ENS - Carta Mensal 1970-8 - Novembro

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1970 novembro

EDITORIAL

O Evangelho Partilhado . ............... . Fala " ECffi ........ . .. .. ......... .. . . . Oração comunitária e Oração Pessoal . . . A Hora de Construir .... . .... ...... .. . Um Bisoo fala sôbre as ENS ......... . O compromisso . ... . .. .. .... . . ... . .. . . . . . Equipes de Jovens ... .. ... .. .. .. .. ..... . Encontrar o DEUS Vivo . .... . . ........ . Compromisso Como Difundir o Discurso do Papa . ... Impressões da Sessão de Formação por um casal P articipante . . .. . ..... .. . .. . F alam Elza e Ludovic .. . . . ............ . Notícias dos Setores . .. .. .. . .. .. . . . .... . Próximo s Encontros Viagens Internacionais para Jovens .... Testemunho Balancete da Tesouraria .... . . ......... . Retiros oara 1970 . . .... . ... .. . .. .. .... . Deu s chamou a si .. .. .... . ..... . .. . ... . Oração para a próxima Reunião . ... . . . .

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Rua Dr . Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Te!.: 80-4850 SÃO PAULO (CAP.)

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somente para distribuição interna -


EDITORIAL

O 8Vr:lnG8LH O Pr:lRTILHr:lDO

A maior maravilha dentro de uma verdadeira comunidade é o fato do nosso amor se tornar capaz de integrar tôdas as tonalidades mais válidas da afetividade humana. A ternura fraterna cristã nela existe como o sacramento do corpo atual de Cristo: "meus irmãos bem-amados e tão desejados" , diz São Paulo com frequência, e ainda: "Assim amando-vos muito ansiosamente desejávamos dar-vos não só o Evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias vidas; porque muito nos éreis queridos". (Tess. 2,8). Como se poderá ter hoje a experiência de Cristo ressuscitad0. atuah:nente vivo, se o amor- que nos comunica não se difundir em ternura partilhada? É êsse o sinal visível, real da nossa comunhão em Cristo. A experiência de Deus, procurada, saboreada e partilhada em conjunto, conduz a uma fraternidade, ultrapassando em doçura de amar, e em entusiasmo mútuo tudo o que se escreve, se canta ou tenta viver entre os homens. O Concílio definiu a Igreja como o povo de Deus ( um povo extraordinàriamente "um", através dos séculos, dos continentes, das civilizações. Mas para que se viva êste traço luminoso de amor, é bem preciso que existam, na base da Igreja universal, grupos onde, conhecendo-se, seja possível dar um nome a cad3 :rosto e "levar os fardos uns dos outros". Não é no anonimato duma grande assembléia mas na verdade duma comunidade fraterna que se pode dizer: "Porque Deus é testemunha de que modo vos amo, a todos, nas entranhas de Jesus Cristo". Também eslas plavras são de S. Paulo! (Fil. 1,8). Julgo que quanto mais estivermos apaixonados pela terra, pela sua beleza, pela elevação humana, mais necessário é que brihe aos olhos de todos que o nosso bem absoluto é Deus e que a nossa pátria definitiva está para além de terreno. Sim, é verdade, hoj e e am anhã ainda mais do que hoje. Mas queria acrescentar: quanto mais a Igreja quiser ser missionária e dirigir-se -1-


não só aos que nela acreditam, mas a todos os homens, tanto mais necessário será que ela seja visível, resplandescen te e legível aos olhos de tôda a fraternidade cristã. Nisto consiste a prova expe: rimen tal de que "Cristo está vivo". Alguns pensam que falar do Evangelho aos homens do nosso tempo é ser "antiquado". Que engano! Para os convertidos, os pobres, os humildes de coração, o Evangelho está sempre presen·· te em suas vidas, desde que seja partilhado com irmãos, lido, vivido, sofrido em fraternidade, em simbiose com a Igreja total". Trecho de uma carta dirigida pelo Padre Loew a seus amigos.

F A L A A E C IR

Caros amigos

No último número da C. Mensal, prometíamos apresentar a vocês mais algumas considerações sôbre o compromisso nas ~quipes de Nossa Senhora. Como o assunto não cabe nos limites dêste simples bilhete, resolvemos desenvolvê-lo num artigo especial que publicamos neste mesmo número, sob o título "As várias etapas da vida de uma equipe". Leiam-no com atenção e nêle ~;ncontrarão alguns esclarecimentos que, esperamos. os possam ajudar. Se dúvidas ainda ficarem, escrevam-nos, endereçando a carta a - Equipes de Nossa Senhora - Comissão da Carta Mensal - rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP. 5 - São Paulo. Não só responderemos como também, se fôr de interêsse geral, publicaremos neste nosso boletim mensal as considerações que nos enviarem. E o faremos com todo o prazer, pois a Carta Mensal tem justamente por finalidade ser o elo entre as equipes e a ECIR. Creiam, vocês, que aguardamos ansiosamente que se implante entre nós o hábito de uma correspondência muito amistosa entre os equipistas e a Carta Mensal. Queremos hoje falar-lhes de um assunto que vem à tona todos os fins de ano: a Reunião de Balanço. O mês de novembro já

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está aí e geralmente é nesse m ês, ou em dezembro, que as eq~Iipes fazem a reunião especial para a avaliação de sua vida no ano que finda. -- 0 --

. Quem escreve estas linhas nada entende da arte de navegar. A !mensa maioria de vocês também. não. Por isso mesmo será mais fácil nos compreendermos. Mas, todos nós sabemos que qualquer navio, grande ou pequeno, quando se acha em alto-mar, precisa de, tempos a tempos, rever a sua posição. Não é suficiente que os aparelhos destinados a imprimir a direção ao navio tenham sido cuidadosamente ajustados a ventos, as correntes marinhas, o campo magnético, sei lá o que mais, tendem a desviar o navio de sua rota. Muito mais, quando se desencadeiam 'borrascas ou tempestades. E é preciso, então, retificar o rumo. 1

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Assim as equipes. Não temos a menor . dúvida de que, no comêço do ano, tôdas elas se dispõem a trabalhar com. ·afinco para que progridam em direção a Deus. Mas, também aqui, no decurso do ano, sofrem elas influências ainda mais numerosas e sutis do que as de uma embarcação e a tendência é desviaremse mais ou menos do seu rumo. E , não raro, o vento contrário da r'otina, de um certo cansaço ou desinterêsse retarda, quando não paralisam, a marcha para frente. É preciso então, retificar a marcha. Para isto é que temos a reunião de balanço. Há poucos dias, vários de nós, da ECIR, estávamos participando de uma Sessão de Formação, em Florianópolis. E foi talvez da visão maravilhosa do mar, contemplada do Morro das Pedras, onde se realizava o encontro, que sugeriu a imagem marítima de que lançamos mão. Pois bem, numa de suas palestras, Marcello nos dizia, na sua linguagem vibrante e atual: "Minha gente, o Reino de Deus não se conquista de tobogã, não ... " No tobogã - divertimento nôvo nos parques infantis, que faz as delícias de pais e filhos - a gente despenca por uma rampa ondulada só parando no fim da rampa. Não precisa de motor. Não é predso fazer fôrça. É só deixar o barco correr ... Ora, para subir , para progredir, é preciso esfôrço e perseverança. Assim · também. para a vida espiritual. E as Equipes de Nossa Senhora não têm outra finalidade a não ser ajudar-nos a subir, apoiando e estimulando o nosso esfôrço. Os próprios Estatutos nos advertem: "Os casais vêm proctlrar auxilio nas Equipes. Não são, por outro lado, dispensados de esforços ... " -:1-


Na reunião_de balanço, vejamos se vamos de tobogã ou se cnvidamos todos os nossos esforços para que a nossa equipe progrida em direção ao seu -objetivo. Façamos como os navegantes, firmemente dispostos a levar ao pôrto a embarcação. E, no fim de uma jornada, procuremos ver quais as retificações que é preciso fazer. Em primeiro lugar, vejamos novamente para onde queremos ir. Para isto, vamos reavivar em nossa consciência o que nos diz a primeira parte dos Estatutos. Vejamos, em seguida, qual o esfôrço desenvolvido durante o ano, onde foi que fraquejamos e por que ... Qual a retificação que se faz necessária ... Qualquer questionário que o Setor lhes venha propor só ,p oderá ser eficaz se fôr meditado sob êste prisma. Seja a nossa reunião de balanço uma reflexão de adultos. séria e construtiva, feita sob o olhar do Senhor. Mas, principalmente, não sejam, as conclusões tiradas, apenas um tópico a mais no relatório do R~ponsável. Estas conclusões deverão ser, depois das férias, um nôvo estimulo parâ a nova jornada. Que o Senhor nos ajude a ver com clareza e lucidez o caminho andado e nos dê a coragem de prosseguir com determinação a trilha ascendente qne nos espera. a ECIR

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ORAÇÃO COMUNITÁRIA E ORAÇÃO PESSOAL

Deveremos nós, criStãos, dar maior relevdncia à oração comunitária, ou, ao contrário, dedicar especial preferência à oração pesBoal? Sua Santittaãe, o Papa Paulo VI, em alocução dirigida aos católicos cte todo o mundo, assim se expressou sõbre tão delicado e, ao mesmo tempo, 8Ublime dilema:

"Todos sabem que, hoje, existe uma tendência a " secularizar" tudo e que esta tendência se introduz não só na psicologia dos cristãos, mas até no clero e entre os Religiosos. Já falamos oêste fato outras vêzes, mas não é demais insistir, .porque hoje o espírito de oração está a diminuir. Expliquemos desde já, o nosso pensamento: a oração comunitária e litúrgica começa novamente a ser difundida, participada e compreendida, o que, certamente, é uma bênção para o nosso povo e para o nosso tempo. E devemos continuar a pôr em prática as prescrições da reforma litúrgica, que foram determinadas pelo Concílio, estudadas pelos melhores liturgistas da Igreja com sabedoria e paciência, e sugel'idas por ótimos conhecedores das exigências pastorais. A vida litúrgica bem cultivada, bem assimilada pelas consciências e pelos hábitos do povo cristão, conservará vivo e operante o sentido religioso do nosso tempo, tão .profano e tão "dessacralizado", há de trazer à Igreja uma nova primavera de vida religiosa e cristã. O sentimento religioso pode enfraquecer com a falta destas duas características indispensáveis da oração: a interioridade e a individualidade. É preciso aprender a rezar também interiormente e sozinho. O cristão deve cultivar a oração pessoal. Cada alma é um templo, como disse São Paulo: "Não abeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós ?" E quando entramos neste templo da nossa consciência para adorar nêle o Deus .presente? Somos talvez almas vazias, embora cristãs, esquecidas do misterioso e inefável encontro que Deus, o Deus Uno e Trino, exatamente dentro de nós, se digna oferecer ao nosso colóquio filial e extasiado? Não recordamos, porventura, as derradeu·as recomendações do Senhor na última Ceia: " ... se Alguem Me ama, guardará a Minha Palavra; Meu Pai o amará e viremos l'l êle, e faremos nêle morada" (Jo. 14,23). É a caridade que reza,

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Jiz Santo Agostinho. E o nosso coração está animado pela candade que nos torna capazes desta íntima oração pessoal? A Ecclesia orans é um côro de vozes individuais, vivas, conscientes e amorosas. A Igreja, que se renova e deseja que sejamo<: testemunhas €: apóstolos,. pede-nos uma inic:ativa espiritual interior, uma devoção pessoal, uma meditação feita com o próprio coração e um certo grau de contemplação cheia de reflexão .Je adoraç.:"io, de dor e alegria. Ouçamos o h'no que desta Basílica se eleva a Cristo, a Deus e procuremos acompanhá-lo com a nossa humilde voz, agora, neste lugar e depois, em tàda a parte e sempre".

