ENS - Carta Mensal 1968-6 - Setembro a Novembro

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Editorial, p. 1 Não hã caridade sem sacramentos A Familla na Conferência de Medelin, p. A oropóslto do Dever de Sentar-se Difusão da Espirltualidade Conjugal, p . Pré-equipes? Correspondência, p. 12 Papel do Conselheiro Espiritual Assistentes, sede exigentes! Oração para a próxima reunião, p. 15 SUPLEMENTO:

Uma palavra de E . C .I.R ., p . I A nova "Oração das Equipes, p. IV O Contico de Mario, p. V O que vai pelas equipes, p. IX VIda do Movimento, p. XIV


Publlcaç~a 11ensal das Equipes de Nau• Senhora

Casal Respans6vel. Nancy e Pedro Moncau Jr Redaçlla • E•pedlç~a. Av. Rebouças, 2729 Slío Paulo 9 - SP


EDITORIAL

NAO HÁ CARIDADE SEM SACRAMENTOS NAO HÁ SACRAMENTOS SEM PADRES

Se focalizarmos exclusivamente os problemas do sacerdócio e ignorarmos o sentÃdo do sacerdócio arriscar-nos-emos a nada compreender de sua essência . Assim 'também, é evidente que se encarássemoss o problema do casamento unicamente em função das "dificuldades" das pessoas casadas e não em função da natureza do casamento, chegaríamos à conclusão de que é uma instituição definitivamente superada, porquanto não há um único casal que não tenha seus problemas . . . e isso é bom em certo sentido. Um inquérito sôbre o casamento, tomando como ponto de partida os problemas e as dificuldades das pessoas casadas, nos levaria a conclusões fáceis de imaginar. O resultado seria certamente impressionante, até mesmo entre equipistas, onde tais problemas são, não tligo suprimidos, mas superados. Com mais ra zão ainda, se tal inquérito fosse feito junto de homens e de mulheres tomados ao acaso. Chegaríamos sem dúvida a uma idéia inteiramente falsa do que é, na realidade, o casamento: um amor, um trabalho, uma criação cotidianos.. A riqueza do casamento e, em particuiar, do casamento cristão, consiste precisamente no fato de os cônjuges se esforçarem por dominar dificuldades e problemas - que são reais - através de um esfôrço construtivo do amo r O mesmo se passa com o sacerdócio. O sacerdócio esta ex-1-


traordinária consagração à edificação do Corpo de Cristo, não po · deria deixar de apresentar problemas de tôda ordem. Mas o dinamismo interior da vocação sacerotal permite superá-los e edificar uma obrn de amor construtivo. Procuremos apontar muito ràpidamente algumas das dificuldades que os padres de hoje enfrentam. Como tem sido acentuado, tais dificuldades não se limitam apenas 20 problema do cel ibato sacerdotal, pois é êle secundário. O problema do celibato sacerdotal se apresenta a partir do momento em que o sacerdote sente-se infeliz na sua vocação. Está ligado a um certo malestar do sacerdó:io . E êste mal-estar, a meu ver está fundamentalmente ligado a certo número de idéias falsas. Um primeiro êrro, quando se fala hoje em dia do sacerdócio, consiste em acentuar unicamente no padre, o testemunho de vida evangélica que deve dar, fazendo assim dêle, exclusivamente uma testemunha do Evangelho. Ora o testemunho de vida evangélica não caracteriza de forma nenhuma o sacerdócio: é a vocação de todo cristão e, por isso mesmo, a vocação dos leigos. Sim: a vocação dos leigos consiste em dar testemunho do Evangelho na vida cotidiana .. ~ evidente que , na medida em que se reduz o sacerdócio a um testemunho de vida evangélica, o padre deixa de ver em sí a sua razão de ser: o seu sacerdócio aparece-lhe quase como um obstáculc; pcrquanto, separãndo-o da vida comum, da família e da profissão, o sacerdócio faz com que lhe seja muito mais difícil do que a um leigo, dar testemunho do Evangelho.

