ENS - Carta Mensal 1970-9 - Dezembro

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1970 dezembro

EDITORIAL

Fala a ECIR Reflexõ es sõbre o atai . .. . .. . .....•. . . F érias As ENS em 1970 ......... .. ............ . Confiança dos Leigos em Cristo e na Igreja . ...... . ... . .. . .. . ... ... . .. .. . Um Diácono Casado ................•.... Instalação de JlOvos setores Compromisso . .. . .... . ... . .... . . . ...... . otfcias dos Setores . . ... . .. . .. . ....... . Um Congresso Regional da Família ... . O Paoel da Escola de Pais .... . ........ . Calendário dos Grandes E ncontros para 1971 ........... ... ......... .. . ... .. . Balancete da Tesouraria Questionário Retiros para 1970 e 1971 . . . . . . . . . . Oração para a Próxima Reu,."lião . . . .

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria da.> Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Tel.: 80-4850 SÃO PAULO (CAP.)

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somente para distribuição interna -


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A Carta Mensal em sua neva apresentação está concluindo um ano. Como nosso objetivo é fazermo s com que ela corresponda realmente ao que vocês dela esperam, resolvemos consultar todos os equipistas. Pedimos que vocês nos enviem logo êste questionário, respondendo com tôda a sinceridade.

1 . A Carta Mensal costuma ser lida

pelo casal ............................. . mais pelo marido ............................. . mais pela mulher .............................. por nenhum dos dois ............................ .. 2. Vocês lêem TODOS os artigos da Carta Mensal?

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sin1 ............................. . não ............................ .. 3. Se não, quais os que vocês costumam ler?

Editorial ............................ .. Fulano e Sicrano se apresentam ............................. . Fala o Conselheiro Espiritual .............................. Como vai o Setor de ................................. :\Totícias das Equipes ............................. . Balancete ............................ .. Artigos de Espiri tualidade ............................ .. Artigos sôbrc a Família ........................... .

Fala a ECIR Entrevistas .... Conferências ........................... . Testemunhos ........................... . Notícias da Igreja ............................ Artigos de Formacão para o Moviment~ ........................

4. Se vocês não lêem todos os artigos, assinalem os motivos:

falta de tempo ............................. . falta de interêsse ............................ .. Carla Mensal muito extensa ... . artigos muito pesados .............................. (ou muitos artigos pesados) nem todos os artigos interessam ....................... exemplo de artigo que não interessa ............................................................... . ~ I ~


5. Gostariam que a Carta Mensal fôsse: mais longn ............................ . mais curta ............................. . mais variada ............................ .. com mais fotografias ............................ .. com mais artigos leves ............................. com mais artigos profundos ............................ .. que os artigos viessem sempre na mesma ordem 6. Gostariam que houvesse mais notícias: de Setores ............................ .. da ECIR ............................ .. internacionais ............................ .. de outros movimentos ............................. . da Igreja ............................ .. sôhre livros e revistas ............................ .. 7. O que gostariam de ler ainda na Carta Mensal? ················································································································································································ ··················································································································································································

8. Acharam falta das páginas amarelas?

sim ............................ .. não ............................ .. 9. Gostariam de colaborar na Carta Mensal? sim ............................ .. não ............................ . 1O. Que outras sugestões teriam a fazer? .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................

.................................................................................................................................................................................

Cidade ................................................ Setor ou Coordenação de ....................................... ..

PUBLICAREl\IOS A ESTATíSTICA DAS RESPOSTAS POR SETOR NO PRIMEIRO Xt':\IERO DE 1971. II -


EDITORIAL

FALA A EC/R Caros amigos. É êste, o último de nossos diálogos mensais neste tão decantado ano de 70, inegàvelmente marcado, dentro do nosso Movimento por acontecimentos marcantes, não só no âmbito nacional . como no internacional.

Em nosso meio, houve certamente um grande passo à frente na aproximação do conjunto das equipes. Multiplicaram-se as Sessões de Formação que propiciaram o encontro de casais vindos dos mais variados quadrantes, seja em Aparecida ou Caxias, seja em Florianópolis ou Itaicí. Em tôdas elas, o mesmo esfôrço construtivo. Em tôdas elas, ao lado do intenso trabalho de formação, próprio dessas Sessões, destacou-se como tônica a mais íntima união de corações e de almas. Que o digam todos aquêles que participaram dêsses encontros. Que o digam também todos os casais que acorreram aos Mutirões, inovação vitoriosa dêste ano de 70, ou os que, em Brusque, sentiram vivamente que a amizade fraterna é uma realidade em nossas fileiras. São êstes fatos que nos dão, na ECIR, o sentimento nítido tle que as equipes do Brasil, ao transpor o marco dos 20 anos de atividades, ingressaram numa fase de maior amadurecimento . E a impressão de que, com a sua presença em todos êstes encontros, foi quebrado o velho tabu de que era um organismo um tanto misterioso e distante. Este rápido balanço mo ·tra claramente que houve a consolidação do espírito de união dentro do Movimento e deixa a evidência de que somos uma grande família, animada do mcsmcJ esfôrço na realização de um grande ideal. Não nos mostra, porém, o essencial, que só Deus pode avaliar: o esfôrço anônimo •·calizado na intimidade de cada equipe para a vivência dos Estatu tos, como meio para uma melhor vivência do Evangelho. Alcemos agora, o nosso olhar para além de nossas fronteiras. O ano de 70 foi também marcado por um acontecimento que é. certamente, o ponto culminante na vida do Movimento: a Peregrinação de Roma. E ali, no centro da cristandade, o mesmo fenômeno: o encontro fraternal de 2.000 casais vindos dos quatro cantos do mundo, encontro êste caracterizado profundamente "por aquêles seis -1-


dias vividos em comunhão muito profunda no coração da Igreja". Ali, também, o mesmo espírito de família, vencendo a diversidade de línguas, de raças, de costumes. O fato dessa peregrinação ter sido realizada em Roma, daria, por si só, a dimensão adequada das Equipes de Nossa Senhora que querem ser, antes de tudo, uma família muito unida à Igreja. :\ias, como que para confirmar êste fato, o próprio Chefe de Igreja quis receber êstes 2.000 casais- mensageiros dos 20.000 equipistas espalhados pelo mundo - para dirigir-lhes a palavra, como um pai que se alegra em ver reunidos os filhos ao redor de si. As palavras que então proferiu foram muito mais do que uma saudação protocolar. A alocução de Paulo VI é um documento teológico e pastoral que, muito mais do que dirigido às Equipes de Nossa Senhora, é endereçado a todos os casais cristãos, para dizer-lhes o quanto a família constitui, no pensamento da Igreja. uma escola de santidade. Dirigida aos equipistas, cabe aos equipistas difundirem esta mensagem ao redor de si, através de um trabalho que será provàvelmente desenvolvido no próximo ano.

- - o -Queremos, finalmente, anunciar-lhes um último acontecimento que foi se delineando nestes últimos meses e teve a sua confirmação muito recente. A ECIR acaba de receber do Centro Diretor a notícia da anuência do Revmo. Cônego Caffarel ao convite que lhe foi feito para que viesse mais uma vez ao Brasil. Como não ignoram, o Pe. Caffarel é o fundador do Movimento e há já mais de 30 anos vem dedicando a êle tôda a sua vida sacerdotal e nêle procurando transfundir a riqueza de seus conhecimentos e de sua própria espiritualidade. São muitos os equipistas que já conhecem o Diretor Espiritual das Equipes de Nossa Senhora, que, já por duas vêzes, veio ao Brasil. Sabem êles o que representa esta visita para o Movimento. A sua vinda está marcada, ainda sem data precisa, para prin· cípios de setembro. Desde já, uma troca de correspondência está estabelecendo as bases do programa a ser desenvolvido. Haverá necessàriamente vários encontros em S. Paulo, além de algumas poucas viagens aos principais núcleos do Movimento entre nós. É preciso, já agora, que os Setores organizem os seus programas para 71 deixando um claro para nêle inserir as iniciativas qué forem estabelecidas e que serão comunicadas muito brevemente. Recomendaríamos também aos casais que procurassem marcar ds suas férias de modo a liberarem a época desta visita. Falamos acima que as Equipes do Brasil estão entrando numa fase de maior maturidade. É, portanto, providencial que neste momento importante na evolução do Movimento entre nós, a

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palana do Cõnego Caffarel wnha nos dar o incentivo e orientação necessários para partirmos com vigor renovado. Caros amigos, desejamos a todos vocês o mt:lhor aproveitamento da próximas férias ao mesmo tempo que pedimos ao Senhor lhes proporcione um santo Natal e um renovado ardor para o ano de 71. A ECIR

REFLEXÕES SÔBRE O NATAL

" Javé, o Rei de IsTael, está no meio de ti"'. (Sof . 3.1 l i "Eis que vem a ti o t eu Ret . :Ele é ju.sto e Salvador·' . (Zac . 9 ,9 )

Aí está o Natal, com a sua poesia esmaecida por lanlos anos gastos, com a sua alegria já bastante melancólica e pouco comunicativa, com tanta falsidade apregoada nos quatro cantos da cidade, pelos cartazes, jornais e televisão. Melancólico Natal de nossos dias, tão falto de cspiritualidade e tão farto de motivações sem motivação. A família reunida ao redor de uma mesa, sim: não a Mesa Eucarística, mas a mesa do peru c das castanhas. Para que? Quem sabe? m dia igual aos outros dias, com uma casca envernizada talvez. Não é êste o Natal que nos interessa , c sim aquêlc do Cristo, aquêlc que não é apenas a lembrança de um acontecimento histórico c passado, mas o próprio Acontecimento, a re-vivência c representação de um mistério bem vivo: o mistério desse Deus que. num absurdo de amor, resolve mergulhar em nossa história. () Natal nos compromete, a nós cristãos, se quisermos ser autênticos em nossa fé: a pergunta de Deus exige nossa resposta.

