NC? 9
1973
Dezembro a fevereiro
EDITORIAL - Meditações desérticas ...... .
p. 1
O silêncio da natureza .. . ........... . ... .
p. 3
O Natal do Senhor ...................... .. A Ecir conversa com vocês
p. 4
"A paz também depende de ti" .......... .
p. 7
Um aniversário importante . .............. . A transmissão da fé .................... ..
p. 8 p. 10
p. 5
Espiri!ualidade conjugal e familiar ...... .
p. 16
Carta aberta de um jovem .... . ......... . Semana da família em Santos ........... .
p. 19 p. 21
Uma conversão no espaço sideral ......... .
p. 25
Notícias dos Setores ... . ................ .. I Encontro de equipistas em Brasília ..... .
p. 34
Oração para a próxima reunião .......... .
p. 36
p. 26
ATENÇÃO
ENCONTRO E
NACIONAL DE CASAIS RESPONSAVEIS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS
Haverá três encontros, em 1974: Em ltaici, dias 9 e 10 de março, para a Região Interior de São Paulo e Sul de Minas (sujeito a confirmação) Em Florianópolis, dias 23 e 24 de março, Para a Região Paraná e Sul Na Guanabara, dias 6 e 7 de abril, para as Regiões São Paulo Capital, Santos, Vale do Paraíba e Rio de Janeiro.
Encontro dos Responsáveis Regionais e Responsáveis de Setor: Em Capão Redondo, dias 1, 2 e 3 de março.
Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil 04530 -
Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 04530 - SAO PAULO, SP
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Tel.: 80-4850
somente para distribuição interna -
EDITORIAL
MEDITAÇÕES DESÉRTICAS
Uma jovem dizia ao Pe. Caffarel da tristeza que a acabrunhava por não mais encontrar satisfação alguma na sua meditação. Eis as linhas que o Pe. Caffarel lhe escreveu e que transcrevemos dos "Cahiers sur l'Oraison" . Dirigidas a uma jovem adolescente, compreende-se a linguagem um tanto sentimental empregada, mas que não perde por isso a sua força e profundidade.
Minha cara Verônica, estive pensando que ficaria satisfeita em ter por escrito os conselhos que lhe dei há dias, principalmente se não reencontrou a presença de Cristo na sua meditação diária. Há vários meses que Ele lhe concedia o sentimento de sua presença, e isto era muito bom. Agora este sentimento desapareceu e eis que você está toda perturbada. Eu a compreendo; não se deixe porém ficar na inquietude. Não se canse inutilmente à procura da razão de ser dessa mudança Nem se apresse em pensar que a culpa é sua. Pelo contrário, esforce-se em aceitar de coração aberto, de bom humor e com toda a paciência o que é uma provação. Pouco a pouco irá descobrir que as meditações aparentemente estéreis são de grande proveito. E a palavra de Cristo, também para si, se revelará verdadeira: "É útil para vós que eu me vá". Sua fé sairá mais pura e mais forte desta marcha no de~erto, onde nada brota, onde não encontramos ninguém. Enquanto Nosso Senhor lhe deixava entrever a sua presença e o seu amor, era bem fácil unir-se a Ele, um pouco como os apóstolos, quando o seu Mestre ressuscitado aparecia no meio deles. Mas, se nada de sensível vem em seu auxílio, a sua fé é obrigada a se firmar e a se afirmar. Lembre-se das palavras de Cristo a Torné: "Bemaventurados os que crêem sem ver". Aplique-se portanto, muito suavemente, muito calmamente, no decorrer de suas meditações desérticas, em crer que Jesus está aí, amando a sua filha com grande amor. Nada pode glorificá-lo tanto quanto esta fé imperturbável. -1-
A sua vida interior vai alcançar um segundo benefício considerável com essas meditações penosas. Lembra-se de quando estava interna no colégio? Do desejo crescente de rever seus pais, seus irmãos, à medida que os dias passavam? E a volta à casa não era tanto mais alegre quanto mais desejada? Assim também, nas suas orações áridas, o seu desejo de reencontrar o Cristo, de penetrar mais adiante no seu amor, vai se intensificar. Isto é essencial, porquanto, à medida que esta aspiração se aprofunda em sua alma, também poderá oferecer à vida de Cristo um lugar infinitamente maior. Sua graça ser-lhe-á dada com tanto mais abundância quanto maior for o vazio e a avidez interior. E esta avidez é a virtude da esperança. Terceiro benefício: como o metal no cadinho, seu amor por Cristo se vai purificando com estas orações que se assemelham assim ao purgatório. Não reparou você que, muitas vezes, ao se entregar à meditação, o seu grande desejo era reencontrar a tão agradável alegria experimentada na véspera? Prova de que não era unicamente para agradar a Deus, mas também por amor de si mesma. Quando o percebemos, deveríamos ser os primeiros a dizer a Nosso Senhor: Para livrar-me desse velho amor de mim mesmo, para que doravante eu me entregue à meditação, não pela satisfação que nela sinto, mas unicamente para vossa glória, peço-vos que não encontre nela maior satisfação do que seja necessário. E, mesmo que não tomemos a iniciativa, pelo menos, quando as alegrias da meditação nos são recusadas, saibamos consentir, na paz e na paciência. Principalmente, não se assemelhe àqueles que, durante todo o tempo de sua oração, esperam com ansiedade pela volta da alegria: fazem-me pensar nessas crianças que, na noite de Natal, só dormem com um dos olhos e, com o outro, espreitam a chegada dos brinquedos. Virá o dia, assim o espero, em que chegará até a ficar contente, quando a sua meditação for privada de alegria; saberá então que ama a Jesus um pouco mais do que a si mesma. Não tinha eu razão, Verônica, ao dizer-lhe que as suas meditações desérticas são muito úteis? As três grandes virtudes nelas se purificam e aperfeiçoam: a fé, a esperança e a caridade, precisamente estas virtudes que nos põem em contato com o nosso Deus e nos iniciam à sua vida íntima. HENRI CAFFAREL
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A PALAVRA DO PAPA
O
SIL~NCIO
DA
NATUREZA
O período de transição constituído pelas férias, nos lembra o Santo Padre, seria bem empregado se fosse dedicado a ouvir, a escutar as vozes que o ruído das habituais ocupações impede de compreender e que o rumor dos chamados "meios de comunicação social" e a hipnose das frívolas canções em moda düicilmente nos deixam perceber. Estamos exteriorizados e empobrecidos de palavra interior por causa do atordoante barulho que nos envolve. Se tivermos a possibilidade de gozar parcialmente do silêncio, procuremos ouvir, primeiro que tudo, a voz da natureza, que a nossa vida artificial tornou quase incompreensível. O cosmos - céu, terra, vida e fenômenos da natureza - tem, para quem a sabe ouvir, uma linguagem que só o silêncio compreende e que, aparentemente fácil e compreensível aos sentidos, se apresenta, depois, cheia de segredos, misteriosa, quase assustadora: "o silêncio eterno dos espaços infinitos assusta-me", diz uma frase de um célebre pensador (Pascal). Mas, para quem ouve bem, revela-se quase imediatamente uma linguagem metafísica, ou melhor, religiosa: "os céus narram a glória de Deus" (SI. 18, 2); idem quanto às outras cenas do mundo existente, que por si mesmo mostra não ter em si a própria razão de existir. Voltemos a ser um tanto contempladores e admiradores do mundo criado e façamos desta primeira audição o início da poesia da oração. Há, ainda, outra audição que nos convida, é a da palavra de Deus, da Sagrada Escritura, do Evangelho, que talvez julguemos conhecer e que, contudo, nos espera para um diálogo mais sério e mais metódico. Principalmente para nós, cristãos, há outra sentença a recordar: "A ignorância das Sagradas Escrituras é ignorância de Cristo" (São Jerônimo). Não deveriam algumas horas tranquilas das férias ser dedicadas a esta audição? Também há uma terceira voz que merece ser mais ouvida do que fazemos usualmente: a voz da consciência, que para muitas pessoas é a única mestra do seu comportamento. Mas é verdadeiramente ouvida? É mestra iluminada ou míope e cega? Também ela deve ouvir a palavra interior da Verdade! Vede que sinfonia de vozes aguarda a vossa atenção! Desejamo-vos tempo e capacidade para ouvir bem. E que Maria, a ouvinte por excelência, nos ensine esta arte superior do Espírito.