Há n1sto um erro fundamental sôbre a natureza do sacerdócio. Porquanto a essência do sacerdócio reside precisamente no fato de não se situar no sentido do movimento que leva o homem a procurar assemelhar-se a Cristo, isto é, no sentido da santidade e do testemunho de santidde . O apêlo à santidade e ao testemunho de santidade é vocação de todo cristão: é o que se pode

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chamar sacerdócio universal. Não é portanto nesta linha que precisamos procurar a essência do sacerdócio ministerial. Mas o sacerdócio universal só pode existir se lhe forem criadas condições para o seu exercício. Estas condições sõo, de um lado a fé, e de outro lado os sacramentos. Em outras palavras, sem o ambiente da graça, criado pela fé e pelos sacramentos, o desabrochar e o testemunho da vida cirstã sõo radicalmente impossíveis. Ora, o papel essencial do sacerdócio é precisamente o de criar o meio divinisante onde o desabrochar da vida evangélica é possível. Nisto consiste a função específica do sacerdócio, o que nada mais é do que a continuação do 1próprio mistério da Encarnação. Jesus Cristo é o homem novo, no sentido que realiza plenamente o desígn io de Deus s6bre o homem . ~ ,portanto o modêlo do homem. Mas Jesus Crrsto é ao mesmo tempo a ação divina que suscita êste homem novo. Jesus Cristo só é homem santrficado, na medida em que é primeiramente Deus santificador. Não há santidade humana onde não há primeiramente ação divina santificante. Ou, para traduzir isto mais concretamente: se não há sacramentos sem a vivência da candade, se um formalismo religioso não acompanhado de uma vida evangélica é uma traição ao cristianismo, reciprocamente, não há caridade sem sacramentos. Nunca será demasiado repetí-lo: a caridade sem sacramentos não existe. Quero dizer com isto que a caridade, no sentido evangélico do têrmo, isto é, a caridade que é difundida em nossos corações pelo Espírito Santo, tem a sua origem na vida sacramental. Um cristão sem vida sacramental, isto é, desligado de Jesus Cristo, .poderá ser, sem dúvida, um homem de bem. Nem mesmo é preciso ser cristão para pres•tar serviços ao pró ximo : há ateus que são tão dedicados quanto os cristãos, ou

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mais. . . O que distingue a caridade cristã da dedicação de um ateu, é essencialmente que a caridade é sobrenatural, terr. uma origem sobrenatural e nos leva a amar o outro na sua drmensão sobrenatural. Se reduzirmos o cristianismo ao simples exercício de uma certa dedicação para com o próximo, esvasiamô-lo de tudo o que constitui o seu valor para o .homem de hoje, assimilando-o a certa forma de humanitarismo. Não há caridade sem sacramentos. Ora, não há sacramentos sem pdres. Não há portanto vida cristã possível sem o sacerdócio . Quando não há .padre num grande conjunto urbano, num subúrbio, temos a impressão de nos encontrarmos num deserto espiritual. Porquanto a palavra de Cristo não é transmitida, porquanto a vida de Cristo não é c:omunicada. A função do saOE: rdócio consiste essenc ialmente em criar êste ambiente de graça no qual desabrocha a vida evangélica . Tal foi sempre a missão própria do sacerdócio, desde as origens, desde o momento em que os apóstolos, no dia de Pentecostes, con!rtituiram a primeira comunidade cristã, no interior da qual a vida da graça se desenvolveu . Jean DANIELOU o. p.

A FAMILIA NA CONFERENCIA DE MEDELIN Os docu:nentos emanados da 2.a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano realizado há pouco em Medelin, são por demais importantes para que sejam lidos como smples noticiário . Merecem estudo e reflexão. Mais do que isto :

((Não basta, certamente, refletir, conseguir mais clarividência e falar - le:nos na Introdução. É necessário agir . A h01 a atual n ão deixou de ser a hora da ((palavra" mas já se tornou,

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com dramática urgência, a hora da ação. Chegou o momento de inventar com imaginação criadora a ação que cabe realizar e que, principalmente, terá que ser levada a cabo com a audácia do Espírito e o equilíbrio de Deus".

Todas as conclusões que constitue::n os 16 documentos de Medelin. têm uma importância transcendental. Mas há um documento que nos diz respeito de maneira tôda especial: é o que se refere à Família e Demografia. Analisa. a situação da fa,:nflia dentro do processo de transforma!;ão da América Latina, a influência que sôbre ela têm os fenômenos sociais fundamentais e, em contrapartida, o papel primordial que lhe cabe na elaboração do novo mundo. E assinala: "Por isso ... julgamos necessário dar à pastoral familiar uma prioridade na planificação da 'IJastoral de coujun to · sugerimos que esta seja planejada em diálogo com os casais que, por sua experiência humana e pelos carismas próprios do sacramento do matrim6nio. podem auxiliar eficazmente em sua elaboração".

