ENS - Carta Mensal 1973-2 - Abril

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1973 Abril

EDITORIAL - A Ascese . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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O corpo e a prece . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Como rezar hoje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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À escuta da palavra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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O ateísmo e os cristãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Evangelho, base da nossa comunidade . . . . . .

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O casal responsável e sua equipe . . . . . . . . .

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Um casal apóstolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Um lema de estudo - O Evangelho . . . . . . . .

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Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Mini-sessão de formação de reg ionais . . . . . .

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Encontro anual dos casais responsáveis de setor, regionais e Ecir . . . . . . . . . . . . . . . .

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Notícias internacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . .

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. 04530 -

Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 04530 -

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SAO PAULO, SP.

somente para distribuição interna -

Te!.: 80-4850


EDITORIAL

A ASCESE

Tenho a impressão de que são muitos os equipistas meio perdidos em relação à ascese. Ainda há poucos dias, três deles vieram falar comigo sobre o assunto. A conversa terminou com esta exclamação: "Se nos tivesse dito isso há mais tempo!". Ora, o "isto" é uma coisa muito simples. Vou portanto ser simples, até mesmo simplista, como o fui com os meus três interlocutores daquele dia. Não vou argumentar, mas sim apelar para a experiência diária de cada um. Se sabemos amar, sabemos também o que é a ascese. Os que praticam o amor praticam necessariamente a ascese. Não é uma exigência arbitrária de um pregador melancólico, mas sim a exigência fundamental do amor. Não há medalha que não tenha verso e reverso, nem moeda sem cara e coroa: o amor e a. ascese são as duas faces de uma realidade. Impossível progredir no amor do outro, se eu não mortificar o meu amor próprio, enquanto ele for egoísta e reivindicativo. Com efeito, não posso ao mesmo tempo dar e receber, ter uma atitude de doação de mim mesmo e simultaneamente obedecer à cobiça, ser ablativo e captativo, enjagar-me e esquivar-me, ter como polo a minha própria pessoa e o outro. Na verdade, o amor e o egoísmo coabitam no meu coração. Mas tal coexistência não é pacífica. Amor e egoísmo entendem-se mal, opõem-se. Estão, abertamente ou não, em perpétuo conflito. A menos que assinem, com a minha cumplicidade, um protocolo de acordo, para dividirem entre si o meu coração, a minha vida. Contrato de ingênuos, entretanto: cada um, insidiosamente, vai esforçar-se por exterminar o outro. Amor e egoísmo tendem cada um para a hegemonia. Atenção, porém! Ao lermos estas considerações não entremos logo em especulações. Mas procuremos penetrar em nós mesmos, espreitemos os movimentos do nosso coração, entreguemo-nos, mesmo que seja por somente um dia, a um exame inflexível, não direi "de consciência" pois a palavra irrita, mas -1-


"do coração". A noite faremos então um estudo do nosso "cardiograma", que nos dirá provavelmente, entre outras coisas: Amo a minha mulher, a meu marido. E desejo amar cada vez mais (pois já não existe amor no coração que diz "já chega!" e não deseja amar mais e melhor). Ora, constato que muitas coisas freiam, entravam, retardam o meu ímpeto de amor. É durante uma conversa, esse desejo de não ceder, de ter sempre razão; é, quando toca o telefone, o desejo secreto de que o outro o vá atender antes de mim; é o desejo do silêncio que me impede de dar o melhor de mim mesmo - durante a oração conjugal, por exemplo; ou então é um demônio tagarela que me faz falar de mim próprio, enquanto cresce no outro a angústia secreta de não ser nunca escutado. E todas essas impaciências ... Serão elas geradas pelo amor do outro? Ao longo do dia, qual o polo que atrai a agulha de minha bússola? Será a felicidade, o bem do outro, ou será o meu "eu"? E na vida sexual? Não seria destituído de interesse que nos interrogássemos também acerca das relações com os nossos filhos. Quantas censuras não são ditadas por um amor-próprio ferido, mais do que por uma verdadeira ternura! Mas detenho-me aqui, pois o campo é muito vasto ... Terei conseguido demonstrar-lhes que todo amor implica numa exigência de ascese, sendo esta entendida como uma preocupação, um esforço corajoso, leal, inteligente, metódico, perseverante, para modificar o egoísmo que, sem cessar, aberta ou insidiosamente, se torna um obstáculo ao amor, a fim de cultivar em nós tudo aquilo que nos fará ter acesso a um mais profundo amor? E se o amor humano exige a ascese, que dizer, com mais razão ainda, do amor a Deus! HENRI

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CAFFAREL


O CORPO E A PRECE

Ao ver, nas margens do Ganges, ao despontar do dia, aqueles inumeráveis hindus de pé, imóveis, olhos fechados . . . ao ver as multidões da Meca, prosternadas ante Alá ... como duvidar, observando-os, que o corpo tem um papel a representar na oração? Recordo-me daquele padre que eu vi, certo dia, de joelhos, peito erguido, rosto plácido: foi para mim, aos dezoito anos, o mais eloqüente discurso sobre a oração silenciosa. São tantos os cristãos que têm consciência do íntimo apelo a esta forma de oração e que ficam desolados por não conseguirem ser-lhes fiéis. São tantos os que se afligem ante a pressão importuna das "distrações". Não seria isto devido a confiarem demasiado nos recursos do intelecto e do coração? O corpo esquecido, desdenhado, entorpece ou emperra. Sim, é certo, o corpo também quer rezar; aspira por Deus: "Meu coração e minha carne clamam pelo Deus vivo" (Salmo 84). Aí está, para comprová-lo, o testemunho de todos aqueles que tiveram um dia a feliz idéia de a ele recorrer: perceberam que o corpo estava pronto a colaborar. E sei de muitos que, nas horas em que a alma se acha por demais sucumbida, sentem-se felizes em lhe dar procuração: "Senhor, já que não posso nem pensar em ti, nem dirigir-te a palavra, escuta no entanto a linguagem de meu corpo prosternado".

