Maio
NC? 3
1974
EDITORIAL -
Entrar no jogo
p.
Maria, figura da Igreja ........ . ... ... . .. . p. 4 A Ecir conversa com vocês .... .. . .. • . . . . . p. 6 Bastam dez minutos . . . . . . . . . . . . . . •..... . . p. 8 Catequese atr avés da família ..... . .. . .... . p. 9 Meditar o Evangelho ............•.. . . . .... p. 12 Ao encontro do Senhor ... .. . .. . . . . .. .. . .. . p. 13 As Equipes de Nossa Senhora na Igreja de hoje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15 Dever ou prazer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
.O Encontro de Casais Responsáveis em Itaici p. 21 Orações do dia a dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24 A propaganda do amor ...... . .. ..... . . . .. . p. 26 Notícias dos Setores . ....... . . . .. .. . . ..... . p. 28 Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . p. 32
EDITORIAL
" ENTRAR
NO
JOGO "
"Tocamos a flauta e não dançastes" (Mt. 11, 17). É esta a lei para qualquer grupo humano: quando alguém se aborrece ou faz trapaça, acaba a festa ou ela não é completa. Procuremos pois "entrar no jogo", o jogo da equipe e do Movimento, o jogo da Igreja em marcha e do mundo de nosso tempo.
*** Entrar no jogo da equipe é integrar-se nela o mais natural e inteiramente possível. A equipe não é alguma coisa artificial à qual eu terei decidido consagrar uma parte de mim mesmo, das minhas capacidades e do meu tempo. Pode-se admitir que a sua constituição, a sua origem seja artificial, e seu quadro também, de certa maneira, mas não o seu conteúdo, não o seu exercício: é, pelo contrário, uma unidade orgânica, que deve viver organicamente. É necessário, é natural que cada um leve para a equipe tudo de si próprio, sem cálculo e sem reticências. Sem cálculo, porque seria fazer trapaça ir para ela como simples consumidor e só para tirar lucro, como parasita da equipe, preocupado antes de mais nada com o próprio enriquecimento. Sem reticências, porque seria empobrecer a equipe manter reservados, em relação a ela, tantos domínios pessoais ou um domínio tão importante que os outros já não tivessem na sua frente um homem como ele é, mas apenas a sua imagem. A vida de equipe implica o serviço mútuo. Tenho que servir os outros tal qual eles são: não estaria fazendo jogo franco se "inventasse" o meu interlocutor. Tal qual é, o meu companheiro de equipe tem direito à minha atenção e, quaisquer que sejam as suas misérias, à minha estima. Deixamos de entrar no jogo quando, de fora, criticamos ou os indivíduos ou a equipe: -1-
isso quer dizer que "recuamos" de tal modo que deixamos verdadeiramente de fazer parte dela.
*** Entrar no jogo do Movimento. Parece que este terá de correr paralelo ao jogo de equipe. Sim e não. É claro que uma equipe que vive e se desenvolve contribui, por isso mesmo, para o bem estar do Movimento. Mas, assim como um indivíduo pode viver como parasita da equipe, uma equipe pode viver como parasita do Movimento. Seria este o caso se, absorvida pelos seus problemas locais e as suas preocupações temporais, uma equipe permanecesse cega ou inativa em relação aos grandes objetivos que o Movimento procura atingir. O Movimento não pretende apenas ajudar os seus membros a viver santamente a sua vida como casal; quer também que eles, pelo seu estilo de vida e sua forma de busca, dêem ao mundo • um testemunho e prestem ao mundo um serviço. É portanto bem evidente que a fidelidade ao Movimento não consiste exclusivamente, nem mesmo principalmente, em seguir instruções e em aplicar métodos, mas antes, em contribuir para que se atinjam estes fins de âmbito universal. Quem se recusar a encarar tal amplitude de desígnios não entra no jogo.
*** De resto, o Movimento pretende levar-nos a fazer o jogo da Igreja. Sentimos confusamente que não nos podemos contentar apenas em ler os decretos do Vaticano II, tal como tantos pós-tridentinos estudaram os decretos do Concílio de Trento. Sentimos que aquilo que nos é oferecido não é algo já atingido mas, sim, embrião. Sentimos que isto nos diz respeito e que para isto somos solicitados, ao nível da oração, da reflexão e da ação. Não nos limitamos, portanto, em registrar resultados; participamos de uma pesquisa. Não empregamos a nossa virtude em submetermo-nos a mudanças impostas, mas sim em entrar no espírito de renovação que anima toda a Igreja. Mais ainda, a nossa situação familiar capacita-nos a entrada no jogo da Igreja nas melhores condições possíveis: os nossos filhos são a Igreja de amanhã. Neles, convém prepará-la certamente (e sem recorrer demasiadamente aos esquemas preconcebidos); neles, convém também (e esquecemo-nos muitas vezes disso) senti-la com antecedência e corresponder às suas necessidades.
*** A Igreja quer estar inserida neste mundo e não apenas face a ele. Relativamente ao nosso tempo, não façamos o papel de
-2-
,
críticos mal-humorados. É muito fácil realçar os defeitos de uma época, as falhas de uma civilização, as insuficiências de uma mentalidade; muito fácil catalogar e examinar os motivos de inquietação, mas nada se fez enquanto não se procurou descobrir e acionar as possibilidades que se escondem por trás destas falhas, as possibilidades que Deus concede a cada geração, mesmo que ela seja mil vezes mais negligente ou mais extraviada do que a nossa!... Ou então já não se acredita mais em Deus. Em contrapartida não deventos: Cflnonizar. o instante que passa. Este presente que vivemos não deve ser idolatrado como foram por vezes idolatrados os séculos passados. Temos de reencontrar a humildade dos pesquisadores. Reencontrar o sentido da complexidade da realidade humana, não para ficarmos desorientados, mas para respeitá-la e admirá-la. Reencontrar em cada homem este sentido fraterno de que Jesus Cristo nos deu testemunho. Entrar no jogo do tempo presente é viver a vida nas suas perspectivas de futuro, sem querer negar os problemas a pretexto de que nos incomodam, sem pretender resolvê-los antes de estarem maduros.
*** Se procurarmos determinar o motivo que, mais freqüentemente, nos impede de entrar no jogo, encontraremos certamente na primeira linha a pusilanimidade e a falta de atenção. Temos medo de enfrentar o outro, de ser levados longe demais, de abandonar a nossa segurança, de nos arriscarmos na grande aventura da salvação da humanidade. É preciso exorcisar esse temor. Estamos desatentos aos apelos do próximo, às grandes orientações do Movimento, da Igreja e do mundo, às intervenções de Deus na nossa vida pessoal ou comunitária. É preciso restaurar e manter esta vigilância indispensável. . . . E não conviria talvez, antes de mais nada, entrar com mais lealdade e mais a fundo no jogo da "comunicação" conjugal?
