ENS - Carta Mensal 1967-5 - Maio

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EQUIPES NOVAS


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O PÃO NOSSO DE CADA DIA A mediocridade de nossa alma faz com que s6 apreciemos um sêr ou uma causa, quando ficamos sem êle. A saúde só é descoberto o seu valor quando nos falta. O jovem que, usando e abusando de sua mãe, fica inconsolável e passa a relembrar com saudade quando ela não mais vive. Quantos prisioneiros de guerra que sem possibilidade de confessar, tomaram consciência do valor do padre, homem extraordinário, que mandado por Deus pode dizer: "Está perdoado". Os leigos de hoje têem um privilégio que não podem avaliar. lt a possibilidade da comunhão diária. Sem contar os primeiros séculos, os cristãos e até mesmo os religiosos não tinham a possibilidade da comunhão diária. Na verdade os fiéis, como os religiosos, passaram por cruel privação. Assim o Rei S. Luiz, que no dizer dos seus biógrafos tinha ardente devoção pela Eucarístia, só comungava seis vezes por ano; a regra da Ordem Terceira de S. Francisco, aprovada por Nicolau IV autorizava apenas três comunhões por ano; a regra de Sta. Clara previa para as religiosas de sua Ordem sete comunhões por ano. Durante séculos a consciência da Igreja se dividia entre dois valores de preço inestimável; a santidade do sacramento da Eucarístia, exigindo a reverência infinita, e o desejo ardente de seus filhos famintos pelo pão insubstituivel. E durante séculos os doutores se inclinaram para o rigorismo. Foi preciso que no início deste século se levantasse a grande voz do Pontífice Pio X, para deixar bem claro a situação. Encerrando dêste modo o debate. Estigmatizou a severidade dos moralistas, que chegavam a excluir da mesa eucarística os comerciantes e as pessoas casadas. Af está porque dizia do grande privilégio dos leigos de hoj~! Proclamou claramente a posição da Igreja: "Quando Cristo nos ordenou que pedíssemos o pão nosso de cada dia, é preciso que se entenda, não se trata apenas do alimento material, mas principalmente o pão eucarístico, que deve ser recebido todos os dias." Esta intervenção de S.S. foi recebida com entusiasmo, e os Cristãos se serviram dela com reconhecimento e fervor.


Passaram-se sessenta anos. Como estamos hoje? O entusiasmo e a solicitude pela mesa Eucarística foram de curta duração. A rotina, essa velha feiticeira, retomou os seus direitos. Temos de reconhecer em grande escala dois dos seus frutos, o abuso e a negligência. Abuso, a comunhão à missa de domíngo que para muitos não passa de uma rotina; já não a preparam, deixam de se "examinar" como pede S. Paulo, a ação de graças é escamoteada e o dia passa, e a Eucaristia no esquecimento. Negligência, porque se muitos cristãos se habituaram a comungar à missa dominical, poucos vão todos os dias à missa e comungam.. Não é por excessiva preocupação de pureza escrupulosa ou por extrema reverência pelo Santíssimo Sacramento, motivo que outrora impediam certos Jansenistas e que não deixavam de ter grandeza. Não as razões são mais prosaicas. Falta de tempo, dizem uns; incompatibilidade com as horas de trabalho, argumentam os homens; levar as crianças à escola, dizem as mães. Muitas vezes é mesmo verdade. Mas quantas será pretexto? A prova está nas extraordinárias facilidades agora oferecidas aos citadinos. Missas matutinas, ao meio dia, missas vespertinas. A nova regulamentação do jejum eucarístico, mas tudo isso não modificou as causas. ll: preciso ir longe, mais longe para encontrar a verdadeira explicação para compreender a falta de lógica destes cristãos. Pedimos o "pã.:> nosso de cada dia" mas nos recusamos a ir buscá-lo. O que falta na realidade é apreço e viva fé na EucaTístia. Sendo a fé e a fome demasiadamente fraca para nos levar à Eucaristia, devemos ir mesmo que seja por docilidade ao chamado de Cristo, tr:J.nsmitido pela Igreja. Este apelo insistente é indiscutível. Ele está contido na fTase de Pio X citada acima. Pais educadores, junto às crianças, os padres junto aos fiéis, transmitem bem a mensagem da Igreja? Conhecerão realmente o pensamento da Igreja? Certo é que os cristãos de hoje sabem que se pode comungar diàriamente. Que é uma edificante devoção. Mas será. que compreendem que na realidade o regimem normal do cristão normal é a comunhão diária?