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Entretanto, a idéia de associar o corpo à prece, não pode aflorar na mente daqueles que têm uma idéia falsa a respeito. É preciso pois, em primeiro lugar, pensar certo. Refutar as doutrinas dualistas que consideram corpo e alma como duas realidades mais ou menos independentes e antagônicas: para uns, a matéria é desprezível, quando não intrinsecamente má; outros só vêem no corpo uma prisão da qual a alma deve se evadir para encontrar Deus; para os descendentes de Descartes, o homem é constituído da justaposição de uma alma e de um corpo. Na realidade, o homem é uma unidade, um corpo-animado, uma alma-encarnada, um todo-único. Não devo dizer, portanto, "o corpo que tenho", mas sim, "o corpo que sou". O corpo é a face visível da pessoa: é o "eu-que-atuo", o "eu-presente", o "eu-que-me-manifesto". Mas pensar certo não é suficiente; é preciso agir de acordo: não se trata de atender ao corpo com a desenvoltura, por exemplo, com que deixo de lado assim que cheguei, a bicicleta que acabo de pedalar; nem tão pouco de ceder aos seus caprichos não é um cão a quem jogo um osso para que me deixe em paz; nem é um senhor ao qual me escravizo. Digamos, isto sim, que é preciso amá-lo: está implícito no dever urgente de amar a si mesmo. E que, antes de tudo, é preciso cuidar dele: ficar atento ao alimento, à higiene, ao repouso, ao sono, à cultura física, ao esporte. . . Quantos pecados por omissão, neste terreno, e dos quais nunca nos sentimos culpados! Mas, vamos subir mais um degrau: é preciso educá-lo com inteligência, paciência, perseverança, isto é, corrigir os seus defeitos e cultivar as suas virtualidades. Mais ainda, é preciso "habitar o próprio corpo", realizar o "casamento do corpo e do espírito". Mas estas palavras não terão sentido para aqueles que ainda não se submeteram à experiência. Mais elevada ainda é a ambição do cristão: trata-se, para ele, de adquirir um "corpo espiritual" (1 Co 15, 44) , todo "impregnado" do Espírito Santo. Ainda aos Coríntios, São Paulo propõe este incrível ideal: "O corpo é para o Senhor e o Senhor é para o corpo" (I Cor 6, 13). Na verdade, será isto tão surpreendente, se considerarmos que o cristão se alimenta do corpo ressuscitado de Jesus Cristo? Este preâmbulo um tanto longo era necessário antes de tratar da participação do corpo na oração. O mínimo que se pode pedir ao corpo é que não se oponha à prece, como uma criança rebelde, reivindicadora, sensual. E que, não se opondo, não a perturbe por suas enfermidades, seu cansaço, sua tensão física -4-


e nervosa - esta doença do homem moderno. Com freqüência o corpo perturba a oração, pela respiração desordenada, superficial, porque não se iniciou à arte de respirar. Outras vezes, se o corpo não ficar firme - e imóvel - o espírito dificilmente terá acesso à verdadeira calma: daí a grande importância das atitudes corporais de firmeza e estabilidade. Aliás, devem ser, ao mesmo tempo, atitudes de quem está bem desperto - porquanto há atitudes estáveis que convidam ao sono. Todo aquele que se exercita em dominar as flutuações biológicas de seu corpo, constata muito cedo que se aplacam nele as flutuações mentais. É preciso ser mais ambicioso ainda e obter do corpo o seu concurso positivo à oração. Fazer com que o espírito se beneficie de sua vitalidade, de seu equilíbrio, de sua paz. Treinar o espírito para o "relax" como também para o estímulo, para o abandono, a oferenda a Deus. É preciso saber, ainda, que o corpo é rico de energias: uma vez captadas, canalizadas, fortificam o espírito, sustentando-o na atividade da prece.

Ora, a alta vocação do corpo é a de ser linguagem - o que se compreende de maneira pungente na cabeceira de um ente querido que perdeu o uso da palavra e dos gestos. Utilizar os recursos do corpo para exprimir a vida profunda é uma grande arte: é verdade nas relações humanas e não menos verdade nas relações com Deus. Daí a importância de conhecer as atitudes que favorecem a estabilidade e a vivacidade do corpo, as que traduzem as diferentes atitudes internas daquele que reza. Cabe a cada um descobrir quais as que melhor respondem à intimidade de sua oração, conforme as disposições do momento. E volto assim ao ponto de partida: é belo o homem absorto na oração, o corpo transparente à alma, e que, na sua atitude, nos seus gestos e movimentos exprime a vitalidade de uma alma ardente que adora e ama. Como é desejável que o homem de oração consiga esta sintonia entre o corpo e · o espírito! E que, convencido de que tal coisa é possível, queira exercitar-se em atingí-la. Entretanto, neste como em outros domínios, importa distinguir o essencial do secundário. Em se tratando da oração, a atividade primeira cabe ao espírito, ao "coração", no sentido bíblico do termo. Não esquecer a palavra do profeta: "Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim". (Isaías, 29, 13). Não obstante, o esquecimento da parte que cabe ao corpo pode comprometer a atividade primeira, a do espírito.

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É bem evidente, entretanto, que é possível rezar, e até mesmo com uma prece admirável, na doença e na enfermidade. Ao corpo torturado pelo sofrimento cabe então outra maneira de participar da oração oferecida a Deus: a de Cristo na cruz. Sadio ou doente, feliz ou dolorido, o corpo do homem deve ser ostensório da alma em oração, uma transparência a Deus: "Glorificai pois a Deus no vosso corpo", escrevia São Paulo aos Coríntios (I Cor. 6, 20). E aos romanos (Rom. 12, 1): "Eu vos exorto, irmãos, pela ternura de Deus, que ofereçais vossos corpos (é realmente a palavra corpo que se encontra no texto grego) como hóstia viva, santa, agradável a Deus: tal é o culto espiritual que vos cabe prestar".

HENRI CAFFAREL tdo opúsculo "Le Corps et la Priêre")

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COMO

REZAR

HOJE

este o sub-título de um dos últimos capítulos CRISTO ESTA VIVO - editado pela Livraria Duas Cidades. Michel Quoist já é largamente conhecido entre nós, através de seus livros "Poemas para rezar" e "Construir o Homem e o Mundo" ... O que caracteriza este autor é a sua linguagem fácil e o seu estilo agradável que nada perde, no entanto, em profundidade. E é também o conhecimento exato que tem das dificuldades com que se defronta o cristão de hoje, envolvido num mundo cada vez mais desumano. Por isso mesmo conhece ele o quanto é difícil o recolhimento que a oração requer- como se depreende dos trechos de seu livro que a seguir transcrevemos. É

do novo livro de Michel Quoist -

"Não é fácil rezar. O que perturba o homem quando reza é ter ele a impressão de 'falar no vazio'. É verdade que, ao querer assegurar a transcendência de Deus, muitas vezes o banimos da vida e o colocamos acima da vida, no céu". Estas palavras sintetizam bem a queixa que ouvimos de muitos equipistas que, apesar da boa vontade, não conseguem fazer os dez minutos de meditação. Têm eles a impressão de que Deus está silencioso. Mas:

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"É absolutamente falso dizer que Deus se cala. Ele fala e, quase sempre, o homem não responde. No entanto o homem precisa rezar porque é feito por Deus e para Deus. Sem este contacto ele se asfixia progressivamente, como o peixe que morre fora da água".

"Deus ninguém jamais o viu, mas Jesus Cristo, os homens o viram, tocaram, ouviram. Se o procurarmos, poderemos encontrá-lo, ouví-lo, responder-lhe". Podemos encontrá-lo, ouvi-lo, responder-lhe, porquanto ele nos deixou o seu Evangelho que é a própria Palavra de Deus trazida aos homens por seu divino Filho. O que é preciso é fortalecer a nossa fé em Cristo que nos fala no Evangelho:

"Cremos ou não cremos que Deus nos falou? Se cremos que: "Mais de uma vez e de muitas maneiras Deus falou outrora a nossos pais por meio dos profetas e ultimamente nos falou por seu Filho" (Heb. 1, 1); se cremos que Jesus Cristo, ao revelar-nos o Pai e seu infinito amor, exprimiu-se por uma vida e com palavras humanas; se cremos que quatro de seus apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, escreveram o essencial de sua mensagem, tanto para o ensino como para a vida litúrgica e missionária das primeiras comunidades; se cremos, enfim, que pelos Evangelhos, Deus falou, por Jesus Cristo, não somente a estes primeiros cristãos mas também aos homens de todos os tempos ... se cremos tudo isto mas não frequentamos regularmente essa Palavra, então somos totalmente inconseqüentes e não nos podemos dizer cristãos, isto é, de Cristo". "No Evangelho Jesus se dá a conhecer. Entrega o segredo de sua alma. Rezar é, antes de tudo, responder-lhe pura e simplesmente. É falar com ele, pedir-lhe esclarecimentos, admirá-lo, agradecer-lhe. É também dar-se a conhecer, contar a própria vida, confrontando-a com a dele". Mas não é só através do Evangelho que Jesus Cristo nos fala. Ele o faz igualmente através dos acontecimentos que fazem a trama de nossa vida cotidiana, onde ele se acha presente, realizando a sua promessa: "Eu estarei convosco até o fim do mundo".