ROGER TANDONNET s.j.
-3-
A PALAVRA DO PAPA
MARIA, FIGURA DA IGREJA
Nossa Senhora, a mãe do Cristo Salvador, e Mãe da Igreja, está no centro do plano Redentor, ocupando o primeiro lugar e um lugar de certo modo indispensável junto de Cristo. O êxito renovador do Ano Santo dependerá da ajuda poderosíssima de Nossa Senhora. Deve-se incluir no programa do Ano Santo o culto particular à Virgem Maria, se _se deseja que o acontecimento histórico-espiritual para o qual nos preparamos realize os seus verdadeiros objetivos. Resumiremos numa dupla recomendação este culto marial no qual depositamos tantas esperanças. Conhecer Maria
A primeira recomendação é importantíssima: devemos conhecer melhor a pessoa de Maria Santíssima, modelo autêntico e ideal da humanidade redimida. Maria é a beleza humana na síntese com o Amor divino, com a bondade e com a humildade, com a espiritualidade e com a clarividência do "Magnificat"; é a Virgem, é a Mãe na expressão mais pura e mais autêntica. Nossa Senhora é o modelo sublime não só da criatura redimida pelos merecimentos de Cristo, mas também da humanidade peregrinante na fé. É a figura da Igreja, como Santo Ambrósio a denomina, e Santo Agostinho a apresenta aos catecúmenos: "Manifesta em si a figura da Santa Igreja".
-4-
~
Se fixarmos o nosso olhar em Maria poderemos recompor em nós a linha e a estrutura da Igreja renovada. Confiar em Maria
A segunda recomendação não é menos importante: devemos ter confiança no recurso à intercessão de Nossa Senhora. Devemos elevar-lhe as nossas orações, devemos invocá-la. Ela é admirável em si :mesma e devemos admirá-la. Ela é bondosa e poderosa. Conhece as necessidades e as dores humanas. Devemos renovar a nossa devoção a Maria se queremos obter o Epírito Santo e ser seguidores sinceros de Jesus Cristo. Que a sua fé nos conduza à realidade do Evangelho e nos ajude a celebrar com proveito o Ano Santo. (Alocução de 30-5-'?3)
•
-5-
A ECIR CONVERSA COM VOC~S
(
Caros amigos Um novo calendário anual das Equipes de Nossa Senhora, eis a experiência que vai ser posta em prática no correr deste ano, culminando em meados de 1975. A inovação, maduramente estudada na reumao da ECIR de fins de fevereiro, mereceu o franco apoio dos Responsáveis Regionais e de Setor, reunidos no seu Encontro de 1-3 de março. Já deve portanto ter chegado ao conhecimento de vocês, nas suas linhas gerais, que são as seguintes: O "ano" das equipes, que até agora tinha início logo após as férias de fim de ano para terminar em dezembro, passará a se estender de 1. 0 de julho a 30 de junho do ano seguinte, a começar em 1975. Para muitos, esta modificação poderá parecer uma medida bizantina. Há entretanto razões ponderáveis que levaram a ECIR a tomar esta decisão. De um lado, permitirá uma preparação e realização mais tranquila dos Grandes Encontros; de outro, facilitará a transição de um para outro "Ano", sem o hiato constituído pelas férias.
* Os grandes Encontros anuais (Encontro dos Responsáveis de Equipe, Encontro dos R. Regionais e R. do Setor) têm necessariamente de ser realizados no começo do "ano". A experiência de quase 25 anos entre nós, mostra o enriquecimento que tais assembléias trazem sem exceção aos seus participantes, com reflexos francamente positivos para a vida espiritual das equipes.
-6-
Ora, tais Encontros exigem uma preparação que se estende por vários meses. Vários meses em que os responsáveis pela sua organização vão sendo gradativamente mais e mais absorvidos por tarefas cada vez mais exaustivas. Estes vários meses, entretanto, coincidem com as grandes férias de fim do ano, o que dificulta enormemente os contatos e a organização, além de truncar as férias dos que tomaram a si a responsabilidade dos trabalhos. Sem falar na dificuldade que muitos dos participantes têm em liberar mais três ou quatro dias, logo após as férias. Não menos importantes são os benefícios que poderão advir para as equipes. A eleição do novo Casal Responsável é feita até agora na penúltima ou última reunião do ano, por ocasião da Reunião de Balanço. A entrada em função do novo Responsável sendo feita somente em março, fica um intervalo de dois ou três meses em que a equipe fica praticamente sem Responsável. Além disto, por ocasião do reinício das atividades, as decisões tomadas na Reunião de Balanço, se não caíram no esquecimento, já não exercem o mesmo efeito renovador que poderiam e deveriam ter. O novo calendário corrige estes inconvenientes. Em suma, ninguém ignora que o período que vai de fins de dezembro até março é cheio de festividades e interrupções pouco propícias a um trabalho continuado e profundo. E isto justifica, quando não impõe, a alteração que vai ser posta em prática. Tanto mais que, na realidade, a "vida" das equipes não vai sofrer nenhuma modificação. Apenas, os Responsáveis de equipe terão o seu "mandato" prorrogado até junho de 1975. Os temas de estudo poderão ser estudados com mais vagar e desdobrados de modo a abranger também o primeiro semestre do ano que vem. A reunião de balanço e a eleição do novo responsável em vez de serem feitas em novembro ou dezembro, terão lugar em junho de 75, entrando o novo responsável em atividade já no mês de julho. Os grandes Encontros, por sua vez, serão realizados no início do segundo semestre de 75, num período do ano sem atropelos, permitindo uma preparação e uma realização mais tranquilas e, portanto, mais eficientes. Acreditamos que a inovação poderá trazer reais vantagens para a vida das equipes e do Movimento. Contamos com a colaboração de vocês todos para que atinja os seus objetivos. E também com as suas orações. A ECIR
-7-
BASTAM DEZ MINUTOS?