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O NATAL DO SENHOR
Fim de ano. Todo mundo faz balanço. A Equipe fez sua Reunião de Balanço. Revisão. Planejamento. Propósitos para o futuro. Esperança. Amanhã será melhor. Será mesmo? Depende de cada um de nós. Depende de · mim. Depende de você. O que eu não fizer, o que eu deixar de fazer, ninguém o fará no meu lugar. Nem Deus. Se Cristo nascesse milhões de vezes mas não tivesse lugar no nosso íntimo, em nossa revisão, em nosso planejamento, em nossa esperança, teria nascido milhões de vezes à toa. Teríamos inutilizado suas vindas. "Deus veio para o que era seu e os seus não o receberam". E Ele, Deus feito homem, veio modificar a História humana. Mas não modifica nada sem nós, como não modificou a atitude dos habitantes de Belém que não tinham lugar para sua Mãe na noite do Natal. Ela respeita a nossa liberdade. A porta de nossa casa só se abre por dentro. Que Ele a encontre aberta neste Natal. Ele nos outros. Ele em mim. Ele em nós.
Ele na Eucaristia.
Pe. Clemente Herrmann Conselheiro espiritual da Equipe 1 de Londrina
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A
ECIR
CONVERSA
COM
VOC~S
Caros amigos Num dos livros do Antigo Testamento, o Eclesiastes (3, 1-8), lemos uma página que aqui transcrevemos: "Há um tempo para tudo debaixo dos céus: Um tempo para nascer, um tempo para morrer; Um tempo para plantar, um tempo para colher; Um tempo para chorar, um tempo para rir; Um tempo para se lamentar, um tempo para dançar ; Um tempo para calar, um tempo para falar . . . " Se o autor destas sábias palavras vivesse em nossos dias, teria certamente acrescentado que há um tempo para o trabalho e um tempo para as férias. Este tempo das férias se aproxima rapidamente, para júbilo tanto de adultos como de crianças. Aqueles aguardando ansiosamente o momento de poder respirar à vontade e entregar-se finalmente a ocupações de livre escolha, estes jubilosos por se verem dentro em pouco longe de livros, cadernos, tarefas e provas. Uns e outros instintivamente ansiosos por se libertarem · do · ambiente poluído e frenético das grandes cidades e poder estender os olhos para além das torres de cimento armado que os esmagam onze meses durante o ano ... Com a dispersão de numerosas de suas respectivas famílias, as equipes entram por isso mesmo em recesso. Durante dois ou três meses deixam elas de reunir-se. E vem a tentação de deixar também de lado, temporariamente, os meios de aperfeiçoamento. A tentação de abrir um parêntese para a vida espiritual. Como se Deus deixasse de existir também, durante as férias. A nossa vida espiritual não pode entrar em recesso. Deus espera, também nesse período, o testemunho de nossa atenção e de nosso amor. O testemunho de nossa gratidão, a Ele que nos favorece com dias de mais calma e repouso. . . dias em que podemos esquecer agendas e cronogramas, telefones e despertador, e entregar-nos a passeios despreocupados que dêm mar-. gem para apreciar a poesia da natureza, o infinito dos horizontes,. a profundeza dos céus, as maravilhas de Deus, em suma, e ele-. var-nos assim mais espontaneamente até Ele. O contato com a natureza, o silêncio que nos envolve, são verdadeiras graças: que nos tornam mais receptivos, mais sensíveis à presença deDeus, mais disponíveis para aquele tão procurado contato com. Ele através da oração e da meditação.
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Não nos esqueçamos, principalmente, de que férias são férias. "Não troquemos a agitação da cidade pela agitação dos programas :sobrecarregados. É preciso, isto sim, programar um estilo de 'Vida que dê lugar para a respiração livre e profunda. Respira-ção do corpo e respiração da alma. Estilo de vida que favoreça o contato mais íntimo e prolongado com a família, o diálogo franco e aberto com os filhos. Estilo de vida que, durante as férias como durante o ano todo, deve ser inteiramente cristão. Férias são férias. Feitas de um lado para o "relax" que se faz imperioso na vida agitada de nossos dias ; de outro, para o armazenamento de novas forças, novas energias, cujo emprego racional, quando de volta à casa, pode e deve ser previsto com calma, seja a sós nas brechas de silêncio que saberemos nos reservar, seja com o cônjuge, através de um dever-de-sentar-se largamente favorecido pelo ambiente. Férias são férias. Devem sê-lo também para as donas de c.asa que, tantas vezes, se queixam de que as férias são férias para todos menos para elas ... Por que não estabelecer, logo no primeiro dia, uma distribuição de tarefas que, executadas com alegria, não irão pesar para ninguém e poderão aliviar grandemente o trabalho da mãe? Além do mais, será uma oportunidade para fazer .apelo à generosidade de grandes como de pequenos, e uma ocasião também de levá-los a saborear a satisfação que se tem no exercício do auxílio-mútuo. A propósito de férias , ao sabor dos pensamentos, falamos de oração, de meditação, de contemplação, de dever de sentar-se, -de auxílio mútuo. . . de quase todos os meios de aperfeiçoamento. Seria fácil completar a lista. Não cabem portanto férias para a vida de equipe, ou melhor, pode ela ser vivida com toda a naturalidade e até com mais profundidade durante este período do ano. Na realidade, somente o encontro mensal e o estudo do tema é que ficam em recesso. E se apr oveitarmos a oportunidade para a abertura de nosso l ar pr ovisório, se tivermos o cuidado de entabolar diálogos construtivos com os amigos ocasionais, se procurarmos confraternizar com equipistas que possivelmente se encontrem no lugar em que nos achamos, apenas dependerá de nós que a vida de equipe continue viva e atuante. E então, as férias não serão uma interrupção de nossa vida de equipe, mas apenas uma variante .que pode e deve ser um estímulo. A vocês, com os votos de boas férias, os de um santo Natal. A ECIR
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"A PAZ TAMBÉM DEPENDE DE TI" Tema do VIl Dia Mundial da Paz -
19 de janeiro de 1974-
A Paz é possível. Mas, em que condições? Eis a pergunta que o Dia Mundial da Paz vai fazer aos cristãos no próximo dia 1.0 de janeiro e durante todo o ano de 1974, em continuidade e como complemento do tema, sobremaneira rico, do ano anterior. Uma pergunta? Sim, mas que é ao mesmo tempo também uma resposta que o Santo Padre Paulo VI propõe para ser apro'fundada no decorrer do ano e que constituirá o seu slogan: "a paz também depende de ti".
A paz depende do homem -
A paz depende de ti, porque ela depende do homem. A paz é possível se o homem se preocupar com ela, se ele se tornar autor dela, o seu "agente" e "sujeito". Assim, ela supõe que se encontrem reunidas neste ser pensante um certo número de condições subjetivas. Caso contrário, ela já não seria humana, nem seria paz. Dizer isto é o mesmo que afirmar que ela não provém somente das coisas. De modo análogo à guerra, a paz também não é o resultado de "uma pretensa fatalidade histórica" (Paulo VI, Discurso ao Sacro Colégio, em 22 de dezembro de 1972: AAs 65, 1973, p. 19). Ela dimana da liberdade do homem: a · paz depende do homem.
A paz depende de todos os homens
A paz deve entender-se no seu sentido mais amplo, hoje em dia: o sentido de uma sociedade organizada com bom êxito. Ela não é simplesmente a ausência de guerra, mas sim, concórdia, justiça e desenvolvimento: um objetivo tão global, tão imenso, exige um "sujeito" proporcionado, ou seja, a humanidade toda.
A paz também depende de ti -
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O apelo de Paulo VI não deixa escapatória alguma. Ele dirige·se a cada um e àquilo que cada ser humano tem de mais original e de mais insubstituível: não basta um voto anônimo e expresso simplesmente por um sim ou não, mas trata-se de dar uma resposta motivada, uma contribuição consciente e livre, de acordo com cada personalidade.
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UM
ANIVERSARIO
IMPORTANTE
Ao ensejo do 25. 0 aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, fato que se dará a 10 de dezembro do corrente ano, nada mais justo do que comentarmos as estreitas relações daquele documento com a notável encíclica de João XXIII, "Pacem in Terris", verdadeiro tratado da mais alta sociologia. Começaremos por dizer que, naquele dia 10 de dezembro de 1948, ao "proclamarem" os direitos dos homens, os membros da ONU nada mais fizeram do que gritar mais alto do que jamais se tinha ouvido, os direitos a nós "dados" por Deus. É óbvio que se Deus nos deu, tacitamente, inteligência para distinguirmos o que é certo do que é errado, o que é bom do que é mau, o que nos serve do que não nos serve, estava, logicamente, nos dando o direito de escolhermos entre essas alternativas, presumindo-se daí que os mais sagrados de nossos direitos emanam de Deus, e em um dos raros momentos de bom senso dos homens de nossos dias, foram proclamados de forma expressa pelos membros da Organização das Nações Unidas, através da Declaração Universal dos Direitos do Homem. . Contudo, cabe lembrar João XXIII, quando diz "o homem como pessoa tem invioláveis e indeclináveis direitos mas tem também deveres, devendo por isso não esquecer que, quando de·fendemos os nossos direitos, teremos que respeitar nossos deveres. Sabemos que toda essa ordem foi criada por Deus, dentro de sua infinita sabedoria e bondade". Aliás, segundo ainda João XXIII, "embora o Criador tenha imprimido no íntimo do ser humano uma . ordem que a consciência deste manifesta e obriga peremptoriamente a observar, mostra' escritos em seus corações os mandamentos da lei, segundo o testemunho de sua própria consciência". Quanto aos direitos do homem, são muitos: O direito ao alimento, à assistência médica, à previdência social, à instrução, à constituição de família, permitindo dar aos filhos um mínimo necessário, o direito ao trabalho em condições humanas, e entre outros ainda, o de expressar livremente a sua vontade com relação à religião ou credo; como disse o Papa João XXIII em sua Encíclica, "pertence igualmente aos direitos da pessoa a liberdade de prestar culto a Deus de acordo com os retos ditames da própria consciência, e de professar a religião privada ou publicamente".
