ENS - Carta Mensal 1968-2 - Abril

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RIL 1968 .• 2

Editorial, .1 Para a sua biblioteca, p. 4 Leitura: Falar com o outro, p. 5 O diálogo religioso, p. 6 Páscoa, p. 1O Pré ou para-equipe?, p. 11 Diálogo religioso e partilha, . 1 5 Testemunhos, p. 17 Oração para a próxima reunião, p. 19 Suplemento: Bilhete do Centro Diretor, p. Palavra da ECIR, p. 111 O que vai pelas equipes, p. IV Destaques, p. VIl Vida do Movimento, p. X Calendário, p. XII


Pub licação mensal dos Equipes de Noua Senhora Casal Responsável. Nancy e Pedro Mancou Jr _ Redação e Expedição. Av. Rebouças, 2729 São Paulo 9 - SP


EDITORIAL

O Roguet, durante ceu-nos·

texto que vamos ler é da hom ilia que o Rvmo. Pe. o.p., pronunciou no domingo, dia 23 de outubro passad'>, o Encontro dos Responsóveis de Equ ipe, em Paris Par<'que lhes seria proveit oso med ltó-lo nêste Ana da Fé

Nêste ano em que a nossa atenção está voltada para a Fé, assinalamos que os Evangelhos Sinóticos falam dela com freqüêl"cia, num sentido muito diferente do de S. João e: c;ue nos parece muito mais rudimentar. No Evangelho dêste 23. 0 domingo (Mat. 9, 18-27) Jesus diz à pobre mulher que ficou curada por ter tocado na franja do seu manto: "Tem confiança, filha, a tua fé te salvou" . t. imediatamente a seguir - não na narrativa condensada de S. Mateus QUP, acabais de ouvir, mas nos paralelos de S. Marcos e S. Lucas - Jesus diz ao pai da pequena moribunda : "Não temas, crê sómente". Parece, portanto, que a fé se resume na confiança. Para nós, católicos do século XX que temos estudos, não será a fé alguma coisa muito mais precisa e mais nobre: a· adesão a todo um conjunto de verdades definidas pela Igreja? Poderemos contentar-nos apenas com uma fé que se limite a um ato de confiança, de abandono, que se arrisca por conseqüência a cair na <.re:dulidade? ~ evidente que a fé não se pode contentar em ser apenas confiança cega. Mas, no entanto, é indispensável que em primeiro lugar seja - e permaneça ao longo de todo o seu aperfeiçoamento - essa confiança . l isso que constitui o germen e a alma de tôda a fé . ~ de temer que a nossa fé, ao deset'lyolver-se através do estudo e da reflexão, se intelectualize e seque. -1-


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No fim acabaríamos por ser uma espec1e de herbário de ver• dades teológicas devidamente rotuladas, mas cuja seiva desapareceu. I< Mesmo assim é impressionante que Jesu~ néo possa fazer um milagre se não encontrar êste primeiro dado, êste terreno essencial que é a fé-confiança. S. Mateus diz-nos algures, numa das suas passagens ( 13,58), que em Nazaré não fez muitos milagres por causa da incredulidade dos seus compatriotas. São Marcos chega mesmo a dizer na passagem paralela (6,5) que não podia fazer alí milagre algum: a falta de fé paralisa~o de certo modo. Recusa-se também a fazer milagres quando êste pedido é insp irado pelo orgulho, pela desconfiança dos escribas - dos intelectuais - que o querem "tentar", quer dizer, experimentar, submetê-lo à sua verificação, medi-lo com as suas medidas. Não se poderá dizer que são também intere~seiros os pedidos da pobre gente que sofre de doenças crônicas ou se aflige com a morte da filha? Não há dúvida que dimanam da sua angústia, mas é justamente essa angústia que os põe num estado de pobreza espiritual e dá à sua oração um ardor e uma simplicidade que tocam o coração de Jesus. Um dêstes infelizes a quem Jesus diz : "Tudo é possível ao que crê", responde: "Eu creio! Vem em socorro da minha incredulidade!" (Me 9,23). Imediatamente a seguir Jesus cura-lhe o filho epiléptico. Esta profissão de fé, junto ao reconhecimento da sua incredulidade, é na verdade expressão magnífica dessa pobreza espiritual à qual, podemos dizer, Jesus é incapaz de resistir. Temos de acrescentar que tôda esta conf1ança não é cega, que não consiste em se lançar aos pés do primeiro taumaturgo que aparece. Os desconhecidos, que as narrativas evangélicas põem em evidência por momentos, hão se encontram ..:em Jesus nem pela primeira vez nem por acaso. Seguiram-no, escutaram-no; não se limitaram a assistir a outros milagres: receberam a sua mensagem; ouviram os seus apêlos para que se convertessem.

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Antes mesmo de O encontrarem, estavam prontos a reconhecê-lo; sendo judeus, esperavam o profeta, o que devia vir, o Messias de quem lhes falavam as Escrituras. Por mais elementar e instintivo que pareça, o seu impulso de confiar~ça não está totalmente destituido de conteúdo espiritual, até mesmo mais: de conteúdo teologal. Era uma confiança, mas não uma confiança cega e acanhada . Era a confiança num Deus que ultrapassa infinitamente as nossas esperanças e os nossos pedidos. Era verdadeiramente a fé . Examinemo~ se a nossa fé, ao mesmo tempo que procura· satisfazer exigências intelectuais que correspondam às necessidades do nosso tempo e ao nível da nossa cultura, se manlém simples e expontônea, não adere a verdades abstratas, mas a uma pessoa real, divina e concreta . Estamos aqui reunidos para celebrar a Eucari~tia que é "mysterium fidei" . É certo que a celebração da Eucaristia nos instrui através de leituras e da pregação que são parte integrante dela, e devemos ter fé esclarecida no mistério eucarístico, o mistério do sacrifício de Cristo, dêste sacrifício único, renovado para nós sob as espécie.s do pão e do vinho. Mas êste pão e êste vinho, tornados Corpo e Sangue de Cristo, não alimentarão a nossa fé se nos contentarmos em olhar para êles. É preciso oferecê-los, oferecermo-nos com elEs, para que êste mistério seja mais do que uma maravilha digna de admiração e ccntemplação, para que seja o alimento, o sinal e, simultâneamente, a recompensa de uma fé viva, plena de esperança e de caridade, no Deus vivo.