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As últimas palavras de "Família e Demografia" devem ser meditadas por todos nós : "Queremos, finalmente, estimular os casais que se esforçam

por viver a santidade conjugal e realizam o apostolado familiar, assim como os que, "de comum acôrdo, de forma bem ponderada, aceitam com magnanimidade uma prole mais numerosa para eduoá-la condignamente" <G. et S. 50) . Bem planejada e bem executada mediante os movimento familiares, tão meritórios, ou mediante outras formas, a pastoral familiar contribuirá, certamente, para jazer de nossas jamüias uma fôrça viva (e não, como poderia acontecer, um pêso morto) a serviço da construção da Igreja, do desenvolvimento e da realização das necessárias transformações em nosso Continente".

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A propósito do dever de sentar-se

TESTEMUNHO DE UM BISPO

O Boletim de Bourú traz o relato da visi ta d os equipistas a seu Bispo. Dêle transcrevemos a trecho o seguir:

". . . estive no Seminário e, com os meus seminaristas - pouc'Os mas bons -, cumpri eu também o "dever de sentarse". Diferentemente no modo mas idêntico na substância ao vosso dever de sentar, êle nÔs fês imenso benefício à alma: Deixei que os alunos, um por um, em particular, falassem. Eu os ouvi com simplicidade. Falei o que o dever e a consciência me ditavam e êles ouviram com gratidão. Em seguida, ouvimo-nos com respeito, no tocante às queixas mútuas talvez existentes e acabamos nos amando ainda mais. E êste "dever de sentar-se" entre o Bispo e os seus seminaristas, foi brevíssimo. Talvez não tenha passado de quatro minutos para cada um. Mas foi U."'l momento do céu vivido em comum. Não abandoneis êsse dever tão lindo que o Equipismo vos impõe suavemente. Quando puderdes, experimentai fazê-lo com os vossos filhos, uma vez por outra, um por um, discretamente, sem formalismo, com espontaneidade, com amor. Escolha do momento fique a cargo da mãe de família que tem mais fácil intuição das oportunidades. Estou certo que os filhos não esquecerão jamais êsses encontros. Se já o fazeis, continuai-o; caso contráá.rio, experimentai". -6-


PAUSA A DOIS ... DURANTE UMA SEMANA

Um casal nas escreve para comunicar-nos a sua experiência de férias a dais e a sua convicção de que pode s.ar êste um onelo de renovar a equllíb·ia, a paciência, o disponibilidade .. . e o cmor conjugal . Se bem compreendemos o pensamento de nossos correspondentes, não se trata apenas de um tempo de repousa a dois, mas de uma experiência de diálogo, uma espécie de dever de sentar-se prolongado e calmo. Casados há perto de doze anos, tivemos três meninos dos quais um foi chamado para junto de Cristo co:n a idade de 4 anos em consequência de um acidente. Amamos perdidamente os nos.sos filhos, mas sentimos no entanto a necessidade imperioso de um encontro a dois, ao menos uma semana durante as férias, sem os filhos, já que temos a possibilidade de os poder deixar entregues ou aos avós ou à madrinha. Dividimos pois as férias da seguinte maneira: 3 se:nana com os filhos; uma se:nana os dois sõzinhos. A semana que passamos a sós, é altamente enriquecedora, pois permite-nos retomar contato regularmente com a própria fonte de nosso amor. Te:npos de silêncio a dois, tempos de reflexão sôbre todos os aspectos de nossa vida, favorecendo uma visão global da existência como nos retiros. As palavras são pobres para dar uma idéia do enriquecimento que representa êste regresso às fontes. O diálogo se aprofunda em tôdas as suas dimensões: conjugal, inteletual, artfstica, familiar, espiritual, amizades, etc. Te:npos de paz, de calma, de alegria autêntica, pausa necessária graças à qual retornamos depois ao nosso lar com reservas de equilíbrio. de paciência, de disponibilidade. . . e radiantes de alegria ao reencontrar os nossos filhos. -7-