Dois perigos ameaçam sempre o equipista e as equipes: viver apenas o espírito, esq1,1ecendo-se das obrigações, concentrar-se na prática das obrigações, esquecendo-se do espírito. O maior perigo está no farisaísmo, quando a prática das obrigações torna-se o fim e não o meio ... Proponho-lhes êste teste para verificarem se o mal do farisaismo já os contaminou. Pergunte-se cada um: "Tenho o sentimento de que sou pecador? Se tenho êste sentimento, é êle agora mais forte ou menos do que quando entrei na equipe?" Eu daria êste conselho a tôdas as equipes: confrontem regularmeme os equipistas a sua vida com as 19 p :opostas dos Estatutos. Para tomarem consciência da distância que ainda os separa do ideal dos Estatutos, e para renovar a sua vontade de atingir êsse ideal. E, nt>ssa procura difícil, ao invés de contarem consigo mesmos, . contem com a graça, contem com seus irmãos de equipe". (H. Caffarel, "O Espírito dos Estatuto.s·". Conferência aos Casais Pilotos e Casais de Ligação, Colégio Santa Cruz, novembro de 1962). ·

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AS EQUIPES "ANTIGAS" TROCAM EXPERI ÊNCIAS

A HORA DE CONSTRUIR

Novembro. Taede quente ele domingo. Lá no campo, os meninos jogando bola. As meninas, passeando em grupinhos, :1s maiores arranhando o violão na saleta. No alpendre, sete casais sentados em círculo, sérios e atentos. São duas horas da Larde. Que conspiração é essa, num quadro tão bucólico ? Conspiração para construir·. Para edificar uma verdadeira comunidade, de oração, de estudo, de amor e de serviço. É uma rquipe de quinze anos, que não está satisfeita consigo mesma, fazendo a sua reunião de balanço. Queremos assumir não só as preocupações c os problemas uns dos outros, não só suas responsabilidades e seu apostolado, mas através dêles todos os que êles atingem , suas esferas de influência, o m eio no qual cada um evolui. Queremos multiplicar ao infinito a irradiação dêsse nosso pequeno círculo. Para conseguir isto, temos que pôr muito em comum., trocar idéias -- quando? Queremos tirar maior provei to do tema, prolongá-lo por resoluções, dedicar mais tempo à oração, prepará-la melhor, suslentar-nos reciprocamente nos compromissos assumidos em prol <lo nosso progresso espiritual - como? Queremos também partilhar, mais que o p ão material, o Pão eucarístico, cimento verdadeiro da nossa união .. . Como faz er com que caiba tudo isto em algumas horas, numa só reunião ? Como, se ninguém chega na hora, se o jantar é aquela bag unça, se os mais falantes não sabem pôr um freio na lingua, se quando passamos ao tema é quase meia noite ? Que diferença entre o que esperamos das nossas reuniões e o que delas faz emos! Com quinze anos de equipe, temos que ser realistas: podemos nos esforçar, mas mudar mesmo, não vamos conseguir. Então, resta tentar contornar a dificuldade.

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A solução foi aparecendo, devagarinho: se não cabe tudo numa reunião, vamos fazer duas. Vamos dedicar uma delas só au tema e a todos os seus possheis prolongamentos, já que é êlc sempre o grande prejudicado e o maior motivo de nossa insatisfação. Cada mn jantará na sua casa e nos encontraremos depois. Na outra reunião teremos todo o resto ... São cinco e meia da tarde. O violão emudeceu. As crianças, irrequietas, passam sem cessar pelo terraço, lançando-nos olhares interrogadores. As menores já vieram, há muito tempo, procurar refúgio no colo da mãe: quietas, não atrapalham, como se sentissem que algo de importante está em jôgo. Os meninos vêm reclamar o lanche, está na hora de esquentar a mamadeira dos gê-· meos. Poderíamos continuar, mas não é preciso: .iá resolvemos. Levamos três horas e meia, mas sentimos que abrimos uma novn era para a nossa equipe. Estamos felizes e quase impacientes: :·e pudéssemos começar já ... Para que contar-lhes isto? Porque sabemos que outros "veteranos" há que, como nós, se sentem um pouco limitados dentriJ do esquema habitual. A êles queremos dizer: experimentem. adaptem, inovem, constantemente, até acharem a fórmula que os satisfaça. "O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado" (.Me. 2,27). Nós evoluímos. Nossos problemas, nossas responsabilidades, são outros que os de 1O ou 15 anos atrás. Ê natural que a nossa maneira de viver os Estatutos tamhém evolua. Se a reunião nos deixa insatisfeitos, não será porque se parece demais com a de 1 O anos a trás? A reunião de balanço é a nossa grande chance de descobrir novos meios, novas fórmulas. O que é importante é não perder de vista as necessidades básicas de nossa comunidade: a oração. o estudo, a co-participação. Dentro dessas três constantes, há possibilidade de colocarmos muita coisa. Ê preciso que a reunião seja muito mais densa do que antes, que nos prepare realmente para enfrentar o mundo de hoje, que tantos problemas nos coloca, que põe em xeque a cada instante a nossa fé e exige a todo momento o nosso testemunho. Muito mais do que anos atrás, aquelas horas passadas juntos, nos devem trazer todo o alimento espiritual, intelectual e afetivo possível. Se não trazem, vamos_yer porque e procurar o remédio. Talvez sejam necessárias muitas horas para descobri-lo. Nada se constrói sem sacrifício. Mas também nada se pode comparar à alegria de trabalharmos juntos para um mesmo fim: procurar a maneira de sempre melhor conhecer, melhor amar e melhor servir a Deus, através dos nossos irmãos. Com êsse objetivo entramos nas ENS, com êsse objetivo assumimos, um dia, o nosso Compromisso.

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UM BISPO FALA SÔBRE AS ENS

D. Davi Picão, bispo diocesano de Santos e Conselheiro Espiritual de várias equipes, Jaz reflexões sôbre o Movimento.

"Considero sumamente válido o m,ovimento das Equipes de Nossa Senhora. Primeiro, porque corresponde ao anseio hoje provado de vivência cristã e apostólica a dois: marido e mulher. Depois porque, ante as crises da família em nossa época, não há como estimular tudo quanto leve à solução de seus problemas. Enfim, porque já constatamos sensíveis resultados dêsse trabalho de espiritualidade e apostolado. Através da História da Igreja, desde seus primórdios, encontramos os mais variados tipos de experiências religiosas, que pro~uram traduzir para os homens de seus tempos os ideais de vida aistã, propostos pelo Filho de l)'eus em sua mensagem evangélica. Homens de Deus foram suscitados pelo Senhor para despertar êsses movimentos-respostas às realidades de cada momento histórico. Têm sido êles sempre homens do seu tempo, com vistas para a frente, sem fixismos. Cada um dos movimentos religiosos possui um núcleo essencial, como doutrina e como método, e aspectos acidentais. Êstes podem ser mudados e, às vêzes, até devem ser modificados, eonforme os ambientes e as pessoas. Todo movimento deve ser considerado como meio c nunca como fim, por mais que o queiramos e amemos. Mais. Determinados movimentos e experiências religiosas podem, muitas vêzes, inspirar outros movimentos semelhantes ou atrair a atenção para setores necessários, fazendo daí surgir outras modalidades de trabalho em tôrno dêsses setores. O Espírito Santo distribui suas riquezas indescritíveis por tôdas as pessoas e grupos. Não as faz monopólio dêstes ou daqueles, mas tudo que Deus clá é patrimônio comum. Somos filhos do mesmo Pai que está no~ C:éus. Somos irmãos. -- o --

Tudo isso me vem à mente, quando reflito sôbre as Equipes de Nossa Senhora.

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Movimento providencial, nascido em circunstâncias peculia-· res, possui doutrina e método com aspectos que são essenciais para que tenhamos verdadeiramente uma "Equipe de Nossa Senhora", e aspectos acidentais, que são mutáveis, permanecendo o movimento como tal. Tendo surgido em um ambiente diferente do nosso, ao transplantar-se para outros locais, deverá receber influxos do meio ambiente, influxos êsses sempre enriquecedores. Todo movimento que servilmente segue até às minúcias, sem adaptações, linhas rígidas, se acaba esclerosando e ficando fora da realidade, perdendo, por isso, sua eficácia salvadora. -- 0 --

Não pretendemos entrar em muitos detalhes. Damos aqui nm testemunho sôbre aspectos que nos impressionam no momento. As Equipes de Nossa Senhora, com sua preocupação fundamental pela espiritualidade matrimonial e pelo apostolado em meio à família encontram constantemente pela frente o problema expansão. Nessa perspectiva, o grande obstáculo é a falta de sacerdotes para sua assistência. A meu ver, o sacerdote é peça importante na orienta~io espiritual e apostólica das Equipes. Seria, porém, uma redução na ação do movimento torná-lo peça indispensável na execução de <Iualquer tipo de reunião. Parece-me chegar o momento de se dever preparar (pelo sacerdote, é claro) um grupo de casais, cuja cultura religiosa , vivência matrimonial e cristã, lhes dê capacidade para serem verdadeiros "orientadores espirituais", se assim os podemos chamar, de novas equipes a serem formadas. Ou ao menos possam substituir em muitas reuniões a presença do sacerdote que, em épocas determinadas, poderá visitar essas equipes, multiplicando, assim, sua ação sacerdotal. É ver a realidade pastoral brasileira e procurar-lhe resposta. Mais ainda: as Equipes de Nossa Senhora, como tais, poderiam ser em cada lugar pequenino grupo, bem formado, mas que faria um trabalho de "fermento na massa" dos casais. Em sua grande maioria, êstes poderiam ser agrupados em pequeno's grupos para oração e estudo de seus problemas peculiares. Essas reuniões poderiam ter as mais variadas características. Um casal de Equipe de Nossa Senhora seria o animador dêsses pequeninos grupos. Transformá-los ou não em Equipe de Nossa Senhora, estritamente ditas. não deveria ser a preocupação primordial. Im-