Porque a verdadeira fé é um sacrifício, i ~ to é, o dom de nós mesmos àquele que nos sacia, é uma comunhã o com aquêle que nos ultrapassa infinitamente e que é a nos5a [elicidade sem lim ites. A. M. ROGUET

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PARA SUA BIB LI OTECA CONSTRUIR O HOMEM E O MUNDO Michel Quoist Ed. Duas Cidades

Não se trata de um livro novo: já foi recomendado na Carta Mensal de dezembro 1961. Mas continua a ser um livro atual, mormente nos dias de hoje em que a Igreja procura despertar a consciência dos cristãos para a responsabilidade que lhes cabe no reerguimento de um mundo ameaçado de sossobrar, na correção das graves injustiças que determinam os desequilíbrios e sofrimentos de um Terceiro Mundo que luta pela sua sobrevivência. Das três partes que compõe o livro - O homem. O homem e os outros. O homem e sua vida em Cristo - a segunda oferece particular interesse para nós equiplstas, empenhados, ainda êste ano, no "Diálogo Religioso". Muitos dos capítulos de que se compõe, nada mais são do que aspectos do diálogo, esclarecendo com nitidez o que vem a ser e como deve ser realizado. Nem por isso deixa de ser extremadamente proveitosa a leitura das demais secções do livro. Nas suas 290 páginas o A. analisa, sem subterfúgios nem evasões, as situações concretas em que se encontra o homem preocupado em construirse a si próprio e em construir o mundo, numa límpida e autêntica visão cristã. Para quem já leu, do mesmo autor, "Poemas para rezar", não será necessário dizer o quanto a leitura de "Construir o Homem e o Mundo" é fácil, agradável, sem nada perder em profundidade e riqueza.

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LEITURA FALAR COM O OUTRO É, EM PRIMEIRO LUGAR, OUVIR O homem precisao dizer-se, contar-se, provocar compaixão, provocar elogios·, fazer-se levar. Escute o outro, escute mais ainda, escute apaixonadamente. Alguns morrem sem nunca ter encontra.cfo ninguém que lhes tenha prostad'o a homenagem de calar-se totalmente para ouví-los. - Se você quiser ser agradável às pessoas que encontra, fale-lhes daquilo que lhe$ interessa e não daquilo que interessa a você. Falar com outros é primeiro escutar, mas, muito poucos sabem ouvir, porque poucos estão va%ios de sí mesmos, e o seu eu faz barulho. "Puxa! O seu caso me faz lembrar um que aconteceu com igo . . . " Enquanto o outro falava , você só pensava em sí mesmo. Não interrompa o outro para falar de sí. Deixe-o falar dêlo até o fim . Se você ficar com vontade de contar alguma coisa a seu respeito, é sinal que só pensa em sí. E; se ~océ pensa em sí, não se entrega ao outro. Caminha em direção ao outro: Para que êle entre dentro de você há alguns degráus; estenda a mão. Estender a mão é sorrir, dar um tapinha, no ombro e dize,: "e o seu filhinho, como vai?" "e aquêle caso do outro dia, como acabou ?" "e depois . .. o que foi que aconteceu ?" e em cada uma dessas pequenas frMes, ponha-se todo inteiro, ponha todo o amor do Senhor que eternamente convida.

MICHEL QUOIST Construir o homem e o mundo

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rr,, O DIAlOGO RELIGIOSO , ORIENTACIO DO lHO O Movimento nos pede que, ainda êste ano, os esforços dos equipistas se wncentrem no diálogo religioso. Relembremos o que foi dito no Suplemento de maio do ano passado, da C. Mensal n° 18; Convidamos todos os equipistas a procurar êste ano exercitar-se em travar um diálogo religioso com aquêles que encontram, cristãos e não-cristãos.

Mas êste diálogo não é fácil de estabelecer e de manter. Pedia-se pois aos equipistas que se entreajudassem no seu encontro mensal: Pedimos a tôdas as equipes de consagrar um momento da partilha, durante todo êste ano, aos esforços, tentativas, fracassos, sucessos de cada um sôbre este ponto.

Como no ano passado publicávamos ainda a C.M. das Equipes Novas, não foi possível fornecer esclarecimentos que teriam ajudado na prática dêste diálogo. O fato é que houve dificuldades e, em particular, muitos não comprenderam bem o que era pedido. Estas dificuldades foram mais ou menos gerais e, dada a importância do diálogo religioso, o M.ovimento resolveu prolongar por mais um ano a sua prática. De que se trata?

O diálogo vem citado por várias vezes nos Documentos

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Conciliares. Na vigência do Concilio, ainda, Paulo VI publicou a enciclica "Ecclesiam Suam", de 6.8.64, onde se fala largamente dêste exercício, considerando-o "um meio de exercer a missão apostólica" e "uma arte de comunicação espiritual". Encontramo-nos diáriamente com inúmeras pessoas. Conforme as atividades do marido e da mulher, êstes encontros são mais ou menos numerosos, mais ou menos variados. Entretanto são sempre a oportunidade para exercer o apostolado da palavra. E o Movimento nos pede simplesmente entabolar com naturalidade o diálogo religioso com estas pessoas.

"A vocação cristã é. par sua natureza, também vocação para o apostolado", lemos no Decreto sôbre o apostolado dos Leigos. O que nos é pedido é que, dentre as várias formas de apostolado, nos exercitemos em particular sôbre esta forma: o diálogo. A primeira coisa a fazer é procurar, com empenho, criar em nós uma atitude, uma mentalidade. Atitude de cristão, consciente de pertencer a um povo, o povo de Deus, que tem por missão continuar a obra redentora de Cristo. Mentalidade de apóstolo, isto é. detentor da Mensagem do Evangelho que Cristo aeterminou fosse propagado : "Ide e ensinai a todos os povos·... "• Há no diálogo religioso, dois tempos distintos. Em primeiro lugar, a disposição para o simples diálogo. E!m segundo lugar, a disposição de conduzi-lo, quanto possível. para o plano espiritual, religioso. Vejamos êstes dois tempos. 1o tempo Diálogo ...

Releiamos o editorial da C.M. de outubro último: "Exigências do Diálogo", ou a súmula da conferência do Rv. Con. Angélico, no suplemento da C.M. 18 (maio 67). Leiamos, no presente n• a página de M.Quoist, ou melhor ainda, a segunda

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parte do livro "Construir o homem e o mundo", dêste mesmo autor. O diálogo requer encontro, comunicação das pessoas que dialogam. Requer portanto compreensão, clareza, confiança mútua, delicadeza, prudência, paciência, generosidade (cf. "Eccleslam Suam"). Não tenhamos pressa. Tem que o diálogo seja "religioso". Contentemo-nos primeiramente em conversar alguns momentos com o nosso interlocutor, atentos às suas preocupações, procurando junto com êle soluções para os seus problemas, ou, mais simplesmente, interessando-nos pelo que o interessa . Para isto, precisamos principalmente, ouvir, compreender, simpatizar, "fratern!zar". Não tenhamos pressa. É possível que o primeiro, o segundo contato náo nos levem ao "religioso". Mas já. teremos andado bom caminho se a nossa atitude, a nossa preocupação da verdade, da retidão, da sinceridade, despertarem nêle a curiosidade por aquilo que em nós é a fonte de nosso proceder, por Aquêle que talvez possa entrever através de nossas palavras. Leiam o testemunho da página 17. Aquêles dois interlocutores falaram de muita coisa de interesse comum, antes de falar de Deus. 2° tempo . . . Religioso

O que é que dará um caráter religioso ao diálogo entabolado? Se quisermos que o diálogo seja religioso, não nos devemos esquecer que não se trata de um trabalho nosso, mas que entramos num domínio que pertence a Deus: é Ele que imprimirá o ritmo adecuado ; é Ele que nos dará uma bôca para falar, depois de termos utilizado os dois ouvidos para ouvir ; é Ele que poderá sugerir as palavras que possam atingir o coração.