Acreditamos que um dos motivos pelos quais se desanima na prática da meditação é a falta de progresso. Uma das principais razões dessa falta de progresso é a dificuldade em desligar-nos dos problemas, do torvelinho das atividades, e fazermos em nós o silêncio que nos permitiria ouvi-lO. Aqui, o Côn. Caffarel, ao mesmo tempo que aponta a dificuldade, acena com o remédio. Por que não experimentarmos?
muito difícil tomar gosto pela oração mental quando é limitada a apenas dez minutos por dia. Antes de mais nada, porque dez minutos não bastam ao principiante para se pôr em estado de recolhimento, eis que nossas faculdades, muitas vezes, estão dispersas como as pérolas de um colar cujo fio se rompeu. Se por acaso consegue interiorizar-se, está sujeito a ter com Deus um relacionamento superficial, a não se calar para O escutar, a não mergulhar no íntimo de sua alma para se unir a Ele. Poderá parecer um paradoxo, mas dez curtos minutos de oração mental convêm apenas às pessoas já muito adiantadas nos caminhos da oração ... Aquele que quiser aprender a orar deve propiciar-se longos tempos para isto. Mas como encontrá-los? Quem conseguiu conscientizar-se da necessidade da oração consegue-o quase sempre, nem que seja aprendendo a dispor melhor do seu tempo. A um novato na oração, quer se trate de homem de muitos negócios ou de mãe de família muito atarefada, eu não hesito em recomendar-lhe meia hora diária. Se tiver muita dificuldade para chegar a isto, insisto para que não deixe passar uma semana sem consagrar à oração uma hora a fio. Quem quiser alcançar a inteligência e o amor da verdadeira oração deve, a todo custo, dedicar-lhe longos espaços de tempo. É
HENRI CAFFAREL
-8-
•
,
CATEQUESE
ATRAVI:S
DA
FAMfLIA
"Os conJuges cristãos constituem um para o outro, para os filhos e demais familiares, cooperadores da graça e testemunhas da fé. Para os filhos, são eles os primeiros anunciadores e educadores da fé." O Concílio Vaticano II, neste texto sintético e profundo, retomado por Medellin no documento sobre Família e Demografia, chamou assim a atenção de toda a Igreja para a importância fundamental e intransferível que tem a família na vida e educação cristã das novas gerações. Esta visão faz com que a própria Igreja tenha, nos últimos anos, voltado, com mais vivo empenho, seus olhos e sua ação pastoral para a "Igreja doméstica", a família. Esta, com efeito, tem de ser objeto privilegiado da ação catequética e pastoral para que seja capaz de cumprir, de modo eficaz, nos nossos dias, sua missão de célula mãe da comunidade eclesial. Nosso artigo não deseja ser uma reflexão em profundidade sobre a pastoral familiar, campo em que não nos arriscaríamos a ir muito longe, pois não somos especialista. Nosso propósito é, tão somente, trazer uma ajuda de reflexão e ação para os casais que porventura nos leiam. Esperamos poder, assim, contribuir para a realização daquilo que o Conselho Episcopal Latino-americano, reunido em Medellin, desejava, isto é, que a família se converta em agente eficaz da renovação catequética. Estamos convencidos, com efeito, de que a família é e deve ser o primeiro e mais eficaz agente catequético para as crianças. Assim o temos comprovado em inúmeros exemplos que a oportunidade nos fez conhecer, aqui em São Paulo. Vamos expor um, entre tantos, apresentando-o a título de sugestão para os casais das Equipes. Referimo-nos ao trabalho realizado pela Co-
-9-
munidade paroquial de Santa Joana d'Arc, na Região Episcopal N arte. Trata-se de um admirável esforço pastoral de levar os pais a serem, eles próprios, os catequistas de seus filhos. O trabalho se prende à preparação à Primeira Eucaristia. Em algumas outras comunidades, este trabalho atinge também a pré-catequese. A experiência teve início em 1967. O movimento começou humildemente, como o pequeno grão de mostarda, e enfrentou muitas dificuldades. Alguns pais julgavam não ter necessidade de receber novos ensinamentos religiosos. Estavam contentes com o que já sabiam de religião. Outros resolviam o seu "problema" mandando os filhos para paróquias vizinhas, que continuavam com o catecismo tradicional de primeira comunhão. Alguns casais, mais acomodados, não queriam ter de tirar os chinelos para ir à casa de casais vizinhos ou a alguma reunião da comunidade. Há sempre, por parte de alguns, o medo de não saber, de não ser capaz... Contudo, os cinco casais pioneiros, juntamente com o pároco e as religiosas que trabalham na paróquia, apoiados e incentivados pelo vigário episcopal, o então bispo auxiliar, D. Paulo Evariste, estavam convencidos da importância do trabalho. E a sementinha lançada em terra e regada com sacrifícios e boa vontade dos iniciadores vingou e já serve hoje de ajuda para muitas comunidades paroquiais. De cinco casais que se dispuseram a ser "pilotos", isto é, preparadores de outros casais, em 1967, hoje já são vinte e cinco. Se no início apenas vinte casais assumiram o compromisso de preparar os próprios filhos, hoje mais de cem já o fazem anualmente. O esquema de trabalho é muito simples. A chave são os casais "pilotos". Estes se responsabilizam por um grupo de cinco ou seis casais, aos quais, em encontros regulares, transmitem as aulas, com os quais revêm os problemas surgidos e aprofundam a didática da transmissão. Os casais "pilotos" se reunem mensalmente para revisão, planejamento e reflexão. Finalmente se reunem também os coordenadores de cada uma das comunidades - são três comunidades - para que o trabalho tenha uma linha unitária em toda a paróquia. Em linhas gerais, o programa seguido pelas aulas é o seguinte: Descoberta da Pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus; Batismo, segundo nascimento pela água e pelo Espírito Santo; -10-
•
Encontro com Jesus cheio de amor e misericórdia na Penitência; o Pão da Vida que sustenta os filhos de Deus em sua caminhada para a casa do Pai. O casal transmite aos filhos as aulas recebidas em conversas bem informais e, especialmente, pelo exemplo da vivência familiar.
A fonte desta catequese, como de toda autêntica catequese cristã, é a Sagrada Escritura e, particularmente, o Evangelho. As aulas são apresentadas sempre de modo a levar o casal a uma revisão de vida, a um crescer no seu relacionamento conjugal e no entrosamento com os filhos. ll:nfase toda especial é dada ao testemunho de vida no lar, uma vez que "as palavras movem mas os exemplos arrastam". No princípio, as dificuldades foram maiores, hoje são bem menores. Existem, contudo, problemas sérios a resolver, tais como o modo de assegurar a perseverança das crianças após a celebração da primeira Eucaristia e a transmissão fiel da mensagem por parte de alguns pais, que não têm base religiosa muito sólida. Apesar destas dificuldades e problemas a serem solucionados, a experiência parece ser realmente muito válida, pois tem levado um grande número de casais a uma vivência cristã em profundidade. A equipe está consciente de que somos o povo de Deus em marcha, não chegamos ainda ao perfeito e definitivo, somos povo peregrino, e por isso cheio de imperfeições e quedas. Baseando, porém, toda a força de seu trabalho numa pastoral para a família e através da família, está convencida de ser este o caminho indicado, no momento atual, para evitar o terrível divórcio, que tantos males tem causado à vida religiosa, qual seja, o divórcio entre religião e vida. Gostaria de concluir este artigo despretensioso convidando os casais das Equipes de Nossa Senhora a que tentem algo semelhante. Vocês, casais equipistas, que já receberam, através do Movimento, tanta formação e que possuem excelentes meios de espiritualidade conjugal e familiar, estão, sem dúvida, capacitados profundamente a realizar trabalho semelhante no campo da catequese dos seus filhos. Tentem e verão!