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porta fazer o bem, despertar casais para a vivência cristã matrimonial, ajudá-los a solucionar seus problemas. Isso é fazer apostolado no meio familiar. A êsse propósito, causa-me preocupação tantas vêzes, notar o quanto de tempo estamos os sacerdotes empregando com pessoas de uma determinada classe social, enquanto as classes mais simples, cuja pobreza material é tantas vêzes indicio de uma tremenda miséria espiritual, nem sempre estão no centro de nossas preocupações apostólicas. Note-se que não julgo não se dever da r atenção espiritual às classes mais favorecidas ou à classe média. Mas, é uma reflexão que se impõe: o que fazemos pela família nas classes pobres e miseráveis? Infelizmente, não se nota, ao menos de modo sensível, um apostolado nesses meios. Não é fácil, eu sei. Também, não se deve pensar que se transplantem mé · todos de ambientes para ambientes. Cada local exigirá um tra balho peculiar. A promoção humana e religiosa de tantos casais que não chegam a ler noção de família (embora casados no cartório e no padre ... ) é vasto campo a requisitar a presença das Equipes de Nossa Senhora. Caso contrário, estaríamos diante de um fenômeno que poderia ser denominado egoísmo de grupo . . . Mais uma vez: é mister ver a realidade brasileira c procurar-lhe resposta."

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AS VÁRIAS ETAPAS DA VIDA DE UMA EQUIPE

O COmPROmiSSO

Propusemo-nos, na "Fala a ECIR" de outubro último, a dizer-lhes alguma coisa sôbre o Compromisso nas Equipes de Nossa Senhora. É o que vamos tentar fazer aqui. Antes, porém, de entrar no assunto e procurar esclarecer êste gesto importante das equipes, vamos relembrar as várias fases por que passa uma equipe, na sua evolução: a que vai da formação da equipe até a admissão, a que vai da admissão até o compromisso, para finalmente nos determos no próprio compromisso, com o que se abre a terceira fase. -

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Vocês entraram na equipe, quase sem exceção, a convite de amigos. Foram provàvelmente convidados a uma "reunião de 1nformação" em que lhes foi dada uma visão geral do Movimento. Aceitaram, então, unir-se a outros casais para juntos estudarem mais a fundo os Estatutos, isto é, os fins do Movimento e os meios propostos para atingir o objetivo visado: uma vida cristã mais consciente e profunda, adaptada às condições peculiares inerentes à vida de casados. Formou-se assim a equipe. Após algumas reuniões em que a equipe foi orientada por um casal veterano, o Casal Pilôto, vocês decidiram continuar juntos a fazer a experiência da vida de equipe. Ao lado da vivência sincera da fraternidade entre os casais, além de serem incentivados a praticarem o auxílio mútuo. Yocês começaram a se exercitar na prática dos "meios de aperfeiçoamento" propostos pelo Movimento. Esta decisão vocês a levaram ao conhecimento do Setor, através do pedido de admissão às Equipes de Nossa Senhora. Admissão esta provisória, que marca o fim da primeira etapa da vida de uma equipe: a que vai da formação da equipe até a sua admissão provisória ao Movimento. Começou, então, a 2.a etapa. Os Estatutos já tinham sido es1udados; e explicados pelo Casal Pilôto. Vocês já tinham iniciado o estudo da primeira série de temas e começado a exercitar-se n,o -12-


cumprimento de alguns dos meios de aperfeiçoamento. Agora, vocês continuaram a adotar gradativamente outros meios de aperfeiçoamento. Elegeram o Casal Responsável. Aprofundaram · a amizade fraterna. Participaram das várias atividades comuns a tôdas as equipes de seu Setor. O auxílio mútuo ajudou-os a veneer as dificuldades encontradas, a co-participação os dispôs a carregarem os fardos uns dos outros. Nas reuniões, tiveram em comum orações, estudos, experiências, alegrias, preocupações. A orientação do Conselheiro Espiritual, a oração, a reflexão, incentivaram a uma vida de maior união com Deus. Tudo isto não foi feito sem altos e baixos, avanços e recuos. Mas, pouco a pouco. a perseverança, o apoio dos companheiros de equipe, a animacão vinda do Setor, a leitura das Cartas Mensais, os conselhos do ~acerdote, o testemunho de outras equipes, os ajudaram a vencer as dificuldades encontradas. Foi, em suma, um período de experiências. Uma expenencia, porém, não se prolonga indefinidamente. No caso das equipes, visa particularmente permitir a cada um dos casais verificar se a vida de equipe o ajuda a viver melhor o batismo e o matrimônio e, também, se as Equipes são realmente o meio que lhes convém para progredir, não só na vida conjugal e familiar, mas também na vida profissional, social, na vida de membms conscientes e ativos do· Povo de Deus.

Já se passaram perto 'de dois anos, desde a formação da equi-· pe. É o tempo que o Movimento, baseado também na experiência, considera necessário para que os casais compreendam, assimilem e vivam a mística e os métodos das Equipes de Nossa Senhora. a tempo que lhes permita familiarizarem-se com o caminho traçado por elas e decidirem, em consciência, se é êste o caminho que o Senhor quer que sigam. -- o -Chegamos assim ao COMPIR!OMISSO, que marca o início da terceira etapa da vida de uma equipe. É o momento em que os casais, feita a ex.periência, estão aptos a decidir se querem ou não, se devem ou não, continuar a vida de equipe. Tomada esta decisão por todos, e após uma preparação séria e consciente, formulam o seu pedido de compromisso, obedecendo a algumas normas que facilitam a interiorização do ato que se propõem praticar. Neste momento, que é realmente um dos pontos altos da vida de equipe, é frequente surgirem dificuldades que originam hesitações e consequentes contemporizações, responsáveis pelo -13-


atmso com que muitas equipes fazem o seu compromisso. Tais dificuldades são originadas pela compreensão inadequada de su&. essência. Vamos analisar algumas delas.

-- o -Alguns consideram, o compromisso uma mera formalidade sem sentido, um ritual sem conteúdo. Já se sentem engajados desde o momento em que, algum tempo depois de ingressarem ua equipe, apreenderam o conteúdo dos Estatutos e decidiram, no f.eu íntimo, aderir ao Movimento. Mais ou menos o mesmo acontece para alguns, que consideram a admissão como uma adesão definitiva. Tanto mais se a admissão tiver sido muito protelada. O compromisso vem como que selar a união que se foi consolidando durante a fase de experiência. m pouco como a assinatura do contrato de uma firma que dá nascilnenlo a unta nova entidade - uma pessoa jurídica - que está de certo modo acima dos sócios que a formam, mas os engloba numa unidade. Pelo compromisso, a equipe se constitui numa pequena comunidade cristã, uma pequena ecclesia dentro da grande Ecclesia. Habitada pelo Cristo - onde dois ou três estiverem reunidos em Meu Nome - ela é assumida pelo Cristo que tem nela um campo privilegiado para a sua ação redentora e santificadora. O compromisso é portanto um sinal, a formalização, a afirmação de uma opção para com o Cristo. E é por isso que o Pe. Melanson (C. Mensal de março 1970, pág. 6) dizia que "a cerimônia do compromisso, quando bem pre,parada, torna-se um momento de densidade espiritual intensa, quase um sacramento"'. É por isso que o compromisso não é indiyidual, mas sim colel.ivo. A pequena Ecclesia, a nova entidade "jurídica" , melhor dizendo, "religiosa" só poderá constituir-se com. a adesão simultânea de todos (levando em conta, é certo, algumas raras exceções) . Nós assumimos o compromisso com os outros casais. A equipe não é a justaposição de casais compromissados individualmente, mas um bloco de casais compromissados juntos. -- 0 --

Para outros, o compromisso afsume uma dimensão que êlc não tem. Consideram-no como um voto e recuam. Ou, então lleixaram-se penetrar, talvez inconscienlemente, por doulrinas filosóficas que andam pelo ar e se insinuam em nossa mente como que por osmose. Negam elas a validade de uma vinculação a situações que só virão amanhã e que poderão determinar novas atitudes e decisões. Em suma, consideram o comprom.isso come) uma limitação de sua liberdade c recuam.

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Na verdade, o compromisso das Equipes não envolve a globalidade de minha vida como um voto. É, isto sim, a ocasião de uma definição pessoal que me protege da indecisão e dá sentido e continuidade ao seu caminhar. Sem um tmbalho espiritual sistemático e constante, nunca chegará o casal, a equipe, a um progres · ~o, a uma vivência cristã fervorosa e constante. Mas não fecha os caminhos do futuro. Os Estatutos são bem claros a êste respeito: "Ninguém é obrigado a ingressar nas Equipes ou nelas permanecer". O compromisso é válido para todo o tempo em que permanecemos na equipe. Não é portanto definitivo. Poderemos retirar-nos quando nos parecer que é esta a vontade de Deus. - - o -Finalmente, alguns consideram que ainda não atingiram um grau suficiente de espiritualidade ou de fidelidade aos meios de aperfeiçoamento que se obrigaram a cumprir. Assim , também êles hesitam. Não se requer, para o compromisso, que os casais sejam santos! ... Não é êle o têrmo mas sim uma etapa no caminho ascensional de nossa vocação cristã. O que se 1·equer é que queiram~ caminhar para um aperfeiçoamento cada vez maior, queiram ser cada vez mais fiéis aos compromissos do batismo. O que se requer para o compromisso é que, ao lado de uma experiência válida que permita um conhecimento satisfatório do Movimento. uma disposição decidida de fidelidade às suas normas, métodos, mística, haja uma disposição firme c decidida de vir a ser um cristão autêntico. -- 0 --

Em resumo: O compromisso é feito para com Deus, para progredir na vida cristã pessoal e do casal. É feito para com os casais da própria equipe. Éste compromisso recíproco é que faz a equipe, como o compromisso de um homem e de uma mulher faz o casamento. Cria-se um laço esirei lo de união en lre os casais e dêles para com Deus. É feito para com o Movimento, do qual aceitamos a mística . os métodos, as diretrizes, a disciplina. Aqui também, o compromisso é reciproco. Assumimos o compromisso para com o Movimento, com o que, simultâneamente, o Movimento se compromete a nos ajudar a progredir na vida cristã. - - o -Não apresentamos uma resposta a todos os pontos de interrogação que podem surgir na iminência do compromisso, quando, em consciência, meditamos sôbre o passo que vamos dar. Nem abordamos todos os casos particulares que podem surgir. Gostaríamos de conhecer estas interrogações ou casos particulares, para poder analisá-los e dar-lhes solução. Escrevam-nos.