"A Igreja deseja que todos os fiéis se aproximem todos os dias da mesa Santa." 2


São palavras do mesmo Pio X, que de modo explicito diz do desejo da Igreja. 1!:stes apelos que fazemos são para cristãos que querem "viver" e para viver é preciso comerem o pão eucarístico. 1!:stes apelos dizem respeito também aos seus filhos, transmitam a êles (evitando, é claro, pressões indiscretas) . A eucarístia tem papel importante na vida do cristão, mas não deve estar isolada dos outros elementos desta vida cristã, uns que preparam o terreno, outros que são os seus frutos. Há outros elementos nesta vivência. Mencionarei apenas três: - a cultura da fé. - a oração. - o amor ao próximo. A cultura da fé: especialmente por contacto habitual com a Palavra de Deus. A oração: - entendo por isto a oração mental que chamamos "meditação". A nossa conversa com Deus. Amor ao próximo: - um amor vivo e eficaz P0derão exclamar: "Não pense nisso, não conhece a nossa vida de leigo"! ... O que sei é que não há meio termo no cristianismo. Frio, frio, quente, quente; nunca morno! Pois conheço cristãos normais que consideram as necessidades espirituais como as materiais, que quando são olvidadas trazem grandes perigos para a integridade. Sei que realmente há aquêles que apesar do grande desejo não podem ir à missa diàriamente. Fiquem sossegados. o sofrimento desta privação, e o desejo mantido, fará com que recebam as graças daqueles que por felicidade vão cotidianamente ao banquete sagrado. Mas certo é que os cristãos devem se convencer de que a comunhão e a missa diária são regime normal do cristão, e dispensá-la sem razão válida é desconhecer o dom privilegiado do amor divino que é a Eucaristia. Por esta prática teriamos multiplicado as vocações sacerdotais, pois pelo alimento eucarístico as almas esperam a um dom cada vez mais completo. No matrimônio o apoio eucarístico produzirá todos os seus efeitos em fidelidade, pureza e santidade conjugal. H. CAFF AREL 3


LEITURA

"Oh meu senhor Jesus, creio e espero com a vossa graça acreditar e professar sempre, e!>ta verdade, que permanecerá até o fim do mundo, que nada se faz sem ~ofrimento, sem humilhação, e que tudo se torna possível por êste meio. Creio que diante de vós, oh meu Deus, a pobreza vale mais que as riquezas. O sofrimento mais do que o prazer. A obscuridade mais do que a fama. A ignomínia mais do que as honras. Mas meu Senhor, não vos peço que me mandeis estas provações, pois não sei se saberei suportá-las! Mas Senhor, quero pelo menos acreditar no que disse, mesmo que eu esteja na prosperidade ou adversidade. Não quero que meu coração se engrandeça no sucesso deste mundo. Não quero ~nciosamente desejar, o que os homens chamam os bens desta vida. Mas pela vossa graça, quero considerar aqueles que os outros despresão. Honrar os pobres. Reverenciar os que sofrem. Admirar e venerar os nossos confessores e os Vossos Santo<> e compartilhar com êles. E por fim, meu Senhor amado, sou tão frágil, tão fraco que não lhe posso pedir sofrimento como dádiva, mas resta-me a força para pedir humildemente a graça de receber bem toda provação que a Vossa Sabedoria e o Vosso amor me enviarem". NEWMAN