Pe. Décio Pereira Conselheiro espiritual do Setor D/São Paulo e Coordenador Arquidiocesano de Catequese
-11-
MEDITAR
O
EVANGELHO
Há um ano falecia o grande filósofo Maritain (C.M. de Agosto 73). Eis uma de suas páginas, publicada pela Carta Mensal Internacional.
Toda vez que se relê o Evangelho, aparece uma nova faceta de suas exigências e da sua liberdade, terrível e doce como o próprio Deus. Feliz aquele que se perde para sempre nesta floresta de luz e é preso pelo laço do Absoluto resplandescente no humano. Quanto mais cresce a nossa experiência, tanto mais nos sentimos longe de pôr em prática os conselhos evangélicos, mas ao mesmo tempo a idéia e o desejo de sua verdade misteriosa se imprimem mais em nós; é aquilo que chamo "o Evangelho penetrando em nós". Quando meditamos as verdades teologais, somos nós que meditamos sobre as verdades teologais, mas quando meditamos o Evangelho, é o Evangelho que nos fala: basta escutar. E sem dúvida Aquele de quem o Evangelho nos fala não está longe de nós, para abrir-nos um pouco o espírito, quando caminhamos assim com Matheus, Marcos, Lucas e João. "Fica conosco, Senhor, porque a noite já vem". Parece-me que, se deve vir uma nova cristandade, será uma época em que os homens lerão e meditarão o Evangelho mais do que jamais o terão feito antes. Jacques Maritain
-12-
t
j
ESPffiiTUALIDADE
AO
ENCONTRO
DO
SENHOR
Buscar juntos
Existe uma "raiz" para a nossa amizade: o Senhor. Juntos, nós o buscamos. Não somos gente parada e instalada numa situação adquirida, que tem resposta para tudo e olha para os outros do alto de sua certeza. Somos gente "em busca", cada um se esforçando por chegar a uma fé que seja aprofundamento e libertação. É preciso que encontremos ou conservemos, ou aprofundemos - a nossa alegria de crer. Todos nós temos um passado mais ou menos "conformista", em que crer significava principalmente que nos integrávamos num sistema mais ou menos bem compreendido de dogmas e mandamentos. Aceitamos isto como uma roupa nem sempre cortada nas nossas medidas. Talvez muitos estejam nesta situação, mas não se deve ficar nisto. A alegria de crer não é como morar numa casa pré-fabricada, é a alegria de estar ao mesmo tempo na própria casa e na casa do Senhor, ou seja, a alegria de encontrar-se a si mesmo, encontrando a verdadeira fisionomia de Deus. Encontrar o Senhor
Encontrar o Senhor é para nós encontrar um homem chamado Jesus. . . Encontrar o Senhor portanto não é situar-nos num ponto qualquer entre céu e terra. É tentar viver a nossa vida, a nossa própria vida. Não devemos "copiar" Jesus Cristo: somos outros e vivemos numa outra época. No entanto, Ele nos convida a viver "no seu espírito". Assegura-nos que somos "filhos e herdeiros" e que a experiência que Ele fez de uma vida para Deus e pelos outros devemos nós também tentá-la,
-13-
refazê-la por nossa conta. A "força de amar" que estava nEle, Ele no-la comunica. É pois a partir dos nossos problemas que o Senhor nos interpela hoje. Nos Evangelhos, os apóstolos nos contam como O viram, como nasceu neles a fé, como reagiram à Sua palavra, à Sua presença. Eis que somos convidados a percorrer o mesmo caminho, embora em circunstâncias outras. Reconhecê-lO é muito mais do que erguê-lO diante de nós como um ídolo por quem se tem admiração. É entrar literalmente na Sua vida, é reconhecer que o que Ele disse e fez manifesta o verdadeiro sentido de uma vida humana, a ponto de fazer dela uma vida eterna. Viver "em Jesus Cristo", devemos fazê-lo a partir da nossa vida conjugal, dos nossos laços de paternidade e de maternidade. Isto implica para todos nós uma escolha entre uma mentalidade egoísta e uma mentalidade aberta aos outros, entre o desejo de possuir e o desejo de existir. Isto pressupõe também uma escolha entre uma vida de dispersão e agitação e uma vida de reflexão e de presença a si próprio. . . É preciso prestar atenção neste misterioso companheiro de viagem que, como aos discípulos de Emaus, nos revela o sentido daquilo que vivemos.
(da Carta Mensal internacional)
•
-14-
a j
O MOVIMENTO NO MUNDO
AS EQUIPES DE NOSSA SENHORA NA IGREJA DE HOJE
Oito Conselheiros espirituais do Setor do Porto reuniram-se para debater assuntos relacionados com a sua atuação junto às Equipes. De uma agenda que continha os tópicos: "Igreja, Comunidade Cristã"; "0 Assistente nas ENS - Educador da Fé - Mestre da Oração - Método a seguir para realizar validamente a missão de Educador da Fé e Mestre da Oração"; "Do Paternalismo à Diaconia" ; foi possível abordar apenas o primeiro ponto, ficando os demais para futuros encontros. Eis o que o tema "Igreja, Comunidade Cristã" inspirou aos Assistentes portugueses.
A Igreja no mundo de hoje está operando no seu interior e no mundo a passagem de um regime de cristandade para um regime missionano. Na "Igreja - Povo de Deus" torna-se cada vez mais evidente o sentido comunitário. Surgem os grupos cristãos, as comunidades de base. Já não basta a pastoral de massas. Há que fomentar e aprofundar grupos capazes de assumir responsabilidades comunitárias permanentes. As Equipes de Casais de N assa Senhora são grupos pequenos de cristãos, verdadeiras comunidades cristãs. Constituem um Movimento Eclesial de espiritualidade conjugal e familiar para os esposos cristãos. Oferecem, por isso, garantias de se poderem converter em escola de vida cristã a caminho da santidade. Exigem que leigos e padres a elas vinculados não desperdicem as oportunidades que se lhes oferecem de serem realmente comunidades cristãs na Igreja e no Mundo de hoje.
-15-
Os Assistentes presentes concordaram que as ENS, no encalço do seu objetivo fundamental (espiritualidade conjugal e familiar e testemunho do Deus vivo, numa sociedade invadida pelo ateísmo), deparam, em ger'al, com carências de base que condicionam os casais cristãos na procura da espiritualidade desejada e no testemunho de vid~ . cristã nas realidades temporais - família, profissão, lazer, vida social, campo econômico, opções políticas, etc. -, realidades temporais que constituem o campo específico da atividade dos leigos. Estudos do Tema
Os Assistentes, conscientes das carências leigos que pertencem às ENS, entendem que despertar para a sua condição de cristãos de rem validamente à interrogação: "Que é ser
de base de muitos os casais precisam forma a respondecristão hoje?"