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"A partir da vida, deveríamos estar em diálogo contínuo com Cristo, já para pedir que a retifique, a purifique, já para oferecer-lha a fim de que ele a penetre totalmente e a viva conosco". O Evangelho, os acontecimentos, eis "as duas dimensões da oração", na expressão de Michel Quoist. A partir do Evangelho e do acontecimento escolhido e olhado na fé, podemos entabolar conversa com Jesus Cristo. Mas há uma condição a preencher:

"Os verdadeiros amigos sentem necessidade de parar para conversar. É preciso também parar para falar com Jesus Cristo. É preciso fazer-lhe a difícil oferenda de um pouco de nosso tempo". Oferenda realmente difícil, pois é justamente aí que está o grande obstáculo para o diálogo com Deus. Como parar se estamos envolvidos por uma multidão que nos arrasta no torvelinho de ocupações múltiplas e absorventes. Como fazer silêncio dentro de nós, condição para a oração, se "fazer silêncio se torna psicologicamente impossível para o homem moderno"?

"É preciso não se desencorajar mas alegrar-se pois, através dessas dificuldades, Jesus Cristo nos ensina qual deve ser hoje nosso modo de rezar. . . Não se trata de expulsar as distrações mas de acolher a vida para oferecê-la a Deus. O que mais nos assalta o espírito é para nós o que mais importa. É o que devemos, muito especialmente apresentar ao Pai, por Jesus Cristo, nosso Senhor: quer para lhe pedir perdão, quer para agradecer-lhe ou pedir a sua ajuda e, seja como for, para que a pessoa, o acontecimento, a parcela de vida que nos preocupa, não sejam desviados de seu fim, mas desabrochem perfeitamente em Jesus Cristo segundo o desejo do Pai". Não se trata, diz Michel Quoist, de "uma espécie de tentativa para tornar mais fácil a oração, trajando-a de acordo com a moda" . O ideal será sempre a palavra do Evangelho: "Quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta .. . " Mas, se ainda nos é muito difícil "desligar" para nos entretermos a sós com Deus, procuremos, apesar da agitação e do ruído, atender ao chamado de Deus que nos espera e "fazer-lhe a oferenda difícil de um pouco de nosso tempo " . Se formos perseverantes:

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"Mais tarde, e somente mais tarde, depois de uma longa e perseverante fidelidade, sem queimar etapas, alguns cristãos poderão apresentar-se perante Deus enriquecidos por um profundo silêncio interior. Não será fruto de recalque ou demissão e fuga diante da vida, mas a justa recompensa dos que se tiverem habituado a entregar tudo a Cristo e viver tudo nele ao ritmo da vida". Por que não seríamos nós, cada um de nós, um destes cristãos que, pela sua perseverante fidelidade em dar a Deus alguns minutos de seu precioso tempo, chegam a merecer a graça do silêncio interior e, até mesmo, ascender ao grau mais alto da oração que é a contemplação? Com todo o realismo que o caracteriza, Michel Quoist afirma :

"A contemplação está ao alcance de todos. Como a oração, não está reservada a uma categoria especial de cristãos, a aristocratas da vida espiritual. Quem ama autenticamente pode também contemplar". "A contemplação ao alcance de todos" é porém outro sub-titulo do livro que nos propusemos apresentar-lhes . CRISTO ESTA VIVO merece ser lido na integra .

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ESCUTA DA PALAVRA

À

Segunda parte da conferência pronunciada pelo Revmo. Pe. Caffarel nas Sessões de Itaici e Florianópolis.

Depois de termos visto (cf. Carta Mensal de março) que a Palavra de Cristo faz a Igreja, vamos ver que esta mesma Palavra, viva no Evangelho, faz também a pequena célula da Igreja que é a família.

* O Evangelho no lar

O sacramento do matrimônio incorpora a pequena célula conjugal ao Corpo de Cristo. Assim como faz a Igreja, o Evangelho "faz" a célula da Igreja e faz dela uma comunidade penitente, uma comunidade de fé , uma comunidade de esperança, uma comunidade de amor. Comunidade penitente

A grande tentação do casal cristão praticante, que não comete pecado grave, é a de comparar-se com os outros e julgar-se melhor do que eles. Pode ele observar a lei e por vezes adotar uma lei mais exigente ainda. Mas se não frequentar o Evangelho, muito cedo arriscar-se-á a cair num fatal contentamento de si. É o farisaísmo. O Evangelho é um livro perturbador. Abala a nossa confiança. Com a sua leitura o cristão se reconhece pecador. Ou ele fecha o livro, ou se convence de pecado e começará a fazer penitência, isto é, a desviar-se dos bens que o cativam, para melhor se voltar para Deus. Comunidade de fé

A fé não é somente adesão de meu cérebro, de minha inteligência, mas sim de todo o meu ser, de toda a minha vida. É -11-


adotar o ponto de vista de Cristo sobre tudo o que se passa ao redor de mim: paternidade, educação, uso do dinheiro, apelos da Igreja e do mundo. Só a meditação do Evangelho, assídua, inteligente, humilde, leal, permite entrar no pensamento de Cristo e adquirir a sua mentalidade. O casal que passa a ler seriamente o . Evangelho, adquire uma nova visão das coisas e passa a reagir de acordo, de conformidade com as normas evangélicas. Isto pode criar dificuldades com o meio que o rodeia e provocar contradições, oposições e até mesmo sorrisos irônicos. A força do casal residirá ~a certeza de que se apoia na palavra do Senhor. Ela não só nos mostra as exigências do Cristo, mas nos dá a força de seguí-lo. Comunidade de esperança

O Evangelho leva à descoberta das admiráveis promessas de Cristo. E faz nascer a esperança: resposta do homem às promessas de Deus. Promessa do Pai que zela pelos seus filhos: "Vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas essas coisas. Procurai primeiro o Reino de Deus e sua justiça" (Mat. 6, 32-33). Promessa do Cristo de que estará sempre com os seus: "Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles" (Mat. 18, 20). Promessa de responder a nossos rogos: "Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vô-lo dará" (Jo. 16, 23). E principalmente a grande promessa do Espírito Santo: "Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Advogado que estará convosco para sempre" (Jo. 14, 16). Se nos deixamos dominar pela angústia, é porque não vivemos em contato com estas promessas. O Evangelho faz nascer a esperança. A Esperança é o amor que espera o que o Amor prometeu. Comunidade de amor