UCOMPROMISSOU E ESTABILIDADE Li estes dois t extos, na mesma semana e paTeceram-me extremamente próximos. O de Thomas Merton, esclarecendo o outro, o do casal, que compreende um dos aspectos mais importantes do compromisso. · Leiam com atenção a última frase do depoimento do casal, e depois a última frase do terto de T . Merton, substit uam "comunidade" por "equipe ". Oxalá possam e:stas linhas ajudar aqueles que têm falta de sentido da Equipe e da estabilidade, que é uma das suas condições essenciais. Texto do casal: - "Depois de dois anos de estudos dos estatutos e dos primeiros temas, passaram-se outros sem incidentes e com muita boa vontade de todos. · Era pois necessário pensarmos no compromisso. Foi a primeira crise na equipe, pois havia "os a favor" e "os contra". Finalmente depois de muitas reflexões, orações e oportunos e sensatos conselhos do nosso Assistente, resolvemos pela afirmativa. Continuar no Movimento. Assim fixamos o compromisso para um domingo de Maio. O dia foi maravilhoso sob todos os aspectos. E dele todos nós guardamos imorredouras e agradáveis recordações. Pois neste dia a amizade, a oração e a caridade nos uniram profundamente. Mas . .. o ano seguinte trouxe muitas decepções para o casal responsável. Piorara o ambiente.. O aumento do trabalho de certas mães. Por outro lado o compromisso não produzira os resultados esperados. Pensavamos realmente que êle iria resolver todas as dificuldades no

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cumprimento das obrigações dos Estatutos. Estavamos enganados! No entanto pareceu-nos agora que o "benefício real" desse compromisso comum, foi sem dúvida apertar os laços de amizade e de reciproca responsabilidade e por isto mesmo trouxe-nos uma ajuda preciosa." Vejamos agora o terto àe Thomas Merton : - "No dia 19 de Maio, na festa de São José, fiz minha profissão de fé. Não fiquei melhor do que antes, continuei a inquietar-me com as mesmas causas . . . Não sei verdadeiramente o que esperava sentir depois da minha profissão, mas em qualquer caso senti-me profundamente convencido de que tinha feito uma excelente cousa, e que me havia entregado a Deus o mais que podia. Fora isto o que mai.s se assemelhava a consolação sensivel foi a sensação de pertencer a uma comunidade. Faço parte dela. Ela é minha família. Não alimento nenhuma ilusão quanto a ela. O sentimento de incorporação é que mais me conforta, por pertencer a esta comunidade e não a outra. Por estar formado de corpo e alma com estes irmãos e não com outros. As nossas imperfeições continuam a ser evidentes, mas agora carecem de importância. O pensamento de desanimo após a euforia da minha profissão não me atormenta. Receberei o auxílio necessário no momento oportuno, pelo menos creio que serei capaz de enfrentar a tentação de maneira diferente." Não queremos comparar uma equipe com uma Abadia de Cistercenses, mas achamos no entanto, interessante lermos mais um texto sôbre o voto de estabilidade". Tanto na equipe como no Mosteiro mostra o artigo o perigo das mudanças. 6


- "No dia do profissão. os Cistercenses fazem cinco votos: o de pobreza, de castidade, de obediência, de estabilidade e conversão de costumes. Qualquer vocação monástica está resumida nestes votos, que é para o monge o meio de consagrar sua vida à Deus. Nos liberta das incertezas, dos cuidados e ilusões que obsecam o homem do mundo. Implicam em lutas e dificuldades. Exigem abnegação total e conduzem a uma vida total para Cristo. Envolvem com perfeição especial toda 'vida e desejos do homem. Um dos mais significativos é o voto da estabilidade, que obriga, que liga o monge de determinada comunidade monástica. Excepto por obediêr.cia a superiores é mandado a uma nova fund ação pois se não, o monge vive e morre no Mosteiro onde fez sua profissão de fé. É preciso licença especial de Roma para mudar de Mosteiro. São Bento como os Padres do Deserto, que inspiraram sua regra, tinham um sentido muito realista dos valores humanos. Estabeleceram estes votos porque sabiam que as imperfeições .dos monges e da sua comunidade fazem parte do plano de Deus para a santificação. Por êste voto o monge renuncia a possibilidade de procurar "o Mosteiro perfeito". Com isto advem uma fé profunda em ·reconhecer a pouca importância do local onde vivemos. Do meio que nos rodeia, desde que possamos rezar, experimentar do silêncio, a solidão e a pobreza, trabalhar com as próprias mãos, ler e estudar .as causas de Deus. E sobretudo amarmos uns aos outros como Cristo nos amou.