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EQUIPES DE JOVENS

Carta enviada por um casal de um Setor a equipistas de outro Setor, interessados em criar «equipes» para seus filhos e amigos dêstes.

É com imensa ·alegria cristã que escrevemos a vocês para dar notícias sôbre o movimento das "Equipinhas".

As "Equipinhas" nasceram por espontânea von tade de filhos de equipistas e de seus colegas, que, observando a vida das Equi. pes de Nossa Senhora, almejavam ter também um movimento semelhante, adaptado à sua idade e que lhes proporcionasse ocasião de aprimorar e de aprofundar o conhecimento da religião e .la vida cristã e isto através de reuniões mensais e de uma couvivência social com jovens da mesma idade. Aprovei tando esta boa vontade, a uxiliados pelo Conselheiro Espiritual do Setor, demos inicio ao movimen to, criando as dua's primeiras equipinhas. Para estruturar seu funcionamento estabelece u-se o seguinte: Cada equipinha terá normalmen te 12 membros (() rapazes e 6 meninas) na idade de 12 a 17 anos, procurando-se q ue haja em t.:ada uma nível aproximado de idades. Um casal responsável, de preferência equip is ta, acompanhará tôdas as atividades de cada equipinha. As reu niões serão mensaiS, percorrendo-se durante o ano as casas de cada um dos membro'5. É de suma conveniência a presença de um pad re assistente. A fim de proporcionar um tema de estudos de ordem lógica. escolhemos o livro "Crer em Cristo" (Edições Paulinas) que no entanto poderá ser substituído por outro semelhante, a cri tério do ;;acerdote assistente. Nossos pequenos equipistas costumam responder por escrito as questões, apresentadas pelo livro acima. As respos tas são de;. batidas durante as reuniões. Cada oito meses são elei tos, um rapaz e uma menina como "casal " responsável, os quais deverão cuidar de transmitir avisos, recolher os temas, pedir os pratos para as reuniões, etc.

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A animação da reunião fica a cargo do "casal" responsável. Durante as reuniões há sempre um lanche, com doces e salgadinhos, enquanto o hospedeiro oferece o refrigerante, tudo o mais simples possível. ROTEIRO das reuniões -

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Oração do hospedeiro e bênção dos alimentos. Leitura do Evangelho, geralmente do domingo se. guinte. É feita por um dos cônjuges. Meditação co-participada do grupo, com eselare cimentos do sacerdote. Oração espontânea, baseada no texto meditado. Intenções pelas quais serão rezarlos durante o m ês os Pai-nossos de todos os equipistas. Lanche e co-participação em que c;:~da um relata os fatos notáveis do mês, alegrias e tri ~ lf'7::J'\. rroblemas, passeios, ele. Partilha, isto é, a cobrança das obrigações (Pai. nosso diário, urna boa ação, e, depois de um certo tempo, um sacrifício ou penitência). Tema, com debates, e conclusão .

.Este roteiro pode ser alterado em sua ordem de acôrdo com as conveniências. É mesmo aconselhável que se altere de vez em quando a ordem dos diversos ítens. Contamos atualmente com 5 equipinhas e em breve forma remos a sexta, sendo tôdas assistidas pelo vigário cooperador da Catedral. Nós somos responsáveis pelas Equipinhas 1 e 2, e três outro'> easais cooperam, conosco pilotando as demais. É grande a dedicação de todos e êles se sentem felizes com o movimento. Durante o ano procuramos fazer dois ou mais passeios. Nesses dias a parte da manhã é dedicada à vida espiritual com um programa de palestras, reflexões, missa, debates. A parte da tarde é· totalmente recreativa, um estilo de "pic-nic". Há sempre também um programa esportivo. Em datas importantes para a vida cristã, como Natal, Páscoa ou para a vida do lar, como o dia das mães e o dia dos pais, as C'quipinhas promovem urna missa festiva com destacada partici. pação de todos. No fim do ano há uma reunião festiva congreganr]o tôdas as equipes, seguida de brincadeiras, danças etc. Quando iniciamos o movimento não fazíamos idéia do bem e do progresso espiritual ·q ue êle poderia trazer aos nossos jovens. Hoje, isso é evidente. Cada vez mais nos convencemos de que vale a pena trabalhar por Cristo, principalmente entre a juventude! - - 17 -


FALA O CONSELHEIRO ESPIRITUAL

ENCONTRAR O DEUS VI vO

Em leitura, mesmo superficial, dos estatutos, temas ou diretivas em giro dentro das ENS, evidencia já ao primeiro relance que o nosso movimento é um movimento de aprofundamento espiritual. Isso é ponto pacífico e aceito por todos . Sôbrc o modo de interpretar êste aprofundamento são já sensíveis as diversi-· dades de colocações. Haja visto o último Encontro Nacional d rCasais Responsáveis onde, em quase todos os grupos, fizeram-se sentir modos divergentes de encarar o problema. Alguns se pasmam "ante a espan tosa preguiça mental e o chocante dcsinte' êsse de muitos de nossos casais" ante os instrumentos que as Equipes tentam colocar-lhes à disposição. Máxime quando se trata de "espiritualidade" propriamente dita muitos permanecem apáticos, arredios e cansados, parece. Na Equipe de Setor temo& abordado ês te problema m ais de uma vez e chegamos à conclusão de que esta aversão e desconfiança em relação ao cultivo de uma espiritualidade é fenômeno mais acentuado na cidade de São Paulo. Talvez porque em São Paulo o im,pacto das pressões ~ solicitações da moderna cultura urbana com seus conflitos, ofer tas, rupturas e ferocidades, seja hem mais forte e existencial do que em aglomerados urb anos menos dentro da dinâmica c das tensões modernas. As pressões sócio-culturais da cidade monstro, brutais umas, sutis outras, mas pertinazes e avassaladoras ambas, acabam por penetrar-nos e imbuir-nos de atitudes às vêzcs dilapidadoras de muitos valores e atitudes que antes nos marcavam e caracterizavam. A religião e a fé não escapam a esta influência. Nós todos. ou ao menos aquêles de nós que vivem mais dentro do torveli!1ho dêste ambiente secularizado, sentimos de maneira mais ou ~nenos consciente a atuação destas fôrças em nossas vidas. No que toca ao problema de Deus e da Igreja a tendência mais espontânea e fácil é a de privatizar o problema religioso em têrmos quase sempre defensivos de nossa comodidade imediata, deixando de lado as exigências referentes à totalidade de nossa pessoa e de nossa vida. Religião ? Sim, por que não? Mas, façamos dela uma espécie de gaveta onde se colocam as preocupações e -

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os amuletos. E os grandes assuntos"? Aquilo que para mim significa sangue e vida'! Bem, aí é melhor não deixar que a Palavra viva de Deus chegue. Nos grandes assuntos Deus não entra de fato. A fé não decide. Cristo fica de fora. O Reino de Deus passa à útil e cômoda categoria das abstrações gr-andiloquentes, mas Yazias. Se formos sinceros veremos que realmente quase todos nós, •1uando recebemos certas "prensadas" de espiritualidade, assumimos com facilidade uma atitude assim. É mesmo muito mais cômodo, é até "o normal" em uma cidade e em um tipo de vida como o que nos vemos obrigados a viver. Parece-me urgentemente necessário nós entendermos que êste problema, em seu significado profundo, não é problema dêste ou daquele casal ou desta ou daquela equipe. As dimensões do problema são bem mais amplas e significativas. Talvez se deva dizet· que tôda n rruestão da espiritualidade cristã deve ser rccolocada em tênn os novos na sua totalidade. Só assim , talvez, conseguiremos salvar e anunciar o Evangelho em_ seus valores fundamentais de modo acessível aos homens que desconhecem o Cristo e de forma mais verdadeira no que toca à nossa própria vida pessoal, familiar e pública. O repto lançado por esta sociedade ainda e sempre largamente dominada pela injustiça e pelos egoísmos, está a exigir dos cristãos e da Igreja uma atitude espiritual que dê resposta não só "às alegrias e esperanças", mas_ também às angústias, dúvidas, expectativas e lutas verdadeiras de nosso mundo. Aqui, ns ENS não se podem omitir. É um arjêlo vivo de Deus na História, que nos convida a uma busca lúcida do melhor caminho para u1n encontro nosso e dos homens co m o De us vivo, que quer estar presente hoje no mundo dos homens. Deixando de lado a análise das possíveis causas que levam os homens c também os cristãos a se questionarem a respeito du sentido de Deus, perguntemo-nos i media ta m ente qual seria, então, o melhor caminho para nos encontrarmos, nós e os homens com ês te Deus de Jesus Cristo? -- o

Pro và vclmen te não será trilhando a via das di sc ussões teóricas

c das idéias filosóficas que nós e o homem moderno O iremos encontrar no âmago de sua verdade e de santidade. Não se pode negar, nem é o que pretendemos, que o estudo da teologia seja algo de )ndispensável para nós .principalmente levando em conta que a grande maioria de nossos casais têm aprimorada formaçã o cultural em outros campos do saber humano. Não é possível que pessoas de cultura universitária se contentem com as respostas estereotipadas do seu catecismo da l.a comunhão. Mas, o fato é que

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os sistemas teológicos e os conceitos abstratos, por excelentes que sejam, de si só, provàvelmente deixarão indiferente quem sente em sua carne o problema do sentido pessoal de Deus. O que, en!ão, irá convencer-nos do Deus vivo? Talvez possamos descobri-lo mais fàcilmenle a partir· de nossas experiências mais profundas. Existem pelo menos três grandes experiê'ncias dentro do homem: a experiência de si, H experiência do outro e a experiência de algo maior do que o próprio homem. A EXPERIÊNCIA DE SI. Jamais iremos descobrir Deus sem interioridade. Deus está dentro de nós. Se não o descobrirmos no âmago do nosso ser. não o descobriremos em lugar nenhum. Se alguém chegar a mim e disser: "eu não acredito em Deus, nem Deus me interessa". compreendo. De fato, esta pessoa não -viveu Deus, não o experimentou. Quanto a mim não posso dizer isto. Não posso dizer que Êle não existe, porque Êle me toca e eu O conheço. Se algum dia alguém tocou em Deus, se um dia realmente O descobriu de modo adulto, jamais O poderá negar. Pode cometer as suas fraquezas, pode se afastar da Igreja, mas não poderá negar a Deus, pois é impossível negar experiência de tamanha profundidade . .MAS, DEUS ESTÁ TAMBÉ 1 NO OUTRO. O outro revela Deus. A comunicação com o outro é portadora de Deus. Cada vez que nós nos aproximamos do homem nós nos enriquecemos de Deus. A comunhão que nós cristãos realizamos na Eucaristia se torna verdadeira na comunhão com o outro. O Outro é fonte de graça, é fonte de santidade. Então, não há um eu concentrado sôbre si mesmo, isolado, sàzinho, numa ilha. Nós cristãos sabemos que nos devemos concentrar na interioridade do nosso ser para depois nos abrirmos ao outro para acolher o outro e assim acolher o nosso Deus. A EXPERIÊNCIA DA ADORAÇÃO Há ainda uma experiência maior do que a expenencia etc Deus em nós e no outro, é a experência da adoração. Adorar significa dar-se totalmente ao Absoluto. O Homem que adora é o Homem que se dá, que reune suas energias para se doar. Se alguém não se dá totalmente ainda não adora o verdadeiro Deus.