Para se conscientizarem da sua natureza e dignidade de cristãos na Igreja do nosso tempo, as ENS, mantendo-se fiéis à sua índole, oferecem-lhes uma ajuda que importa valorizar: o estudo do tema, concebido como verdadeira iniciação cristã. Para tanto, cada Equipe deverá escolher o tema que melhor corresponder às suas necessidades e aspirações. Poderão ser aproveitadas as traduções dos temas franceses , mas convirá também que se relacionem temas possíveis no quadro das publicações de língua portuguesa que ajudem os casais a se descobrirem como cristãos, aprendendo a agir como tais na vida. O movimento em nível nacional, regional, ou pelo menos de Setor, pode fazer sua a tarefa de chamar a atenção das Equipes para os temas a estudar, apresentando-os, por exemplo, na Carta mensal, não como mera relação bibliográfica, mas através de uma síntese sobre o conteúdo de cada tema, para que as equipes, ao escolher, tenham uma idéia do que escolhem. Há que valorizar as Cartas mensais, pois o seu conteúdo também pode ajudar os casais em nível de formação e informação. Por em comum
Além de despertarem para uma consc1encia cristã, desenvolvendo a sua condição de profetas, participantes do ministério profético de Cristo e da Igreja, os casais devem cuidar de se comprometerem cristamente na vida. Como leigos, os casais cristãos das ENS não podem alhear-se do campo específico da sua presença e atividade cristãs: família, profissão, lazer, vida econômica, social, cultural e política. Sobretudo, não se
-16-
1
1
devem alhear dessas realidades temporais, ilusoriamente convencidos que basta pertencer às ENS para serem bons cristãos, cumpridores das suas responsabilidades na Igreja e no Mundo. Os Assistentes verificam que muitos casais, chegados às ENS para procurar a espiritualidade conjugal e familiar, revelam-se carecidos de consciência cristã das suas vidas e pouco habituados ao empenho cristão das realidades temporais. As ENS, no entanto, sem esgotarem as possibilidades de conscientização e compromisso cristãos, oferecem aos casais, nas reuniões mensais, meios positivos de esclarecimento para uma tomada de compromisso cristão face às realidades de suas vidas. É o por em comum, durante o qual as ENS podem e devem ver as situações concretas que os casais experimentam na sua vida, julgá-las à luz da Fé e agir de acordo com as exigências do Evangelho. Outra oportunidade é a preparação das reuniões mensais entre o casal responsável, o casal animador e o Assistente. Apostolado
Quanto à atuação apostólica e pastoral, estão convencidos os Assistentes que é importante para as ENS que os seus casais militem apostólica e pastoralmente nas tarefas eclesiais, por exemplo a nível paroquial ou de Movimentos. É igualmente importante que não justifiquem a sua apatia apostólica e pastoral pelo fato de pertencerem às ENS, mas prestem, por sua conta e risco, a sua contribuição às paróquias, movimentos, cursos de preparação para o casamento, ou quaisquer formas de apostolado e pastoral organizadas, contribuindo para o crescimento do Reino de Deus. Se o Movimento das ENS se fechar em si mesmo, morrerá por si. Espiritualidade conjugal e familiar
Neste ponto os Assistentes, tendo chegado à conclusão que a espiritualidade conjugal e familiar é o objetivo fundamental das ENS, foram de opinião que o seu alcance está condicionado aos poucos hábitos de vida espiritual que muitos dos casais têm, uma vez que chegam, geralmente, às Equipes pouco preparados no que diz respeito à vida de oração, ascese, liturgia e sacramentos. Concluíram também que, para definir as linhas de espiritualidade conjugal e familiar, há que esclarecer, primeiro, o que é a espiritualidade laical e as suas exigências, sem pretender para leigos uma espiritualidade monacal, clerical, diversa da vida que lhes é própria. Para reflexão sobre este tema da espiritualidade, os Assistentes concordaram em realizar nova reunião. (da Carta Mensal portuguesa)
-17-
PALAVRAS AOS EQUIPISTAS
DEVER OU PRAZER?
Basta que um prazer se mude em dever para que o ser humano o ache difícil e oneroso. Alimentar-se é um prazer. Mas quando a inapetência, o cansaço, a doença, ou as exigências de um regime necessár·o transformam esse prazer em dever, pronto! Lá se vai a espontaneidade, a alegria, a expansividade natural na realização desse ato. Então, ou se deixa de vez, ou se protela preguiçosamente o momento da alimentação. Assim é a vida nas coisas mais triviais, assim é a vida principalmente nas coisas espirituais e conjugais. Vejam bem: quando eram namorados, quanta solicitude, quanta procura na conversa a dois! Que infinidade de assuntos na troca amorável de idéias! Que bem-estar na ternura dos silêncios propositadamente procurados! Que silêncios indesejados nas longas ausências das distânc;as forçadas! Quando eram noivos, ou recém-casados, que diálogos felizes estabelecidos na intimidade: juntos nos passeios, juntos nos cinemas, juntos nos restaurantes, juntos no planejamento sonhador da vida conjugal. Indefectivelmente juntos na doação recíproca, na compreensão mútua, na oferta generosa das qualidades, na aceitação dos defeitos reais, na abstração dos defeitos ocultos. E agora? - Passados tantos anos, os filhos vieram e cresceram, trazendo alegrias e preocupações. Agora que o desejo de encontrar-se, de dialogar, de conversar, de compreender, de ouvir, sobretudo de ouvir, e também de falar, transforma-se em imperioso dever, como é difícil o diálogo. Pesado, intolerável, indesejável. Os que se uniram para a felicidade não conversam mais, não dialogam mais, com medo de destrui-la. E o silêncio cres-18-
cente, sempre crescente entre os dois vai destruindo de maneira imperceptível e sorrateira o que a palavra parece destruir com violência: a unidade do casal, a comunhão do lar! E os lares-vietnam vão se multiplicando. Lares vietnam, onde o silêncio da trégua suportada é preparação ardilosa de batalhas mais violentas. E, como sempre, no Vietnam sem paz ou num lar sem d ' álogo, as vítimas, as grandes vítimas, as vítimas fatais, são as crianças. No Vietnam, elas são mortas, desnudas, famintas, queimadas! No lar sem diálogo, elas são mortas psiquicamente: desnudas, porque sem carinho; famintas, porque sem testemunho de amor; queimadas, porque vulneradas no desenvolvimento de sua personalidade. É assim, meus caros equipistas! Infelizmente é assim. Mas para que assim não seja, especialmente entre vocês que devem testemunhar Cristo através do amor conjugal, eu lhes peço: vejam e revejam o dever de sentar-se. Façam dele o prazer de servir!