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óbvio ululante: só entende e vive o Natal quem aceita o Cristo. Alentem ao valor da palavra "aceitar". Não hasta conhecê-lo, não basta concordar que Êle de fato existiu c exerceu influência muito grande na história e nas mentalidades. Tudo isso não pas~a do aspecto puramente histórico, que nada diz de c para a nossa fé. Fé é aceitá-lo; quer dizer: responder um "sim·· robusto :10 ~ eu apêlo de amor, c se Êlc nos lança esse apêlo, é porque está .

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hoje também, IJcm vivo c IJem no meio de nó,, quer penetrar em l!Ossas vidas, quer dar a elas um rumo bem preciso, o único enderêço de nossa felicidade, pois isso é o amor. Nós aceitamos não r1ue :11:.le foi, mas que Ele é, e aceitamos a oferta do seu amor. A partir dêsse momento, é outro o rumo, é outro o sentido que toma a nossa vida. Numa visão retrospectiva, que manifesta o intcrêssc de quew realmente ama, o cristão procura olhar também para a infância do seu Cristo. Não é porém curiosidade de biógrafo apenas, como quem procura informações sôbre alguém que está morto. f: busca da mensagem da significação inefável de sua aparição no mundo: "Deus começou a cumprir as antigas promessas!" "Yeio a luz". Eis o "Evangelho", a Boa Kova. É Alguém que aparece no mundo, não um alguém qualquer. Aquêle que desde o üúcio fôra prometido por Deus, c que as nações tôdas, implicitamente, c o Povo de Israel cxplici ta mente, esperavam. E Êlc pertence à humanidade inteira, não apenas a um povo de um determinado tempo; por isso o evangelista faz ascender até Adão a sua gênese. "Êle não nasceu do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus" (João 1,13). É Aquêle mesmo "pelo qual tudo foi feito c sem o (JUal nada foi feito de tudo quanto existe" (João 1,3). 1~ portanto Aquêle de quem depende o mundo na sua própria existência, Aquêle que somente por amor (por ser Ele O AMOR) quis que houve se OU · tros sêres que partilhassem de sua própria felicidade. É O Al\IOR r1ue a um determinado momento da história humana, vem fazer parte desta mesma história, para como Homem manifestar aos homens e mostrar-lhes a intenção de Deus. Deus já não é o "longínquo", pois "o Yerbo se fêz homem". 1~ o apogeu da revelação divina.

Mas enfim, quem é ês le homem"? Eis o nosso engano: não é um homem, é O HOl\lK\1, Aquele que realiza em si, totalmente . ..t idéia que Deus tem do homem , aquilo que o homem deve ser. Aquêle que segue em nossa frente , mas pisando conosco o mesmo barro, para que nós possamos - colocando os pés onde Êle os colocou - seguir com Êic e realizar r.:om :11:.lc o nosso "destino". É Deus que resolveu vir caminhar conosco, só para que nós possamos caminhar com Êle. e isto não é amor! ... Amor absurdo, de que somente a loucura de um Deus é capaz. Mais absurdo ainda: tudo isto não está assim tão distante de nós como poderiam dar a entender os nossos 2.000 anos. Não; Cristo vive, ressuscitado c glorioso, independente portanto, das leis do tempo e do espaço, condições necessárias de nossa vid~~ mortal. :Ele vive. O mistério do seu amor, que o leva a e sa irrup-

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ç:ão em nossa pobre história, não é coisa do passado ou que tenha um passado. É agora, neste instante, provisório para nós, definitivo para Êle; é neste instante que se realiza essa dádiva do Amor Absoluto, dádiva de Si mesmo aos mortais. Eis o porquê do Natal: não para ·comemorarmos o que aconteceu há dois mil anos, pois que isso de nada nos interessa. Mas para revivermos em tôda a sua intensidade êsse mistério, cuja única explicação é a infinitude do AMOR. Mas que Natal tem sido o nosso? Chegamos a perceber algo de tudo isso? Pela vida que em geral levamos, parece tão distante de nós o AMOR. Parece tão relativo e pequenino o amor que sabemos viver! Deus continua lá distante, lá em cima, quando ~ realidade é totalmente outra: "O Verbo se fêz homem, e habitou entre nós". Frei E. A. Nunes

As férias são um período privilegiado para retomar contato com a natureza e para deixar-nos penetrar, agradecidos, das belezas da criação, permitindo assim, longe da agitação e das ten!'Ões que frequentemente nos esmagam no dia a dia de todo 0 ano, um contato mais vivo e prolongado com o Criador. Transcrevemos a seguir a carta de um Conselheiro Espiritual a quem os seus equipistas tinham pedido algumas palavra'> rápidas de orientação espiritual, visando o melhor aproveitamento das férias. "Caro.s amigos "No decorrer de nossa última reunião, vocês manifestaram o desejo de receber algum8.s rápidas palavras de orientação

espiritual que os ajudassem a levar em tôda a parte e a encarnar mais intensamente c impulso <tdquirido no decurso dêste eno de vida de equipe. Vivamos em espírito de "peregrinação" êstes meses de férias.

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A peregrinação é uma ruptura com o quadro habitual em que vivemos, e com as nossas ocupações. Deve nos ajudar a superar o que não raro tende a nos paralisar espirituaimente. Assim devem ser as nossas férias. Oferecem-nos a oportunidade de multiplicar os contatos com múltiplos aspectos da criet;ão, a ocasião de renovar o sentido do sobrenatural presente em tôda realidade. Exerçamos sem cessar a n<NlSa fé na universal e sempre atuante presença de Deus. Façamos de todos acontecimentos, de tôdas as alegrias, a oportunidade de um encontro pessoal com o Deus vivo que nos envolve com a sua ternura e o seu amor. Em espírito de fé e de confiança filial, exercitemo-nos em sentir pousado sôbre nós o olhar daquele que é Amor, elevemos para Êle o nosso olhar reconhecido. Saibamos reservar ciosamente algumas horas de verdadeiro silêncio tão cruelmente difícis de obter durante o ano - e, impregnados de pai, pi"CCUremos n'Aquêle que é, reservas que nos tornem maiores. Como a Virgem da "Visitaçãd'1 sejamo também nós portadores do Cristo; e que todos os nossos contatos - um simples "bom dia" - possBtn transmiti-lo àqueles que de nós se aproximam. Daí a necessidade de nos encontrarmos diàriamente com o Senhor por meio da prece, mesmo muito simples, mas na qual o diálogo com Deus seja uma realidade cheia de fé e amor. Que a emoção ante a beleza que nos cerca, qualquer que eja, nos transporte até Êle, fonte de tôdas as maravilhas que contemplamos.

Esta atitude espiritual criará em nós "a alma nova doperegrino" em marcha para hcrizontes sempre renovedos, e tendendo, através de todos os espetáculos, para um encontro mais pessoal com Deus, têrmo de tôda a nossa peregrinação. Ao transmitir-lhes os meus votos pessoais de boas férias, quero assegurar-lhes que estarão diàriamente presentes às minhas preces junto do Altar''.