Todas as páginas do Evangelho revelam o amor de Cristo. A Paixão é a manifestação suprema deste amor: "Nisto conhecemos o Amor, em que Ele deu a sua vida por nós" (I J o. 3, 16). O coração humano precisa saber-se amado por outro; bem o sabeis, vós que sois casados. O amor de Deus declina no coração do cristão que não é assíduo leitor da Palavra. É que o Evangelho é uma carta de amor, do amor de Deus, dirigida a mim. O amor suscita o amor. Onde reina o amor de Deus, se instaura necessariamente o amor mútuo. E este amor humano que tem sua fonte no amor de Deus, se chama caridade. -12-


Um casal que se alimenta da palavra de Deus é um casal onde habita o amor caridade. Caridade que, em círculos concêntricos, transbordará além do casal, para estender-se a toda a família, se expandirá para os próximos, aclarando, aquecendo, reconfortando. Exaltando o Evangelho, não estaríamos diminuindo os livros de espiritualidade? Não têm eles então valor? Há quem diga que os livros de espiritualidade nada mais são do que o próprio Evangelho explicado, colocado ao alcance de nossa mentalidade. Entendamo-nos. A grande diferença entre o Evangelho e os livros de espiritualidade, é que os últimos transmitem idéias, ao passo que o Evangelho é a palavra viva, permanente, operante, do Cristo. A mesma que, outrora, acalmava a tempestade, curava os doentes, ressuscitava os mortos. A mesma que perdoava os pecados e gerava filhos de Deus. A palavra de Cristo no Evangelho nada perdeu em atualidade, nada perdeu de sua virtude, continua a possuir a mesma força criadora. É na medida em que a Igreja está apegada à Palavra de Deus que ela é missionária. Sem isto ela se volta sobre si mesma: é um "gueto". Assim é para os casais. Os que se alimentam da Palavra de Deus, adquirem uma força explosiva e a necessidade de transmitir aos outros aquilo que os faz felizes. O Evangelho, a Bíblia, são o remédio para uma equipe chegar ao transbordamento.

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O ATEíSMO E OS CRISTÃOS

Ghandi, ao conhecer as Bem-Aventuranças, demonstrou sua estranheza pelo fato de os cristãos não as viverem. Se nós, cristãos, vivêssemos as Bem-Aventuranças, sem dúvida Ghandi e inúmeros outros se converteriam ao cristianismo. Lemos, não sabemos onde, a frase de um pensador, que dizia mais ou menos o seguinte: "Basta olhar para a fisionomia de um cristão para ver que ele não possui a verdade" . . . Daí se conclui que não apenas os atos, mas até mesmo a fisionomia, podem fazer com que as pessoas desacreditem daquilo que afirmamos. Os cristãos primitivos viviam realmente o ideal pregado por Cristo. Viviam esse ideal com simplicidade, sem artifícios e a fé impregnava todos os seus gestos, desde o amor que reinava entre eles, até a esperança que os fazia caminhar para o martírio com a serenidade de quem tem a certeza de que escolheu o "único necessário". Para isso, a exemplo de Cristo, romperam as estruturas da época em que viviam. Séculos se passaram e a história do cristianismo nos mostra altos e baixos. Assim como a nossa vida caminha numa linha· sinuosa, também assim foram as fases vividas pelos cristãos. Toda vez que os homens aderem a estruturas puramente humanas, o cristianismo perde o seu verdadeiro sentido. Um São Francisco, numa época de profunda decadência, rompe as estruturas e cria um retorno maravilhoso à simplicidade evangélica. Hoje sentimos o peso da estrutura do mundo atual. Desnecessário é dizer, entretanto, que o principal problema parte de dentro de nós mesmos. Lutamos por uma conversão interna, por uma atitude de verdadeiro amor para podermos seguir a Cristo. Buscamos um equilíbrio entre as necessidades que temos e o espírito cristão que deve impregná-las. Como é difícil em cada pequeno gesto encontrar esse equilíbrio. Vivemos numa época em que todo mundo precisa de um carro, boa casa, tele-

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VIsao, divertimentos, etc. Tudo isto é bom. "E Deus viu que tudo era bom". Mas cruzamos os braços quando sabemos que grande parte da humanidade não tem sequer o que comer. Lutamos pela "nossa" sobrevivência. E o que fazemos para que outros tenham chance de sobreviver? E o amor que deve estar presente em cada gesto? Temos consciência de que nos esforçamos para isso? Mas basta o esforço? Cada vez mais o ateísmo invade o mundo. Os marxistas dizem: "Vocês cristãos já tiveram dois mil anos e praticamente nada fizeram. É hora de mudar e tentar fazer da nossa maneira". O que podemos responder? Como cristãos não somos criaturas isoladas, mas sim, co-responsáveis uns pelos outros. É o Corpo Místico de Cristo que sofre pe1os séculos afora a falta de uma verdadeira e consciente opção daqueles que se dizem cristãos. Não nos admira a onda de ateísmo existente no mundo. Nós particularmente nos sentimos bem longe ainda de podermos ser luz e sol da terra. Estamos ainda por demais ligados à estrutura atual. (Transcrito do Equipetrópolis)

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EVANGELHO,

BASE

DA

NOSSA

COMUNIDADE

(Transcrito do Boletim da Guanabara)

A fé tem dimensão comunitária. O Cristo nos insere na comunhão com Õ Pai, no Espírito. É este o princípio teológico das comunidades. E a sua justificação está na Bíblia, onde verificamos que Deus pronuncia a Sua palavra, para constituir uma comunhão. '" As Escrituras são a norma e o modelo de nossa vida. São o confronto da vida com a Palavra de Deus. O que congrega a comunidade cristã? É o Evangelho. A comunidade deve viver em torno do Evangelho, isto é, no· Espírito de Jesus Cristo. Será que vivemos assim? Será que se entende realmente o que é Evangelho? Vejamos: - O Evangelho é anúncio de um acontecimento (um fato histórico), que transform~t a vida dos homens. Torna-se fonte de felicidade, vida e verqade definitivas. E esta felicidade definitiva é um dom de Detts. (Atos -

2,38-39). O Evangelho anuncia a vida de um homem concreto que viveu, morreu e ressuscitou. E este homem é o enviado de Deus para salvar os outros homens. Mas este homem traz um "segredo" ou um mistério na sua identidade. Ele é o homem do Espírito. É o Cristo. E Cristo é mais do que homem e mais do que simples salvador. É realmente um mistério que aparece em plenitude na Ressurreição. Portanto ele é o Filho de Deus, a Palavra na qual Deus entra em relação com os homens e com o mundo. E o Evangelho é o anúncio da vida e missão deste homem que é o Filho e Palavra de Deus. Podemos dizer também que Evangelho é o anúncio da chegada do Reino de Deus. Entretanto, para isto, precisamos meditar um pouco sobre o que seja o Reino de Deus. Só o podemos perceber pela fé. Só por meio dela poderemos sentir o Reino como a presença pessoal de Deus na vida dos homens. O Reino

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está sempre prmamo e é inesgotável. É um contínuo apelo de crescimento e libertação. Resume-se na presença de Deus na vida dos homens, mas é uma presença que se dá a conhecer e a amar. Novidade constante. Deus não promete nada: Ele simplesmente se dá. E por isto o Reino de Deus suscita conversão. E só podemos entender conversão como resposta do homem ao apelo de Deus. O Evangelho é também o anúncio de uma nova vida, isto é, promessa de salvação. Salvação é o existir humano na esfera do divino: na verdade, no amor, na justiça. Salvação é a vida humana orientada pela verdade e bondade divina. Ela é: fé, amor e esperança. v'