Convenhamos que protelar freqüentemente um dever, ou omiti-lo sem razão plausível, é recurso de quem o rejeita. Arranjar pretextos, om'tindo as causas reais, é disfarce de quem recusa. É o que acontece com o famigerado dever de sentar-se. Fica sempre para depois, ou para nunca ... Estar sentado é confortável posição de repouso. Estar sentado ao lado de quem se ama, deve ser muito mais confortável e muito mais repousante ainda. Mas, para muita gente, para muito casal por aí, quando sentar-se é um dever, já não repousa mais. Cansa, fatiga, entristece, dá briga. Então, que não seja um dever, que seja prazer. Que seja um comprazer. Um prazer multiplicado por dois. Para tanto, que seja reflexão, que seja doação, que seja acolhimento, que seja compreensão, que seja correção. Nesta última palavra é que está o "x": correção. Correção que não queira dizer dedo em riste apontando os defeitos do outro. Correção que não signifique palavras duras de um cônjuge fazendo dolorosa cirurgia nos defeitos do outro. Que seja, em primeiro lugar, correção de si próprio. Cada um dos cônjuges sabe o que é que, em si próprio, desagrada o outro. Casados há alguns meses ou há muitos anos, o marido sabe o que é que, nele, desagrada à mulher. E a mulher sabe o que é que, nela, desagrada ao marido. Então o dever de sentar-se, para ser prazer, para ser diálogo unitivo e fecundo, precisa do amor. Do amor de quem tanto quer o bem do outro, -19-
que se esforça por corng1r-se. Uma auto-análise sincera e um desejo imenso de fazer o outro feliz deve preparar o dever de sentar-se, pela correção dos próprios defeitos. Daí o dever se transforma em prazer. Porque nenhum dos cônjuges vai despejar um saco de injúrias ou de queixas aos pés do outro. Vai, isto sim, presentear o outro com uma bandeja de qualidade. Será um presente de qualidade na bandeja dourada do amor. Prezados equipistas, comecem o prazer de sentar-se pela tarefa diária de corrigir-se. Crucifiquem os defeitos pessoais, para garantirem a ressurreição das qualidades! Não foi , porventura, por causa das qualidades, das riquezas que cada um tinha para oferecer ao outro, que vocês se casaram? São estas mesmas qualidades que devem, cada dia mais desenvolvidas, continuar enriquecendo a vida do casal. Ponto final. Ponto final não! Dois pontos : rezem com fé e comecem com amor. Que eu f co na esperança de que vocês continuem a dar testemunho de felicidade. Pe. Pedro Lopes Conselheiro espiritual de equipe em Taubaté
• O QUE Não Não Não Não
é é é é
É
O DEVER DE SENTAR-SE
um ajustar de contas . . . um tirar as diferenças .. . um balanço do passado .. . só um planejamento do futuro . ..
O dever de sentar-se é essencialmente uma Páscoa mensal do casal, Páscoa no sentido bíblico de passagem. É Deus quem passa junto do casal, como passou pelo Egito para a salvação do seu povo.
-20-
O ENCONTRO DE CASAIS RESPONSÁVEIS EM ITAICI
Nos dias 16 e 17 de março, realizou-se em Itaici o primeiro dos três Encontros de Casais Responsáveis deste ano, congregando 112 casais, vindos de todas as regiões do Estado de São Paulo (menos Santos e o Vale do Paraíba) e do Sul de Minas. Só faltaram os representantes de Angatuba, Dois Córregos, Guararapes e Promissão. Eis o relato do Encontro, feito por um Casal Responsável participante, sob o titulo "0 que foi o Encontro Anual de Casais Responsáveis para nós":
Fomos eleitos Casal Responsável de nossa equipe pela segunda vez, e estávamos ansiosos para que chegasse logo o Encontro, a fim de recebermos "aquela" injeção de ânimo e po-
dermos ajudar a equipe a crescer em 1974. O que pudemos constatar, observar, receber, superou nossas expectativas, pois o Encontro esteve mesmo "demais"!
-21
A organização - estava tão perfeita, tudo estava tão previsto, o ambiente era de tanta tranquilidade que mal se podia distinguir, no meio dos casais, quem era da equipe de serviço equipe que trabalhou como ninguém, mas quietinha, sem alarde. A parte litúrgica - a entronização da Bíblia, as meditações na capela, as missas, prepararam bem o terreno onde as sementes da Palavra cairiam e iriam germinar, começando por arrancar nossos espinhos, até chegar aos maravilhosos frutos que lá mesmo já pudemos colher de cada coração. As palestras - que foram apenas três, mas abriram olhos que não viam e ouvidos que há muito não ouviam. Deram-nos uma visão verdadeira de nossa missão como Casal Responsável, como pais que precisam santificar a família (a sua e a de seu irmão) e como equipistas pertencentes a um Movimento realmente inspirado por Deus, movimento esse com meios tão eficazes, feitos especialmente para os casais.
Os grupos de coparticipação - ótima oportunidade, única mesmo, de recebermos de nossos irmãos, também Responsáveis, testemunhos extraordinários. O nosso grupo, de nove casais, o Pe. João Bosco e o casal coordenador, esteve maravilhoso e não daria para contar tudo! Todos tão conscientes de sua missão, tão humildes em querer tomar nota para refletir em casa depois com mais calma, tão interessados em contar suas experiências mas também em ouvir o que os outros traziam das suas. Mesmo os que relutavam em aceitar um ou outro ponto dos métodos do Movimento (ex.: "converso o mês inteiro com minha mulher, para quê o dever de sentar-se?"), nós os vimos se esclarecendo -22-
e se entusiasmando, nós os vimos crescer diante dos nossos olhos! Enfim, estávamos realmente vivendo em equipe de Nossa Senhora, com o Cristo presente profundamente e o Espírito Santo falando através de cada coração. Cada casal, cada pessoa deixou em nós uma impressão profunda, que nos marcou e que ficará para sempre como uma carinhosa lembrança.
Conversando com um coordenador de outro grupo, concluímos que realmente os casais responsáveis eleitos para 1974 e 75 foram vocacionados e que o Cristo espera deles uma resposta consciente, firme, madura. Que cada Casal Responsável saiba ser o seguro orientador de sua equipe em seu crescimento espiritual (quanto ouvimos sobre o valor da oração!), em sua unidade, em sua autenticidade, e principalmente em sua vida apostólica, levando a outros casais, a outros irmãos, nossa fé, nosso entusiasmo, nosso carinho, nossa esperança. Assim teremos caracterizado este Ano da Família com o Amor, pois o Mestre nos disse: "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que os outros, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus." (Mat. 5, 16)_.