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As Equipes de Nossa Senhora em 1970 Na conferência "Vocação e Itinerário das ENS," pronunciada em Roma em 1959, o Cônego Caffarel traçou as etapas do nascimento e do desenvolvimC'Tlto das Equipes ao longo de seus vinte primeiros anos. Em 4 de maio último, no palácio dos Congressos de Roma. Marie e Louis d'Amonville fizeram um balanço dos onze anos decorridos após 1959 e um levantamento da situa~ ção atual. Transcrevemos as passagens essenciais da sua exposiçãq

Recebemos no Centro Diretor um bom número de cartas, umas a caminhar em frente, outras dizendo-nos que as ENS estão em decadência, que estão moribundas, que elas já não se prestam a jovens, que elas não se prestam mais aos velhos e não sabemos quanta coisa mais. encorajando~nos

Estarão as Equipes de Nossa Senhora descendo um plano inclinado? Certamente que não! É preciso dizê~ lo sem receio : elas vivem, elas se movem, elas progridem, não sem dificuldades certamente, pois é difícil manter o rumo num mar agitado, como é o nosso mundo atual. Nem tudo é perfeito, mas estaremos confiantes no porvir se os casais se dispuserem a marchar para a frente. São as razões dessa confiança que queremos expor a vocês. Para isso, primeiramente veremos o que foi o Movimento nos últimos onze anos; em seguida serão recordados os fatos principais dêsse período e, em terceira parte, apresentaremos as dificuldades que encontramos atualmente e também as esperanças que elas geram.

O desenvolvimento das ENS nos últimos onze anos Como se desenvolveu o Movimento nos últimos onze anos? Lembremos que foi em 1938 que se reuniu em Paris, com o Pe. Caffarel, o primeiro grupo de quatro casais que seria o ancestral de nossas Equipes. Em 1959 já havia 1.100 equipes de Nossa Senhora, distribuídas por 19 países: hoje em dia há 3.500 constituídas em 31 países; essas 3. 500 equipes agrupam cêrca de 20. 000 casais.

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As etapas dessa progressão foram as seguintes : 1.000 equipes em 1958 2.000 equipes em 1962 3.000 equipes em 1966 3.500 equipes em 1970 A progressão foi, pois, muito rápida; em consequência, hoje em dia, a maior parte do Movimento é formada por equipes jovens: 55 % das equipes não têm 5 anos de existência, ao passo que as equipes com dez ou mais anos de existência não representam senão cêrca de 10 % do Movimnto. E êsse aspecto de juventude é acentuado pelo fato de a idade média dos casais que entram no Movimento haver baixado ligeiramente nos últimos anos. Mas, observa~se uma certa diminuição nesse crescimento nos últimos dois anos; dissemos diminuição e não parada. Realmente o número de equipes anualmente admitidas, depois de atingir um máximo em 1967, voltou em 1969 ao nível dos anos 1963/6. Constatamos essa diminuição em locais onde o Movimento foi implantado há mais tempo, tais como Barcelona, Bruxelas e Paris; mas no mesmo período, em outras áreas, o ritmo da progressão continua a acelerar~se: é o caso de certas regiões da Espanha, da França e de Portugal, sem falar de países onde o Movimento se iniciou mais recentemente : Estados Unidos, Itália, por exemplo. Anualmente nascem equipes em novos países. Se foi grande o crescimento numérico das Equipes nos últimos anos, paralelamente sua cobertura geográfica alargou-se. Assim, equipes formaram- se : na Austrália e na Colômbia em 1961 em Madagascar e no Vietnã, em 1962 no Líbano e na Irlanda, em 1963 no Japão e nos dois Congos, em 1968 na India, em 1969 Se olhamos para a distribuição das equipes pelos vários continentes, constataremos que a Europa ainda possui a maioria, com 2.850 equipes, contra 500 nas Américas, 80 na Africa, 30 na Oceania e uma dezena na Ásia. Mas é importante sublinhar que sõmente 61 % das equipes falam a língua francesa, ao passo que 16 % são de língua espanhola, 16 % de língua portuguêsa; os 7% restantes dividem-se entre o inglês, o alemão, o italiano e algumas outras línguas. Quanto às equipes da França, não representam mais do que 39% do total do Movimento. Apesar dêsses progressos não nos devemos esquecer que em grande número de países não existem equipes. Certamente gostaríamos de vê-las constituídas em todos os países católicas, desde que possam ser de algum proveito aos casais dêsses países; mas existem casais católicos em mais de cento e cinquenta países; portanto a coisa não é para já! Sem ir a êsse ponto, devemos ter consciência de que grandes países católicos ainda desconhecem o Movimento; e que êle está apenas se iniciando em países que contam

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com muitos milhões, até muitas dezenas de milhões de católicos, tais como a Alemanha, a Áustria, a Itália, os Estados Unidos, a India, a Colômbia ... Há portanto um grande esfôrço de difusão a ser feito, devendo ser dada prioridade aos países onde não existem outros grandes movimentos familiares cristãos. Êsse deverá ser nosso objetivo nos próximos anos. Êsse rápido desenvolvimento não deixou de trazer problemas; vocês bem podem imaginá-los: problemas para a direção do Movimento e problemas para sua animação. Problemas administrativos

Infelizmente dependemos de uma gestão administrativa, como qualquer grande coletividade humana. Alguns números e alguns fatos darão a vocês idéia do vulto dos problemas que se nos apresentam: - o orçamento anual global do Movimento elevar-se-á em 1970 a cêrca de Cr$ 680 . 000,00 (não incluídas as despesas com a peregrinação a Roma) ; os trabalhos de Secretaria ocupam, incluíndo vários países: 25 pessoas em tempo integral, - 12 pessoas em meio perído; em 1969, o movimento de correspondência da Secretaria Geral em Paris foi de aproximadamente: - 30 . 000 cartas recebidas - 180. 000 cartas, circulares ou volumes despachados. Para fazer face ao crescimento das tarefas, tivemos que tomar muitas decisões importantes nos últimos dez anos; lemb raremos duas: - instalação da Secretaria Geral em nôvo local, amplo e bem dividido, graças à generosidade dos casais do Movimento que atenderam à subscrição em 1963; - criação em 1962, de Secretarias Locais. As Cartas Mensais e os diversos documentos do Movimento são traduzidos em oito línguas; sua tradução e distribuição agora se fazem por equipes que trabalham em diversos países, equipes que também realizam outras tarefas : fichários , coleta das contribuições, trata-se de uma verdadeira descentralização da Secretaria Geral de Paris. Problemas de animação

Todos os que ocupam cargos de responsabilidade em nosso Movimento devem transmitir notícias, mas, acima de tudo, êles são animadores, animadores espirituais. Ora, é muito difícil animar espiritualmente através de cartas ou documentos. Como conciliar essa exigência com o crescimento de uma grande organização como a do nosso Movimento? Não é um problema simples.

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Durante êstes últimos anos, três idéias orientaram nossas decisões: simplificar ao máximo o trabalho administrativo dos Responsáveis; o quanto possíveL manter contatos diretos entre os casais e nós; criar uma estrutura que permita ao mesmo tempo uma ànimação tão humana quanto possível e trocas em ambos sentidos. Para isso, antes de mais nada, aliviamos o escalão de base que é o Setor. Bernadette e Michel Foucard, hoje pertencentes ao Centro Diretor, eram em 1958 responsáveis do Setor de Paris, que agrupava 99 equipes; hoje em dia os Setores não compreendem mais do que duas dezenas de equipes, às vêzes menos. Mas, em consequência disso e do crescimento do Movimento o número de Setores aumentou consideràvelmente; atualmente há 228; e não se passa um mês sem que novos Setores surjam: os últimos foram os de Luxemburgo, das Antilhas, da Inglaterra e de Angola, Para animar êsses Responsáveis de Setor, foi necessário aumentar o número de Casais Regionais; havia 17 em 1959; agora há 44'. Mas logo pareceu difícil, se não impossíveL animar diretamente de Paris algumas dezenas de Casais Regionais. Assim, em 1960, decidiu-se criar um nôvo escalão na pirâmide da organização do movimento: o Casal Super-Regional. Inicialmente eram dois; hoje são sete: cinco franceses, um belga e um espanhol. Entretanto, êsse desdobramento da organização do Movimento não resolvia um problema que, cada ano, exigia mais atenção por parte dos membros do Centro Diretor: como dar a casais não franceses responsabilidades na cúpula do Movimento? Bsse problema não tinha solução fácil, pois o Centro deve reunir~se frequentemente. em princípio cada semana, e é impossível pedir-se a casais residentes longe de Paris que compareçam a reuniões com essa frequência . Assim, após tentativas infrutíferas e depois de ter estudado diversas fórmulas, decidimos, em 1969, criar um Conselho que, a pedido do Centro Diretor, estudará os grandes problemas do Movimento. Bsse Conselho que fará sua primeira reunião plenária em setembro próximo, agrupará, em tôrno dos casais do Centro Diretor, uma dúzia de casais escolhidos em função de sua competência. Ble fará reuniões plenárias apenas uma vez por ano, o que permitirá a casais não franceses serem seus membros.

