemos um passo na solUção humana de um determinado problema; penso que, nêste caso. a submissão religiosa da mulher à decisão defendida pelo marido, tem um grande valor e atrái as graças do Senhor. Não falo evidentemente das decisões que iriam contra a consciência, mas de assuntos importantes, como por exemplo, estilo de vida, escolha de estabelecimentos de ensino para os tilhos, participação em tal ou qual atividade , , .

13

,


Procuremos falar sem paixão dos problemas difíceis ; com o mínimo de palavras. numa atitude interior de oração ininterrupta. Entreguemo-nos então nas mãos d€ Deus. Por várias vezes ac·o nteceu-nos de nos separarmos, depois' do dever de sentar-se, com a impressão de que tinha sido estéril e vão. Mas tôdas as vêzes fiquei maravilhada ao ver como os horizontes se tinham depois aclarado. A apresentação conjunta do problema, a sua análise sem paixão, na presença de Deus . . fazia com que, em seguida, cada um fosse muito mais compreensivo em relação ao ponto de vista do outro. Oficialmente, o problema ficara sem solução, mas a graça e os esforços de cada um, t.inham criado um clima favorável ao entendimento, próximo mesmo da solução. O problema do qua;Z tratamos juntos, como cristãos, como cônjuges, no dever de sentar-se, torna-se sagrado. Não mai-s· o atiraremos um c·o ntra o out.ro e fora de propósito. Não se encontrai a solução, como s·e encontra uma pérola, mas a solução· vai ss impondo a nós pouco a pouco, eficazmente. Certamente não vejo aqui senão as nossas dificuldades. As dos outros serão naturalmente, diferentes. Eu não posso crer que este modo de dar prioridade à graça seja ineficaz. Por out.ro Jaào, ês1.e apêlo à graç11 deve ser feito em r:onjunto, pois que tudo na vida de Cristo e da Igreja nos mos~ tra que na base de qualquer efusão espiritual, deve haver' um sinal, um "substratum" humano. O pão e o vinho que trazemos ao Dever de sentar-se é a nossa presença de homem e mulher lado a lado, a nos·sa troca üe palavras, sinal ãe boa vontade, afastando o individual, o "pessoal", a nossa oração silenciosa ou em voz alta, mas comum e reconhectida como tal no cmEeço do Dever de sentar-se. "O sacramento do matrimónio santifica a união dos espôsos''. O Dever de sental·-.se é como um memorial do sacramento do matrimônio ;nt.eiramente privilegiado e, a este titulo, fonte d·~ graças privilégjada.s". PARA TERMINAR

Desejaria, para terminar. dar em favor do Dever de .sentar-se um testemunho de alcance muito humano, mas não 14


rlc desprezar. No DevC'r de sentar-se prevemos atividades, viagens, convitf's, férias, etc., com seis meses de antecedência! Uma vez em dez acontecem imprevistos, mas nas restantes as coi-sas que eram dificeis resolvem-se como por encant.v, isto porque elas são decidida~, bem analizadas. com realismo. sem hesitações, e bem repartidas em relação a outras obrigações. Por exemplo, nós queremos ir a um retiro. Pediremos nessa altura ajuda a tal parente (avós, m ad'rinha ). Portanto. não c sobrecarregar de maneira intempestiva antes dil'!so. Pe· dimos a um outro filho um esfôrço, impomos-lhe uma carga bastante pesada; devemos prever uma compensação, um descanço _ uma viagem.. o convite de tur. amigo. Talvez nem todos os casais tenham necessidade de tanta, organização. Mas nós, tanto um como o outro, temos o sistema nervoso sol:'l'ecarregado. O trabalho previsto com antecedência cansa-nos menos que :-t.a improvisações. A regularidade Imposta pelo "Dev~r de sentar-se" obriga.nos a organizar e prever. Evid~:;ntemente, poder-se-ia fazer isto com outro nome, mas não nos deixariamos muitas vezes levar pela vida. e lançs.r mão de expedientes? A função cria o órgão. O Dever de sentar-t=Je fonna em nós o espirito de chefe de emprêsa e estamos muito satisfeitos com isso. De tudo o que dissemos conclue-se qu~ o elemen~ú essencial do Dever de sentar-se não é a confidência e o abandono. Não ~ um acordo rànidamente obtido ma.s uma análise lOnscioente da vida matrimÔnial para per :>s problemas diante dos olhos, medir o caminho percorrido, avaliar as distâncias, calcular as dificuldades, prever o 1tinerário da etapa seguinte, debruçados sobre um mapa a que chamamos a Vontade do Senhor. sustentados pelo viátic'o da graça. Se não há flôres a colher. se se fica perplexo diante do caminho a seguir, pouco importa. Cumpriu-se o dever de homem e mulher. O Senhor depressa saberá reunir-se a nós, após o insucesso (se é que se trata de insucesso) e nos dará justamente a luz necessária para afastar as trevas.