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Em relação à família, que é, em verdade, o alicerce de toda a sociedade, o Papa João XXIII nos diz em sua Encíclica quais as responsabilidades do homem a esse respeito, ao abordar o direito à liberdade na escolha do próprio estado de vida: "É direito da pessoa escolher o estado de vida, de acordo com as suas preferências; e portanto de constituir família, na base da paridade de direitos e deveres entre homem e mulher. A família, baseada no matrimônio livremente contraído, unitário e indissolúvel, há de ser considerada como o núcleo fundamental e natural da sociedade humana. Merece, pois, especiais medidas, tanto de natureza econômica e social, como cultural e moral, que contribuam para consolidá-la e ampará-la no desempenho de sua função". Há ainda na Encíclica um ensinamento a nosso ver da mais alta significação. Diz respeito aos direitos e deveres de cada um dentro da sociedade. Para isso deve valer a própria convicção, a própria iniciativa, o próprio senso de responsabilidade, mais do que qualquer forma de coação, pressão ou imposição externa. João XXIII, com a sua alma pura e santa, chegou a admitir, ainda relacionado à Declaração dos Direitos do Homem, a existência de criaturas investidas de autoridade, com espíritos tão elevados para resolverem pacífica e juridicamente todas as pendências entre os poderes públicos, quando disse: "Faz-se mister, pois, que, se as autoridades quiserem permanecer, ao mesmo tempo, fiéis à ordem jurídica existente, considerada em seus elementos e em sua inspiração profunda, abertas às exigências emergentes da vida social, se quiserem por outro lado adaptar as leis à variação das circunstâncias e resolver do melhor modo possível novos problemas que surjam, devem ter idéias claras sobre a natureza e a extensão de suas funções. Devem ser pessoas de grande equilíbrio e retidão moral, dotadas de intuição prática para interpretar com rapidez e objetividade os casos concretos, e de vontade decidida e forte para agir com tempestividade e eficiência". Se entre os homens que dirigem o mundo houvesse um número razoável com essas características, e se se voltassem para Deus, a fim de buscar bondade para seus corações, pois, como diz S. Tomás de Aquino, "a bondade da vontade humana depende muito mais da lei eterna que da razão humana", todos os homens teriam efetivamente os seus direitos respeitados.
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A TRANSMISSÃO DA FÉ
A fé é simultaneamente doutrina. e vida . Como é ela transmitida? A esta pergunta tenta dar resposta o artigo que se segue. O seu autor, o Pe. Xavier de Chalendar, depois de ter sido capelão de colégio e depois diretor de um Seminário de Jovens, é, atualmente, delegado geral para o meio escolar e universitário, em Paris . Com autorização da revista "Parents et Maitres" estas páginas foram publicadas na C. Mensal Francesa .
A fé cristã não nasce por geração expontânea: tal como a vida, é transmitida. Mas não é hereditária como seria um capital genético. Mesmo com um certo engenho espiritual, ninguém inventará o cristianismo. Até nas melhores famílias . . . não se é cristão de pai para filho. A fé transmite-se pela palavra: a comunicação da mensagem faz-se de boca a ouvido (sem que seja proibido usar a palavra escrita . . . ) . Todo cristão é, em certo sentido, um convertido que aprende, no seio de uma comunidade, a descobrir Cristo. Isto mostra a responsabilidade de cada geração cristã, de cada comunidade: somos hoje os responsáveis pela fé dos que vierem depois de nós, os responsáveis pelo que virão a ser os homens do ano 2.000. Desde já, cada um de nós pode interrogar-se: quem nos transmitiu a fé em Jesus Cristo? Porque a graça de Deus não age sem um intermediário e não há a certeza de todos os anjos terem azas : quem foi o enviado, um dia qualquer, junto de nós, para fazer nascer ou confortar a nossa fé? A fé cristã não se transmite, pois, à maneira duma herança·. Podemos pensar que é um bem, um valor, mas com a condição de não dar a estas palavras o sentido que tomaram na linguagem econômica. A fé não é um capital que ajuda a viver, nem um tesouro que se passa de mão em mão. A fé transmite-se como um conhecimento, uma experiência, uma arte; o que implica ensinamento, aprendizagem, interesse; o que implica educação. Tomemos três pontos de comparação. -10-
Cultura cristã e vida de fé
A transmissão da cultura clássica não se pode confundir com a aquisição de uma biblioteca. Não basta ter livros, nem mesmo tê-los lido, para se obter uma cultura. A escola ensina-nos o conhecimento e o emprego de uma língua, inicia-nos na leitura de textos; ensina a traduzi-los; fornece explicações. Todo o ensino é conservador: visa transmitir um cóàigo e uma mensagem, beneficiar as gerações mais jovens com uma herança cultural recebida das gerações anteriores. Mas todo ensino deve ter medo de se tornar simplesmente repetitivo ; ele visa t ambém ensinar cada um a exprimir-se, a falar ou escrever a sua própria língua: é o papel dos exercícios de redação ou de tradução: na escola não se fazem apenas ditados. . . Este duplo processo de ensino e de aprendizagem permite a quem dele se beneficia entrar em comunicação com os seus semelhantes. De certo modo, a transmissão da fé depende de um processo semelhante. Trata-se de recolher, no Livro por excelência, a mensagem longamente elaborada pelos crentes das gerações anteriores e que procede da palavra dos grandes Inspirados. Trata-se também de aprender a exprimir, tanto num discurso, como em comunidades, a sua própria maneira de compreender essa mensagem. Já Paulo escrevia aos Coríntios: "Transmiti-vos aquilo que eu próprio recebi. .. " No entanto é claro que a fé não se limita a ser um conhecimento e é perigoso confundir a cultura cristã com a vida de fé. Um casal bem intencionado dizia-me um dia o quanto estava desgostoso pelos poucos conhecimentos religiosos que eram dados aos seus filhos, e acrescentava que eles tinham ganho no verão precedente, um prêmio numa gincana, porque conheciam os sete pecados mortais e os quatro grandes profetas! Não é inútil saber isto, mas deve ser cuidadosamente distinguido da educação da fé. É igualmente útil conhecer os heróis da mitologia, para compreender algumas obras de arte, mas isso não basta para nos levar a adotar a religião pagã! O conhecimento da nossa religião não é a mesma coisa que a fé em Jesus Cristo. Experiência espiritual e fé em Jesus Cristo
Aprende-se o esqui ou a guitarra. De forma diferente do grego ou da matemática. E nunca por correspondência. . . Ainda se fala em lições; mas não é uma questão de memória e não basta saber de cor o resumo do método para deslizar com elegância ou dedilhar a corda harmoniosamente. Trata-se de uma aprendizagem. O mestre desempenha ainda um papel essencial: -11-
explica, dá o exemplo, encoraja, corrige e comenta os erros; a mediação da palavra continua a ser preciosa, porque se aprende mal sozinho. Mas nada substitui o exercício que nós próprios fazemos correndo os riscos e os perigos; trata-se de um treino e de uma atividade. Se se fala em explicações, não é tanto para incitar a copiar um modelo pré-estabelecido como para indicar que é preciso tempo e numerosos exercícios para se chegar a uma certa perfeição. Por um lado, a fé cristã é assim transmitida: pressupõe um treino, uma experiência, implica numa aprendizagem. Não basta ao mestre dizer, é ainda preciso que demonstre; não basta que ele conheça a teoria, é também preciso que seduza por aquilo que sabe fazer, que sabe viver. Os diretores espirituais são treinadores, propõem um itinerário, um andamento. No entanto é claro que a fé em Jesus Cristo não se reduz a uma ascese ou a uma experiência espiritual. Conhece-se a sedução exercida atualmente por centros de espiritualidade ou por iniciações à "viagem interior". A fé em Jesus Cristo implica também no conhecimento da sua mensagem e da sua Pessoa. O mestre e a intuição pessoal