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Para ser religioso, o diálogo pre"isa pois ser preparado na oração, pois é na prece que se realiza a nossa união com Deus que é, em última análise, quem vai agir por nosso intermédio. "Precisamos falar dos homens a Deus, antes de falar de Deus aos homens". Dai a humildade com que nos devemos conduzir, o que não significa om1ssao ou covardia. ll: preciso, certamente, muita reserva para não cair na propaganda, mas é preciso certa ousadia, para não nos arriscarmos a nunca anunciar a Boa Nova. Tôdas as nossas concepções de vida são animadas pela nossa fé. Será pois religioso o diálogo que não esconder a nossa fé, mas que a revele em tempo oportuno, respondendo assim às interrogações do outro. "Não é recheiando de fórmulas piedosas as nossas considerações que chegaremos ao diálogo religioso; é abordando com o outro as suas e as nossas questões, com humilde lealdade e discreta caridade". Senhor, ajuda-nos a destruir, por nossa vida, os preconceitos dos que não crêem, ajuda-nos a fazê-los conhecer por nossos atos, m<Jis ainda que por palavras, a moral cristã, torna-nos dignos da confiança dêles, de sua <Jfeição, de sua familiaridade. E dispõe suas almas a receber as luzes da fé. Amém. De uma carta do Pe. Foucauld ao Pe. Caron

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PASCOA Páscoa quer dizer passagem. Para festa da passagem do Mar Vermelho. passagem da morte para• a vida. Para nós, trevas à luz, da tristeza à alegria, do reino de Deus.

os Judeus, Páscoa era a. Para Jesus, Páscoa é a Páscoa é a passagem das imperio do Demônio ao

"•É o dia que fêz o Senhor. Exultemos, regozijemo-nos nêste dia". Tal é o hino de Páscoa . Porquanto Páscoa não é apenas o aniversário dêste accntecimento sem precedentes, é o dia do júbilo triunfal, júbilo de possuir o Cristo: É para nós que ~I e ressuscitou. É o dia de ação de graças. Deus fêz por nós grandes coisas mas a maior de tôdas , aquela que cumula a nossa felicidade nós a vemos nesse dia: Cristo ressuscitou!

"Faites et Saisons"

ORAÇÃO Senhor d'e tôdas as .na~ões, ó Jesus, inocentei vítima pascal que reconciliastes os pecadores com o Pa>, concedei todos os dons desejados sôbre todos e sôbre cada um dos membros da famíli• humana, a fim de que kossa luz, que está a ponto ·d'e acender-se de nôvo, e~pulse dos éspíritos a treva do êrro, purifique o fundo dos cora~ões, ilumine<· para cada um o caminho le sua própria vocasão, suscite no mundo inteiro umil vontade ardente de justisa, de caridade e de pu. S.S. João XXIII -

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Mensagem Pascal de 1959


SUPLEMENTO à Carta Mensal das Equipes de Nossa Scn h ora ABRIL 1968

Caros amigos Os membros das Equipes manifestam mu1tas vêzes o desejo de ver a Carta Mensa-l abrir-se aos grandes problemas do mi.JI"'do, às grandes preocupações da Igreja.. De quando em quando também censuram as Equipes de Nossa Senhora, certas equipes ou .certos membros das equipes por não se Preocuparem suficientemente com êstes problemas. Gostaríamos pois, de tentar esclarecer a nossa posiçéo. Para só mencionar alguns textos dos mais recentes, é verdade que a Carta Mensal apenas citou um curto extrato úa "Populorum Progressio", que nem sequer se 'referiu à mcíclica sõbre o celibato dos padres: que no mes corrente não fala nem na mensagem de Paulo VI à África, nem na carta que o Padre Geral dos Jesuítas .acaba de dirigir a todos os padres dos Estados Un1óos, sôbre o prO-1-


blema racial. ~ também verdade que só raramente se refere aos problemas da paz e do deserwolvimento. Vamos expor brevemente as razões. A Carta Mensal, boletim interno do MovimeõltO, tem por objetivo ajudar os membros das Equipes a conhecerem e a viverem melhor o seu espírito e método~. O Centro Diretor deseja manterlhe êste caráter muito especial e eis por que. Não podemos pretender apresentar uma informação séria, nen, uma informação universal : não estamos aparelhados para isto, ao J:.aSso que outros o estõo. É p1•eciso dizer e repetir que todo cristão consciente e aberto deve querer informar-se e que, em cada um de nossos países ou no plano internacional, existem jornais, revis•as, organismos, que lhes permitem fazê-lo. Se a Carta Mensal não pode corresponder a éste objetivo de informação, poder-se-á dizer então que o Movimento não convida os seus membros a preocuparem-se com a grande família humana? Pelo contrário. Já os Estatutos nos convidam a trazer para a oração em equipe, as grandes intenções da IgreJa: "N'a oração em equipe, evocam-se, a ffm ele serem ta·mbém adotadas na oração, as intenções atuais da grande família católica (por exe,m plo: cristãos perseguidos, uma missão em .dificuldade, determinado esfôrio de apostolado, o recrutamento sacerdotal, .c.)" Mas é também na co-participação que dever i;,m aparecer muitos dos problemas da Igreja e do Mundo. Uma equipe onde nunca aparecesse o problema do desenvolvimento, a inquietação pelas igrejas que vivem além da cortina de ferro ou de bambú, a preocupação pela paz do mundo, seria uma espécie de monstro, porque isso significa ou que ninguém na equipe está aberto a êstes problemas ou que cada um guarda para si as suas preocupações! Um<t equipe onde nunca se falasse das preocupações da Igreja do mundo, não seria uma equipe cristã, católica. Mas uma equipe, tal como um casal ou um indivíduo, pode ser mais ou menos cristã, pode viver mais ou menos ligada o vida 11-


-da Igreja . A Cri3to, presente na nossa reumou - se com plena -consciência e vontade nos reunirmos em seu nome - apresentemos na oração as penas e as misérias dos homen~. Com os nossos irmãos de equipe procuremos, na co-ParticiPação, como melhor podemos participar nos trabalhos, preocupações e problemas da Igreja e do mundo. Creiam, caros amigos, no nossa amizade traterna. O CENfRO DIRETOR