REFLEXõES DE UM ASSISTENTE

Nem só de pão vtve o homem .. . Que pensaríamos de um soldado que guardasse, nos bOlsos ou na mochila, as cartas da mulher, sem sequer as ler? ·Q ue já a não ama e que deveria ter outro amor na sua vida. Bem poderia êle argumentar que -está unido a ela pelo coração e não pelas notícias e declarações de amor: não ficariamos convencidos. ~ verdade que não são as palavras, nem mtesmo as de amor, que criam a união entre as pessoas, mas as palavras ainda são o que há de melhor para que os espí-' ritos incarnados que nós somo.s, possam comunicar e comungar uns com os outros. Pretender que há união e descuidar as formas de expressão e comunicação é inconsciência ou má fé, e é sempre um sintoma grave. Não se apresentaria êste grave .s intoma na nossa vida cristã, que é e deve ser uma união a Cristo? Cristo nos fala: estamos a sua escuta? Lemos e relemos a Sua mensagem, o Evangelho. para entrar em contato com l!::le? Dizíamos que o essencial numa mensagem, é abrir caminho para os sentimentos e pensamentos íntimos do seu autor. ~ assim que lemos o Evangelho? Conseguimos atingir, para lá das palavras e dos exemplos:, o pensamento vivo do Filho de Deus, pressentimos o bater do eterno Coração, estreitamos relações pessoais com Jesus Cristo? Quem lê o Evangelho frequentemenue, não só com a "'máquina de raciocinar·• mas com o el'>pírito atento, 110 silêncio interior, depressa consegue comunicar com Cristo. Surge um amor, ia diz.ex de homem a homem, mas de homem

16


a Peus; entre ête e Cristo, cria-se uma umão indestrutivel ~

ist.o a vida cristã.

Não se realiza de uma vez para ~empre, mas todos os dias, :é: dia a dia que se tem de ouvir Cristo falar ao Pai e aos homens, vê-Lo andar, rezar, angustiar-se, chorar e sofrer. Numa palavra, estar atento a tudo aquilo com que Cristo se exprime, se entrega (se entrega a mim, porque é preciso não esquecer que o Evangelho é uma mensagem pessoal, dirigida a mim). Então o Evangelho torna-se nm alimento, precisa mente êsse alimento de que C'risto falava: "Nem só de pão vive o homem, mas de tôda a palavra que procede da bôca de Deus". Como eu desejaria que cada um de vocês sentisse fome, no dia em que não lesse o Evangelho. Porque não hão-de ter uma troca de impressões sôbre êste assunto, na equipe? E repeti-la, depois, numa partilha, regularmente? Creio no valor do.s métodos- das Equipes de Nossa Senhora para inserirem nas nossas vidas o que nós, !'lózinho!!. não começaríamos a fazer, ou que pelo menos depressa abandonaríamos.

17


PARA VIVER MtlHOR OS ESf ATUTOS "Ambicionam levar até o fim os compromissos de se1~ baptismo. Querem viver pura Cristo, com Orist:o, por Cristo. EntTegam-se a 1-:le <~em r muli çõe8. Resolvem serv-i-Lo sem discutir''.