FAÇA SEU RETIRO ANUAL 7


"Porque eles reconhecem suas fraquezas e as limitações de seus propósitos, decidiram formar equipe". Nós somos uma equipe, porque Jesus Cristo, no último dia e na última noite de sua vida entre os apóstolos, transmitiu Seu desejo secreto: "Que todos sejam um ... E eu dei-lhes a glória que a mim me destes, para que se.iam UM, como nós somos um: eu neles e tu em mim para que sejam perfeitos em um, para que todo mundo conheça, que tu me enviastes, e que eu os amo como tu me amas." (Jo. 17,21-23) e que nós discípulos de Cristo, respondamos aos Seus desejos. Nós somos uma equipe, porque cremos que Jesus Cristo está sempre no mundo, que trabalha invisivelmente, misteriosamente, incansavelmente, para conquistar, para agregar e unirse ao homem e as suas causas pg,ra realizar a obra que o Pai lhe reservou e incumbtu: a grande União de todas as criaturas com ~le. E que nós queremos entrar em seu aprisco, cooperar em sua obra: "congregar-se totalmente no Cristo". (Eph. 1,10) Nós somos uma equipe, porque cremos que não é suficiente aspirar à União total, comover-se só de pensar na reconciliação dos cristãos, esperar que o Concílio contribua para isto, é preciso que nós façamos a unidade até onde ela esteja ao nosso alcance, esta realização é a garantia, da autenticidade de nossos desejos de um grande e vast'l plano de união. 8


Nós somos uma equipe, porque cremos que sonhar com o ecumenismo e não começar por fazer a verdadeira união entre marido e mulher, entre pais e filhos, é cavalgar nas nuvens, e que, para realizar esta união em nosso lar temos necessidade das luzes e a ajuda de outros casais. Nós somos uma equipe, porque queremos ser onde quer que estejamos - em casa, nc bairro, com parentes, na paróquia. . . - operários da união. e que temos necessidade de aprender esta unidade com casais amigos e por eles ser auxiliado neste esforço. Nós somos uma equipe, porque queremos que nossos irmãos saibam que Deus os ama e quer salvá-los. que esta descoberta é o ponto alto da nossa União, do nosso a_mpr fraternal, porque Cristo disse : "Que sejam um, para que o mundo creia que Tu me enviaste" Nós somos uma equipe, porque queremos que haja no mundo uma luz a mais, modesta mas autêntica, da maior beleza, da maior santidade, do mais profundo amor, da vida trinitária: homens que sejam um no amor no Espírito Santo, como o Pai e o Filho na unidade do Espírito Santo, no século dos séculos. Ur.ião entre marido e mulher, união entre pais e filhos, união entre casais da equipe, união das equipes no Movimento, porque desejamos ardentemente a união de todos os sêres no Cristo : esta é a mística da união, alma das Equipes de Nossa Senhora. Sómente equipes atuantes, joviais, não só dinâmicas na sua fé, na acolhida na retidão, mas também na fantasia e alegria de filhos de Deus, podem se situar em face do gigantismo de hoje com as testemunhas da liberdade e da juventude de Deus. 9

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SÃO APENAS PAiS! Caros amigos. Recentemente um casal me dizia: Nas Equipes de Nossa Senhora, JC não se acredita mais no amor! Não são mais esposos, são apenas pais!