O Evangelho é também a missão dos discípulos, no Espírito de Jesus. Entre a Ressurreição e o final dos tempos, os discípulos de Jesus devem pregar o Evangelho a fim de que seja realizado em plenitude o desígnio de Deus de incorporar toda a humanidade na vida de seu Filho, o Cristo. E isto é uma grande responsabilidade para todos nós. Portanto podemos concluir que a realidade do Evangelho é interior, possuindo o amor de Deus, que se deu, como centro de nossa existência, através de uma Palavra e promessa de uma vida nova. O Evangelho anuncia o que é absoluto e necessário. Em suma o EVANGELHO é o próprio Cristo. Em virtude da simplicidade e clareza evidentes, não podemos deixar de transcrever o que diz Frei Carlos Mesters em seu livro: "Deus, onde estás?" "O Evangelho é antes de tudo uma nova vida, nascida no homem pela adesão a Jesus Cristo. Esta é a grande verdade, que provoca uma conversão, que tem como conseqüência um novo comportamento moral. Refletindo sobre essa realidade descobre-se a doutrina, fixando-a por escrito surge o livro, e celebrando esta vida comunitariamente surge o culto com a cerimônia. O fundamento de tudo isso é a história de Jesus de Nazaré, que nasceu e viveu durante mais ou menos 33 anos, morreu assassinado e ressuscitou. Continua agora, presente e atuante naqueles que se abrem para Ele, pela fé. A história é o fundamento, mas não só a história de Jesus. Também a nossa história hoje. Esta deve mostrar a veracidade do Evangelho, no qual acreditamos. Não adianta falar muito, se nada disso aparece na vida, se nós não ressuscitamos para uma vida nova, visível a todos". Portanto as nossas Equipes têm tudo para serem comunidades vivas de fé, à medida que venham tomar conhecimento mais profundo do Evangelho.

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O CASAL

RESPONSÁVEL

E A

SUA

EQUIPE

Muitas são as funções e atribuições do Casal Responsável numa equipe de Nossa Senhora, mas todas elas convergem para um só objetivo: cabe ao casal responsável ajudar a sua equipe, conforme o caso, a deixar de ser apenas um grupo, para ser uma equipe; a crescer como equipe, se ela já deixou de ser grupo, e a se transformar em uma comunidade cristã. Para isso, o C. R. tem muitos meios, muitas ferramentas, mas estas só funcionarão na medida em que forem usadas com entusiasmo e com amor. Se a base da comunidade é vida e amor, só a partir de sua própria vida, de seu testemunho de amor, ele será capaz de ajudar sua equipe. O Casal Responsável deve ser exigente em seus critérios, primeiro consigo mesmo, depois com os outros, mas uma exigência de amor, de quem quer o bem do outro, de quem quer ajudar o outro a crescer. Tem que ser, portanto, uma exigência bem dosada e equilibrada com a tolerância e o respeito pelo outro. Também com os quadros do movimento, ele deve ser exigente. Não desanimar diante dos obstáculos ou das imperfeições das pessoas. Assim como o próprio Cristo, é nosso dever exigir dos outros, mas não impondo ou criticando, e sim animando, com caridade, transmitindo entusiasmo e confiança. O casal responsável é o líder da equipe, e o verdadeiro líder não é aquele que dá ordens ou impõe sua opinião, mas aquele que influi, por suas atitudes, para levar o grupo a se encontrar e crescer.

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Para isso é preciso estar atento e ligado à realidade que está à nossa volta. Para os problemas reais do grupo, dos casais, das pessoas. Para construir alguma coisa, a primeira providência é analisar e assumir a realidade. Planos bolados a partir de sonhos são castelos de cartas que rapidamente desmoronam. Para conhecer a realidade de sua equipe e poder agir de acordo com ela, é preciso estar presente. Presente ao grupo e presente a cada um dos equipistas. Não se trata de uma presença só para fazer número e sim de uma presença "qualidade" viva e atuante, de quem realmente está na presença de um irmão. Se simplificarmos as coisas, podemos afirmar que ser cristão é estar presente. O Cristo, em termos humanos, quase nada realizou em sua vida terrestre, não juntou riquezas, não comandou exércitos, não dirigiu empresas, não foi político, jamais deu ordens, nem impôs a sua vontade ou sua opinião. Entretanto, foi aquele que esteve presente aos homens, e que está presente até hoje a cada um de nós. Sua presença foi de tal ordem que marcou toda a história da humanidade. Claro que nenhum de nós pretende chegar a tanto, mas é nossa obrigação, como cristãos, procurar, com todo o nosso esforço e apesar das nossas limitações, imitar o Cristo, seguir seu exemplo, e, portanto, estarmos presentes. Ao Casal Responsável compete "apenas" isso: estar presente à sua equipe, para que ela cresça e possa estar presente no mundo que vive. Está mais do que evidente que nenhum de nós teria capacidade para realizar a tarefa que nos compete se contássemos só com as nossas forças, por isso precisamos também estar presentes a Deus e ter Deus presente em nossas vidas, pela oração. Muito se espera das ENS; incluive o Papa, no discurso que todo nós conhecemos, nos fala dessa expectativa. Entretanto, as ENS só poderão corresponder a toda essa esperança na medida em que contarem com equipes e equipistas efetivamente engajados e entusiasmados. Não adianta pensar em grandes obras das Equipes enquanto o próprio Movimento não tiver essa base e é ao Casal Responsável que compete, pelo menos durante um ano, essa tarefa dentro da sua equipe. O nome do cargo que o Casal Responsável ocupa é um negócio muito sério. Responsável é aquele que responde, que presta contas de alguma coisa. Não é ao Setor, ao Casal de Ligação ou à ECIR que ele vai responder pela sua equipe - é a Deus. -19-


"Não fostes vós que me escolhestes e sim Eu que vos escolhi". Ao fim de um ano é a Ele que terão que responder: Senhor, que fizemos de nossa Equipe que nos confiastes para apascentar? Ajudamos nossa comunidade e cada um de seus casais a se promover, a crescer, no plano humano e espiritual? Ou será, Senhor, que fomos para eles um obstáculo, um peso morto, que pelo nosso desânimo, pelo nosso pouco amor, pelo nosso comodismo, impedimos esse crescimento? Dá vontade de desanimar, de desistir, mas a nossa fé nos ensina também a esperança e a confiança e, se sabemos que sozinhos nada poderemos, temos também a garantia, o seguro, da promessa que o Cristo nos faz: "Eu estarei convosco até o fim". lSegunda parte da conferência de Luiz Sergio Widgerowitz - A primeira parte "De equipe a Comunidade", foi publicada na C.M . de junho de 1972)

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UM CASAL APóSTOLO

O Boletim da Guanabara tem publicado uma série de entrevistas com casais equipistas. Para a prlmeira delas, da qual transcrevemos alguns trechos, foi escolhido um casal que está há 9 anos no Movimento e já teve nele muitas responsabilidades, "destacando-se por seu espírito missionário: foi casal de ligação, casal Piloto, casal de informação, fundou a maior parte das Equipes do Setor B; dirigiu Curso de Noivos durante 5 anos; foi responsável pela publicação do primeiro jornal do Setor; preparou casais para ministrarem palestras nos colégios sobre diversos temas concernentes à familia, etc. Com todas essas atividades, o casal é um exemplo de simplicidade, modéstia e hospitalidade cristãs".