O sentido e o gosto do belo, a arte e a alegria de amar, dependem também, em certo sentido, da educação. Não são as lições teóricas, nem são também exercícios de formação, não são apenas experiências comentadas que lhe asseguram a iniciação. Porque se trata realmente de uma iniciação. O pequeno manual que pretende ensinar tudo sobre o amor, em quinze lições ilustradas, dará pouca preparação para esse comprometimento de todo o ser. É preciso vir a descobrir um dia como o amor é gratuito - porque ele, porque ela? - e que o outro não poderá ser comprado nem conquistado se quiser ser amado, para compreender o que se esconde sob a palavra amor. Nenhum livro poderá substituir a experiência que precisa de tempo, de uma vida inteira. Mas esta experiência é preparada ao longo de toda uma educação que ensine o sentido do outro, o dom de si, a generosidade do coração. Sem essa educação, corre-se o risco de nunca saber amar. E aqueles que sabem aprender a amar são os que amam. Os psicólogos insistem sem cessar sobre o papel do amor conjugal dos pais na educação dos filhos para a alteridade, o dom aos outros e o amor. Acontece o mesmo quanto à fé em Jesus Cristo. Para saber iniciar os outros nela é preciso vivê-la. Para chegar a descobrir -12-
a beleza de Deus e a alegria de o amar, o méstre e as referências não são inúteis.. Mas nada substitui aquela intuição estrita .. mente pessoal que leva a dizer: "- É verdade! Jesus é muito interessante e eu não poderei viver sem ele". . . A fé é também a arte de amar e de apreciar o belo. Aquele que amamos é uma pessoa que não se vê. Isto mostra toda a diferença com qualquer outra experiência de relações. Jesus e a comunicação da fé
O Evangelho mostra-nos o que Jesus foi para a comunicação da fé. Esta não se limita apenas à transmissão de uma mensagem: Jesus é um mestre que ensina, mas não basta ser auditor assíduo ou bom aluno para adquirir a fé. Esta brota muitas vezes de onde menos se espera, desconcertante, provocando a admiração do próprio Jesus. Jesus não se contenta em falar aos seus auditores: mantém com os seus discípulos uma experiência comum de vida. Envia-os em estágio e obriga-os a fazerem a aprendizagem de urp.a fé anunciada, expressa, posta em discussão. Faz reparos e corrige, quando é o caso, a sua falta de fé. Jesus não se contenta com afirmar; interroga e deixa que o interroguem: o diál<;>~o torna-se assim mais pessoal e os próprios auditores encontram as respostas que lhe tinham pedido. Há em Jesus uma pedagogia que vale a pena procurar c~ nhecer se se quiser, segundo o seu exemplo, despertar ou transmitir a fé. O preço da liberdade É normal cada um querer transmitir a sua fé. Aos olhos dos que a vivem, a fé é um bem, um valor, um modo de conhecimento, uma arte de viver, uma experiência e um amor; porque não haviam eles de ter o desejo de comunicar esse bem àqueles a quem amam, de os levar a viverem essa experiência e de os iniciar nesse amor? A fé é de si irradiante. É uma experiência que se deseja descrever. Uma vida que se deseja comunicar. Uma experiência que se gostaria que fosse vivida pelos outros. No entanto, muitos pais e educadores falham nessa tentativa que parece tão normal e benéfica. O que se passou? Perante a descrença dos seus filhos ou alunos, alguns cristãos adultos exclamam: "No entanto fiz tudo o que pude por ele".
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E outros acusam-se: "Não soube fazer como devia, a culpa é minha". Estas duas reações, de fácil explicação, são, sem dúvida, uma e outra, excessivas, e por isso, pouco satisfatórias. Ninguém pode julgar-se a si próprio e ter-se por um educador perfeito. Mas ninguém pode acusar-se de ser o único responsável do que lhe aparece como um naufrágio ou uma falência. Aceitar a derrota neste trabalho em que se põe tanto empenho é reviver a experiência de Jesus quando viu Judas abandonar a mesa pascal e quando anunciou aos seus apóstolos que todos iriam fugir; é experimentar o desânimo mortal da cruz e dG abandono, esse revés incompreensível aos seus olhos de homem. O que teria então sido necessário fazer para que Cafarnaum e Jerusalém se tivessem convertido? Aceitar tal revés é encontrar-se na situação do pai da parábola, do Pai dos Céus que vê partir o pródigo e que não consegue decidir o primogênito a voltar a casa para abraçar o seu irmão, finalmente de regresso. Aceitar tal revés é aceitar que a fé deve ser livre. Ora, sem essa liberdade de aceitação, a fé deixa de o ser. E talvez seja o que a distingue mais profundamente, tanto de qualquer outra realidade cultural, como de qualquer outra experiência humana. Ela empenha a liberdade, a um nível profundamente decisivo, ou então não se trata de fé, mas sim de um rito, de um costume ou de psiquismo. Aqueles que vivem da fé de Jesus Cristo podem dizer embora essa expressão seja sempre mal adequada - que a sua fé é uma decisão, uma livre adesão a uma verdade que é uma Pessoa. Aqueles que não chegam a conseguir que a fé nasça ou se desenvolva naqueles que lhes são mais próximos não se devem esquecer de que o compromisso e o preço dessa liberdade é também a possibilidade da recusa.
Jesus e o sucesso A expenencia inversa, a do sucesso na transmissão da mensagem, provoca uma reação bastante viva e surpreendente da parte de Jesus: os discípulos regressam muito felizes com a eficácia da sua missão e Jesus leva-os a refletir: "Não vos regozijeis, diz-lhes, por os espíritos vos serem submissos ... " Pode acontecer que se deseje transmitir a fé para submeter os espíritos e não há motivo para com isso regozijar-se. Educadores da fé, do mesmo modo que Jesus, devem pensar em discernir o que os impele, o que lhes causa júbilo, o que os leva a sofrerem ao longo desse diálogo que prosseguem com aqueles a quem desejariam transmitir a fé.
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E sobretudo, como poderiam esquecer que a fé em Jesus Cristo depende daquele misterioso diálogo entre o Pai Celeste e cada um dos seus filhos? E aqueles que alcançam a fé sabem também que a fé é um dom, uma graça. Se esquecerem essa dimensão própria, as melhores pedagogias serão na realidade inadaptadas tanto às aspirações do coração humano feito para Deus, como a Jesus Cristo, que deve ser revelado. XAVIER DE CHALENDAR
(Transcrito da Carta Francesa)
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.ESPIR.ITUALIDADE
CONJUGAL
E FAMILIAR.
(Transcrito do Boletim "0 Equiplsta" de Ribeirão Preto)
Todos os batizados são consagrados a Deus e portanto destinados à Santidade. Onde Deus nos colocou, aí somos chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Santidade pressupõe uma espiritualidade, isto é, uma vida segundo a lei do Espírito, o Espírito de Cristo, o seu modo de agir. Aqui, refletimos sobre uma espiritualidade "encarnada" em nossa vida de casados; tem de específico a marca laical, à qual se acrescenta a conjugal e familiar. Até há bem poucos anos, a teologia do matrimônio era bem pobre; a tônica predominante era o moralismo - "Mas se não podem guardar a continência, casem-se. É melhor casar do que abrasar-se". (1 Cor. 7, 9) Será isto o casamento? Apenas água na fervura? Ou preferimos enveredar pelo caminho da santidade a dois? Sim, nossa espiritualidade visa aderir conjugalmente ao Cristo, empenharmos juntos a vida por Ele, caminharmos juntos na mesma direção. Recursos espirituais (alguns) para realizar a vocação cristã da santidade a dois: A primeira realidade é o Sacramento do Matrimônio, que nos comunica mutuamente graças especiais que transfiguram o nosso amor. Por esse sacramento, a nossa união significa a união de Cristo com a Igreja. Assumimos pelo Sacramento o encargo um do outro; um é responsável pela santificação do outro; um confere graças ao outro, como num sistema de vasos comunicantes. Ou crescemos juntos para o Pai, ou caímos juntos. Outros recursos espirituais seriam toda a Vida de Oração. Não negando a validade da oração individual, queremos enca-
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recer o valor fundamental da oração comunitária do casal. Não existe mais "um", mas os dois formam a "pessoa conjugal". Portanto: -
oração a dois meditação da Palavra de Deus a dois revisão espiritual da vida dos dois (dever de sentar-se) liturgia do lar (Natal, Páscoa, Pentecostes, etc.)