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O primeiro mandamento é êste: amar a Deus sôbre tôdas as coi-sas. Foi assim que Jesus Cristo adorou a Deus no mistério de sua páscoa por nós. -- 0 --

Tudo isto é muito bonito mas como podemos traduzi-lo concretamente? Procuremos a resposta no Evangelho, Lc. 7, 18-23. Os discípulos de f oão referirarn-lhe tôdas estas coisas. E f oão chamou dois dos sens discíp-ulos e enviou-os a f esus, do: És tu o que há de vir, ou. devemos espera?' por outro?"

pergw~tan·

Chegando êstes homens a êle, disseram: "João Batista enviou-nos a ti, perguntando: És tu o que há de vir, ou devemos esperar otdro?" (Ora, naquele momento f esus lzaz·ia curado 1f~uitas pessoas de enferrnidades, de doenças e de espíritos malígnos, e deu a vista a 1111uitos '{:egos). R espondeu-lhes êle: "Ide anunciar a João o que tend-es visto e onvi· do: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ?'essuscitam, aos pobres é anMnciado o Evangelho: e bem-aventurado é aquêle para quem en não fôr ocasião de queda!''

Êste texto de Lucas nos mostra a angústia de .João Batista, protótipo vivo do homem que busca o reino de Deus: "és tu o que há de vir?" Releiam a resposta de .Jesus. Prestaram atenção nesta resposta? O homem é a imagem de Deus. Foi o homem .Jesus Cristo que nos revelou todo o profundo significado desta verdade fundamentaL Êsse ser pequeno, que em suas grandes conquistas apenas engatinha no espaço, em sua precariedade, revela o mistério de Deus. Porque é capaz de consciência, porque é capaz do dom e do encontro. Porque é reflexo do amor. Na medida em que os homens se encontrarem no gesto do dom consciente, na medida em que se libertarem do egoísmo que gera mentira e distância, e só nesta medida, êles irão descobrindo a Deus e cada vez mais serão transparentes ao Deus vivo. Não se abre aqui uma perspectiva maravilhosa para o amor conjugal e familiar como ponto privilegiado para a busca e o encontro com Deus? Não será isto o que Paulo nos quer dizer (Ef. 5,25) quando escreve: "amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, c por ela se entregou". "É grande êste mistério". Há ainda outro aspecto igualmente fundamental e que, se ignorado, pode tornar o aconchego gostoso do nosso lar apenas

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uma desculpa para o nosso egoísmo e a nossa omissão. Abramos de nôvo o Evangelho: Lc. 3, 16-21. Dirigiu-se a Na::aré, onde se havia criado. Entro1t 11a sinagoya em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantmt-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías . Desenrolando o livro. escolheu a passagem onde estava escrito:

O Espírito do Sen hor está sôbre mim, pelo que m e ungiu ; e enviou-na· para anuncia r a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de cora ção. pam alwll,-:iar aos cativos a redenção, aos cegos a resta·uração da vist11. para pôr em liberdade os cati·uos, para publicar o a11o da graça do Sen hor. E, fechando o livro , deu-o ao mi11istro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos 11êle. P.le começou a d·i::er· lhes: "Hoje se cumpriu êste oráculo qu r z•ós acabai,· de ouvir".

Jes us Cris to quer mostrar aos seus conterrâneos se r Ele o Messias, o Yerdadeiro instaurador do Reino. E o que faz Êle ? Aponta para os homens r enascidos e libertados pela s ua Presença . sacramento da presença viva de Deus no mundo. Partindo daí. poderíamos dizer que à medida em qu e a humanidade tôda se solidarizar no vas to projeto da prom oçã o c da liber ta ção do homem, haverá mais ch ance de os homens perceberem Deus na fisionomia do homem . O sinal de que o Espírito de Deus existe e age no mundo é ês te processo de reden ção e restauração elo h omem, processo para o qual nós cristãos somos convocados dt: modo especial, pois que, para isto, o "Espírito do Senho r está sôbrc nós, nos ungiu e nos enviou". Vivendo o am or qu e liber ta. nós es taremos encontrando Deus e dando testemun ho disto ao mundo, es tamos abrindo ao homem o caminho para o Deus vivo. Depois da "Populorum Progressio" c dos documentos de Medellín, nenhum cris tão brasileiro pode olvidar ês te aspecto tão fecundo c ao mesmo tempo tão difícil para a nossa mentalidade, já de si individualis ta e, ainda por cima prensada entre tanta;; tensões profissionais c econômicas. Creio que o grande pecado dos cristãos, o nosso gra nde pecado, é tomar o nome de Deus em vão. Pensamos que Deus é aquilo que não é. Deus feito de nossas frustrações , Deus feito de nossos preconceitos. Deus feito de nossas carências primitivas. Chamamos Deus o que não é Deus. Invocamos o n om e de Deus em vão. Pois bem, só há uma maneira de não invocarmos o nome dl' Deus em vão: é descobrir o Deus verdadeiro dentro de nós, (•

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descobri-lo no outro, é reunir tôdas as nossas fôrças para adoráia. E adora aquêle que se dá. Procuremos traduzir isto na espiritualidade de nosso movimento. Pe. João Edênio do Valle, S.V.D.

COMPROMISSO

A Equipe 40, N. S. da Santíssima Trindade, prestará seu compromisso no próximo dia 25 de outubro, na missa que fará celebrar às 10 horas, na Capela do Seminário dos Salvatorianos, à av. Divino Salvador n. 0 12, Largo de Moema - S. Paulo (Cap.) Compartilhemos com êlcs essa tão grande alegria.

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NOTíCIAS INTERNACIONAIS

COMO DIFUNDIR O DISCURSO DE S. SANTIDADE O PAPA

Duas experiências vividas na França Por iniciativa do sacerdote encarregado de coordenar a pastoral paroquial e após uma troca de idéias entre êste e vários casais que haviam voltado de Roma, uma homilia sôbre o discurso do Papa foi lida por alguns dêles, num domingo, em nove igrejas de VERSAILLES e dos arredores. O texto básico foi redigido por três casais, assistidos por um conselheiro espiritual da Equipe. Desta mesma forma ou com pe. quenas modificações, foi lido em cinquenta missas, por casais di" ferentes, pertencentes ou não às Equipes de Nossa Senhora. Na saída dessas missas, os casais vendiam os livretes do discurso do Papa Paulo VI, comentado pelo Cônego CAFFAREL. Estes textos poderiam. assim ser lidos e meditados por alguns milhares de casais, já sensibilizados pela homilia. Várias paróquias da vizinhança tomaram iniciativas semelhantes; outras irão realizar, na volla das férias uma operaçào similar. O setor de ORLEANS fixou uma data para uma operação ne te sentido. -- 0 --

De volla de ROMA e entusiasmados com. tudo aquilo que havíamos recebido, estávamos ansiosos em transmitir o máximo que pudéssemos. Era impossível guardar tanto só para nós ... mas o que fazer? Não tínhamos nenhuma idéia! O clima paroquial, não nos era muito favorável; era preciso nos desincumbirmos sozinhos. Falamos então com uns e outros, com todos os casais que encontrávamos. Finalmente, uma noite, convidamos um grupo de casais para ouvir o discurso do Papa e fazer apreciações sôbre o mesmo. Para começar, falamos de nossa experiência pessoal no plano da fé

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e daquilo que sentíamos que dentro de nós havia se transformado; havíamos descoberto uma nova dimensão da Igreja, no tempo e no espaço. Falamos também do que representava para nós a renovação do compromis:>o do casamento. Em seguida passamos à fita do d iscurso do Papa, distribuindo mn texto para cada um dêles, de forma que, de passagem, pudessem ser feitas observa ções e perguntas. Passamos então a trocar idéias sôbrc o discurso, o que fizemos durante mais de uma hora. A maior parte dos casais nos surpreendeu com sua atenção, com a "sêde" que demonstravam. E per,sar que alguns dêlcs haviam comparecido segundo nos disseram depois, apenas para nãu nos desapontar ... Em outra oportunidade fizemos a mesma coisa com jovens: estudantes e noivos ... Havíamos hesita do em fazê-I o e dissemo;; isto mesmo, a êles. Um jovem, não praticante, não entendia por que havíamos hesitado e comentou: "O que o Papa diz eleva todo o homem e a todos é dirigido."

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IMPRESSÕES DA SESSA() DE FORMAÇÃO POR UM CASAL PARTICIPANTE

De 4 a 7 de setembro foram r ealizadas duas sessões de formação de dirigentes, de 1.0 grau. Uma em Itaicí, com 36 casais participantes e outra em Florianópolis, com 19 casaís. Dada a aosoluta identidade do progama desenvolVido pelas duas sessões, limitamo-nos a r elatar apenas uma delas, dando assim uma visão completa de ambas.