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~ claro que não levei de modo trágico, esta afirmação demasiadamente absoluta . Mas indaguei a mim; Não haverá nisto grande parte de verdade? Procurei um Responsável e lhe relatei a afirmação . Amavel e atenciosamer~te respondeu-me:

- ~ certo que casados a quinze anos e com sete filhos, não sejamos mais "pombinhos"! Mas isto não nos impede de nos compreende<l'mos muito bem! Não fiquei socegado pois êle hacvia usado o verbo "compreender" quando esperava o verbo "AMAR". As Equipes de Nossa Senhora . repousam sôbre uma certa concepção do amor. Mais exatamente, sôbre a convicção profunda, que o amor conjugal é uma realidade magnífica. A obra do sexto dia, vem coroar a pirâmide dos sêres. O símbolo mais comovente e mais essencial. Nos revela a união do amor que Deus quer contrair com cada um dos homens, e que revela ao mesmo tempo realiza esta união. Tenho pena de não poder reproduzir novamente aqui o meu artigo "Vocação de Amor". Peço que vocês o releiam, se estão na fase "Nos compreendermos muito bem ... " Os casais das Equipes de Nossa Senhora, querem que seu amor santificado pelo sacrammto do matrimônião, seja em louvor a Deus, um testemunho aos homens provando-lhes com toda a evidênc;a, que Cristo salvou o amor.

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Meus amigos não mintam a vocês mesmo. Se já não acreditam no amor não chamem a isto maturidade ou sabedOFia. Se o seu amor estÓ fenecendo não se desculpe dizendo: Há coisas mais importantes! A educação dos filhos, por exemplo, as responsabilidades sociais que se tornam mais pesadas . .. Seus filhos têm necessidade imperiosa do seu amor. Amor que lhes deu origem, amor este que só êle poderá lhes dar uma feliz evolução. Se o seu amor diminui, o seu valor de homem seja qual for o seu sucesso ou a sua categoria, está em perigo. Mesmo a sua vida espiritual nem ela mesmo ganha com a perda do seu amor. Não se constróe uma com a ruina da outra. Se o seu amor diminuir, o mundo que o rodeia ficará frustrado. tste mundo prestes a desacreditar no amor, de certa espécie de amor, e se materializando, tem necessidade deste seu testemunho. Tem necessidade de vislumbrar o amor divino, irradiado da ternura humana, e compreender então por vocês que Cristo veio salvar o amor. Terão coragem vocês de se recusarem a êste testemunho? P.S.

O amor ao evoluir muda de as,pecto, isto não ignoramos. ~ claro pois que não peço que se amem como aos vinte anos mas srm com amor mais profundo. Para deste modo não ace itarem, não admitirem o declínio do seu amor. Não chamarem de maturidade do amor aqu ilo que nada mais é que "MEDIOCRIDADE" do amor.

ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO Esta série de "Cartas" opara as Equipes Novas, terminará no próximo número . Nestas ultimas oportunidades queremos levar

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a vocês mais uma vez a importância no Plano de Deus do seu amor conjugal, e a sua vida de casal. Apresentamos hoje uma prática ótima para tornar vivo e presente êste amor. É saber festejar êste aniversário muito importante para o casal: "O aniversário de Casamento". 1

Festejando em família ou então entre .!migos e elementos da equipe, o importante é no entanto antes de tudo que: Voltem a ter consc1encia de seu amor. Dado como foi por Deus e querido por ~te. Deverão lembrar-se que vocês são o "Cristo do outro", como de modo muito exato diz o Pe. P. Carre, nêste texto que abaixo c itamos : "Devem os casais renovarem o "sim" com toda a sua vontade. ~ste sim que é mah; difícil de dizer quando nós conhecemos todas as nossas fraquezas e misérias. Devemos nos lembrar nêste momento, que o nosso cônjuge tem necessidade de mais amor, para poder dizer novamente êste "sim" . Sim de fidelidade que foi pedido a vocês do is." Pensar que temos oportunidack uma ótima ocas100 e ocasião privilegiada, para fazermos ver aos filhos, o que é o verdadeiro casamento e o amor conjugal, e o seu lugar no Plano de Deus, sôbre os homens; no mesmo ,plano, lado a lado com os apelos feitos para aqueles que escolhem o sacerdócio ou a vida religiosa. Se cada casal comunicar aos outros membros da equipe a data de seu aniversário de casamento todos poderão unir-se a êles pela oração. Salutar é ainda o costume em certas equipes de todos assistirem a missa com os an iversariantes, mas se isto não for possível, pelo menos cada um separadamente procure participar da missa em intenção do casal. 12