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Vem-nos a tentação de sugerir ao Movimento a inclusão de uma obrigação que levasse os casais das Equipes a um encontro, marido e mulher a sós, sem as crianças, se não uma semana, pelo menos um fim de semana ... No seio de cada equipe - a começar pela nossa - os casais poderiam perfeitamente tomar conta dos filhos de seus a.:nigos permitindo-lhes assim êste tempo de paz, de regresso às fontes do amor conjulgal. Não se t coto, evidentemente, de criar f!Sto novo obrigação. Mos, por outro lodo, &>..sejamos que muitos casais possam e queiram encontrar-se assim, marido e mulher, juntos, durante 2, J, ou 8 dias, e Isto !roças à entre-ajudo em equipe. Passearem juntos, rezarem juntos sem qualquer preOCUI'CJÇÕO de tempo, Interrogarem juntos o Senhor sôbre o que espero do seu lar, dialogarem os dois sob o olhar do Pai ocêrco dos problemas levantados pelo educação dêste ou daquele filho, 0 u >Õbre uma responsobilldode aplóstóllco do casal, terem finalmente o tempo de conv('Tsor e de se compreenderem ... Como tudo Isto é salutar! Voltar o campulsar notas tomados em retiros, ler sem pressa e ossl,ilor um livro cuidadosamente escolhido ... tudo Isto pode alimentar e focl)itor o diálogo, tão difícil poro alguns, no corrf!-corre dos dias I!Stofontes em que vivemos me·gulhodos .

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DIFUSAO DA ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

PR É - EQUIPES? As repercussões de uma experiência brasileira.

Alegro-f1os verificar que a expe ~l êncla dos "Circulas Familiares" publicada na nossa Corto Mensal de ab·ll último e que constou da Carta Mensal francesa de feve~elro, mereceu não s6 a at€'.1çõo mos também suscitou a realização de lnlciotivas Idênticas por parte de vários Setores europeus . Transcrevemos a segu ir CJ notícia publicada na "Lettre Mensuelle " de julho últ imo. São certamente pouco numerosos os casuls que se cas<Jm no lg·eja e que tem a felicidade - ou melhor, a graça - de ter recebido a revelação da grandeza cristã do matrimôn io e das suas riquezas . São na entanto muitos os homens e mulheres q•.. e são SElnSÍvels a um contato pessoal que lhes t raga luz sôbre êste assunto. Mas o rontato pessoal tem os seus limites; é preciso prolongar-lhe a Influência; alguns casais podem ser orientados diretamente para as Equipe:; de Nossa Senhora, mas outros não . Como decorrência de alguns testemunhos publicados s{lbre os grupos provisórios que podem ajudar os casais a fazer as primei ros descobertos (preparando além disso alQuns dêles a entrar nas E. N . S), vários Responsáveis de Setor, como também equ iplstas, manifestaram o seu inte~êsse, dizendo que a fórmula deveria se expandir .

- "Fatos bem C'Qncretos nos fazem pensar que tais grupos são necessários para atingir casais cujo interesse foi despertado, mas que ainda não estão preparados para ingressar nas Equipes". -9-


- "!Para alguns jovens ca.sais que participaram de um curso de preparação para o casamento grupos do gênero dêstes que foram descritos numa recente Carta Mensal ("Uma experiência brasileira") parecem desejáveis. Pensamos orientar nêsse sentido a ação de nosso Setor". - "No nosso Setor, duas reuniões estão progra:nadas para jovens casais, com um padre e um casal animador, para os ajudar a se abrirem e expor os seus problema.s, dialogar entre si, discernir as suas necessidades e poder assim ajudálos por meio de palestra.s, testemunhos ou conselhos". - "O testemunho de u:na C .Mensal sôbre as pré-equipes, abriu-nos os horizontes. lt real a necessidade apontada, particularmente para o.s jovens casais que acabam de participar de Cursos de preparação para o Casamento alguns dos quais são apenas praticantes. Mas onde encontrar os animadores de tais grupos?"