UMA PALAVRA DA ECIR Caros amigos . Depois de terminar a leitura das últimas lmhas da coluna da ECIR, nas fôlhas amarelas de março, E. ficou um momento pensativo e perguntou: - Que será necessário para que uma equipe de casa1s seja uma verdadeira Equipe de Nossa Senhora? Foi a minha vez de refletir: - Apenas duas coisas, respondi: Querer o fim: a primeira parte dos Estatutos. - Querer os meios: os métodos, a m1st1ca, as normas do movimento. Realmente, caros amigos,. é preciso, nem mais nem m~J , que cada um e todo; os casais da equipe, estejam na firme disposição de serem cristãos autênticos e de se ajudarem fraternalmet1te a consegui-lo, u~ilizando os meios propostos pelo Movimento. De acôrco com as últimas estatísticas temo.; no Brasil, entre .admitidas e compromissadas, 260 equipes. Se tôdas efas quiserem firmemente aquelas duas coisas, a l.greja no Brasil terá 260 núcleos de C<!Sais empenhados na sua realização cristã. Vocês já pensaram no que pode representar o esfôrço conjugado dessas equipes, dentro do esfôrço de renovação da Igreja no Brasil? E que êste esfôrço -111-


tem o apóio de mais 2.800 equipes espalhaa.:;s em 30 .Países, contribuindo tôdas para o esfôrço· de "aggiornamento" da Igreja Universal? E já pensaram também na responsabiiidade que isto representa? Porquanto o nosso movimento, com tôda a sua am plitude, não passaria de um grande "ghetto" se estivesse desligado dat Igre ja . Se somos equipistas é porque ambicionamos ser melhores filho s de Deus e,. portanto, melhores filhos da Igreja. Não podemos nos fechar dentro da nossa equipe, deixar-nos embalar pela cômoda impressão de segurança, como a do caramujo sob a sua casca que, no caso, seria a ilusória impressão de proteção que nos seria dada pelo cumprimento extrotc e único das ot:irigações. Cada um de nós, cada casal tem o dever de se empenhar com a Igreja, dentro da Igreja, no trabalho árduo de realizar a sua parte no voto do Concílio, de renovaç.õo do mundo de hoje; empenhar-se pe la volta dos valores espirituais que vem sossobrando ao pêso da técnica e do materia lismo. Ora, os valôres espirituais e morais, é na famíla que são daaos a todo indivíduo, nos longos anos de sua formação. Trabalhemos com afinco, com sacrifício mesmo, para o soerguer dos valôres espiri tuais da família. Nem é outro o sentido da difusão da espiritua~idade conjugal e familiar que as equipes de todo o mundo se empenham em desenvolve r. Muito fraternalmente A ECIR

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ENCONTRO DOS CASAIS REGIONAI S E R. DE SETOR

Teve lugar nos dias 16 e 17 de março, a reuniéo dos C. Ree R. de Setor de todo o Brasil, na sedt. do Secretariado. Realizada quando a C. Mensal já se encontrava ern impressão, não nos é possfvel fornecer detalhes, o que procuraremos fazer no próximo número.

gior~ais

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EN CONTRO NAC IO. A

D0 9 RESPONSÁVEIS DE EQUIPE (20-21 DE AB R1L)

Constitui sempre um acontecimento ma1cante, o Encontro Anual dos Responsáve is de Equipe . O número sempre crescente de participantes obriga a ECIR a um esfôrço cadd vez maior, se ja para a organização., seJa para a hospedagem do5 casais. Mas as finalidades do Encontro cow.pensam o trabalho de~erwolvido, tant~ mais que é quase palpável a colaboraçõo que nos vem do Senhor. Nõo sõo apenas os Responsáveis de Equipes, os interessados nesta Assembléia . São êles os delegados das respectivas equipes. Todos vocês, portanto, devem "assumir" com a:; seus respOnSáveis êste Encontro, unindo-se em orações para o seu êxito e ajudandoos a comparecer, seja tomando conta de seus filhos, seja contribuindo para o custeio da viagem, quando necessorio. Com satisfação também, observamos cada ano um número crescente de Assistentes. Somos-lhes gratos pelo mteresse tomad~ pelas respectivas equi.pes e pelo Movimento e, mais ainda , pelo valor e slgnificâdo espiritual de sua presença entre nôs. CALENDÁRIO

Fazemos um apêlo a todos os Setores e Coordenações, para que nos ajudem a completar as informações prestadas na última página destas "fôlhas amarelas", sôbre atividades coletivas de suas respectivas zonas de responsabilidade. O nosso Suplemento precisa deve -- publicar, em particular todos os retiros programados para êste ano. RECORTES

Uma equipe do Setor Rio de Janeiro, auxiliada por alguns casab da .,esma localidade, teve a iniciativa de organizar campanha de coleta de ·papel velho, jornais, vidros em geral, retalhos de pano, etc. Tudo isto, recolhido e vendido, rendeu

um"

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mais de NCr$ 700,00 . . . ou melhor,, {oi transformado em casaquinhos, roupinhas, com o que proveram de agaSdlhos tôda uma enfermaria infantil. Agora vão dedicar-se a enxovais para nenês pobres. Esta nos veio, no devido tempo, do Setor de Ribeirão Preto, transcrito do relatório da Equipe I de C.: "No dia em que se iniciou a guerra de Israel, M . teve a lembrõnça de telefonar a todos os números da lista telefônica, conv1dando para um tríduo df,l Missas pela paz do IT)undo, a iniciar-se naquele mesmo dia. A freqüência (inclusive de pessoas de outros credos) só se poderia comparar a um dia da Semana Santa. O Padre, que não esperava aquela afluência, fêz um sermão emocionante, certamente inspirado por Deus". No início de fevereiro, o Instituto Teológico Pio XI, dos Padres Salesianos, realizou em São Paulo uma stmana de estudos para os padres da Ordem, com menos de 5 anos de ordenação. Dentre os temas estudados destacavam-se vários, relativos à fam!lia, ao casamento, e aos respectivos problemas de pastc.ral. As E.N.S. foram convidadas para uma exposição do Movimento. Dois casais estiveram presentes e depois de uma palestra ~o bre "As E.N.S. na Igreja do Vaticano li ", tiveram oportunidade de pre~tar esclarecimentos sôbre o Movimento.

- O responsável da Região Sul, recebeu de casal G.F., que se achava nos Estados Unidos, uma carta amistCJ~a em que ditem : "Estamos frequentando reuniões de equipe aqui em Nova York. Estivemos com os Green, em Washington, e êles nos falaram de vocês, a quem conheceram no Encontro Internacional de Varese, mostrando-nos fotografias tiradas entéto. Participamos de algumas reuniões de equipes novas e pudemos dar a nossa colaboração em !roca de experiências. Foi ótimo."