OS FATOS SI6NIFICATIVOS DO PER(OOO 1959 - 1970 Nessa segunda parte Marie e Lc·uis d'Amonville recor~ dam as decisões tomadas, a orientação escolhida, as pesquisas feitas para que as Equipes de Nossa Senhora "atendam, cada vez melhor, às necessidades dos casais e às necessidades da Igreja no domínio da espiritualidade conjugal".

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Sles lembram particularmente os inquéritos efetuados por ocasião do Concílio, a pesquisa Sexualidade, as Equipes Antigas e as "Fraternités foseph et Marie" (0 texto da sua exposição sôbre êsses dois últimos pontos foi publicado na Carta Mensal internacional de maio de 1970).

As dificuldades e as Esperanças "As Equipes de Nossa Senhora, vivem, desenvolvem-se e esforçam-se para cada vez melhor responder às necessidades dos casais e às necessidades da Igreja", mas isso não é feito sem dificuldades, sem problemas. São essas dificuldades que, de maneira muito franca, queremos agora relatar a vocês. Nós as classificamos em duas categorias: aquelas que demonstram uma certa "contestação" ao Movimento e aquelas que, ao contrário, são sinal de uma certa apatia , desinterêsse, afrouxamento do entusiasmo pelo Movimento. A contestação é uma característica da nossa época, vêmo-la brotar em tôda parte; ela existe até na Igreja, é fatal, pois. que a encontremos em nosso movimento. Partindo de uma pequena minoria , ela se manifesta sob três formas: ......- contestação das estuturas e, através delas, da autoridade: cada um gostaria de participar da. direção do Movimento; ......- contestação da regra imposta: alguns gostariam de escolher sua própria regra; ......- contestação da orientação estabelecida pelos responsáveis pelo Movimento. As contesta.ções trazem consequências positivas, obrigando os responsáveis nos diferentes escalões a se manterem, e cada vez ir mais ao fundo dos problemas; obrigando os casais em cada equipe a serem mais sinceros e exigentes em relação a êles mesmos e em relação aos outros. Mas, por vêzes, as contestações têm também ação negativa, à medida em que semeiam dúvidas e até destroem, e sobretudo à medida em que nos fazem perder de vista o essencial, que para nós é a procura de Deus. Todavia, a presença a esta peregrinação dêstes dois mil casais mostra que muitos são os casais fiéis ao Movimento. Sem dúvida, mais grave é o desinterêsse, o afrouxamento do entusiasmo pelo Movimento aue se manifesta em certas equipes.

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seja porque os ca:;aJs relaxam: não se obrigam aos esforços necessários para progredirem e fazerem progredir sua equipe e o Movimento. ~ seja porque julgam-se livres para escolherem entre os métodos e obrigações aquêles que lhes convém, rejeitando os outros: ~ seja por não se sentirem co-responsáveis pelo Movimento: passam então a ser consumidores e tornam~se fàcilmente murmuradores.

~sse fenômeno tem múltiplas repercussões: baixa no cumprimento das obrigações, em especial da frequência aos retiros, queda da participação nos dias de estudo de Responsáveis por Equipe... Mas há certas repercussões que tendem a acarretar graves consequências para o próprio Movimento; referimo-nos à falta de recursos e à escassez de elementos para ocuparem cargos de responsabilidades.

A contribuição não é uma das obrigações fundamentais: a bem falar ela não é um meio para progresso espirituall Mas é evidente que as ENS não poderiam viver sem as nossas contribuições! Ora, é uma obrigação pouco acatada; não que cada casal não deixe de contribuir, mas quantos realmente dão o que se comprometeram a dar: "o fruto de um dia de trabalho por ano"? Citamos há pouco o montante do nosso orçamento; citamos igualmente o número total de casais do Movimento; façam um cálculo rápido: o salário médio dos membros das ENS não atinge mil cruzeiros por mês! O Movimento, sem dúvida, consegue manter-se com os recursos de que dispõe atualmente, mas não podemos vislumbrar nenhum desenvolvimento de nossas atividades, em especial, nenhum contato com os grandes países católicos de que falamos há pouco, nenhum contato com os países do terceiro mundo. E, por várias vêzes nos últimos meses, por falta de recursos, tivemos que renunciar a viagens que eram solicitados na Ásia, na Africa ... Vocês acham isso normal? Confessaremos a vocês que sentimos o coração apertado quando recebemos cartas dizendo-nos: "Eu contribuo apenas com tal soma, porque os serviços que vocês nos prestam não valem mais". Os casais das Equipes de Nossa Senhora terão tão pouco sentimento missionário quando se trata de seu movimento. Falta dinheiro, mas o que é mais grave, faltam elementos para ocuparem cargos de responsabilidade. ~ cada vez mais difícil encontrar casais que aceitem dedicar algum tempo ao Movimento, seja para assumirem alguma responsabilidade, ou para prestarem algum serviço passageiro.

Sabemos que muitos casais estão bastante ocupados em tarefas apostólicas, e alegramos-nos com isso, mas como poderá um Movi~ mento viver se seus membros não aceitam, em determinado momento, alguma responsabilidade?

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A êsse respeito queremos lembrar um problema hoje particularmente crucial: o dos casais que chamamos de "tempo integral" ,isto é, aquêles casais que se dedicam inteira e unicamente ao Movimento. Em 1959 o Pe. Caffarel já salientava a necessidade urgente de ver casais renunciarem momentâneamente a suas profissões, para se dedicarem ao desenvolvimento e ação apostólica do Movimento. Depois dêsse apêlo os efetivos das Equipes de Nossa Senhora t1 iplicaram e nós não somos senão três casais a lhes dedicar todo o nosso tempo! É notõriamente insuficiente e confessamos a vocês qu~ frequentemente, nós que aceitamos essa responsabilidade, nos angustiamos diante da imensidão das tarefas a realiza;: e da mcapacidade em que nos encontramos de lhes fazer face com todo o capricho desejável. Sem dúvida somos instrumentos nas mãos do Senhor; é :(;:le quem age através de nós; se fôssemos ricos em recursos humanos, teríamos a tendência para confiar sômente nesses meios humanos e para esquecer aquela verdade essencial. Mas talvez também haja negligência de nossa parte, de nós casais de tempo integral , pois nosso trabalho é maravilhoso e nós não o proclamamos suficientemente. É realmente uma graça poder êssim consagrar todo seu tempo , tôda sua vida a. serviço do Senhor. Certamente isso não é feito sem dificuldades, pois o Senhor é exigente; mas :(;:le também é magnanimo. :(;:le devolve em cêntuplo. Os casais que consagram atualmente algum tempo ao Movimento, como nós mesmos, poderão disso dar testemunho. A vocês que estão aqui presentes fazemos um apêlo, pedindo que o transmitam aos casais da sua equipe, do seu Setor: a messe é abundante, em todo o mundo são numerosos os casais que aguardam uma mensagem que o Movimento lhes poderia transmitir; mas os ope rários são poucos demais! :e:sses são nossos problemas, nossas dificuldades. Todavia não queremos encerrar êste capítulo em dizer que, ao lado dessas dificuldades, observamos igualmente numerosos sinais de saúde e de vitalidade; particularmente: ___. numerosos casais jovens acorrem atualmente às ENS e nela s encontram-se muito à vontade, à medida em que, desde o início, são ajudados a entender o espírito de nossos métodos e a vivê-lo: a pesquisa realizada em 1969 junto a 1. 200 jovens casais foi rica de ensinamentos a êsse respeito; ....... numerosos casais antigos , por ocasião dos Anos de Aprofundamento , redescobriram o sentido profundo do Movimento e dêle par~ ticipam com uma nova juventude; temos certeza que seu trabalho de reflexão, de aprofundamento, influênciará tôdas as equipes nos próximos anos. Sejamos pois lúcidos, objetivos, quanto às dificuldades que encontramos; tenhamos consciência de que nos defrontamos com uma fase importante do Movimento, mas permaneçamos otimistas.

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Conclusão

Continuemos bastante otimistas, pois, a par do balanço do aspecto humano que acabamos de fazer, deveria ser feito um outro : o do auxílio para a vida espiritual que milhares de casais recebem , que nós mesmos recebemos em nossa equipe; o relatório de tôdas as maravilhas que o Senhor realiza cada dia através das nossas 3 . 500 pequenas "Ecclesia" . E vocês acreditem que êsse relatório, se pudéssemos fa zê-lo, seria extraordinàriamente positivo! Sejamos, pois, objetivos. fraquezas, divergências.