A decisão de participarmos desta Sessão de Formação havia sido tomada há muito tempo - mas como seria a tal Sessão ? l\1ui to pesadas as conferências ? Será que aguentaríamos 3 dias de " doutrinação"? Não seria chato conviver com desconhecidos ? Ao aproximar-se a data marcada, as dificuldades surgidas pareciam uma barreira intransponível (e algumas dificuldades eram r eais ... ) e o espírito de desistência nos estava dominando -,-- mas a decisão da ida veio à última hora. Após a correria das úllimas providências, a correria ao aeroporto. . . Ao chegar tivem os a mais simpática e sorridente das acolhidas e na hora do jantar chegamos ao Morro das Pedras, perto de Florianópolis, local da Sessão. Imediatamente notamos que alguma coisa de diferente havia, pois todos nós, os participantes, sem nenhum conhecimento ímterior, nos sentíamos como velhos amigos, na mais espontânea ronfraternização. No dia seguinte, pontualmente às 7 horas fom.os acordados po r um implacável badalar de sino nos corredores ( êsse sino ... ) c nova agradável surprêsa que a noite nos havia escondido: imaginem um casarão de granito em cima de um nwrro coberto devegetação, donde se avista o oceano de um lado e uma lagoa do outro. E o mar batendo nas pedras em baixo ... Caprichem na imaginação porque é difícil descrever como é lindo ü local. Mas não houve muito tempo para f icar apreciando a paisagem - o sino chamou-nos para bem iniciar o dia com mna oração na capela. E daí por diante a "puxada" foi: intensa e eficiente: pela

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manhã tínhamos duas co1úerências c Missa; após o almàço, grupo de estudo e outra conferência; após o jantar novamente íamos ~l capela e, em seguida, ao plenário para tomar conhecimento das conclusões dos quatro grupos de trabalho e tirar possíveis dúvidas. E dormir às 23 horas. Para cumprir êsse roleiro com tantos ítens (quase vin Le por dia) o horário era obedecido "religiosamente" . É quase inacreditável que isso tenha ocorrido no Brasil, mas Lodo o programado para os 4 dias foi realizado com absoluta pontualiciade .. . marcada por um fantigcrado sino.

Dilma e Miguel Orofino Casal Regional Sul

Flagrante da noite de Confraternização

Vale mencionar o ambiente de alegria que r einou naqueles dias: ao lado da disposição de estudo, de aplicação, de esfôrço consciente, o clima espiritual era mantido tão alto! Sentia-se que se ultrapassava o ambiente de um congresso, pois a informação e a formação transmitidas o eram por pessoas que realmente

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Paulo Alex, lnah, Esther e Marcello

acreditavam no que diziam e viviam o que acreditavam. É impossível descrever o inesquecível testemunho de Fé, de doação c de vivência do amor que recebemos. Como era tocante! Que calor humano! As conferências embora didáticas foram, profundas. Frei Estevão, lúcido e objetivo, transmitiu-nos tão bem o que significa ser cristão, o sentido da Encarnação e da Oração. Marcello, vibrante e entusiasta, mostrou o que realmente é o Movimento de Equipes e como o mesmo deve ser vivido. Como aprendemos e compreendemos a profundidade das obrigações que formam o jôgo das equipes! Que dimensões novas iam sendo encontradas naquilo que nos parecia já conhecido e rotineiro! Parecia que só então estávamos compreendendo com clareza o que são as E.N.S. O trabalho dos grupos de estudo, onde foram utilizadas ns modernas técnicas de estudo do caso c de dinâmica de grupos, também foi muito proveitoso: no primeiro dia foram analisadas as funções do Casal de Ligação e, no segundo, do Casal Pilôto, peças importantíssimas para o êxito do l\lovimen to. Tudo i so mais a parte litúrgica, com orações tão bem pre-paradas e oportunas, de tal forma calaram em nossos espiritos q:ue todos pareciam renovados e encan lados com o que iam encontrando no seu aprofundamento. Em um crescendo emocional. todos iam sentindo que se modificavam e que se imbuíam da mística do Movimento. Cremos que todos de lá sairam converti-dos para uma maior vivência do amor cristão e decididos a transformar em atos a sua fé e de tornar o Movimento das E.N.S. mais autêntico e dinâmico. Tocante também foi o testemunho dado pelos componentes da " Equipe de Serviço". Testemunho êsse de doação, de abnega-

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,_.ão, de vontade de servir e de humildade também. A Equipe ;·te Serviço é composta por sacerdotes e pelos casais (lodos exparticipantes de Sessões anteriores ) que partidpam para doar e não para receber. E como são capazes de se doar: em conferên. das, na parte litúrgica, no trabalho de secretaria, de cozinha etc. etc. . . É difícil de se imaginar o trabalho que dá para organizar e realizar um encontro dêste tipo, planejado em seus mínimos detalhes. Quando íamos dormir, cansados, êles que deve. riam e tar mais cansados ainda continuavam nas suas reuniões de avaliação do trabalho do dia. A única tarefa fácil era a do tocador do sino, mas em compensação era muito arriscada . ..

Dr. Moncau, Milton e Ernestina, responsãve is pelo Setor de Florianópolis

No dia do encerramento houve um plenário de conclusão onde os participantes de cada cidade fizeram uma avaliação comunitária do que aquêles dias representaram. Cada grupo expuuha o que havia causado maior ilnpacto, quais as impressões e a que .conclusões haviam chegado. Todos estavam transbordantes de alegria e profundamente emocionados. Não raro as palavras eram interrompidas pelas lágrimas. Colhemos algumas frase[, como cs la :

Flagrante da entrada dos participantes na Capela.

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"O encontro valeu como um retiro: sem pieguice a espiritualidade tocou a todos". "Assim como Cristo se encarnou na sua época, a Igreja deve se encarnar através dos tempos. E a encarnação em uma época não vale necessàriamente para outra: os cristãos de hoje, no Brasil. devem procurar qual o seu papel na realidade atual H fim de não serem. espectadores mas os atores". "Todos acharam que, atualmente, um dos pontos críticos do Movimento é a falta de fonnação de seus dirigentes: casais de ligação, casais pilotos e responsâveis - daí a nece~ sidade e a importância dessas sessões de formação". "O que resultou de tudo isso? - Tentaremos mostrar aos equipislas a visão nova que tivemos do Movimento. A idéia do Cristo inserido na equipe; a equipe como persana". E no final de tudo isto, fazemos uma pergunta que pode estar no espírito de muitos: Para que todo êsse esfôrço? Por qw~ estas Sessões de Formação de Dirigentes? Para isso responder será necessário saber quais os objetivos da Direção do Movimento quando decidiu pela organização dêsles Cursos de Formação: qualquer empreendimento ou movimen to não fica estacionário - ou evolui e cresce ou regride. A responsabilidade e a importância do Movimento de Equipes de Nossa Senhora cresce dia a dia (dizem os futurólogos que no ano 2.000 seremos 230 milhões de brasileiros - de longe o maior país católico do Mundo). E para fazer frente a essa responsabilidade o Movimento deve crescer não só em quantidade como principalmente em qualidade. E i~so só será possível se os atuais equipistas melhor conhecerem o Movimento e mais se dedicarem n éle: aprofundando-se em sua espirilualidade conjugal, fazendo do Evangelho o fundamento de sua família, enfim, esforçandose para viver uma vida integralmente cristã de modo a irradiar o amor e a caridade fraterna.

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A ECIR SE APRESENTA

FALAM ELZA E LUDOVIC

Elza e Ludovic Coloman Gheorghe Szenészi, simplesmente. Em outubro comemoraremos 25 anos de lua de mel. Filhos. três. George Vittório, engenheiro mecânico 24 anos; Ricardo, engenheiro civil, 23 anos; Alina, 3. 0 ano de engenharia eletrônica, 21 anos. Ludovic, por acaso, engenheiro também. Elza (não, não advinhou !) ficou modestamente em trabalho secretaria! até casar, sendo, desde então, de muitas prendas domésticas (é Ludovic ([Uem está escrevendo). Nossa vocação para as equipes começou há muito tempo, muito antes do nosso casamento. Começou num lar feliz. Ludovic num lar ateísta. Elza num lar católico, mas não muito praticante. Mas, ambos, foram boas escolas de preparação para o casamento, a começar pelo testemunho de papai e mamãe. Ludovic, com formação materialista, mas dentro d uma uwral natural, chegou à juventude com grande amor e respeito pela ciência. Na Universidade, tornou-se mat·xista teórico. Elza era Filha de Maria, mas acabou indo na onda e afastouse da prática da religião. Ludovic já era apóstolo. . . Mas, mesmo não entendendo nem concordando com a cerimônia do casamento religioso, Ludovic pronunciou o "sim" com reta intenção, pois o velho George Ioan Szenészi sempre dizia que " os Szenész i são homens de uma mulher só". E veio a vida conjugal com suas dificuldade e alegtias, vieram os filhos, vieram as lutas da vida profissonal. E o chamado de Deus. Com sua delicadeza e respeito pela nossa liberdade, Deus tocou Ludovic através da própria ciência que êle tanto l'espeitava e amava. Algumas leituras de psicologia e biologia , alguns livros que "por acaso" não eram o que êle esperara ao contprar, algumas frustrações em relação ao marxismo e ao materialismo, e o processo interior começou. Depois a descoberta da experiência mística (Ludovic chegou a desenvolver uma interessante teoria ma terialista sôhre a experiência mística) , das filosofias orien-iH-


iais, do espiritismo, das f ilosofias exis tencialistas. T udo isso, colaborando para reforçar as primeiras intuições na psicologia da3 profundidades (Jung), na evolução dos sêres vivos (Lecomte de Nouy}, na ciência nuclear (Mecânica Quântica), sugerindo que talvez não fôsse tão evidente que a evolução material do universo, segundo as "leis do acaso" era a única explicação para o amor de Elza, a curiosidade de Ludovic, a vivacidade de Ricardo; do pensamento, do sentimento e da atividade criadora; da tristeza, do sofrimento e do desejo de superação do homem. Três anos de muito ler, refletir, escrever, levaram Ludovic 2 porta da Igreja. Horrível para um marxista, não? Mas, depois de passar pelo hinduísmo, budismo, taoísmo e Zen; depois de estudar espiritismo (chegamos a fazer testes psicológicos em mediuns), Swedenborgianismo, mormonismo e protestantismo, des-cobrimos que a resposta estava com Sta. Tereza e S. João da Cruz, S. Paulo e Santo Agostinho, Gabriel Mareei e Monier, Sertillanges e Karl Adam. Batizamos nossos três filhos em. Março de 1952 e Ludovic i"ecebeu o batismo e a comunhão em Junho. Ai é crue a coisa engrossou. Quem se mete com Deus, prepare-se! Depois de gostosíssimos anos de pesquisa e estudo, de auto-satisfação intelectual, de namôro e noivado com Deus, Ludovic, católico, descobriu que tinha que viver como cristão, não só pensar! A providência de Deus continuou a trabalhar. Dois anos depois da conversão, o primeiro retiro, que decidiu muita coisa em DOssa vida. Passamos a frequentar a Congregação Mariana de N. Sra. das Vitórias, que aceitava a presença das espôsas. Primeira~ experiências de uma vida cristã comunitária. Primeiras oportunidades para trabalhar pelo Reino de Deus. · Elza, que retornou à prática religiosa com a conversão de Ludovic, recebeu a fita de Congregada. Nossa vida espiritual começou a ter aspectos em comum. Alguns números do "l'anneau d'Or" revelam a existência de movimentos de casais. Em 1957, descobrimos o MFC. E, assim, nossa vocação começou a solidificar. Começamos a pensar em têrmos de espiritualidade conjugal, apostolado familiar, vida cristã comunitária. Numa 5.a feira, em junho de 59, Ludovic, respondendo um questionário do MFC, começou a escrever sôbre "algo mais" que esperávamos do Movimento. No mesmo dia, um casal equipista de São Paulo, Léa e Waldyr Affonseca, jantando em casa de um casal congregado de N. Sra. das Vitórias, juntamente com o Pe. Melanson, manifestou o desejo de falar a alguns casais. Por