Ana Maria e Osmar Equipe 6, Jundiaf
-23-
"ORAÇÕES DO DI A A DIA" Um bom presente para o Dia das Mães
Não encontramos palavras melhores que as de Frei Almir Ribeiro Guimarães, no seu prefácio, para recomendar este maravilhoso livrinho : ((coleção de orações, e.laboradas por Maria Cecília de Magalhães Duprat, que têm como tema central a vivência cristã de uma mãe. Em cada página deste livro deparamo-nos com uma mulher cristã, mãe, que se dirige a Deus na trama do cotidiano, do dia-a-dia da vida. Todos admiramos a mulher que sabe ser mãe, e maior tesouro ainda é ter uma mãe voltada para os interesses de Deus,' uma mãe que tenha se transformado em mulher de oração. Nobre, sub.lime, dignificante é a missão da mãe. Divina será a missão da mãe revestida da força e do amor de Deus. Este livro pode ajudar todas as mães a se tornarem cada vez mais mulheres de oração no dia-a-dia de suas existências." Eis uma de suas páginas. "ELEVAÇÃO DO SIL~NCIO " A hora chega, é inevitável em que a mãe precisa de Maria imitar o silêncio, seu fecundo calar. Dia vem, não escapa, em que terá de colocar a oração no lugar das palavras que dizia até então, e que o filho não ouve mais. Conselhos, lições, avisos
-24-
parecem excluídos de seu programa de mãe. Agora, entretanto, é que mais farás. Não lastimes. Não fales em fracasso. Se já não contas contigo, que sorte! Tua missão consiste, agora, na tua presença, na tua oração. Fala a Deus de teu filho que não te quer ouvir falar de Deus. Recolhe-te: entra no templo de tua alma, e como Maria, apresenta teu filho. Não são mais as tuas palavras: é teu gesto. Não é mais o que dizes: é tua presença. Não são mais os teus lábios: é tua união, é teu silêncio que devem prevalecer agora. Gesto, presença, união, silêncio: dons da apresentação cotidiana de cada mãe. O gesto contém um sentido, a presença encerra a missão. (Orações do Dia a Dia Editora Vozes - Cr$ 2,00)
-25-
A PROPAGANDA DO AMOR
Quase sempre falta-me pac1encia para assistir a um programa de televisão. É que raramente encontro conteúdo que me consiga prender diante do vídeo. Digo raramente, pois alguns programas são ainda interessantes. E que dizer das propagandas? Quase todas sem gosto, sem mensagem, sem amor! Também nos jornais e revistas é a propaganda muito dirigida, isto é, tecnicamente perfeita para uma sociedade de consumo. Lendo o meu jornal, vi algo diferente. Vi a figura de um pássaro voando para o alto, imponente e, porque não dizer, feliz! Apressei-me a ler o texto referente a esta figura. Dizia o seguinte: "Esta é uma lenda muito antiga. Sua idade perdeu-se no tempo, mas ela nos traz conhecimentos de grande beleza. Hiyoku é um pássaro imaginário. Nasceu na mente daqueles que possuem amor como o bem maior do universo. O Hiyoku tem somente um olho e somente uma asa. É um pássaro triste e solitário, incapaz de viver individualmente. Mas, quando um Hiyoku encontra sua companheira e por ela se apaixona, então seus corpos se unem, como feixes de trigo, formando um único ser. Um único pássaro belo e forte. Capaz de voar liberto, de ver e viver. Capaz de encontrar a brancura da paz e da felicidade. Por esta lenda, Hiyoku tornou-se símbolo dos amantes que não são conhecedores da alegria a menos que seus espíritos e seus pensamentos estejam unidos pelo amor sagrado num único ser. Nesta velha estória do Japão, o que existe de mais fantástico é a importância do amor. Por isso, nós resolvemos que
-26-
ela devia sair da obscuridade dos livros antigos e aparecer nas revistas e nos nossos jornais. Está faltando amor nos dias de hoje. E todos sabem que mais amor ia melhorar muito o mundo da gente. Daí o anunciante estar contando esta lenda. Para fazer propaganda do amor. Para que as pessoas pensem em amar mais. Para que elas compreendam que somente assim poderão rir todos os seus risos e chorar carinhosamente todas as suas lágrimas. Para que todos saibam que, somente sendo metade de outra pessoa, é que se pode ser completo. A lenda do Hiyoku mostra que um ser só é completo quando ele é apenas metade do outro ser". Acho que uma firma que anuncia seus produtos dentro desta linha do amor merece aplausos. Esse é realmente o exemplo de uma propaganda construtiva, ajudando a ser melhor nosso dia de amanhã! (do Equipetrópolis)
•
-27-
NOTÍCIAS
DOS
SETORES
JUNDIAJ - Uma experiência em Cursos de Preparação para o Matrimônio
Apesar de já termos participado de inúmeros cursos de noivos, vivemos, pela segunda vez, uma experiência que nos parece válida e desejamos coparticipar com os demais casais das equipes. O curso, do qual participaram trinta casais de noivos, condensou-se num sábado e domingo, iniciando-se às 12h30 do sábado e encerrando-se às 20h00 do domingo. Durante o mesmo, que objetiva, além de uma formação específica para o casamento, também uma evangelização, tivemos 10 palestras, uma visita ao Santíssimo, duas meditações na capela e uma Missa de encerramento. Os temas das meditações na capela foram: o episódio da Samaritana e o do filho pródigo. As palestras versaram sobre: Em que consiste a felicidade Distinção entre amar e gostar- O Plano de Deus- O problema do sexo- Harmonia conjugal- A família- Os filhos- Quem é Cristo - Os Sacramentos em nossas vidas - Vivência. Tivemos também trabalho de grupo, com bastante proveito. Coisa surpreendente, e que motiva profundamente os participantes, é a dedicação da equipe de serviço, composta de um padre, cerca de 11 casais (equipistas ou não) e vários jovens que já participaram de cursos anteriores - equipe essa que se encarrega de tudo, inclusive da limpeza, da confecção de alimentos e de servi-los. A taxa cobrada de cada casal de noivos pelos dois dias é de Cr$ 40,00, facultativa. Achamos uma experiência muito válida, pelas verdadeiras conversões que presenciamos e que culminaram com uma participação na Eucaristia de cerca de 99 % dos participantes.