Ajuda muito lembrar o aspecto dinâmico da espiritualidade, isto é, um crescimento, uma mudança, uma conversão contínua. O casal santo não cai pronto do céu, nem resulta da união de dois "santificados" ou "beatos". Cada um é santificado no batismo e tem, no casamento, toda uma existência de lutas, de quebrar arestas, para, unidos, se apresentarem a Deus, cada casal com a sua marca, com o seu estágio de crescimento, com o seu grau de santidade. Nem todos se doam com a mesma generosidade, mas todos os casados têm que se salvar no e pelo matrimônio, através de um "caminharmos para Deus". O que vale no casal não é o ponto de chegada, mas o esforço a dois para a caminhada, para a santidade. Seguir a Cristo no plano conjugal é aceitar-se e se empenhar para o crescimento do outro. ''Quero que você seja feliz". Como somos dois, somos diferentes (e como . . . ), para nos complementarmos, fundirmos nossas vidas. São dois destinos realizando uma obra comum. Adeus individualismo! Dificuldades - A vida conjugal e familiar supõe uma unidade no pluralismo. Há, por isso, dificuldades: a) Aceitação do outro como ele é - (Cristo ama a sua Igreja, que tem falhas humanas, sempre promove reformas e a faz crescer em santidade.)
Aceitação da limitação no amo?' que nos une cruz - Amor que sacrifica.)
(Aspecto de
b) Fa.lta de diálogo - que não é discutir para convencer o outro das nossas idéias, nem argumentar, embora o argumento seja necessário. Dialogar é descobrir, ouvindo, o que há de bom e puro nas atitudes e idéias do outro, a riqueza do Cristo no outro. Supõe reciprocidade: descobrir - revelar - o que há em nós de proveitoso para a causa do Cristo. Nem sempre o diálogo verbal é o que mais une. As vezes, um gesto, um sorriso, podem ter maior eficiência. O diálogo supõe: equilíbrio, maturidade, respeito mútuo.
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c) Falta de integração da sexualidade na vida espiritual do casal. A ausência da sexualidade na vida conjugal é um ato de desamor que, por si só, é um pecado de omissão. A vida é muito curta para que percamos o nosso tempo longe de Deus, porque longe um do outro. d) Gratuidade do amor - falta da supremacia da misericórdia (amor) sobre a justiça. O matrimônio é, antes de mais nada, o sacramento da misericórdia. A Família. É a pequena "ecclesia", que não se pode fechar contra os perigos do mundo. Deve estar engajada nele, irradiante e apostólica: ter Cristo em si e ao redor de si. Assim a família é, por natureza, uma comunidade missionária, que procura permanecer sólida e santa, num mundo pagão, por vezes absorvente.
A virtude cristã da prudência exige que a família conheça a realidade do mundo, esteja engajada nele, para exercer uma influência fecunda. Como comunidade aberta, tem que ver com clareza, não somente os perigos, mas também as grandes possibilidades missionárias do momento presente (fermento na massa). É sua função transformar e purificar a opinião pública, a respeito de conceitos como divórcio, aborto, eutanásia, etc., para tornar possível e desejável aos outros viver segundo o espírito de Cristo. Assim, é nesta linha que está a nossa santificação: "Senhor, fazei que de tal maneira sejamos um que nos esqueçamos de que somos dois".
Moema e Nelson Augusto
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CARTA ABERTA DE UMA JOVEM
Mamãe, Não se zangue, mamãe, pelo que lhe escrevo, mas eu preciso desabafar. Desculpe-me. Sei que você está hiper-ocupada, supercansada, que você se mata por todos nós. Ninguém sabe agradecer, mas todos nós lhe somos gratos. Mamãe, não se zangue. Nós queremos é você e não os seus serviços. Quem consegue conversar a sós com você? Você ralha comigo, sempre comigo. É o vestido sujo e rasgado, são as mãos imundas, os cabelos despenteados, os objetos esquecidos, o quarto desarrumado. Sempre as mesmas reclamações. . . inúteis. Nem mais as ouço: já sei tudo de cor ... Sabe o que está faltando nesta casa? Está faltando é tempo para conversar. Quando eu volto do colégio, morro de vontade de chegar perto de você e de contar tudo: as coisas misteriosas que me disseram, as maravilhas novas que eu descobri, meus namoros, meus sonhos de futuro. Você está na cozinha mexendo as malditas panelas. Eu sei que a comida não pode queimar. Mas você sabe que me queima a alma sua frase sempre fervendo de impaciência: "Agora não! Não posso ouvir nada. Daqui a pouco. Espere". Faz anos que você diz isto. O "daqui a pouco" nunca chegou. E eu estou farta de esperar. A noite, quando os pequenos ferraram no sono, se eu pudesse ficar a sós com você, eu diria tudo: o livro que me impressiona ou os segredos de minha única amiga, até mesmo os meus pecados. Tudo eu diria .. . Mas você nunca se sentou à beira de minha cama para conversar! Ah! se você soubesse a desordem que reina em meu coração! Se eu pudesse um dia verificar que meus problemas interessam a você, eu me sentiria crescer. Eu seria boa, juro, eu me sentiria alguém. -19-
Muitas vezes tenho vontade de ser pequena outra vez, porque quando eu era pequenina você tinha tempo para mim, como tem para meus irmãozinhos. Agora, você só tem tempo para ralhar. E é quando eu fico até contente de fazer as coisas erradas, porque aí você vai gastar um bom tempo fazendo sermão - isso significa tempo gasto comigo! Mamãe, eu sei que eu sou errada, que você tem razão de falar e de reclamar. Mas, mamãe, eu não preciso de sermão para perceber meus erros; eu preciso de orientação, de carinho. Sabe, mamãe, eu tenho uma amiga mais velha para quem eu conto tudo, e que me compreende. Quando eu estou falando com ela eu penso: "Ah! se eu estivesse contando tudo isso para minha mãe!" E, mesmo que eu desabafe com ela, eu fico frustrada e me sinto infeliz. E tudo porque você não tem tempo de falar comigo, de parar um pouco o serviço, de esquecer um pouco essa loucura de trabalho. Não se zangue, minha mãezinha. Mas .. . FALE COMIGO!
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APOSTOLADO
SEMANA DA FAMíLIA EM SANTOS
A cidade de Santos viveu, no período de 25 de agosto a 2 de setembro, dias diferentes: era a Semana da Fanúlia. Eis o relato dessa experiência pioneira, idealizada pelo Setor de Santos, feito especialmente para a Carta Mensal por Eisa e Oswaldo Aly, Casal Responsável pelo Setor e presidente da Comissão Executiva da Semana da Fanúlia.