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"coincidência" alguns casais costumavam ter um papinho com o Pe. Diretor da Congregação, às 5.as feiras, à noite. E foi assim a mformação preparada por Deus. Nasceu, ali, a 1.a equipe do Rio -Equipe N. Sra. das Vitórias. Era o "algo mais" que estávamos procurando. E Elza e Ludovic estavam definitivamente no caminho de sua vocação. São onze anos de trabalho, de descobertas, de muitas alegrias e algumas frustrações que Deus permite para •.:'sfriar nosso orgulho. Quase sem percebermos, Deus nos foi envolvendo, exigindo nossa doação. Responsáveis de Coordenação em 1963, de Setor em 1965, Regionais em 1966, membros da Ecir em 1969. Curso de Noivos durante 9 anos, conferências para jovens, aulas sôbre a família no Instituto Social. Muito trabalho mas, também , alguns momentos inesquecíveis: Elza, de cama, com um deslocameno de disco, organizando, pelo telefone, nosso 1. 0 dia de Estudos e que foi um sucesso. A instalação do Setor. O' lançamento e cuidado das primeiras equipes de Petrópolis, nossas filhas dileta8. A sessão de quadros que assistimos em Valinhos, sob a direção de Marcello e Mons. Benedito. A participação na equipe de serviço dos atuais encontros, entre os quais queremos destacar a Sessão de Formação de Dirigentes, em Aparecida. A alegria (e alívio) de ver funcionar nosso primeiro Mutirão na GB. Mas, o mais importante para nós, dois frutos , dois prêmios que o amor de Deus, seu carinho paternal, nos deu. Primeiro, a descoberta, para um sujeito mais ou menos insaciável como Ludovic,da vida em comunidade, do amor fraterno que nos liga t~ tantos casais irmãos e acaba irradiando em tôda a nossa vida. Quanto aprendemos em amor fraterno, em abertura, em humildade, em aceitação do outro como êle é e não como gostaríamos que fôsse , nesses 11 anos de vida na nossa equipe, rica em qualidades e defeitos, firme no amor ao Movimento. Daí Ludovic afirmar que seu sucesso como executivo na emprêsa em que trabalha deve, em grande parte, ao que aprendeu nas equipes. Depois, os frutos para nossa vida conjugal, entre os quais a maravilhosa graça de termos três filhos apóstolos, engajados em trabalho cristão. Agradecemos a Deus essa vocação, agradecemos a fôrça que nos tem dado para fazer alguma coisa e agradecemos, em Deus aos queridos irmãos do Movimento que nos mostraram que o nôvo Mandamento não é um ideal inatingível, mas uma maravilhosa realidade pela qual vale a pena lutar. -

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<.N.otícias dos c-5etoces

JUNDIAf

Realmente uma das necessidades do movimento das ENS no Brasil tem sido a formação de seus dirigentes. E é para atender a isto que o Setor de Jundiaí está organizando um curso para formação de pilotos. Os casais que se dispõem a pilotar novas equipes encontrarão neste curso tôda a orientação e formação que lhes permitirá bem exercer sua função. É uma realização du equipe 1 de Jundiaí, que merece ser imitada, por isso aqui vai a t·eceita (quem quiser mais detalhes escreva pedindo): serão quatro encontros, cada um compreendendo uma parte de oração c de meditação, uma parte formativa e debates. Espera-se muito desta realização. O pessoal está muito animado e aguarda-se uma efetiva participação dos casais pilotos. Ainda de Jundiaí chega-nos a notícia de que a Equipe de Setor faz, tôda sexta-feira das 23 às 24 horas, uma hora de vigilia e meditação, pedindo a Deus e a Nossa Mãe por todo o Movimento. O Setor tem programados, ainda para êste ano, dois retirot. que serão realizados em Valinhos: um nos dias 23, 24 e 25 de outubro, que será pregado pelo Pe. Alfonso Pastare: e o outro no início de novembro, cujo pregador será o Pe. Oscar Melanson. A Missa comunitária do Setor realizada no primeiro sábado do mês, é seguida de uma pequena palestra feita por um casal equipista ou pertencente a outros movimentos. Jundiaí comunica-nos ainda, a filiação de mais uma equipe: a de n. 0 11. Como vêem, êste Setor continua realmente dinâmico - hú sempre muita notícia de suas realizações. SÃO PAULO -

SETOR C

Realizou-se no dia 30 de agôsto o dia de reflexão e confraternização para as equipes do Setor C, quando compareceram também equipistas de outros Setores e casais simpatizantes do Movimento. O grande número de casais que participou mostrou bem o desejo de crescer que anima a todos. Durante aquêle dia, além das palestras, realizaram-se círculos de estudos com poste-

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rior plenário culminando com a Missa. Além da confraternização, os casais tiveram a oportunidade de estudar temas fundamentais na vida do cristão: a fé, sua vivência no matrimônio. Para avaliar o que foi aquêle dia, seria preciso tê-lo vivido inten!'iamente quanto o fizeram seus participantes. AMERICANA É com muita alegria que recebemos os boletins dos setores que seus responsáveis nos enviam. Essa alegria é transbordante quando chega um primeiro número de um nôvo boletim e a êsse se seguem mensalmente outros. Foi isto que aconteceu com Americana: inicou em março dêste ano a publicação de seu "noticiário" que tem persistido até hoje, ainda que anônimo (ainda não conseguiu nome). É um boletim que se tem preocupado em 1razer uma boa parte formativa a seus equipistas.

Em Americana, além de peregrinação, curso de preparação casamento, palestras, dias de estudos, as Equipes têm dado grande apoio à Escola de Pais. Sempre com o espírito de doação, os casais organizaram a Escola de Pais, para ajudarem-se uns aos outros, no sentido de formar uma mocidade sadia e amiga. :.lo

PETRóPOLIS

Uma das equipes de Petrópolis iniciou uma prática muito ~nteressante que aqui transcrevemos como sugestão para as Equi-

pes que se interessarem. O casal animador, ao preparar a reunião estuda o Editorial constante da Carta Mensal, preparando por escrito perguntas aos equipistas e conselheiro espiritual, que são debatidas na reunião, trazendo proveitosa troca de idéias a respeito da mensagem do Editorial e muito material para meditação. Não acham que é uma maneira de dinamizar a obrigaçã.:> da leitura do Editorial? PôRTO ALEGRE

Da Coordenação de Pôrto Alegre recebemos a seguinte nolícia: "Com muita alegria comunicamos que temos mais duas equipes, de números 7 e 8, sob a invocação de N. S. do Amparo e N. S. do Rosário. Também comunicamos que estamos informando mais duas que, em se formando , tomarão os números 0 c 10. Sem mais enviamos a todos nosso fraternal abraço pedindo

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que rezem para que o nosso trabalho nas ENS seja para maior glória de Nosso Senhor e abençoado por Maria Santissima, nossa protetora e que o espírito e a mística das Equipes sejam vividos em tôda sua plenitude, pois essa é a nossa grande preocupação". TERESINA

Nossa última notícia dos Setores não vem de um Setor, mas grandemente alvissareira. Estão sendo dados os primeiros passos para o início do Movimento no norte do Brasil. Deus em Sua graça e sabedoria, escolheu o Piauí como local para a primeira experiência. Rezemos pelo seu sucesso.

~

PRóH1mos enconTROS 30 de outubro a 2 de novembro: SESS.~O DE FORMAÇÃO DE DIRIGENTES, de 2.0 Grau. Cerremos fileiras numa grande CORRENTE DE ORAÇõES, para pedirmos que o Cristo esteja conosco e abençoe aquêle encontro para que o nossG Movimento não somente cresça em quantidade mas, principalmente, em qualidade.

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VIA GENS INTE RNACIONAIS PARA JOVENS

Já se vem difundindo entre nós o sistema de viagens de joven•. que se hospedam em casa de famílias de outro pais; quer brasileiros que vao para outro pais, quer famílias brasileiras que recebem jovens de outro pais. Há no Brasil peZo menos quatro organizações sem fins lucrativos, com êsse objetivo. Nenhuma dessas organizações tem cunho religioso, mas tôdas são forma· das por pessoas fundamentalmente religiosas, especialmente por católicos. Ent.enàendo que o assunto é ·de interêsse dos equi· pistas que tem filhos adolescentes ou jovens, obtivemos uma entrevista com os responsáveis por uma d essas organizações .

C.M. - Já sabemos qu e sua organi:::ação challla-se Experimento de Con. vivência Internacional e é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, co1111 sede na alameda Ministro Rocha Azevedo, 413 em São Paulo. Os senhores poderiam expôr brevemente as finalidades da inst,ituição?

E. - Procuramos estabelecer intercâmbio cultural entre o Brasil e outros países, mediante envio de brasileiros e acolhimento de estrangeiros; proporcionar, mediante êsse intercâmbio, a oportunidade de estabelecer vínculos entre brasileiros e estrangeiros, fomentando a compreensão e amizade recíprocas; criar o interêsse pelo conhecimento dos povos, dos seus costumes, suas culturas e seus problemas, possibilitando o estímulo ao estudo das questões afetas à cooperação internacional entre as diversas n::tções. C.M. - Mas o Experimento mantém contato com muitos países ? E. - No momento com cinquenta países: 20 europeus, 14 asiáticos, 13 africanos, 10 das Américas e 3 da Oceania.

C.M. - Em prinJ[ipio como funciona o sistema ? E. - Uma família de outro pais se oferece para receber, sem compensação financeira nenhuma, um jovem desconhecido e, através do "Experimento", convida-o para, pelo período de no minimo três semanas, viver como um de seus membros. Trata-se de um gesto de boa vontade internacional, servindo para criar amizades e promover a

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paz mundial. A nova família deseja mostrar ao jovem como vive, apresentá-lo aos amigos e fazê-lo conhecer a comunidade onde mora. É uma maneira genuína de hospedar e nwstrar orgulho nacional. A curiosidade do jovem e uas perguntas sôbre a vida que levam serão acompanhadas pelo interêsse da família hospedeira sôhre n sua pátria e os costumes e cultura de seu povo. C.M. - E quais as co11diçõcs, os requisitos ?