Sempre encontraremos dificuldades,

Mas elas têm bem pouca importância. O que importa é que o Senhor possa utilizar nossos métodos, nossas estruturas, nossas orientações, enfim, tudo o que caracteriza o Movimento, para que cresça seu Amor em cada um de nós e em todos os casais que confiam nas Equipes de Nossa Senhora; para ajudar-nos a progredir em direção a Deus. Mas há para isso uma condição essencial a cumprir: a comunhão cada vez mais profunda entre nós, comunhão no Amor de Cristo, esta comunhão em que tão bem vivemos há 4 dias. A vocês todos aqui presentes cabe serem os apóstolos dessa comunhão em seus países, em suas equipes. E então as Equipes de Nossa Senhora poderão ser êsse movimento de paz e de alegria na fé, do qual a Igreja, da qual o mundo tem tanta necessidade.

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CONFIANÇA DOS LEIGOS EM CRISTO E NA IGREJA

No dia 11 de abril, .Paulo VI dirigiu a palavra aos participantes da VI Assembléia Ge1·a1 da Conferência Episcopal Italiana, itiscorrenl:to sôbre a confiança. Dêle extraímos o trecho abaixo que diz respeito a nós, leigos.

Se, realmente, o laicato católico, como a Igreja hierárquica há mais de cem anos espera, e como o Concílio ensina e exorta, quiser corresponder à vocação própria de todo o Povo de Deus, vocação que lhe reconhece a dignidade e a função do sacerdócio comum derivado do batismo, vocação que o destina à perfeição cristã, que o une orgânicamente ao corpo eclesial, que o chama autorizadamente ao trabalho de propagação do reino de Cristo e ao exercício ativo do apostolado, e que, por fim , exige dêle obediência aos Paslôres, que Lêm a responsabilidade do govêrno dos fié1s, e colaboração com os mesmos Paslôres, enlão a Igreja verá lelllJ?OS novos: ver-se-á a si mesma, modelada segundo a primitiva tradição cristã e segundo as exigências teológicas da sua eonstituição; verá a autenticidade da oração e dos costumes cristãos tornar-se evidente e exemplar; verá a sua organização fortificar-se na concórdia fraterna e na caridade operosa; verá, finalmente, a sua irradiação no mundo tornar-se mais am.pla e mais benéfica. Nós temos confiança no Laicato católico. É o humilde testemunho pessoal da Nossa vida sacerdotal que o diz e o exercício do Nosso magistério pastoral confirma. Desejamos que vós, leigos católicos, tenhais confiança na Igreja. Deveis oferecer-lhe a dupla dádiva generosa e cordial da confiança e da fidelidade. A confiança e a fidelidade não impõem uma adesão passiva. não são uma dócil preguiça, como talvez alguém possa pensar. Sustentada pela confiança, a t1delidade é coesão, é coerência, é defesa, é colaboração. Além disso, é relativa participação e coresponsabilidade; mais ainda, é estímulo à iniciativa dirigida e disciplinada, que comporta a liberdade própria do cristão adulto e maduro que educou a sua consciência à luz da autêntica doutrina da Igreja, especialmente quando age no campo das realidades temporais. A êste propósito, pode-se dizer que o Concílio, por um lado. deu importância ao caráter "eclesial" do leigo católico; por ou-16-


tro, reconheceu-lhe uma autonomia "secular" que distingue, na esfera que lhe é própria, a sua responsabilidade da responsabilidade da Igreja, o que deveria inspirar ao leigo aquela confiança de que estamos a falar. É claro que não se deYe pensar que o poder da Igreja, tanto no campo da doutrina como no da ação, deriva da comunidade eclesial democràticamente operante, aos Pastôrcs, porque isto seria ceder a uma falsa opinião. Mas, recordando que, na Igreja, os Pastôres, por vontade de Cristo e em virtude da investidura sacramental, são constituídos doulôres e dispensadores dos mistérios divinos ao serviço de tôda a comunidade e, também , para o bem dos que não pertencem a ela, recordando, além disso, que esta realidade comporta uma organização eclcsial original, não modelada segundo os esquemas convencionais da sociedade temporal, será bom e fácil estabelecer novas 1·elações orgânicas entre a Hierarquia e o Laicato católico, que dêem ao mesmo Laicato a dignidade c a funcionalidade qu e lhe foram r econhecidas pelo Concílio. Portanto, confiança!

(Do "Osservdore Romano", ed. portuguêsa, 19 . 4 . 1970)

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UM DIÁCONO CASADO

Ainda é bastante recente a orientação da Igreja que restabeleceu o Diaconato dos casados - é natural pois, que exista uma certa curiosidade a êsse res,peito. E nada melhor que um bate-papo com um diácono para satisfazer êsse interêsse. Aproveitamos nossa estadia em Florianópolis para entrevistar o primeiro leigo casado, ordenado Diácono. C.M. -

Por favor, a qualificação de praxe.

D. -

Meu nome é Eduardo Mário Tavares, funcionário público federal, aposentado e casado há 23 anos. Temos 4 filhos - três moças e um rapaz. A mais velha com 21 anos e a mais nova com 12. C.M. -

Quer dizer que sendo aposentado não existe incompatibilidade entre a profissão e o diaconato?

D. -

Apesar de aposentado, trabalho, em expediente normal. na Campanha Nacional das Escolas da Comunidade (antiga Campanha de Educandários Gratuitos). É um trabalho afim com o diaconato, de modo que não atrapalha de forma alguma. aem mesmo do ponto de vista _de disponibilidade, já que minhas funções são exercidas principalmente à noite e nos fins de semana. Mas qualquer que fôsse minha profissão não atrapalharia o meu ministério. Aliás, é essencial que o diácono trabalhe normalmente, pois deve estar perfeitamente inserido na comunidade. De outra maneira haveria o perigo de clericalizar-se (ser um padre em miniatura). E o diácono pertence à Comunidade, representa o próprio homem do povo no altar, fazendo assim êSte homem do povo sentir-se mais perto do altar. C.M. -

E como apareceu a "Vocaçãd'?

D. -

I•

Eu pensava que vocação é tendência ou propensão mas não é só isso: A palavra "vocação" vem do latim "vocare" - que quer dizer chamar e fui chamado. Tudo começou com um trabalho de recristianização do Natal, começado pelas E.N.S. aqui em Florianópolis. Embora eu não pertencesse às Equipes (era do M.F.C.) entusiasmei-me com a idéia e iniciei

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em meu bairro o movimento. Esta pequena comunidade nascida em volta de um presépio cresceu, aumentou e novos trabalhos foram surgindo. Até que o Arcebispo, antigo colega de seminário, convidou-me para fazer a primeira experiência de Diaconato. Como não sabia bem como era isso, respondi que aceitaria condicionalmente - mas ao tomar conhecimento, a aceitação foi plena, amor à primeira vista. C.M. -

Conte-nos, agora, ccmo surgiu o Diaconato na Igreja Católica.

D. -

O diaconato dos casados surgiu na Igreja antiga - mencionado no Capitulo 6 dos Atos dos Apóstolos. Enquanto a Igreja foi perseguida, o diaconato existiu. Quando, sob Constantino, a Igreja ligou-se ao Estado, o diaconato permanente foi desaparecendo. Agora volta, através do Concílio Vaticano Il. Não será um indicio de que a Igreja está voltando às suas origens nesta reforma atual? C.M. -

Quais as funções de um Diácono?

D. -

Um Diácono pode fazer tudo que um padre faz , menos consagrar, confessar e crismar. Se pode dar unção dos enfêrmos existe uma dúvida teológica - e considerando a existência desta dúvida não a administramos. O diácono não pode celebrar a Eucaristia, mas pode levá-la e distribui-la. Pode presidir os casamentos e batizar. Hoje a Igreja tende a voltar à pequena comunidade, onde a vivência é maior, e não considerar os fiéis como massa. A meu ver, uma das principais funções do diácono é ser o criador e o animador destas pequenas comunidades - êle seria o mais indicado para nelas fazer nascer uma comunidade de Igreja. A minha casa, por exemplo, transformou-se em verdadeiro Centro Comunitário - onde as crianças jogam ping-pong na garagem, e onde os jovens, quando querem, fazem baile. É evidente que isso algumas vêzes traz algum desconfôrto mas existem recompensas. Sou muito procurado por pessoas que querem desabafar problemas de família - parece que as pessoas . principalmente as mais afastadas da Igreja, procuram com mais facilidade um diácono que um padre, por senti-lo como um igual, como um homem do povo.

C.M. -

Pelo que ouvimos, sua família apoia totalmente seu ministério. Qual é a aceitação da espôsa e dos filhos?