COMO NASCEU A
ID~IA
Estávamos assumindo o Setor de Santos das Equipes de Nossa Senhora. Ao realizarmos a primeira reunião da Equipe de Setor, destinada a estabelecer a programação das atividades a desenvolver, ouvimos de nosso Conselheiro Espiritual, Con. Lúcio Floro, uma série de ponderações sobre o gritante contraste entre as 100 famílias dos equipistas de Santos, que tinham à mão uma série de recursos para viverem harmonicamente e felizes, inclusive um padre assistente à disposição, e as 100.000 demais famílias da Baixada Santista, que pouquíssimo ou nenhum recurso possuíam a seu alcance para estabelecerem a harmonia, o ajustamento conjugal e familiar. E nos dirigia um sincero apelo para que fizéssemos alguma coisa. Nessa ocasião, alguém sugeriu: "Vamos organizar a Semana da Família" - o que seria não disse, porque não sabia. E naquela ocasião ninguém sabia realmente o que seria, o que deveria ser a Semana da Família. Mas tínhamos a nítida convicção de que, ao inclui-la no calendário de nossas atividades, estávamos respondendo a um apelo muito forte, a um impulso irresistível que se fez presente nessa reunião. Propusemo-nos a orar intensamente para que o Espírito Santo, da mesma maneira com que nos havia impulsionado para aquela
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experiência, nos desse a luz para enxergarmos o caminho a trilhar. Pedimos a todas as equipes de Santos que rezassem pela Semana da Família e nos mandassem sugestões. Assim preparados, mas sem nenhuma idéia concreta ainda, marcamos para 21 de junho (dia de Corpus Christi) uma reunião que deveria ser decisiva para saber o que fazer. Foi memorável. Tivemos a nítida impressão que nessa noite o Espírito Santo atendera ao nosso chamado: após três horas de discussões, passamos das trevas completas para uma diretriz segura e para um projeto de esquema bem razoável. Daí para a frente as coisas se definiram e pudemos chegar à sua efetiva realização. QUEM SE ENGA.JOU NA REALIZAÇAO
Estabelecido o esquema de organização, levámo-lo à consideração de nosso bispo diocesano, d. David Picão, com o apelo para que convocasse outros movimentos de apostolado para se integrarem nos trabalhos. A reação de nosso bispo foi além das expectativas. Não só aprovou a idéia, como também encampou a experiência, dando-lhe absoluta prioridade dentro das preocupações pastorais da diocese. E a partir daí a Semana da Família passou a ser uma programação, não mais só das Equipes de Nossa Senhora, mas de todos os movimentos diocesanos dedicados à promoção humana e cristã da família. Foi notável o sentido de unidade, de co-responsabilidade, em termos de Igreja, que se viveu em todos os momentos da Semana da Família, por parte de todos: Equipes de Nossa Senhora, Cursilhos de Cristandade, Secretariado de Pastoral da Juventude, Movimento Familiar Cristão, Serra Clube, Encontro de Casais com Cristo, Círculos de Estudos Familiares, Conferências Vicentinas, Equipes Paroquiais de Casados .. . Todos unidos, falando a mesma linguagem, sem barreiras, sem prevenções, como verdadeiros cristãos. QUAL FOI O OBJETIVO VISADO
Marcamos dois objetivos para a Semana da Família: -
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conscientizar a população jovem e adulta, da cidade e da periferia, em toda a Baixada Santista, sobre os valores da família; prestar um serviço efetivo para defender, preservar e estimular esses valores. -22-
QUAIS OS MEIOS UTILIZADOS
Apelamos para todas as entidades representativas de Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá e Praia Grande. Apelamos para todos os que, sem distinção de credo ou classe social, pudessem dar alguma colaboração. Usamos diversos meios de divulgação. Vamos apresentar alguns destaques: Escolas - Toda a rede de ensino de 1.0 e 2.0 graus foi mobilizada. Na quinzena que antecedeu a Semana, mais de 50.000 escolares desenvolveram atividades relacionadas com a família: redações, desenhos, esculturas, murais, cantos, encenações, composições musicais elaboradas pelos alunos. Através de uma "mini-entrevista", a ser respondida conjuntamente pelos alunos e seus pais, estabeleceu-se a necessidade de ativar o diálogo entre pais e filhos. Esta "mini-entrevista" foi adotada na maioria das escolas como trabalho curricular e, portanto, obrigatório. Palestras - Foram realizadas, em diversos locais, palestras sobre a problemática conjugal e familiar. Uma delas foi proferida pelo Pe. Vasconcellos, outra por um pastor presbiteriano, uma terceira por um líder espírita, e as demais por casais católicos. Diversos Lions e Rotarys programaram também reuniões dedicadas especialmente à Semana. Equipes de orientação familiar - Foram organizadas equipes constituídas por médico, advogado, psicólogo, educador, assistente social, sacerdote e um casal. Destinadas a orientar e ajudar os casais na busca de melhor solução para seus problemas, tais equipes funcionaram em vários locais, sendo que foram atendidos cerca de 80 casos. Meios de comunicação - A cobertura dos jornais foi permanente, através de notícias, entrevistas, crônicas alusivas à família, "slogans" em rodapés. Todas as rádios da Baixada Santista divulgaram uma mensagem especial sobre o valor da família, gravada por Edson Arantes do Nascimento, Pelé. Foram impressos 50.000 vo.lantes com textos bem simples e objetivos, levando uma mensagem de valorização da família. Rapazes e moças distribuíram 15.000 colantes para aplicar nos pára-brisas de automóveis, contendo a frase básica e o símbolo da Campanha: "FAM:fLIA UNIDA, JUVENTUDE FELIZ, REALIZAÇÃO TOTAL". 30 faixas foram colocadas em pontos estratégicos, com a mesma frase. Programação litúrgica - No sábado e domingo que antecederam a Semana da Família, foi rezada, em todas as igrejas da Baixada Santista, oração especial pelo bom êxito dessa programação. -23-
Todas as missas de preceito celebradas na Baixada Santista, no início da Semana da Família, foram precedidas por uma Celebração da Palavra, com texto especialmente elaborado e participação destacada de uma família nas várias leituras. No dia 31 de agosto, promoveu-se o Encontro de Oração pela Família, constante de leituras de textos bíblicos, reflexões por casais e jovens, cantos litúrgicos, orações e instantes de meditação. Como fecho da Semana, no dia 2 de setembro, foi realizada a Missa da Família, no Clube Internacional de Regatas. Conforme relata o jornal Cidade de Santos: "Mais de 3.000 pessoas participaram da solenidade, iniciada com uma procissão de casais acompanhando o bispo até o altar. . .. A hora da comunhão, dez chefes de família, designados ministros extraordinários da Eucaristia, auxiliaram o bispo na distribuição das hóstias consagradas." "Louvor, glória, ação de graças a Deus, Pai e Criador de tudo, pelas maravilhas que se realizaram nesta Semana da Família", foram as palavras de d. David ao iniciar o discurso de encerramento da Campanha.
---o--ORAÇAO PELA SEMANA DA FAM!LIA Senhor nosso Deus I por vossa infinita bondade I fomos destinados a viver convosco I por toda a eternidade I gozando as alegrias de pertencer como filhos I à vossa divina família de Deus uno e trino. Para nos preparar melhor para esse eterno destino I Vós instituístes a família humana I escola perene de amor e de generosidade I onde as pessoas se realizam na doação mútua I as gerações se encontram no diálogo de amor I que une e enriquece pais e filhos I e a sociedade conserva os recursos de que necessita para a sua estabilidade I para o seu progresso e para a ~ua paz. Senhor nosso Deus, abençoai a Semana da Família em nossa ddade para que ela consiga despertar I no coração dos jovens e aclutos I a certeza destes valores que a família encerra. Nós vos pedimos I por Jesus Cristo vosso filho e nosso irmão I na unidade do Espírito Santo. Amém.
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UMA CONVERSÃO NO ESPAÇO SIDER.AL
Repetindo São Paulo, na estrada de Damasco, o coronel J ames B. Irwin, que pilotou o módulo lunar durante o vôo da Apolo-15, considerada, em termos científicos, a mais importante viagem de todo o projeto, encontrou DEUS em pleno espaço sideral. Subiu para a Lua como um cientista, entusiasmado com a funcionalidade eletrônica dos instrumentos que tinha em mãos, l'Om a importância técnica e científica da missão, com o seu valor pessoal. Voltou para a Terra "um homem humilde e crente, diminuído diante da criação de Deus, disposto a testemunhar a sua fé para seus irmãos em Cristo". Vale a pena transcrever algumas de suas palavras, após a memorável façanha espacial:
"De todas as 66 horas e 54 minutos que eu passei na Lua, o fato mais importante é que a minha experiência não foi só científica, mas principalmente espiritual. Alguns levam toda a existência, para encontrar um objetivo digno de suas vidas. A mim não custou tanto: bastou uma viagem à Lua. E por causa disso, não se deve nunca desanimar, perdendo as esperanças. Os caminhos para o Cristo são diversos, mas a Ele todos os homens chegarão. Caminhando em torno daquela indescritível beleza, sentindo-me pequeno e solitário diante da imensidão deserta e silenciosa que se estendia na minha frente, eu pensei: no mundo suspenso sobre a minha cabeça e nos homens que nele habitav am, tão frágeis e solitários como eu, naquela hora. Então, eu orei e dei graças a Deus, por Ele ter-me permitido encontrá-Lo e ter me dado condições, agora, de dar testemunho da minha fé aos meus irmãos aqui da Terra." -25-
NOTíCIAS DOS
SETO~ES
Bauru
Mensagem do novo Casal Responsável pelo Setor, Linda e Albino: "Queridos irmãos - Ainda aturdidos pela comunicação que recebemos de que, de ora em diante, seremos responsáveis pelos destinos do Setor de Bauru das Equipes de Casais de Nossa Senhora, vimos a vocês agradecer, mais uma vez, a confiança que depositaram na nossa vontade de servir a Deus, em primeiro lugar, e a todos vocês, dentro das nossas limitadas possibilidades. Não tivemos sequer tempo suficiente para pesar os prós e os contras na missão que assumimos, tal a premência com que nos foi exposta a questão. Todos conhecemos os contras, pelos problemas de família que temos, pelo pouco tempo dentro do Movimento. Foi-nos, porém, dito que teremos a colaboração de todos, quer dentro da Equipe de Setor, quer dentro das demais Equipes, e por isso aceitamos. Nossa casa continua aberta a todoi vocês; se tiverem sugestões, se quiserem trabalhar, venham ter conosco; precisamos de todos ... Anotem desde já o que têm vontade que seja feito, modificado, incluído em nosso Movimento e levem ao vivo, para podermos discutir. Somos todos irmãos, queremos crescer e temos uma fórmula maravilhosa para isso, que se chama "auxílio mútuo". "Senhor, perante as lutas e os obstáculos, ensina-nos a não nos perturbarmos, a não nos agitarmos, mas a vermos na fé o caminho por Ti traçado. Ajuda-nos a aceitar a crítica e a contradição. Faze-nos evitar a dispersão na desordem. Faze-nos amar tudo junto contigo. ó Deus, fonte do ser, une-nos a Ti e a tudo que converge para a alegria e a eternidade." :
E . T.: Linda e Albino foram solenemente empossados no domingo 27 de outubro.