E. - Ter 17 a 30 anos de idade, entender um pouco o idioma do outro país. O jovem candidato é submetido a um teste no qual são considerados fatôres positivos as seguintes qualidades: desejo de fazer amigos, vontade de aprender. flexibilidade para o inesperado, observação rápida e julgamento lento, respeito pela opinião dos outros, bom hum or c habilidade de rit·, mesmo que seja de si mesmo. C.M. - Pelos prospectos que há pou co jolhea111 os, os senhores não o1•· gani:;a ~n sà111 cnte v iagens para conh ecim ento dos usos e costunu's de outro país c para difusã o do nosso.

E. - ·R ealmente, além dessas, temos excursões especialmente des tinadas ao aprendizado de outra língua - geralmente durante três meses. É fundamental, entretanto, a estadia de pelo menos três semanas numa casa de família. No momento está sendo organizada uma para "Secretárias" e outra, de seis semanas, que chamamos de "Jovem Embaixador" , em que os candidatos se comprometem a fazer conferências sôbre o Brasil. Em qualquer época organizaremos, a pedido de interessados, viagens de interêsse especial (médicos, dentistas, engenheiros, professôres). com programa de estada em casa de colegas nos Estados Unidos ou outro país e mesmo cursos rápidos e intensivo:; em estabelecimentos de ensino. C.M. - A v iagem de pessoas assim jove11s 17 a11os pelo que foi d-ito - não tra:: problemas de i1zadaptação ou coisa assim1?

E. - Trabalhamos na base de cuidadosa programação. As viagens são sempre em grupos. No estrangeiro cada um ficará na casa da "sua" família , mas encontram-se de vez em quando para relatarem suas experiências. Antes da viagem êles recebem várias "aulas" do que devem esperar e não esperar. Também a família que se propõe a

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, hospedar um "filho" estrangeiro recebe minuciosas instruções e ·até livros · apropriados . .

C.M. . r Como se fa:; a escolha da família que 7!Gi receber o nôvo "filho"?

E: - O requisito necessário é a boa vontade em abrir a porta para o e'strangeiro e o desejo de tratá-lo como membro da família . É claro que investigamos os antecedentes e o caráter da famílüi. Mas não nos importa a religião, raça, : côr ou riqueza. Somente quando a viagem é de estudo e · deve durar vários meses, procuramos uma família que possa proporCionar um ambiente, até onde é possível, seinelhante àquele que o jovem está acostumado.

C.M; .. Gostaríamos · de. algum tesfc111nnlro, de· jovens que já tenham estado lá.

' E~ · -· Temos milhares de cartas, mas

talv~z os senhores prefiram conversar com :\laiilía e Ruy, que ali estão trabalhando; atualmente êles são nossos auxiliares voluntários - aqui todo mundo trabalha como voluntário - mas há três ou quatro anos êles viajaram através do Experimento, e assim é que nos conheceram.

Depois das apresentações ouvimos o seguinte: Ruy - Eu viajei muito moço através do "Experimento". Nosso

grupo ficou em uma pequena cidade americana, quase tôdas as casas eram ha zona rural. Eu mesmo fiquei em uma fazenda. A maioria das famílias que recebiam era formada por católico ; eu que não tinha religião espanteime em ver como êles levam a sério sua vida espiritual: tanto pais como filhos têm atividades apostólicas, geralmente junto à paróquia ou escola. Um dos brasileiros ficou hospedado em casa de uma família de cór: é o que mais intimamente até hoje continua ligado com seus pais estrangeiros. Como curiosidade posso contar que eu ganhei vários irmãos e fizemos muita camaradagem: depois de alguns dias o caçula - que tinha quatro anos . . . sem o perceber, falava inglês com o meu sotaque de brasileiro, tal era o desejo de identificar-se com o seu nôvo irmão. ' · · ·

l,\{arília. - Eu só tinha 17. anos quando viajei para o Estados Unidos, s'ozinha, pela. primeira vez longe de meus pais. Não acreditava quan8o me çliziam que lá eu encontraria um "pai", unia "mãe" e ' 1 irmãos". Foi essa minha maior surprêsa. O acolhimento foi tão humano, que apesar dos . cestumes e da língua diferentes eu me senti como em ca-


sa e hoje em dia defendo o intercâmbio entre famílias, que estejam conscientes de que vão receber em sua casa um nôvo membro da família - e não um hóspede que se homenageia mas que não se ama. No ano seguinte a Mary minha irmã americana, veio para o Brasil e teve a mesma acolhida em nossa casa. Corno testemunho posso contar o seguinte: minha mãe americana tinha urna estranha maneira de me olhar nos olhos. Em casa dêles havia livros sôbre o Brasil; êles se prepararam mesmo para me receber. Poucos dias antes de voltar encontrei um folheto do E~perimento dando conselhos sôbre corno receber o seu "filho" estrangeiro; quase no fim dizia" se não o estiver compreendendo, olhe bem fundo nos seus olhos, êles dizem a verdade". Ela me compreendia bem, e eu ela, mas ela procurava em mim alguma coisa mais, talvez o entendimento universal ou a compreensão de todos os desígnios de Deus . ..

TE S T EM U N H O "As ENS foram para nós uma descoberta maravilhosa que veio dar nova direção e sentido às nossas vidas de cristãos casados, pais de família. Nelas, aprendemos a disciplina que nos era necessária ao aperfeiçoamento espiritual e humano a ponto de considerarmos diferente nossa vida de casados, antes e depois de nosso encontlro com as ENS ". Carmem e Jayme

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BALANCETE DA TESOURARIA agôsto de 1970

RECEITA: Contribuições .... . .. ... . . . ......... . Venda de Livros e Impressos . .... ... .

Cr$ 7 . 313,46 366,70

saldo credor em 30 de julho de 1970 . . . . . . . . . . . . .

Cr$

7.680,16 8.235,12 15.915,28

DESPESAS: Carta Mensal . .. .. ..... ... .. ..... . .. . 1 . 930,00 Salários (agôsto) . . .. ... . . .......... . 1. 750,00 Despesas Encontros Guanabara e Florianópolis .... . ... . . .... . . . .... ... .. . . . 1 . 019,20 4. 8 prestação Viagem a Roma .. . .... . . 665,90 Tipografia e Papelaria . ............ . . 636,43 .Aluguel .. .. . ... . . .. . . ... .. ..... . .. . 500,00 Móv~is Kastrup (mais 10 cadeiras) ... . 460,00 Correio, Condução, Telegramas, Rodoviária . .... ..... . ...., . . .... . . . . .. .. . 393,8·5 Telefone . .. .. .. ... . ....... . .. .. . .. . 68,17 Água e Esgotos . ........ . . . . ..... .. . 22,19 Luz .. ... .. .... . ..... . ...... .... ... . 19,20 Material de Conservação e Limpeza 15,95 saldo credor em 31 de agôsto de 1970 . . . . . . . . . . . . .

7.480,89 8.434,39 15.915,28

CONTAS A PAGAR: R!eimpressão 4 números de C. Mensal Equipes Novas ........ ... . . . . .. .. . . . . 2.160,00 Prestação nôvo Mimeógrafo . .. . . .... . 2.000,00 Carta ~ensal (setembro) ........ .. .. . 1 . 667,00 Impressão Pastas p/ Sessão de Formação 780,00 Papelaria (papel e stencils) .. . .... .. . 250,00 ~ . 857,00

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dia 20 a 22 de novembro, em Valinhos Pe. Pedro Lopes

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dia 27 a 29 de novembro; · ~ú1 BarÜ'e rí Pe. Oscar Melanson

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4 a

ü de dezembro, em Valinhos

Pe. Alfonso Pastare

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ATENÇÃO:

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o retiro de 27 a 29 de qovembro serâ. e1n ABSOI.ntJTO SILÊNCIO. . .• i• :

Suzana e João Baptista Villac (rua: monte Alegre, 759, t.~~e· fone: 62-8092 já receberam inúmeras RESERVAS feitas com àntecedência e lembram que só as INSCRIÇõES pagas garantêm , I vagas. 111 .i

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Deus chamou ·a Si

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Com tristeza comunicamos o falecimento dos seguintes equipistas:

José Costa Pinto Junior, casado com Maritl Mantovani :Costa, pertencentes à'1 eqúipe 11'. 0 · 1, N. Sra. 'do Monte Serrat, de Salto.

' Bôrtolo Simon, casado com Maria Iza,hel Sim o~ . 1 membros da equipe n. 0 3, N. Sra. do , Carmo. de Itu. Lembremo-nos dêles nas nossas orações. -42 ._

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ORAÇÃO PARA A PRÓXIMA REUNI Ã O

TEXTO DE MEDITAÇÃO

No início de novembro festejamos as festas de Todos os Santos e dos Mortos. A primeira festa é por assim dizer o aniversário de milhares de pessoas que viveram uma vida santa e dedicada. Lembremo-nos de modo especial dos milhares de casais que se santificaram e santificaram os outros pela sua vida exemplar de família. Na festa dos Mortos reafirmamos a nossa fé na Ressurreição. Durante o mês de novembro procuremos conscientizarmonos ainda mais que fazemos parte da Comunhão dos Santos, isto é, esta nossa Igreja viva está unida aos mortos e aos santos. Todos procuramos a felicidade ? Onde está a felicidade? Cristo no sermão da montanha nos deu a chave da felicidade: (Mt. 5,3). " Felizes Felizes Felizes Felizes

os que têm espírito de pobre ... os mansos ... os promotores da paz ... os que têm fome e sêde de justiça ... "

ORAÇÃO LITúRGICA (Sal. 33)

Amigos do Senhor, vivam no seu santo temor, nada faltará àqueles que O temem. Os ricos ficaram pobres e passam fome, mas quem procura o Senhor, não passará privação alguma. Meus amigos, venham escutar-me, vou dizer-lhes o que é o temor do Senhor: querem viver muitos anos, e ter uma vida tranquila e feliz? Muito cuidado, então, com a sua lingua, afastem-na da calúnia e da mentira.

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Evitem o mal, façam o bem, procurem a Paz até encontrá-la. O Senhor salva os seus amigos; dos que nêle confiam, nenhum será condenado.

Oremos:

Senhor, Pai de todos os homens, vós chamastes cada um de nós para desempenhar a sua tarefa no mundo. Escolhestes os vossos Santos como testemunhas da vida, morte e ressurreição do Vosso Filho. Fazei que, cumprindo a missão que nos destes, sejamos construtores de um mundo renovado e de uma Igreja que seja sempre mais autêntica. Isto nós Vos pedimos por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espirito Santo. AMÉM

••

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EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciere Paris Xlli EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 São Paulo (Cap.)

Tel.: 80-4850


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