"·Q uem sois Vós, Senhor, e quem sou eu? Vós sois o 1Senllor: Ego Pominus vester . Eu aou o vosso Deus (Lv. 18. 2 e passim) . .. D eus é o Senhor porqUJe não só odUpa êiste campo que sou eu, mas porque o possui até às profundidades. porque o J~ê z. Sem 1!:1le nada existiria1 aqui, nem existiria a colheita nem o sub-solo. Tudo vem d'l!lle e tudo Lhe pertence: Ego Dominus . .:t!:ste direito de Deus é incomunicável. Qualquer direito legitimo sôbre mim é uma emanação, uma del,egação do Seu direito. Qualquer submissão justa tem de estar referida à Sua aut oridade, e nã o existe n enhum domínio que não !"eja por intermédio do seu e que a l!lle se não report" f'.m última análise. (Cf. J. 19, 11.) Ego Dominus. l!lste dil'eito de Deus é total. Subtrair-lhe uma só fibra do meu coração , um só pensam er.~ o :lo m eu espii·ito,uma só lu::; da minha intelig ência., um só ato do meu corpo, substrair.lhr consdentemente, deliberadamente, a m enor das minha.s açõe ~ seria rapina, injustiça, roubo e indelicadeza. E seria também falsidade. êrro e tolice. "Quem se afastar de Ti perecerá, porque destrói.s os que Te são infiéis." ll: um êrro, uma dessas tentativas desnorteadas, condenadas de antemão, que só se subtrairia à Providência da graça e da predileção para ficar sob a Providência da justiça e da ira: "Quem é como Deus?", E g o D'ominus. l!lste direito de Deus é eterno. O céu e a terra hão-de passar. O prazer e a dor humana hão-de passar. O riso e

18


as lágrimas passarão. As artes e os livros passarão. A afeição e dedicação passarão. A Fé e a :Elsperança passarão ... mas o dominlo de Deus .s.ôbre mim, com as suas consequências de bem aventurança ou de maldição, não há-de passar. O Amor eterno QU'e é a razão eterna do mundo e dos mundos, êsse amor não será frustrado. . . Ego Dominus. li:ste direito de Deus está em primeiro lugar. O direito que sôbre mim têm os meus pais, os m~us benfeitores, o meu pais, os meus amigos, todos aquêles a quem o meu amor, carnal ou espiritual r econhece certo direito sôbre a minha atividade, afeição, dedicação, serviço, é apenas um d~reito precário, 'condic'idnado, limibado, m~do, subordinado e secundário. D'evo-lhes muito ou pouco, na realidade ou por imaginação, mas eu só me devo a Deus, porque só o Seu diveit.o é incondicionado. li:le tem de ser o primeiro servido porque os dons que os outros me fazem são, em primeiro lugar e essencialm,ente, dons que provêm d'li:le. Deus em primeiro lugar ... Deus servido em primeiro lugar. . . Ego Dominus. Como se há-de reconhecer êste direito de Deus? Ê preciso em primeiro lugar reconhecê-lo com os lábios, quer dizer confessá-lo por aquilo que realmente é, o que nos leva à adorução, ao culto sem condições, sem restri~ões, Rem limites; "3ó Tu és Santo, só Tu és Senhor, s6 Tu és AIUssimo ... " li: preciso reconhecê-lo com as mãos e com o espírito que dirige as mãos através do storviço: "ó Senhor, eu sou o t.eu sei"vo, o filho da Tua Serva". É preCiso reconhecé-lo com o coração, através do reconhecimento e do amor: "Quanto a nós procuraremos ama:· porque ~le foi .o primeiro a amar-nos." (I. Jo. 4, 19). LÊONCE DE GRANDMAISON.

19


DIALOGO ALERTA

AOS

DESINCARNADOS

"Tanto eu como a Celina gostamos rnwito das nossas renniões de equipe, que nos parecem muito boas. Estamos ·m 1tito abortos ao "espiritual", a oração é autêntica, veràa ..; deira e profunda, e na partilha, ta-l como na discussão ·ao: tema, cada um dá o seu teste·m unho e abre-se quanto dji · próqJ'rias dificulda•les. Mas natnca· falamos da nossa vida corrente, vida profissional ou familiar, dos amigos e vizinhos que encontramos, exceto na.s intençõoo da oragão. Parecemos pessoas um tanto desincarnadas e devo 'dizer-lhes que eu e Celina nos sentilrnos um bocado constrangidos. Nunca nos encontramos entre as reuniões, n1Lnca noo vemos "gratuitamente"! Quando falámos disso à equipe tornos Ílnr!. po1wo mal compreendidos. Fala1·am.nos mttito da . amizade espiriitual que não precisa •le palavras para existir, mas lembramo-nos de uma frase que lemo81 em qualquer parte: "O amor p recisa mari4S de expressão do que de posse". Se assim é para o ctmor, não o será também quanto à amizade r Di&seram-nos ainda que não estátvamos ali para tratar dos nos.slos problemas prof'issiona;is ma-s prara aprofundar a nossa vida cristã e o nosso conhecime(l'l,to do matrimônio, e que mais tarde era natural que tratássemos de outros a.spetos da nossa vida, em novos temas de estudo. Que havemos de pen:sar disto '! Parece.no.s. segundo ecos que nos chegam de outras equipes e pelo que diz a Carta Mensal, embora não seja multo explícita nesse aspeto, que falta qualquer coisa à nossa equipe".