Um casal nos comunicou, com toda s1mplicidade a amizade, seu progresso. Nada de extraordinário, apenas um casal que se deixa conduzir pela mão de Deus, atento à Sua vontade, que se manifesta pelos acontecimentos , encontros ou ouvintes interiores à prece e ao apostolado. ~LE: - Quiz entrar para as Equipes, -há já seis anos porque sentia a necessidade de me integrar na ação católica; não podia me decidir porque meus conhecimEntos de religião, haviam parado no 8 A ba da minha educação cristã. Como poderia transmitir aos outros, aquilo que nõo sabia? Era necessário uma formação e eis porque eu entrei p ara as Equipes de Nossa Senhora, J::arte para encontrar esta formação e parte levado por minha esposa . Seria uma experiência é claro ... Passado um ano vem a .primeira reunião de balanço _ Lembro-me bem que m1nha vida conjugal, minha vida familiar, tinham claramente sido influenciadas pelas Equipes . Mas em minha vida profissional, pelo con1rário, em nada havia enfluênciado. Percebi que isto não "grudava". Eu tinha uma dupla vida. Deus entrara em meu lar mas eu O delixava quando sai2 para o trabalho. ELA: Nêste momento Deus nos enviou uma provação: perdemos nosso filho F. de cinco anos, nosso segundo filho . Dizer "Sim" aceitando a v011tade de Deus, e começar uma nova etapa espiritual. Nêste momento a equipe foi o sustentáculo do nosso lar. Tinhamos compartilhado com ela momentos de inquietações de sofr;mentos e também de graças, pois F. doente a alguns anos era muito amadurecido e~iritualmente: para êle voltar para o Senhor seu amigo era muito natural. Com auxílio da equipe e o resurgimento espiritual que nela encontramos começamos a viver de modo diferente pois aceitamos a v011tade de Deus, e o Senhor seria o centro de nossas vidas.

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Depois que o Senhor entrou em minha v:da, e que sei que está ao meu lado passei a reagir de modo diferente . Repentinamente vi a necessidade de encontrar tempo tôdas as manhãs para rezar, ler o Evangelho, e meditar, pois é aí que encontro o equilíbrio de minha vida e a fonte de alegria e riqueza para dar aos outros. Tôda minha vida se iluminou com esta descoberta e por isto passei a não dar a mesma importância a certas coisas que outrora me pareciam essencias. Em meus filhos e meu marido .procuro descobrir Deus. E por estar mais atenta os amo mais. Em relação a minha empregada, minha atitude mudou; consegu :mos fazê-la participar de nossa vida familiar, a considerá-la como nossa filha. No plano do apostolado houve também uma mudança, quando em nosso trabalho com os jovens, não ousávamos nos firmar como militante, derrepente me pareceu fácil, mais simples reagir diante de certos problemas como cristã, o que transformou nossas reuniões pois após isto podemos abordar e esclarecer numerosos problemas religiosos. Com relação aos meus vizinhos descobri que apesar das diferenças de vida, os laços de amizade poderiam ser muito ricos. Uma jovem viuva, procuramos falar sôbre a educação dos filhos, a solidão e chegamos mesmo a lhe dar um Evangelho. A -:>utro que havia perdido um filho, nosso depoimento foi início do longo caminho na aceitação da vontade de Deus. E por fim me filiei no Comite da Cruz Vermelha, lugar onde trabalham cristãos e "ante-clericaes", por uma obra humanitária comum. ~le:-

Em minha vida profissional , nos contactos com fregueses amigos, empregados, reconsiderei minhas reações, "Negócio é negócio" era uma fraze que justificava muito das minhas atitudes. Hoje para mim soa sem sentido me intranquilizando, pois agora vejo que ela esconde coisas tristes, pagãs e materialistas. Para mim o importante era fazer bons negócios, desenvolver minha firma . Pergunto-me agora, si não há algo bem mais 14