-28-
A vivência assim intensa e de perto com os problemas dos noivos capacita os dirigentes a melhor auxiliá-los. SAO
JOS~
DOS CAMPOS -
". . . E a semente foi lançada"
Não sem que primeiro fossem chamados (ou vocacionados) os que seriam semeadores. Não sem que primeiro a terra fosse preparada. Não sem que ainda muitas preces fossem elevadas a Deus, pedindo as necessárias chuvas. Tudo começou com um denominado "Curso de Pilotos", que durou alguns meses de reuniões de estudo, à noite, uma vez por semana. Aqueles que seriam no futuro encarregados de lançar a semente tiveram oportunidade de estudar na fonte as condições mínimas para essa grande missão. Depois, procurou-se a terra fértil. Mais de sessenta casais foram convidados para as "Reuniões de Informação", que foram três. Na primeira delas - um dia todo de recolhimento, orações, palestras, meditações e grupos de trabalho - onze casais aderiram, dos doze que compareceram. Na segunda, semelhante à primeira, quatro casais disseram sim, dos seis que por lá chegaram. E a última Reunião de Informação foi realizada à noite, numa exposição geral, quando apenas dois casais convidados estiveram presentes e aceitaram experimentar o Movimento, que lhes foi mostrado em pratos limpos, absolutamente sem "dourar a pílula". Com esses casais dispostos, três novas Equipes puderam ser formadas em São José dos Campos. Cinco pilotos estavam postos à disposição pelo Setor. Após muitas orações e a invocação do Espírito Santo, foram sorteados três casais pilotos e os membros das três novas Equipes. Nossa Senhora nos arranjou os respectivos e esplêndidos Conselheiros Espirituais. Bem, escolhido o terreno, preparados os semeadores, e com a Boa Semente à nossa disposição, só nos restava, como ainda nos resta, pedir a Deus copiosas chuvas de graças para que essas três sementes cresçam cem por um e venham a dar muitos frutos bons. Frutos que promovam uma vida cristã mais autêntica. Frutos que melhorem o panorama da vida familiar. Frutos, enfim, que difundam na sociedade um verdadeiro amor a Deus e ao próximo. (do Boletim)
-29-
NOTíCIAS
INTERNACIONAIS
Ecos dos Encontros de Casais responsáveis na Europa
Dado o número muito grande de casais a serem reunidos eram 1.600 - foram organizados sete Encontros, agrupando de 100 a 400 casais responsáveis. Os Encontros realizaram-se na França - na região parisiense, em Mulhouse, N antua, Lião e Tolosa - na Bélgica, em Bruxelas - na Inglaterra, em Newcastle e na Itália, em Bolonha. A seguir, algumas das impressões dos casais participantes. "Ficamos impressionados pela extraordinária fraternidade que reinava no Encontro, e particularmente em nossa equipe de uma noite, entre pessoas que na véspera não se conheciam. Através das conferências, através dos testemunhos impressionantes sobre o acolhimento, compreendemos que o Movimento nos convida a sair de nós mesmos em vez de vegetarmos num moralismo ultrapassado. Compreendemos que a nossa vocação de equipistas é, no fundo , esta: acolhermos o nosso cônjuge, os nossos filhos e todos os outros, e partilharmos as riquezas espirituais e materiais que Deus colocou à nossa disposição com os nossos irmãos menos favorecidos. Voltamos desse Encontro certos de que as Equipes nos ajudam e nos ajudarão a preparar o futuro, isto é, um mundo melhor." (Região parisiense)
"O que constituiu para nós o ponto alto desses dois dias foi incontestavelmente o testemunho dado por um casal que nos falou com toda a simplicidade da maneira pela qual tinha encontrado o apelo de Deus e respondido a ele adotando seis crianças, uma das quais atingida de poliomielite. O testemunho de acolhimento, de fé , de coragem desse casal, que voluntariamente escolheu uma vida difícil, sacrificou muita coisa e está feliz com isso, levou-nos a refletir muito entre nós dois e com os casais da nossa equipe." (Nantua)
"'Sim, hoje o nosso amor está sendo interpelado: amar-se não é tão simples.' Sentimos melhor, através dos testemunhos, a importância do amor num casal, o seu valor de exemplo. É -30-
sempre encorajador e reconfortante ver pessoas amar-se e participar do amor de Deus- e o mundo disto muito precisa. Nossa vocação de leigos casados é provavelmente antes de mais nada esta: tentar viver e fazer viver o 'amai-vos uns aos outros.' Por outro lado, progredimos na compreensão dos 'problemas do amor' (divórcios, casamentos de experiência, abortos), ao percebermos a diferença entre o perdão e a desculpa. O Amor perdoa; a lei desculpa. O Cristo não procurou desculpar Maria-Madalena: perdoou-lhe." (Lião)
"Vindos de diversos horizontes, os casais responderam unânimes ao mesmo apelo - esses casais, com todas as diferenças que os caracterizam, uniram-se num mesmo impulso em direção a Deus. Como não ser levado, arrastado à oração? Bastou que um casal abrisse o seu lar para alguns desconhecidos para que o amor de Deus se instalasse: com quanta fé, quanta confiança fizemos a nossa troca de testemunhos! Foi, para a nossa primeira responsabilidade, um momento privilegiado para um encontro pessoal com Deus."
Retiro organizado pelo Setor de Santos
MAIO -
17, 18, 19
Instituto Paulo VI - Taboão da Serra Pregador : Pe . Raul P . Paiva, s. j .
Obs.: Neste retiro podem ser levados os filhos. Retiros da Região São Paulo-Capital
AGOSTO -
9, 10, 11
Chácara São Joaquim - Valinhos Pregador : Pe . Germano Van der Meer
AGOSTO-SETEMBRO -
30, 31, 1. 0
Instituto Paulo VI - Taboão da Serra Pregador: Pe. Antonio Aquino, s.j .
Obs.: Nesses dois retiros não podem ser levados os filhos. -31-
ORAÇÃO
PARA
TEXTO DE MEDITAÇAO -
A
PRÓXIMA
REUNIÃO
Luc. 2,41-52
Iam os pais de Jesus todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam eslavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: "Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos· à tua procura, cheios de aflição". Respondeu-lhe ele: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida desceu com eles a Nazaré, e lhes era submisso; sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. -32-
ORAÇÃO LITúRGICA
S -
Tu, que tens a sensação de navegar na tempestade, mais que de caminhar em estrada segura, não afastes jamais o olhar dessa fúlgida Estrela, se não queres ser tragado pelas ondas.
1 -
Se soprarem os ventos das tentações, se esbarrares nos recifes da dor,
T - Olha para a Estrela, invoca Maria! 2 - Se te sentes flagelado pelas ondas do orgulho, da ambição, da inveja, T - Olha para a Estrela, invoca Maria! 3 - Se a tua frágil embarcação é ameaçada pela ira, pela ambição, pela impureza, T-
Olha para Maria!
4 -
Se aniquilado pela opressão de teus pecados, envergonhado pelo remorso, triste à lembrança do julgamento de Deus, estiveres para ceder ao desânimo e ao desespero,
T - Lembra-te de Maria! 5 - Nos perigos, nas provas, nas dúvidas, T - pensa em Maria, invoca Maria. 6 - Que Maria não se afas~e jamais de teus lábios nem de teu coração! T-
E, para mereceres sua proteção, esforça-te por imitar seus exemplos.
7 -
Seguindo-a, não desviarás; invocando-a, não desfalecerás; pensando nela, não cairás.
T -
Se ela te proteger, nada tens a temer; se ela te conduzir, não sentirás cansaço.
S -
Com o seu favor, chegarás ao porto da vida! (São Bernardo)
•
\.
EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciêre Paris XIII 04530 -
EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - São Paulo, SP -
't
Tel.: 80-4850