Caros amigos, falt.a pura e simplesmente a "vida de equipe" e, nas reuniões, falta qualquer coisa muito importante que se chama o "pôr em comum". Não confundam uma equipe de Nossa Senhora com um circuio de oração e de estudos espirituais em que os seus membros vêm se restaurar todos o.s meses sem por isso tomar muito em consideração os outros participantes. A reunião mensal é 20


o momento mais importante da v.ida da equipe, _mas -a oequi. pe continua a existir durante todo o mês, e é a equipe que dá forç·a s e restaura. Seria uma concepção errada das Equipes de Nossa Senhora c·o nsiderar apenas a reunião mensal, considerar apenas a oração, o tema de estudo ou mesmo a partilha. Formar equipe é esforçarmo-nos em con·jtlnto por atingir o mesmo fim. e, logo, tomarmo-nos mu"', tuamente a cargo, ajudarmo-nos, levarmos os fardos uns aos outros, fazermos parte, como os alpinistas da mesma turma, em que cada um ajuda os outros nas passagens düiceis. Para isto é preciso que nos conheçamos, é preciso >eonhecer as circunstâncias da nossa vida quotidiana, e para nos conhec·e rmos é preciso que nos vejamos, que nos encontr-emos, que falemos uns com os outros, sobretudo nos primeiros anos da vida dle equipe. Mais t.arde teremos de conservar esta amizade e este conhecimento ·mútuos, mas deve existir a · base, que é preciso estabelecer nos primeiros tempos. Desculpem - esta -·resposta ·ser tão curta, mas quisémos r esponder sem demora, e se o fazemos aqui é para chamar ·a a-tenção de outras equipes que estão no mesmo . caso. Nunca abandonem o humano a pretexto do sobrenatural. Bem sabem o que dizia Pascal: "Quem quer fazer de anjo, acaba por fa2ier de monstro .. . " · "PENSAM NAS MISSOES?

Há assuntos importantes, que lamentamos só poder enunciar. Gostaríamos de falar, por exemplo, da Igreja missionaria, do papel missionário da família c'ristã. MaSI isso não é possãvel na nossa Carta Mensal, que tem de ser. pequena e tratar apenas da vida 'das equipes e do Movimento. Mas, pelo menos, é preciso que digamos como a Centro Diretor deseja que o Movimento nos abra para todos os aspectos e atividades da Igreja. As "missões" são a Igreja que se expande e fixa. ll: preciso que nos lembremos sempre das missões, sobretudo nas nossas orações. Procu. 2l


remos que a nossa equipe e a nossa familia tenham a preocupação, o interêsse pelas "Missões", o zêlo pelo desenvolvimento do Reino de Cristo num pais pagão. Vejamos alguns exemplos, testemunhos e idéias. EQUIPE E MISSãO. "A nossa equipe adotou um missionário e todos os me.. ses, cada um por sua vez, há um casal que lhe escreve. Dá-se lugar muito importante às suas intenções, na oração. As vezes mandamo-lhe um pres-ente, remédios, roupas ou mesmo um cheque! Tomamos as suas preocupações a nosso cargo e êle, por sua vez, toma as nossa&, o que é um grande apoio". "Vimos anunciar-vos a mort-e do irmão de um membro da nossa equipe. Era Irmãozinho de Jesus e foi morto no seu caminhão de transportes. Se lhes fazemos esta comun!cação não é simplesmente para anunciar o seu regresso à casa do Pai ; é que êle estava muito ligado à vida da equipe e interessava-se muito pelo que chamava o "grupinho dos casais". Escrevíamos para ihe dar noticias, gran. des e pequenas, da equipe, e êle falava.nos do sett apostolado." ' I "O irmão de um membro da n..ossa equipe, que é mis, sionãrio, passou a sua última noite de férias <em nossa casa, para assistir à nossa reunião de equipe. Escrevemo-lhe de .. pois e acaba de nos responder. Fala-nos muito dos seus ca• tecúmenos dos quais está a preparar 150 para receberem o baptismo na próxima Páscoa, depois de quatro anos de Ins~ trução. "Eles rezam muito e a maioria recita o terço todos os dias. Reparem que um neo-cristão tem de rezar muito para não rec'a ir no paganismo que o rodeia e que tem nêle raizes ainda não extirpadas". Ficamos muito impressionados e envergonhados ao verificar que não fazíamos a m!nima idéia dos métodos missionários, do desenvolvimento das misseõs. etc ... Tomamos logo uma assinart:ura da revista "Missi" e queremos continuar a correspond'er-nos com o Padre por quem rezamos em fa.milia, com os filhoS!."