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Marília
Finalmente recebemos o Boletim e dele tiramos as seguintes notícias: Foram iniciadas em setembro as "Vigílias de Orações". Programadas para a primeira terça-feira de cada mês, há sempre uma equipe encarregada da sua organização. As vigílias são abertas a casais amigos dos equipistas. Ainda na linha da oração, foi realizado no penúltimo fim de semana de agosto um Encontro de Orações no Seminário São Vicente. Veio especialmente do Rio a Irmã Teresinha, do Cenáculo, para ajudar a aprender a "falar com Deus". Além de 40 jovens, participaram casais de Marília e de Garça. Por essas horas deve estar em plena atividade a "operação Na tal" organizada por algumas equipes - a n. 0 9, junto aos velhinhos do Asilo de São Vicente de Paulo, onde além da Missa é preparada uma parte recreativa e são distribuídos doces e cigarros; a n.0 12, junto à mães necessitadas: cada casal vem preparando desde o início do ano um enxoval para nenê, que é doado em dezembro. Ribeirão Preto
Foi preciso "chorar" muito, mas acabamos recebendo números atrasados do Boletim. Parabéns ao Setor, pois o Boletim continua excelente - aliás, já tratamos de aproveitar alguns artigos! Novas Equipes - Pelos Boletins, ficamos sabendo que estão sendo pilotadas duas equipes novas em Marília e duas também em Ribeirão Preto. São Paulo/Setor B
Recebemos do Casal Responsável, Maria Luiza e Constantino, noticiário sobre as atividades desenvolvidas durante o segundo semestre: Diante das dificuldades encontradas pelos casais para participarem dos retiros em Barueri - as Irmãs não estão aceitando mais crianças - o Setor resolveu organizar dois retiros em Valinhos. Foi pregador do primeiro o Pe. Fernando Cardoso, da Paróquia da Universidade Católica, e do segundo o Frei Barruel de Lagenest, fundador e diretor do Instituto de Estudos e Orientação da Família. Ambos foram realizados em agosto e -27-
muito apreciados. Assim, foram 38 os casais que se beneficiaram desta iniciativa do Setor. No domingo 30 de setembro, foi realizada uma confraternização dos equipistas do Setor, no Colégio Assunção. Os preparativos para a Missa e o lanche ficaram a cargo da caçula das equipes do Setor, a 39. Em outubro, tiveram lugar as reuniões mistas, sobre o tema "A nossa vida em equipe". Texto e perguntas haviam sido preparados e enviados a todos os casais do Setor para serem estudados com antecedência. A organização das reuniões mistas também foi da responsabilidade de uma das equipes do Setor, a 33.
• REGIAO DO VALE DO PARAIBA E MOGI DAS CRUZES
I Encontro Regional dos Casais Responsáveis pelo Curso de Preparação ao Casamento No dia 16 de setembro de 1973, em Mogi das Cruzes, reuniram-se os casais responsáveis pelo Curso de Preparação ao Casamento, representando o Vale do Paraíba e Mogi das Cruzes, além de outras cidades do Planalto do Tietê. O Encontro, que foi o primeiro, deu-se no recinto do Instituto de Educação Estadual Dr. Washington Luiz, de Mogi das Cruzes, cedido pelos seus diretores, permitindo acolher inúmeros filhos de casais presentes. Compareceram 37 casais, entre equipistas, representantes do M.F.C. e Cursilho. O encerramento deu-se com Missa celebrada pelo Bispo Diocesano, D. Paulo Rolim Loureiro, e alegre lanche servido aos casais e suas crianças. Por motivos imprevistos, não pôde estar presente para as conferências o Frei Barruel Lagenest, O.P., especialmente convidado. Sua ausência ficou sanada pela palestra do casal Dirce e Reinaldo Pereira da Silva, cuja vivência em Cursos de Noivos na Capital serviu de exemplo e estímulo para todos.
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O Encontro esteve presidido pelo Responsável da Região, o incansável Peter Nadas, cujo nome é um parodoxo ... Constituíram-se duas partes distintas: a primeira para refletir sobre os objetivos do curso e a outra sobre os métodos do curso de noivos. Foram lançadas as seguintes perguntas para os Grupos de Co-participação:
P - Como você definiria o objetivo do Curso de Preparação para o Casamento em sua cidade? Várias intervenções levaram os presentes a concluir que o objetivo seria a "Lembrança de pontos essenciais, que justificados por testemunhos, garantem o sucesso do casamento vivido cristãmente", ou, numa conclusão mais suscinta: Conscientização dos noivos para uma vida cristã, que é possível atingir através do casamento, como meio de santificação". 2.a - Quais são as medidas práticas com a finalidade de atingir os objetivos propostos?
A falta de mais tempo para refletir e a ausência de melhor conscientização não permitiram conclusões tão sólidas para a segunda questão, fato que levou o Responsável Regional a chamar a atenção dos casais presentes para os aspectos essenciais que temos de transmitir, ou seja, do matrimônio como meio de santificação, portanto de encaminhamento dos casais a Cristo, e que constitui o ideal do apostolado da Igreja junto aos casados. Ressaltou, ainda o valor da oração na missão desse apostolado, lembrando que não podemos fazer planos grandiosos e chamar o Espírito Santo para promovê-los. O I Encontro dos Casais Responsáveis pelo Curso de Preparação ao Casamento constituiu-se em verdadeiro sucesso, principalmente pela união dos casais arregimentados para esse elevado trabalho apostólico, na busca de uma linha comum de pensamento e ação.
A equipe organizadora, liderada por Odete e Alexandre Marcondes Carvalho, fez com que o programa se desenvolvesse pontualmente. O Encontro contou com a presença de numerosos rasais da cidade. A grande nota constituiu-se no grupo formado por mais de trinta casais que se mantiveram em oração contínua, desde as nove horas da manhã até o final do Encontro, em vigília permanente.
Paulo e Leila Maria -29-
REGIAO GUANABARA -
MUTIRAO
A Região Guanabara programou e realizou, de 28 a 30 de setembro, o "Mutirão da Guanabara", com a participação de casais do Rio e Niterói. O mutirão teve lugar no Centro de Formação de Líderes, em Nova Iguaçu (a cidade com maior índice de desenvolvimento, hoje, no Brasil), construído graças aos esforços de d. Adriano, bispo de Nova Iguaçu, e da comunidade diocesana. Na sexta-feira, após a abertura do mutirão e a oração da noite, os casais participaram e co-participaram um "chá e chocolate" no refeitório. No sábado, pela manhã, após a oração, foram feitas duas palestras: "Adultos em Cristo" e "Meios de Aperfeiçoamento", seguindo-se missa concelebrada pelos seis padres assistentes participantes do mutirão. A tarde, houve grupos de co-participação, dever de sentar-se dos casais e troca de idéias com os padres assistentes. A noite, confraternização, "ruptura", oração e "chá e chocolate". No domingo, pela manhã, oração e duas palestras: "Equipes Pentecostais" e "Alegria do Serviço". A tarde, grupos de co-participação, plenário, missa concelebrada por d.. Adriano e os padres assistentes presentes. Ao final, houve um lanche de despedida e a distribuição de lembranças aos participantes .