D. -

Quando recebi o convite para ser diácono, minha primeira dúvida foi a família. Só aceitei fazer a experiên-

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cia depois que o Arcebispo afirmou que em primeiro lugar estaYam os compromissos de família c depois os do diaconato e que era essencial a concordância da família. Outra preocupação foi como levar a idéia à família. Achei que o melhor seria um sacerdote amigo levar a noticia, pois não queria dar impressão de que a iniciativa era minha. Mas, passado o primeiro momento em que todos se amedrontaram com a idéia de que eu poderia me separar dêles, aceitaram plenamente. Não há dúvida de que existe algum sacrifício - por isso lá em casa costumamos, periodi~amenle fazer revisões nas quais peço que seja reclamado caso sintam que eu os estou abandonando por causa do ministério. Mas, até agora, nada foi reclamado. Pelo con lrário, grande tem údo a colaboração da família. Nosso bairro tem uma população flutuante de turistas muito grande - c isso causava dispersão dos moradores permanentes. Minha espôsa tem feito um trabalho de congraçamento - e como resultado as famílias são hoje muito mais unidas.

C.M. -

E ccmo foi feita sua formação? Quãnto tempo levou?

D. -

Foi feita na Escola de Diáconos de Pôrto Alegre. O curso lodo levou dois anos e meio. Cada seis meses tínhamos dez dias de curso intensivo sôbre determinada matéria: Liturgia. Teologia, Bíblia, Pastoral, etc.. Depois voltávamos para casa e continuávamos por correspondência. Além disso o trabalho prático na Paróquia, ajudando batizados, casamentos, cursos de noivos e outros trabalhos paroquiais.

C.M. D. -

C.M. -

Quais as condições para ser diácono?

Além da disponibilidade de assumir um compromisso definitivo e efetuar um trabalho gratuito é necessário: ser entrosado em uma comunidade conhecimento de nível médio boa reputação ter mais de 35 anos ser casado ter situação econômica definida já existem outros diáconos em Santa Catarina?

D. -

Sim. Já existem seis ordenados: três em Pôrto União, um em Joinville, outro em Chapecó e eu aqui em Florianópolis. E aqui em Florianópolis existem 6 candidatos já colaborando em trabalhos práticos nas paróquias.

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C.M. -

É quase praxe encerra'1' uma entrevista com algum caso pito-

resco. Tem algum para contar?

D. -

Temos um pequeno rancho de férias no povoado da Armação - local onde vivem pescadores e gente simples. Não sabem ao certo o que é um diácono, mas vieram a mim reclamar por não ter missa no local. Expliquei-lhes que não pode ria rezar missas mas fizemos algumas "Celebrações da Palavra". Quiseram fazer uma procissão a N. S. dos Navegantes. Colaborei com êles e, aliás, a procissão estêvc muito concorrida. Com isso fiquei conhecido como o "Padre da Praia" c minha espôsa "a mulher do Padre da Praia".

* msn=1u::JçAo oe novos seToRes Conhecendo a dedicação e o esfôrço de tôdas as equipes da região sul e região Rio de Janeiro, foi aprovada a criação dos seguintes novos setores: Setor Setor Setor Setor

de Pôrto Alegre de Caxias rlo Sul de Brusquc "B" de Rio de Janeiro

COMPROMISSO Com satisfação comunicamos que a equipe n. 0 1 de Ilu, sol, a invocação de Nossa Senhora da Candclária, fêz seu compromisso às 17 horas do dia 2.~ de outubro último.

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dVotícias dos' cSetoces ARAÇATUBA -

Depois do Mutirão ...

Só quem já organizou um pode avaliar quanta preocupação, insônia e dor de cabeça que isso causa. . . Mas creiam, tudo a gente dá por bem pago quando, durante dois dias, juntamente com irmãos equipistas, se ri, se estuda, se discute e até se briga, mas principalmente se medita e se reza. l\Iandamos telefonemas, recados, bilhetes, circulares e cartas aos equipistas de várias cidades. Preparamos acomodações para vinte casais num lugar calmo e ficamos esperando as inscrições. E elas vieram. . . quatro casais. . . dez casais. . . vinte casais ... quando estourou a meia centena de casais a nossa alegria cresceu tanto quanto o nosso nervosismo. Faltando uma semana, tivemos que mudar o local da reunião para o Colégio dos Padres Salesianos para que todos coubessem. O dia começou para nós às seis da manhã: levantar, preparar o café da manhã dos viajantes e correr à Rodoviária para esperá-los. O ônibus chega. . . logo nêle descobrimos o sorriso do pessoal da ECIR. Só a presença dêles é já uma garantia do sucesso dêsse nosso mutirão. Quando chegamos ao colégio já encontramos a postos a turma da recepção e da secretaria, colocando crachás e recebendo contribuições. Chegou a turma de Guararapes, a de Birigui, a de Promissão! Lins! Marília! Garça! Dracena!. . . Grande emoção diante da alegria sadia dos encontros, todos ansiosos em tirar proveito dessa comunhão de idéias. Éramos cento e dez _pessoas ao todo, incluindo oito sacerdotes. Não vamos contar a vocês todos os detalhes dêsse Mutirão, porque vocês vão achar que êle foi igual aos outros. Houve três conferências sôbre assuntos cada um mais oportuno do que o outro. Houve grupos de trabalho ... Houve missa concelebrada por cinco sacerdotes com momentos de cânticos, de silêncio e de recolhimento. . . Houve orações e troca de idéias em plenário.

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Dentro do horário ditatorial, estabelecido pela equipe de serviço, houve tempo para um passeio a fim de que todos conhecessem Araçatuba, cidade do asfalto, capital do boi gordo. Na última sessão de confraternização houve discursos e mais discursos, agradecimento de um lado, elogios do outro e tudo

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Casais Participantes do

Mutirão de Araçatuba.

terminou em um jogral, onde se dizia que o Mutirão foi recordista em comparecimento, em amor e em ... calor. Resta-nos agora agradecer: à E.C.I.R., por nos mandar uma equipe de elite, inteligente, alegre e segura do caminho a trilhar. aos equipistas de Marília, Garça, Dracena, Lins, Promissão, Birigui, Guararapes porque o seu comparecünento ao nosso Mutirão nos encheu de entusiasmo e nos dá coragem para partirmos para um outro. aos equipistas de casa, os queridos equipistas de Araçatuba, pela cooperação decidida. Formaram com a Coordenação um só corpo, uma só cabeça, prontos para o trabalho, cumprindo em tôda sua extensão o nosso ideal de servir. As lembranças permanecem, é sempre agradável recordar, e aqui estaremos prontos a lutar pelo Movimento de Equipe, prontos a acolher os nossos irmãos de ideal e prontos para alendcr qualquer solicitação que o Movimento nos faça.

E é só ... -23-


. MOGI-MIRIM E CAMPINAS No ensolarado domingo de 11 de outubro, 1\Iogi-l\lirhn movimentou suas duas Equipes e "convocou" as Equipes de Canlpinas para um agradável encontro de confraternização. O Seminário dos Franciscanos abriu suas porlas aos equipisLas c lá se reuniram trinta e cinco casais: de Mogi-l\Iirim, de Campinas e um ca~al do Movimento Familiar Cristão da cidade ... e .1 filharada tôda. Não fallou a presença da ECIR, representada por dois casais , como não faltou a palavra enlusiasmante do Nicolau na palestr:.1: "E.N.S. escola do Mandamento Nôvo". A Missa da Fraternidade, tão intimamente participada por pais c filhos, deu a tônica dêsse dia de amizade, lodos irmanados na alegria e no Cristo. Um apetitoso churrasco aprontado por famosos "churrasqueiras" rivais, propiciou uma "lula" de que sairam vitoriosos .. . os convivas. Grandes encontros futebolísticos, primeiramente dos filhos dos cquipistas e os seminaristas franciscanos e por último o famoso "MO-CAM", isto é, o jôgo entre os jovens equipislas de Mogi·· Mirim e os "veteranos" de Campinas, encerraram o dia feliz e inesquecível de mais um encontro fraterno de cquipislas. Parabéns a Rachei e Álvaro c às Equipes do Setor de Campinas. SÃO PAULO Realizou-se no sábado, dia 10 de outubro, mais uma reunião da ECIR com os Responsáveis Regionais do Brasil. Durante todo o dia, em um ambiente de muita fraternidarle, foram tratados diversos assuntos a respeito das Regiões do Brasil e de intenêsse do Movimento. A grande notícia da vinda ao Brasil do Côn. Caffarel, em setembro do próximo ano, polarizou a atenção de todos, iniciando-se logo uma proveitosa troca de idéias, que será objeto de novas reuniões, para a elaboração da programação de tão importante acontecimento. O compromisso das Equipes, as reuniões de Balanço de 1970. a vida das tRegiões, a difusão do Movimento, seu crescimento e o "Mutirão" da Capital, a se realizar nos dias 21 c 22 de novemhro próximo, foram outros assuntos estudados, com resultados positivos, que aos poucos irão sendo divulgados. Com a parte de oração, meditação e Missa de encerramento, completou-se êssc dia de muita produtividade, de muito auxilio fraterno. A ECIR e os REGIONAIS recomendam muitas orações para que, por intercessão da Mãe Santíssima, Deus abençoe as iniciativas do Movimento e seus participantes, concedendo-lhes a graça de um crescimento cada vez maior no Cristo e na Igreja.