22


ORAÇÃO PARA A PRÔXIMA REUNIÃO A caridade, que é amor de Deus e dos nossos irmãos, vem do Espírito Santo. É ela que tornará abertas e irradiantes as nossa~ familias , impedindo que nelas se sufoque . Peçamô-la, todos juntos, Àquele que a pode espalhar nas nossas almas : TEXTO DE MEDITAÇÃO Caríssimos, amemo-nOll uns ao11 outros, porque o amor vem do Deus e todo aquêle que ama, nasceu de Deus e conhece-O. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou entre nós o amor de Deus: Deus enviou ao mundo o Seu Filho único, para vivermos por i!le. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, foi l!le que nos amou primeiro e llOS enviou o Seu Filho como vítima propiciatória p-elos nossos pecados. Caríssimos, se foi assi'm que Deus nos amou, também nós devemos amarmo-nos uns aos outros. A Deus, ninguém jamais O contemplou. Se nos amarmos uns aos outros, Deus em1 nós permanece, e o Seu amor é perfeito em nós. O indício pelo qual verificamos que permanecemos n'!le e l!le em nós é que nos fêz participar do Seu Espírito. E nós vimos e atestamos que o Pai enviou o Fill!o como Salvador do ·mundo. Se alguém confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nêle e êle em Deus. E nós conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditámos nêle. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece hêle". (I .João, 4, 7-17).

ORAÇÃO LITúRGICA Vinde, ó Espírito Santo, e enviai do Céu um raio da vossa lu:r.

Vinde, ó Pai dos pobres, Vinde, Benfeitor magnífico, Vinde, lu:r dos corações 23


6

Consolacfor Incomparável, hóspede dos corações, refrigério dulcíssimo.

Lavai o que IJ lmpuró, tegal o que está sko, curai o que está ferido.

Sois a pa:z na luta, a calma na turbação, o bálsamo na dor.

Dobrai o que é orgulhoso, aquecei o que é frio, endir;i'tai o que é tortuosc»,

6 Santíssima Lu:z, enchei o coração, o intimo dos Vossos fiéis.

Dai aos Vossos fiéis, que em Vós confiam, os sete Dons sagrados.

Sem a vossa proteção nada há no homem, nada, que seja puro.

Dai-lhes a recompensa da virtude, Dai-lhes o pôrto da salvaçõo, Dai-lhes a alegria eterna.

AMÉM .

ORAÇÃO: ó Deus, 4ue CJUet"eis a salvaçõo de todos os homens e que todos conheçam a verdade, enviai operários para a vossa me5se e permiti-lhe5 que saibam proclamar com confiança a Vossa Palavra, a fim de que ã Vossa doutrina, se espalhe, seja estimada , e qu e todos os povos Vos conheçam, a Vós, verdadei ro Deus, e Àquele que nos enviaste, Nosso Senhor Jestus Cristo, Vosso Filh.~· que ~do Deus vive e reina conVotco em, Un idade c:om o Espírito Santo, AMtM.

24

f•



pot:? \11\\A espit:?lt\4\.lt~e

cor~\19~1

1/.

e f<\mlh ..\R

CENTRO DIRETOR . Secr. Ceral . 20, Rue des Apennins . PARIS .XVJI BRASIL

.

Secretariado

.

Rua 13 de Maio, 1263

.

SÃO PAULO 3


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.