Repórter:

Como vocês conheceram as E.N.S. e porque aderiram ao Movimento?

Ele:

Durante um almoço, um companheiro de firma falou-me das E.N.S. Ele sempre foi entusiasmado pelas Equipes e me convidou a participar de uma em formação. Falou na hora oportuna, porque, na época, eu estava ansioso para aprofundar meus conhecimentos religiosos e me decidir finalmente pela minha adesão ao Cristo. Não foi necessária muita persuasão em relação à minha mulher, que sempre tinha tido vontade de pertencer a um Movimento semelhante, mas estava esperando pela minha conversão.

Repórter: Vocês encontraram nas E.N.S. o objetivo que procuravam? Ele:

Foi realmente atingido o meu objetivo. O ambiente da equipe, as palestras que passei a ouvir, em particular o encontro com o Pe. Charbonneau, a reunião de Responsáveis de Equipes em São Paulo, onde fui o único que ficou no banco na hora da comunhão; e,

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.


finalmente, uma longa conversa com o Padre Agero, em um retiro em Petrópolis, acabaram de me convencer, apontando-me a porta que eu devia escolher: a mais estreita. Ela:

Eu também acho que consegui o que buscava. É preciso nos convencermos que em tudo na vida há sempre uma fase de desânimo, quando pensamos não estar mais interessadas no que fazemos. Mas, justamente nesse.s momentos, lembro-me do muito que tenho recebido das Equipes e meu entusiasmo retorna . Creio que meu lar, minha profissão e as Equipes fazem parte do meu ser e acho que me sentiria desapoiada se uma dessas finalidades de minha vida viesse a faltar.

Repórter:

Nos seus 28 anos de casados, qual foi a sua maior emoção?

Ela:

É

Ele:

Bem, evidentemente, foi de grande emoção para mim aquela missa em Petrópolis, quando voltei a comungar. Cheguei realmente a ficar com os olhos cheios d'água. Mas uma emoção que guardei foi a da missa de nossas bodas de prata. Fomos viajar em comemoração e foi em uma igreja em Londres que assistimos à missa. Como queríamos a comemoração só nossa, não dissemos nada a ninguém do grupo de turistas, e, ainda escuro, no frio do inverno europeu, fomos à missa das sete da manhã. Só havia mais t r ês pessoas e, na escuridão da igreja, só um altar lateral estava iluminado: era o de S. José, em cuja igreja nós tínhamos casado em Porto Alegre . Foi uma missa de recordações, em que o ambiente e a companhia de S. José favoreceram a lembrança daquele outro dia, 25 anos atrás.

difícil selecionar um momento especial de maior emoção em 28 anos de vida de casada, pois Deus me tem dado momentos de muita alegria para compensar outros de grande tristeza.

Repórter: E nas Equipes, qual foi a sua maior alegria? Ela:

Foi a formação de cada uma das equipes da Zona Norte. As sete primeiras tiveram sua primeira reunião aqui nesta sala, depois de termos dado a infor-22-


mação a quase todos os casais. Gosto de mencionar este fato, não por me envaidecer, mas para proclamar, através dele, nosso reconhecimento às Equipes. Fizemos nossa Regra de Vida trazer outros casais para se beneficiarem, como nós, deste Movimento. Repórter: Já que foi o tema da última Inter-Equipes e é o assunto do momento, qual a sua opinião a respeito da introdução da meditação diária nos nossos Estatutos? Ela:

Acho a meditação diária um momento de serenidade durante o meu dia, no qual minhas funçõ-es de dona de casa e de professora me mantêm constantemente em agitação. Considero que é realmente um meio de aperfeiçoamento espiritual de grande valor. Fiquei, porém, realmente surpresa ao ver a aceitação unânime pelos casais da reunião inter-equipes a que comparecemos. Senti, inicialmente, uma certa dificuldade na realização da meditação e pensei que houvesse reação ao estabelecimento de mais uma "obrigação". Essa aceitação geral mostra o amadurecimento do Movimento aqui entre nós e a compreensão, por todos os equipistas, do valor do encontro diário com Deus .

Repórter:

Qual a sua MENSAGEM para todos os equipistas através deste veículo de comunicação?

Ela:

A mensagem que gostaria de enviar é a seguinte: que todos os equipistas participem de todos os acontecimentos do Movimento, "quebrando os galhos" que aparecem no caminho, e verão quanta alegria lhes será dada em troca.

Ele:

Eu gostaria de dizer o que a minha Equipe chama de minha obcessão: procurem fazer alguma coisa por alguém, dentro de suas capacidades, por menos capazes que vocês se julguem. Lembrem-se de que "ninguém é tão rico que não possa receber nem tão pobre que não possa dar". Analisando-se com vontade de achar um carisma para o apostolado, vocês sempre encontrarão alguma coisa, nem que sejam alguns minutos de diálogo com alguém que precisa ser ouvido e aconselhado, ou uma roupinha para a Casa da Mãe Pobre ou para a Obra do Berço. Deus saberá devolver os talentos que vocês fizeram render .

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VIDA DE EQUIPE

UM TEMA DE ESTUDO -

O EVANGELHO

Ao encerrarmos nossas atividades no ano de 1970 resolvemos adotar como tema de estudos para 1971 - o Evangelho. Fizemo-lo na ocasião buscando uma renovação na linha conciliar da volta à "origem", cansados do "intelectualismo" dos textos comuns de espiritualidade e sobretudo, provavelmente, atendendo às inspirações do Cristo vivo à nossa pequena comunidade. Resolvemos também não seguir nenhuma "ordem". Fomos retirando trechos ao acaso, atendendo ao que achávamos mais adequado na ocasião. O texto de uma reunião era selecionado na reunião anterior, a fim de que houvesse tempo suficiente para reflexão e aprofundamento. Por sugestão de um dos casais e tendo em vista maior uniformidade e simplificação do trabalho de grupo, adotamos uma mesma técnica: misto de análise, transferência e sínteses. Iniciávamos pela análise: localização do trecho dentro do contexto global do Evangelho, levantamento dos dados vinculados à cultura histórica da época; passávamos então a focalizar separadamente o cenário em que se desenrolava a ação, as atitudes, as instruções e as reações dos personagens, o comportamento do Cristo. A seguir passávamos a processos de transferência: como reagiríamos, colocados no lugar de cada um dos personagens? Como seria transportada a cena para a nossa cultura e os nossos problemas do mundo de hoje? Como se comportaria o Cristo se a sua encarnação "histórica" fosse vivida hoje? E terminávamos num processo de síntese, buscando concretamente quais os pontos de nossa vida que precisariam ser reformulados a partir da conscientização das nossas reflexões. E assim no decorrer daquele ano tentamos nos aproximar e conhecer de perto ao Jovem Rico, à Parábola dos Talentos, ao óbulo da viúva ... Nós vínhamos de um período de estagnação. Os temas eram preparados à última hora, sem nenhuma profundidade. Claro que se continuássemos nesta linha, todo o esquema estaria "furado". Para que isso não acontecesse, deliberamos promover pequenos encontros organizados (de 2 a 3 casais) com o objeti-24-