• SESSAO DE FORMAÇAO EM SAO PAULO
Dias 4, 5, 6 e 7 de outubro p. p ., realizou-se mais uma Sessão de Formação, reunindo, no Instituto Paulo VI, casais de Dracena, Bauru, São Carlos e São Paulo. A boa vontade, principalmente dos maridos, em atender · a este chamado, ajeitando os negócios sempre urgentes, tão inadiáveis, foi totalmente recompensada com as graças e alegrias que tivemos. -30-
A generosidade dos irmãos equipistas, que também largaram seus interesses e famílias para nos servirem nesses dias, foi algo que nos comoveu e nos convenceu que só por amor a Deus se dá tanto assim. A direção espiritual, dada pelo Pe. Aquino, assistente da ECIR, foi naquele gabarito de competência, piedade, modéstia - verdadeiro testemunho de Cristo. Embora renovados, embora cheios de fé e de vontade de dar testemunho, voltamos discordando um pouco da Bíblia - é que acreditamos que o homem não foi expulso do Paraíso, porque nós o encontramos lá no Instituto Paulo VI, entre as plantas e as flores, a música, o AMOR. Que vocês anotem as referências deste caminho, para que, ao serem chamados, saibam com inteligência dizer sim, porque Cristo não é a essência só para o cristão, mas para todo homem sábio, principalmente para aquele que, escolhendo a matrimônio, julgou encontrar o AMOR. Dirce e Reinaldo Equipe de São Paulo B/20
• PEREGRINAÇAO A APARECIDA
A Região SP /E (Vale do Paraíba e Mogi das Cruzes) , confiou este ano à Coordenação de Caçapava a organização da Peregrinação a Aparecida. Esta foi a terceira vez que as ENS realizaram tal Peregrinação. A primeira foi em 1968 e a segunda, em 1970, coin.c idiu com a Peregrinação oficial do Movimento a Roma. Encontramo-nos, às 4 horas da madrugada do dia 6 de outubro, em Guaratinguetá. Oito ônibus procedentes de Mogi das Cruzes, J acareí, São José dos Campos, Caçapava e Taubaté traziam ao ponto de encontro os quase trezentos peregrinos, casais das equipes, casais convidados, jovens e assistentes espirituais que empreenderiam a caminhada em direção à Basílica de N. S. Aparecida. -31-
Para aqueles que ainda confundiam romaria com Peregrinação, foi sem dúvida uma experiência inesquecível. O início da caminhada na escuridão, com a prece dirigida ao Senhor, pedindo· que velasse sobre seu Povo em marcha; o terço cantado pelos. trezentos peregrinos divididos em sete grupos; o hino à alvorada,. no momento em que a luz do sol clareava o horizonte, agradecendo ao Pai pelo novo dia; a meditação e a co-participação do· Evangelho; a alegria das duas paradas para descanso; as confissões ao longo do caminho; o cansaço físico sobrepujado pelO> vigor espiritual; a longa subida final até a Basílica, marcaram para sempre as almas dos que juntos peregrinavam. E tudo isto,. coletado como uma grande oferta e depositado aos pés do altar na celebração da Santa Missa, enquanto todos invocavam, para seus lares, suas equipes e o Movimento a proteção da Virgem Santíssima. Foi, como dissemos, uma experiência de vivência da fé, da fraternidade e do amor, dentro de um clima de profunda espiritualidade, que dificilmente será esquecida pelos peregrinos. E já está marcada, para 1975, a próxima Peregrinação, à qual esperamos que muitos casais, não só da nossa como de outras regiões possam comparecer, uilindo-se na fraternidade desta oração de vida e de oferta.
Hélene e Peter CRR -
Região SP /E
• PEREGRINAÇAO AO SANTUARIO DE AZAMBUJA
Reunindo cerca de trezentas pessoas, entre equipistas e filhos, dos setores de Florianópolis e de Brusque e da coordenação de Blumenau, realizou-se dia 7 de outubro, na cidade de Brusque, belíssima· demonstração de fé equipista através de uma Peregrinação até o Santuário ·de· Nossa Senhora de Caravaggio, localizado a quatro quilômetros da cidade, no Vale dos Milagres, ou seja Azambuja.
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Programado pelo Setor de Florianópolis já de há muito, finalmente agora a peregrinação se concretizou e com um êxito dos maiores: os casais se deslocaram a pé do centro da cidade de Brusque até Azambuja, rezando, meditando e cantando, ostentando inclusive vários cartazes sobre as ENS; na chegada ao Vale dos Milagres tivemos a imediata continuidade da peregrinação com a subida ao Morro do Rosário, em extensão de mais ou menos 800 metros.
No alto do morro, tivemos a santa missa, concelebrada pelo Revmo. Padre Albino Milani, conselheiro espiritual da equipe n. 0 7 de Brusque e pelo Revmo. Padre Vito Schlikmann, cons. espiritual das equipes n.0 1 e 3 de Brusque e Reitor do Seminário de Azambuja. Foram vibrantes e ficaram gravadas em todos nós as palavras do Padre Milani. Enquanto rezávamos, os filhos menores, em número de mais de cem, comandados por três casais equipistas brusquenses, visitavam os pontos pitorescos da cidade de Brusque em ônibus especiais. Ao meio dia, todos se reuniram na Granja Fala-fala para o almoço de confraternização, valendo destacar novamente o ambiente de fraternidade equipista reinante. Pela tarde todos retornaram aos seus lares.
Edy e Adherbal
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I ENCONTRO DE EQUIPISTAS EM BRASfLIA
Num ambiente de muita alegria e cordialidade, encontraram-se na chácara das Irmãs de Jesus Crucificado as equipes de Brasília, para comemorar o primeiro aniversário das equipes n. 0 1 e n.0 2. Isto aconteceu nos dias 13 e 14 de outubro com comparecimento maciço das quatro equipes, que, para iniciar a programação de sábado à tarde, se reuniram na capela para a meditação da Palavra. Em seguida foram proferidas as palestras - uma por Inah e Paulo Alex e a outra por nós - procurando transmitir aos irmãos de Brasília o sentido das Equipes de Nossa Senhora como movimento de espiritualidade conjugal e familiar e como escola de vida cristã.
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Após cada palestra, foi dado um tempo para a reflexão inclividual e, posteriormente, do casal, sobre os temas propostos. Foi oferecido um lanche e logo depois dirigiram-se os casais para os grupos de co-participação. Encerrou-se o dia com a Santa Missa, celebrada por Frei Venâncio Pirretto. No domingo, foram reiniciados os trabalhos com uma meditação da Palavra por Frei J amaria. Em seguida foi proferida uma palestra sobre o Movimento, suas linhas mestras, seus métodos e estrutura, dirigindo-se depois os casais para os grupos de co-participação. Seguiu-se um intervalo, quando foi servido um cafezinho. Depois, foi realizado um plenário, onde houve oportunidade de esclarecimentos e conclusões. A celebração da Santa Missa pelos conselheiros espirituais, Frei J amaria, Frei Venâncio e Frei L e o, em ação de graças pela realização do Encontro e pelo primeiro aniversário do lançamento das Equipes de Nossa Senhora em Brasília, foi o ponto alto desses dois dias de trabalho, contando também com a presença dos filhos dos equipistas. O almoço de confraternização enfeixou com muita alegria esse encontro, onde pudemos sentir bem o espírito de fraternidade existente. Queremos expressar os nossos agradecimentos a todos os equipistas brasilienses pela gentileza com que fomos recebidos, e a acolhida fraterna de Alceste e João Guilherme que não mediram sacrifício para nos hospedarem todos com tanto carinho e dedicação.
Yvonne e Tharcisio
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ORAÇÃO
PARA
A
PRóXIMA
REUNIÃO
Eis que novamente nos é dado contemplar o mistério da Encarnação: Deus infinito, todo-poderoso, criador de todas as coisas, se faz homem, pequeno e humi.lde, para que possamos conhecê-lo e, reconhecendo-o no Cristo pela fé, tenhamos a Salvação. Diante do berço de Belém, divisamos toda a imensidão do dom de Deus: eis que vem a nós o Príncipe da paz, eis que vem a Luz do mundo, para iluminar as nossas trevas. Possamos ser os seus mensageiros em meio aos nossos irmãos. TEXTO DE MEDITAÇÃO -
Jo. 1, 1-18
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito. Nele havia vida e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Esta luz era a verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho dele, e exclama: "Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim". Todos nós recebemos da sua plenitude, graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou. -36-
ORAÇÃO LITúRGICA
Vinde, Senhor, vinde salvar-nos! ó Sabedoria, saída da boca do Altíssimo, anunciada pelos profetas, vinde ensinar-nos o caminho da salvação.
T -
T -
Vinde, Senhor, vinde salvar-nos!
ó Senhor, pastor da casa de Israel, que conduzis vosso povo, vinde resgatar-nos pela força de vosso braço. T - Vinde, Senhor, vinde salvar-nos! ó Filho de Davi, estandarte dos povos e dos reis, vós que o mundo implora, vinde libertar-nos; Senhor, não tardeis. Vinde, Senhor, vinde salvar-nos! ó chave de Davi e cetro da casa de Israel, que reinais sobre o mundo, vinde libertar-nos; Senhor, não tardeis.
T -
Vinde, Senhor, vinde salvar-nos! ó Sol nascente, esplendor da luz eterna e sol de justiça, vinde e iluminai os que estão sentados nas trevas, na sombra da morte. T -
T - Vinde, Senhor, vinde salvar-nos! ó Rei das nações, pedra angular da Igreja, que unificais os dois povos, vinde libertar o homem que criastes.
T - Vinde, Senhor, vinde salvar-nos! ó Emanuel, nosso rei, esperança das nações e Salvador de todos os povos, vinde libertar-nos ; Senhor, não tardeis. T -
Vinde, Senhor, vinde salvar-nos!
OREMOS:
Deus todo-poderoso, em vosso Verbo feito carne, uma luz nova se difunde em nós; fazei que essa luz, que já ilumina os nossos corações pela fé, doravante resplandeça em toda a nossa vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo . ..
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