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2-1 -


IT AICI -

Sessão de Formação

Complementando a notícia dada no úllimo número da Carta l\Iensal, esclarecemos que na Sessão de Formação de Dirigentes, realizada em Itaici , de 4 a 7 de setembro, estiveram presentes 39 casais. A equipe de serviço, pela primeira vez, foi constituída por casais não paulistanos, provenientes de Jundiaí, Itu, S. José dos Campos e Vassouras.

Flagrante do Plenário

Missa de Encerramento

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UM CONGRESSO REGIONAL DA FAMÍLIA

Todos os equipistas são apóstolos em potencial e constantemente encontramos testemunh08 dP atividades individuais dos casats. Neste artigo transcrevemos carta recebida de correspondentes de cidade onde os equipistas, unindo-se realiZaram, entre 8 e 10 de outubro último, nada menos do que um Congresso da Famtlia, cujo• resultados não podem ser medidos pelo número de partictpantes nem pelas palavras bonitas que lá foram aitas, mas apenas pelos frutos que, agora, amanhã, neste mês ou daqui a bastante tempo, irão amadurecer .

A idéia de promovermos uma sene de encontros de casais, que pudesse atingir famílias de vários credos e classes sociais, com a finalidade de levar a outros lares tôdas as riquezas que temos recebido, nasceu de nosso querido conselheiro espirituaL frei Luís Gonzaga Costa. Foi êle quem, pràticamente, "pôs fogo na turma" e deu a orientação, já que sua experiência com movimentos de casais lhe dava certeza de poder-se obter bons resultados com empreendimentos desta natureza. Pusemos mãos à obra e conseguimos organizar tôda uma propaganda, convidando o povo da cidade e das vizinhanças, católico ou não, para participar do que acertamos chamar de I. 0 Congresso Regional da Família. A divulgação foi feita através de cartazes e faixas espalhados pela cidade, pela rádio local e, principalmente, pelos convites que foram entregues pessoalmente aos casais amigos nossos. Quantos contatos preciosos conseguimos com vizinhos, amigos arredios a coisas sérias . .. ! Tivemos também, é importante que se diga, valiosa colaboração de casais do Movimento Familiar Cristão, de cursilhistas, de jovens telecistas e dos vigários que passaram a movimentar-se na campanha de promoção do Congresso. Frei Luís manteve os contatos com as famílias de fora que viriam nos trazer a sua mensagem. Tivemos a alegria de receber casais de quem jamais nos esqueceremos, tal o valor do seu testemunho de autêntica vivência cristã e de disponibilidade ao chamado de Cristo.

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Assim é que conseguimos desenvolver um programa de se_i._, palestras, duas por noite. A primeira foi proferida pelo bom frei Luís, as demais por casais do Movimento Familiar Cristão e das Equipes de Nossa Senhora. As palestras foram muito boas e agradaram a todos quantos puderam assisti-las. Após cada uma, os casais presentes enviavam perguntas escritas e anônimas para o conferencista. Com base nessas perguntas, era iniciado o debate. Interessante como êste foi um verdadeiro diálogo, demonstrando o interêsse de quase todos em completar o que outro acabara de dizer. Se os casais foram ótimos na exposição de suas idéias, melhor ainda se saíram nas respostas !ls perguntas que lhes foram feitas. É certo que nem tudo saiu como planejáramos; por exemplo: na primeira noite, ocorreu um tremendo temporal que assustou lodo mundo, mas ... que deu "aquêle" toque romântico, por ter;_ninarmos a palestra à luz de velas! Nesta altura, o encanto pessoal do nosso frei foi colocado à prova e êle venceu a escuridão!

Cremos que o saldo foi mais do que positivo e estamos animadíssimos em organizarmos, para o ano que vem, o II.° Congresso 'Hegional da Família, focalizando quem sabe, assuntos de Educação de filhos. Um carinhoso abraço de JUNDIAí

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110\'L\lENTOS CRISTAOS -

estão ativos? consegutrão transmitir alguma coisa para as gerações futuras?

O PAPEL DA ESCOLA DE PAIS

Os jornais e revistas das mais variadas espcc1es, no seu afã de manter bem informados seus leitores sôbre o desenrolar dos .lconlecimentos em Lodo o mundo, apresentam muitas vêzes êstes mesmos acontecimentos sob uma forma sensacionalista, própria talvez de um moderno jornalismo, mas totalmente imprópria e negativa sob o aspecto de uma boa formação moral e cívic.a de seus leitores. Transmitem a imagem de um mundo inteiramente deformado, onde guerras fratricidas se sucedem, escândalos sociais se multiplicam, onde crimes, os mais bárbaros, se praticam um rosário enfim, de atos e fatos que, mostrados como o são, eJU tôda a sua crueza, oferecem a todos nós a nítida impressão de rrue pràticamente nada mais existe que possa salvar a sociedade de hoje de uma derrocada total. Ao nos defrontarmos com este quadro, perguntamos a nós mesmos: o que pode esperar de nós Aquêle que foi o criador de tôdas as coisas e em Quem depositamos tôdas as nossas esperanças? Certamente que não poderemos admitir que o Seu desejo seja o de assistirmos de braços cruzados a esta verdadeira catástrofe em que, segundo notícias que nos chegam diàriamente, parece estar mergulhada tôda a humanidade. Será que não existem movimentos interessados em desfazer esta imagem absolutamente negativa do mundo de hoje? Será que não existem pessoas ou grupos que, em lugar de provocar escândalos que só servem para alimentar as mentes mal formadas, :se preocupem com o bem estar de seus semelhantes, com o amparo ~tqueles que necessitam de um pouco de calor humano, de um pouco, enfim, de amor fraterno? Com a graça de Deus podemos responder afirmativamente a esta indagação. -

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Serão poucos diante do número imenso de pessoas que prc· cisam dês te amparo, desta assistência? Certamente que sim, mas o que é incontestável é que êles existem. e que, como sementes, podem muito naturalmente se multiplicar. Nós equipistas devemos nos considerar engajados nesta sublime missão. Inúmeros outros movimentos trabalham, igualmente, sem a menor dúvida, para que êste mesmo fim seja alcançado. ~este instante gostaríamos de ressaltar o relevante papel que: tem sido desempenhado pela ESCOLA DE PAIS, movimento de todos nós conhecido e que, com aquêle calor humano que lhe (· peculiar, tanto tem se dedicado ao relacionamento entre os cônjuges c entre êstes c seus filhos, num nível sempre tão elevado moralmente e, ao mesmo tempo, repleto de base científica. ~um encontro recente com Dona Alzira Lopes, que, com seu marido, Senhor Antônio Fernando Lopes, formam o casal presidente da Diretoria Executiva do movimento em nosso Pais, pudemos aquilatar o quanto tem já sido feito pelo mesmo, não só dentro de nossas fronteiras como no exteriOr. Disse-nos Dona Alzira que o movimento, surgido no Brasil em 1963, portanto há sete anos, por iniciativa de Madre Inês de Jesus, então Provincial das Cônegas de Santo Agostinho, e lan· çado à família brasileira por intermédio do Presidente da Associação de Educação Cristã, Padre Lionel Corbeil, é dotado da<> seguintes características formais e estruturais: é um movimento particular, voluntário, com personalidade jurídica, reconhecido de utilidade pública, apolitico e aconfessional. Tem à sua frente um Conselho Técnico de Educadores, sob cuja responsabilidade ~stá o temário e o preparo dos casais líderes. Tratando-se de um movimento que visa ajudar a família, a ESCOLA DE PAIS, atinge casais de todos os níveis sócio-econômko-culturais, de quaisquer religiões. Nela têm livre acesso tôdas as pessoas que desejarem e se interessarem por êsté importante assunto que é o da educação da família. O movimento, nascido na França, adotou no Brasil caracterJsticas um tanto diversas. Naquele País, sua orientação inclinouse mais para o campo da terapêutica, ao passo que no Brasil enlcnderam os seus introdutores que melhor seria que o movimento representasse algo que pudesse servir como que um remédio preventivo para os inúmeros males a que estão expostos os casais ao encararem os problemas conjugais e familiares que se lhes :1presentam. O movimento se expandiu de forma apreciável, estando pre•;cnte hoje em inúmeros países, tais como Inglaterra, Iugoslávia, Israel, Portugal e Paraguai. Gestões estão sendo feitas para que -29-


outros países venham a conhecer as ESCOLAS DE PAIS, estando ja programados lançamentos nas cidades de Roma e Florença.