- o- mesmo Re!JiOnal recebeu carta do casal Lt:Jcque, de Bogotá (Colômbia) , casal êste que também estêve no Encontro -VI-


de Varese. "Esperamos uma oração especial das Equipes do Brasil escrevem êles para o Congresso Eucarístico Internacional que se vai realizar aqui e que talvez seja a maior demonstração que. possa fazer o nosso país ao Coração de Jesus e à Sagrada Eucaristia. Quizeramos que todos os que possam, se unam a nós nesses dias, para pedir a Deus que derrame sôbre a América Latina tôdas as bênçãos que são necessárias pc:ra a compreensão entre os homefls".

FinaJmente, para. amenizar um pouco, estas linhas que encontramos num Boletim de Setor: "Fim de retiro, em Araruama (Rio). Em meio à alegria geral, pO redor da mesa dó café, cada ca~al equipistll se presenta aos demais, informando nome, local e equipe, profissão, etc. Foi então que ocorreram <1lgumas "distrações" gozadas, das quais anotamos as seguintes: Do A., orgulhosamente s refetindo.. ao filhinho de '18 meses: "Temos um garoto de 18 anos . .. " Revolta de éspôsa: "Heeeín? tsse eu não conheço!" Do F. em certo momentO! "temos dois filhos e estamos casados há dois anos e meio . .. " Corrigindo, tntervém ela: "Dois e meio, não; quatro anos!" Saída de F.: "~ CJue somos tco felizes que nem senti o tempo passar!" Do R. eufórico: "Começamos há pouco tempc e já temos dois filhos ... " Evidentemente, referia-se ao tempo de equipe ...

EtE'STAQUES

De um Boletim de Setor: "Quflem ser por tôda a parte, os missionários ele· Cristo", "Há ~uem tenha a idéia de que as Equipes de Nossa Senhora nõe são um Movimento de apostolado. Nossos Estatutcs, porém, contém a frase acima transcrita e completam, mais adiante: "Tais muipea ltiÍO! HO altrigos para .1fluftot Mlft iRtencio"""-, lftU sim corpos ele guerrilheiros composto ele voluntérios."

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É evidente, por.tanto, que apenas "pertencer" a uma fquipe e dela apenas receber é tornar-se apenas "adultos bem intencionados." 1 Ser mi sionário de Cristo, fazer parte de um corpe de guetrilheiros é ser atuante na disseminação do Evangelho de Cristo. É pregá-lo. . . até comsacrifício . Os primeiros- cristãos, para testegá-lo. . . até com sacrifício. Os primeiros cristéos, para testede seu próprio corpo I Se entramos, voluntàramente para as E.N .S., queft1Hio viver para Cristo, com Cristo, por Cristo", teremos ci& riscar de nosso vocabulário· a expressão "não posso". Temos de poder "entregarmo-nos a lle, sem concli~ões. Temos de poder servi-lo, sem discutir''! . . . . Entregando-se a Cristo, o equipista pode ::.erví-LO pÓr meio des Equipes, pois "nõo há rnelhor guia para leva., a Deus, t~ue a própria Mãe de Deus". Seremos missionários de Cristo se fizermos mais um casal "reconhecer n'lle o Chef~ e Senhor de seu lar". Equipista, você pode fazer isto: converse .com casais amigo sôbre as Equipes; dê testemunho; dialogue. Se êsses casais têm boa formação cristã, mesmo que estejam "um pouquinho" afastados, interprete-lhes as duas primeiras páginas óe nossos Esta'tutos, com o entusiasmo que lhe dará a satisfação de ser equipist~. mostrando-lhe como você pode fazer tudo aquilo. Dê ênfase à nossa mística de cooperação e testemunho. De pois, se êles estiverem interessados, mostre-lhes quanto você já se beneficiou com as orações e debates de temas; como lhe fazem bem a oração das Equipes, a leitura da Carta Mensal, a regra de vida. Mostre-lhes como o ca~al ~ a família se mantém cada ve:z: mais unidos com o dever de sentar-se, o estudo do tema, a c3raçéo em família . E sinta, depois. a satisfação de poder orientar êsses mesmo~ casais, e outfos,• como "pil to" ou "casal de •ligação" das eQtJipe que êles vierem a formar.

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Seu aoostolado não deve parar na informação ~ôbre as equipes; deve prolongar-se, dentro do Movimento, assumindo responsabilidades, não só em sua própria equipe, mas no Movimento como um todo. Néo se pode receber entre nós aquêles que você catequisou, se não tivermos casais preparados para pilotá-los e, depois, para manter a união das nossas pequenas igrejas. Você pode vir a ser um dêstes colaboradores. Não se subestime ao ser convidado: você já foi julgado apto. Restará, apenas, você querer afastar todos aquêles pretextos que sempre aparecem como "razões ponderáveis" para você não poder. E se, realmente, houver estas razões ponderáveis, analise-as novamente, para ver se pode superá-las. Meditemos sôbre os nossos Estatutos . . . e procuremos segui-los. Nosso Movimento nos dó meios de também sermos apóstolos . . . se quisermos! SENHOR, dai-nos coragem! Coragem de empreender e etn9reender sem temeridade; corage. da iniciativa e cor~em da disciplina; coragem da atividade e coragem da ad.apta~ão contínua; coragem de estar muitas vêses só, e coragem de recomeçar com aquêles que se ah'aram ou com os que vão chegando; coragem de não se irritar e, apesar dos abanóonos, conservar o autodomínio; coragl!jm de encontrar tempo suficiente para contemplar e rezar. L.J. Lebret - Civilisasão

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EQUIPES ADMITIDAS Alemanha - Wittlich 1. Austrália - Melbourne 12. Bélgica - Charleroi 29, La Louviere 2, 3, Toumai 5. Brasil - Guaró 1, Ribeirão Preto 9, S. José do Rio Pardo 4 . Espanha Barcelona 124 a 131, Granada 3, Madrid 32 a 35, Mólaga 4, Palencia 6, 7, Santa Coloma L, Sevilha 28, Valencia 27 a 29 . Estados Unidos - Astoria 1 . Fransa - Annecy 15, Arcachon 3, Aubergenville 2, Auberviliers 1, Chartres 5, Dieppe 6, Digoin 1, Eaubonne 1, E.P.C. 33, Evreux 5, Gournay 2,. Lille 26, Malakoff 1, Maubeuge 3, Melun 8, Meudon-la-Forêt 2, Nantes 29, Nice 6, Niort 4, Nogent-k=Rotrou 2, Orange 4,. Rennes 17, Thonon 3, Tournon 1, Tour 9, Valence 5, Vannes 12, Vaucresson 1. Ilha Maurícia - Ilha Maurícia 37. Itália - Borgomanero 1, Varese 4 . Portugal - Ponta Delgada 3, Porto 46, 50. Suisa - Genebra 26. EQUIPES COMPROMISSADAS Bélgica - Anvers 22, Bruxelas 106, Charleroi 17. Espanha - Barcelona 32, Madrid 16. França - Lille 23, Massy 4, Ris-Orangis 1. Suíça - Genebra 21 .