importante, principalmente o desenvolv imento esp iritual e humanos dos que compõem esta firma. Nõo há duvida que é preciso desenvolver os negócios para enfrentar a concorrênca, é precso lutar, reagir, mas o fim não justifica os me ios. Obriga-me refletir, e é esta minha maior mudança. De fato eu comerciava só para ganhar dinheiro, pelo prazer de negociar (nos apegamos fácil , a isso) e me esquec ia que o comércio é antes de mais nada, um trabalho . Tôdas as profissões presta m um serviço. Tenho a impressão qu e Deus acabou entrando em minha vida por meus amigos. Não me considero um mundano, mas aprec io visitar meus amigos , frequentar jantares. As Equipes nos pr~ iciaram uma amizade verdadeira, profunda com os equipistas, num plano mais elevado. Quando reen<:ontramos outros amigos, minha tendência agora é orientar as d iscussões sô bre assuntos interessantes, evitando as conversas superficiais e vazias. Precisamos pensar melhor no problema das Equipes : podemos conceber fazer parte de qualquer mov imento apostólico, aderindo a êle passivamente? Temos o direito de ser aproveitadores egoístas só sem assumir alguma responsabilidade? É prec iso que não paremos de procurar novos casais nos ba irros de nossa cidade onde ainda n ã o ex istia equipes. Recebemos tanto das Equ ipes que quisemos levar a outros lares o que tinhamos descoberto nela . E nosso assistente, um sacerdote que possui uma paróquia de 2 .000 almas, dedica 2 noites por mês a 6 casais de equipes. Não podemos guardar para nos, o que êle nos dá. Ela Mas, comprometer-se, não é sõmente ser ativo, militante, é também rezar. Descobrimos os dois que aprendemos nas Equipes a fazer silêncio, a meditar, a fazer oração encontramos o essencial de nossos compromissos. Assim compreendemos c papel do Casal de ligação antes de mais nada na prece para os que foram confiados, pois o Senhor saberá melhor do que nós resolver os problemas que surgem nas equipes. Esta prece é, como vocês já sabem, a causa de verdadeira alegria, e de nosso equilíbrio. Para conservar o equilíbrio do lar, é preciso chegar ao

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essencial e para uma mulher é difícil deixar de lado coisas inuteis como a tagarelice, renunciar à ida às lojas por prazer, para ter diante de si momentos de silêncio, quando se medita se prepara uma reunião, se estuda um problema que poderá ser discutido em família. Procuramos fazer n<>ssas reuniões em família proveitosas. Também com os filhos, para que êles não tivessem a impressão de pais muito absorvidos (ocupados) procuramos reservar-lhes momentos só para êles, nos quais estamos disponíveis no verdadeiro sentido da palavra. A criança que sente pais disponíve is, mesmo pouco tempo quando dêles necessitar, aceita muito bem a necessidade de em seguida deixá-los trabalhar. Devemos pensar muito nisso e quando a sineta de alarme do desiquilíbrio soar é muitas vêzes porque esquecemos a oração ou o dever de sentar-se. ~le Enfim é lá em cima que vamos acabar; somos "pobres pessoas com todos nossos defeitos e as pessoas de nossas relações (sociedade) sa.:odem a cabeça dizendo: "~stes são os cristãos, os militantes engagés ... " ~ preciso pois procurar corrigir os defeitos, renunciar a nos "acomodarmos", verificar sempre o que não esta certo nas nossas vidas. . . É justamente isto que Deus quer, e talvez seja o mais difícil, procurar um equilíbrio nunca con~eguido.

A missão de ser a célula primeira e vital da sociedade, a família recebeu de Deus. Ela a cumprirá, se pela piedade de seus membros e pela prece em comum a Deus, ela se apresenta como um santuário da Igreja em casa, se tôda a família se introduz no culto liturg ico da Igreja; se enfim ela pratica uma hospitalioade ativa e promove justiça e bons serviços para com todos os irmãos que dela necessitam. Entre as diversas obras de apostolado, citemos em particular: adotar crianças abandonadas, receber com gentileza os estarngeiros, ajudar o bom andamento da escolas, aconselhar e ajudar os adolescentes, ajudar os noivos a melhor se prepararem para o casamento, auxiliar no catecismo, apoiar espôso e famílias nas suas dificuldades materiais ou morais, procurar dar aos anciãos não sàmente o indispensável mas os justos frutos do progresso econôm1co. (Decreto conciliar sôbre o apostolado Le:go). 16


nA PALAVRA DE DEUS É Efi(AZ...