vo exclusivo de trocar idéias sobre o trecho. A invenção deu resultado - a grande maioria dos casais sempre comparecia com as suas reflexões elaboradas e amadurecidas. Que resultado colhemos de tudo isso? Sabemos bem que nenhum valor tem o testemunho que damos de nós mesmos, mas fomos unânimes em afirmar ao fim do ano, que acabávamos de viver dentro de novo clima, de um novo entusiasmo, de uma nova alegria. E hoje, calmamente, à luz de novos conhecimentos, gostaríamos de tentar fundamentar a importância do caminho que seguimos, quase intuitivamente e por conta própria, como um acréscimo ao convite para que outras Equipes também se proponham a fazê-lo. De fato há que se distinguir o Cristo histórico - HomemDeus que viveu há 2.000 anos numa cultura e tempo determinado e que veio completar a revelação do Pai sobre os seus desígnios a respeito da humanidade e do universo, tudo isso expresso segundo os meios que a cultura da época proporcionava - do Cristo "Místico", Deus "Vivo" entre nós, presente em todos os instantes de todos nós, a nos convidar incessantemente a completarmos a Criação, a Redenção e a Ascenção do universo dentro do Plano de Amor previsto desde a Eternidade . Enxergar somente o Cristo "histórico", leva a uma deformação do cristianismo. É ver nele apenas um Deus morto e reduzir a vivência da religião a uma "imitação" que, por receber apenas influência "externa", reduz-se logo a uma seqüência de ritualismo e preceito. Por outro lado, considerar apenas o Cristo "Místico", perdendo de vista o Cristo Histórico é arriscar-se a não saber identificá-lo em meio a tantos "falsos" Cristos que foram colocados em lugar do verdadeiro. Inconscientemente, o caminho que seguimos nos proporcionou identificar primeiro o Cristo "Histórico" para localizar o Cristo "Místico" em cada instante de nossas vidas. Acreditamos sinceramente que a experiência valeu a pena. (Tran.scrito do Boletim do Setor de Campinas)

Estão à disposição, no Secretariado, para as equipes de mais de 3 anos que se interessarem, os seguintes temas sobre o Evanvelho: - O Evangelho de São Marcos - Meditações. Troadec. - Plano de Leitura dos Evangelhos - Meditações do Evangelho - J.a e 2.a séries. -25-


NOTíCIAS DOS SETORES

UMA

EXPERti;NCIA

DIFERENTE

(Extraído do Boletim do Setor de São José dos Campos)

Foi num Cursilho de Cristandade que João conheceu Frei Luiz Schizato, de Campos de J ordão e, batendo um longo papo com ele, falou sobre o Curso de Preparação para o Casamento. Pouco tempo depois, Frei Luiz telefonou pedindo encarecidamente um "sacrifício" nosso: formar uma equipe disposta a ir a Campos de Jordão, pois havia grande número de noivos e ele não queria casá-los sem um preparo. Falou que havia convidado alguns casais de "boa-vontade" para assistirem às palestras e depois continuarem o trabalho em sua paróquia. Imediatamente aceitamos o convite e, com a devida autorização de Wilma e Amilton, organizamos a equipe e partimos para o "sacrifício". Frei Luiz, aliado à Irmã Maria José, do Sanatório Divina Providência, tudo providenciou para a nossa hospedagem. Ficamos alojados, nós e nossos filhos, na casa de hóspedes do próprio Sanatório, pois tinha sido condição especial levarmos nossos filhos conosco. Assim, além de cinco casais, na caravana, havia dez crianças. A acolhida foi a melhor possível: o lugar muito lmdo, a casa bem confortável e o carinho para conosco muito grande e sincero. Frei Luiz também nos recebeu calorosamente, não escondendo sua satisfação e confiança. Mas não ficou apenas num curso a nossa atividade. Três meses depois, voltávamos para dar novo curso. O primeiro cutso foi em junho, com a participação de 27 casais, e o segundo em setembro com 16 casais, sendo que 6 noivas estavam ainda internadas no sanatório, em fase de recuperação final. Ambos foram realizados na igreja matriz da paróquia de Santa Terezinha.

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Antes de cada curso procuramos nos preparar adequadamente através de reuniões de planejamento e exercícios de piedade. Todas as manhãs íamos à capela, onde fazíamos as nossas orações, meditação e intenções, todos presentes, incluindo nossos filhos. Era realmente comovente e uma infinita alegria para nós vermos nossos filhos participando de tudo, principalmente das orações. Tudo correu muito bem no decorrer do curso. As palestras foram ótimas, todos procurando dar o melhor e se preocupando em dar testemunhos de vivência, o que tocou profundamente os noivos. Nos dois cursos, as missas de encerramento foram lindas e especiais para o momento. Houve benção das alianças, participação ativa dos noivos e grande número de comunhões. Após as missas, f:zemos a festinha de confraternização com sorteio de prendas e brincadeiras. Nessas reuniões também fomos homenageados e cada casal recebeu uma lembrança, o que muito nos emocionou. No último curso houve vários pontos altos: - casamento de Lúcia e Arivano, realizado sábado na Capela do Sanatório, durante a missa e com nossa participação ativa na liturgia. Ela, se restabelecendo, ele, aguardando que sua noiva tivesse alta definitiva, para então começarem a viver como casados. Foi, na verdade, muito emocionante e Terezinha comovida nos disse: "Estou me sentindo um personagem de "Floradas na Serra" ... Foi realmente um acontecimento que nos deu alegria e, principalmente, nos fez meditar muito sobre o amor, a coragem e a confiança do jovem casal. Outro ponto alto do dia foi a presença, à missa de encerramento, do nosso casal Responsável de Setor e seus filhos, que nos foram prestigiar e incentivar ainda mais. Falar nas emoções e alegrias de um curso de noivos é um assunto apaixonante ... Como coordenadores, recebemos o apoio e auxílio de todos, formamos mesmo uma verdadeira comunidade e tudo foi muito bacana! Esperamos que Frei Luiz consiga formar uma equipe para continuar esse trabalho e que o Curso de Noivos se torne uma realidade em Campos do Jordão; caso contrário, estaremos prontos para uma outra vez . ..