na Itália, Caracas, na Venezuela, no México, no Chile e na Colômbia. Prosseguindo nos informou Dona Alzira, sempre demomtrando um grande entusiasmo pelo movimento que dirige, que o temário da ESCOLA DE PAIS e o sistema de trabalho empregados representam um meio privilegiado de formação de pais. Hoje com a necessidade da educação permanente, a educação dos pais preenche uma função neces ária, único meio existente para se conseguir diminuir a incompreensão cada vez mais agravada entre as gerações. Essas dificuldades são particularmente agudas nos países em desenvolvimento, onde a evolução da estruturas familiares, devido à industrialização e à urbanização, está sendo realizada no espaÇo recorde de algumas dezenas de anos, quando, nos países mais desenvolvidos foi realizada no decurso de centenas. Nesta expectativa, a ESCOLA DE PAIS se propõe a um trabalho gigantesco, mas necessário, de mudança de mentalidade a ser realizado em todo o território nacional, uma vez que ela está sendo levada a todos os cantos do Brasil, com um grande entusiasmo. A ESCOLA DE PAIS funciona durante todo o ano, reunindo os casais em círculos, que tem a duração de sete semanas, com uma aula por semana. Os casais com maior disponibilidade são convidados a participar de um curso de formação de líderes, curso êste realizado normalmente duas vêzes por ano, nos meses de março e agôsto. ~tes casais, por sua vez, serão os encarregados da direção de outros círculos. Desta maneira vai-se difundindo cada vez mais o movimento, procurado sempre por grande número de casais, que nêle encontram algo de positivo no sentido de uma melhor conscientização dos problemas que os afligem, preparando-os a aplicar, de uma forma eficaz, em relação a êstes mesmos fill1os, a filosofia educacional que têm em mente, sempre voltada, muito naturalmente, no sentido de procurar "tornálos homens íntegros, autônomos, livres e capazes de agir com segurança, sabendo o que é certo e querendo o que devem". A ESCOLA DE PAIS procura recordar sempre aos pais que ·'somente poderemos contar com nossos filhos amanhã na mesma medida em que êles puderem contar conosco hoje".

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CALENDÁRIO DOS GRANDES ENCONTROS PARA 1971

A E.C .I.R. programou, em princípio, os seguintes encontros para 1971:

6 de Março

sábado

3 a 4 de Abril

sábado/ domingo

Encontro da EClR com os Responsáveis Regionais do Brasil, em São Paulo Dias de Estudos de Casais Responsáveis de Equipes e das Coordenações do Brasil, em São Paulo

5 de Junho

sábado

Encontro da ECIR com os Responsáveis Regionais do Brasil, em São Paulo

29 de Outubro a 2 de Novembro -

sexta a terça-feira -

SESSÃO DE FORMAÇÃO em Pôrto Alegre -

12 a 15 de Novembro

sexta a terça-feira-· SESSÃO DE FORMAÇÃO em Itaicí (S.P.) -

4 de Dezembro

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sábado

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l 0 Grau

l Grau 0

Encontro da ECIR com os Responsáveis Regionais do Brasil, em São Paulo

A programação do mês de SETEMBRO foi enviada à França, pois consta de Encontros, Sessões de Formação, Cursos, etc., com a presença de nosso querido Côn. Henri Caffarel. Tão logo aprovada, será dada à publicidade.


BALANCETE DA TESOURARIA SET EMBRO DE 1970

RECEITA: Cr$

Contribuições .................... . Venda de Livros c Impressos ....... .

CrS

5.881,63 125,60

saldo credor em 31 de agôslo de 1970 .......... .

6.007,23 8 .4~34,3~)

DESPESAS:

Reimpressão 4 números da Carla ;\leusal Equipes Novas .............. . Salários (setembro) .............. . Carla Mensal Setembro ............ . Sessões de Formação - llaicí e Floriancypolis ..................... . Material para Escritório (slencils, papel, tinta, ele.) .. .. ............. . Impressão Pastas para Sessão de Forn1ação ........................ . 5.a prestação .Viagem a Roma ...... . Aluguel ......................... . Correio, Condução, Telegramas, Rodoviária ......................... . Mutirão Araçatuba ................ . Viagem a Teresina ............... . Estadia Roma .................... . Telefone . . . . . . . . . . . . . . . ........ . Luz ............................. . Ialcrial de Conservação c Limpeza ..

2.160,00 1.750,00 1.667,00 1.173,63 839,50 780,00 fi65,90 500,00 460,33 438,00 400,00 250,00 83,44 26,00 21,60

saldo credor em 30 de setembro de 1970

11.218,40 3.223,22 11.411 ,62

CONTAS A PAGAR :

Carla Mensal de Outubro . . . . . . . . . . 2. 075,00 Reimpressão do lema Amor e Casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 .14·1,00

3. 219,00 -

32 -


11

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'RdiroJ para 1970 dia 27 a 29 de novembro, em Baruerí (em silêncio) Pe. Oscar :\Ielanson dia

1 a

6 de dezembro ,

Clll

\'alinhos

Pe. Alfonso Pastare

'Rdit•oJ para 1971 preparados pela Região São Paulo

7 a

\) de maio, em Baruerí

28 a 30 de maio, em \'alinhos

11 a 13 de junho, em Barued

6 a

8 de agóslo, em \'alinhos

27 a 29 de agôsto, em Barueri 1 O a 12 de setembro, em Baruerí 24 a 26 de setembro, em Valinhos 8 a 10 de outubro, em Barueri 22 a 24 de outubro, em Baruerí (sem filhos)

5 a

7 de novembro, em Valinhos

19 a 21 de noYembro, em Yalinhos 26 a 28 de novemb1 o, em Baruerí 3 a

5 de dezembro, em Valinhos

Os nomes dos pregadores serão comunicados oportunamente. Três retiros serão em absoluto silêncio. Quaisquer informações com o casal Suzana e João Baptista Vil1ac, rua l\Ionte Alegre, 795 - S. Paulo (cap.) - Tel.: 62-8092.

-

III --

·-


TEXTO DE MEDITAÇÃO

Neste mês em que nos preparamos para a vüHia de Jesus, levados a pensar na Sua segunda vinda no fim dos tempos. Hora incerta que devemos temer e para a qual, segundo o aviso do Senhor, cumpre estarmos preparados. Nesta preparação, Nossa Senhora mesma, cuja Imaculada Conceição celebramos logo nos primeiros dias, sobressai entre os humildes e pobres, que d'Êlc esperam c recebem com fé a Salvação. "E agora, filhos , permanecei n'Êic, para que, quando aparecer, tenhamos confiança c não-sejamos confundidos por Ele ua sua vinda. Se sabeis que ele é justo, saheis também que todo aquêle que pratica a justiça é nascido d'Êie". (I .To. 2,28-29).

~omos

ORAÇÃO LITúRGICA (Sal. 24)

Revela-me teus caminhos, Senhor para que me acostume con1 teu modo de agir Assenta os meus passos na tua verdade, pois Tu és o Deus que me salva, por ti espero o dia inteiro. O Senhor é bom e justo,

reconduz os transviados, orienta os pobres na defesa dos seus direitos e a todos ensina os seus caminhos. Tudo o que faz , é amor e fidelidade , para os que vivem a aliança , e observam as suas leis. Enquanto espero por ti, Senhor, a integridade e a retidão serão minha defesa. Mas, vem, Senhor, libertar o teu povo, de tôdas as suas angústias. oremos:

Senhor, nosso Deus, que cada ano nos conccdcis a alegria de esperarmos a nossa salvação, recebendo alegres o vosso Filho único, que vem salvar-nos, fazei que possamo~ contemplá-lo sem receio, quanâo vier como juiz. Êle que conVosco vive e reina em unidade com o Espírito Santo. AMÉM.

-- IV li


H

Al AL

A Equipe da Carla Mensal deseja a todos um

e/ieliz

tJfjala/.

Nesta Festa em que comemoramos na alegria o nascimento de Jesus, sejamos "um só coração e uma só alma" para pedir que venha ao mundo a Paz anunciada pelos Anjos, essa Paz de que tanto precisam os homens de hoje. Neste mundo conturbado, sacudido por tanta violência , sejamos nós, cristãos, instrumentos de paz, cada um em seu meio, a fim de que ela possa alastrar-se e estender-se por tôda a Terra. Peçamos especialmente pela nossa Pátria para que todos os seus filhos possam viver como irmãos, trabalhando para que seja instaurado entre nós, cada vez mais, o "Reino de verdade, de amor, de justiça e de paz" que Cristo veio prenunciar.


EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciere Paris Xlli EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 São Paulo (Cap.)

Tel.: 80-485ll


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