Não seriam as E. N. S. o celeiro onde encontrar tais animadores? Nom é out:a o motivo que nos leva a retomar aqui o assunto . Eis o testemunho que nos vem de Genebra, na 9uiça:

- "A iniciativa partiu do vigário da paróquia que, sendo Conselheiro Espiritual de uma equipe, pediu a um casal de sua equipe para o ajudar a reagrupar alguns casais. Na primeira reunião achavam-!Se presentes 11 casais. Tinham vindo e:n resposta ao oonvite do vigário, mas sem motivo bem definido: um dos maridos estava ali por insistência da mulher, um casal esperava travar amizades, um terceiro não sabia como empregar seu tempo naquêle domingo . .. E:n face do número, formaram-se dois grupos. O ca.sal das Equipes adoptou métodos inspirados nos das E . N. S. : estudo prévio, marido 10


e mulher, dos te:nas propostos para as reuniões, das reuniões por um casal responsável. ..

relatórios

Auxilio mútuo, espírito de equipe foram se desenvolvendo. !oram sucessivamente abordados assuntos de vida conjugal e familiar. Maridos e mulheres aprendem a falar uns com os outros. :a:sses grupos, essencialmente provisórios, depois de dois anos de funcionamento, deram origem a uma equipe de Nossa Senhora, a um centro de preparação para o casamento, a conferências de espiritualidade conjugal e a um novo grupo provisório idêntico aos dois primeiros". Este assunto merece continuaçã o . Lembre mo-nos entretanto que não se devo renunci ar premotu:omente e m apresentar os E. N . S. a os casais, sob pretexto que não estão a i nda maduros poro elos, que são por demais ocupados, que não vão certamente "t cpo r o parado",...

Agrad eceríamos a inda que nos fôssem comun icados experiências com novos grupos, novos métodos, porquanto de vem e les se r ba stante flex íve is poro poderem se adaptar o qualquer cond ição local, o quo !quer meio.

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Correspondência

Ofe·ecemos à leitura dos equlpistas, duas cartas que prece· dem, uma delas de um Assiste.1te de equipe, a outra de um equipista, endereçada a os Assistentes . PAP~L

DO CONSELHEIRO ESPIRITUAL Em resposta a um questionário enviado por um Responsável de Setor aos Conselhei ros Espl ·l tua is das Equipes de S('U Setor, um padre escreveu:

"Creio que os Estatutos são bastante explicitas quanto ao papel do sacerdote na equipe, o que é completado pelo Manual que cada Conselheiro Espiritual recebe ao se encarregar de uma equipe. Para ser bo:n Conselheiro, é preciso que o padre conheça a sua equipe, os casais que a compõem, o seu meio de vida. Só um contato pessoal lhe permitirá adquirir êste conhecimento. Na equipe, parece-me que o seu papel não é apenas o de esclarecer os erros teológicos cometidos como consequência de um entusias:no mal controlado, mas deve ser também capaz de tornar as ex1gencias espirituais compreensíveis e, principalmente, desejadas. Devemos ser capazes de projetar uma luz no caminho dos equipistas em marcha para Cristo. Ora, Cristo é exigente: o padre deve ser capaz de mostrar que Cristo não é exigente para nada, mas que o é para nosso único be:n. o nível de exigência espiritual que precisamos lembrar, é portanto elevado, mas deve ser apresentado como acessível, o que nem sempre é fácil. -12-


Os temas de estudo A respeito desta porte do questionário, o Conselheiro Espiritual desabafo :

Acho que os temas, na sua apresentação e no seu conteudo, são completos e i:nportantes. Não posso entretanto deixar de fazer um reparo: os casais não aprofundam bastante os temas. 1!: certo que são lidoo, mas fico muitas vezes com a impressão que o trabalho dos equipistas foi feito "porque é preciso responder" e que a reflexão é bem escassa ... Ora, ler não é pensar, Fica-se muitas vezes no estãgio da "lição a estudar" co:n data marcada ... A consequência é que o tema não é assimilado e assume assim um aspecto inteletual que impede a visão do seu verdadeiro conteudo. Não se digere o alimento que a Equipe oferece e não se assimila o que nêle há de nutritivo. Os casais queixa:.."'l-se do questionãrio que êles acham por

vezes pouco adequado. Não poderia ser êle mais explícito, mais detalhado de modo a levar a respostas mais profundas, mais pessoais, mais em consonAncia com a própria vida?". Sôbre êste último tópico, lembramos que os oquipes tem tôdo o liberdade poro adapta- os questionários às necessidades e à situação de seus membros, conservando, bem entendido, o espírito. E o espírito do questionário é justomento obrigo· os equipistos o uma resposta pessoal, depois de tê-los levado o refletir •ôb·e o conteúdo do temo .

ASSISTENTES, SEDE

EXIGENTE"' !