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MINI-SESSÃO

DE

FORMAÇÃO

DE

REGIONAIS

A Ecir realizou nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro deste ano o Curso de Formação de Responsáveis Regionais em Itapecerica da Serra, na Casa das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado. Participou com a Ecir o Casal Responsável Regional da Região SP/ B, Nenê e Zinho, colaborando imensamente para o clima de oração, conscientização e fraternidade que imperou nesses dias . O Curso tomou o nome de Mini-Sessão de Formação de Regionais, pois foi destinado aos quatro novos casais Regionais: Maria Lucia e Plinio - Guanabara, Terezinha e Ronaldo - Região SP I A, Cidinha e Igar - Região SP /C e Marisa e Fleury - Região SP/ F e constou de quatro palestras, trabalhos de duplas, trabalho em equipe, plenários e momentos dedicados especialmente a orações e meditações. Estes momentos ricos de espiritualidade tiveram seu clímax na participação da missa celebrada às 8 horas da manhã na Igreja de Capão Redondo. Em linguagem simples e bastante comunicativa, o vigário da Paróquia deu a todos uma lição de humildade, sabedoria, esperança e amor . Ao final , os Regionais participantes deram o seu testemunho de alegria, por sentirem o peso de sua responsabilidade, mas também as graças que recebem por isso; a extensão de suas obrigações, aliadas à certeza da ajuda que Deus, pelo Espírito Santo, concede a todos aqueles que se propõem a trabalhar com todo o carinho para o engrandecimento de Seu nome e sua obra. -28-


ENCONTRO ANUAL DOS CASAIS RESPONSAVEIS DE SETOR REGIONAIS E ECIR

O encontro teve lugar em Capão Redondo nos dias 23, 24 e 2·5 de fevereiro . Estiveram reunidos 35 casais participantes, representando as equipes de todo o Brasil, desde Caxias do Sul até Manaus. Tivemos a grata presença de 3 Conselheiros espirituais de setor: Pe. Ivo, de Bauru, Côn . Tombolato, de S. Carlos e Pe. Boissinot, de Marília. A equipe de serviço estava constituída por 4 casais da ECIR e pelo Pe. Harold Rahm e sua equipe de trabalho: Pe. Paiva e D. Maria Lamego . A primeira palestra, de Ludovic, versou sobre o trabalho a ser desenvolvido a serviço da comunidade, dentro do Setor e da Região: presença constante, caridade fraterna e união de esforços. Resumindo, sua palestra dizia: "O Setor nunca deve perder de vista o objetivo das Equipes: a v ivência cristã das fam ílias. Para chegar a essa meta deve refletir, planejar, arr anjar instrumentos com creatividade, caridade e oração . Setor não é Departamento de reclamações, para ir quebrando os "galhos" que apareçam ... Em qualquer movimento é preciso que haja hierarquia, com a conseqüente autoridade, que garante a unidade . Esta autoridade está a serviço da vocação, da meta da comunidade e não das injunções individuais. Em um movimento como o nosso, a hierarquia quer, acima de tudo, ser, não uma estratificação de cargos, mas sim uma presença fraterna, uma responsabilidade solidária e não solitária ... -29-

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Não faltarão os desânimos e frustrações, mas no fim o trabalho sempre produzirá seus frutos e estaremos unidos entre nós ~ com Cristo. " Em seguida houve reuniões de cada Casal Regional com os responsáveis de Setor de suas regiões. Foi uma ótima oportunidade para troca de idéias, permuta de experiências entre os antigos responsáveis e os novos, de setor e região. A palestra da tarde, de Marcelo, versou sobre a espiritualidade conjugal. Entre outras coisas, disse: "A espiritualidade conjugal é a fidelidade do casal ao Espírito, através da vida matrimonial, para se deixar revestir da vida de Deus. Para viver o casamento, que demanda sacrifícios: noites mal dormidas por causa das crianças, ausência de tranqüilidade, doenças dos filhos, contas para pagar. . . etc. . . . é preciso usar uma ótica especial. Ver nossos problemas à luz da fé e pedir a Deus, todas as manhãs, uma visão sobrenatural das coisas". Falou também sobre as bemaventurancas e terminou com a frase de S. Paulo: "De boa vontade me vangloriarei de minhas fraquezas, a fim de que repouse em mim o poder de Cristo, porquanto quando me sinto fraco é então que sou forte." A partir desse momento o Pe. Harold assumiu a direção do Encontro, procurando conduzí-lo para um novo Pentecostes. Este sacerdote que trabalha entre os jovens do Brasil todo para uma renovação carismática da Igreja, se inspirou no livro "A cruz e o punhal" do Rev. David Willem, pastor protestante, o qual abre os olhos dos católicos sobre a ação do Espírito Santo à qual nós não damos o devido valor. O Encontro tornou-se assim diferente, visando sobretudo a importância fundamental da verdadeira oração. Depois de cada palestra sobre o "livro quente", como ele chamava a Sagrada Escritura, saíamos para a leitura a sós, durante 10 minutos, de um texto: era o "jardim"; em seguida reuniam-se os cônjuges para uma troca de reflexões ou do "mel" extraído da leitura, e, por fim, reunidos em pequenos grupos, o "cenáculo", demonstrávamos nossos louvores e agradecimentos a Deus, dizendo o que recebemos durante a reflexão. Foi uma experiência valiosa. A noite, no plenário, houve reclamações de que se estava ensinando a orar, em lugar de aulas sobre a técnica de bem dirigir um Setor ou uma Região.

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Porém, "Deus escreve direi to por linhas tortas" e a ação do Espírito Santo manifestou-se plenamente no dia seguinte, abrindo os olhos de quantos duvidavam da sua eficácia. E todos viram que, aprendendo a encontrar a Deus na oração e a ouví-lo, a técnica e as soluções para os problemas virão por acréscimo . O DOM do Espírito Santo nos dá a força que não temos. Quando entendermos que o nosso trabalho deve ser o DELE, tudo irá bem. Chegou-se então a testemunhos edificantes e belíssimas conclusões: Se não orarmos e ouvirmos a voz de Deus na meditação e não nos colocarmos sob a ação do Espírito Santo, a melhor organização humana será falha. A nossa meta é sobrenatural, mas Deus quer a nossa colaboração. Devemos procurar dentro de nossas limitações realizar as maravilhas que o Pai espera de cada um de nós. O nosso trabalho exige cada vez mais maior aprofundamento e intensa vida de oração, sem a qual não se consegue nada.

Maria Enid e José Buschenelli

• NOTfCIAS

INTERNACIONAIS

Novas Equipes:

Bélgica - 2 França - 9 Itália- 2 Portugal 2 Suíça- 1 Novos Setores:

INGLATERRA: U.S.A.: Boston

Cheltenham

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ORAÇÃO P ARA

MEDITAÇAO:

A

PR.óXJMA

R.EUN IÃO

São João (cap. 12, vers. 24-33)

"Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida, perde-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conserva-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me; e onde eu estiver, estará ali também o meu servo . Se alguém me serve, meu Pai o honrará". "Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?. . . Pai, salva-me desta hora. . . Mas é exatamente para isso que vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome!" Nisso veio do céu uma voz: "Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo". Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isto, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: "Um anjo falou-lhe". Jesus disse: "Essa voz não veio por mim, mas, sim, por vossa causa. Agora é o juízo deste mundo ; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim". Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer. ORAÇAO LITúRGICA

Salmo 4 Antífona:

Fazei brilhar sobre nós a luz da vossa face. -

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Quando chamo por vós, respondei-me, ó Deus, minha justiça! Soubestes aliviar-me na angústia, tende piedade de mim, atendei à minha prece! Até quando, vós, filhos dos homens, tereis o coração fechado, amareis o que é vão, buscareis a mentira? Ficai sabendo que o Senhor a seu eleito favorece. O Senhor me ouvirá quando eu o invocar. Convertei-vos, não pequeis mais, durante vosso repouso, meditai e fazei silêncio. Apresentai sacrifícios sinceros e confiai no Senhor. Dizem muitos: "Quem nos dará a felicidade?" Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face!

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EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciêre Paris XIII EQUIPES DE NOSSA SENHORA 04530 -

Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 -

São Paulo. SP -

Tel. : 80-4850


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