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As equipes do Brasil admitidas, são as seguintEs: Cuará 1 - N. Senhora Aparecida Assistente: Pe. Milton de Barros C. Respons.: Ana e Jofre Antonio Ribeirão Preto 9 - Nossa Senhora, Maria Assistente : Con. Angélico S. Bernardino C. Respcns ..: M. Cristina e José Henrique de Souza S. José do Rio Pardo 4 - 1'-4. Senhora da Pu C. Respons.: Liberei e Osmar Nogueira

DEUS CHAMOU A SI Anne-Marie Berthier, Genebra (Suíça), falecida a 8-12-67. Huguette Vincent, Bourges (França) , 5 filho, em outubro 67. Jacqueline Delahaye, Charleville (França), em i 1-9-67 Jean Staf, Genval (França) a 13-7-67. Rvmo. Pe. Justin, Montigny, (França) a 26-1 -68 Rvmo. Pe. Lucien Gambcni, Genebra, (Suíça) a 6-7-67 Rvmo. Côn. Montmaneix, Guéret (França), em >ete;mbro 67. Edouard e Anne-Marie Berthier foram um cos casais que introduziram as E.N.S. em Genebra. Foram responsáveis do Setor de Genebra durante vários anos e fizeram partE! da equipe dirigente das E. N. S. durante 5 anos, o que os obrigava a frequentes viagens de GEnebra a Paris. Anne-Marie faleceu após uma longa doença.

PROFISSÃO RELICIOSA Teve lugar a 13 de janeiro a cerimônia de imposição do véu a Maria da Graça Fonseca, filha do casal Denise e Fernando Gay Fonseca, nossos esforçados equipistas de Porto Alegre. Maria da Graça ingressou na Congregação das Cônegas de Stc. Agostinho.

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CALENDÁRIO

ABRIL 20-21 Encontro Nacional dos RespOrlsõve is d~ Equipe Em São Paulo. AGôSTO 15-18 Em Curitiba .

Sessão de Formação de Dirigentes -

1.0 gráu

OUT. 31 NOV. 3 Sessão de Formação de Dirigentes gráu. Em São Paulo. RETIROS

Região de São P3ulo Abril 26 a 28 Em Barueri Maio 31 a Junho 2 -- Em Barueri Junho 7 a 9 - Em Valinhos Agôsto 9 a 11 - Barueri Agôsto 23 a 25 - Em Valinhos Ago. 30 a Set. 1 Em Valinhos Setembro - Em Baruerí Outubro 4 a 6 - Baruerí Outubro 11 a 13 - Valinhos Novembro 22 a 24 - Baruerí Novembro - Valinhos

Setor Marília

Abril 6-7 Em Marilia 'Setembro 7~8 Em Marilia

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2.~


DIFUSÃO DA ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

PRE OU PARA- EQUIPE? A Carta Mensal francesa publicou, em novembro, a ~xperlên­ cia levada a efeito DOr um casal que foi lc'Vado a an imar um grupo de casais que, à prim1ira visto, se recusavam a· aceitar as Equipes de Nossa Senhora O texto publicado levou um casal brasileiro a enviar o testemunho abaixo que foi publicod' no íntú;Jra dois me,ses depois:

"Acabamos de ler na Carta Mensal de novembro o testemunho publicado sob o titulo: Pré ou para-equipe- Ficamos satisfeitos em poder trazer a êste respeito, uma contribuição que é o fruto de uma experiência que já vem de 8 anos. · OS CfRCUL09 FAMILIARES

Naquela altura, foram iniciados o que chamamos Círculos Familiares. Como os autores do testemunho publicado, tinhamos observado, em São Paulo, que muitos casais poderiam vir a rejeitar, à primeira vista, a espiritualidade e a disciplina das E.N.S., mas, no entanto, seriam beneficiados por tôdas as riquezas humanas e cristãs do amor conjugal que nelas descobrimos. SEUS OBJETIVOS

Iniciamos então, em São Paulo, uma organização paralela às Equipes, cujo objetivo é transmitir aos casais interessados (geralmente católicos não-praticantes) a substância dos nossos temas fundamentais: Amor e Casamento e Fecundidade, assim 11-


como o testemunho de casais cristãos vivendo o seu casamento à luz do Evangelho. Estava previsto que, sempre que o nível espiritual do grupo o permitisse, ser-lhe-ia proposta, muito progressivamente, a adopção de algumas práticas de espiritualidade conjugal e familiar, como o Dever de Sentar-se ou a Oração familiar. Um segundo objetivo do Círculo era desenvolver no grupo um profundo espírito de fraternidade e de auxílio mútuo. É êste um ponto que é sempre posto em destaque logo na primeira reunião de cada Círculo. O último ponto fixava em 18 meses no máximo, a duração de cada Círculo, o tempo necessário para desenvolver os temas fundamentais. COMO FUNCIONAM

Cada Circulo é composto de 5 a 7 casais, sob a responsabilidade de um casal das Equipes. Não tem Assistente nem se discutem questões de ordem religiosa, podendo-se recorrer, . no entanto, a um sacerdote para resolver problemas mais difíceis. Com efeito queríamos que até mesmo casais que sentis sem constrangimento na presença de um padre, pudessem sentir-se à vontade dentro do grupo. A experiência já vem se desenvolvendo há 8 anos, regularmente, embora tendo um campo de ação e meios limitados. Uma organização mínima foi posta em funcionamento. O programa das reuniões é muito simples: refeição em comum, discussão do tema depois de ter sido estudado pelo casal que aqUi também, responde por escrito a um questionário. Quando as circunstâncias o permitem, isto é, quando o casal reponsável sente que a coisa será bem aceita, propõe a introdução de uma oração no inicio e no fim da reunão. -12-


Sempre de acôrdo com a receptividade do grupo, sugere sucessivamente a oração familiar, o dever de sentar-se, a participação aos retiros de casais. É de notar que todos os grupos aceitaram a introdução destas poucas obrigações de ordem religiosa e a orientação francamente cristã dada à troca de idéias e, como decorrência, também às reuniões. Ao terminar o ciclo de 18 meses (dois anos, se contarmos as interrupções das férias) era possível propor aos casais que continuassem a aprofundar as suas pesquisas e apresentar-lhes os movimentos de casais existentes : E.N .S . e Movimento Familiar Cristão. Assim é que 11 Círculos sôbre 22 passaram para as Equipes de Nossa Senhora, ou seja, 68 casais. UM INQU~RITO

Ultimamente, quando da recomendação do Centro Diretor de intensificar a difusão da espiritualidade conjugal e familiar. perguntamo-nos se não seria oportuno dar novo impulso aos Círculos familiares. Antes de tomar uma decisão, procedemos a um inquérito referente à experiê cia desses 8 anos. Um questionário foi enviado a todos os casais que tinham passado dos Círculos para as Equipes. Não recebemos muitas respostas, porquanto os questionários foram enviados pouco antes das férias; são entretanto quase unânimes na sua orietação. As respostas nos dizem que os casais foram nitidamente beneficiados com o trabalho realizado nos Círculos e algumas sugerem mesmo, como a equipe citada na C. Mensal de novembro, que, antes de entrar nas E . N . S. , todos os casais passem pelos Crfculos: Um casal escreve: "O casal que entra nas Equipes depois da preparação que é dada pelo Círculo, cons1dera o Movimento com muita mais seriedade. :t então com uma adesão da vontade e não por simples curiosidade que o casal entra nas Equipes".