Não é o Centro DLpeto r que escreve, ne.TI mesmo um Assistente de Equipe, mos sim um equipisto que assi m se exprime:

"Uma coisa me entristece :nuitas vêzes e chega por vêzes a -13-


me revoltar : é ver como é frequente os Assistentes de equipe e de outros movimentos - acharem que "tal como estamos, não vamos tão mal" . Mais de uma vez, aliás, eu o tenho dito a um ou a outro . Mas tem-se a impressão de que têm eles receio de abater a boa vontade de alguns . Deveriam entretanto lembrar-se que não estão na equipe em nome pessoal, mas como testemunhas do Deus Vivo, desse Deus de quem a Biblia nos diz que é "ciumento", quer dizer, inflamado de zêlo pelo nosso bem. Parecem não compreender que o Senhor não está, não está nunca, em certo sentido, "satisfeito" conosco . Tenho 40 anos. Há um ano, resolvi fazer esporte, procurando então um grupo sob a orientação de um monitor. Foi par!!. mim uma verdadeira revelação, um esclarecimento marcante sôbre a vida espiritual. Em primeiro lugar, o monitor encarrega-se de nós a partir do ponto em que estamos. Em seguida nos leva a fazer sempre um pouco mais do que aquilo de que já somos capazes, ou que não poderíamos fazer sem a sua ajuda. Qualquer que seja o nível em que nos encontramos, obriga-nos a ultrapassar sempre aquêle nível, a fazer alguma coisa um pouco mais difícil . A sua insistência nos ajuda a vencer a apreensão, o mêdo, a fadiga. Finalmente, passamos pelas provas que nos aponta, por mais difíceis que nos pareçam e adquirimos assim saúde física e moral, além da alegria profunda que nos invade por nos termos sobrepujado . Não seria esta a norma a seguir pelo Assistente? Por que permanece êle tantas vêzes como mera testemunha passiva? Pensa êle, por acaso, que o único "monitor espiritual" é o Espírito Santo? E que os seus representantes visíveis nada mais são do que espectadores? Quando preciso falar com um padre, hesito se:npre: irei en-14-


centrar um monitor ou um espectador? Se fôr um "monitor" isto

é, uma pessoa que está ali para me ajudar e ultrapassar-~e. a

vencer o obstáculo, a apontar-me uma exigência do Senhor . .. Neste caso, não há problema. Mas se fôr o "espectador" do trabalho de Deus em mim, tenho então a impressão desagradável de que o estou levando a perder o seu tempo com as minhas histórias ... e aquilo que me leva a procurá-lo nada mais é do que futilidade, quando não preocupação egoísta de minha parte . ];: êste portanto o meu apêlo, Padres e Assistentes. Sede sempre mais exigentes. Se soubessem como é pesada e asfixiante esta mediocridade que tão diflci!mente conseguimos superar!

ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNI ÃO

TEXTO DE MEDITAÇÃO (Epfstala aos Efésios 1, 17-22)

Que a Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espfrito de sabedoria e de revelação para bem conhecê-lo! Que ~I e ilumine os olhos de vosso coração, para que conheça is qual a esperança a que vos chamou, quais os tesouros de glória que a sua herança reserva aos santos e qual é em nós que cremos, a suprema grandeza do seu pOder. ~ êste poder soberano que ~le empregou na pessoa de Cristo, ressucitando-o dos mortos e colocando-o à sua direita nos céus, muito acima de todo Principado, Potestade, Virtude e Dominação, e acima de todo nome que possa ser nomeado não só nêste século, mas também no século futuro .

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ORAÇÃO LITORCICA -

Salmo 148.

Céu e te rra louvem ao Senhor

Louvai ao Senhor do alto dos céus Louvai ao Senhor nas alturas. Louvai-o, todos os seu anjos, Louvai-o todos os seus exercites. Louvai-o, sol e lua, Louvai-o todas as estrelas brilhantes. Louvem o r1ome do Senhor, Porque Ele mandou e foram criadas as coisas E as estabeleceu para sempre, pelos séculos: Fixou-lhes uma ordem que não passará. Louvai ao Senhor da terra, Monstros marinhos e abismos do mar. Fogo e granizo, neve e neblina, Ventos ;:;rocelosos que executam sua palavra . Os jovens e as donzelas, os anciãos e os meninos. Louvem o Nome do Senhor Porque só o seu Nome é excelso. Sua majestade domina o céu e a terra, E exalta o poder de seu povo. Louvam-no todos os seus fiéis, Os filhos de Israel, o povo de seus próximos. Aleluia! -16-


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