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Eucaristia e a Palavra de Deus são os dois alimentos do cristão. Começando esta Carta com a Eucaristia, nós a terminaremos com um texto sôbre o Evangelho. O Evangelho se dirige sem dúv ida a tôda Igreja , mas também a cada um. Tenho razão de pensar quando o leio: "Alguém fala comigo". ~ muito diferente de ler um livro ou um artigo de jornal, dirigido a todos e a ninguém, ou uma carta que me é enderaçada pessoalmente. Ora, o Evangelho é esta carta de Deus e nviada para mim . Alguém me fala. Jesus Cristo me fala . Isto já é muito extraordinário. Mas do que se trata? Porque há ,palavras e palavras. Há a palavra do oficial que coméll'lda : sua final idade é fazer agir. "Há a palavra do professor que ensina : sua f inal idade é trans m it ir seu conhecimento. Há também, melhor a pa lavra d'o jovem, confessando à jovem : "Eu te amo". Muito ma is do que uma ordem, muito mai s do que uma li ção uma simpl es palav~a agita um sê r dos pés à cabeça . Decide um destino . Pe lo Evangelho, Jesus Cristo fala e sem dúvida ensina no qu e se deve crer, mostra o que se deve fazer , mas acima de tudo êle fala , êle me faz um segrêdo perturbador : "Amo-te até o sacrifício de m inha vida ". A fé , ,pela qual respondo à sua confissão, é bem melhor do que a si mples adesão de minha inteligência ao seu ensinamento, bem melhor do que a obed iência às; suas ordens, é um arrebatamente de todo meu sêr pelo qual me entrego a êle sem reserva . Mas hó ainda algo mais belo e misterioso. A palavra do (rist e no Evangelho não é apenas ensi namento, ordem , declaração de amor, mas é ação . Ela age . Esta voz que ouço ao ler o Evangelho é a mesma que aplacava a tempestade que curava a le,pra , que ressuscitava os mortos, que perdoava os pecados, que gerava os filhos de Deus . Ela não perdeu nem poder nem atualidade. Por que pois os melhores cristãos, os que se esforçam por receber a Eucaristia, mostram tanta má vont ade de "ouvir" e "guardar" a Palavra do Cristo, e nêles não permanece sua "Palavra Poderosa"? Henri Caffarel


ORAÇÃO PA!RA A PRóXIMA REUNIÃO

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles será o Reino dos Céus. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra. Bem-aventurados os que choram porque serão consolados. Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque êles alcançarão a misericordia. Bem-aventurados os limpos de coraçãt', porque êles verão Deus. Bem-aventurados os pacíficos, porque êles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventu;ados os perseguidos ,por amor a justiça, porque deles é :> Reino dos Céus. ( Mat. 5,2-11 ) . ORAÇÃO LITúRGICA Ninguém viveu tanto na Beatitude como Maria, e por isso Sua alma exalta o Senhor. A minha alma glorifica o Senhor, E o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. Porque lançou os Seus olhos para a humildade de Sua serva . E de hoje em diante todas as gerações cantarão os seus louvores. Porque fez em mim grandes cousas Aquêle que é poderoso, E cujo o Nome é santo. A Sua misericordia estende-se de geração em geração sôbre aquêles que O temem. Manifestou o poder de Seu braço; Confundiu os orgulhosos, Depôs os poderosos de seus trônos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada dar. Tomou a seu cuidado Israel, Seu servo, lembrando da Sua Misericordia; Conforme tinha dito a nossos pais, a Abraão e a sua ,posteridade para sempre. Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio agora e para sempre por todos os séculos. AMEM.


1\\o\lt mef\fo de CM~IS pott \Jf\\A c.spitttt~hck-de COllJ\J9~1

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BRASIL

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Secretariado

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Rua 13 de Maio, 1263 . SÃO PAULO, 3

CENTRO DIRETOR . Secr. Geral . 20, Rue des Arpennins . PARIS XVII


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