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li.

Outro ca.sal nos disse: "A fase preparatória constituída pelo Círculo tem um efeito que não pode ser desprezado: a seleção se jaz, entre os casais que estão nas condições exigidas para pertencer às Equipes e aquêles que procuram simplesmente alargar seu círculo de relações sociais, ou colher alguns elementos para viver melhor a sua '!!ida conjugal". Uma das perguntas indagava se os Círculos deviam continuar sem Assistente. A maior parte respondeu afirmativamente. Não se quer, com efeito, afastar dos Círculos os casais que poderiam recuar ante a presença de um padre. Acrescentemos ainda esta resposta: "O Círculo nos parece o instrumento mais apropriado para tornar conhecido o Movimento, assim como um meio excelente para os equipistas exercerem um apostolado especificamente familiar. A entrada no Circulo é muitas vezes o primeiro passo para uma volta às práticas religiosas" . Constava das perguntas, ao que podia ser atribuido o êxito dos Círculos. Eis a resposta dada pelo Responsável dos mesmos: "O que leva os casais a perseverarem nos Círculos, não hesitamos em ajinná-lo, é o amor fraterno que nêles procuramos desenvolver, levando-os porém a compreender que êste amor vem de Deus e os une a Cristo". Pré-equipe ou para-equipe? A experiência nos permite afil·mar que os Círculos Familiares realizam os dois tipos de esperiência. Queremos entretanto acentuar que, em relação à questão de fazer dos Círculos, obrigatóriamente, pré-equipes, foi respondido pela negativa. Detivemo-nos na formula inicial: Os Círculos Familiares continuarão a ser um instrumento de difusão da espiritualidade conjugal e familiar. Se levarem os casais às Equipes ou outros movimentos, só será para nós motivo de Júbilo."

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li Outro casal nos disse: "A fase preparatória constituída pelo Circulo tem um efeito que não pode ser desprezado: a seleção se jaz, entre os casais que estão nas condições exigidas para pertencer às Equipes e aquêles que procuram simplesmente alargar seu círculo de relações sociais, ou colher alguns elementos para viver melhor a sua '!fida conjugal". Uma das perguntas indagava se os Círculos deviam continuar sem Assistente. A maior parte respondeu afirmativamente. Não se quer, com efeito, afastar dos Círculos os casais que poderiam recuar ante a presença de um padre. Acrescentemos ainda esta resposta: "O Círculo nos parece o instrumento mais apropriado para tornar conhecido o Movimento, assim como um meio excelente para os equipistas exercerem um apostolado especificamente familiar. A entrada no Circulo é muitas vezes o primeiro passo para uma volta às práticas religiosas".

Constava das perguntas, ao que podia ser atribuído o êxito dos Círculos. Eis a resposta dada pelo Responsável dos mesmos:

I

"O que leva os casais a perseverarem nos Círculos, não hesitamos em afirmá-lo, é o amor fraterno que nêles procuramos desenvolver, levando-os porém a compreender que êste amor vem de Deus e os une a Cristo".

Pré-equipe ou para-equipe? A experiência nos permite afirmar que os Círculos Familiares realizam os dois tipos de esperiência. Queremos entretanto acentuar que, em relação à questão de fazer dos Círculos, obrigatóriamente, pré-equipes, foi respondido pela negativa. Detivemo-nos na formula inicial: Os Círculos Familiares continuarão a ser um instrumento de difusão da espiritualidade conjugal e familiar. Se levarem os casais às Equipes ou outros movimentos, só será para nós motivo de júbilo."

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Diálogo Religioso e Partilha Fizemos acima a lgumas considerações sôbre 0 diá :oç;o reli gioso e mencionamos ainda o apêio feito para que, na partilha, se incluísse também êste ponto. Será inte.essante lermos um relato de como foi folta esta partilha numa equipe.

"Pela primeira vez, fizemos na nossa equipe, a partilha sôbre o diálogo religioso. A primeira vantagem obtida, foi termos tomado consciência de um problema difícil do qual mais ou menos, todos nós vínhamos nos esquivando. Os D. insistem sôbre a necessidade de sermos verdadeiros e simples. Foi com esta disposição que entabularam um diálogo religioso profundo com um grupo de pessoas de sua paróquia, aproveitando a oportunidade que se ofereceu, quando tiveram de armar em coonjunto um presépio do Natal. Um dos membros da equipe perguntou-lhes então se, ao procederem assim, tinham tido a impressão de cumprirem totalmente o convite que nos é feito pelo Movimento. "Não será preciso, disse, ir mais longe, falar da nossa fé aos nãocrentes. tentar fazer "proselitismo"? Esta palavra provocou um verdadeiro clamor de indignação: "Ninguém se julga com o dever de converter os outros! ... Não basta viver simplesmente a vida de todos os dias o melhor possível, para correspendermos ao apêlo do Movimento, aproveitando os encontros e as ocasiões?" A partilha continua e conduz a uma outra conclusão . . . "De minha parte, refere N., estou alerta para as ocoasiões de escutar, que me são dadas pela minha profissão. Ouvir um jovem apresentar os seus problemas de vida, ajudá-lo assim -15-


a formulá-los, é sem dúvida uma forma de entabular um diálogo religioso" . Educador de delinquentes infantis, N. tem, através da sua profissão. ocasião de travar relações com jovens que atravessam graves crises em sua vida. S. conta-nos as dificuldades que tem para falar. Está reagindo pois reconhece que, se nunca nos ouvirem falar de nossa fé, os que não crêem poderão ter a impressão que lhes escondemos alguma coisa. Teve assim ocasião de. num diálogo sôbre a educação cristã das crianças, ir bastante a fundo na análise do problema. V. reconhece que se não fala mais à vontade, é por respeito hlll'l1ano. "Ora, diz êle não podemos ficar somente na fase dos bons propósitos. Reconheço que tive inúmeras ocasiões para passar do diálogo superficial a um diálogo mais profundo . .Tomei consciência disto um pouco tarde de mais. É muitas vêzes devido à nossa omissão que a "comunicação" fica ao nível da banalidade". O Pe. R., nosso Assistente, insiste no fato de que nos nossos encontros com os não-crentes, devemos dar testemunho da nossa intimidade com uma pessoa, e não da possessão ciumenta de uma verdade, o que viria bloquear a inter-comunicação que procuramos estabelecer. Entabular um diálogo religioso não é abarrotar o outro com boas palavras, mas sim revelar-lhe o Senhor que atua nêle, sem que muitas vêzes, tenha êle consciência disso . o essencial é que, nos deixemos conduzir· pelo Espírito Santo que nos pode levar a falar ou a calarmo-nos. Se nos calamos com um silêncio máu, silêncio de medo ou de altivez, é talvez por não estarmos suficientemente enxertados sôbre o Espírito Santo . Os apóstolos, cheios do E!spírito Santo, não podiam deixar de falar" . 16-


TESTEMUNHOS

UM EXEMPLO DE DIALOGO RELIGIOSO "A leitura de uma Carta Mensal deixou-me impressionado com a insistência com que se referia à orientação do ano, relativa ao diálogo religioso. Aconteceu justamente que tive que ir, na companhia de um de meus colaboradores, jazer uma viagem de negócios que deveria se prolongar por três dias. Iríamos portanto viver em contato um com o outro, durante os numerosos e fastidiosos quilómetros que nos levariam de wna fábrica a outra. de um a outro cliente. Era uma oportunidade para dialogar. Confiei pois ao Espírito Santo a minha intenção, pedindo por várias vêzes que me enviasse as luzes de que precisava para procurar transmitir a êste colega o que possivelmente esperasse de mim, se é que esperava alguma coisa. Desde o primeiro dia, desde os primeiros quilómetros entabulamos o diálogo. Foi tão natural que nem mesmo sei como começou. Pareceu-me inteiramente expontâneo, talvez em virtude de meu estado de espírito. Penso no entanto que foi o meu interlocutor que lhe deu início, ao falar do problema da super-população e da limitação da natalidade. Daí passamos a falar no desabrochar humano no amor físico, nos vários métodos de regulação da natalidade, passando para a posição da Igreja no que respeita a êste problema, ao jato do Papa ainda não se ter pronunciado.

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Falamos ainda do que se entende por ucristão adulto", das reformas litúrgicas da ((hipocrisia " dos católicos (na expressão de meu companheiro), etc. Enquanto /alava, continuava a rezar, porquanto sabia a minha fraqueza, o quanto estou pouco à altura dêste gênero de discussões. Rezava principalmente para que não viesse a dizer heresias, para que me mantivesse ao alc·ance de meu interlocutor, sem respeito humano, com bastante caridade mas sem demasiada complacência. Compreendia progressivamente as dificuldades e as lutas profundas que marcavam a vida daquêle homem. Chegamos finalmente e sempre com grande naturalidade, a falar dos grandes problemas da vida, da existência de Deus, de Cristo, do papel da Igreja. - Você acredita em Deus? - perguntei em dado momento. Que representa Deus para você? Que é o amor? Deus é Amor .. . Você ama a sua espôsa? - Eu tenho uma amante. -Por aue? - Minha mulher bebe! Que fazer? Que diferença ja?. isso no plano de Deus? No entanto não a quero jazer soj1·er. - Po1·que? - Porque, de certa maneira, eu a amo. - Não pensa você que é à maneira de Deus? O amor não se reduz à sexualidade. A amizade é uma forma de amor. - Gostaria de ter amigos, casais amigos. - Sabe você que, na própria cidadé de X., existem equipes de casais amigos que se auxiliam mútuamente? etc. Não há dúvida que jui favorecido pelo temperamento aberto de meu interlocutor e pelo jato de ser êle inclinado às confidências. Sentia nêle, ainda, a fraqueza de alguém que, no entanto, não é mais um rapazinho, mas sabe ser um comer-

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ciante duro quando se trata de negóc ·os, por vêzes menos escrupuloso. Perante êle, estava a minha próp1'ia fraqueza, fettd. de cobardia, de facilidade, de displicência. llfas eu era impelido para a fnmte pela certeza de estar poderosamente amparado, apoiado na fôrça do Espírito Santo, a quem tanto tinha pedido na minha oração.

Não tenho a pretensão, é claro, de ter sido "inspirado"

e, eventualmente, devo ter dito algumas bobagens. Mas não há dúvida que pus nêstes contatos o máximo de verdade e espero que o Senhor tenha estado perto de nós e que a sua Palavra tenha conseguido atravessar a barreira das palavras inoportunas que me vinham à mente. Bendigo pois o Senhor por êste apóio; bendigo ainda, as estradas tortuosas que percorremos e as lcmgas esperas decorrentes da própria profissão, elementos êstes favoráveis aos longos diálogos."

ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO A Quaresma é, por excelência, o tempo da "conversão do coração". Se esta conversão é uma graça que vem de Deus, exige de nossa parte uma resposta e, em primeiro lugar, a nossa atençéo à Palavra de Deus.

TEXTO DE MEDITAÇÃO Atendei para isto, ~us amados irmãos, que cada qual sej• pronto para ouvir, liardio para falar, tardio JIMa se irar, pois a ira do homem não opera a justiça de Deus. Pelo que. renunciando a tôcfa impureza e malícia, recebei com mansi'clão a Pa~avra em vós enxertada e que pode salvar as vossas aimas. Sede pois cum<prldores da Palavra e não ouvintes somente. enganando-vos ao vós mesmos (Tiago I , I 9-ll 1 •

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I

ORAÇÃO LITORCICA (Salmo 18) Antífona: A tua Pa-lavra, Senhor é a Verdade E a tua Lei, Hbertação. A lei d'o Senhor é perfeita e refrigério da alma. O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos sim.,les. Os preceitos do Senhor são retos, alegria para o coração. Os mandamentiOs do Senhor são puros, luz para os othos. Mais desejáveis do que o ouro, do que o ouro mais fino. E mais doces do que o mel, do que o néctar dos favos. Também é por êles penetrado o teu servo, e em os gu.udar há grande proveito·, Quem po4e perceber seus próPrios errosl' Purifica-Me elos que -;;,e são ocultos. Glória ao Pai ... ORA'ÇÃO DO CELEBRANTE Faz-nos voltar a ti, Deus nosso Salvador; e. para que possamos aproveitar a disciplina, da' Quaresma, abre os nossos espíritotl para as verdades do Teu Reino. Por Jesus Cristo Nosso Senhor, AMtM.

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CENTRO DIRETOR Secr. Geral . 49, Rue de la Claciere . PARIS Xlll BRASIL Secretariado . Av. Rebouรงas, 2729 . Sร O PAULO 9 o

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